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História do Brasil REVOLTAS E CONFLITOS NO BRASIL COLONIAL 1 Sumário Introdução......................................................................................................................................2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Revoltas e Conflitos no Brasil Colonial ............................................................................ 2 1.1. As rebeliões nativistas .................................................................................................. 2 1.2. Revolta de Beckman ..................................................................................................... 3 Exercícios ...................................................................................................................................... 5 Gabarito ........................................................................................................................................ 7 Resumo ......................................................................................................................................... 7 2 Introdução Você se lembra dos conflitos que marcaram a imposição da estrutura administrativa de Portugal sobre as minas de ouro onde atualmente é o estado de Minas Gerais? Portugal tendeu a impor sobre os seus colonos pesada vigilância em torno da mineração. Podemos citar como exemplo a cobrança do quinto do ouro, que correspondia a 20% de todo o ouro extraído. Esse cálculo era feito nas Casas de Fundição em Minas Gerais, onde o ouro era fundido e transformado em barras com selos da Coroa. Vários conflitos aconteceram nesse contexto: a Guerra dos Emboabas, que constituiu do conflito entre colonos paulistas e colonos de outras regiões do Brasil pelo controle das lavras de ouro, e podemos citar a Revolta de Felipe dos Santos, que foi uma revolta contra a cobrança do quinto do ouro. Essas revoltas eram contra imposições pontuais da Coroa, motivos específicos. Elas não questionavam profundamente a submissão da colônia à metrópole. Elas não desejavam, por exemplo, emancipar alguma região em relação a Portugal. Por isso, dizemos que essas revoltas são nativistas. Na presente apostila veremos sobre outras duas revoltas nativistas: a Revolta de Beckman e a Guerra dos Mascates. Objetivos • Caracterizar o conceito de rebeliões nativistas; • Descrever o processo histórico das rebeliões nativistas. 1. Revoltas e Conflitos no Brasil Colonial 1.1. As rebeliões nativistas A partir do final do século XVII, várias rebeliões contra a exploração e o controle de Portugal aconteceram na colônia brasileira. Assim, o conjunto das revoltas acontecidas a partir daí, e durante o século XVIII, podem ser caracterizadas como de dois tipos, as nativistas e as emancipacionistas. As revoltas nativistas aconteciam com o intuito de questionar o excessivo controle da metrópole sobre a colônia, mas sem objetivar mudar estruturalmente a lógica colonial-metropolitana, em outras palavras, essas revoltas coloniais não tinham como intuito se emancipar de Portugal. Foram revoltas nativistas: Guerra dos 3 Emboadas e Revolta de Felipe dos Santos, que vimos na apostila anterior (nº19), a Guerra dos Mascates e a Revolta de Beckman, que veremos na presente apostila. 1.2. Revolta de Beckman A Revolta de Beckman aconteceu no Maranhão no ano de 1684. Vimos nas apostilas anteriores que vários foram os conflitos em torno do lugar social dos indígenas, ora vistos como passíveis de serem escravizados, ora protegidos pela igreja como potenciais cristãos. Em São Paulo e Maranhão houve vários conflitos entre colonos e jesuítas sobre a questão indígena, pois enquanto os colonos visavam utilizá-los como mão de obra compulsória nas lavouras, os jesuítas construíam as suas missões para catequizá-los. A invasão holandesa ao nordeste, no século XVII, gerou um problema na questão da disponibilidade de mão de obra em toda a colônia. Assim, em 1682, Portugal criou a Companhia de Comércio do estado do Maranhão, que tinha o objetivo de fornecer escravos, comercializar produtos coloniais e manufaturados europeus. A Companhia teria o monopólio sobre esse comércio, isso permitiu a existência de preços abusivos na venda de produtos, e preços baixíssimos na compra de produtos internos, como cacau, cana-de-açúcar, algodão e tabaco. Porém, a Companhia mostrou-se incapaz de fornecer 500 escravos por ano, tal como foi acordado com os colonos. Daí, religiosos e fazendeiros ricos, apoiaram a partir de 25 de fevereiro de 1684, uma revolta liderada pelo fazendeiro Manuel Beckman, que consegui tomar o governo do Maranhão. Ele expulsou os indígenas e fechou a Companhia de Comércio do Maranhão. Tomás Beckman, irmão de Manuel, foi à Portugal para expor ao Rei as exigências dos revoltosos. Porém, ele foi preso pelo Rei, que enviou Gomes Freire de Andrada para servir como governador do Maranhão. O novo governador perseguiu Manuel Beckman e conseguiu capturá-lo, prendê-lo e enforcá-lo. Finalmente a metrópole reestabeleceu a Companhia de Comércio com todo o seu monopólio e enviou novamente os jesuítas. 1.3. Guerra dos Mascates A Guerra dos Mascates ocorreu em Pernambuco em 1710. Com a decadência da produção de açúcar devido à concorrência holandesa com sua produção nas Antilhas, os aristocratas senhores de engenho de Olinda viviam uma grande crise econômica. Essa elite passou a tomar empréstimos de comerciantes portugueses de Recife como forma de manter o seu padrão de vida e o seu status. 4 IMPORTANTE! As decadentes elites de Olinda, que viveram no passado com poder e riqueza, alimentavam um ressentimento sobre os promissores comerciantes europeus de Recife, chamados por eles pejorativamente de “mascates”. Olinda ainda controlava o poder econômico de Pernambuco, mas como Recife vinha demonstrando desenvolvimento econômico, isso fez com que o rei Dom João V a elevasse à condição de vila. Isso desagradou as elites de Olinda, pois essa emancipação daria maior poder político aos comerciantes europeus de Recife. Assim que começaram as demarcações da nova vila em 1709 começaram os conflitos diretos entre olindenses e recifenses. Em 1710 os olindenses invadem Recife, dando início a Guerra dos Mascates. Em um primeiro momento os olindenses ganharam vantagem no conflito, mas em 1711 os recifenses invadem Olinda, destruindo vários engenhos. Esse conflito gerou um sentimento antilusitano por parte das forças de Olinda, visto que a maioria dos seus habitantes tinha nascido no Brasil; ao contrário, dos comerciantes de Recife que em sua maioria eram portugueses. Os conflitos cessaram quando a Coroa portuguesa nomeou um novo governador em 1714, Felix José Machado de Mendonça, que confirmou a emancipação de Recife sobre Olinda. Para compreender melhor, observe o Mapa com a Vila de Olinda e o Porto de Recife no chamado Brasil Colônia (Figura 01). Status é a diferenciação social na sociedade colonial. Por exemplo: os nobres tinham status maior do que dos trabalhadores manuais. Brancos ricos tinham maior status do que brancos pobres. 5 01 Mapa de Luís Teixeira (c. 1582-1585) com a Vila de Olinda e o Porto do Recife, Brasil Colônia. Exercícios 1. (Adaptada de FUVEST) A elevaçãode Recife à condição de vila; os protestos contra a implantação das Casas de Fundição e contra a cobrança de quinto, foram episódios que colaboraram, respectivamente, para as seguintes sublevações coloniais: a) Guerra dos Emboabas, Inconfidência Mineira. b) Guerra dos Mascates, Motim do Pitangui. 6 c) Conspiração dos Suassunas, Inconfidência Mineira. d) Confederação do Equador, Revolta de Felipe dos Santos. e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos Santos. 2. (FGV) "A confrontação entre a loja e o engenho tendeu principalmente a assumir a forma de uma contenda municipal, de escopo jurídico-institucional, entre um Recife florescente que aspirava à emancipação e uma Olinda decadente que procurava mantê-lo numa sujeição irrealista. Essa ingênua fachada municipalista não podia, contudo, resistir ao embate dos interesses em choque. Logo revelou-se o que realmente era, o jogo de cena a esconder uma luta pelo poder entre o credor urbano e o devedor rural". (Evaldo Cabral de Mello. A fronda dos mazombos, São Paulo, Cia. das Letras, 1995, p. 123). O autor refere-se: a) ao episódio conhecido como a Aclamação de Amador Bueno. b) à chamada Guerra dos Mascates. c) aos acontecimentos que precederam a invasão holandesa de Pernambuco. d) às consequências da criação, por Pombal, da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco. e) às guerras de Independência em Pernambuco. 3. (Adaptada de UFRN) A Revolta de Beckman, a Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como: a) movimentos isolados em defesa de ideias liberais, nas diversas capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos; b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento nacionalista, visando à independência política; c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam alguns aspectos da política econômica de dominação do governo português; d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites locais, negando a autoridade do governo metropolitano. e) manifestações separatistas de ideologia liberal, contrárias ao domínio português. 7 Gabarito 1. e). A guerra dos mascates se deu como uma revolta das elites de Olinda nascidas no Brasil, contra os comerciantes portugueses recifenses, chamados pelos primeiros pejorativamente de “mascates”. A elevação de Recife à condição de vila representa a diminuição do poder político de Olinda em Pernambuco. A Revolta de Felipe dos Santos se deu justamente contra a excessiva cobrança do imposto do quinto nas Minas Gerais. 2. b). As elites de Olinda se constituíam de senhores dos engenhos de açúcar e, portanto, estavam em plena decadência devido à concorrência dos holandeses com sua produção de açúcar nas Antilhas. Recife estava crescendo devido a suas atividades comerciais e buscava sua autonomia política, isso despertou temor dos senhores de engenho olindenses. 3. c). Todas as revoltas citadas questionavam pontualmente alguns problemas que consideravam por parte da impositiva administração metropolitana, mas não questionavam a natureza da relação de dominação. Ou seja, todas as revoltas não buscavam acabar com o pacto colonial, que fazia com que a colônia continuasse como subserviente aos interesses de Portugal. Resumo Nesta apostila vimos que aconteceram diversas revoltas nativistas no Brasil colonial. Revoltas nativistas são aquelas em que os motivos se organizaram em torno de questionamentos às imposições metropolitanas sobre a colônia, mas não questionavam estruturalmente a lógica de submissão da colônia à metrópole. Ou seja, não eram revoltas que pretendiam se emancipar de Portugal. Podemos citar como exemplo de revoltas nativistas, em Minas Gerais a Guerra dos Emboabas e a Revolta de Felipe dos Santos, no Maranhão a Revolta de Beckman e no Pernambuco a Guerra dos Mascates. 8 Referências bibliográficas MESGRAVIS, Laima. História do Brasil colônia. São Paulo: Contexto, 2015. SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. Referência imagética Figura 01: WIKIPEDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vila_de_Olinda_e_Porto_do_Recife_-_Mapa_de_Lu%C3%ADs_Teixeira_- _c_1582-1585.jpg. Acesso em: 17/04/2019 às 14h35min.
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