Buscar

MARIA DA PENHA projeto

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SINERGIA – SISTEMA DE ENSINO
Curso: Direito - Fase: 8ª 
Disciplina: CRIMINOLOGIA 
Prof. ANDRÉIA ANTUNES DA SILVA 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI MARIA DA PENHA
Navegantes
2018
SINERGIA – SISTEMA DE ENSINO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI MARIA DA PENHA 
Projeto de Intervenção apresentado a disciplina de Criminologia do Curso de Direito da Faculdade SINERGIA, 
Docente: Andréia Antunes da Silva 
 Discentes: Andressa Correia da Silva
 Débora Walter Vieira
 Luciliana de Souza Florencio
 Rosineia Miranda Freitas
Navegantes
2018
1 INTRODUÇÃO
A violência doméstica contra a mulher é um problema universal que atinge um número alto de pessoas e muitas vezes de forma silenciosa, dissimulada e destruidora.
	Infelizmente não se trate somente da classe social, a violência doméstica pode acontecer com qualquer pessoa, e vem crescendo muito ao longo do tempo, porém quase sempre esse problema é negligenciado pela própria vítima ou pela sociedade, e ainda, desculpado ou negado pelo agressor. Isso é pior quando o abuso é psicológico e não físico.
 A violência emocional é tão destruidor quanto a violência física, por outro lado, muito mais difícil de ser identificado. Algumas conquistas foram efetivado no Brasil acerca dessa problemática, que é o caso da Lei Maria da Penha, no entanto, ainda muito longe de ter atingido uma situação ideal para esta questão.
2 JUSTIFICATIVA
Muito se tem falado de violência doméstica, governo, ONGs, instituições religiosas e empresas privadas estão se unindo para pôr fim a esse mal que assola a sociedade em todos os níveis. Notícias aterradoras têm deixado o mundo em comoção. Dentro e fora do Brasil, imagens da mídia chocam a população.
O abuso infantil, a violência contra a mulher e o abuso ao idoso abrangem grande parte da violência familiar e ocorrem justamente no lugar em que as pessoas deveriam se sentir mais seguras – seu próprio lar.
A escolha do tema foi devido à violação dos direitos das mulheres, por consideramos ser algo que acontece com muita frequência em nossa sociedade, um problema grave que aos poucos tem chegado ao conhecimento da população.
Uma grande demonstração da grande incidência de violência nas análises indica que entre 12% e 25% das mulheres já sofreram ataques e violência dos seus parceiros em algum momento de suas vidas, sendo considerada a décima causa de morte em mulheres entre 15-44 anos no ano de 1998. A maior parte não pede ajuda. Isso acontece pelo fato de sentirem vergonha, por dependerem emocionalmente ou financeiramente do agressor, pois acham que a violência não vai se repetir, por causa dos filhos e até mesmo para não prejudicá-lo socialmente, não denunciam.
O número de mulheres que denunciam ainda é baixo, talvez pelo motivo das ameaças que são suportadas por elas e pelos filhos.
Na definição da Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, adotada pela OEA em 1994), a violência contra a mulher é “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”.
“A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres...”. Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, dezembro de 1993.
Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos (Viena, 1993) reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos. Desde então, os governos dos países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil têm trabalhado para a eliminação desse tipo de violência, que já é reconhecido também como um grave problema de saúde pública.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), “as consequências do abuso são profundas, indo além da saúde e da felicidade individual e afetando o bem-estar de comunidades inteiras.”
Dentro da definição do que é a violência doméstica é que foi baseado A Lei Maria da Penha , tem o propósito de coibir à violência doméstica contra mulheres, seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Nesse contexto, os estudos contra a violência e abuso contra as mulheres atua numa temática de prevenir, coibir a violência no âmbito familiar e no fortalecimento do vínculo intradomiciliar através do resgate da dignidade dessas famílias:
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
Desde a criação da Lei, mudaram todas as formas de punições alternativas que eram dadas antes dela. Alguns fatores desencadeadores da violência que configura as situações de crise social vivida hoje na sociedade é a fome, o desemprego, embriaguez, a disputa pelo mercado cada vez mais insuficiente, a incitação ao consumo e a diminuição do poder aquisitivo.
.
3 FORMULAÇÃO DOS PROBLEMAS
A ideia é poder orientar as vítimas e os agressores a buscar os órgãos competentes de ajuda, tentando assim quebrar o ciclo de violência. Mobilizando as autoridades, educadores e educando, pais filhos, para assim sensibiliza-los sobre a problemática apresentada.
4 OBJETIVOS
É poder atingir o maior número de pessoas de forma efetiva para o combate à violência doméstica sejam quais forem às formas de sua manifestação, oferecendo as usuárias condições para identificar as causas e formas de preveni-la. Elaborar um projeto de intervenção visando a utilização de “rodas de conversa “como uma metodologia de transmissão, construção de informação e estratégia para promoção da notificação e prevenção dos casos de violência contra a mulher pela equipe de saúde de família de um município.
 4.1 Objetivos Específicos 
 Acolher, orientar e promover junto à comunidade ações de caráter preventivo como debates, palestras, atividades artísticas, entre outras, com o objetivo de sensibilizar a população, para a questão das desigualdades de gênero e da violência contra a mulher conscientizá-las quanto a seus direitos, com a criação de grupos de ajuda de forma a gerar debates e reflexões, envolvendo assim a comunidade e ainda distribuição de material informativo.
Poder indicar locais com atividades objetivando preparar e inserir a mulher para o mercado de trabalho como forma de conquista da independência financeira e melhoria da autoestima e superação da violência.
5 METODOLOGIA
Além da palestra nas escolas a ideia é também o Centro de Referência de Assistência à Mulher vítima de violência doméstica através de cartilhas em locais onde for consentido palestras, como nos encontros de atendimento das UBS, Delegacia da mulher, nas reuniões de mães nas creches municipais, nas unidades de ensino onde houver mulheres.
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 No geral a violência pode acontecer com qualquer sujeito, ela é um fenômeno complexo e multicausal que abrange diversas tipologias, independente de gênero, classe social, faixa etária, raça, orientação sexual, dentre outras.A cada ano mais de um milhão de pessoas perdem a vida, e muitas mais sofrem ferimentos não fatais resultantes de autoagressões, de agressões interpessoais ou de violência coletiva. Em geral, estima-se que a violência seja uma das principais causas de morte de pessoas entre 15 e 44 anos em todo o mundo. (DAHLBERG, KRUG, 2007, p. 1164) 
6.1 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
 A violência doméstica desde que o mundo é mundo já se fazia presente na vida das pessoas. A violência doméstica contra a mulher na maioria dos casos é praticado pelo marido, companheiro, pai ou padrasto.
Tapas, empurrões, murros, estupros e tiros são características comuns de violências praticadas contra a mulher. Há também uma violência que é pouca divulgada, que é a violência psicológica, ela não deixa marcas físicas, mas cicatrizes internas que destroem a autoestima da vítima por toda a vida. 
O agressor usa meios de descriminação, podendo ser, humilhação, desprezo ou culpabilização da vítima. A violência psicológica pode levar a vítima, além do sofrimento intenso, chegar a tentar ou cometer suicídio (KASHANI; ALLAN, 1998).
À maioria das mulheres que sofrem violência não recorrerem às delegacias de polícia para denunciar, devido à vergonha que sentem perante a sociedade, por dependerem financeiramente do agressor ou achar que eles possam mudar futuramente. 
Sobre a violência Silva diz: “(...) a afirmação da agressão é a imposição da vontade de uma pessoa sobre a outra, sem, no entanto, respeitar os limites físicos e morais. Podendo existir na forma física contra a pessoa e contra bens ou verbal, contra pessoa” (Silva, 1992, p. 239).
Nos poucos casos que solicitam ajuda, em grande escala é para outra mulher da família, como a mãe ou irmã, as vezes amiga próxima ou vizinha. Foi realizada uma pesquisa pelo IBGE onde consta que em 2011 a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), da Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM registrou 75 mil relatos de violência contra a mulher. [1: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]
Destes, cerca de 60% foram de violência física, 24% violência psicológica e 11% violência moral. Na maioria dos casos, o agressor era o companheiro, cônjuge ou namorado (74,6%); a mulher relacionava-se com o agressor há 10 anos ou mais (40,6%); a violência ocorria desde o início da relação (38,9%) e sua frequência era diária (58,6). Em 52,9% dos casos, as mulheres percebiam risco de morte e em 2/3 das situações os filhos presenciavam a violência (66,1%). (IBGE, 2012). 
É conveniente ressaltar, que a violência acometida contra a mulher, seja ela qual for, é uma das piores formas de violação dos direitos humanos, “uma vez que extirpa os seus direitos de desfrutar das liberdades fundamentais, afetando a sua dignidade e autoestima” (PAULA, 2012:03).
Percebe-se que a grande dificuldade, é que na maioria das vezes as mulheres estão envolvidas também emocionalmente com seus maridos ou companheiros, o que resulta na violência e que as fazem permanecer no relacionamento abusivo.
6.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI MARIA DA PENHA
 O Presidente da República sancionou a Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha em agosto de 2006 que foi uma das principais vitórias alcançadas pelas mulheres no Brasil. A Lei Maria da Penha tem como principal objetivo garantir direitos fundamentais a todas as mulheres, tem a meta de prevenir e eliminar todas as formas de violência contra a mulher, com vistas a punir os agressores e dando proteção e assistência as mulheres em situação de violência doméstica. 
Conforme a lei toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (Artigo 2º, Lei Maria da Penha nº 11.340/2006) .
A Lei Maria da Penha somou as conquistas alcançadas pelas mulheres ao longo do tempo e fez com que a categoria despertasse para lutar por políticas públicas que atendessem suas necessidades básicas, sendo encorajadas a participarem de movimentos que visem ao fim da violência como um todo, garantindo conquistas e efetivação dos seus direitos. 
Deste modo se observa que com a evidente discriminação e violência contra as mulheres o Estado interveio através da Lei 11.340/06 – Lei “Maria da Penha” para coibir os diversos tipos de violência, fazendo então, com que as mulheres se sentissem mais seguras, resgatando a cidadania e a dignidade dessas cidadãs que, na maioria das vezes, sofrem caladas. (PAULA, 2012, p.37)
O que vemos, portanto, que é de grande relevância a existência dessa lei, que através dela efetivou formas de punição aos agressores, além de criar medidas protetivas a fim de garantir a integridade física e psicológica da vítima.
A lei Maria da Penha, hoje, constitui-se na garantia legal de justiça contra o agressor à mulher. A Lei fundamenta-se no disposto no art. 226, § 8º, da Constituição Federal, segundo o qual o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. (BRASIL, 1998).
A escolha do nome Maria da Penha para a lei não foi uma escolha aleatória, mas uma homenagem justa a uma mulher vitimizada pelo marido, no ambiente doméstico, na década de 1980. A não punição do marido retrata a ineficácia legislativa e morosidade judicial, da época. (SOUZA ET AL, 2008).
Nesse sentido, a Lei Maria da Penha trata-se sem dúvida, de um importante instrumento para o enfrentamento do problema da violência contra a mulher, mas apenas uma lei não muda a situação, é necessário mudar a forma de encarar o problema, criar estratégias de encorajamento das mulheres vítimas de violência para fazer valer o que está escrito na lei.
3 DIREITOS DA MULHER
O capítulo II da Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, adotada pela OEA – Organização dos Estados Americanos- em 1994), é dedicado à descrever quais são os Direitos Protegidos da mulher, sendo o primeiro deles “o direito de ter uma vida livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera privada”. (BRASIL, 1994)
É direito de toda mulher o reconhecimento, desfrute, exercício e proteção de todos os direitos humanos e liberdades consagradas em todos os instrumentos regionais e internacionais relativos aos direitos humanos. Estes direitos abrangem, entre outros:
a) direitos a que se respeite sua vida;
b) direitos a que se respeite sua integridade física, mental e moral;
c) direitos à liberdade e a segurança pessoais;
d) direito a não ser submetida a tortura;
e) direito a que se respeite a dignidade inerente à sua pessoa e a que se proteja sua família;
f) direito a igual proteção perante a lei e da lei;
g) direito a recurso simples e rápido perante tribunal competente que a proteja contra atos que violem seus direitos;
h) direito de livre associação;
i) direito à liberdade de professar a própria religião e as próprias crenças, de acordo com a lei; 
j) direito a ter igualdade de acesso às funções públicas de seu próprio país a participar nos assuntos públicos, inclusive na tomada de decisões. 
Já no artigo 5 do documento, é mencionado o direito de que;
Toda mulher poderá exercer livre e plenamente seus direitos civis,políticos, econômicos, sociais e culturais, e contará com total proteção desses direitos consagrados nos instrumentos regionais e internacionais sobre direitos humanos. Os Estados partes reconhecem que a violência contra a mulher impede e anula o exercício desses direitos.
 A cerca dos direitos protegidos da mulher com a determinação de que “O direito de toda mulher a ser livre de violência abrange, entre outros: a) o direito da mulher a ser livre de todas as formas de discriminação; b) o direito da mulher aser valorizada e educada livre de padrões estereotipados de comportamento e costumes sócias e culturais baseados em conceitos de inferioridade ou subordinação”.
A violência contra a mulher constitui violação dos direitos humanos e das liberdade essenciais, atingindo a cidadania das mulheres, impedindo-as de tomar decisões de maneira autônoma e livre, de ir e vir, de expressar opiniões e desejos, de viver em paz em suas comunidades, direitos invioláveis do ser humano (SOUZA ET AL,2008).
Nesse sentido, na maioria das vezes a mulher é retratada como vítima, o ponto fraco, passiva, amedrontada. Muitas mulheres submetidas à violência, não são apenas vítimas passivas ou cúmplices das violências a elas perpetradas por seus companheiros. Estas mulheres são parte de uma relação desigual de poder. Há necessidade de oferecer às mulheres opções para que tenham a possibilidade de saírem da situação de violência por elas vivenciadas (BIELLA, 2005).
No ano de 1999 foi criada pelo Ministério da Saúde a norma técnica para os serviços de Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexuais contra a mulher e adolescentes, lançando as bases para uma política de atendimento à mulheres vítimas de abuso sexual, no âmbito do SUS, com as premissas para a criação de serviços e de uma rede de atenção à mulher vítima de violência (BRASIL,1999). 
Um dos avanços foi a criação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher.
Visando a consolidação de tais medidas, no dia da luta para a erradicação da violência contra a mulher - 25 de novembro, o Ministério da Saúde, em 2005, divulgou a criação do Serviço de Notificação Compulsória da Violência contra a Mulher. A proposta era de instalação dos serviços em unidades de saúde em Municípios com capacidade de oferecê-los e que preenchessem critérios epidemiológicos estabelecidos (SCARANTO ET AL, 2007).
Sendo assim, a violência contra a mulher destaca-se como um problema de saúde pública, o qual necessita de diretrizes e leis para seu enfrentamento, o que culminou na assinatura em 17 de junho de 2004, da Lei nº 10.816, que trata a violência doméstica no Código Penal como crime, com pena de detenção de seis meses a um ano (CÓDIGO PENAL, 2005). 
6.3 A CRIMINOLOGIA NOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Faz-se necessário compreender os aspectos criminológicos que permeiam as políticas adotadas pelo legislativo e pelo judiciário na adoção de determinados procedimentos o teor da Lei Maria da Penha assume contornos extremamente retributivos. Discursos como o de que o agressor deve ir para a “cadeia” são culturalmente aceitos porque transmitem uma falsa noção de segurança e de prestação efetiva pelo Estado.
 O que se tem o conhecimento que não acontece na prática, vez que, a edição de uma lei especial sem uma reforma específica no procedimento penal e nas políticas de segurança pública, não garantem ao jurisdicionado a segurança almejada.
 Assim, utiliza-se um discurso de repreensão quando na realidade o sistema não suporta tal responsabilidade. Essas considerações podem ser observadas nos estudos realizados por Baratta (1997, p. 101), para ele, a ciência jurídica seria utilizada como um instrumento de controle, por meio da tipificação das condutas e punição dos infratores, cujos critérios adotados exprimem relações sociais e políticas. 
No que diz respeito aos crimes cometidos contra as mulheres, essa análise sociológica precisa ser feita no momento em que são elaboradas as leis punitivas e também quando da aplicação e execução da pena.
 Seguindo estas perspectivas, ultimamente têm sido utilizados vários conceitos advindos da vitimologia para a busca de soluções nestes tipos de crimes. Os aspectos relacionados à vítima, a promoção do diálogo entre os envolvidos e a necessidade da utilização de uma justiça restaurativa começam a ganhar espaço entre os novos instrumentos penais. 
Neste tipo de violência é preciso observar quais as características do agressor e da vítima, e utilizar conceitos advindos das relações interdisciplinares, como os existentes na sociologia jurídica, psicologia, assistência social, entre outras. Quando compreendermos que não é incumbência apenas do poder judiciário apresentar soluções para este problema, poderemos encontrar alternativas que promoverão um encaminhamento para soluções de maior eficácia. 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Ao se tentar fazer uma análise geral de todo o contexto de violência doméstica contra a mulher é importante observar que muitas mulheres ainda não levam em frente suas denúncias, ainda por medo ou vergonha da sociedade e em outros casos por dependerem financeiramente do agressor, ou está ligada emotivamente ou ainda acreditar na mudança do companheiro.
 Violência doméstica contra a mulher, violência intrafamiliar e outras, tem sido definida como uma relação de poder e conflito permanente, principalmente no âmbito familiar, o que demanda atendimento, encaminhamentos, orientação, informação e capacitação por parte de profissionais. 
A violência contra a mulher é um fenômeno multifacetado onde se conjugam fatores sociais, culturais e pessoais. São relações de poder onde há um julgamento de que a mulher é inferior e deve se submeter aos mandos e desmandos do companheiro. 
8 REFERÊNCIAS
Portal da violência contra a mulher: Disponível em http://copodeleite.rits.org.br/apcaapatriciagalvao/home/noticias.shtml?x=158 Acesso em 09/10/2018.
BRASIL. Lei Maria da Penha: Lei N.°11.340, de 7 de Agosto de 2006. Brasília, 2012.
DAHLBERG, Linda L. KRUG Etienne G. Violência: um problema global de saúdepública. Ciência & Saúde Coletiva, 11(Sup), Atlanta/GA, 2007.
SILVA, Lidia M. M. R. Serviço Social e Família: a legitimação de uma ideologia.São Paulo: Cortez, 1992.
KASHANI, Javad H.; ALLAN, Wesley D. The impact of family violence on childrenand adolescents. Thousand Oaks, Ca: Sage, 1998.
BIELLA, Janize Luzia. Mulheres em situação de violência – políticas públicas,processo de empoderamento e a intervenção do assistente social.Trabalho deconclusão de curso apresentado ao Departamento do Curso de Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis – SC. 2005.
BRASIL, Senado Federal. Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a Mulher. (Convenção de Belém do Pará), 1994.
Disponível em: http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=122009 Acesso em: 08 de novembro de 2018.
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 1990.
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Políticas de Saúde. Gestão de Políticas Estratégicas. Prevenção e tratamento dos agravos resultantes de violência sexuais contra a mulher e adolescentes: Normas técnicas. Brasília, 1999.
Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Violência contra a mulher: notificação compulsória. Disponível em www.saude.gov.br, Acesso em: 18 de outubro de 2013.
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Políticas de Saúde.
CÓDIGO PENAL. Legislação brasileira. Decreto-lei nº 2.848, de 7-12-1940,atualizado. 43ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
ORGANIZACION PANAMERICANA DE LA SALUD - OPAS. Violencia contra lamulher: un tema de salud prioritario. Washington, D.C.: Division de Salud Familiar y Reproductiva; Division de Salud y Desarrollo Humano, 1998.
SCARANTO, C. A. A.; BIAZEVIC, M. G.H.; MICHEL-CROSATO, E. Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre a violência doméstica contra a mulher. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 27, n. 4, 2007 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php. Acesso em 16 de outubro de 2018.

Outros materiais