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capitães da areia

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FICHA DE TRABALHO 
ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO MORAL: ANÁLISE DE EXCERTO 
DE “OS CAPITÃES DA AREIA” (Jorge Amado) 
 
Vais ler um extracto de “Os capitães da Areia” que se centra nos pensamentos de 
um personagem, Pirolito, o mais novo do grupo e que no futuro quer ser padre, 
numa dada situação-dilema do seu quotidiano. 
Identifica que estádios do desenvolvimento moral em Kohlberg estão a 
predominar nos pensamentos deste personagem. 
 
 “Pirulito sentia o chamado de Deus, que era intenso, e queria sofrer por Deus. 
Ajoelhava horas e horas no trapiche, dormia no chão nu, rezava mesmo quando o sono o queria 
derrubar, fugia das negrinhas que ofereciam o amor na areia quente do cais. (...) E é esse amor e 
esse temor que fazem Pirulito indeciso ante a vitrina nesta hora de meio-dia, cheia de beleza. O 
sol é brando e claro, as flores desabrocham no jardim, vem uma calma e uma paz de todos os 
lados (...).Mas, mais belo que tudo é a imagem da Conceição com o Menino, que está na 
prateleira daquela loja de uma só porta. (...) Pirulito pensa que a Virgem está a lhe entregar 
Deus, Deus criança e nu, pobre como Pirulito. O escultor fez o Menino magro e a Virgem triste 
da magreza do seu Menino, mostrá-lo aos homens gordos e ricos. Por isso a imagem está ali e 
não se vende. O Menino nas imagens é sempre gordo, um ar de menino rico, um Deus Rico. Ali 
é um Deus Pobre, um menino pobre, mesmo igual a Pirulito, ainda mais igual àqueles mais 
novos do grupo exatamente igual a um de colo, de poucos meses de idade, que fico abandonado 
na rua no dia que sua mãe morreu de um ataque, quando levava nos braços(...). Até uma cara de 
choro tem o Menino, magro e pobre, nos braços da Virgem. E esta o oferece ao Pirulito, aos 
carinhos de Pirulito, ao amor de Pirulito. (...) Pirulito o levará consigo para o trapiche dos 
Capitães da Areia. Rezará para ele, cuidará dele, o alimentará com seu amor. (...) 
Ele dá um passo (...) É facílimo levar o Menino. Pirulito estende o pé noutro passo, mas 
o temor a Deus o assalta(...).Ele tinha jurado a Deus, no seu temor, que só furtaria para comer 
ou quando fosse uma coisa ordenada pelas leis do grupo (...). Era um pecado, não era para 
comer, para matar o frio. Deus era justo e o castigaria, lhe daria o fogo do inferno. Suas carnes 
arderiam, suas mãos que levassem o Menino queimariam durante uma vida que nunca acabava. 
O menino era do dono da loja. Mas o dono da loja tinha tantos Meninos, e todos gordos e 
rosados, não iria sentir a falta de um só, e de um magro e friorento! (...). As beatas não queriam 
levá-lo para seus oratórios, onde havia Meninos calçados de sandálias de ouro (...) Só Pirulito 
viu que o menino tinha fome e sede e quis levá-lo (...). 
Mas se o fizesse, Deus o castigaria, o fogo do inferno comeria durante uma vida que não 
acabava (...). Então Pirulito lembrou-se que só o pensar já era pecado. Que se pecava só em 
pensar em cometer o pecado (...). Pirulito estava pecando (...) e deitou a correr para não 
continuar a pensar. Mas não correu muito, não se pôde afastar para longe da imagem (...) E 
Pirulito voltou para a frente da loja de artigos religiosos (...) Pirulito avança. Vê o inferno, o 
castigo de deus, suas mãos e cabeça a arder uma vida que nunca acaba. Mas sacode o corpo(..) 
recebe o Menino que a Virgem lhe entrega, o encosta ao peito e desaparece na rua.” 
 
 
 
 
 
 
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Resposta: 1º estádio do Nível Pré-Convencional (o medo da punição pelo inferno); 
3º estádio do Nível Convencional (o desejo de corresponder às expectativas dos 
outros, neste caso, da mãe de Jesus menino que lhe pede para tomar conta deste)

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