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PEDRO FLORES ENDRINGER DE LIMA A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NUMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO EDUCATIVA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE MACAÉ 2019 2 1 Intodução O ser humano se expressa através do movimento. É com o corpo que ele aprende, explora o mundo, se desenvolve e estabelece seus relacionamentos. A aprendizagem se dá a partir da observação, da imitação e de experimentos de situações mediadas, construindo assim suas experiências sociais e culturais. O desenvolvimento motor da criança e do adolescente passa pela aprendizagem de movimentos que serão trabalhados ao longo da sua infância para que a criança possa conhecer as funções de seu corpo e estabelecer relações de movimento que pertencem ao indivíduo em sua totalidade. 2 Desenvolvimento A criança se movimenta desde o momento em que está na barriga da sua mãe. Esses movimentos, por sua vez, são descoordenados e involuntários. Segundo Piaget no Estágio sensório-motor, que vai do zero até os 2 anos de idade, é onde se inicia o desenvolvimento das coordenações motoras, a criança aprende a diferenciar os objetos do próprio corpo e os pensamentos das crianças está vinculado ao concreto. A partir desta fase a criança começa a desenvolver sentimentos e emoções, experiências vivenciadas por ela assim como a importância de criar hábitos e atitudes integradas ao corpo, possibilitando a construção da personalidade e da identidade, ou seja, se descobrir. A criança começa a se desenvolver através das suas necessidades, ainda que sejam poucas até o momento se compararmos a um adulto. Andar, comer, beber, falar, são atividades geradas por movimentos que são desenvolvidos antes mesmo dela começar a ir para a escola. Os pais são os maiores responsáveis pelo desenvolvimento desses movimentos nessa fase da infancia. Nessa fase a criança já começa a se socializar e desenvolver sentimentos que serão fundamentais para ela ao longo de toda a sua vida. 3 A Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem por meio do seu corpo em movimento e em relação ao mundo interno e externo. É através dela que se desenvolve a criança no seu processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. As grandes dificuldades motoras que algumas crianças apresentam se devem ao não desenvolvimento psicomotor quando família e escola negligenciam o seu desenvolvimento. Na escola a psicomotricidade se utiliza da educação física com o objetivo de melhorar o desenvolvimento da criança através do seu corpo. Para a aprendizagem, o ideal é que a criança tenha interação com seus colegas, e isso não se dá somente através da oralidade, mas também pelos seus gestos. O processo de aprendizagem do pré-escolar é essencialmente lúdico. A criança aprende brincando; por isso, esse trabalho se reveste de muita seriedade; através do brincar, a criança vai assumindo sua realidade, seu meio social, sua linguagem, seus usos e costumes; enfim, brincando, ela inicia a socialização. O que é fundamental compreender que, através do brinquedo, a criança realiza a aprendizagem, desenvolvendo suas aptidões de forma natural e sem pressões (Bueno, 1984). Atividades fora da escola como passeios também são muito interessantes para se observar o senso de orientação, apesar de terem pouca idade, pois com confiança elas aprendem o caminho certo que as leva a qualquer parte aonde elas queiram ir. Os passeios também mostram como de fato é o comportamento da criança em relação a sociedade. Postura, educação, senso de direção e de tempo são alguns pontos que se pode perceber o quanto já estão desenvolvidos ou que precisam de uma maior atenção por parte dos responsáveis presentes. O professor de educação física é um dos maiores responsáveis diretos pelo desenvolvimento psicomotor da criança. É a escola o ponto de partida para elaboração de seus movimentos de forma mais refinada e seu desenvolvimento social. A falta de um acompanhamento psicomotor gera danos no desenvolvimento infantil, e isso não se restringe somente a parte motora, mas também social e muito 4 mais cognitiva. Logo, o cognitivo e a motricidade estão interligados. As aulas de educação física devem ser repletas de atividades em que se trabalhe a coordenação motora e a cognição. Respeitando sempre a individualidade biológica dos alunos, preservando a sua saúde emocional e explorando suas qualidades físicas e valências psicomotoras. As aulas devem ser atraentes de forma que os alunos queiram praticar as atividades. Apenas com essa vontade os alunos vão estar aplicados nas atividades e em se desenvolverem. E essa vontade vai se despertar com a prática de aulas interessantes e não apenas com o “rola bola” que é praticado em algumas escolas. É de suma importância para a criança e para o adolescente promover a construção da sua identidade e autoimagem, mediante o conhecimento do seu corpo, desenvolvendo assim capacidades motoras básicas como rolar, andar, correr, pular, dançar, rasgar, recortar, ter noção de cuidados com o seu corpo, adotando hábitos de higiene, familiarizando-se principalmente com sua imagem. É necessário vivenciar as situações para que haja uma familiaridade quando elas ocorrerem no futuro. A importância do movimento se dá constantemente. Por isso é fundamental que o ser humano nunca deixe de se deselvolver. Na adolescência as atividades devem ser estimulantes. Nessa fase o ser humano disperta outros interesses e pode acabar se desmotivando nas aulas. Mas é com o refinamento da coordenação dos seus movimentos que ele irá continuar a sua evolução. O exercício físico, por exemplo, estimula a respiração, a circulação, o aparelho digestivo, além de fortalecer os ossos, músculos e aumentar a capacidade física geral, dando ao corpo um pleno desenvolvimento. Quanto à parte cognitiva, se o jovem possuir bom controle motor poderá explorar o mundo exterior, fazendo experiências concretas que ajudam ampliar seu repertório de atividades e ajudar a solucionar problemas, adquirindo assim várias noções básicas para seu desenvolvimento intelectual, o que permitirá também tomar conhecimento do mundo que a rodeia e ter domínio da relação corpo-meio. 5 Quando o professor se conscientiza que a educação pelo movimento é uma peça fundamental na construção pedagógica, que permite o jovem resolver mais facilmente os problemas de sua escolaridade e o prepara, por outro lado, para sua existência no mundo adulto, essa atividade não ficará mais relegada ao segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que esse material educativo não verbal constituído pelo movimento é por vezes um meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver formas de atenção e pôr em jogo determinados aspectos da inteligência. Consciente da importância e utilidade da psicomotricidade na escola, o professor deve motivar os alunos por meio de conscientização da validade de sua aplicação e despertando o seu interesse para que possam ajudar os que estão envolvidos no processo de ensino-aprendizagem a chegar ao sucesso desejado. Por isso deve se respeitar sempre a individualidade biológica de cada aluno. Um movimento corporal saudável com o próprio corpo e seu uso na aprendizagem são práticas que devem ser cultivadas por toda a vida escolar. O uso do corpo permitirá que essa lembrança seja prazerosa e o jovem poderá contar com um aprendizado significativo.É muito interessante que a experiência da aprendizagem seja compartilhada com o corpo orgânico, não se restringindo à ação verbal. O jovem tem necessidade de falar, atuar, constatar, controlar, corrigir e descobrir para depois interiorizar conceitos. Erramos ao pensar que apenas a criança brinca. O adolescente também tem a necessidade de brincar. Logicamente, as brincadeiras devem ser condizentes com a sua faixa etária. Colocar um jovem de quinze anos de idade para brincar de “Atirei o pau no gato”, por exemplo, não vai despertar interesse algum no aluno. Jogos de futebol, basquete, queimado etc. são uma boa base para se desenvolver os movimentos. Ao praticar essas atividades o jovem também desenvolve o seu senso de coletividade e de competitividade. O desenvolvimento social está diretamente ligado ao movimento. Com simples movimentos conseguimos despertar sentimentos naqueles que estão a nossa volta. 6 A nossa necessidade de nos relacionar está diretamente ligada aos nossos movimentos feitos no dia a dia. Com o conhecimento e controle de tais movimentos é que conseguimos nos relacionar de forma mais pura, simples e verdadeira. Alguns dizem até que gestos valem mais que palavras. Devemos ressaltar também o esquema corporal. Saber manusear objetos, pentear o cabelo, escovar os dentes, usar uma caneta, são exemplos de atividades que precisaram ser trabalhadas através de um movimento. Desde atividades cotidianas do dia a dia como atividades especícas de certas profissões. O adolescente se comunica através dos movimentos. Ele se desperta através de um movimento. Ele cria e destrói com apenas um gesto. Por isso é importante ter completo domínio dos movimentos. O desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal e pré-escrita são fundamentais na aprendizagem, e uma dificuldade em um desses aspectos irá provavelmente prejudicar o processo de aprendizagem. O corpo é explorado pelo jovem desde seus primeiros meses de vida. Ele é o verdadeiro órgão da aprendizagem e a estrutura que serve de suporte para a aprendizagem. É o responsável pela captação das informações e pelo registro delas, pois todo o aprendizado passa por ele. O que de inicio é mera recreação aos poucos vai ganhando conotação de maior responsabilidade, de forma que a transição entre as atividades de meninice, adolescência e a idade adulta se realize sem uma ruptura. O corpo é o instrumento mais importante que o ser humano disponibiliza para trabalhar, se transformar. A pessoa, quando dança, utiliza o corpo experimentando diversas sensações, descobrindo inúmeras possibilidades de se movimentar, de se conectar consigo mesmo, descobrindo formas de se sentir bem com seu próprio corpo (Garaudy, 1980). Por esse motivo temos que dar atenção especial à pedagogia preventiva, que reclama grande atenção por parte dos professores e produz magníficos resultados, 7 uma vez que leva em conta as inclinações e habilidades dos alunos e possui caráter vocacional, explorando as potencialidades de cada um como indivíduo único. 3 Referências Bibliográficas GAVA, Neuza Cristina; JARDIM, Marcelo. Corpo e movimento – o descobrimento do corpo na educação infantil. Educação pública, 2015. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/15/22/corpo-e-movimento-o- descobrimento-do-corpo-na-educao-infantil . Acesso em: 03/10/2019. BUENO, Maria. Brincar tem importância fundamental na vida da criança. In: O uso de brinquedo na educação do pré-escolar,1984 (apostila). GARAUDY, D. Dançar a vida. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 8 9 10 11 12
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