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Aspectos éticos do filme Para Sempre Alice

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PARA SEMPRE ALICE
 
ANÁLISE
INTRODUÇÃO
Para Sempre Alice mostra em detalhes uma vida passando rapidamente. Alice Howland, uma conceituada professora e autora de livros, a qual levava uma vida normal, lecionava linguística e praticava exercícios físicos todos os dias, como é sugerido pelos médicos, se encontra em uma fase conturbada de sua vida ao ser diagnosticada com Mal de Alzheimer aos 50 anos. O filme mostra a realidade e os desafios vividos por milhares de pessoas ao redor do mundo que sofrem ao ver a vida e suas memórias sendo arrancadas de forma tão bruta e repentina. Tal doença traz um desgaste emocional e psicológico muito forte àqueles que estão ao redor do afetado, como a si mesmo e é por meio de pequenas indicações de esquecimentos esporádicos que os primeiros sintomas de Alice são descobertos. Após ter descoberto a doença de forma precoce e ter se afastado da sua rotina profissional, percebemos o avanço do mal de Alzheimer com o declínio mental, as alucinações e a agitação. Primeiro são palavras, apagões de consciência e compromissos que somem da cabeça de Alice. O progresso da degeneração, no entanto, é rápido. Após o diagnóstico, já começam as crises de mudança de humor e coisas mais importantes, como o nome e rosto de Lydia, uma de suas filhas, que são esquecidas. A Doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas, como memória, orientação, atenção e linguagem (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER, 2019). Porém, em meio a esses intensos sintomas, e ao ver sua vida tendo um prazo de validade, Alice cria um teste de perguntas básicas consideradas essenciais para a mesma a fim de serem respondidas, como o nome de sua filha mais velha. Caso se tornasse incapaz de responder tais perguntas, Alice fez uma pasta com vídeos contendo instruções para se suicidar com pílulas fortes para dormir, as quais foram prescritas sem o devido auxílio à ela. A mudança é drástica e Alice, com muita coragem, tenta se adaptar. Por sua doença ser genética, ela teme passá-la aos seus filhos. Além disso, situações desagradáveis como esquecer o conteúdo programado de suas aulas, urinar nas calças uma vez que não lembra do banheiro de sua própria casa são vividas por ela. Aos poucos, sua rotina passa a ser moldada pelo que antes era comum e, de repente. virou um grande obstáculo aliado a grandes superações.
Entretanto, a vida prossegue, e Alice sabe sorrir e tirar proveito dos bons momentos. “Se o que mais acumulamos na vida são memórias, o que fazer quando as perdemos? “. Tal dilema é central na nova vida da professora que, ao descobrir sua doença, ganha um novo espaço de tempo para as suas ações: o aqui e o agora.
ANÁLISE ÉTICA, MORAL E BIOÉTICA - DOS MINUTOS VINTE E CINCO À CINQUENTA
Na primeira cena dos 25min-50min, Alice revela sua situação ao seu esposo, demonstrando seu anseio do que possa acontecer. Frente a esse episódio, John - seu marido - assume uma postura: “Acho que é muito cedo para tirar conclusões precipitadas e seja lá o que for eu estou aqui.” Essa simples frase já proporciona uma sensação de segurança e conforto a sua esposa. Evidencia-se, assim, uma conduta em acordo com os preceitos éticos, uma vez que seu comportamento acalmou Alice por meio de uma postura com cuidado, responsabilidade e consideração.
O médico de Alice demonstra as altas concentrações de beta-amilóide e explica que a doença de Alzheimer está avançando há alguns anos. Assim, ele informou o quadro de sua paciente com propriedade, perícia e prudência, posicionando-se - portanto - eticamente. Tal fato também se concretizou na consulta com Alice e John, em que o profissional de saúde exerceu seu dever com disciplina, compaixão, humanismo e ética.
Esse mesmo médico adotou outra postura ética ao respeitar o Artigo 73 da Constituição Brasileira de 1988, pois manteve o sigilo médico sobre a condição de Alice, visto que sua situação não se enquadrava em nenhuma das possibilidades de quebra de sigilo; dever legal, motivo justo ou consentimento, por escrito, do paciente.
No entanto, na consulta do casal, enquanto o médico adotou uma postura correta, o marido da Alice mostrou-se persuasivo em muitos momentos. John não manteve a calma ao sugerir uma conduta médica errada. Dessa forma, o acompanhante da paciente não corroborou para uma consulta adequada, prejudicando então um bom relacionamento médico-paciente. Ademais, falhou também no imperativo bioético de Fritz Jahn: “Respeite todo ser vivo, como princípio e fim em si mesmo e trate-o, se possível, enquanto tal”, considerada a primeira citação e utilização do termo Bioética em algum texto conhecido.	Comment by Isabela Vicente: não entendi mt bem
Após a saída da consulta, Alice exerce plenamente a sua autonomia, uma vez que não aceitou a opinião de seu nervoso marido, o qual sugeriu não contar a notícia a seus filhos. Ela, de maneira exemplar e de acordo com a moral, decide essa conduta pois, caso seus filhos possuíssem o gene para o Alzheimer, teriam 100% de chance de apresentar os sintomas. O princípio da autonomia é definido como o poder do ser humano de tomar decisões que afetem sua vida, autodeterminação, autogoverno. Nessa situação, para decidirem ou não se realizariam o exame para ficarem cientes de sua condição. 
A decisão de Lydia, uma de suas filhas, de não realizar o exame genético deve ser respeitada, pois, nesse momento, há o exercício da autonomia e CLIE, em que o consentimento deve ser livre, sem práticas de coação física, psíquica ou moral, sem simulações ou práticas enganosas.
Por outro lado, há uma atitude anti-ética por parte de Alice, a qual, mesmo frente ao seu diagnóstico e sua perceptível dificuldade, segue ministrando aulas sem comunicar os seus superiores e, por conseguinte, prejudica a aprendizagem de seus alunos. Isso enfatiza o posicionamento da personagem contra os princípios bioéticos de beneficência e não-maleficência, pois não visa o bem dos alunos com sua atitude e, principalmente, causa prejuízos à eles.
Em determinado momento, Alice solicita a prescrição de um remédio para conseguir dormir. Entretanto, ao visualizar a indicação médica, pede um medicamento mais forte à profissional, que, erroneamente, o prescreve. A médica realiza uma conduta errado, pois não levou em conta a condição clínica do paciente e os efeitos de tal prescrição. Esse erro consta no Art. 62 da Lei n° 5991, de 17/12/73, uma vez que é vedado ao médico “O ato de prescrever remédio sem exame direto do paciente, salvo em caso de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedimento.”
Posteriormente, Alice grava um vídeo e coloca-o em uma pasta chamada ‘Borboleta’, que deve ser acessada caso seu estado psicológico não permita responder às questões de seu celular. No vídeo, ela diz: “É muito importante que você tome todas elas. Não conte a ninguém o que você está fazendo”. Esse episódio sugere uma possível tentativa de suicídio. No entanto, a Legislação Brasileira assegura ao cidadão o direito à vida, mas não sobre a vida, tendo plena autonomia para viver, mas não para morrer. Desse modo, Alice exerceu uma conduta moralmente errada e foi contra os princípios éticos de não invadir a integridade do ser humano. Afinal, conforme apregoado por Morin, em sua obra Ciência com Consciência: “A humanidade corre o risco de naufragar no momento em que dá à luz ao seu futuro”.
Em outra cena, a protagonista utiliza-se do artifício ‘chantagem emocional’ com sua filha caçula, Lydia, a fim de persuadi-la a ingressar na faculdade. Porém, ela não respeitou o direito à autonomia de sua filha, pois Lydia deve fazer a faculdade sem prática de coesão psíquica e moral. Um dos excessos da beneficência é o paternalismo, expresso pela superproteção, autoritarismo e inibição do outro, situações não desejáveis. Permanece, então, a necessidade de definir o que é bom para o indivíduo, para que se estabeleça a hierarquia entre o princípio da autonomia

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