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Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Inglesa

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- -1
LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DA 
LÍNGUA INGLESA
CAPITULO 1 - O QUE É LINGUAGEM?
Renata C. de Souza
- -2
Introdução
O que distingue o ser humano dos animais? Dentre as muitas respostas possíveis a essa pergunta, temos a
Linguagem. Forma de expressão, de comunicação e de interação, o termo “ ” possui diversas acepçõeslinguagem
e impactos: linguagem arquitetônica, por exemplo, refere-se a expressões da arquitetura; enquanto que
linguagem matemática se refere a formas de abstração da natureza, muitas vezes pelo uso de números.
Mas o que esses conceitos têm em comum que possibilita o uso do termo “linguagem” para descrevê-los? Quando
nos referimos a cada um desses tipos de linguagem, buscamos padrões comuns que os caracterizam, tais como
um tipo de coluna, no caso da linguagem arquitetônica, ou uma sequência numérica em um sistema, no caso da
linguagem matemática. Essencialmente, todos possuem um sistema organizado de itens que permitem que eles
sejam compreendidos e reconhecidos por outras pessoas.
Quando nos comunicamos, usamos diferentes recursos para passar a informação que desejamos, para interagir
com outras pessoas e demonstrar nossos sentimentos, como palavras, gestos e registros faciais. Cada um de nós
possui uma maneira distinta de representar nossos pensamentos e ações — maneira que acaba por representar
também quem somos, de onde viemos, em qual contexto estamos inseridos e o que acreditamos. Então, reflita:
como devemos compreender língua e linguagem no contexto da Linguística Aplicada? Como linguagem e
pensamento podem ser relacionados? Qual é a função da língua nesse processo? De que forma o mundo em que
vivemos impacta não apenas quem somos, mas também como nos comunicamos?
Neste capítulo, conheceremos um pouco mais sobre o conceito de Linguagem e como ele se distingue de Língua.
Também discutiremos as relações estabelecidas entre Linguagem e Cognição, e os impactos sociais e históricos
na formação de diferentes visões sobre linguagem.
Acompanhe com atenção e faça bons estudos!
1.1 Língua e Linguagem
Para começar o nosso estudo, faremos alguns questionamentos sobre a língua e a linguagem. Clique nos itens a
seguir.
• 
O que é Língua?
• 
O que é Linguagem?
• 
Será que são termos equivalentes?
• 
O que aprendemos quando criança?
• 
O que aprendemos em um instituto de idiomas?
Essas questões permeiam a mente de quem inicia o estudo sobre o assunto, uma vez que seus usos em textos não
especializados e no cotidiano podem estar incorretos. A confusão inicial talvez ocorra devido ao fato de as
palavras “língua” e “linguagem” serem usadas em situações em que descrevemos um ato de comunicação:
falamos uma língua, usamos uma linguagem; mas também podemos usar uma língua sob uma forma de
linguagem (oral, escrita). A distinção entre os dois termos, no entanto, vai além desse uso simplificado e
considera teorias organizadas por linguistas, psicólogos, pedagogos e educadores.
Nas próximas páginas, apresentaremos os conceitos de língua e linguagem a partir de teóricos da Linguística, da
•
•
•
•
•
- -3
Nas próximas páginas, apresentaremos os conceitos de língua e linguagem a partir de teóricos da Linguística, da
Psicologia e da Educação. Também estudaremos como as línguas podem ser categorizadas. Vamos lá?
1.1.1 Definições
É importante que você, futuro profissional da área de Letras, compreenda terminologias que interferem
diretamente em sua formação e atuação. Ao iniciarmos os estudos sobre Linguística Aplicada ao Ensino da
Língua Inglesa, é primordial a compreensão de alguns conceitos relacionados a essa área de estudo, sendo o
primeiro deles as definições de Linguística e de Linguística Aplicada.
A Linguística é uma área que se ocupa do estudo da linguagem como um sistema de comunicação humano, e que
engloba estudos sobre Fonologia, Sintaxe, Semântica, Linguística Histórica, Psicolinguística, Sociolinguística,
Estilística, entre outros. Ela encontra na Linguística Aplicada tanto a possibilidade de desenvolvimento de
estudos relacionados ao ensino e à aprendizagem de uma segunda língua como também de estudos relacionados
a questões de ordem prática, que aplicam conceitos, teorias e metodologias provenientes de outras áreas do
conhecimento, e/ou que organizam modelos teóricos de língua e linguagem aplicáveis em contextos diversos da
sociedade, tais como produção de material didático e terapias de fala. Para que a aplicabilidade da Linguística
Aplicada ao Ensino da Língua Inglesa fique clara, é fundamental a compreensão da diferença entre e língua 
.linguagem
Primeiramente, cabe esclarecer que, apesar de estarem relacionados, língua e linguagem representam ideias
distintas. Linguagem é necessariamente um termo mais amplo, pois descreve o sistema de comunicação
 que engloba a organização de um conjunto de sons ou de representações escritas em unidades maioreshumana
de significado, tais como morfemas, léxico, frases e sentenças. Por outro lado, língua é um sistema de
. Quando nos referimos ao Português, por exemplo, sabemos que se trata de uma línguacomunicação humana
falada e escrita em países como Brasil, Angola e Portugal, e que tem alterações e diferenças em seu uso
decorrentes de variações sociais, regionais e culturais.
A consideração da língua como um sistema e da linguagem como algo mais vasto e menos específico tem origem
nos estudos de Ferdinand de Saussure, publicados no livro em 1916.Curso de Linguística Geral
Mas o que é a Língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte
determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade
de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o
exercício dessa faculdade dos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem é multiforme e
heteróclita; (...) A língua, ao contrário, é um todo por si e um princípio de classificação (SAUSSURE,
2002, p. 17).
Saussure (2002) compreendia que a língua era o único objeto de estudo da linguística e que se tratava da
linguagem menos a fala, ou seja, a língua era entendida como linguagem menos seu uso concreto (fala). Ele se
preocupava com a busca por regularidades da língua e em analisá-la de modo sincrônico, isto é, considerando as
relações entre as unidades da língua, suas relações lógicas e psicológicas que permitem o reconhecimento pela
consciência coletiva. Saussure apresentava uma visão estruturalista ao tratar a língua como sistema.
- -4
Noam Chomsky (2006) apresentou concepções diferentes às propostas pelos estruturalistas, e, por essa razão,
contribuiu para a revolução cognitiva que ocorreu nas décadas de 1950 e 1960. Sua perspectiva, chamada de
inatista ou gerativista, buscou inspiração no racionalismo cartesiano do século XVII ao afirmar que a linguagem
humana não está atrelada a estímulos externos, e não se limita a funções comunicativas práticas, mas sim ao
pensamento livre e à auto-expressão. Nessa visão, o ser humano possui competência linguística que lhe é inata e
as línguas são organizadas por universais linguísticos: todos nascemos com a competência de aquisição de
linguagem. Clique na interação a seguir para continuar lendo.
Diferentemente de Saussure, ao estudar linguagem, Chomsky (2006) considerou como foco da linguística o
conceito de competência, isto é, a capacidade de utilizar a língua em detrimento do conceito de desempenho, que
engloba a produção de enunciados reais por pessoas reais. Para Chomsky (2006), a competência englobava três
itens: ; ; e . Seu foco de estudo foi a Sintaxe e, dentro dela, os universais, Sintaxe Semântica Fonologia
subdivididos em princípios (propriedades universais e inatas) e parâmetros (modos diferentes de manifestação
dos princípios nas línguas); seus estudos não incluíam questões sociais ou culturais nessas produções.
Há, de certo modo, uma evolução nas concepções dee , especialmente para o futuro língua linguagem
profissional de Letras, quando tais conceitos passam a incluir o indivíduo e o uso social que ele faz da língua e da
linguagem. Isso ocorreu com contribuições de Lev Vygostky e de Paulo Freire. Apesar da diferença histórica da
produção de cada um – Vygostky desenvolveu seus estudos no início do século XX, tendo falecido em 1934,
enquanto que Freire atuou na metade do século XX, falecendo em 1997. O que ambos tinham em comum era a
visão de que o sujeito é constituído pelas interações sociais que participa, nas quais o diálogo surge como meio
de encontro, desenvolvimento e transformação. Para eles, era a linguagem que viabilizava o diálogo.
Vygotsky (1993) considerava que a compreensão sobre o ser humano deveria incluir dimensões sociais e
individuais, pois era a interação com o meio e com outros sujeitos que levaria à transformação, à utilização da
linguagem de maneira intencional e significativa. Ainda que fizesse uso de funções biológicas características,
chamadas de elementares, o ser humano aplicava as funções psicológicas, chamadas de superiores e de origem
social, na interação. O convívio social ofereceria a oportunidade de o sujeito construir sistemas simbólicos
representativos, tanto da realidade quanto de sua relação com o mundo em termos históricos e culturais. Em um
contexto de aprendizado de Língua Inglesa como segunda língua, por exemplo, esses pontos poderiam indicar
que cada aprendiz teria uma bagagem linguística histórica e culturalmente construída única em uma mesma sala
de aula. 
A interação com outros leva à transformação e a linguagem é entendida como a mediadora das funções sociais,
atrelada ao pensamento e às palavras e seus significados. Nesse contexto, deve-se entender que o significado das
palavras, assim como a Língua, sofre transformações decorrentes não apenas do uso delas em termos
sincrônicos, mas também a questões históricas, sociais, culturais e a representação do pensamento. Segundo
VOCÊ O CONHECE?
Ferdinand de Saussure (1857-1913), linguista e filósofo, foi o responsável pela determinação
do objeto de estudo da Linguística moderna e por concepções importantes, tais como a
diferença entre língua e fala, entre sincronia e diacronia, entre sintagma e paradigma e
significante e significado. Seu livro, (2002), publicado pela primeiraCurso de Linguística Geral
vez em 1916, no entanto, não foi escrito por ele: trata-se de uma compilação das aulas que
lecionou na Universidade de Genebra entre 1907 e 1910 e foi organizado por Charles Bally,
Albert Sechehaye e A. Ridlinger.
- -5
sincrônicos, mas também a questões históricas, sociais, culturais e a representação do pensamento. Segundo
Vygostky (1993, p. 298), “o significado é uma parte inalienável da palavra (...) e desta forma, pertence tanto ao
domínio da linguagem quanto ao domínio do pensamento”.
O educador Paulo Freire, apesar de não ter sido linguista, contribuiu com a aplicabilidade de uma concepção de
linguagem mais voltada para a interação, tendo papel essencial na constituição do sujeito. Em suas obras sobre
Educação, Freire (2004) considera a linguagem como o meio que constitui o sujeito e que interpela os
significados que ele comunica. Nessa perspectiva, a linguagem vincula-se ao diálogo, enquanto que ele contribui
na construção de recursos que organizam o pensamento e o expõe, compreendem-no e modificam-no.
A linguagem em Paulo Freire aplica as propostas de Mikhail Bakhtin de que linguagem faz parte do sujeito e de
suas atividades mentais, e que ele se constitui nas interações que participa. A palavra surge, para Bakhtin e
Freire, como o elemento que representa a ação e a reflexão do sujeito e sua relação com a coletividade. A
transformação do mundo, apregoada por Freire (2004), vem do uso da linguagem, pois é o que possibilita o
diálogo entre os sujeitos e o mundo.
Agora que temos as concepções de língua e linguagem apresentadas, desejamos esclarecer o objeto de estudo e
de trabalho do profissional de Letras: trabalhamos com a linguagem, fazemos uso dela em suas diferentes
formas: verbal, concretizada por meio de palavras; e não verbal, concretizada por meio de sinais, gestos e
expressões faciais (linguagem corporal) e imagens (linguagem imagética). Independentemente de sua forma,
contudo, a linguagem tem como objetivo comunicar e, como tal, relaciona-se com fenômenos comunicativos.
Compreender a relação entre a e a e aplicá-las de maneira adequada alinguagem verbal linguagem não verbal
cada contexto comunicativo exemplifica não apenas a proficiência em um idioma, mas também a capacidade de
usá-lo na coletividade.
VOCÊ QUER LER?
Paulo Freire (1921 – 1997), conhecido como o patrono da educação brasileira, foi um
educador brasileiro de grande impacto no desenvolvimento da Pedagogia Crítica. Sua proposta
didática considerava uma prática dialética na qual o aprendiz partia da sua realidade na
construção de sua aprendizagem (BEISIEGEL, 2010). Leia mais sobre Paulo Freire e sua
pedagogia em:
< >.http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4713.pdf
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Figura 1 - A linguagem verbal e a linguagem não verbal são usadas na comunicação com diferentes pessoas, em 
diferentes contextos e com diferentes recursos.
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019.
O profissional de Letras também trabalha com a língua, seja ela a Língua Portuguesa, a Inglesa ou qualquer outra.
Elas podem ser , isto é, aquelas usadas por uma comunidade, oficiais de uma nação; e línguas naturais línguas
, ou seja, línguas criadas por literatos, linguistas e outros estudiosos com objetivos de servir comoartificiais
língua universal, como o Esperanto, ou para a ficção, como o Klingon, da série de televisão , ou o QuenyaStar Trek
e o Sindarin, desenvolvidas por J. R. R. Tolkien em suas obras e .O Silmarillion Senhor dos Aneis
As línguas, sejam elas naturais ou artificiais, podem ser classificadas quanto à suas tipologias linguísticas, sendo
de três tipos: , e .Tipologia Morfológica Tipologia Sintática Tipologia Morfossintática
A Tipologia Morfológica traz basicamente quatro categorias, conforme listamos abaixo. Clique nas abas para ler.
•
VOCÊ SABIA?
Há seis línguas ficcionais que realmente podem ser aprendidas porque tiveram seus sistemas e
seus vocabulários desenvolvidos por linguistas e outros profissionais. São elas: , daAlienese
série de televisão ; , presente na obra , escrita por RichardFuturama Lapine Watership Down
Adams; , usada no filme ; , da série ; , da série deNa’vi Avatar Dothraki Game of Thrones Klingon
televisão ; e , das obras de J. R. R. Tolkien (ELDRIDGE, s/data). Saiba mais:Star Trek Élfico
< >.https://www.britannica.com/list/6-fictional-languages-you-can-really-learn
•
- -7
•
Línguas Flexivas
Línguas Flexivas, tais como Latim e Alemão. Há a presença de flexão nas palavras, isto é, elas
sofrem alterações que indicam mudanças de significados e/ou relação entre as palavras em uma
frase. Por exemplo, na frase em Latim “in nomine Patris” (“em nome do Pai”), temos a palavra
“nomine” flexionada – sua origem é “nomen”, mas a presença de “in” requer que seja usado o caso
ablativo, a inclusão de –e em “nomen” formando “nomine”.
•
Línguas Aglutinantes
Línguas Aglutinantes, tal com Turco. A aglutinação nada mais é do que a junção de palavras. Por
exemplo, em Turco “im” indica “meu” (sufixo possessivo), “ev” significada “casa”; “evim” quer
dizer “a minha casa”. Ao usar o sufixo plural –ler, temos “evler”, isto é, “as casas”.
•
Línguas Isolantes
Línguas Isolantes, tais como o Vietnamita e o Tailandês, nas quais morfemas equivalem a palavras
e há pouca ou nenhuma flexão ou derivação. O sentido é construído a partir do uso de palavras
monomorfêmicas em conjunto. Por exemplo: em Mandarim, a frase “wǒ ài nǐ” significada “eu te
amo”. No entanto, na sentença “wǒ de péngyou men dōu yào chī dàn” (“todos os meus amigos
querem comer ovo”),“wǒ” passa a significar “meu/minha” e não mais “eu”; o uso de “wǒ” e “de”,
que indica posse, traz um novo sentido.
•
Línguas Polissintéticas ou Incorporantes
Línguas Polissintéticas ou Incorporantes, tais como Groelandês e línguas esquimós (Inuktitut,
Inuktun, entre outras). São línguas em que as palavras são formadas pela adição ou inserção de
elementos gramaticais e/ou lexicais a uma raiz. Um exemplo de palavra pertencente a uma língua
polissintética é “ ”, que pode ser traduzido para oAliikusersuillammassuaanerartassagaluarpaalli
Português por “Entretanto, eles dirão que ele é um ótimo comediante/ator, mas…” (FORTESCUE,
1983).
Veja a imagem a seguir.
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- -8
Figura 2 - Português, inglês, francês, alemão, italiano e espanhol são línguas naturais formadas a partir da 
interação entre diferentes línguas e culturas.
Fonte: Helder Almeida, Shutterstock, 2019.
Já a Tipologia Sintática classifica as línguas em dois tipos. (1) Língua Nominativa-Acusativa, a qual “marca as
funções sintáticas por meio de diferentes formas das palavras, os chamados , e na qual o sujeito tem o casocasos
nominativo e o objeto directo, o caso acusativo” (ELISEU, 2008, p. 85), e permite construções nas vozes ativa e
passiva. (2) Língua Ergativa-Absolutiva, em que o sujeito de um verbo intransitivo funciona da mesma maneira
que o objeto de um verbo transitivo e não como seu agente. Inglês, Português, Espanhol, Japonês, Francês,
Coreano e Russo são exemplos de línguas nominativas-acusativas; Basco, Tibetano, Groelandês, Curmânji e as
línguas Kalapalo, Kuikuro, Maxacali, Matipu, Nahukwá e Tembé dos ramos macro-tupi e macro-jê são exemplos
de línguas ergativas-acusativas. Segundo Eliseu (2008, p. 86), “a maior parte das línguas actualmente existentes
é do tipo nominativo-acusativo”.
- -9
Por fim, a Tipologia Morfossintática preocupa-se com a organização sintática das sentenças, podendo obedecer
às ordens listadas a seguir, que são as mais comuns:
• Sujeito-Verbo-Objeto (Exemplo: Finlandês, Inglês, Iorubá)
• Sujeito-Objeto-Verbo (Exemplo: Alemão, Coreano, Quéchua)
• Verbo-Sujeito-Objeto (Exemplo: Árabe)
• Verbo-Objeto-Sujeito (Exemplo: Malgaxe, Tsotsil)
Concluímos, então, que a Língua Inglesa, foco de nosso estudo, pode ser categorizada quanto à sua tipologia
linguística, da seguinte maneira que apresentamos a seguir. Clique para ver.
• 
Tipologia Morfológica: Língua Flexiva
• 
Tipologia Sintática: Língua Nominativa-Acusativa
• 
Tipologia Morfossintática: Sujeito-Verbo-Objeto
Essas categorizações podem auxiliar o estudante de Letras a aprofundar seus conhecimentos sobre a língua-alvo
e a compará-la com sua primeira língua na busca por semelhanças e diferenças que o ajudem a desenvolver sua
proficiência.
A seguir, estudaremos a relação entre linguagem, cognição e pensamento!
1.2 Linguagem e Cognição
Socialmente, a linguagem nos ajuda a cumprir funções e práticas sociais significativas, que nos representam, que
nos permitem expressar nossas ideias, crenças e desejos. No entanto, será que temos claro quais são os usos que
fazemos da linguagem ao interagirmos com as pessoas? Será que temos clara a necessidade de resolução de um
problema e quais elementos linguísticos usamos para tal quando nos deparamos com um?
Partimos, neste momento, do pressuposto de que a linguagem é algo socialmente e historicamente construído e
que, como tal, representa expectativas e questões evolutivas do ser humano, que considera a capacidade
filogenética de cada um de nós para a mediação cultural e a ação sobre o mundo. Nesse contexto, o pensamento
verbal, surgido a partir da união de fases de formação do sujeito, seus discursos internos e processos
interpessoais são grandes auxiliares de um sujeito ao enunciar suas necessidades do pensamento.
Que tal conhecer um pouco mais sobre a relação entre linguagem e cognição a seguir?
VOCÊ QUER LER?
A Língua Inglesa faz parte do tronco indo-europeu, assim como muitas outras línguas faladas
na Europa, na Ásia Central, no Irã e no norte da Índia. Ela sofreu influência de outras línguas
faladas por povos que de alguma maneira participaram da história dos países onde ela é falada.
A presença de palavras do Latim, por exemplo, demonstra o contato dos anglo-saxões com os
romanos, reforçada ainda mais com a cristianização da Grã-Bretanha após o século VI
(CRYSTAL; POTTER, 1999). Saiba mais:
< >https://www.britannica.com/topic/English-language
•
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•
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•
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- -10
1.2.1 Definições e identificações de habilidades
Linguagem e são dois conceitos intimamente ligados ao se considerar a aquisição ou o aprendizado decognição
uma língua. A relação entre cognição e linguagem tem origem, segundo Costa e Pereira (2009), na segunda
metade do século XX, com o desenvolvimento das Ciências Cognitivas, quando “sedimenta-se a ideia de que a
linguagem humana é (...) uma verdadeira janela para as investigações cérebro/mente” (COSTA; PEREIRA, 2009,
p. 7).
Harris (2006) apresenta duas maneiras de se conceituar cognição. De um lado, há a visão que considera
Cognição como a base de todos os tipos de inteligência humana e contempla os mecanismos e processos para tal.
De outro lado, há a visão que põe em foco as diferenças entre as linguagens e as habilidades relacionadas a elas.
Considerada como uma visão modular da cognição, ela pondera que há domínios diferentes de cognição, que
devem ser desenvolvidos separadamente e por meio de mecanismos mentais específicos. Segundo Harris (2006),
essas duas formas de pensar cognição têm origens em concepções filosóficas distintas, mas que, com o passar
dos anos, perceberam uma preocupação em comum: ter um foco interdisciplinar.
Destacamos que o estreitamento da relação entre linguagem e cognição se deu principalmente devido a um
paradigma surgido com as Ciências Cognitivas:
[...] de um lado, a proposta inatista da Teoria Linguística e, de outro, teorias que querem saber (i) o
quanto de especificidade é necessário atribuir à língua e linguagem quando comparadas a outros
sistemas cognitivos e (ii) o quanto de independência pode ser atribuída ao desenvolvimento
linguístico no conjunto do desenvolvimento cognitivo (CUMPRI; AYRES, 2015, p. 4).
Temos, portanto, uma ruptura com a visão de linguagem proposta por Noam Chomsky, no sentido que abarcava
preocupações atreladas aos processos mentais que usamos para classificar, lembrar, pensar, perceber,
reconhecer etc.
Na área de Linguística Cognitiva, o estreitamento da relação entre linguagem e cognição também nos dá a
possibilidade de analisar a linguagem e compreendê-la quanto à sua diversidade, seus discursos, narrativas,
dialetos e outras questões socioculturais (HARRIS, 2006). Já a área de Neurociência Cognitiva trouxe a
possibilidade de explicar as habilidades cognitivas. Especialistas nessa área têm como visão de linguagem o
desenvolvimento concomitante dos processos linguísticos, perceptuais e motores, o que leva à defesa que a
aquisição (aprendizado) de uma língua seja um processo complexo e atrelado à semântica. Ao tratarmos sobre
aprendizado de uma língua numa perspectiva que considera a relação entre linguagem e cognição, trazemos à
tona também o conceito de habilidades cognitivas.
VOCÊ QUER VER?
A relação entre cognição, linguagem e pensamento é elemento central na corrente de estudo
cognitivista, cujo foco são as atividades e os processos mentais, tais como pensar, memorizar e
conhecer. O TED Talk de Lera Boroditsky, intitulado Como a linguagem modela nossa forma de
, traz exemplos dessa relação (BORODITSKY, 2017). Assista:pensar
<https://www.ted.com/talks/lera_boroditsky_how_language_shapes_the_way_we_think?
>language=pt-br#t-13563
- -11
Figura 3 - O desenvolvimento da linguagem é uma ação complexa que envolve habilidades cognitivas e 
interações sociais.
Fonte: VLADGRIN, Shutterstock, 2019.
Habilidades cognitivas são capacidades cerebraisque nos permitem realizar atividades e solucionar problemas
desde o mais simples até o mais complexo, e que independem de conhecimento conceitual, isto é, não são
dependentes de estudo sobre um determinado tema, de um diploma universitário ou algo assim. A essas
habilidades relacionamos ações que envolvem as habilidades que apresentaremos a seguir. Clique sobre o
conceito para ler a descrição.
Percepção Como ouvir o som da campainha.
Tomada de
decisão
Como escolher atender quem está na porta ou não.
Habilidades
motoras
Como abrir a porta.
Habilidades
linguísticas
Como compreender o que lhe dizem e responder adequadamente.
Habilidades
sociais
Como interagir de maneira adequada com as pessoas.
Leia o Estudo de Caso a seguir.
- -12
Podemos dividir as habilidades cognitivas nas seguintes categorias:
• atenção;
• funções executivas, como tomada de decisão e resolução de problemas;
• habilidades motoras;
• língua/linguagem;
• memória;
• percepção;
• processamento visual-espacial.
CASO
Os pesquisadores Jared e Kroll consideraram falantes nativos de Inglês em um estudo sobre
Psicolinguística e a aquisição de segunda língua. Em suas observações, Jared e Kroll
examinaram a influência observável que os nativos de inglês tinham do conhecimento de uma
outra língua, o Francês (L2), ao lerem palavras em Inglês (L1). Os pesquisadores consideraram
a seguinte hipótese: que a leitura de palavras isoladas na língua materna (L1) não deveria ser
afetada pelo conhecimento de uma outra língua (L2). Se a pesquisa envolvesse Português e
Inglês, por exemplo, e considerássemos Português como L1 e Inglês como L2, seria equivalente
a dizer que, ao lermos palavras em Português, não percebemos interferências dos nossos
conhecimentos de Inglês. Durante a pesquisa, Jared e Kroll apresentavam palavras em Inglês
para serem lidas. Em um dado momento, havia a inserção de palavras em Francês, que era
seguida de novas palavras em Inglês. Com a coleta e a análise dos dados, Jared e Kroll
observaram que após a inserção das palavras em Francês, os sujeitos tiveram seus
desempenhos alterados, tornando-se mais lentos para ler as palavras. Tal resultado ajuda a
embasar a ideia que há um modelo não-seletivo em que o grau de interação entre línguas está
atrelado ao uso ou à atividade da língua que não seria o foco da interação (KROLL;
SUNDERMAN, 2003). Se o mesmo resultado fosse replicado a uma atividade com brasileiros
que falassem Inglês, a velocidade de leitura da lista de palavras decairia após a inserção de
palavras estrangeiras devido à concorrência entre línguas no nosso cérebro.
•
•
•
•
•
•
•
- -13
Figura 4 - Uma mesma atividade pode colocar em prática mais de uma habilidade cognitiva, tais como 
habilidades motoras e processamento visual-espacial.
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019.
Todas essas habilidades fazem parte do de desenvolvimento de uma língua e do aprendizado nocontinuum
geral. No contexto educacional, elas são incorporadas às práticas docentes, aos conteúdos atitudinais e
procedimentais que são desenvolvidos ao longo do ano letivo e na seleção de materiais didáticos que permitam
ao aluno pensar, agir, compartilhar e refletir.
A seguir, vamos refletir sobre como essas habilidades são colocadas em prática.
1.3 O aprendizado como ferramenta
Como aprendemos uma língua? Como os processos cognitivos contribuem para isso? Essa é uma discussão
interdisciplinar que permeia conceitos de Psicologia, Linguística Cognitiva e Neurociência. A união dessas
ciências, segundo Sampaio, França e Maia (2015), é inescapável visto que a partir do momento em que a
linguagem passou a ser vista por um viés cognitivo da espécie humana, houve a inclusão de questões
neurobiológicas e psicológicas ao objeto de estudo “linguagem”.
Essa quebra de paradigma contribuiu com o modo como a língua é observada e entendida como objeto de
aprendizado também. Logo, o aprendizado de uma língua — materna ou segunda língua — engloba
desenvolvimentos e aplicações de habilidades cognitivas, interações sociais e mediações dos mais diversos tipos.
A seguir, vamos analisar algumas situações-exemplo sobre linguagem e cognição.
- -14
1.3.1 Relações e aplicações da Cognição
Agora, vamos observar os conhecimentos adquiridos sobre linguagem e cognição em algumas situações-
exemplos.
Primeira situação-exemplo
Considere o momento, quando criança, em que você aprende uma nova palavra, como “sol”, a partir de um
desenho animado visto na televisão ou uma imagem em um livro enquanto ouve uma história. Nesse momento,
você está não apenas aprendendo uma palavra, mas também um conceito. Por vezes, tentamos usar a mesma
palavra para designar outras coisas. Por exemplo, a palavra “sol” para designar uma lâmpada, uma vez que o
objeto também emite luz. Experimentamos com as palavras, construímos nosso vocabulário e, com o passar do
tempo, compreendemos as estruturas conceituais que fazem parte da nossa sociedade.
Figura 5 - A leitura contribui para o aprendizado de palavras e conceitos, pois com ela vem a experimentação e o 
uso da língua inseridos no nosso contexto sociocultural.
Fonte: Kovalchuk Oleksandr, Shutterstock, 2019.
Segunda situação-exemplo
Pais, familiares e professores leem histórias para as crianças. Durante essa atividade, eles usam gestos, falas e
outras linguagens para transmitir o contexto e a emoção, ao mesmo tempo em que as crianças observam as
imagens e os textos. Imagine que a história lida seja o conto de fadas “Os Três Porquinhos”, por exemplo. Ao
ouvir a história e a repetição da ação de cada personagem porquinho a partir da reação do personagem lobo, a
criança passa a organizar a relação entre ação e consequência. A junção desses elementos — leitura, observação,
imaginação, levantamento de hipótese e confirmação — colabora com o desenvolvimento cognitivo tanto quanto
a atenção, a memorização, ao uso da língua e a funções executivas, tais como a tomada de decisão.
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Terceira situação-exemplo
Imagine que um grupo de alunos recebe a tarefa de desvendar um mistério. Para tal, recebem algumas pistas e
algumas funções, como, organizar as dicas, registrar as descobertas, entre outras. Para chegar à conclusão da
tarefa, o grupo de alunos tem que fazer uso de uma série de habilidades cognitivas do tipo função executiva, tais
como a resolução de problemas, autocontrole ou atenção, aplicação da memória e flexibilidade cognitiva, isto é,
pensar criativamente, adaptar às novas demandas e necessidades e usar a criatividade. A linguagem permeia
todo esse processo de reflexão e interação.
Confira, no vídeo a seguir, um exemplo de momento histórico que influenciou na construção de uma linguagem a
partir do uso de habilidades cognitivas.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1548849659&entry_id=1_ejnjljel
No próximo tópico, vamos nos aprofundar nos estudos sobre a linguagem relacionada ao meio sociocultural, no
qual nos inserimos.
1.4 Sociedade e Linguagem
Cada sociedade tem suas especificidades, atendendo as demandas de seus cidadãos de maneiras diferentes,
como com a reorganização de leis, com a determinação de línguas oficiais e com a configuração do sistema
educacional. Todas as sociedades estão em constante mudança, decorrente das relações com outras, das
demandas dela mesma, da necessidade de adequar-se a novos contextos e situações.
Não é estranho afirmar, portanto, que a linguagem também faz parte dessas mudanças: ela é uma das maneiras
utilizadas pela sociedade nesse processo, uma vez que representa identidades, culturas, gêneros, pesquisas,
desenvolvimentos e buscas dos mais diferentes tipos. Como será, então, que a sociedade e seu construto social e
histórico influenciam a linguagem e a visão que podemos ter dela?
A seguir, vamos estudar as diferentes visõesde linguagem e as suas dimensões sociais e históricas. Vamos
juntos!
VOCÊ SABIA?
Um achado arqueológico foi a chave para compreender os Hieróglifos, sistema de escrita dos
antigos egípcios? A Pedra de Roseta, um bloco de basalto com inscrições em três diferentes
línguas, foi descoberta no final do século XVIII. Vários pesquisadores e estudiosos usaram
habilidades cognitivas na aplicação de estratégias de comparação entre línguas, transposição e
equivalência para traduzir as inscrições e conseguir chegar nos padrões linguísticos usados
pelos povos antigos (URBANUS, 2017). Saiba mais:
<https://www.archaeology.org/issues/274-1711/features/5997-egypt-thmuis-rosetta-stone
>.
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1.4.1 Dimensão social e histórica da linguagem
As diferentes visões de linguagem que conhecemos neste capítulo têm como elemento comum questões sociais e
históricas, isto é, são retratos de concepções epistemológicas e filosóficas dos contextos em que surgiram.
Podemos organizar as visões de linguagem essencialmente nas categorias apresentadas a seguir. Acompanhe
com atenção!
Behaviorismo, ou Comportamentalismo
O Behaviorismo tem como fundamento a ideia que o aprendizado ocorre por imitação, prática, reforço (positivo
ou negativo) e formação de hábito. Nessa perspectiva, o desenvolvimento de uma língua se dá a partir do insumo
de outros usuários em um determinado ambiente e da associação que o aprendiz faz entre esse insumo
(palavras) e o que observa (objetos, situações etc.). A repetição da experiência favorece a consolidação da
associação, assim como o reforço positivo ou negativo contribui com a formação de hábitos. O aprendizado de
uma língua, nesse contexto, considera que há semelhanças e diferenças entre a língua materna e a língua
estrangeira; as semelhanças facilitam o aprendizado, ao passo que as diferenças dificultam.
Essa visão de linguagem faz parte de um construto social e histórico característico do início do século XX.
Segundo Lightbown e Spada (2002), hoje há a tendência de considerar que se trata de uma visão que não
representa o aprendizado de língua por não conseguir explicar os fenômenos relacionados e que interferem na
linguagem.
Inatismo
A visão inatista da linguagem tem como base os estudos desenvolvidos por Noam Chomsky na década de 1950,
tendo surgido como uma crítica ao Behaviorismo. Nessa perspectiva, a linguagem é algo inato ao ser humano,
uma vez que ele tem condições biológicas e genéticas de produzi-la. A esse fator somam-se os princípios da
“Gramática Universal”, segundo a qual todos podemos adquirir linguagem em um determinado ambiente
enquanto estivermos na fase de desenvolvimento adequada a tal.
Os escritos de Chomsky contribuíram para o surgimento de outras visões inatistas. Uma visão de relevância para
o estudo da Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Inglesa é aquela proposta por Stephen Krashen
(LIGHTBOWN; SPADA, 2002), na década de 1980. Essa teoria, chamada de “Monitor Model”, serviu de base para
a organização de abordagens e métodos comunicativos de ensino de língua estrangeira. Segundo o modelo de
Krashen (LIGHTBOWN; SPADA, 2002), a aquisição de uma segunda língua segue cinco hipóteses. Clique na
interação a seguir para conhecê-las.
1. A hipótese de aquisição-aprendizado, na qual há duas maneiras de uma pessoa aprender um idioma: sendo
exposto a exemplos que sejam compreensíveis e por meio de estudo para que haja o aprendizado das formas e
das regras (LIGHTBOWN; SPADA, 2002).
2. A hipótese monitora, a qual é utilizada por aprendizes que estão atentos ao uso correto da língua em
detrimento do conteúdo muitas vezes (LIGHTBOWN; SPADA, 2002).
3. A hipótese de ordem natural, em que há a ideia que a ordem natural de uso da língua, não suas regras, é
aprendida primeiro (LIGHTBOWN; SPADA, 2002).
4. A hipótese de insumo, a qual considera que o aprendizado de uma língua ocorre apenas quando há a exposição
a insumos compreensíveis (LIGHTBOWN; SPADA, 2002).
5. A hipótese do filtro afetivo, que trata de uma barreira imaginária que o aprendiz tem e que o impede de
desenvolver a partir de um determinado insumo que esteja disponível e que seria relacionado a questões
afetivas, tais como nervosismo e ansiedade (LIGHTBOWN; SPADA, 2002).
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Figura 6 - O filtro afetivo tem papel de importância no modelo de Stephen Krashen de aquisição de segunda 
língua e, por muitos anos, tem sido considerado no ensino de Inglês.
Fonte: Elzbieta Sekowska, Shutterstock, 2019.
As proposições de Krashen (LIGHTBOWN; SPADA, 2002) contribuem até hoje para o desenvolvimento de
propostas de ensino de línguas estrangeiras, ainda que suas hipóteses não possam ser comprovadas
empiricamente.
Teorias psicológicas recentes
Tanto o Processamento de Informação quanto o Conexionismo trazem visões de linguagem decorrentes de um
pensamento cognitivista (LIGHTBOWN; SPADA, 2002). No Processamento de Informação, por exemplo, o
aprendizado de uma língua é visto como a construção de sistemas de conhecimento a ser utilizados quando
necessários. Nessa visão, a língua a que somos expostos faz parte de um arcabouço mental que é construído aos
poucos, conforme somos expostos a ela. O uso da língua, em termos práticos, implica na observação de como ela
VOCÊ QUER VER?
O filme ( , 1964) retrata as diferenças sociais do uso da língua eMinha Bela Dama My Fair Lady
a pronúncia em uma região da cidade de Londres. O filme foi baseado na obra “Pygmalion”, de
George Bernard Shaw (1913), e ganhou oito prêmios. Em 2018, foiMinha Bela Dama
selecionado pela Biblioteca do Congresso americano, por meio do departamento de Registro
de Filmes Nacionais, para preservação devido à sua significância cultural, estética e histórica.
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poucos, conforme somos expostos a ela. O uso da língua, em termos práticos, implica na observação de como ela
ocorre, no processamento e na adequação dela para outros contextos. Já no Conexionismo, há a ponderação de
que o aprendizado de uma língua sofre influência e interferência do ambiente em que o aprendiz está, e que o
conhecimento de uma língua é decorrente da exposição a ela.
Posicionamento Interacionista
O Posicionamento Interacionista tem como ponto de partida a proposta de que a linguagem se desenvolve a
partir da interação em que haja insumo compreensível muito mais devido ao modo como é feito do que devido à
sua natureza. Por exemplo, ao falar com uma criança, o insumo compreensível poderia ser uma palavra que
sabidamente faça parte de seu arcabouço.; um insumo compreensível devido ao modo como é feito implicaria no
uso de outras linguagens para tornar a palavra compreensível. A possibilidade de interação e de aprendizado por
meio de outras linguagens contribui com a compreensão de uma nova palavra. Nessa visão, a interação é o que
modifica o processo e o que promove o aprendizado de uma língua. 
Figura 7 - A interação é um dos fatores principais no desenvolvimento da linguagem e dos processos cognitivos.
Fonte: Jane0606, Shutterstock, 2019.
Ao considerar essas visões de linguagem, podemos perceber que suas concepções se originaram de questões que
iam além do campo dos estudos da língua e da linguagem por linguistas, por exemplo. Elas tendem a aplicar
modelos e teorias em voga em diferentes momentos históricos, tendendo para questões comportamentais,
biológicas ou sociais, e, de certo modo, acabam representando a sociedade da época. Ainda assim, há estudos
teóricos e aplicações sobre essas visões no século XXI, com práticas inovadoras para terapias de fala,
programação e desenho de métodos e materiais didáticos. A escolha por uma visão de linguagem deve sempre
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programação e desenho de métodos e materiais didáticos. A escolha por uma visão de linguagem deve sempre
refletir os objetivos que temos com o aprendizado da língua, as necessidades dos aprendizes e a comunidade em
que essa prática ocorre.
A leitura completa deste capítulo ajuda-nos a esclarecer a relaçãoque temos com a linguagem e como ela nos
diferencia de outros seres vivos, independentemente do posicionamento que temos a respeito dela quanto à sua
interlocução com a sociedade ou a visões genéticas e biológicas.
Síntese
Neste capítulo, discutimos sobre os conceitos de língua e linguagem a partir de visões socio-historicamente
construídas, isto é, ancoradas em teorias e paradigmas de diferentes épocas e lugares e que os representam.
Iniciamos a compreensão do impacto da Linguística Aplicada no ensino de línguas e aprendemos sobre suas
categorizações e especificidades. Também discorremos sobre a relação entre cognição e linguagem, bem como a
conexão com questões humanas, como sociedade e história, e observamos exemplos de cognição em contextos
educativos ou escolares.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer e discutir as definições de língua e linguagem e suas diferenças;
• relacionar e aplicar conhecimentos prévios de teoria linguística;
• compreender a definição de cognição e sua relação com linguagem;
• identificar habilidades cognitivas necessárias para o desenvolvimento da linguagem;
• compreender a relação entre linguagem e cognição a partir da observação de exemplos;
• aplicar conhecimentos prévios sobre linguagem e cognição na análise de situações-exemplo;
• identificar elementos sociais e históricos que permeiam teorias de linguagem;
• relacionar questões sociais que interferem ou contribuem na visão de linguagem.
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