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RESUMO 5 - LONDRES E PARIS NO SÉCULO XIX; O ESPETÁCULO DA POBREZA

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RESUMO LONDRES E PARIS NO SÉC XIX; O ESPETÁCULO DA POBREZA
BRESCIANI, Maria Stella Martins.
A rua e seus personagens
Londres e Paris no século XIX foram marcadas por um acontecimento recém gerado que se configurava na multidão. Esse novo fenômeno passou a fazer parte do cotidiano das grandes cidades, onde a identidade individual passou a ser substituída por uma noção de identidade coletiva, onde o habitante passa a fazer parte de um grande aglomerado urbano.
Walter Benjamin fez da multidão seu objeto de estudo na literatura do século XIX, e diz que estar exposto a esse fenômeno faz a vida cotidiana tomar a dimensão de um permanente espetáculo, pois em cada canto havia a possibilidade de se observar algo novo, sempre havia uma incerteza quanto a que poderia ser encontrado. Essas cidades também se caracterizavam pelas distintas características da ocupação do espaço urbano. Durante o dia, as ruas eram tomadas pelo exercito de operários, já à noite esses se recolhiam em seu leito para o descanso enquanto as ruas eram tomadas por vagabundos, criminosos e prostitutas. Durante a noite os soldados do trabalho repousam, enquanto os “demônios” despertam para preencher o espaço urbano.
Em meio à multidão londrina, era possível encontrar distintas classes, como por exemplo, nobres, mercadores, advogados, lojistas, agiotas, batedores de carteira, jogadores profissionais, prostitutas, vendedores de empadas, exibidores de macacos, entre outros indivíduos, deixando claro o caráter heterogêneo das multidões, onde se pode encontrar todo tipo de cidadão. Os autores do século XIX compuseram uma representação estética do universo das cidades, identificando elementos comuns do viver em multidão com o estar à mercê de habitantes selvagens ou ainda como estar sujeito a condições de estadia no inferno.
Outro fator importante de se ressaltar foi à questão da readequação da população para com o tempo, na primeira metade de século as atividades urbanas haviam perdido todo o vinculo com o tempo da natureza, passando a serem vinculadas ao tempo abstrato dividido em 24 horas, esse novo método, arrancou do homem a lógica da natureza devida seu caráter que consistia em tornar uma sociedade disciplinada de ponta a ponta, uma sociedade obediente perante um continuo e irreversível fluxo ligado a repetição diária dos mesmos afazeres e mesmos percursos.
A Descida aos Infernos
Este título relata a situação da capital inglesa (Londres) na metade do século XIX, com a industrialização ocorrente na cidade. Onde com o alto índice de industrialização a cidade atraiu milhares de imigrantes, sendo ingleses de outras partes da Inglaterra e estrangeiros (como Irlandeses, por exemplo), sendo que com uma população tão grande e crescente de operários, Londres passou a ser vista com outros olhos. Pois com o aumento maciço da população em pouco tempo os problemas de infra-estrutura e empregos passaram a fazer parte do cenário local da cidade. Londres que era considerada pelos ingleses um exemplo de cidade civilizada, passou a ser comparada com o inferno, pela alta população obtida e rodeada de fumaça em ocorrência das indústrias presentes em volta da cidade.
Mas essa situação a que Londres passou a sofrer vale-se da crise que as indústrias mais tradicionais da cidade, passaram na metade do século XIX, aonde milhares de imigrantes que vieram em busca de empregos e melhores condições de vida, se depararam com um desemprego assustador, é há mercê de serem super explorados quando assim conseguiam emprego sendo sujeitados a condições deploráveis de emprego.
Nessa onda de desemprego, Londres começou a sofrer com as revoltas dessa população de desempregados, que em algumas partes da cidade começaram a ocorrer saques e depredações de casas e comércios. A paisagem de Londres mudou assustadoramente nesse período, alem das casas mal planejadas e sujas, a figura da população também mudou onde o jovem londrino passou a ter um aspecto de “Doente, Pálido, e Magro”, em recorrência da falta de emprego e melhores condições de vida da população operaria. Dessa forma a população, sendo a maioria os desempregados, começou a planejar rebeliões em busca de emprego e melhor condição de trabalho, não querendo viver de caridade da população mais rica da cidade, que podia ser identificada na frase usada por um grupo de manifestantes Não a caridade sim ao trabalho, com isso a tensão tomou conta da cidade no final da década de 1880. Nesse momento, “o lugar mais bonito da Europa se transformou num sórdido acampamento de vagabundos e desempregados”.
A colmeia popular
East End é um bairro de Londres com uma população tão grande quanto Berlim, Viena, São Petersburgo ou Filadélfia que tem com selo ser ocupado pela classe operária com dois milhões de pessoas em um lugar que ninguém visita. 
O bairro pelo seu número de pessoas tem como característica o trânsito direto cotidianamente de homens e mulheres da casa para o emprego e do emprego para casa entre ruas estreitas e irregulares (impróprias para a passagem de pedestres) com o declínio sistema doméstico de produção, exteriorização da atividade do trabalho - “é a amplitude dessa exposição pública das atividades do trabalho o que choca os contemporâneos” [pág.50] – essa é a produção da identidade social do operário. Fourier [pág.51] afirma que além da miséria de Londres, Paris na França caminha para a mesma miséria (na França da época, inexistia diferença entre homem pobre, trabalhador e criminoso) na degradação da condição humana. Essa degradação é observada com a seguinte afirmação presente no texto de que “é sempre a apreciação crítica da pobreza proletária londrina e de suas más conseqüências para a vida da cidade o argumento mais utilizado pelos franceses quando elaboram em suas projeções as futuras condições de vida em Paris”, já colocando aos olhos a questão da precariedade da condição de vida humana nessas duas grandes cidades européias. Pois é na cidade que a pobreza mais abundante e mais hedionda encontra ambiente favorável para sobreviver, equilíbrio entre as classes mais ricas e as mais pobres, definindo a classe média. Buret em citação coloca uma imagem pessimista onde “a humanidade se vê afligida desse mal (a barbárie) que ela apenas entrevê, pois estamos longe de conhecê-lo em toda sua extensão; os governos se inquietam com razão, eles temem que, no seio dessas populações degradadas e corrompidas, explodam um dia perigos inabarcáveis”. Essa imagem pessimista ainda impõe na diferença explicita por Buret entre a pobreza que atinge o homem somente fisicamente e a miséria que o atinge emocionalmente, e é nessa questão que na França os contemporâneos vêem o perigo que é a ameaça política que a miséria cria o desenvolvimento da consciência (na Inglaterra se vê essa miséria somente como estagio moral).
Na época a economia política, que se autodenomina como uma ciência social, não pode fechar os olhos para os fatos que contradizem suas teorias e ainda diz que diante do quadro da riqueza das nações é necessário que a economia política coloque o quadro da miséria das nações [pág.57]. No final do século persistiu a imagem negativa do novo mundo industrial, onde Leon Say diz ser a causa de uma doença social nova – o pauperismo (estado crônico de privação das coisas essenciais a vida – alimentos, água entre outros). Dessa nova doença, inicia-se uma nova questão, quanto custa por dia, à vida? O historiador Michelet confirma em seu livro “La Peuple” a imagem corrente de degradação da vida (condição humana desses operários da cidade). Esse historiador juntamente com Engels tem um fascínio pelo progresso, mas tinham um constrangimento em relação ao auto custo humano para se realizar tal progresso. 
Ao mesmo tempo em que Londres e Paris iam se industrializando cada vez mais, Londres rapidamente e primeiramente, e Paris mais tarde e com uma velocidade menor comparada com a anterior, à máquina ia fazendo o seu fascínio e a sua negatividade. Pois, a máquina vulgarizava os produtos mais diversos e colocava o homem como servo(além de dominar o corpo, ela cobiçava a mente). Assim, afastado de qualquer atividade de pensamento, esses homens perdem exatamente que os diferenciam dos seres irracionais, a razão. Com esse grande enfoque em cima da indústria, é nesse local que Michelet busca as razões do comportamento do operário que, no seu maior espetáculo (a multidão), diz que “essa multidão não é má em si, suas desordens derivam em grande parte de sua situação, de sua sujeição a ordem mecânica que para os corpos vivos é em si uma desordem, uma morte”. Enquanto os pensadores franceses, após o movimento de 1848, têm uma preocupação com a existência de um contingente populacional que poderia ser uma ameaça no campo político, a burguesia francesa se assustava em relação ao povo através da associação deste com o terror-comunismo. Onde o povo é usado como ameaça política, tem a imagem cristalizada no passado – o terror – e uma projeção no futuro – o comunismo.
Quando os pensadores do século XIX se atêm a esses termos (povo, terror e comunismo), eles se indagam na imagem de que “a exposição pública do mundo do trabalho com suas misérias, a imensa massa anônima dos trabalhadores em multidão impondo através dessa presença a definição de um espaço social onde exige ter sua identidade reconhecida”, na visão dos pensadores o homem pobre, o vagabundo e o criminoso são a mesma coisa, se torna a mesma coisa, a multidão. Dessa multidão, segundo Michelet, é que os pensadores da época fazem uma “confusão reinante na errônea designação do povo fruto do trabalho dos criminalistas, que por tratarem com a parte excepcional do povo, esta multidão corrompida das grandes cidades, dominaram a opinião pública e por inspiração sua os economistas estudaram o que esses criminalistas denominavam povo: trabalhador e muito especialmente os trabalhadores das manufaturas”, essa foi à tentativa de Michelet de desfazer a imagem negativa do povo francês.
Numa visão entre França e Inglaterra tem de analisar em relação à porcentagem do povo vinculado a máquina, pois enquanto a Inglaterra de 1850 tem 50% de sua população nas cidades, a França possui somente 25% nos perímetros urbanos. A França assim é ainda nessa época um país rural que tem um crescimento industrial lento. Outro fator também característico da França é de que devido aos “autos salários e as reivindicações dos operários urbanos, turbulentos e preguiçosos, fazem com que muitas manufaturas se instalem na área rural. Paris, sobretudo sofre entre 1815 e 1820 um êxodo de suas maiores fabricas”. [pág.71]
Por fim, a cidade de Paris com seu centro (principalmente ele) se vê em más condições, considerada por uns “uma imensa fabrica de putrefação onde nem as plantas sobrevivem”, onde os homens, segundo contemporâneos da época, passam por um processo de degeneração biológica.
O Homem Pobre e o Vagabundo
A partir do intenso processo de industrialização que a Inglaterra sofreu diversos foram os problemas que surgiram nas cidades industriais. A possibilidade de emprego serviu de incentivo para população do campo e de outras regiões migrarem para as cidades industriais que se formavam. O poder de atração exercido pelas cidades foi tão forte que a quantidade de pessoas que lá chegaram no início desse processo e posteriormente com o crescimento normal da população produziu-se um inchaço nas cidades, e decorrente desse, vários problemas relacionados a qualidade vida da população urbana. A cidade em sua dinâmica habitual não conseguia suprir as necessidades de sua população e as indústrias não possuíam postos de trabalho suficientes para absorver toda essa mão de obra. Diante disso crescia a miséria, e a paisagem urbana se mostrava profundamente deteriorada pela quantidade de mendigos, pela sujeira e pelo crescimento dos bolsões de pobreza que muitas das vezes era causador de várias doenças.
Neste contexto de grande mudança da dinâmica na cidade essa grande quantidade pessoas pelas ruas, tanto trabalhadores com também “vagabundos” produziu uma grande infinidade sensações nos antigos moradores da cidade. O medo foi o primeiro seguido da repulsa, do nojo e posteriormente a tentativa de resolver esse problema.
A questão que se coloca é a de como resolver o problema da multidão amotinada, o crescimento dos bolsões de pobreza e na sociedade de Londres do séc.XIX que se caracterizava pela positividade do trabalho como fazer os mendigos que consumiam muito dos cofres públicos em programas assistenciais produzirem o suficiente para seu sustento e algo mais que faça girar o mercado.
Os ingleses desde o séc.XVI já possuíam dispositivo que tratavam da questão dos que não trabalhavam (os vagabundos). Naquela época os dispositivos já eram subumanos (sanguinário nas palavras de Marx) e falavam até em castigos físicos. Ao longo do séc.XIX a partir das analises sociais de Locke essas políticas públicas foram legitimadas. Este filósofo partindo da premissa de que a terra e seus frutos foram dados em comum a espécie humana e sendo estes essenciais ao desenvolvimento da vida, fica justificada a apropriação destes meios por uns poucos. O trabalho é o meio pelo qual se deve usar para conseguir os meios para sua existência. Locke faz inúmeras proposições acerca dos papeis sócias que devem ser desempenhados na cidade. A classe pobre é essencial, sendo a mesma obrigada a trabalhar, onde vagabundos e desempregados não tem lugar nesta sociedade e isso se deve a degradação moral. Os pobres, assalariados e desempregados por terem que se preocupar com coisas ligadas a sua subsistência possuem um nível mental baixo não sendo possível assim lutarem junto aos ricos, salvo em períodos de calamidade pública. Sendo assim fica justificado o uso da força para com esses tipos, no sentido estimulá-los ao trabalho, deste modo, os trabalhadores são livres, já os desempregados não são nem livre e nem partilham de uma comunidade política, o que não os livra de estarem submetidos ao poder político do estado. É recorrente em seu discurso a necessidade de obrigar os vagabundos a trabalharem sob castigos físicos, ele chega a propor a criação de estabelecimentos de trabalhos forçados que atingiriam até as crianças maiores de três anos. 
A medida que o tempo passava o processo de industrialização se expandia e produzia cada vez mais desigualdade, com isso mais problemas sociais, esse conjunto de mudanças que provocaram as mais diversas transformações foi chamada de “questão inglesa”, ela englobava uma infinidade de  aspectos relacionados aos impactos da industrialização no modo de vida da população.
Por volta do ano de 1830 um novo contexto se ergue quando a quantia necessária para   manter os desvalidos passa de 4 milhões de libras para 7 milhões, com isso uma seria de mudanças acontecem no âmbito das políticas sociais. Em 1834 uma nova “lei dos pobres” é criada. Essa nova lei mantém o auxílio aos sem trabalho, mas os obriga a entrar nas chamadas (Workhouses), nessas casas praticava-se trabalhos forçados, comia-se mal,era proibido fumar, devia-se ficar em silêncio, as visitas eram raras e a disciplina  era se uma prisão. As diversas formas de punição dos desempregados eram tão grotescas que o idealizador dessa nova lei dos pobres já havia tentado usar indigentes em substituição do vapor em uma fábrica de seu irmão.
O que se pode perceber a partir dessas políticas é a separação entre os pobres que trabalham e os que não trabalham marcando assim a profunda divisão do social do trabalho características dessa sociedade.
A partir das diversas movimentações das bases dessa sociedade no sentido de que essa grande massa de trabalhadores começa a se fazer ouvir pelo seu expressivo número, começa a haver uma relativa organização (movimento cartista) do trabalhador em busca de participação política. Essa movimentação ainda não foi suficiente para mudar a imagem do homem pobre por completo, mas mostrava aos governantes que a classe trabalhadora não podia mais ser tratada como criança.
Diante deste contexto de grande mudança de postura dos pobres e a partir dissoa mudança da visão do homem rico para com os pobres, novos tipos de relações são produzidos no seio da sociedade inglesa. Agora a visão recorrente é de que o desemprego não é mais uma questão temporária nem resistência ao trabalho, e sim uma questão estrutural, uma criação da própria sociedade industrial, como um resíduo que, produzido por ela, nela não tem lugar. (Bresciani, Maria Stella Martins. Londres e Paris no Século XIX. Pg104.)               
Classes pobres, Classes perigosas.
            Na França do século XIX, principalmente em Paris, existe o temor das jornadas revolucionárias, jornadas estas formadas pela população pobre, mas não a pobreza indigente. Eram pessoas querendo fazer valer suas exigências através do controle das instituições políticas.
            A partir de 1830 começam as primeiras manifestações, revoltas, isoladas, mas sempre reprimidas, porem sempre renascentes. O sentimento revolucionário surgia principalmente nos bairros operários. Esse sentimento de revolta se familiarizava com a Revolução de 1789, considerada como a fundação da sociedade francesa. Em meio a esses anos revolucionários, se definiu a imagem de retorno ao estado natureza, um estado primitivo onde tudo era possível, pois tudo antes construído pelo estado se encontrava arrasado(estrutura política e a hierarquia de privilegio de seus habitantes). Esse movimento não se tratava apenas de uma revolta, mas sim de uma revolução, que tinha como objetivo a liberdade do povo, que antes eram considerados os pobres e oprimidos.
            Robespierre já dizia que não sabia se iria se instaurar uma monarquia ou uma republica, mas ele só sabia da questão social, que tinha o objetivo de alcançar a liberdade. A miséria que prevalecia nas ruas, com o povo, fez de certa maneira mudar os ideais da revolução, não tinham mais como objetivo a liberdade, mas sim a abundancia (tentativa de conter a pobreza e a miséria). Na teoria política de Rousseau já tinha transformado a compaixão num dever político plenamente racional, e esse dever foi transformado numa “solidariedade fundada na comunhão de interesses com os oprimidos e explorados”. Deixa a idéia de confronto de opiniões e passa a existir a idéia de consentimento ou vontade geral. Isso acaba inserindo a “multidão” nas decisões do poder. Na França então surge à política da felicidade ou da abundância geral, inserindo toda a população de modo no mínimo mais igualitário.
            Forma-se na frança o que se chamou de revolução permanente, é uma forma de dizer que o povo conseguiu seus ideais como esta descrito no texto: “... o fim da força, o trabalho para o homem, a instrução para a criança, a doçura social para a mulher, a liberdade, a igualdade, a fraternidade, o pão para todos, o paraíso na terra". A revolução era tão temida que vasculhava minuciosamente o terreno onde se imagina que germinava o “inimigo”. Um imenso exercito saia à rua a procura de pelo menos um pequeno sinal das chamadas classes perigosas. A questão social se encontrou momentaneamente sua forma política, a republica formada pela livre associação de comunas federais. A multidão toma as praças e proclamam o direito dos citadinos à sua cidade (Comuna de Paris).
            Foi a primeira grande mobilização da classe desfavorecida em prol da igualdade e felicidade geral, pode-se dizer que a revolução francesa é o inicio das revoluções com objetivo de igualdade entre as pessoas.
OUTRO RESUMO
 O livro Londres e Paris no século XIX foi escrito pela historiadora Maria Stella Martins Bresciani, e foi publicado pela editora Brasiliense em 1986. Tal obra retrata a vida da população no século XIX, e se baseia em diversos autores da época que fazem críticas sobre o crescimento populacional. 
 Bresciani, diz que o caos e o turbilhão de informações e de trabalho, faz com que a sociedade se torne automática - algo que não está distante do atual século XXI -, e que as multidões que caminham pelas ruas cruzam seus olhares e se encontram na maioria das vezes por acaso. Segundo a autora: " A incerteza quanto ao que vai se encontrar é compensada pelo encontro certo, cotidianamente confirmado, com o fluxo formigante, caótico, da multidão".
No século XIX, com a revolução industrial, a urbanização das cidades crescia e a massa populacional vivia em cidades lotadas de trabalhadores durante o dia, em contra ponto da noite que tinha as ruas cheias de criminosos. A divisão entre trabalhadores e criminosos se dava pelo horário do qual caminhavam às ruas, é bem verdade que os trabalhadores ansiavam pela chegada da noite, pois estariam retornando às casas, algo que é bem próximo dos atuais trabalhadores do século XXI com a diferença de que hoje o crime não tem mais hora. "O horror é grande, terrível, imenso. E o ouvido reconhece o ruído surdo da patrulha cinza que começa sua caçada desesperada. Esta é a população fervilhante e furtiva que Paris deixa viver nos becos pavorosos, dissimulado-a bem atrás dos museus e dos palácios; população que usa o linguajar das prisões para se entreter com seus temas favoritos - assassinos, roubos, execuções. É uma verruga virulenta sobre a face dessa grande cidade", completa Janin ( Un hiver a Paris, 1845).
 A utilização do tempo como ferramenta do sistema capitalista trouxe para a sociedade do século XIX - bem como ainda trás para o século XXI - a ideia de tempo apenas como produção para o trabalho: os dias da semana não são divididos com o intuito de distribuir as tarefas entre segmentos da vida do individuo ( família, amigos, trabalho, cuidados pessoais), mas sim em dividir em "dias de trabalho industrial, e dias do descanso do trabalho industrial". A utilização das horas do dia é dividido em horas "úteis" para que se possa aproveitar mais do trabalhador, bem como a autora diz que é para instituir e elaborar a sociedade a própria imagem dos patrões. 
 O autor Edgar A. Poe é citado por Bresciani como um observador da sociedade londrina, em O HOMEM DAS MULTIDÕES ele diz: "vi revendedores judeus com olhos de gavião; atrevidos mendigos de rua, profissionais; fracos e lívidos inválidos andando de viés e cambaleando por entre a multidão, fitando a todos suplicantemente; mocinhas; mocinhas humildes, de volta de um trabalho longo e tardio, para um lar sem alegria; prostitutas de todas as espécies; ébrios inumeráveis e indescritíveis; além desses, vendedores de empadas, tocadores de realejo, exibidores de macacos, vendedores de modinha [...], operários exaustos". Pode-se perceber a diversidade padronizada na multidão das ruas de Londres, todos seguindo a mesma correria, o mesmo horário, voltando para a casa após um dia de trabalho, todos com a mesma rotina mas que não fazem mensura da vida do que acabou de passar ao seu lado. Nos dias atuais, passamos uns ao lado dos outros, sem conhecer e sem ao menos saber que alguém passou ao nosso lado, o relógio gira cada vez mais rápido e a produção requer cada vez mais produtos novos e prontos. A observação de Poe em 1840 mostra que em pleno século XXI, a sociedade continua na individualidade de viver no meio de uma multidão.
 A autora diz: "as péssimas condições de moradia e a superpopulação são duas anotações constantes sobre os bairros operários londrinos". Nessa frase, a autora está complementando a ideia antes proposta por Engels - que não encara como fascinante o fato de uma multidão agir como se todos fossem inimigos - , uma ideia que faz muito sentido na forma em que vivemos hoje,  já que cada vez mais a população cresce e os países não sabem lidar dando qualidade de vida para todos, sendo sempre a classe trabalhadora que sofre com os ajustes políticos feitos e que tem que se adaptar ao que lhe é imposto. 
No capitulo A DESCIDA AO INFERNO, Bresciani relata que a população estava cada vez mais desnutrida pela falta de cuidado e pela superlotação, pois não havia emprego para todos os cidadãos, a multidão estava em guerra. O espetáculo da pobreza estava em seu ápice, as pessoas não tinham ao menos espaço, já que a população total de Londresera de 2,5 milhões de habitantes.
 O bairro East End é comparado a cidades como Berlim em relação a população, mas a quantidade de pessoas não fez esses bairros serem de qualidade, já que é um bairro da classe operária que não tem mínimas condições de estabilidade. Bairros como este, segundo a autora, não tem um hotel, pois não é de interesse de ninguém visitar um lugar tão poluído, cheio de doenças e lotado. Nada que seja diferente da periferia do Rio de Janeiro, uma cidade da qual tem milhares de moradores, uns ricos, e outros que ainda não tem saneamento básico. Além de ser uma grande cidade, a maioria da população de outros estados vem para o Rio em busca de qualidade de vida, a maioria dessas pessoas vai para a periferia.
 A população se dobrou de tamanho entre 1821 a 1851, a multidão da época de Poe e Engels agora é uma multidão violenta, os trabalhadores não tem emprego, e não há mais divisão entre dia para os trabalhadores, e noite para os vagabundos. Todos estão em uma rebelião e a revolta transforma Londres e Paris em um inferno. Engels disse estar assustado e indignado por ver centenas de milhares de pessoas se comprimindo e se acotovelando, parecendo nada ter em comum. A humanidade dos londrinos estava sendo coloca à prova, a miséria doída no estômago de cada um, e por isso muitos se colocavam a disposição de trabalhos sub-humanos apenas para terem o que comer, e muitos nem oportunidade de serem escravizados tinham, pois não havia vagas suficientes para todos.
 A pobreza ainda é hoje motivo de grande revolta, a diferença é que hoje somos levados a acreditar em uma falsa estabilidade. Em nosso século XXI, utilizamos a força das manifestações – o único poder dado ao povo – e acreditamos que isso pode mudar o país e o mundo. Vivemos constantemente em um pote de vidro do qual só conseguimos enxergar a politicagem e seus efeitos devastadores acontecendo do lado de fora, mas estamos presos dentro desse vidro, gritando e nos manifestando, sem sermos ouvidos pelo lado de fora desse pote, muitos acreditam que por estarem vendo a politicagem, estão mudando-a. Estamos presos a falsa estabilidade de que agora sim sabemos quem são os corruptos, mas esquecemos de que não conseguimos ainda sair desse pote de vidro que só nos faz ver.
 A autora diz: “ o incômodo causado pelos mendigos e pelos vagabundos isoladamente só se vê suplantado pelo medo deles em multidões”, a burguesia industrial agora tinha medo do povo, pois eram muitos e nada poderiam fazer contra a fome e a miséria que assolava a vida dos pobres. Enquanto poucos e em seus cortiços, não incomodavam, mas nesse momento eram muitos e assustadores. Existiam algumas associações de caridade com o intuito de ajudar aos pobres, como a Charaty Organization Society.
 Em 1885, os resíduos – como assim eram chamados os vagabundos – foram comentados pela prefeitura de Londres: “esta classe pe um peso morto sobre o mercado de trabalho, ela interfere nos interesses dos trabalhadores de mérito e de boa vontade, sobre os quais ainda exerce uma influência de efeitos profundos e degradantes” (S. Jones, 290). A população de organizava em manifestações para terem direitos a um emprego e tentavam lutar para que a miséria deixasse de ser rotina, mas as manifestações se tornaram em ataques em fevereiro de 1886. Aproximadamente 20.000 homens que lutavam pelos direitos viviam um momento de tensão.
 No capítulo A COLMEIA POPULAR, Buret indaga: "Que outra alternativa sobra a esse homem, levado pela miséria ao extremo grau de degradação, afastado por completo das leis da vida civilizada, praticamente reconduzido ao estado de barbárie? ". Os trabalhadores, agora eram nomeados de "miseráveis", e tinham sua humanidade tirada totalmente de questão, pois o estado no qual se encontravam era de extrema degradação física - motivo pelo qual não conseguiam emprego - , como então querer tirar da miséria uma população, e ao mesmo tempo não lhe oferecer emprego por que são miseráveis? Essa triste realidade perdurou na vida dos londrinos e parisienses, isolados, com fome. Buret convida a sociedade burguesa industrial a conhecer a miséria, a ver de perto a fome e verificarem com os próprios olhos o quadro desolador que se encontrava a população.
Em Paris, na metade do século, houve uma epidemia de cólera (doença do intestino delgado causado por alimento ou água contaminados) e segundo o texto de Bresciani, os documentos administrativos da época são unânimes em dizer que o crescimento exagerado e caótico da população foi a causa da péssima condição de moradia da antiga Paris. Assim como em Londres, Paris era uma cidade assustadora, e foi chamada de inferno. 
A autora escreveu no capítulo O HOMEM POBRE E O VAGABUNDO que a sociedade necessita do trabalho para ter segurança a vida, assim como a frase " o trabalho dignifica o homem". Para se ter qualidade de vida, assim como ainda é hoje, era necessário ter trabalho e há uma grande diferença entre procurar e não achar, e não procurar. A mesma diferença, segundo a autora, que se encontra entre trabalhador e vagabundo, entendendo que vagabundo é o que não deseja um trabalho. A grande questão é:quais as estratégias eficazes para eliminar os bolsões de miséria incrustados no social? Duvida que carregamos até hoje nas margens da sociedade? As ideias eram muitas, que em sua maioria se cumprem hoje: “a união de homens que se submetem a um governo para salvaguardar sua propriedade, ou seja, a vida, a liberdade e a riqueza de que desfrutam já no estado de natureza, por uma lei natural, refere-se justamente á atividade de apropriação necessária à preservação da vida". 
Assim, de forma geral, pode-se entender também, que a classe trabalhadora é vista como mão de obra e não como cidadãos, a política se aparta da população sendo o povo apenas objeto de lucro para a nação. A concepção de trabalho é para a burguesia um ato nobre para a população, daí o que não deseja trabalhar - o vagabundo - é posto a margem, sem direitos até mesmo a vida.
A sociedade do espetáculo da pobreza viveu um de seus maiores conflitos.
 Locke diz: “Quando a mão se emprega no manejo do arado e da enxada, a cabeça raramente se eleva para ideias sublimes ou se exercita em raciocínios misteriosos”. A ideia que esse trecho quis passar no texto é de que um pobre trabalhador não pode se envolver com a política, com o pressuposto de que não tem um “nível elevado” para tal responsabilidade. Segundo o texto, a única alternativa que o pobre tem de destituir algum político indesejado é fazendo uma greve, manifestação ou rebelião, ainda pior fica a situação dos pobres vagabundos que não são considerados ao menos considerado cidadãos. Essa ideia de pobre longe da política é real na nossa sociedade, pode-se notar que cargos políticos são passados de um a outro pela família que já está no poder, fazendo uns conglomerados políticos que não são desfeitos nem com a força da população. A única coisa que foi dada como direito ao pobre, é o do que fazer com o próprio corpo, e a partir desse direito eles tem outro: vender a força de trabalho.

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