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Poesia e História - O desenvolvimento da historiografia

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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Metodologia - Teoria da História
Luiza Larangeira
Aluna: Milena Guerrão Lourenço
A poesia na Grécia arcaica e o desenvolvimento da historiografia
 A épica na Grécia Arcaica nasce para eternizar feitos gloriosos. Poetas, com discurso mágico-religioso, inspirados por uma das Musas, filhas de Mnemósine (deusa da memória), cantam os acontecimentos gloriosos, verdadeiros, verdade essa que comporta o que é bom, belo e virtuoso (Alethéia), não sendo, então, necessariamente o que aconteceu, mas sim o que carrega esses três aspectos e, assim, seriam transmitidas a moral e a ética para a sociedade grega. Tais feitos gloriosos seriam realizados pelos heróis na chamada Idade do Ouro, que estaria fora da dimensão de tempo-espaço em que vivemos, e, então, passados de geração em geração pelo discurso do poeta que, sendo mágico-religioso, faria o acontecimento presente enquanto cantado, como se tudo estivesse acontecendo enquanto o poeta canta, isso aconteceria toda vez que o poeta cantasse tornando-o, então, eterno. É importante ressaltar que aqui a virtude se encontra distante da sociedade, visto que os feitos virtuosos são trazidos de uma dimensão temporal fora da realidade humana. Tucídides, em sua obra História da Guerra de Peloponeso, afirma que o discurso do poeta, à vista disso, perde credibilidade ao passo que se aproxima da fábula, em consequência de seu afastamento da veracidade, da possibilidade de verificação na realidade espacial e cronológica (TUCÍDIDES, p. 27-28).
 A historiografia nasce, portanto, para buscar, assim como a poesia homérica, os feitos virtuosos e gloriosos, mas, em contraponto à épica, buscam acontecimentos que podem ser localizados cronologicamente, a virtude agora se aproxima da sociedade à medida que é encontrada na mesma dimensão temporal. Heródoto, que iniciou o discurso historiográfico, pretendeu eternizar e glorificar eventos passados (HERÓDOTO, p. 29), fatos particulares, ao contrário do poeta, que cantava, não o que aconteceu, mas o que poderia ter acontecido (ARISTÓTELES, p. 28). Em outros termos, Heródoto se iguala ao poeta homérico na lealdade à verdade grega, Alethéia, aquilo que é majoritariamente virtuoso. O historiador pretendia dar às grandes ações de gregos e bárbaros a glória que lhes era devida, por seu caráter virtuoso, imortalizando-os, dando continuidade, assim, à tradição homérica. Entretanto, entendia o discurso poético como irreal, feitos que nunca aconteceram (MOMIGLIANO, pg 60), e procurava se distanciar desse caráter fantasioso narrando feitos de homens ordinários, não mais de heróis e deuses de uma dimensão distante que poderiam ou não ter acontecido.
 Esta decisão é permeada de problemáticas. Uma delas, talvez a mais substancial, viria da laicização do discurso. O poeta recebia inspiração da Musa, que apontava quais eram os feitos verdadeiro, virtuosos, os quais deviam ser cantados, o historiador e seu discurso não possuem ligações com o divino então ele mesmo precisa discernir quais fatos são verdadeiros. Ainda por conta da laicização do discurso, nasce o questionamento sobre como seria possível garantir que o que o historiador diz é verdade, se não mais pela presença do feito em si, produzida magicamente pelo canto do poeta. Tucídides, sobre esse problema, afirma que a melhor forma de construir o discurso histórico seria através do rigor nas investigações do fato sobre o qual se escreve, já que escrever com base no testemunho de outras pessoas acerca do acontecimento implicava uma carga significativa de juízo, simpatia ou escolha de lados por parte daqueles de quem se ouvia a narrativa (TUCÍDIDES, p. 28). Ademais, determinou-se que a retórica seria ferramenta fundamental para aproximar o discurso da verdade factual, com a criação da cena através das palavras seria possível representar a verdade e, então, eternizar a virtude como ensinamento ético, como feito antes pela tradição épica.

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