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s390
Avaliação da glicose sérica em pingüim de magalhães (Spheniscus
magellanicus FOSTER, 1781) (Sphenicidae-aves) em cativeiro
Blood glucose values of penguins (Spheniscus
magellanicus FOSTER, 1781) (Sphenicidae-aves) in captivity
Flavya Mendes-de-Almeida1, Luiz Paulo Luzes Fedullo2, Adriana Fromm-Trinta3,
Gabriella Landau-Remy4, Valdir Almeida Ramos Jr.4 & Norma Labarthe1
1Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ. 2Fundação RIOZOO, São Cristóvão/RJ.
3Veterinária autônoma/RJ. 4Biólogos, Fundação RIOZOO, São Cristóvão/RJ.
E-mail: fma@centroin.com.br
ABSTRACT
Magellanic penguins (Spheniscus magellanicus, FOSTER,1781) are sea birds that inhabit cold regions of the southern South
America. During the winter months, some individuals get lost in the Malvinas current and arrive at the southern Brazilian coastal areas, where
they are rescued and sent to zoos or centers for rehabilitation. Aiming to determine normal values for the species, 21 blood samples were
collected from the Magellanic penguins maintained in the Fundação RIOZOO in Rio de Janeiro. Glucose measurements were performed
using a portable blood monitoring meter. As a result, a normal range of serum glucose of 182-222 mg/dL was defined for the species.
Key words: glucose, Spheniscus magellanicus, Sphenicidae, serum biochemistry.
INTRODUÇÃO
Pingüins de Magalhães (Spheniscus magellanicus, FOSTER,1781) são aves marinhas habitantes de regiões
frias no extremo sul do continente que, durante os meses de inverno do hemisfério sul, podem se perder na corrente das
Malvinas chegando à costa Sul e Sudeste do Brasil, onde são resgatados e levados para os Jardins Zoológicos ou Centros
de Recuperação. Apesar de consideradas aves extremamente resistentes, é freqüente se observar algumas patologias nos
animais recém-chegados aos jardins zoológicos [2,9-11]. Além dos sinais clássicos de desidratação e subnutrição, podem se
observar também ferimentos, traumatismos, afecções gastrintestinais e respiratórias, sinais clínicos de infecções por endo-
parasitos, intoxicação por óleos e derivados e enfermidades bacterianas e fúngicas [2,9,11].
Acompanhar os níveis de glicose no sangue das aves mantidas em cativeiro é importante para avaliação clínica
dos animais e, consequentemente, auxiliar no manejo para acelerar na recuperação dos indivíduos capturados [1,5-8]. Níveis
baixos de glicemia em pingüins de Magalhães podem estar associados com desnutrição, doenças hepáticas, neoplasias,
septicemia e aspergilose. Hiperglicemia normalmente está associada às endocrinopatias ou estresse [2,8,11-13]. Diferente-
mente dos mamíferos, o glucagon é o principal hormônio regulador da glicemia e responsável pela gliconeogênese hepática
nas aves. Sua secreção pelo pâncreas endócrino é estimulada pela hipoglicemia, por aminoácidos específicos e acetilcolina
e inibida pela presença da glicose, insulina e em algumas espécies de aves, pela somatostatina [5,7-8].
Há poucos relatos sobre avaliação dos valores de glicose no sangue de aves disponíveis na literatura e, o que
existe, na maioria, refere-se aos psitacídeos [3-5,12-13]. Entretanto, os valores de glicemia considerados normais para a
maioria das espécies de aves varia entre 220 e 350 mg/dL [5]. Assim, o presente estudo teve como objetivo o levantamento
de valores da glicose sérica em pingüins de Magalhães pertencentes ao plantel da Fundação RIOZOO.
MATERIAIS E MÉTODOS
Em junho de 2004, vinte e um pingüins de Magalhães jovens, hígidos, que se alimentavam normalmente, indepen-
dentemente de sexo, mantidos em cativeiro na Fundação RIOZOO foram incluídos no estudo. Todos os animais recebiam
dieta composta por sardinhas acrescidas de complexo vitamínico1 e cloreto de sódio, oferecida duas vezes ao dia.
Os animais foram pesados e identificados com anilhas plásticas numeradas de 1 a 21. Uma hora após o ofereci-
mento da alimentação, os animais foram contidos mecanicamente e coletou-se 0,1mL de sangue da veia ulnar lateral com
auxílio de seringa de 0,3mL com agulha 13x4,5mm2. Logo após a coleta determinou-se a glicemia colocando-se uma gota
de sangue na tira do aparelho portátil para leitura de glicose3 e anotou-se o resultado em fichas próprias identificadas. A faixa
de normalidade de glicemia foi estabelecida pela média aritmética com nível de confiança de 95%.
RESULTADOS
Os valores encontrados apresentaram pouca variação, permitindo estabelecer-se a faixa de normalidade de
glicemia entre 182 e 222 mg/dL, com desvio padrão de 1,81. Três animais (14%) apresentaram glicemia inferior à faixa
estabelecida, cujos valores foram: 167 mg/dL, 158 mg/dL, 149 mg/dL e apenas um (5%) ficou acima da faixa de normalidade
estabelecida: 257 mg/dL.
Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s390-s391, 2007.
ISSN 1678-0345 (Print)
ISSN 1679-9216 (Online)
Mendes-de-Almeida F., Fedullo L.P.L., Fromm-Trinta A., Landau-Remy G., Ramos Jr. V.A. & Labarthe N. 2007. Avaliação da
glicose sérica em pingüim de magalhães... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s390-s391.
s391
DISCUSSÃO
Os valores considerados normais de glicemia para a maioria das espécies de aves varia entre 220 e 350mg/dL,
entretanto, devido à enorme diversidade de espécies aviárias, a generalização dos valores de glicemia não é aceita como
padrão fixo. Hipoglicemia é uma condição rara e observada geralmente em aves clinicamente doentes ou submetidas a
jejum prolongado. Segundo a literatura, valores abaixo de 200 mg/dL em aves indicam a presença de doença e são conside-
rados alarmantes [6]. Entretanto, alguns estudos consideram 180 mg/dL como valores normais para psitacídeos hígidos,
mostrando que a faixa de normalidade encontrada para pingüins, apesar de ter sido calculada avaliando-se um número
relativamente baixo de indivíduos, não se desvia excessivamente do conhecimento disponível para aves. Portanto, valores
de glicemia entre 182 e 222 mg/dL podem ser considerados normais para pingüins de Magalhães mantidos em cativeiro, e
poderão contribuir como parâmetro de avaliação de indivíduos da espécie, inclusive em programas de reabilitação e soltura
de animais.
CONCLUSÕES
Valores de glicemia entre 182 e 222 mg/dL podem ser considerados normais para pingüins de Magalhães mantidos
em cativeiro.
NOTAS INFORMATIVAS
1Vitagold potenciado®. Lab. Tortuga Cia Zootécnica Agrária. São Paulo/Brasil.
2Seringa com capacidade para 0,3mL. B-D Ultra-Fine®. Lab. B-D. São Paulo/Brasil.
3Glucômetro Advantage®. Boeringer-Manheim.Lab. Roche. Indianapolis/USA.
REFERÊNCIAS
1 Amand W.B. 1986. Avian Clinical Hematology and Blood Chemistry. In: Fowler M.E. (Ed). Zoo & Wild Animal Medicine. 2nd edn. Philadelphia:
W.B. Saunders Company, pp.264-276.
2 Cranfield R.M. 2003. Sphenisciformes (Penguins). In: Fowler M.E. & Miller R.E. (Eds). Zoo and Wild Animal Medicine. 3rd edn. Philadelphia: W.B.
Saunders Company, pp.103-110.
3 Fedullo L.P., Fromm Trinta A., Mendes-de-Almeida F., Monsores D. & Nesi, J. 2001. Avaliação da glicose plasmática de jandaia mineira
(Aratinga Sostitialis auricapilla Khul,1820) em cativeiro (Psittacidae-Aves). Revista Brasileira de Medicina Veterinária. 23: 149-150.
4 Fedullo L.P., Fromm Trinta A., Mendes-de-Almeida F., Monsores D. & Nesi J. 2001. Avaliação da glicose plasmática em papagaios da
espécie Amazona aestiva (Psittaciformes: Psittacidae) mantidos em cativeiro. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. 23: 244-245.
5 Fudge A.M. 1996. Avian Clinical Biochemistry. In: Rosskopf W. & Woerpel R. (Eds). Diseases of cage and aviary Birds. 3rd edn. Baltimore:
Williams & Wilkins, pp.773-794.
6 Lane R.A. 1996. Avian hematology. In: Rosskopf W. & Woerpel R. (Eds). Diseases of cage and aviary Birds. 3rd ed. Baltimore: Williams & Wilkins,
pp.739-772.
7 Lewandowski A.H., Campbell T.W. & Harrison G.J. 1986. Clinical Chemistries. In: Harrison G.J. & Harrison L.R. (Eds). Clinical Avian Medicine
and Surgery. Florida: W.B. Saunders Company, pp.193-200
8 RaeM. 2000. Avian Endocrine Disorders. In: Fudge A.M. (Ed). Laboratory Medicine – Avian and Exotic Pets. Philadelphia: W.B. Saunders
Company, pp.76-89.
9 Ruopollo V., Adornes A.C., Nascimento A.C. & Silva Filho R.P. 2004. Reabilitação de pingüins afetados por petróleo. Clínica Veterinária.
51: 78-83.
10 Ruopollo V. & Santos M.C.O. 1998. Aves e mamíferos marinhos visitantes da costa brasileira. Clínica Veterinária. 20: 37-40.
11 Stoskopf M.K. 1986. Penguin and Alcid Medicine. In: Fowler M.E. (Ed). Zoo & Wild Animal Medicine. 2nd edn. Philadelphia: W.B. Saunders
Company, pp.189-194.
12 Travis E.K., Vargas F.H., Merkel J., Gottdenker N., Miller R.E. & Parker P.G. 2006. Hematology, serum chemistry and serology of
Galapagos penguins (Spheniscus mendiculus) in the Galapagos Islands, Ecuador. Journal of Wildlife Disease. 42: 625-632.
13 Wallace S.R., Teare J.A., Diebold E., Michaels M. & Willis M.J. 2005. Hematology and plasma chemistry values in free-ranging Humboldt
penguins (Spheniscus humboldti) in Chile. Zoo Biology. 14: 314-316.
www.ufrgs.br/favet/revista
Supl 2
s392
Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s392-s394, 2007.
ISSN 1678-0345 (Print)
ISSN 1679-9216 (Online)
Avaliação do método de eletroejaculação para obtenção e análise
de sêmen de quatis (Nasua nasua) mantidos em cativeiro
Electroejaculation method evaluation for semen
collection and analyses in coatis (Nasua nasua) in captivity
Celso T. R. Viana1, Felipe P. Arruda1, Izabel G. Dutra1, Damaris de Oliveira1, Thais de O. Morgado1,
Nilton C. Mesquita Jr.2, Cristina H. Alves3, Luciana K. Hatamoto4 & Regina C. R. da Paz5
1Bolsistas PIBIC/VIC –CNPq, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV), Universidade Federal
de Mato Grosso (UFMT). 2Graduação, FAMV-UFMT. 3Médica Veterinária, Zoológico da UFMT. 4CLIMEV, FAMV-UFMT.
5DPA, FAMV-UFMT. * Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
E-mail: celsotarso@gmail.com
ABSTRACT
Studies about the reproductive physiology of the Procyonidae are essential for conservation of species in this family. The objective
of this study was to evaluate the method of electroejaculation for collection and semen evaluation in coatis (Nasua nasua) in captivity. For
in such a way we used a fertile male coati of the UFMT Zoo. The anesthetic protocol used was a tiletamina-zolazepam association, in the
dose 10mg/kg. Semen samples were collected by electroejaculation, with device Torjet-65® Eletrovet. Three series of stimulus was used, with
interval of 10 minutes between them. The stimulus had varied of 200-500 mA. The samples were evaluated for vigour, motility, concentration
and morphologic analysis. The samples were smeared and stained with Eosine-negrosine and Pope Method for determination of the
percentage of lives spermatozoa and acrossome integrity. In the first collection urine contamination occurred, with low motility (10%) and
vigour (1), in the second collection no ejaculation occurred, in the third collection we got ejaculated with low concentration (0.1x106/ml) and
a immovable spermatozoon, in the fourth collection ejaculated of good quality was gotten, with 80% motility, 5 vigour, 79.13% lives spermatozoa,
98.75% intact acrossome and 80% normal spermatozoa. During the experiment some standards of stimulations had been tested and the
best resulted occurred in the last collection, probably due to the number of stimulations and amperage used, with 3 series of 10 stimulations,
1° series (200, 250, 300 mA), 2° series (250, 300, 350 mA) e 3° series (350, 400, 450 mA).
Key words: Procyonidae, conservation, reproduction, sperm.
INTRODUÇÃO
Embora Nasua nasua seja uma espécie amplamente distribuída pela América do Sul, ocorrendo na região da
Colômbia, Venezuela, Norte do Uruguai e Argentina, ainda é uma espécie pouco estudada [1]. Sabe-se que a manutenção
da diversidade genética é dependente da reprodução, nesse sentido, a aplicação de técnicas de reprodução assistida surge
como importantes ferramentas na conservação de espécies silvestres [4].
No entanto, para que possamos aplicar técnicas artificiais de reprodução em espécies de interesse, informações
básicas de fisiologia reprodutiva devem ser primeiramente obtidas. Para tanto, métodos seguros de colheita de amostras
devem ser desenvolvidos de forma a garantir o bem-estar do animal, assim como tranqüilidade para a equipe que o assiste [4].
Estudos sobre a fisiologia reprodutiva dos Procionídeos são essenciais para que se possam explorar novas alter-
nativas de manejo e conservação das espécies desta família. Entretanto, poucos estudos sobre as características reprodutivas
dessa família têm sido publicados, talvez ainda pela falta de métodos eficientes para a colheita de material para o exame
andrológico. Dessa forma o presente estudo tem como objetivo avaliar o método de eletroejaculação para colheita e avaliação
de sêmen em quatiss (Nasua nasua) mantidos em cativeiro.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado no Laboratório de Biotecnologia e Reprodução Animal da Universidade Federal
do Mato Grosso, no período de Outubro de 2006 a Janeiro de 2007.
Foi utilizado um quati macho do Zoológico da Universidade Federal do Mato Grosso, comprovadamente fértil. O
animal foi mantido em recinto com dois machos imaturos, isolados das fêmeas, e alimentado diariamente com mamão,
banana, milho, ração comercial para cães, ovos e peixe, durante o período experimental.
Antes de cada eletroejaculação foi realizada avaliação clínica e amostras de sangue e fezes foram colhidas para
realização de hemograma, pesquisa de hematozoários e exame parasitológico de fezes.
A colheita de sêmen foi realizada nos meses de Outubro, Novembro, Dezembro e Janeiro, com intervalo de trinta
dias, totalizando quatro colheitas.
Inicialmente foi realizada a contenção física do animal com puçá e em seguida a contenção química com injeção
intramuscular dos fármacos tiletamina e zolazepam, na dose 10mg/kg. Durante todo o procedimento o animal foi monitorado
quanto à freqüência respiratória, freqüência cardíaca e temperatura.
Viana C.T.R., Arruda F.P., Dutra I.G., Oliveira D., Morgado T.O., Mesquita Jr. N.C., Alves C.H., Hatamoto L.K. & Paz R.C.R. 2007.
Avaliação do método de eletroejaculação para obtenção e análise de sêmen... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s392-s394.
s393
Biometria testicular foi realizada com auxílio de paquímetro para determinação do volume testicular e palpação
foi realizada para verificação da consistência dos testículos.
A eletroejaculação foi realizada com aparelho Torjet-65® Eletrovet e probe com 17.0cm de comprimento, 1.8cm de
largura, contendo três tiras longitudinais em cobre de 8.8cm de comprimento e 0.2cm de largura. Foram realizadas três
séries de estímulos, com intervalo de 10 minutos entre elas. Os estímulos variaram de 200 a 500 mA.
As amostras obtidas foram avaliadas logo após a colheita, em microscópio de luz, quanto ao vigor (1-5), motilidade
(0-100%) e concentração (x106/ml). Amostras de sêmen foram diluídas em formol salino (1:1) e mantidas em geladeira até
a realização da análise morfológica (defeitos maiores e menores), utilizando-se câmara úmida e microscópio de contraste
de fase. Esfregaços foram realizados logo após a colheita e corados com Eosina-Negrosina e Pope [5]. Um total de 200
células foi analisado em microscópio de luz para determinação da porcentagem de espermatozóides vivos pela coloração
de Eosina-Negrosina e integridade acrossomal pela coloração de Pope [5].
RESULTADOS
Ao exame clínico os animais apresentaram-se saudáveis, o que foi confirmado pelo hemograma, pesquisa de
hematozoários e exame parasitológico de fezes negativo.
Ao exame físico do aparelho genital foi constatada a presença de osso peniano, também chamado de osso do
báculo, e de uma dilatação no óstio prepucial apresentando secreção branca leitosa. A palpação testicular indicou consistêncianormal dos testículos. A Média e o Desvio Padrão do volume testicular mensurado nas quatro colheitas foi de 9.83±1.44cm3.
A primeira colheita realizada apresentou contaminação do sêmen por urina, no entanto, foi possível a visualização
de espermatozóides, porém, com baixa motilidade (10%) e vigor (1). As demais análises não foram realizadas nesta amostra.
Na segunda colheita não obtivemos êxito quanto à ejaculação, apesar do animal ter entrado em ereção após a série de
estímulos. Apenas biometria testicular foi realizada. Na terceira colheita obtivemos ejaculado com baixa concentração
(0.1x106/ml) e espermatozóides imóveis (0% motilidade e vigor). A contagem dos esfregaços desta amostra, corados com
Eosina-Nigrosina e Pope [5], demonstrou 53.33% espermatozóides vivos e 90.5% com acrossoma íntegro. A contagem em
câmera úmida apresentou 65% de espermatozóides normais; 11% apresentando defeitos maiores (1% microcefálico, 1%
macrocefálico, 1% cabeça piriforme, 3% cabeça lanciforme, 1% acrossoma anormal, 3% acrossoma protuberante, 1%
cauda fortemente enrolada) e 24% apresentando defeitos menores (5% cauda quebrada sem gota, 16% gota proximal, 3%
pescoço quebrado). Na última colheita realizada obtivemos ejaculado de boa qualidade, com motilidade 80% e vigor 5,
apresentando 79.13% espermatozóides vivos, 98.75% dos acrossomas íntegros, 80% espermatozóides normais e 20%
apresentando defeitos menores (18% cabeça lanciforme e 2% cabeça piriforme).
Média e Desvio Padrão dos dados coletados apresentaram os seguintes valores: volume 1.09±0.98ml, motilidade
22.5±38.62, vigor 1.5±2.38, concentração espermática 0.4x106±0.73/ml, porcentagem de espermatozóide anormais
13.75±17.0%, porcentagem de espermatozóides vivos 33.12±39.66% e porcentagem de espermatozóides com acrossoma
íntegro 47.31±54.74.
DISCUSSÃO
A dilatação no óstio prepucial encontrada nesta espécie segundo Franciolli [3], se trata de uma glândula utilizada
para demarcação de território. A secreção branca leitosa não determinou alteração no ejaculado, uma vez que foi limpa com
gaze e solução fisiológica antes do início de cada série de estímulos.
Em trabalho anterior realizado por Filho et al. [2] a obtenção de sêmen por eletroejaculação não foi satisfatória
determinando ejaculação em apenas um de quatro animais. Em nosso trabalho houve dificuldade em se obter sêmen nas
primeiras colheitas, o que pode ser atribuído a não padronização de estímulos necessários para obtenção de ejaculados
para a espécie.
Na primeira colheita foram realizadas 3 séries de 10 estímulos, 1o série (200, 200, 250 e 300 mA), 2o série (250,
250, 400, 400 mA) e 3o série (400, 400, 500, 500 mA) o que determinou contaminação do ejaculado por urina. Na segunda
colheita foram realizadas 3 séries de 10 estímulos, 1o série (200, 250, 300 mA), 2o série (300, 350, 400 mA), 3o série (400,
450, 500 mA) não promovendo ejaculação, mesmo havendo ereção, o que pode indicar a ocorrência de eletroejaculação
retrógrada. Na terceira colheita foram realizadas 3 séries de 10 estímulos, 1o série (200, 200, 300, 300 mA), 2o série (300,
300, 400, 500 mA), 3o série (400, 500, 500 mA) o que determinou ereção e ejaculação, porém, com um volume muito pequeno
de ejaculado (0.6ml), sugerindo também eletroejaculação retrógrada. Na última colheita foram realizadas 3 séries de 10
estímulos, 1o série (200, 250, 300 mA), 2o série (250, 300, 350 mA) e 3o série (350, 400, 450 mA), onde foi obtido o melhor
ejaculado tanto em volume quanto em qualidade espermática.
CONCLUSÃO
Com estes resultados podemos concluir que o método de eletroejaculação pode ser utilizado na colheita de
sêmen em quatis (Nasua nasua), sendo a melhor opção a utilização de amperagem reduzida subindo gradualmente sem
atingir 500mA. Acreditamos que a melhora no ejaculado se deva a adequação do número de estímulos e amperagem utilizada
durante as colheitas.
Viana C.T.R., Arruda F.P., Dutra I.G., Oliveira D., Morgado T.O., Mesquita Jr. N.C., Alves C.H., Hatamoto L.K. & Paz R.C.R. 2007.
Avaliação do método de eletroejaculação para obtenção e análise de sêmen... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s392-s394.
s394
REFERÊNCIAS
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avaliação do sêmen de quati (Nasua nasua). In: Anais do X Congresso e XV Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais
Selvagens (São Pedro, Brasil). p.180.
3 Franciolli A.L.R. 2005. Reprodução em Nasua Nasua: O Modelo Reprodutivo dos Machos. 29f. São João da Boa Vista, SP. Monografia (Bacha-
relado em Ciências Biológicas) – Programa de Graduação em Ciências Biológicas, Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio
Bastos.
4 Morato R.G., Guimarães M.A.B.V., Nunes A.L.V., Teixeira R.H., Carciofi A.C., Ferreira F., Barnabe V.H. & Barnabe R.C. 1998. Colheita e
avaliação espermática em onça pintada (Panthera onca). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science.35:198-201.
5 Pope C.E., Zhang Y.Z. & Dresser B.I. 1991. A simple staining method for evaluating acrossomal status of cat spermatozoa. Journal of Zoo
and Wildlife Medicine. 22:87-95.
www.ufrgs.br/favet/revista
Supl 2
s395
Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s395-s396, 2007.
ISSN 1678-0345 (Print)
ISSN 1679-9216 (Online)
Esofagotomia cervical para retirada de corpo
estranho em uma tracajá (Podocnemis unifilis)
Removal of esophageal foreign body through cervical
esophagotomy in a female Podocnemis unifilis
Roberta Carareto, Marlos Gonçalves Sousa, Julyana Carvalho Silva, Daniel Barbosa da Silva,
Larissa Graziella Caixeta de Lima, Eline Sousa de Costa & Liliane Moreira Silva
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ), Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus de Araguaína.
E-mail: robertacarareto@hotmail.com
ABSTRACT
A case of cervical esophagotomy to remove a foreign body in Podocnemis unifilis is reported. Success was accomplished in the
surgical procedure, although the use of currently recommended doses of xylazine and ketamine for this species did not produce an
adequate anesthetic plan to permit surgery. Therefore, inhalational anesthesia was necessary.
Key words: foreign body, fish-hook, esophagotomy, anesthesia.
INTRODUÇÃO
Os corpos estranhos são a causa mais comum de obstrução esofágica. Tais objetos podem se alojar em qualquer
porção esofágica, embora as localizações mais usuais sejam a entrada do tórax, a base do coração e o hiato diafragmático
[1,2]. Os sinais clínicos são variáveis conforme a duração e a severidade da obstrução. Geralmente há disfagia, sialorréia,
regurgitação, inchaço cervical, inapetência, pleurite, pneumotórax ou piotórax. Objetos perfurantes podem resultar em
lesões e permitir que bactérias, ingesta alimentar e secreções contaminem os tecidos subjacentes [3]. A maior parte dos
corpos estranhos pode ser removida por meios não cirúrgicos, exceto os anzóis incrustados, que demandam a realização
de esofagotomia ou esofagectomia [2]. Podem ocorrer complicações após a remoção de corpos estranhos esofágicos, tais
como esofagite, necrose isquêmica, deiscência, infecções, fistulas e estenose. Por outro lado, o prognóstico é bom se não
houver perfuração, a qual poderia causar mediatinite ou piotórax [2].
CASO CLÍNICO
Um quelônio da espécie Podocnemis unifilis, fêmea, 3,5 kg, foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína, após ser encaminhada pelo
Instituto Ambiental Estadual. O animal foi capturado após ser pescado, sendo visível parte do castoamento adentrando sua
cavidade oral.
Apresentava-se alerta e em bom estado geral. Ao realizar a palpação da região cervical, constatou-se presençade estrutura rígida e delgada na junção cervico-torácica. A radiografia revelou presença de anzol na região cervical, cranial-
mente à entrada do tórax. Optou-se pela esofagotomia cervical para remoção do corpo estranho. Para tanto, o animal recebeu
xilazina (1 mg/kg) associada à cetamina (28 mg/kg) IM. Após 30 minutos, não se obteve plano anestésico satisfatório e,
embora cetamina adicional (28 mg/kg) tenha sido administrada, não se alcançou plano cirúrgico. Desse modo, instituiu-se
anestesia inalatória com enfluorano diluído em O2 (2 L/min), fornecido através de máscara, com obtenção de plano anestésico
satisfatório. A profundidade anestésica foi monitorada através da rotação do globo ocular. Uma sonda gástrica foi introduzida
através da cavidade oral para facilitar a identificação do esôfago. Após preparo do campo cirúrgico, procedeu-se incisão
longitudinal sobre a pele da região cervical ventral, com retração do tecido subcutâneo, separação dos músculos esternoióideos
e exposição da traquéia. Subseqüentemente, os músculos esternocefálicos foram separados e retraídos, assim como a
traquéia, permitindo a exposição esofágica. Uma sonda uretral foi passada ao redor do esôfago para facilitar sua exposição.
A palpação esofágica determinou o sítio de incisão para retirada do corpo estranho, localizado na porção caudal do esôfago
cervical. Dois pontos de reparo foram colocados adjacentes ao local da incisão. Feita a incisão esofágica e identificada a
extremidade proximal do anzol, o castoamento foi seccionado e o anzol removido. O esôfago foi suturado com um plano de
sutura simples contínua, utilizando fio inabsorvível sintético. Toda área cirúrgica foi lavada com NaCl 0,9%, seguindo-se da
aproximação dos músculos esternoióideos, subcutâneo com fio absorvível orgânico e pele com nailon. O tempo cirúrgico foi de
80 minutos. Após a conclusão da síntese cutânea, o animal recebeu enrofloxacina (5 mg/kg) e flunixin meglumine (1 mg/kg) IM.
O pós-operatório baseou-se em repouso e dieta líquida/pastosa. Transcorridos cinco dias do procedimento, o animal encon-
trava-se bem, alerta e ingerindo alimentos espontaneamente. A ferida cirúrgica apresentava-se sem quaisquer sinais de
contaminação e inflamação.
Carareto R., Sousa M.G., Silva J.C., Silva D.B., Lima L.G.C., Costa E.S. & Silva L.M. 2007. Esofagotomia cervical para retirada
de corpo estranho em uma tracajá (Podocnemis unifilis). Acta Scientiae Veterinariae. 35: s395-s396.
s396
DISCUSSÃO
O caso clínico apresentado demonstra a ocorrência de corpo estranho localizado na entrada do tórax, corrobo-
rando dados da literatura, os quais postulam a entrada do tórax como um dos locais mais propícios para a parada de corpos
estranhos esofágicos [1,2].
Relativamente aos sinais clínicos, embora seja relatada a ocorrência de disfagia, sialorréia, inchaço cervical e
inapetência [3], nenhuma destas manifestações foi evidenciada no caso em questão. Tal fato provavelmente refere-se com
o provável caráter agudo, bem como com as possíveis diferenças em relação às espécies canina e felina.
Quanto ao tratamento, por tratar de um corpo estranho perfurante, optou-se pela remoção cirúrgica [2]. Ademais,
dada a condição íntegra e sadia do tecido esofágico à macroscopia, a técnica utilizada para remoção do anzol foi a esofa-
gotomia.
Sabe-se que cirurgias esofágicas devem ser evitadas sempre que possível, dado o elevado índice de complicações
após operatórias, tais como esofagite, necrose isquêmica, deiscência, infecções, fistulas e estenose [2]. Contudo, no caso em
tela, observou-se recuperação total do animal dentro de cinco dias.
CONCLUSÃO
A esofagotomia cervical foi eficaz na remoção do corpo estranho. O uso da anestesia inalatória propiciou um
adequado plano anestésico para realização do procedimento cirúrgico, bem como a utilização de um único plano de sutura
com pontos simples contínuos parece ter propiciado adequado selamento do esôfago.
REFERÊNCIAS
1 Fingeroth J.M. 1998. Afecções cirúrgicas do esôfago. In: Slatter D. (Ed). Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 2.ed. São Paulo: Manole,
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2 Fossum T.W. 2002. Cirurgia do esôfago. In: Fossum T.W. (Ed). Cirurgia de Pequenos Animais. 1.ed. São Paulo: Roca. pp.257-289.
3 Maccoy D.M. 2004. Corpo estranho esofágico. In: Harari J. (Ed). Segredos em Cirurgia de Pequenos Animais. Porto Alegre: Artmed, pp.159-162.
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Supl 2
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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s397-s398, 2007.
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Primeiro relato científico sobre a presença de Chloroceryle americana
(martim-pescador-pequeno) na região urbana do município de
Goiânia-GO e sua relação com a vigilância epidemiológica
First scientifical report about Chloroceryle americana (small kingfisher)
in the urban area of Goiânia-GO and its relationship with the epidemic surveillance
José Filho Hidasi1, Hilari Wanderley Hidasi2, Leila Maria Leal Parente3,
Marco Tulio Antônio Garcia Zapata4 & Flávia Gontijo Lima5
1Instituto Trópico Subúmido (ITS), Universidade Católica de Goiás (UCG) & Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública
(IPTSP),Universidade Federal de Goiás (UFG). 2Pós-graduação, Clínica e Cirurgia de Animais Selvagens e Exóticos, Qualittas.
3Doutoranda, Ciência Animal, área: Patologia, Clínica e Cirurgia, Escola de Veterinária-UFG. 4Infectologista, Instituto de Patologia Tropical
e Saúde Pública (IPTSP)-UFG. 5Mestranda, Ciência Animal, área: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal, Escola de Veterinária-UFG.
E-mail: hidasifilho@bol.com.br
ABSTRACT
The species Chloroceryle americana belongs to the family Cerylidae and it is known popularly as small martim-fisherman. It is
a bird of the day, being found in ciliary forests of the whole area of the savannah, so much in the State of Goiás as in other units of the
Federation. The species was found for the first time in the city of Goiânia and that fact was registered and told, therefore in agreement with
a surveillance study accomplished in 1996, it was demonstrated that samples of wild birds, residents and migratory of Brazil they were positive
for the influenza A virus, and it was evident the need to monitor birds as viral reservoirs, for the risk of the emergence of new virus in avian popu-
lations, that could cause serious economical damages for the poultry industry as well as to present serious endemic potential for the man.
Key words: Chloroceryle Americana – epidemic surveillance.
INTRODUÇÃO
A espécie Chloroceryle americana pertence à família Cerylidae e é conhecida popularmente como martim-pescador-
pequeno. É uma ave silvestre com dieta constituída basicamente por peixes, insetos e pequenos vertebrados. Provavelmente
devido à escassez de alimentos e ao processo desenfreado de desmatamento, a ave pode algumas vezes ser encontrada
em cidades ribeirinhas do estado de Goiás, embora sua presença na cidade de Goiânia ainda não tivesse sido relatada
[2,3,7,10,11].
Admitindo-se que a grande parte das enfermidades humanas sejam originadas em reservatórios animais, estima-
se que aproximadamente 75% das doenças emergentes sejam zoonoses. A influenza aviária é uma enfermidade epizoótica
de aves, provocada pelo vírus influenza A e seus subtipos, com distribuição mundial, que integra a lista A da Organização
Mundial de Saúde Animal (OIE). A principal via de transmissão viral é a horizontal, representada principalmente por excreções
e secreções de aves migratórias [1,4,12].
O martim-pescador pequeno é uma ave diurna, sendo encontrada em matas ciliares de toda a região do cerrado,
tanto no Estado de Goiás como em outras unidades da Federação [2,3,7]. Sua presença na cidade de Goiânia foi relatada
nesse trabalho, pois como todas as aves são suscetíveis à infecção pelo vírus da influenza A [12] fica evidente a necessidade
de monitoração dessa ave, bem como de outras aves fora de seu habitat natural, devido ao fato de poderemconstituir-se
reservatórios virais e atuarem como agentes disseminadores de enfermidades, como da influenza A.
RELATO DE CASO
Uma C. americana fêmea, com coloração verde oleosa na região dorsal, castanho na região ventral e branco na
região anterior do abdome, com 19 cm de comprimento, voava baixo e bateu contra uma parede de pintura clara do Instituto
do Trópico Subsumido (ITS) da Universidade Católica de Goiás. Com o apoio de um aparelho portátil para referenciamento
geográfico (GPS) foram determinadas as seguintes coordenadas do local onde a ave foi encontrada: latitude 16° 40’ 02’’;
longitude 49° 15’ 02’’ a Oeste de Grenwish; altitude a 730 metros de clima tropical segundo classificação do INMET, com média
no índice pluviométrico entre 1300 a 1600 mms. A região pertence ao Parque Atheneu, bairro de Goiânia - Goiás. A avaliação,
identificação sistemática e empalhamento da ave foram realizados no Departamento de Taxidermia do Memorial de Cerrado
(ITS). Após avaliação da sistemática foi catalogada como um espécime pertencente á Ordem Coraciforme, Família: Alcedinidae,
Gênero: Chloroceryle, Espécie: Chloroceryle americana, conforme foi também caracterizado por DUNNING (1987). Nome
popular: martim-pescador-pequeno.O local onde esta ave foi encontrada fica na beira de uma represa, mas especificamente
de um criadouro artificial de peixes, fato também compatível com o próprio habitat já referido para a espécie aqui descrita [2].
Hidasi J.F., Hidasi H.W., Parente L.M.L., Zapata M.T.A.G. & Lima F.G. 2007. Primeiro relato científico sobre a presença de
Chloroceryle americana (martim-pescador-pequeno) na região urbana... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s397-s398.
s398
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
A migração de aves pode estar relacionada com a disseminação de doenças tanto humanas como animais,
principalmente de etiologia viral, tais como a encefalites do Oeste do Nilo, doença de newcastle, influenza aviária, mielinopatia
vacuolar aviária, bem como de outras etiologias variadas como micoplasmas, fungos e parasitos. Conhecida há mais de um
século, a influenza aviária é uma das maiores preocupações mundiais da atualidade. As variantes de alta patogenicidade
podem causar diversos prejuízos relacionados à mortalidade de aves, restrições econômicas internacionais e repercussões
na saúde pública. Embora a doença seja exótica no Brasil, a vigilância epidemiológica da influenza foi organizada no país há
seis anos e representa o esforço institucional de todos os níveis do Sistema Único de Saúde, integrando ações e preparando
um plano de contingência para o enfrentamento da próxima pandemia da influenza. Nesse sentido, foi feita uma parceria
com o Ministério da Agricultura para uma maior integração entre as vigilâncias da influenza humana e animal. Também há
um interesse especial na vigilância de aves migratórias, através do Plano Nacional de Prevenção a Influenza Aviária, que
entre outras medidas promove a realização de inquéritos soro-epidemiológicos em aves migratórias [1,3,6,8].
O fato do martim-pescador ter sido encontrado pela primeira vez na cidade de Goiânia foi relevante e dessa forma
foi registrado e relatado nesse trabalho, pois de acordo com um estudo de vigilância realizado em 1996, ficou demonstrado
que amostras de aves selvagens, residentes e migratórias do Brasil foram positivas para o vírus da influenza A. Embora o
papel das aves migratórias na disseminação desse vírus não esteja bem estabelecido, fica evidente a necessidade da monito-
ração das aves, de acordo com o Plano Nacional de Sanidade Avícola [9], por essas poderem atuar como reservatórios
virais, e assim, favorecerem a introdução e disseminação de novos vírus em populações aviárias, o que poderia acarretar
sérios prejuízos econômicos para a indústria avícola, bem como apresentar grave potencial endêmico para o homem [6].
REFERÊNCIAS
1 Donaliso, M.R. 2005. Pandemia de Influenza: Seminário Nacional. Revista Brasileira de Epidemiologia, 8. Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132005000500012&lng=pt&nrm=iso acessado em: 10/02/2007.
2 Dunning J.S. 1987. South American birds. Pensilvânia: Newtown Square, 351p.
3 HidasiI J. 1997. Aves de Goiânia. Goiânia: Fundação Jaime Câmara, 324p.
4 Horinomoto T. & Kawaoka Y. 2001. Pandemic threat by avian influenza A viruses. Clinical Microbiology Review,14:129-149.
5 Ibiapina C.C., Costa G.A. & Faria A.C. 2005. Influenza A aviária (H5N1) – A gripe do frango. Journal Brasileiro de Pneumologia, 31. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132005000500012&lng=pt&nrm=iso acessado em: 10/02/2007.
6 Kawamoto A.H.N., Mancini D.A.P., Pereira L.E., Cianciarullo A.M., Cruz A.S., Dias A.L.F., Mendonça R.M.Z., Pinto J.R., Durigon E.L. 2006.
Investigation of influenza in migrating birds, the primordial reservoir and transmitters of influenza in Brasil. Brazilian Journal of Microbiology, 36:
88-93.
7 Maclean G.L. 1993. Robert’s Birds of Southem Africa. London: John Voelcker Bird Book, 870 p.
8 MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reforça as medidas de
prevenção à influenza aviária. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/ acessado em: 07/02/2007.
9 MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA). Disponível em: http://www.agricultura.
gov.br/ acessado em: 07/02/2007.
10 Sick H. 1997.Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 912p.
11 Sousa D.G.S. 1998. Todas as aves do Brasil. Feira de Santana: DALL. Feira de Santana, 253 p.
12 Vranjac A. 2006. Influenza Aviária. Revista de Saúde Pública, 40:187-190.
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Descrição de um caso de osteossarcoma em ferret
Report case of osteosarcoma in ferrets
Sérgio Diniz Garcia1, Maristela Rodrigues Soares2, Alexandre Redson Soares Silva2,
Talita Floreing Brêda Souza2, Priscilla Mitie Matayoshi2, Maria Cecília Rui Luvizotto3,
Paulo César Ciarlini4 & Luciana del Rio Pinoti Ciarlini5
1Professor Assistente Doutor da Disciplina de Clínica das Intoxicações e Plantas Tóxicas - UNESP Araçatuba. 2Médico Veterinário
Residente do Hospital Veterinário “Luis Quintiliano de Oliveira” - UNESP Araçatuba. 3Disciplina de Clínica das Intoxicações e Plantas
Tóxicas - UNESP Araçatuba. 4Residente do Hospital Veterinário “Luis Quintiliano de Oliveira” – UNESP, Araçatuba, SP/Brasil.
E-mail: ciarlini@fmva.unesp.br
ABSTRACT
Osteosarcoma is an osseous, primary and malignant tumor, it‘s not much reported in ferrets. The objective of this report is to
describe a case of osteossarcoma in the right upper jaw region of this species. It was directed to clinical attendance of “Luiz Quintiliano de
Oliveira” Veterinary Hospital of Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Araçatuba; a ferrets, male, one year old, with description
of anorexy, progressive emaciation, lethargy, apathy and increase of volume in right upper jaw region of firm consistency. To the simple radio-
graphic examination had been observed alterations of trabecular lamella, ring shaped lysis areas in the bones of skull, loss of the radiographic
visualization of the right arch zygomatic with increase of volume and radiopacity of adjacent soft tissues. These radiographics alterations
had been suggestive of osseous neoplasia. To the cytopathologic examination was observed cells with pale blue vacuolated cytoplasm,
macrokaryosis, anisokaryosis, pleomorphism and rare mitosis. These cytopathologic findings are typical features of osteosarcoma.
Key words: ferrets, osteosarcoma.
INTRODUÇÃO
O ferret (Mustela putorius furo) é um pequeno carnívoro da família dos Mustelídeos, cuja criação como animal de
estimação vem aumentando consideravelmente nos últimos anos[7].
As neoplasias são comuns em ferrets, acometendo animais na faixa dos três anos de idade ou mais, porém, há
relatos em animais com menos de quatro meses de idade [3].
Em um trabalho realizado com 429 ferrets as lesões histopatológicas observadas foram neoplásicas em 301
animais (70%) e esses animais, tinham em sua maioria, mais de três anos de idade [1].
Os três tumores mais comuns nestes pacientes são o linfoma, o insulinoma e o adenocarcinoma da adrenal. Outros
tumores também relatados incluem os condromas e os osteossarcomas [3]. O osteossarcoma é um tumor ósseo, primário e
maligno, cuja constituição inclui tecido osteóide, ósseo e cartilagem maligna [6,9]. Neoplasias ósseas primárias surgem de
células localizadas no tecido ósseo, como o osteossarcoma, o condrossarcoma, o fibrossarcoma, entre outros. É comum a
presença de metástase pulmonar, geralmente observada no início da enfermidade. Embora menos de 5% dos pacientes
afetados apresentem metástases torácicas detectáveis no exame radiográfico, cerca de 90% desses pacientes vêm a óbito
ou são eutanasiados no período de um ano após o diagnóstico, como conseqüência de complicações associadas à metástase
pulmonar [2,8].
O diagnóstico preciso do tumor ósseo primário requer um protocolo estabelecido com anamnese, exame físico,
avaliações hematológicas, exame radiográfico e biópsia para avaliação histológica [2,3].
Os três tipos de osteossarcoma podem ser identificados: osteoclástico, esclerótico e o misto onde há mistura de
áreas de lise e proliferação óssea. Os sinais radiográficos incluem: um padrão ósseo misto; irregularidades no contorno ósseo;
reação óssea periosteal proliferativa adjacente promovendo o desenvolvimento do triângulo de Codman, onde as lesões
geralmente não ultrapassam o espaço articular, mas podem infiltrar no osso adjacente. Edema de tecidos moles adjacentes
também pode ser observado. Embora as alterações radiográficas associadas com osteossarcoma não possam ser diferen-
ciadas de outras doenças ósseas, como osteomielite, a junção destas com os dados do exame clínico poderão sugerir a
neoplasia como provável diagnóstico [2,4,5].
RELATO DE CASO
Um ferret macho, de um ano de idade, foi atendido no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira” da Universi-
dade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Araçatuba; com histórico de anorexia, emagrecimento progressivo, letargia e
apatia. Ao exame clínico observou-se aumento de volume com aproximadamente quatro cm de diâmetro na região maxilar
direita, de consistência firme e sensibilidade aumentada, porém sem hipertermia local. O animal apresentava respiração
superficial, com freqüência respiratória de 30 mpm, freqüência cardíaca de 240 bpm e temperatura de 39,5°C.
Garcia S.D., Soares M.R., Silva A.R.S., Souza T.F.B., Matayoshi P.M., Luvizotto M.C.R., Ciarlini P.C. & Ciarlini L.R.P. 2007.
Descrição de um caso de osteossarcoma em ferret. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s399-s400.
s400
O paciente foi encaminhado ao Setor de Radiologia Veterinária para investigação da suspeita clínica de neoplasia
ou osteomielite e possível metástase pulmonar. No exame radiográfico simples para avaliação da região maxilar superior
direita foram realizadas as projeções lateral direita e ventrodorsal onde foram observadas alterações no trabeculado ósseo,
áreas de osteólise circulares nos ossos do crânio, perda da visualização radiográfica do arco zigomático em seu ramo
direito, com aumento de volume e radiopacidade dos tecidos moles adjacentes, além de calcificações nesses tecidos. Foram
realizadas as projeções lateral direita, lateral esquerda e ventrodorsal para avaliação torácica. Não foram observadas altera-
ções sugestivas de metástase pulmonar. Estas alterações radiográficas foram sugestivas de neoplasia óssea, com diagnóstico
diferencial para osteomielite.
Foi realizada a punção-biópsia-aspirativa do aumento de volume no maxilar superior direito, para coleta do material
e confecção de lâminas, as quais foram encaminhadas ao Setor de Patologia Veterinária. Ao exame citopatológico foi
observado células com citoplasma basofílico e vacuolizado, macrocariose, anisocariose, pleomorfismo celular e raras mitoses.
Esses achados citopatológicos são características típicas de osteossarcoma.
O resultado foi comunicado ao proprietário e por opção do mesmo, nenhum tratamento foi instituído. Após quatro
dias da confirmação da suspeita clínica, o paciente veio a óbito.
DISCUSSÃO
Da família dos Mustelídeos, o ferret tornou-se um importante animal de estimação em diversas partes do mundo,
propiciando assim, a identificação e o diagnóstico de doenças e neoplasias pouco ou ainda não relatadas [1].
Radiograficamente foram observadas alterações no trabeculado ósseo, áreas de osteólise circulares nos ossos
do crânio, perda da visualização radiográfica do arco zigomático em seu ramo direito, com aumento de volume e radiopacidade
dos tecidos moles adjacentes, além de calcificações nesses tecidos, esses sinais estão de acordo com a literatura consultada
[4]. Toda a lesão óssea, lítica ou proliferativa, deve ser biopsiada antes que se estabeleça o diagnóstico definitivo [5]. A realização
da radiografia torácica para pesquisa de metástase é recomendada antes da remoção de qualquer tumor em ferrets, para o
estabelecimento do prognóstico do paciente [1]. Neste caso, o exame radiográfico torácico foi realizado, não exibindo alte-
rações metastáticas no pulmão. Porém prognóstico foi considerado reservado, devido às alterações osteolíticas presentes
no arco zigomático e ao estado geral do animal.
Os sinais clínicos, a anamnese e o exame radiográfico colaboraram na redução das possibilidades diagnósticas,
porém o diagnóstico definitivo foi fundamentado na histopatologia [2,8]. Neste caso, a confirmação do osteossarcoma foi
baseado na citopatologia.
Embora não haja referências específicas sobre a espécie citada, o animal veio a óbito devido as complicações
decorrentes da evolução da doença. Corroborando com a citação da espécie canina [2,6].
CONCLUSÃO
Conclui-se, com este trabalho, que houve um caso de osteossarcoma em ferret, embora esta não seja uma neoplasia
comum nesta espécie, os exames radiográfico e citopatológico mostraram-se eficientes para o diagnóstico do caso.
REFERÊNCIAS
1 Brown S.A. 1997. Neoplasias. In: Ferrets, Rabbits, and Rodents. Philadelphia: W.B. Saunders Company, pp.99-114.
2 Fossum T.W. 2005. Outras Osteopatias e Artropatias. In: Cirurgia de Pequenos Animais, 2.ed. São Paulo: Editora Roca, pp.1160-1183.
3 Greenacre C.B. 2005. Neoplasia and Surgery in Ferrets. 1: 7-15 [Fonte: < http://www.vet.utk.edu/continuing_ed/05decCE/greenacre2.pdf>].
4 Kealy J.K. & McAllister H. 2005. Radiologia e Ultra-sonografia do Cão e do Gato, 3.ed. São Paulo: Editora Manole Ltda, pp.253 -297.
5 Nelson R.W. & Couto C.G. 2001. Neoplasias Selecionadas em Cães e Gatos. In: Medicina Interna de Pequenos Animais, 2.ed. São Paulo:
Editora Guanabara Koogan, pp.897-908.
6 Newton C.D. & Biery D.N. 2005. Moléstias Esqueléticas. In: Ettinger S.J. (Ed). Tratado de Medicina Interna Veterinária. 3.ed. vol.4. São Paulo:
Editora Manole, pp.2494-2507.
7 Quinton J.F. 2005. Novos Animais de Estimação.São Paulo: Editora Roca, pp.3-13.
8 Straw R.C. 1996. Tumors of the musculoskeletal system. In: Withrow S.J. & Macewen E.G. (Eds). Small Animal Clinical Oncology, 2nd edn.
Philadelphia: WB Saunders, ??? pp.
9 Straw R.C. 2004.Tumores ósseos e articulares. In: Ettinger S.J. & Feldman E.C.Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5.ed. vol.1. São Paulo:
Editora Guanabara Koogan, pp.568-573.
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Leptospirose em primatas não humanos de vida livre
da espécie Alouatta caraya no município de Porto Rico-PR
Leptospirosis in free life no-human primates
of specie Alouattacaraya from Porto Rico county, PR
Francielle Gibson Silva-Zacarias1,6, Kledir Anderson Hofstaetter Spohr1, Bruna Azevedo
de Carvalho Lima1, Walfrido Kühl Svoboda1,3, Luciano de Souza Malanski1, Lucimara Aparecida Alves1,
Marcos Massaaki Shiozawa1,5, Carmen Lúcia Scortecci Hilst1, Ângela Maron4, Lucas de Moraes Aguiar2,
Gabriela Ludwig2, Fernando de Camargo Passos2, Valmir Ortiz da Silva4, Italmar Teodorico Navarro1
& Júlio César de Freitas1
1Universidade Estadual de Londrina, CCA, DMVP. 2Universidade Federal do Paraná. 3Universidade Federal do Paraná - Campus
Palotina. 4Secretaria Estadual de Saúde do Paraná. 5Universidade Norte do Paraná. 6 Universidade Estadual do Norte do Paraná.
E-mail: francielleg@hotmail.com
ABSTRACT
Zoonosis epizootics, like leptospirosis, have been recognized in different species of wild animals. Few clinical signals are observed
in non-human primates, however deaths are related. Serum samples of 17 animals of the Alouatta caraya, captured in the Porto Rico county,
PR, were tested by seroaglutination microscopic with 22 serovares of Leptospira spp. One (5,88%) sample was positive against serovar
Australis, titre 50. Despite low leptospirosis occurrence found, more studies must be carried out to relationship non-human primates (Alouatta
caraya) and the leptospirosis in wild environment.
Key words: leptospirosis, zoonosis, primates non-human, Alouatta caraya.
INTRODUÇÃO
A Leptospirose é uma zoonose de importância mundial com implicações na saúde pública e animal, sendo causada
por uma espiroqueta do gênero Leptospira. Sinais clínicos.severos são pouco observados em primatas não humanos
(PNH), contudo relata-se a ocorrência de febre, sede, conjuntivite, perda de peso, icterícia, gastroenterite, hepatomegalia, rins
e adrenais aumentados, hemorragia, seguido de óbitos [2,4]. Embora pouco estudadas, as epizootias em animais silvestres,
como a leptospirose, podem constituir importantes indicadores em Saúde Pública pela demonstração da circulação de
agentes causadores de doenças zoonóticas no meio ambiente [6]. Entre os diferentes métodos para o diagnóstico da
leptospirose, a soroaglutinação microscópica (SAM) é o mais utilizado [3]. Tendo em vista a ocorrência de epizootia sem diag-
nóstico definido, com a morte de 14 PNH da espécie Alouatta caraya no município de Porto Rico – PR em 2001, este estudo
tem por objetivo realizar o diagnóstico da leptospirose pela SAM nesta espécie animal de vida livre deste município.
MATERIAIS E MÉTODOS
Após a definição e seleção dos ecossistemas de estudo (região do município de Porto Rico-PR), foram capturados
nas ilhas do rio Paraná, 17 animais da espécie Alouatta caraya, no período de 15/10/2004 a 18/07/2005. Os animais foram
capturados e tranqüilizados por técnicas apropriadas para esta espécie, sendo submetidos à coleta de sangue [5,6].
Após a obtenção do soro, estes foram acondicionados em frasco estéril e mantidos à -20º C até a realização da
prova de soroaglutinação microscópica (SAM), no Laboratório de Leptospirose do Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva (DMVP) – UEL, utilizando 22 sorovares de leptospiras de referência (Australis, Bratislava, Autumnalis, Butembo,
Fortbragg, Castellonis, Bataviae, Canicola, Whitcombi, Cynopteri, Sentot, Grippotyphosa, Hebdomadis, Copenhageni,
Icterohaemorrhagiae, Panama, Pomona, Pyrogenes, Wolff, Hardjo, Shermani e Tarassovi). Os soros que apresentaram
aglutinação = 2+ na diluição 1:50 foram considerados positivos e foram seriadamente diluídos e examinados até a determi-
nação da diluição máxima positiva [7].
RESULTADOS
Do total de amostras, apenas uma (5,88%) apresentou resultado positivo com anticorpos contra o sorovar Australis
com título de 50.
DISCUSSÃO
A leptospirose em PNH têm sido raramente descrita no Brasil, provavelmente pela dificuldade na captura e coleta
de amostras biológicas destes animais e pela escassez de sinais clínicos apresentados.
Silva-Zacarias F.G., Spohr K.A.H., Lima B.A.C., Svoboda W.K., Malanski L.S., Alves L.A., Shiozawa M.M., Hilst C.L.S., Maron Â., Aguiar
L.M., Ludwig G., Passos F.C., Silva V.O., Navarro I.T. & Freitas J.C. 2007. Leptospirose... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s401-s402.
s402
Estudos sorológicos têm reportado taxa de sororreatividade para Leptospira spp. variando de 1% a 21%, dependendo
da região geográfica e da espécie de PNH envolvida [2,3]. No Brasil, uma investigação sorológica realizado em diferentes
espécies de animais silvestres do estado de Tocantins, demonstrou um índice de positividade para leptospirose de 2,44 %
(2/82) dos PNH (Alouata caraya), inferior a ocorrência de 5,88% (1/17) encontrada neste trabalho. Apesar da baixa positividade
encontrada nos animais estudados, a soropositividade de apenas um animal pode indicar a circulação de leptospiras no
microecossistema estudado [9].
Os PNH da espécie Alouata caraya vivem exclusivamente na copa das árvores, são herbívoros estritos e ainda,
neste trabalho, eram residentes nas ilhas formadas ao longo do rio Paraná [1]. Assim, a ausência ou o pouco contato com
roedores silvestres, importante reservatórios de Leptospira spp. e outras espécies de mamíferos alocados na mesma região
de estudo podem representar um fator de proteção contra a infecção [3].
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos observou-se uma baixa ocorrência de leptospirose em PNH da espécie Alouatta
caraya na região estudada. Estudos mais amplos devem ser realizados para determinar se estes primatas possuem algum
papel dentro da ecoepidemiologia da leptospirose no ambiente silvestre em questão.
Apoio financeiro: SESA-PR, SETI-PR, CAPES, CNPq.
Colaboração Técnica: Instituto Evandro Chagas-Belém/PA e IBAMA-PR.
Agradecimentos: Equipe Entomologia SESA-PR, Porto Rico-PR.
REFERÊNCIAS
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8 Portaria N° 5. 21/02/2006 - DNC (publicada no D.O.U. – Seção 1 - N° 38 de 22/02/2006)
9 Souza Jr., M.F., Lobato, Z.I.P., Lobato, F.C.F. & Moreira, E.C. 2006. Presença de anticorpos da classe IgM de Leptospira interrogans em
animais silvestres do Estado do Tocantins, 2002. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 39: p. 292-294.
www.ufrgs.br/favet/revista
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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s403-s404, 2007.
ISSN 1678-0345 (Print)
ISSN 1679-9216 (Online)
Cistoadenoma apócrino em Callithrix jaccus
Apocrine cystadenoma in Callithrix jaccus
Paloma Costa Villar1, Adamas Tassinari Bonfada2, Adriana de Abreu Farias Rocha3, Vanessa Bastos
de Castro4, Marcos Borges Ribeiro4, Tatiana Vieira Sinay Neves4 & Levi de Castro Fiuza5
1Graduação, Curso de Medicina Veterinária, União Metropolitana de Educa ção e Cultura (UNIME), Salvador/BA.
2Setor de Patologia e Clínica Cirúrgica, Curso de Medicina Veterinária-UNIME. 3Médica Veterinária, UNIME.
4Curso de Medicina Veterinária-UNIME. 5Médico Veterinário Autônomo.
E-mail: adamasb@yahoo.com.br
ABSTRACT
Apócrinecystadenoma are benign tumor showing differentiation to an apocrine secretory epithelium. It is a rare tumor in Callithrix
jaccus and the etiology is still unknown. This article reports a case of a two-year-old Callithrix jaccus, male, that presented a cutaneus nodule
with approximately two centimeters of diameter and unknown evolution. Histopathological diagnostic was apocrine cystadenoma.
Key words: Apocrine Cystadenoma, Callithrix jaccus, Apocrine gland.
INTRODUÇÃO
As neoplasias epiteliais benignas originadas das glândulas são chamados adenomas. Se assumir aspecto
cístico, são denominadas de cistoadenomas [3]. Apresenta diferenciação de epitélio secretório apócrino com proliferação
glandular [5]. Normalmente esses adenomas continuarão a crescer lentamente por expansão, mas não invadem a derme ou
desenvolvem metástases [2].
O adenoma apócrino é um tumor de causa desconhecida, geralmente pequeno, de crescimento lento, cístico e
circunscrito. Seu aspecto lembra o epitélio glandular ou ductal [1].
Os adenomas apócrinos assemelham-se às glândulas apócrinas normais, apresentando maior variação quanto
ao tamanho ou em relação a projeções papilares voltadas para os lúmens. Habitualmente os neoplasmas estão circundados
por uma abundante quantidade de tecido conjuntivo colágeno denso [4].
São comuns em cães e menos freqüentes em gatos, já em Callithrix jaccus são raros. Não há predileção sexual.
Geralmente está localizado na derme e subcutis, macio à palpação e muitas vezes apresenta uma saliência circunscrita na
pele. Ao corte alguns tumores apresentam aspecto multilobulados e císticos, os lóbulos quando cortados apresentam um
fluido claro, e possui um septo interlobular fino do tecido conjuntivo [5].
Raramente, os tumores das glândulas apócrinas, especialmente da pele, podem conter células mioepiteliais e
cartilagem, parecendo-se aos tumores mistos da glândula mamária canina. Essas neoplasias são conhecidas como tumores
mistos das glândulas apócrinas [4].
RELATO DE CASO
Um Callithrix jaccus de dois anos de idade, macho foi encaminhado ao Hospital Veterinário (Hosvet) da União
Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME) para avaliação de um nódulo cutâneo localizado na região do terço médio
cervical ventral de aproximadamente 2 cm de diâmetro de evolução desconhecida. Após exame clínico completo foi indicado
exérese do mesmo.
À remoção cirúrgica o nódulo apresentava-se aderido à pele, mas não a tecidos profundos, envolvendo todas as
camadas cutâneas com relativa vascularização, de consistência firme, não friável e aparência rosada.
A amostra retirada foi submetida a avaliação histológica. Observou-se uma macroscopia de massa tecidual par-
cialmente revestida por pele e medindo 15 x 10 x 5 mm. Ao corte a massa exibia consistência macia a firme e evidenciou
cavidade cística preenchida por material gelatinoso castanho.
Na microscopia observou-se, na derme, área nodular de proliferação de estruturas gladulares ductais bem
diferenciadas cujas células exibem sinais de secreção apócrina. Algumas estruturas ductais apresentaram dilatação cística.
Não se evidenciaram sinais de malignidade e toda a lesão estava contida na amostra examinada.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
No presente relato o Cistoadenoma apócrino apresentou-se como um nódulo cutâneo aderido à pele mas não a
tecidos profundos, apenas envolvendo as camadas cutâneas de acordo com o descrito na literatura [2,5].
Villar P.C., Bonfada A.T., Rocha A.A.F., Castro V.B., Ribeiro M.B., Neves T.V.S. & Fiuza L.C. 2007. Cistoadenoma apócrino em
Callithrix jaccus. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s403-s404.
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De acordo com o que foi encontrado na macroscopia, foi possível observar uma consistência macia a firme
confirmando dados da literatura com informações acerca de cães e gatos [4,5]. Os nódulos macios á palpação e habitualmente
circundados por uma abundante quantidade de tecido conjuntivo denso também foram considerados semelhantes aos
tumores apresentados e descritos como em cães e gatos [4,5].
Já na microscopia observou-se que de fato havia uma proliferação de estruturas glandulares ductais bem dife-
renciadas com sinais de secreção apócrina sendo portanto considerado um cistoadenoma apócrino. A importância deste
caso é o realto de um caso comum para caninos e felinos, porém raro em outras espécies como o Callithrix jaccus) [5].
REFERÊNCIAS
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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s405-s407, 2007.
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Piometra caseosa em coelho (Oryctolagus cuniculus)
Piometra caseosa em coelho (Oryctolagus cuniculus)
Thalita Calvi1, Tilde Froes2, Rogério R. Lange2, Palloma Rose1 & Juliano dal Pizzol1
1Residente, Hospital Veterinário, Universidade Federal do Paraná (UFPR). 2UFPR.
E-mail: tilde@ufpr.br
ABSTRACT
The domestic rabbit, Oryctolagus cuniculus, is a lagomorpha of the Leporidae family and is as all mammals susceptible to bacterial
infections. The bacteria infections are common in rabbits and inflict an inflammatory response shown by caseous purulent material and
abscesses. One rabbit, (Oryctolagus cuniculus), female, adult was evaluated in the exotic animal ambulatory at the Universidade Federal
do Paraná Animal Hospital with a history of infertility, apathy and decreased appetite for two months; on abdominal palpation a rigid structure
and an enlarged uterus was presented. The hematological and bioquimical results showed no major alterations. X-Ray and Ultrasound
studies were performed and findings were compatible with pyometra. The animal was referred to therapeutic OSH, where a intrauterus
caseous mass and purulent material were found.
Key words: rabbit, pyometra, caseous.
INTRODUÇÃO
Piometra é um distúrbio do diestro mediado por hormônio. A doença corresponde à infecção bacteriana dentro do
útero que resulta em bacteremia e toxemia que variam de discretas a intensas, implicando risco de morte [3].
O coelho doméstico, Oryctolagus cuniculus, é um lagomorfo da família Leporidae [4]. Foi domesticado há séculos e
vem sendo instituído como animal de estimação nas últimas décadas por seu comportamento dócil e facilidade de manejo [5].
Os coelhos têm uma vida sexual que se inicia aproximadamente aos 4 meses e meio e se prolonga até os 4 anos,
com uma longevidade média de 6 anos. Possuem ovulação induzida, ocorrendo entre 9 e 13 horas após a cópula [4,5].
A infertilidade nos coelhos além de infreqüente é uma condição de difícil diagnóstico, com exceção do período
fisiológico de quietude sexual nos primeiros meses de inverno. Fatores que podem contribuir para uma real ou aparente
infertilidade são a imaturidade ou senescência, estresse pelo calor, superlotação de gaiolas, exaustão sexual, depressão
sazonal, acasalamento incompatível, estimulação estrogênica, infecção ou neoplasia uterina, espiroquetose venéria, intoxi-
cação, deficiências nutricionais, ruídos, pseudo gestação e infestação por Oxiuros sp. [4].
As infecções bacterianas são comuns em coelhos e incitam uma reação inflamatória caracterizada por pus caseoso
e abscessos [9]; que decorre da ausência de enzimas lisossômicas nos neutrófilos (heterófilos) formando secreção purulenta
grosseira e com aspecto esbranquiçado e cremoso [6]. Este atributo faz com que o tratamento antibiótico isoladonão tenha
sucesso em coelhos, e aliado com a sensibilidade característica da espécie a alguns antibióticos e seus efeitos adversos,
fazem com que o tratamento das infecções bacterianas nesta espécie seja muito mais difícil [9,10].
A contaminação (e não a proliferação) bacteriana do útero parece ser um fenômeno normal durante o proestro e
estro. A fonte de bactérias é a flora normal da vagina, as quais penetram pela cérvix para o interior do útero durante o proestro
e o estro [3].
As metrites em coelhos são predominantemente relacionadas com a infecção por Pasteurella sp, Staphylococcus
sp e Listeria sp; porém uma grande variedade de enterobactérias Gram-negativas também podem estar envolvidas [4,8,9].
As anormalidades observadas no exame físico que são compatíveis com piometra incluem depressão, desidrata-
ção, febre, aumento palpável de útero e corrimento vaginal. A temperatura retal pode estar aumentada, normal ou diminuída.
A urina normal do coelho possui porfirinas e apresenta coloração que varia do amarelo opaco ao vermelho alaranjado ou
marrom, assemelhando-se a pus ou sangue; portanto, cuidados devem ser tomados durante a avaliação do aspecto da
urina nestes animais [3,4,7].
As alterações hematológicas e bioquímicas observadas em coelhos, relacionadas a infecções bacterianas, não
são similares às encontradas em outros mamíferos [10]. Os coelhos com infecções bacterianas podem não mostrar um
aumento na contagem total de leucócitos. Ao invés disso, a contagem relativa de heterófilos pode aumentar e ser responsável
por mais de 90% da contagem total de leucócitos [8]. Os eritrócitos nucleados também podem ser vistos em coelhos com
infecções bacterianas agudas. Os sinais gerais de doença infecciosa incluem hipertermia, letargia e anorexia [9].
Os neutrófilos, em especial aqueles observados em lesões supurativas, lembram os eosinófilos em virtude de
numerosos grânulos eosinofílicos citoplasmáticos, sendo conhecidos como heterófilos [4].
O diagnóstico por imagem é importante na avaliação e confirmação do aumento dos cornos uterinos assim como
a presença de massas e estruturas percebidas no exame clínico [1].
Calvi T., Froes T., Lange R.R., Rose P. & Pizzol J. 2007. Piometra caseosa em coelho (Oryctolagus cuniculus).
Acta Scientiae Veterinariae. 35: s405-s407.
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Dentre os principais diagnósticos diferenciais para a piometra caseosa podemos considerar a retenção e ma-
ceração fetal e o adenocarcinoma uterino [9].
O presente relato tem por objetivo mostrar a importância de exame físico criterioso e dos exames complementares
diagnósticos em coelhas com histórico de infertilidade.
RELATO DE CASO
Um coelho (Oryctolagus cuniculus), fêmea, adulto foi atendido no ambulatório de animais selvagens do Hospital
Veterinário da Universidade Federal do Paraná com histórico de infertilidade, apatia e hiporexia há aproximadamente dois
meses.
Durante o exame físico observou-se bom estado geral, comportamento característico da espécie, mucosas normo-
coradas, hidratação adequada, TPC igual a 2 segundos, auscultação cardíaca e pulmonar sem alterações, presença de
secreção branca espessa e viscosa misturada a urina. A palpação abdominal revelou a presença de estrutura firme e irre-
gular de aproximadamente 2,5 centímetros de comprimento em região mesogástrica caudal e aumento de volume de cornos
uterinos.
Para auxílio ao exame clínico foram solicitados os exames de hemograma, bioquímica sérica, radiografia e ultra-
sonografia abdominal. Os resultados do hemograma e da bioquímica estavam dentro dos parâmetros normais para a espécie.
A imagem radiográfica sugeriu aumento de volume de cornos uterinos e identificou a presença de estrutura epi/
mesogástrica tubular com radiopacidade de tecido mole, bem delimitada medindo aproximadamente 2,5 centímetros.
Ao exame ultrasonográfico observou-se estrutura tubular preenchida por conteúdo anecóico, parede evidente e
aparentemente espessada bilateralmente em região hipogástrica de aproximadamente 3,0 cm de diâmetro e estrutura
hiperecóica produtora de sombreamento acústico posterior medindo aproximadamente 2,44 cm de comprimento.O trata-
mento instituído foi antibioticoterapia com enrofloxacina 5 mg/kg BID intramuscular, próbiotico Vetnil ® 2 gramas/dia via oral
e a ovariossalpingohisterectomia terapêutica [2]. Durante a laparotomia, constatou-se aumento de cornos uterinos compatível
com piometra e a presença de estrutura intra-uterina consistente. Após a retirada cirúrgica do útero, este foi aberto revelando
a presença de secreção espessa e branca e uma estrutura tubular firme no corno esquerdo com aproximadamente 2,4
centímetros de comprimento e 3,0 centímetros de diâmetro.
DISCUSSÃO
A piometra é uma doença com casuística grande na clínica de pequenos animais, e sua fisiopatogenia e trata-
mento são semelhantes para a clínica de animais exóticos de estimação [3].
O diagnóstico é baseado na ocorrência de sinais clínicos em uma fêmea sexualmente madura durante (ou após)
o diestro ou após administração de progestágeno exógeno, e identificação do útero repleto de fluido em radiografia abdo-
minal ou ultra-sonografia. Hemograma completo, perfil bioquímico sérico e urinálise são necessários para a detecção de
anormalidades metabólicas associadas à sepse e para a avaliação da função renal [3].
De acordo com a literatura, em coelhos a prevalência da doença é tida como rara, porém na prática da clínica de
animais exóticos observa-se prevalência moderada, em decorrência da maior longevidade dos animais mantidos em
cativeiro domiciliar e do maior acesso ao atendimento veterinário especializado [4,5].
Como nos coelhos a leucocitose intensa não é um achado laboratorial freqüente nesses processos infecciosos,
deve-se realizar um exame físico criterioso e exames de imagem para confirmação da doença [10].
A cavidade abdominal do coelho é grande e constituída de musculatura fina e flácida que facilita a palpação
durante o exame físico. Levando-se em conta que há grande prevalência de distúrbios abdominais nesta espécie, deve-se
realizar esse procedimento com critério em todos os animais avaliados [9].
O tratamento clínico das infecções bacterianas nos coelhos é uma prática difícil, pois esta espécie possui caracte-
rísticas especiais como a tendência à formação de cáseos, assim como nesse caso e ainda devido a uma grande sensibi-
lidade aos efeitos colaterais dos antibióticos. A avaliação microbiológica da secreção vulvar eliminada pelas coelhas é de
grande valia para a identificação do microorganismo envolvido no processo infeccioso e para a correta escolha do antibió-
tico eficaz [6,10].
A cirurgia de ovariossalpingohisterectomia é o tratamento de eleição para a piometra [8]. Apesar do tratamento
adequado, relata-se uma morbidade de 5% a 8% e mortalidade de 4% a 20% em cães, não tendo estatísticas para a espécie
descrita [3].
CONCLUSÃO
A manutenção de coelhos como animais de estimação é uma prática crescente no Brasil, devido principalmente
à procura de animais pequenos e silenciosos e por isso, o atendimento especializado é uma tendência, já que há diferenças
anatômicas e patológicas significativas entre as espécies. Devido à subjetividade do diagnóstico clínico, assim como ocorre
em outras espécies, os exames de imagem auxiliam muito na confirmação da piometra nas coelhas. A ovariossalpingo-
histerectomia é o tratamento de eleição, principalmente devido à dificuldade em se tratar infecções bacterianas nessa
espécie.
Calvi T., Froes T., Lange R.R., Rose P. & Pizzol J. 2007. Piometra caseosa em coelho (Oryctolagus cuniculus).
Acta Scientiae Veterinariae. 35: s405-s407.
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8 Rosenthal K.L. 2001. Bacterial Infectious Diseases in Ferrets and Rabbits – In: Proceeding of the Atlantic Coast Veterinary Conference 2001
9 Rosenthal K.L. 2001. How to Manage the Geriatric Rabbit – In: Proceeding of the Atlantic Coast Veterinary Conference 2001.
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Supplement to compedium on continuing education for the practicing veterinarian”. p13-22.
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