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Parte 1 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES 1 Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos Para podermos agregar valores à empresa devemos melhorar sua competitividade e lucratividade em longo prazo através da admi- nistração das operações. Veja alguns exemplos para entender isso: A TAM precisa alocar recursos para atender toda sua demanda de clientes por viagens aéreas no próximo mês. Como ela deve desig- nar aeronaves de diferentes tamanhos para as rotas de voo, pilotos para as aeronaves e comissários de bordo para os voos? A Canon precisa aumentar a produção de um novo modelo de cartuchos de tinta de impressora numa linha de produção que já está rodando com capacidade total. Qual é a maneira mais eficiente quanto ao custo de redesenhar a linha de produção para aumentar o volume produzido? Conforme vimos nos parágrafos anteriores a administração da produção e operações é uma tarefa importante para se manter com- petitivo num mercado global que sempre muda. A administração da Produção e Operações se traduz nas atividades orientadas para a produção de um bem físico ou à prestação de um serviço. Neste contexto pode-se ligar a palavra produção às atividades industriais, enquanto operações estariam mais ligadas a atividades desenvolvidas em empresas de serviços. Administração da Produção I14 1 .1 Conceitos e evolução da Administração de Produção e Operações Para podermos melhor entender sobre a Ad- ministração de Produção e Operações devemos co- nhecer alguns conceitos essenciais, como também saber a diferença entre eles. Diferenças entre Produtos e Serviços A fabricação de um produto físico é realizada como uma atividade industrial, por exemplo, um computador, um automóvel etc. Entretanto um ser- viço é prestado, e a prestação desse serviço implica em uma ação. Para facilitar essa ação podem ser usados meios físicos como instrumentos em um exame médico ou salas de aulas e quadros brancos em uma universidade. Para se oferecer produtos e serviços ao públi- co, as atividades correspondentes devem ser pla- nejadas, organizadas e controladas. Por isso, que ramos (escola, hospital, fábrica etc.) tão diferentes podem ser estudados em conjunto. Podemos verificar diferenças marcantes entre produtos e serviços como: • A natureza do que se oferece ao seu cliente e do seu consumo. • A atividade de serviço exige um contato muito mais próximo com o cliente. A pres- tação do serviço facilmente se confunde com seu consumo. Na atividade de produção esse contato qua- se que não ocorre, sendo possível programar as 15Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos tarefas e desenvolver os métodos de trabalho e controles sobre as operações. As indústrias podem se programar para melhor absorver os efeitos de uma possível queda ou alta nas demandas, graças à possibilidade de estocar produtos, ao contrário dos serviços, a exemplo dos bancos, onde é difícil se evitar filas em épocas de grandes movimentos. A seguir estaremos detalhando um pouco mais as diferenças entre produtos e serviços. a) A uniformidade dos insumos necessários: Na indústria, cada produto tem uma lista de insumos ou matérias-primas, bem como habi- lidades humanas necessárias para fabricação do bem. Já no caso dos serviços os insumos podem ser muito variados para a execução da mesma tarefa. b) As possibilidades de mecanização: Na indústria a mecanização é quase que in- dispensável, pois há uma padronização dos produtos ou bens, o que nem sempre ocorre nos serviços. c) O grau de padronização daquilo que é ofere- cido, independente do cliente considerado: A mecanização das indústrias faz com que os produtos oferecidos sejam padronizados. Por outro lado, não é muito provável prestar duas vezes o mesmo serviço exatamente da mesma maneira. Administração da Produção I16 O quadro abaixo resume as principais carac- terísticas de empresas industriais e de serviços. Característica Indústrias Empresas de serviços Produto Físico Intangível Estoques Comuns Impossível Padronização dos insumos Comum Difícil Influência da mão de obra Médio/Pequena Grande Padronização dos produtos Comum Difícil Se analisarmos que grande parte das empre- sas constituem-se de maneira a serem tanto indús- trias quanto prestadoras de serviços, fica visível a necessidade de entender os conceitos e as técni- cas aplicados em ambos os casos. Como exemplo de conceito e técnica, podemos demonstrar uma indústria que tem a característica de estocagem (técnica), que não apresentam nenhum caso de prestadora de serviço. Mas no caso de produto é diferente, pois na indústria é comum pelo âmbi- to físico e também intangível para prestação de serviço. Não devemos esquecer que a organização industrial executa uma série de funções ligadas a serviços a nível interno. Por exemplo, a manuten- ção de máquinas e instalações refere-se às funções ligadas a um serviço. A Administração da Produção e Operações é o estudo de conceitos e técnicas a serem aplicadas a tomadas de decisões na Produção, em indústrias, ou na Operação, nas empresas de serviços. Os conceitos e técnicas aplicados dizem res- peito às funções da administração clássica, ao pla- nejamento, à organização, à direção e ao controle que serão aplicados especificamente à produção de produtos e bens ou à prestação dos serviços. 17Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos Evolução da Administração da produção e ope- rações Podemos, com muita rigorosidade, encon- trar traços comuns entre o que se faz numa mo- derna organização e a coleta de alimentos do ho- mem pré-histórico, passando pela caça, pastoreio, agricultura, pesca etc. até chegarmos às primeiras cidades há cerca de 6000 anos atrás, no tocante à Administração da Produção e Operações. Sempre houve sistemas de produção. É pos- sível observar como exemplos clássicos as pirâmi- des egípcias, o Partenon grego, a Grande Muralha da China e os aquedutos e estradas do Império Ro- mano que atestam a indústria dos povos antigos. Mas a forma pela qual eles produziam produtos era bem diferente da dos métodos de produção atuais. Os sistemas de produção anteriores a 1700 eram sistemas caseiros, porque a produção dava- se nas casas ou cabanas, onde os artesãos orien- tavam aprendizes a executarem trabalho manual nos produtos. Na Inglaterra de 1700 ocorreu um desenvolvimento ao qual nos referimos como Revolução Industrial. Avanço que envolveu dois elementos principais: a difundida substituição da força humana e da água pela força mecanizada e o estabelecimento do sistema fabril. O motor a vapor, inventado por James Watt em 1764, for- neceu a força motriz para as fábricas e estimulou outras invenções da época. A disponibilidade do motor a vapor e de máquinas de produção tornou possível reunir trabalhadores em fábricas distan- tes dos rios. E o grande número de trabalhadores congregados em fábricas criou a necessidade de organizá-los de uma maneira lógica para produzi- rem produtos. (GAITHER, 2004). Administração da Produção I18 A Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX foi o marco da produção industrial moderna através da utilização de máquinas. O grande ber- ço da revolução foi a Inglaterra, que se tornou a maior potência econômica no século XIX. No final da Guerra Civil o capitalismo surgiu com grande potencial através da construção de impérios industriais, gerando uma grande capaci- dade de produção nos Estados Unidos. A veloz e maciça exploração e colonização do Oeste americano criou a necessidade de nu- merosos produtos e de um meio de levá-los aos colonos. Com isso, no período pós-guerra civil, fo- ram construídas grandes ferrovias, tornando essa a segunda grande indústria dosEstados Unidos. Novas linhas férreas foram criadas, novos territó- rios foram desenvolvidos e, já no princípio do sé- culo XX, um sistema de transporte econômico e eficiente estava em operação. Em 1900, todos esses desenvolvimentos - expansão do capital e opacidade de produção, ampliada força de trabalho urbana, novos merca- dos ocidentais e um eficiente sistema de transpor- te nacional prepararam o cenário para a grande explosão de produção do início do século XX. Os Estados Unidos criaram e desenvolveram durante século XX as mais populares e utilizadas técnicas de Administração. Mesmo com a hege- monia da Inglaterra no século XIX, o século XX foi marcado pela predominância industrial, políti- ca e econômica dos Estados Unidos, que por um bom tempo foram responsáveis por cerca de 25% do comércio mundial de produtos manufaturados. Mas, embora países como Japão, Alemanha, Fran- ça e outros em menor grau, tenham ameaçado essa posição de destaque, a maior parte do sécu- lo foi marcada pela era norte-americana. 19Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos Com o fim da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos se tornaram uma grande potência produtiva. A administração da produção começou a aparecer através das indústrias, principalmente na área de gerência, também começaram apare- cendo nas seguintes áreas: Marketing e Finanças. Na década de 60 as áreas industriais começaram a declinar e surgiu a área de serviços na economia americana. Sendo assim, a evolução na Adminis- tração da Produção tornou a gerência industrial mais ampla na área industrial como na área de serviços. Já na década de 70 a Produção se destacou na moderna empresa industrial. Houve um declí- nio norte-americano na produtividade industrial e no comércio mundial de manufaturas, e o cresci- mento do Japão nesse ramo. Com a chegada da década de 80 ocorreu um desequilíbrio industrial entre o Japão e os Estados Unidos, quando o Ja- pão teve grande vantagem ao instalar suas subsi- diárias no território norte-americano. Oportunidades de Trabalho em Administração da Produção: Relacionando a Administração da Produção com Outras Funções do Negócio A Figura 1 demonstra uma lista dos trabalhos em linha e de staff que são vistos como relaciona- dos à função produção. Existem mais especializa- ções de staff em manufatura do que em serviços, devido ao enfoque sobre gestão de materiais e controle. Administração da Produção I20 Administração da produção tornou-se uma disciplina existente em várias escolas de adminis- tração, não por se tratar de uma questão básica de como os bens e serviços são criados, mas por causa dos conceitos desenvolvidos pela adminis- tração da produção aplicados nas diversas áreas funcionais dentro de uma organização. Na Figura 2, existem alguns processos em cada função. 21Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos Os processos estão sendo melhorados con- tinuamente com aplicações de técnicas e de ferra- mentas de Administração da Produção. Além disso, como também é mostrado na figura apresentada anteriormente, cada uma dessas áreas funcionais interage com a função Administração da Produção. Portanto, para se fazer o trabalho correto é de grande importância que os indivíduos possam tra- balhar nessas áreas compreendidas pelos conceitos básicos de administração da produção. INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR Abordamos os conceitos e evolução da adminis- tração de produção e operações. Com isso você poderá se aprofundar um pouco mais sobre esses assuntos nos seguintes livros: GAITHER, Norman. Administração da Produção e Operações. 8. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. p. 7-11 Neste livro você poderá aprofundar seus conheci- mentos com relação à evolução da administração de produção e operações. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 4-6. Esta literatura aborda sobre os conceitos da adminis- tração da produção, como produtos e serviços. Serve como aprimoramento desses conceitos para um me- lhor entendimento de como uma organização deve atuar como melhoria na produção de uma empresa. Administração da Produção I22 PARA REFLETIR Até agora conhecemos um pouco dos conceitos e da evolução da administração de produção e ope- rações. A tarefa do administrador da produção se baseia em conceitos e história dos antepassados. Que mu- danças dos administradores da produção podem melhorar com essa nova evolução da administração da produção? Contribua no AVA fazendo menção a essas mudanças dos administradores da produção, discutindo com seus colegas também os conceitos e a evolução da administração da produção. 23Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos 1 .2 Funções gerenciais na Administração da Produção e Operações Os objetivos das funções gerenciais vão des- de declarações genéricas de intenções para o fu- turo até a descrição das metas a serem atingidas. Iremos explicar as funções gerenciais após a de- monstração dos seus objetivos. Objetivos empresariais Objetivos são propósitos a serem alcançados que apontam o rumo para o planejamento de uma empresa. É a lógica dos critérios de avaliação de re- sultados ou guias básicos que ajudam nas tomadas de decisões, dependendo do ponto de vista. Os pro- gramas e planos operacionais são selecionados com base na sua contribuição aos objetivos. Como exem- plos de objetivos podemos citar: obter lucros maio- res, promover o bem-estar dos empregados, crescer tecnologicamente etc. O tempo é um dos mais importantes aspectos a considerarmos quando falamos de objetivos. Nor- malmente se diz que os objetivos são de longo prazo (quando a duração é igual ou superior a 5 anos), médio prazo (quando a duração é entre 1 e 5 anos) e curto prazo (quando a duração é menor que 1 ano). Auxiliando o tempo podemos também fazer a divisão dos objetivos dentro dos departamentos da empresa, como Financeiro, Produção, Recursos humanos. Após serem estabelecidos os objetivos gerais, estes devem ser transformados em objetivos específicos de cada área (unidade). Devemos tomas alguns cuidados no estabele- cimento dos objetivos como a sua prioridade, tempo e estrutura. Geralmente uma empresa tem mais de Administração da Produção I24 um objetivo, além dos interesses particulares dos in- divíduos que a compõem. Esses indivíduos ajudam a desenvolver, cumprir e alterar os objetivos traçados. O meio ambiente também é um fator de impor- tante relevância hoje em dia. O turnover é excelente exemplo de controle. Antes de uma decisão de de- missão em massa um bom administrador irá pensar não só nos danos financeiros que essa ação pode trazer, mas também na questão motivacional dos ou- tros funcionários que ficam, no andamento produção, na visão que a empresa passa ao mercado e a socie- dade. O pagamento de impostos, obrigação legal da empresa, deve ser levado em conta. Objetivos podem estar em conflitos. Alguns conflitos são difíceis de ser percebidos e exigem uma análise mais criteriosa. Outros ficam bem à vista, como pagar melhores salários e minimizar custos com mão de obra ou reduzir investimentos e desenvolver novas soluções ou produtos. É muito difícil que todos os objetivos da empresa sejam atingidos ao mesmo tempo, geralmente deve-se traçar prioridades para os objetivos a fim de alcançá-los gradativamente. Dife- renciar os objetivos, colocando-os em uma hierarquia, facilita alocar mais recursos nos objetivos prioritários. Funções gerenciais Administração da Produção e Operações visa o Planejamento, a Organização, a Direção e o Controle das operações produtivas, entrando em consonância com os objetivos da empresa. • No Planejamento temosa base para todas as atividades gerenciais, estabelecendo as ações que serão seguidas a fim de reali- zar todos os objetivos traçados e informar 25Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos em que momento realizá-los. A função pla- nejamento significa conhecer o futuro da organização definindo o que fazer, como, quando e com que recursos através dos seguintes instrumentos: planejamento es- tratégico, cronograma e orçamento. • Na Organização alinhamos os recursos, como mão de obra, matéria prima, equi- pamentos. Essa organização é essencial para executar as ações planejadas. A fun- ção organização significa a compreensão da capacidade ou a ação de tomar as deci- sões através da definição dos recursos e ter responsabilidade com relação ao trabalho individual ou em grupo a fim de atingir os objetivos determinados pela organização utilizando-se dos instrumentos como: esta- tuto, organograma, normatização e descri- ção de cargos e salários. • Na Direção cumprimos tudo que foi plane- jado e organizado no papel, definindo os responsáveis por cada ação, e motivamos a equipe. A função direção significa a con- dução e motivação das pessoas em exe- cutarem suas tarefas a fim de alcançarem os objetivos organizacionais, exigindo do gerente a capacidade de coordenar, liderar, analisar processos decisivos e motivar. • No Controle é feita a avaliação dos desem- penhos individuais, dos setores, da em- presa como um todo, a fim de tomarmos medidas corretivas se necessárias. A função controle significa comparar o desempenho real, isto é, obter os resultados efetivos Administração da Produção I26 com relação ao desempenho esperado, ou seja, através dos objetivos definirem o planejamento desejado, a depender deve- rão analisar, monitorar, avaliar, estabelecer padrões de desempenho, mensurar resul- tados e fazer a comparação com o desem- penho real. A gestão do terceiro setor e as funções ge- renciais exigem dos gestores o estabelecimento de algumas características em comum que irão compor a função de gerenciar: planejamento estratégico, gerenciamento descentralizado, trabalho em equi- pe e liderança. Segundo Kotler (1975), o planejamento estra- tégico é uma metodologia gerencial que permite es- tabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando maior grau de interação com o ambiente. Quando transferimos os poderes dos níveis centrais para os periféricos estamos descentrali- zando o respectivo gerenciamento do mesmo. No gerenciamento descentralizado ocorre da mesma forma, ou seja, são feitas as transferências dos po- deres dos níveis mais altos da organização para os níveis intermediários. O trabalho em equipe é a maneira pela qual as empresas se organizam para que se possa me- lhorar a qualidade do trabalho, bem como desco- brir as vantagens de ter pessoas de todos os níveis trabalhando juntas em equipe. Com isso, os geren- tes aprendem e planejam a qualidade de trabalho. Podemos identificar os processos ou problemas que necessitem de melhora no trabalho e a equi- pe poderá melhorar cada vez mais esses proces- sos ou problemas se discutirem mais sobre esse assunto. Existem empresas que produzem mais ao trabalhar em equipe, enquanto que outras empre- 27Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos sas não produzem tanto por não trabalharem em equipe. Algumas empresas estão estimulando cada vez mais o trabalho em equipe para que se possa encontrar as melhores soluções para os problemas ou processos encontrados por causa de burocracia da própria empresa. Segundo John Garner (1990), liderança é o processo de persuasão, ou de exemplo, através do qual um indivíduo (ou equipes de liderança) induz um grupo a dedicar-se a objetivos defendidos pelo líder, ou partilhados pelo líder e seus seguidores. Já Chiavenatto (1993), define liderança como a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida através do processo da comunicação hu- mana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos. Segundo o grande guru da administração, Pe- ter Drucker (2002), diz: “A única definição de líder é alguém que possui seguidores. Algumas pessoas são pensadoras. Outras, profetas. Os dois papéis são importantes e muito necessários. Mas, sem se- guidores, não podem existir líderes.” Se tomássemos como exemplo o lançamento de um novo processador pela fabricante Intel, no planejamento teríamos o corpo diretor da empresa analisando as atividades e as ações que seriam tomadas para que fosse introduzido o produto no mercado, bem como os objetivos que deveriam ser alcançados por toda a empresa. Na organização, seriam definidas as equipes que iriam executar todas as atividades planejadas (marketing, ações publicitárias, logística, produção, armazenagem) e alocados os recursos necessários para cumpri-las. A direção seria responsável pelo cumprimento dos prazos, definição dos líderes das equipes de cada ação e motivação para o desenvolvimento das ati- vidades. Administração da Produção I28 Segundo Valentim (2008), abordaremos so- bre as características, os níveis e os tipos de plane- jamento. Segue abaixo uma tabela com a respecti- va abordagem: Características Níveis Tipos Objetivos e metas Estratégico Planejamento Estratégico Meios para atingir os objetivos e as metas Tático Planejamento Tático Métodos operacion- ais e alocação de recursos Operacional Planejamento Operacional O Planejamento e as tomadas de decisões necessárias a ele podem ser classificadas em três níveis de acordo a abrangência dentro da empresa. 1)Nível estratégico O Planejamento e a tomada de decisão são mais amplos e envolvem as políticas corporativas, localizações de novas unidades, novas linhas de produtos etc. Neste nível as decisões são de longo prazo e ocupam altos riscos e incertezas. 2)Nível tático Este nível cuida basicamente dos recursos, alocando-os e utilizando-os da melhor forma, ocor- re geralmente em fábricas com decisões a médio prazo e ocupam médios riscos e incertezas. 3)Nível operacional Este nível cuida de tarefas rotineiras como o controle de estoques ou programação da produ- ção, ocupa riscos relativamente pequenos. 29Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos Resumindo, o planejamento e tomadas de decisões norteiam os recursos (planos táticos) que, por conseguinte age orientando o operacional da empresa. A responsabilidade da alta gerência é tra- çar os objetivos da organização (competitividade, lucro etc.), objetivos esses que afetam a empresa a longo prazo. Nesses casos o planejamento é essen- cial. As decisões da alta gerência são repassadas para a média gerência que, por sua vez, tem o pa- pel de cumprir. O planejamento da média gerência é feito em menor tempo, entretanto, esse tempo deve ser direcionado ao maior número de funcio- nários sob esse nível de gerência. Na supervisão as decisões são feitas sobre curtos prazos. Na maior parte do tempo o supervisor está gerenciando os funcionários. Enquanto o Planejamento e a, Orga- nização não são consideradas atividades criticas, o grande esforço é feito pelo controle, que tem como importante função dar notícia do que está acon- tecendo e ligar os três níveis básicos de gerência. Através da figura 3 demonstraremos os tipos de planejamentos. O planejamento Estratégico nada mais é do que a junção dos planos táticos (planejamento fi- nanceiro; planejamento da produção; planejamento Administração da Produção I30 de marketing e planejamento de RH) com os planos operacionais (fluxo de caixa; investimentos; aplica- ções; produção; manutenção; abastecimento; ven- da; propaganda e treinamento). As características do planejamento estratégico são:visualizar os ob- jetivos em longo prazo; envolver a empresa como um todo e a realização e definição são feitas pela gerência da empresa. Os questionamentos num planejamento es- tratégico são: • Onde estou atualmente, ou seja, qual a minha situação? • Para onde pretendo ir, ou seja, onde que- ro chegar? • Como vou fazer, ou seja, decisão das ações? O planejamento Tático tem como principal objetivo aperfeiçoar determinadas áreas. Os níveis organizacionais trabalham através de gerenciais ou departamentos. Trata-se de um processo decisório organizacional em que existe uma estratégia pré- determinada. As características do planejamento tático são: • estratégia operacional; • aspectos incertos da realidade; • alcance mais limitado que o estratégico; • planos direcionados as atividades orga- nizacionais; • processo permanente; • processo contínuo. Segundo Chiavenato (1994), o conceito de planejamento tático representa uma tentativa da organização de integrar o processo decisório e ali- nhá-lo à estratégia adotada, para orientar o nível operacional em suas atividades e tarefas, a fim de 31Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos atingir os objetivos organizacionais anteriormente propostos. Os questionamentos num planejamento táti- co são: • O que fazer? • Dá para fazer? • Vale a pena fazer? • Quem faz? • Como fazer bem? • Funciona? • Quando fazer? O planejamento Operacional tem como prin- cipal objetivo preocupar-se com os métodos ope- racionais e alocação de recursos. As características do planejamento operacional são: • detalhamento das etapas do projeto; • métodos, processos e sistemas aplica- dos; • pessoas: responsabilidade, função, ativi- dades/tarefas; • equipamentos necessários; • prazos; • cronogramas. Os questionamentos num planejamento ope- racional são: • Quais são os planos que especificam os detalhes de como devem ser alcançados os objetivos organizacionais globais? • Como detalhar e analisar o plano? • Qual o prazo? • Como fazer? (Procedimento, Orçamento, Programação e Regulamento). Administração da Produção I32 INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR Abordamos sobre as funções gerenciais na adminis- tração da produção e operações. Com isso você pode- rá se aprofundar um pouco mais sobre esse assunto nos seguintes livros: MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 6-8. O autor aborda sobre as funções gerenciais através de demonstrações onde devem ser aplicadas junto à administração de produção. CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, proces- so e prática. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. p. 522. Demonstra através de exemplos de empresas uma melhor forma de aplicar as funções gerenciais junto à administração de produção. PARA REFLETIR Nesta aula entendemos quais são as funções ge- renciais na administração da produção e operações. Agora que você já conhece sobre planejamento e tomadas de decisões, tente enquadrar qual seria o melhor cenário de uma empresa com relação ao pla- nejamento organizacional de uma empresa. Após responder o questionamento você deverá com- partilhar as opiniões junto ao ambiente virtual e dis- cutir junto de seus colegas e também com o tutor. 33Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos 1 .3 O Sistema de Produção Sistema de Produção é o conjunto de ativida- des inter-relacionadas que envolvem a produção de bens e serviços. O sistema de produção é abstrato, porém é extremamente útil para dar uma ideia de totalidade. Os elementos do sistema de produção são: Os Insumos, o Processo de Conversão, os Produtos ou Serviços e o Subsistema de Controle. Os Insumos São os recursos que se transformam em pro- dutos, podemos demonstrar esses recursos como as matérias-primas. Através dos recursos podemos mover os sistemas como a mão de obra, o capital, as máquinas e equipamentos, as instalações, o co- nhecimento técnico dos processos etc. Os insumos podem ser classificados como: Biológicos, Químicos ou Minerais e Mecânicos. Os insumos biológicos compreendem produ- tos de origem animal e vegetal. Exemplos: semen- tes e mudas, algas e outros produtos de origem marinha, adubos verdes, restos de cultura (palhas, Administração da Produção I34 ramos, folhas), resíduos industriais de abate de animais (sangue, pó de chifres, pêlos etc.). Os insumos químicos são provenientes de rochas e também da produção artificial pelas in- dústrias. Exemplos: pós de rochas, fertilizantes al- tamente solúveis, micronutrientes etc. Os insumos mecânicos são provenientes das máquinas e equipamentos agrícolas. Exemplos: tra- tores, equipamentos de irrigação etc. O Processo de Conversão Na manufatura é feita a mudança da matéria- prima, já nos serviços não existe transformação, pois o serviço é criado e não transformado. O serviço através da tecnologia é baseado em conhecimento (know-how) por isso diferencia da manufatura. Os produtos e/ou serviços Podemos considerar como produto tudo que é produzido através da utilização de um insumo ou maté- ria prima. Já o serviço nada mais é do que aquilo que é executado por alguém. Exemplo de produtos: Leite, Car- ne, Móvel, etc. Exemplo de serviço: operador de caixa: opera um caixa de supermercado; faxineiro: limpeza de um condomínio; jardineiro:planta, cuida do jardim. O sistema de controle nada mais é do que o monitoramento das atividades desenvolvidas no sistema de produção. Estas atividades visam asse- gurar o cumprimento das programações e obede- cem padrões de forma eficaz através da utilização de recursos. O sistema de produção não subsiste isola- damente, ele sofre impactos de fora e dentro da empresa que podem impactar em seu desempenho. 35Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos No ambiente externo temos quatro importan- tes fatores como: a) As Condições Econômicas gerais do país. Taxas de juros, disponibilidade de crédi- to, inflação são fatores econômicos que influenciam externamente, podem inibir investimentos, brecar o crescimento ou, a depender do fator, como a inflação baixa, pode ser benéfico. Quando falamos sobre condições econômicas de um país podemos fazer uma comparação do Bra- sil com outros países, aonde o Brasil possui uma carga tributária bastante elevada em relação a ou- tros países. Já nos outros países a qualidade de vida é mais elevada em relação ao Brasil. Por possuir uma grande carga tributária e os recursos serem mal aplicados que deveriam beneficiar mais a população. Podemos observar em que alguns países menores que o Brasil os recursos não são desviados. Isso não ocorre com nosso país. As condições econômicas de cada país não dependem apenas dos tributos, mas de que forma eles são convertidos em objetivos prá- ticos para a população de cada país. Podemos exemplificar através do transporte coletivo que é feito em cada país. No Brasil existe uma decadência da quantidade de ônibus disponí- vel para a população. Já no Canadá o transporte é suficiente para a devida população e o poder aqui- sitivo é bem melhor. b) A Tecnologia. Novas tecnologias ajudam no processo de produção de bens, servi- ços e manufaturas aceleram esses proces- sos por interferirem diretamente, compu- tadores mais modernos, máquinas mais modernas e softwares mais modernos auxiliam os processos tornando-os mais rápidos e mais precisos. Administração da Produção I36 Uma forma de demonstrar tecnologia poderia ser na utilização da produção de camarão de água doce. Com a utilização de tanques a reprodução é feita através da produção de pós-larvas onde são utilizadas tecnologias num ciclo de aproximada- mente 30 dias.A produção de camarão de água doce vem aumentando em virtude dessas novas tecnologias de reprodução em tanques internos ou em tanques-redes que são instalados nos próprios viveiros de engorda. O aperfeiçoamento do proces- so é uma forma pela qual o avanço tecnológico deve ser utilizado através de pessoal qualificado. c) As Políticas e Regulações Governamentais. Políticas governamentais podem estimular ou desestimular a produção, conforme o caso de cada uma delas. Alguns exemplos são as políticas cambiais, a política fiscal e a política monetária. Quando falamos de política cambial primeira- mente precisamos conhecer alguns termos impor- tantes como: câmbio e mercado de câmbio. Câmbio nada mais é do que a troca de moeda nacional por estrangeira. Por exemplo, quando uma pessoa vai viajar para o exterior e precisa de dinheiro para sua estada ou para suas compras o banco vende a essa pessoa moeda estrangeira. Mercado de câmbio é o local onde as operações de câmbio são realizadas por agentes autorizados pelo Banco Central do Bra- sil. Por exemplo, através dos bancos, corretoras, agências de turismos, casas de câmbio etc. A políti- ca de câmbio são as ações feitas pelo governo com relação ao comportamento de mercado de câmbio e a taxa de câmbio. Por isso que existe a oscilação de mercado entre as moedas existente na bolsa de valores. 37Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos Quando falamos de política fiscal nada mais é do que uma forma pela qual é feita a verificação dos gastos efetuados por um determinado governo em exercício, ou seja, fiscalização dos gastos pú- blicos de acordo com o orçamento do governo. Por isso é que existe licitação e uma forma de verificar se foi feito da forma correta a política fiscal é en- carregada de averiguar e fazer e os devidos ajustes caso haja necessidade. Política monetária nada mais é do que o con- trole da oferta da moeda e da taxa de juros. Cada país tem uma política monetária, que depende do regime cambial adotado. Os tipos de regimes são câmbio fixo e câmbio flutuante. No regime de câm- bio fixo o banco central fixa a taxa de câmbio e estabelece o preço inicial de compra e venda da moeda estrangeira. Já no regime de câmbio flutu- ante o banco central deixa o mercado de câmbio estabelecer o preço da moeda estrangeira. O prin- cipal objetivo da política monetária é o bem estar da sociedade. d) A competição. A competição tem fator im- portante na definição de uma empresa no mercado. Ela influencia nas linhas de produtos, nos processos dos sistemas de produção. Processos mais modernos de fabricação de produtos podem afetar pro- jetos de produtos e métodos de produção. É necessário que as empresas se moder- nizem para continuarem no atual mercado competitivo. Podemos demonstrar uma competição entre supermercados por ser uma forma de verificar o que ocorre quando os produtos baixam de valor em virtude da oferta e procura por determinados tipos Administração da Produção I38 de produtos. Um exemplo prático ocorre quando um supermercado oferece preço barato e também cobre o valor do concorrente. A competição é uma forma pela qual os clientes sempre procuram por produtos de boa qualidade com preço baixo. Nor- malmente os supermercados escolhem dias dife- renciados para fazer a devida promoção para alcan- çar altos índices de vendas em determinados tipos de produtos. Alguns supermercados não divulgam os preços através de meios de comunicação e sim através de anúncios feitos no próprio supermerca- do por um determinado período de tempo. Você sabe por que a padaria fica do ou- tro lado do supermercado, ou seja, no final dele? É por causa do forno? Enganou-se. Uma das estratégias de vendas é que o cliente percorra todo o supermercado a após comprar o pão passe por outras seções e também faça a aquisição de outros produtos. É uma forma de demonstrar aos clientes certa quantidade de produtos diferenciados em to- das as seções pelas quais ele tem que passar e de induzi-lo a adquirir alguns produtos que não estão na relação de compras que lhe foi solicitado. Por que existe a fila de pequenas com- pras? Será que é para facilitar a compra de certa quantidade de produtos? Não. Pode-se observar que existem vários produtos nessas filas e normalmente os clientes ou seus respectivos filhos colocam os produtos nos carrinhos de compra. É onde o supermercado ven- de uma grande quantidade de produtos e sempre fica abastecendo para atender à demanda das ven- 39Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos das. Trata-se de uma logística de vendas de produ- tos de pequenos valores. Porque próximo às fraldas de crianças existem bebidas? Normalmente as mães solicitam aos pais para comprar as fraldas, mas como todo bom pai na maioria gosta de tomar uma bebida para assistir um futebol, aproveitam para comprá-las. Essa é uma das estratégias de marketing dos supermer- cados com relação à venda de bebidas e com isso aumentam cada vez mais as vendas. Demonstraremos alguns exemplos de siste- ma de produção: AMBEV (Companhia de Bebidas das Américas) O sistema da AMBEV é feito através da pro- dução contínua em série. A automatização está em torno de 70%. A produção executa as seguintes etapas: recebimento do vasilhame, lavagem, enva- se (colocar o produto no recipiente), arrolhamento e tampa, colocação do rótulo e transporte para en- gradados. A empresa possui muitos equipamentos especializados que proporcionam essa porcenta- gem de automatização onde o restante é feito de forma manual. RENAULT (Montadora de veículos) O sistema da RENAULT é feito através da produção em massa. A automatização é de apenas 25% do processo. Os produtos Scenic e Clio são montados através de linha de produção. Cada li- nha é dividida em 9 minilinhas contendo 2 (duas) unidades elementares de trabalho (UET) cada uma. Normalmente cada UET tem de 6 a 10 operadores. Administração da Produção I40 Está dividida em três etapas de produção: Primeira – carroceria. Segunda – Pintura e Terceira – Forne- cedores na linha de montagem. A primeira etapa (carroceria) é uma linha flexível de produção. Segue através das seguintes etapas: Base rolante (chas- sis), laterais, teto, partes móveis (portas, laterais, tampa traseira, capô e para-lamas). Na segunda etapa (pintura) os produtos devem ficar no piso superior para detectar vazamentos e também evi- tar que sejam alojados nos lençóis freáticos. Cada robô aplica a massa de vedação no cofre do motor. As demais atividades são realizadas em cabines es- terilizadas. Na terceira e última etapa (fornecedores na linha de montagem) é feita a colocação do esca- pamento, rodas, eixos traseiro e dianteiro, cokpit, bancos e painéis das portas. O processo automati- zado utiliza de 15 a 20 robôs. O processo manual é de 75%. Podemos observar que os dois exemplos são sistemas diferentes, um é feito através da produ- ção contínua e o outro através da produção em massa. Observamos que são muito diferentes es- ses sistemas e que cada linha de produção requer uma atenção nos respectivos modelos de sistemas diferenciados. 41Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR Abordamos sobre o sistema de produção. Com isso você poderá se aprofundar um pouco mais sobre esse assunto no seguinte livro: MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produ- ção e Operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 8-10. Para um melhor entendimento sobre sistema de produção deverá conhecer um pouco mais sobre seus elementos. Outra referência seria o artigo sobre implantação do Kanban na linha de montagem de sistema e equi- pamentos hidráulicos e eletromecânicos de Vander- lei Faria,Álvaro Azevedo Cardoso e Carlos Alberto Chaves publicado no XIII SIMPEP na cidade de Bau- ru – São Paulo. 2006. Disponível em: <http://www. simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/542.pdf>. Acessível em: 17 de outubro de 2011. Esse artigo demonstra todo um processo de mon- tagem e melhorias para o aumento da capacidade de produção. É uma forma de conhecer todo um processo de uma linha de produção. Administração da Produção I42 PARA REFLETIR Iniciamos nossa aula falando de vários elementos do sistema de produção que são de suma impor- tância para o desenvolvimento do Sistema de Pro- dução. Agora, sua tarefa é pensar um pouco a res- peito desses elementos e analisar quais atividades e operações estão interligadas no envolvimento na produção de bens. Quais desses elementos são de suma importância para o Sistema de Produção? Após responder os questionamentos você deverá compartilhar as opiniões e discutir as reflexões com seus colegas e com o tutor no ambiente virtual. 43Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos 1 .4 Tipos de Sistemas de Produção Moreira (1998), define o que é um siste- ma de produção e descreve brevemente seus elementos e suas interações. Apresenta então duas classificações de sistemas de produção. A primeira é denominada Classificação Tradicional e a segunda Classificação Cruzada de Schroeder. Classificação tradicional Os sistemas de produção estão classificados de acordo com a grande variação das técnicas de plane- jamento e gestão da produção. A seguir demonstrare- mos as categorias dos sistemas de produção: a) Sistemas de produção de grandes projetos sem repetição. b) Sistemas de produção contínua. c) Sistemas de produção em lote (por enco- menda). Sistemas de produção de grandes projetos São sistemas que tem uma duração longa e possuem uma sequência de tarefas que se repe- te muito, pouca ou nenhuma vez, sendo que cada projeto é destinado a apenas um produto. Por ser um projeto único, consideramos como duração lon- ga uma característica forte para esse tipo de siste- ma. Exemplos típicos desse tipo de produção são: produção de aviões, navios, grandes estruturas etc. Sistemas de Produção Contínua São sistemas que tem uma sequência linear para fazer o produto ou serviço, também conhecido como fluxo em linha. Normalmente os produtos são Administração da Produção I44 padronizados e possuem uma sequência prevista no processo de manufatura. As etapas do processo são balanceadas evitando problemas com as de- mais etapas de produção. Algumas vezes encontramos esse sistema subdividido em dois grupos: 1) A produção em massa, para linhas de montagens dos produtos mais variados. 2) A produção contínua propriamente dita. Nesse último subgrupo temos as indústrias de processos, como química, papel, aço etc. Os processos contínuos têm tendência a ser automa- tizados, produzindo assim produtos com elevados graus de padronização, tornando diferenciação rara ou não permitida. Os sistemas em fluxo de linha possuem as seguintes características: alta inflexibilidade e gran- de eficiência. Quando falamos de eficiência quere- mos dizer que podemos substituir a mão de obra humana por máquinas e também padronizar o tra- balho restante. Com relação ao alto custo devemos manter por causa dos equipamentos especializados e o grande volume de produção que deve ser man- tido. Fica muito difícil modificar o volume ou a linha de produção devido aos altos custos que nos leva à inflexibilidade do sistema. A produção em massa nada mais é do que a produção das linhas de montagens. Esse tipo de produção tem como característica a larga escala de fabricação de produtos que sofrem alteração míni- ma no grau de diferenciação. Exemplos: automó- veis, fogões, geladeiras etc. A produção em massa ocorre quando são utilizados equipamentos especí- ficos para a produção de um produto final. Na pro- dução em massa pode ocorrer diferenciação, desde que se façam adaptações nas linhas de montagem 45Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos e também que a fábrica dos produtos permita essa alteração. Por fim, devemos pesar alguns fatores cui- dadosamente antes da adoção de um sistema de produção de fluxo em linha, pois além da com- petitividade temos o risco de o produto se tornar obsoleto, o risco das mudanças tecnológicas no processo (que custa caro para se adaptar) ou até a monotonia dos funcionários. Sistema de produção em lote (Intervalos Re- gulares) O sistema de produção onde existam inter- valos regulares pode ser considerado na linha de produção como produção em lote. Ao término de uma produção em lote podem ser feitos ajustes nas máquinas para que se possa começar a nova linha de produção, por isso que chamados esse tipo de produção de intermitente. Exemplo: Fábrica de biscoito, onde é feita a produção de um deter- minado tipo de biscoito e após o término do lote as máquinas são preparadas para um novo modelo e existe todo um ajuste para que se possa começar essa nova linha de produção. Devemos organizar o sistema de produção em lote desde a mão de obra até os equipamen- tos nos centros de trabalho distribuindo por ha- bilidade, operação ou equipamento. Normalmente um produto percorre toda uma trajetória irregular de um centro de trabalho para outro. Na fabrica- ção de produtos distintos as fábricas devem ter equipamentos genéricos, sendo necessário mão de obra especializada para fazer os devidos ajustes nos equipamentos e com isso seja feita a fabrica- ção de novos produtos, com essas modificações a produção mais lenta. Resumindo, apesar de o sistema ganhar em Administração da Produção I46 flexibilidade de produção, ele perde em volume de produção. Este tipo de produção pode ser usado quando a produção é de um volume relativamente baixo. É comum encontrarmos este sistema de pro- dução em empresas de pequenas dimensões ou em produtos em fase inicial de vida. Classificação Cruzada de Schroeder O modelo de classificação cruzada de Schro- eder é considerado como uma tipologia clássica em decorrência de trabalhar apenas a dimensão do processo. A dimensão nada mais é do que o tipo de fluxo, ou seja, como a indústria trabalha todo o processo de um determinado produto através de um fluxo, caso seja tratado como serviço podemos considerar como incompleta. Na classificação cruzada trabalhamos com dois tipos de dimensões: • Por ponto de fluxo é semelhante à tipo- logia clássica. • Por tipo de atendimento ao consumidor. Na dimensão por tipo de ponto de aten- dimento ao consumidor podemos desta- car os seguintes tipos de sistema: 1. Sistemas orientados para estoque. 2. Sistemas orientados para a enco- menda. Sistemas orientados para estoque Esse sistema tem as seguintes característi- cas: serviço rápido e baixo custo. No sistema orientado a estoque são estrita- mente cruciais, com relação ao gerenciamento de es- toque, a previsão da demanda e o planejamento da capacidade de produção. Com o gerenciamento de 47Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos estoque podemos fazer um planejamento e abastecer o mercado de acordo com a demanda. Na previsão da demanda poderemos prever os meses que estão em baixa de acordo com o produto. Já no planejamento da capacidade de produção poderemos aumentar a pro- dução de acordo com a demanda e o planejamento feito anualmente dentro da empresa através de me- tas estabelecidas pela organização. Toda vez que um produto atingir o estoque mínimo tolerável o sistema deverá informar a falta do mesmo para que a gerência de estoque tome as devidas providências para tentar sanar o controle de vendas de um produto. Os pedidos devem ser atendidos em função doestoque e da capacidade de produção atual da organização, tornando difícil identificar cada cliente para atender a demanda. Algumas medidas devem ser tomadas caso o produto venha a faltar para o cliente. Com isso deverão entrar em contato com o mesmo para informar o prazo de entrega do produ- to em virtude do estoque ter zerado. Em resumo, o objetivo maior é atender ao cliente com o mínimo possível de custo. Sistemas orientados para a encomenda Já nesse sistema a principal característica é a flexibilidade do cliente com relação à escolha do produto por um preço menor. Neste processo orientado à encomenda suas operações são ligadas diretamente com o cliente, onde são discutidos o preço e o prazo de entrega do produto. Numa situação como essa é feita toda uma estimativa para que o cliente saiba quando irá receber a mercadoria de acordo com o que foi solicitado. Com isso a empresa terá um acompa- nhamento interno que deverá se basear em pa- râmetros dos pedidos de entrega dos clientes e respectivo prazo. Administração da Produção I48 Os exemplos da classificação cruzada devem atender, ao mesmo tempo, aos requisitos das duas dimensões. O quadro abaixo mostra alguns casos, tanto na área industrial quanto de serviço. Plossl (1993), com um enfoque pragmático, afirma que do ponto de vista gerencial a classifica- ção mais útil é por tipo de produção: • Fabricado sob medida ou pedido (poucos de um tipo). • Lote ou intermitente (muita variedade, volume reduzido). • Processo ou contínuo (pouca variedade, grande volume). • Repetitivo (pouca variedade, grande vo- lume). • Controlada – rigidamente regulamentada pelo governo (alimentos, produtos farma- cêuticos, serviços públicos). Tubino (1997) discute de maneira mais ampla as classificações dos sistemas de produção, iden- tifica o critério que serve de base para três delas: a) pelo grau de padronização • sistemas que produzem produtos padro- nizados: bens ou serviços que apresen- tam alto grau de uniformidade e são pro- duzidos em grande escala; 49Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos • sistemas que produzem produto sob me- dida: bens ou serviços desenvolvidos para um cliente específico; b) pelo tipo de operação • processos contínuos: envolvem a produ- ção de bens ou serviços que não podem ser identificados individualmente; • processos discretos: envolvem a produ- ção de bens ou serviços que não podem ser isolados, em lotes ou unidades, e identificados em relação aos demais. Po- dem ser subdivididos em: processos re- petitivos em massa, processos repetitivos em lote, processos por projeto; c) pela natureza do produto • manufatura de bens: quando o produto fabricado é tangível; • prestador de serviços: quando o produto gerado é intangível. Slack (1999) apresenta um modelo de trans- formação que nada mais é do que a aplicação da teoria de sistemas à análise dos sistemas de pro- dução. Depois de descrever detalhadamente cada um de seus elementos, apresenta uma classificação cruzada em função dos tipos de recursos a serem transformados e dos tipos de processos de trans- formação. (ver Figura) Administração da Produção I50 INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR Abordamos sobre os tipos de sistemas de produção. Com isso você poderá se aprofundar um pouco mais sobre esse assunto nos seguintes livros: MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998, p. 10- 13. Com essa leitura você terá um melhor entendimento sobre os tipos de sistemas de produção. Nessa obra o autor faz algumas demonstrações sobre os mesmos. KRAJEWSKI, Lee J. Administração de Produção e Ope- rações. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. p. 2-15 Aprofundamento sobre o assunto abordado neste ca- pítulo através de exemplos sobre cada tipo de siste- ma de produção. PARA REFLETIR Uma organização que trabalha com sistema de pro- dução deve crescer e desenvolver os procedimen- tos de produção, e trabalhar sempre de forma orga- nizada de acordo com sua classificação. Nesta aula abordamos sobre os tipos de sistema de produção. Qual seria o melhor tipo de sistema de produção para uma empresa do ramo alimentício? Que reco- mendações você faria para que a empresa pudesse melhorar cada vez mais a eficiência do sistema de produção? Após responder os questionamentos você deverá compartilhar as opiniões e discutir as reflexões com seus colegas e com o tutor no ambiente virtual. 51Tema 1 | Fundamentos, Conceitos Básicos e Aspectos Técnicos RESUMO No conteúdo 1.1 vimos sobre conceitos, diferença entre produto e serviços e a evolução da admi- nistração de produção e operações, ou seja, um aprofundamento sobre o assunto de produtos e serviços para uma melhor compreensão teórica do administrador no ramo da produção, como também a evolução da administração da produção. No conteúdo 1.2 vimos sobre as funções gerenciais da administração da produção, ou seja, uma abor- dagem sobre planejamento, organização, direção e controle que são complementos das funções geren- ciais do administrador da produção. Também abor- damos sobre os tipos de planejamentos: Estratégi- co, Tático e Operacional. No conteúdo 1.3 estudamos sobre o sistema de produção que está relacionado ao conjunto de ati- vidades que envolvem a produção de bens e ser- viços. Também abordamos sobre os respectivos elementos de produção: insumos, processos de conversão, os Produtos ou Serviços e o Subsistema de Controle. No conteúdo 1.4 conhecemos um pouco mais sobre os tipos de sistemas de produção que são: Siste- mas de produção de grandes projetos sem repeti- ção; Sistemas de produção contínua e Sistemas de produção em lote (por encomenda).
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