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alfabetização de dislexia

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prisma
CAROLINE ZAMBON
Material de apoio à alfabetização de crianças disléxicas
Universidade de São Paulo
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
São Paulo
2014
prisma
CAROLINE ZAMBON
Material de apoio à alfabetização de crianças disléxicas
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Arquitetura de Urbanismo da 
Universidade de São Paulo como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design
Orientadora: Prof. Dra. 
Clice de Toledo Sanjar Mazzilli
2014
Um dos maiores danos que se pode 
causar a uma criança é levá-la a perder 
a confiança na sua própria capacidade 
de pensar. Emília Ferreiro
Agradecimentos
A conclusão desse TCC faz parte de uma trajetória muito mais longa de 6 anos de graduação, que incluiu muitos projetos, dedicação e amizades. Por esse motivo, meus agradecimentos vão 
para as pessoas que estiveram presentes durante todo esse processo e não apenas na reta final.Primeiramente agradeço a todos aos professores que se dedicaram realmente em nos transmitir o seu conhecimento. Agradeço também minhas colegas de classe e companheiras de projeto Mayara, Rubi e Chris pela amizade e trabalho em grupo, assim como todos os outros colegas de classe da turma 4.Muito obrigada à minha família e amigos por terem me dado apoio todo o tempo, seja na 
vida acadêmica, profissional ou pessoal. Agradeço imensamente ao Lucas sem o qual esse trabalho jamais seria realidade, me oferecendo o seu tempo, paciência e força quando eu já não tinha mais.
Por fim, obrigada a professora Clice pela orientação e disponibilidade sempre, e aos professores componentes da banca Sara, Giorgio, Zibel e Malaguti por se interessarem e doarem seu tempo para avaliar esse projeto.
Resumo 
Este trabalho pretende entender melhor a dislexia e como esse distúrbio influencia no 
processo de aprendizado e alfabetização das crianças, investigando suas dificuldades e facilidades, e como o design pode contribuir realizando o projeto de um novo material de apoio para essas crianças. Esse material deve complementar o aprendizado em sala de aula e suprir a necessidade de um material especialmente desenvolvido levando em consideração as características da criança com dislexia. Para tanto, foi utilizado como base dessa pesquisa livros e artigos provenientes da psicologia e pedagogia, de autores como Capovilla, Braun, Davis e Mendonça, que esclareceram pontos a respeito dos mecanismos da dislexia e como lidar com esse distúrbio. Além disso, entrevistas com disléxicos e pais de crianças com dislexia contribuíram muito para o entendimento da questão, complementada por uma pesquisa a respeito dos materiais disponíveis.
Abstract 
This paper aims to better understand dyslexia and how the disorder influences the learning 
and literacy children process, investigating difficulties and skills, and how design can contribute to 
make the project of a new support material for these children. This material should complement the learning process inside the classroom and meet the need for a material specially developed 
taking into account the characteristics of children with dyslexia.
 Therefore, it was used as the basis of this research books and articles from psychology and 
pedagogy, from authors as Capovilla, Braun, Davis and Mendonça, who clarified points regarding the mechanisms of dyslexia and how to deal with this disorder. Furthermore, interviews with dyslexics and parents of children with dyslexia contributed greatly to the understanding of the issue, complemented by a survey about the materials available.
Sumário
Resumo 
Abstract 
Introdução 
Definição do problema 15
O que é dislexia 15
Dificuldades gerais de aprendizado 17
Importância do estudo 19
Situação das cartilhas 20
Como o design pode contribuir 21
Conclusão 22
Componentes do problema 23
Objetivos 24
Gerais 24
Específicos 24
Recolha de dados 26
Dislexia 26
Identificação do problema nas crianças 26
Como a família lida com a questão 28
Sobre as dificuldades relativas a alfabetização 31
Superação das dificuldades e estratégias de ensino 35
O dom da dislexia 36
Alfabetização 37
Métodos 37
Opções para o ensino de crianças disléxicas 41Materiais de alfabetização diversos 44
Cartilhas 45
Livros 47Jogos e atividades 49
Referências de jogos 55
Entrevistas 58
Análise dos dados e requisitos 60
Design Thinking 65
Normas para brinquedos infantis 72
Briefing 74
Público alvo 74
Conceito 74
Insights 75
Resultado final 76
Desenvolvimento da ideia 76
Componentes do jogo e funções 78
Caleidoscópio 78
Tabuleiro 81
Letras de acrílico 81
Funcionamento geral do jogo 81
Ações e habilidades - Mapa conceitual 82
Jogo e a dislexia 83
Nome e Identidade 84
Nomenclatura 84
Tipografia 85
Cores 88
Logotipo 89
Padrão 89
Construção e materiais 91
Modelos preliminares 91
Modelo definitivo 93
Montagem do caleidoscópio 103
Embalagem 104
Imagens do Jogo final 105
Desenhos Técnicos 108
Caleidoscópio 108
Tabuleiro 109
Planificação da embalagem 110
Base 110
Berço 111
Tampa 112
Manual de Instruções 113
Situações de uso 116
Análise dos requisitos 120
Conclusão e considerações finais 123
Anexo I – Entrevistas 124
Pessoa com dislexia 124
Pais e responsáveis 129
Educadores 150
Bibliografia 153
Sites 156
Introdução
 A dislexia é um dos principais distúrbios que afetam o aprendizado de crianças de diversas 
maneiras, estima-se que afeta aproximadamente 10% da população escolar no Brasil. Dentre os 
problemas encontrados por essas crianças o que mais chama a atenção é a dificuldade encontrada por elas na aquisição da escrita. Para se ter uma ideia do problema, enquanto os estudantes sem problemas levam um ano, em média, para aprender a ler e escrever, os disléxicos demoram o dobro, sendo que a maioria se depara com o despreparo dos professores e enfrenta o preconceito dos colegas. Desse modo, é fundamental que essas crianças encontrem à sua disposição um material didático adequado ao seu aprendizado e que contribua para minimizar os efeitos causados pela dislexia. No entanto, a primeira cartilha nacional especialmente desenvolvida para crianças disléxicas foi criada em 
junho de 2006 e desde então não foi revisada ou atualizada, prejudicando o aprendizado de milhares de crianças todo ano. Além da cartilha não há outros materiais de apoio especialmente desenvolvido para essas crianças, sendo que elas precisam se adaptar aos materiais disponíveis no mercado. Dessa forma, a proposta desse trabalho é a criação de um novo material de apoio para a alfabetização de crianças com dislexia. Considero que a criação desse material é de extrema relevância não somente para a sociedade, mas também para o Design ao passo que a criação desse produto implica em lidar com questões relacionadas à didática de modo criativo, levando em consideração as necessidades dessas crianças, ainda mais complexas em relação às demais. Através de uma pesquisa bem feita e aprofundada sobre dislexia, alfabetização e ensino e 
agregando meus conhecimentos aprendidos no curso de Design, ao final deste projeto terei criado um material que possa auxiliar o aprendizado de modo criativo e dinâmico, agregando elementos inovadores que captem o interesse da criança e facilite seu aprendizado em concordância com as técnicas pedagógicas levantadas ao longo da pesquisa. 
14
Definição do problema
 A definição do problema será baseada em algumas informações importantes a respeito da 
dislexia, sobre como essa doença influencia especificamente no aprendizado das crianças e seus desdobramentos no processo de alfabetização, qual é a importância prática desse projeto, qual é a situação das cartilhas para crianças com dislexia atualmente e como o design pode contribuir para a resolução do problema.O que é dislexia 
 Até hoje não existe uma definição exata para a dislexia, principalmente pelo fato de ela não se manifestar exatamente da mesma maneira em diferentes pessoas. Os termos para descrever a dislexia também foram se alterando ao longo dos anos à medida em que novos estudos eram 
realizados. Segundo Mendonça (2011) a primeira definição de dislexia a que se tem notícia foi 
realizada em 1896 como “cegueira verbal”, diagnosticado em um garoto de 14 anos que, apesar de 
instrução adequada, apresentava dificuldades em ler e escrever. Após isso o termo usado passou 
a ser “dislexia específica” e “distúrbio específico da leitura” proposto pelo neurologista americano 
Dr. Orton em 1925. Ainda foram utilizados os termos “dislexia congênita”, “estrefossimbolia” e 
“alexia do desenvolvimento” a medida em que diferentes estudiosos realizavam pesquisas que se tornavam mais dominantes.
 A descrição mais aceita atualmente para a dislexia a define como: 
Transtorno específico da aquisição e do desenvolvimento da aprendizagem da leitura, caracterizado por um rendimento em leitura inferior ao esperado para a idade e que se caracteriza como 
15
o resultado direto do comprometimento da inteligência geral, lesões neurológicas, problemas visuais ou auditivos, distúrbios 
emocionais ou escolarização inadequada. (MENDONÇA, 2011, p. 3)
 Biologicamente falando, o que acontece segundo Frith (1997 apud CAPOVILLA, 2004, p. 
52) são “anormalidades cerebrais na região perissilviana do hemisfério esquerdo do cérebro do 
indivíduo o que acarretaria dificuldades cognitivas no processamento fonológico”, ou seja, no processamento de informações baseadas na estrutura fonológica da linguagem oral, levando aos problemas de leitura e escrita.
 Resumindo, a dislexia é um transtorno específico de aprendizagem e comprovadamente 
neurobiológico, caracterizado pela dificuldade de decodificação, soletração, fluência e interpretação, 
sendo que não tem relação qualquer com o ambiente que a cerca, ou seja, influências externas 
como a família e a educação não são a causa do transtorno. O déficit fonológico ainda aparece como 
a principal causa da dislexia, envolvendo dificuldades na repetição de palavras, na memorização de informações verbais, nomeação rápida e manipulação de fonemas e por esse motivo o distúrbio 
se reflete de maneira tão forte na alfabetização (MENDONÇA, 2011).
 De acordo com Capovilla (2004, p. 55) há dois tipos diferentes de dislexia: 
• Dislexia adquirida: a perda de habilidade na leitura é devida a uma lesão cerebral 
específica e ocorre após o domínio da leitura pelo indivíduo.
• Dislexia do desenvolvimento: não há lesão cerebral evidente e a dificuldade surge no momento da aquisição da leitura pela criança.
Ainda segundo Mendonça (2011) apesar das características biológicas da dislexia o acompanhamento 
mais atento de um disléxico nos faz compreender que uma somente uma teoria apenas não é suficiente para explicar as manifestações deste distúrbio nos forçando a fazê-lo de maneira heterogênea, assim como cada 
pessoa o manifesta de formas diferentes. Quando a dislexia afeta especificamente a leitura é chamada de 
agrafia ou disgrafia, sendo que é até possível que a criança consiga ler, mas não escrever (BRAUN; DAVIS, 2004).
16
Dificuldades gerais de aprendizado
De maneira resumida os tópicos a seguir sugeridos por Alves (2011) nos fornecem 
informações sobre as principais dificuldades apresentadas pelas crianças disléxicas:
• Apresentar ideias coerentemente.
• Aprender o alfabeto.
• Expandir seu vocabulário (via oralidade ou leitura).
• Identificar os sons que correspondem às letras.
• Entender questões e seguir instruções (ouvidas ou lidas).
• Memorizar convenções de tempo.
• Lembrar de sequências numéricas.
• Dizer as horas.
• Entender e reter detalhes de uma estória.
• Desatenção e distração.
• Aprender rimas e seguir músicas.
• Desorganização e incoordenação motora.
• Distinguir esquerda de direita e letras de números.
• Leitura lenta e compreensão reduzida do material lido.
Falando especificamente da leitura o que ocorre com a criança com dislexia é que ao ver a 
palavra e notar que não sabe seu significado a imagina em diferentes posições tridimensionalmente 
na tentativa de desvendar a palavra. Usando o processo de eliminação, com informações prévias 
17
que já possui, ele acaba por descobrir por si só. Quando a professora faz a correção dizendo que ele não deve adivinhar as palavras isso acaba por causar a angústia emocional característica da 
dislexia (BRAUN; DAVIS, 2004).A grande questão relacionada com a dislexia é que ela não irá atingir apenas a criança em suas atividades acadêmicas, mas também em atividades comuns do dia a dia. Isso faz com ela tenha problemas não só com as atividades relacionadas com a alfabetização propriamente dita, mas também com outros aspectos ligados à organização diária da própria vida. Se a criança tem problemas, por exemplo, em entender as convenções de tempo, terá sérios problemas em organizar a execução da própria lição de casa e coordenar datas de entrega. Esse também é um fator decisivo no possível insucesso da criança ao passo que pode ser interpretado como simples preguiça e falta de interesse da criança em estudar.
Segundo Fernandes e Penna (2008, p. 45):
O disléxico tem dificuldades para lidar com o tempo. Seu ritmo para organizar-se, copiar e concluir suas atividades é mais 
lento que a média da classe. Tem dificuldades para lidar com o espaço, com a própria utilização de material didático, como 
régua, caderno e livro, ao mesmo tempo. Tem dificuldades com desenho geométrico, mapas, aplicação teórica de conceitos, 
linguagem subjetiva, simbólica, apresenta disgrafia – fora das 
pautas, das margens – e, disortografia – omissão ou acréscimo 
de letras. Enfim, tudo para o disléxico é muito difícil.
18
Importância do estudo
As alterações da aquisição da linguagem estão entre os mais frequentes transtornos do 
neurodesenvolvimento infantil com uma ocorrência de em média 5% da população escolar segundo 
Barbosa et al (2009). Se formos considerar os estudos de Capovilla (2004) esse percentual chega a 10% 
e o número sobe para 25% se formos considerar os distúrbios leves. É difícil especificar a porcentagem correta ao passo que muitas crianças passam anos sem serem diagnosticadas mas, de qualquer maneira, é certo que esse número representa milhares de crianças e merece atenção especial. 
Barbosa et al (2009) afirma que crianças que aos 5 anos apresentam atraso na aquisição da linguagem irão apresentar importantes anormalidade neuropsicológicas aos 9 anos. Ainda segundo 
Mendonça (2011) devido ao papel fundamental da leitura na educação, a dislexia pode impactar 
significativamente o sucesso acadêmico e o desempenho do indivíduo. No entanto, essas crianças não 
estão predestinadas ao insucesso acadêmico, segundo Braun e Davis (2004, p. 61):Os problemas que os disléxicos têm com a alfabetização são os mesmos que todas as crianças enfrentem, só que em maior magnitude. Eles são agravados pelas inconsistências da linguagem. Se a palavra impressa fosse apresentada de forma mais consistente, especialmente nos primeiros livros escolares, alguns desses problemas seriam minorados para todas as crianças. 
Dessa forma, fica claro que a orientação a essas crianças deve ser mais atenta e intensa em relação às crianças normais. Além de ser um problema que afeta milhares de crianças todos os anos e da alfabetização ser um dos componentes mais importantes da vida escolar, a omissão só fará com que o problema seja agravado. Por esse motivo a criação de um material que auxilie essas crianças é tão importante e, mais do que isso, deve haver em cada escola uma postura de igualdade de direitos no acesso a educação, independente da condição de cada criança.
19
Situação das cartilhas 
As cartilhassão tradicionalmente o principal material de aquisição da escrita. No entanto, atualmente não existe a distribuição de cartilhas de alfabetização dedicadas a crianças com dislexia 
pelo governo. A primeira cartilha específica para crianças com dislexia foi criada pelo governo em 
2004 e depois disso não foi novamente atualizada ou até mesmo redistribuída. Essa é uma falha muito grande não só por não oferecer material adequado para que essas crianças estudem, mas também porque as marginaliza oferecendo menos oportunidades de se desenvolverem e fazendo 
com que o assunto seja menos difundido entre educadores e pais, dificultando o diagnóstico e a discussão do problema pela sociedade.
A cartilha “Facilitando a Alfabetização – Multissensorial, Fônica e Articulatória”, foi aprovada 
e reconhecida pelo Ministério da Educação e produzida com a mobilização de profissionais e voluntários da Associação Brasileira de Dislexia, com recursos próprios vindos de sua forma de 
administração autossustentável. Segundo a Associação: 
A cartilha atende aos profissionais da área de educação 
para suprir as principais dificuldades dos disléxicos, e vem acompanhada de um caderno multissensorial , que tem a função de estimular o visual, o auditivo, e o tátil sinestésico. Inclui um vídeo explicativo sobre o método, exercícios e aplicabilidade. O material pode ser usado na alfabetização e re-alfabetização de qualquer individuo, seja ele portador de dislexia ou não.Apesar de aprovada e reconhecida pelo Ministério da Educação a produção dessa cartilha 
não tem qualquer apoio do governo e custa R$160,00. Obviamente a criação desse material é um esforço muito importante, porém seu custo faz com que muitas crianças que necessitariam 
20
Figura 1 – Cartilha “Facilitando a 
Alfabetização – Multissensorial, Fônica 
e Articulatória”
utilizar esse material não possam comprá-lo. Seria de extrema importância que o material a ser criado fosse patrocinado pelo governo e que abrangesse todas as escolas públicas e particulares de Ensino Fundamental no Brasil.
Como o design pode contribuir
O design pode ajudar na solução dessa questão entendendo mais a fundo a dislexia e como se dá o processo de aprendizado da escrita para posteriormente desenvolver um material compatível com as necessidades dessas crianças e que esteja de acordo com os estudos realizados por pedagogos e psicólogos.Para tanto, primeiramente deverá ser feita a análise de materiais criados anteriormente buscando os pontos positivos e negativos e levantar possíveis melhorias a serem realizadas. A análise da didática utilizada também deverá ser feita com o objetivo de selecionar ou mesclar 
aquelas que, segundo as pesquisas, sejam as mais eficientes no aprendizado. A reunião de materiais 
bastante diversificados será feita, considerando não somente as cartilhas e livros destinados a alfabetização, mas também jogos e outros materiais de suporte que tornam o aprendizado mais dinâmico e menos entediante.Em cima das informações colhidas sobre esses materiais serão agregadas novas técnicas, mais criativas e dinâmicas baseadas no estudo do Design, em referências diversas e na observação das necessidades da criança. Dessa forma, a principal contribuição do Design neste projeto será a adequada combinação dos pontos fortes de cada projeto com elementos criativos e inovadores que estimulem o aprendizado.
21
Conclusão
A dislexia é um distúrbio que merece atenção não só porque atinge milhares de crianças em idade escolar e representa um dos principais causadores de atraso na aquisição da escrita mas também porque a omissão no tratamento pode levar a sérios problemas de integração social e desenvolvimento pessoal a longo prazo. Isso porque a dislexia atinge o indivíduo de diferentes 
formas, atrapalhando o rendimento escolar e também causando dificuldades em expressar ideias coerentemente, memorizar convenções do tempo, desatenção, distração, desorganização.Dessa forma, muitas crianças passam anos se esforçando para aprender e se desenvolver da mesma forma que os demais alunos, mas são taxadas de desinteressadas ou preguiçosas, causando distúrbios emocionais sérios na criança. Tanto o não conhecimento do problema quanto a falta de material e treinamento adequado dos educadores ferem o direito de toda criança de acesso a educação e alfabetização.
É necessário, portanto, que se faça um diagnóstico precoce da situação do estudante e que sejam utilizados métodos educacionais e materiais compatíveis com a situação e características 
dessa criança. Em relação a esse problema o Design pode influenciar melhorando a qualidade do material disponível e o tornando mais dinâmico e atrativo para a criança com dislexia, que possuem 
uma dificuldade maior de concentração e memorização dos fonemas e tendência a distração e desatenção. Além disso, a distribuição e divulgação do material fará com que o conceito de dislexia seja mais difundido na sociedade, acelerando o diagnóstico e minimizando o preconceito.
22
Componentes do problema
Resumidamente os principais componentes do problema levantados são:
• Dificuldade na identificação da dislexia por pais e educadores: a maioria desconhece os sintomas.
• Conceito de dislexia pouco difundido na sociedade: grande parte das pessoas não sabe do que se trata.
• Preconceito em relação às pessoas com dislexia: pessoas confundem a dislexia com algum tipo de retardamento mental ou outras doenças.
• Maior dificuldade das crianças com dislexia na aquisição da escrita: a alfabetização é importante não só para a vida escolar mas para a vida em sociedade, fazendo com que o analfabeto se torne marginalizado.
• Maior dificuldade das crianças com dislexia nas atividades do dia a dia: além 
das dificuldades no desenvolvimento da escrita a criança pode manifestar complicações em atividades básicas do dia a dia como ver as horas e organizar as próprias atividades, causando transtornos.
• Pouco ou nenhum investimento do governo em materiais adequados para crianças 
com dislexia: o último material criado pelo governo em 2004 nunca mais foi atualizado e distribuído.
• Não existência de materiais gratuitos de apoio à alfabetização de crianças com 
dislexia: uma cartilha foi desenvolvida para alfabetizar crianças com dislexia mas seu preço o torna inacessível para a maioria das famílias.
23
Objetivos
Gerais
De maneira geral o material a ser criado tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da criança com dislexia ao passo que aumenta seu nível e velocidade de aprendizagem e a poupa de transtornos emocionais decorrentes de um atraso na aquisição da leitura. Além disso, tornar público o conceito de dislexia para que educadores e familiares façam um diagnóstico precoce e minimizar o preconceito. O segundo objetivo é que seja um material de melhor qualidade em relação aos já oferecidos no mercado, mantendo-se o que for considerado adequado e incorporando novos elementos. Outro objetivo importante é que o material criado sirva também para a alfabetização de crianças sem distúrbio, considerando que a alfabetização é uma fase importante e pode ser assustadora para qualquer criança e que um material melhor resolvido pode ajudar no desenvolvimento desses alunos também. 
Específicos
O primeiro objetivo específico é que o material seja não só mais criativo mas também que estimule a criatividade da criança, um ponto muito forte dos portadores de dislexia - atraindo o interesse da criança para a atividade. Outro objetivo importante é fazer com que o aprendizado seja uma tarefa divertida e não entediante, já que essas crianças têm uma tendência maior à distração. Dessa forma, abre-se a possibilidade da criação de um material de conteúdo lúdico, que entretenha a criança ao mesmo tempo que estimule seu aprendizado.
24
É importante ressaltar que esse material não pretende que as crianças sejam autossuficientes em seu aprendizado, mas que convide a participação de pais e educadoresnas tarefas. Isso não só porque o auxílio de pessoas alfabetizadas é fundamental no entendimento dos exercícios mas 
também para expressar apoio ao aluno no momento de dificuldade e conscientizar a família 
sobre as dificuldades e facilidades no aprendizado da criança, minimizando possíveis transtornos psicológicos. Esse projeto deve utilizar materiais e/ou tecnologias diferentes das atualmente 
empregadas, fazendo com que seja único e inovador do ponto de vista do Design. Por fim, é importante ressaltar que esse material não pretende substituir os já utilizados em sala de aula, recomendados pelos professores e desenvolvidos por pedagogos. A intenção desse material é complementar o aprendizado e auxiliar a criança na aderência dos conteúdos aprendidos.
25
Recolha de dados
Dislexia
Identificação do problema nas crianças
O mais comum é que, apesar dos sinais da criança, muitos educadores optem por esperar 
até a 2a ou 3a séries para fazer o diagnóstico, já que as dificuldades na escrita são um dos sinais mais evidentes da dislexia. No entanto, para muitas crianças essa espera pode ser excessiva 
já que a identificação precoce as ajudaria a ter um melhor desenvolvimento (MENDONÇA, 
2011). Esperar demais para identificar o problema pode fazer com que a criança apresente uma defasagem muito grande, perda do prazer na leitura, baixo rendimento em outras disciplinas e baixa autoestima.
A fim de fazer esse diagnóstico outros fatores podem ser observados além da escrita, como 
sugere Mendonça (2011):
• Análise do histórico familiar: considerando que um irmão ou pai da criança teve alguma 
dificuldade na alfabetização, as chances de ela também desenvolver o problema cresce em 
40%. Dessa forma, deve-se estar atento aos sinais de histórico familiar.
• Estar atento ao desempenho das crianças no jardim de infância: pesquisas 
mostram que a maioria das crianças que posteriormente foram identificadas com dislexia 
apresentaram nos primeiros anos escolares desempenho abaixo da média e dificuldades em narrativas orais, vocabulário e gramática. 
• Falantes tardios: apesar de apenas esse fator não ser indício de dislexia, combinado a outros, pode ser um indicativo importante.
26
• Distúrbio Específico de Linguagem (DEL): déficit no desenvolvimento da linguagem, vocabulário e gramática, mas desenvolvimento normal em habilidades cognitivas não 
verbais. Pesquisas mostraram que de 18% a 36% das crianças com DEL no jardim de infância também apresentaram dislexia na fase escolar.Caso a família ou educadores observem algum ou mais de um desses sintomas na criança 
a recomendação é de que procurem a ajuda de um profissional que irá se utilizar de alguns métodos para detectar ou não a dislexia. Alguns sintomas adicionais foram apontados por Braun 
e Davis (2004):
• Visão: sequências de números ou letras alterados ou invertidos, ortografia incorreta ou inconsistente, pulam-se palavras, letras e números parecem se mover, omissão dos sinais de pontuação, omissão de palavras e letras.
• Audição: sons difíceis de serem pronunciados, dígrafos como “ch”, “lh”, “nh” mal pronunciados, parece não escutar ou ouvir o que é dito, sons percebidos mais alto ou mais baixo, mais longe ou mais distante do que a realidade.
• Equilíbrio/ movimento: tonteira e náusea durante a leitura, senso de direção fraco, 
incapacidade de ficar sentado quieto, dificuldade na escrita, problema de equilíbrio e coordenação.
• Tempo: hiperatividade (excessivamente ativo), hipoatividade (pouco ativo), conceitos 
matemáticos difíceis de aprender, dificuldade de ser pontual ou dizer as horas, perde a linha de pensamento ou sequências.Além desses sintomas alguns estudos têm demonstrado alterações no cérebro de disléxicos, 
como polimicrogirias (excesso de pequenos giros no córtex), displasias corticais (desenvolvimento 
cerebral anormal), entre outros, No entanto, ainda não é possível estabelecer uma relação direta e exata entre essas alterações e o distúrbio, fazendo com que não exista um exame laboratorial 
capaz de detectar a dislexia (CAPOVILLA, 2004). 
27
Como a família lida com a questão
A família é extremamente importante para a criança no momento em que o diagnóstico 
é realizado. A sua ajuda e apoio são determinantes no processo de superação das dificuldades 
causadas pela dislexia. Segundo Hartwig (1984 apud RIBEIRO, 2013) os pais passam pelos 
seguintes estágios ao saber que seu filho tem dislexia:
• Negação
• Raiva
• Depressão
• Aceitação
• EsperançaEles podem viver esses estágios de diferentes maneiras e até simultaneamente. Com 
o objetivo de controlar a situação e ajudar a criança, Ribeiro (2013) propõe uma postura de 
conscientização por parte dos pais: Primeiramente, é importante que compreenda bem a avaliação e o diagnóstico que foi efetuado, daí que todos os técnicos envolvidos na avaliação e encaminhamento, bem como os pais, devem em conjunto discutir os resultados da avaliação multidisciplinar. Deve tentar esclarecer quaisquer dúvidas sobre a mesma, nomeadamente expressões demasiado técnicas, se tiver interesse em obter informações sobre as DAE peça para 
lhe recomendarem bibliografia.
28
Dessa forma, a primeira medida a ser tomada pelos pais deverá ser a de delinear um programa que estabeleça os objetivos e estratégias a serem usados, através de uma equipe multidisciplinar que deverá traçar um plano de estudos. Durante essa fase é importante que a criança participe, que esteja consciente de que o sucesso depende de seu esforço. Posteriormente deve haver o acompanhamento que será realizado através da comunicação entre pais e educadores. Durante o processo de implementação é importante ter conhecimento a respeito das áreas a serem melhoradas e daquelas que já apresentam bom desempenho e que, nesse momento, os pais se 
sintam capazes de ajudar e que os filhos se sintam responsáveis pelo projeto.
Hartwig (1984 apud RIBEIRO, 2013, p. 3) faz algumas sugestões do modo com que os pais 
devem agir em relação ao aprendizado da criança: 
• Não seja superprotetor. As crianças com dislexia são muito capazes e devem assumir responsabilidades.
• Não faça pela criança aquilo que ela própria é capaz de fazer. Dê-lhe a possibilidade de experimentar.
• Incentive a curiosidade e os interesses especiais que a criança possa ter. As crianças estão mais motivadas quanto está em causa algo que apreciam.
• Estabeleça objetivos razoáveis, não torne as coisas demasiado fáceis ou demasiado difíceis.
• Seja paciente. Ficar aborrecido ou ansioso só levará a que a criança se sinta frustrada.
• Pense a longo prazo e perspective o futuro de forma objetiva. As crianças com dislexia devem ser incentivadas a frequentarem o ensino secundário e a prosseguirem estudos superiores.Esses conselhos também devem ser seguidos por educadores e é com eles que os pais devem entrar em contato caso desejem ajudar as crianças a estudar em casa, garantindo que o ensino complemente o aprendizado da escola de forma satisfatória. Devido ao preconceito de colegas de classe e pais de alunos é importante que os responsáveis tracem estratégias 
29
para lidar com os comentários agressivos em relação ao filho e forneçam informações aos que cercam a respeito da condição do filho. Apesar de todos os conselhos e da atenção à criança os pais devem manter os próprios interesses, pessoais e extrafamiliares, vivendo uma vida 
normal (RIBEIRO, 2013).
Especificamente em relação à leitura os pais podem ajudar de diversas formas (RIBEIRO, 
2013, p. 5-9):
Leia e mostre ao seu filho que lê e escreve com diversos objetivos: informar-se através de notícias, entender as instruções de um jogo, fazer a lista de compras.
• Estimule o prazer de ler nos tempos livres.
• Vá com seu filho a livrarias e escolham juntos alguns materiais para leitura.
• Tenha à disposição materiais de leitura com temas variados.
• Incentive a criança a manusear os livros com frequência,cuidado e respeito.
• Aproveite situações de dúvidas gerais do seu filho para explorar um livro, enciclopédia ou internet.
• Comente o que lê para que a criança perceba que o aprendizado continua na fase adulta.
• Faça jogos linguísticos como trava-línguas, adivinhas, rimas, provérbios ou poemas.
• Prepare dramatizações de contos, através da mímica ou fantoches em que cada um lê sua parte da história e encena.
• Leia histórias que impressionavam o seu filho quando pequeno.
• Incentive o seu filho a escrever o que quiser, em temas variados e valorize seus textos.
• Monte um pequeno cantinho para seu filho, com materiais diversificados de leitura (livros, 
jornais, revistas, brochuras, folhetos) e escrita (caixas etiquetadas para arrumar listas de palavras, baralho com letras do alfabeto e materiais escolares como lápis, canetas coloridas, 
30
tesoura, cola, bloco de notas, cartolina, entre outros).
• Promova a troca de livros e correspondências entre amigos e familiares.
• Vá à biblioteca com seu filho e participe de clubes do livro.
• Tenha momentos de prazer de leitura a dois, não se mostrando impaciente ou ansioso quando a criança lê, partilhando também interesse de leitura em comum.
• Construa um caixa com vocabulários aprendidos.
• Utilize meios mais modernos como a internet para a leitura e para captar o interesse da criança.
• Crie um bom ambiente que facilite a leitura e a concentração da criança.
• Aproveite todo momento cotidiano que puder para ajudar a criança a se desenvolver.Resumindo, nem a criança, nem os pais, nem os professores devem desempenhar sozinhos a tarefa do processo de aprendizagem. Depende da sincronização de tarefas bem realizadas por 
todas as partes para que a criança supere suas dificuldades e crie prazer pela leitura. 
Sobre as dificuldades relativas a alfabetização
 A própria estrutura do alfabeto brasileiro não favorece o aprendizado da criança com 
dislexia, já que não é foneticamente exato, ou seja, nem sempre os sons correspondem à grafia. Além 
disso, nosso alfabeto possui apenas 23 caracteres fazendo com que muitas vezes precisemos de mais de uma letra para representar um fonema ou que usemos acentos, tornando o entendimento 
ainda mais complexo para o disléxico (BRAUN; DAVIS, 2004). A imagem visual do disléxico quando se depara com uma palavra é das letras 
tridimensionalmente, como se estivessem flutuando no espaço, como mostra a imagem de Braun 
31
e Davis (2004, p. 111), contendo 27 variações disléxicas para a palavra GATO, dentre as dezenas de 
possibilidades que o disléxico é capaz de criar em sua mente:
32
Figura 2 - 27 variações disléxicas para a palavra GATO
Após realizar diversas combinações como essa em sua mente e utilizando seus conhecimentos 
anteriores a criança é capaz de adivinhar o significado da palavra. O problema é que, apesar do 
disléxico raciocinar 402 mil vezes mais rápido do que uma criança normal, o fato de ele ter que realizar pelo menos 4 mil vezes mais computações mentais do que outras crianças faz com que ele 
pareça mais lento (BRAUN; DAVIS, 2004). Além dessa confusão mental outro problema comum dos disléxicos em relação à leitura é a de que recebem múltiplas orientações de como a sua escrita deve se parecer e criam diversas 
imagens mentais diferentes que se sobrepõe (BRAUN; DAVIS, 2004). Dessa forma a criança é 
incapaz de definir qual delas é a correta e acaba por misturar os diferentes conceitos. Alguns erros 
comuns de crianças com dislexia foram selecionados pelos doutores Dr. Vincent Goetry e Dra. 
Ângela Maria Vieira Pinheiro (2012): 
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Erros comuns na 
leitura e ortografia
Espelhamento, 
omissão da letra r 
e inversão
Omissão de letras 
que representam 
consoantes sonoras
Figura 3 - (chuva, vila e disse) 
Larissa, 11 anos
Figura 4 - (vejam) Luiz, 8 
anos, (livro) Ana, 11 anos e 
(colegas) – Isaac, 9 anos.
Figura 5 - (batalha) Larissa, 
11 anos, (galinha) Romulo, 8 
anos e (compraram) Gabriel, 
11 anos.
Biologicamente Braun e Davis (2004) explicam que no cérebro de uma pessoa com dislexia 
alguns trajetos neurais visuais específicos, por não terem sido usados e estimulados, não funcionam corretamente para enxergar determinados estímulos. Isso faz com que a criança o enxergue mas o cérebro não processe da maneira correta, e a criança não é capaz de reproduzi-lo. Por exemplo, a criança não é capaz de processar uma linha reta diagonal e, por isso, não é capaz de escrever a letra W.
A sequência a seguir foi criada por Braun e Davis (2004, p. 142-144) e nos dá a dimensão da 
sequência de eventos da criança na tentativa de aprender a ler: 
1. O indivíduo encontra um estímulo não reconhecido.
2. A falta de reconhecimento causa uma confusão que estimula a desorientação.
3. A desorientação causa assimilação de dados incorretos.4. A assimilação de dados incorretos leva o indivíduo a cometer erros.
5. Os erros causam reações emocionais.6. Reações emocionais provocam frustração.
7. Soluções são criadas ou adotas para resolver os problemas oriundos do uso da desorientação no processo de reconhecimento.
8. O transtorno de aprendizagem é composto pelas soluções compulsivas que o indivíduo adquire.9. Estas soluções compulsivas são o que transtorna o processo de aprendizagem.
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Superação das dificuldades e estratégias de ensino
Segundo Braun e Davis (2004) a primeira providência a ser tomada para ajudar a criança na aquisição da escrita é libertá-la de orientações confusas e variadas a que foi submetida, fazendo com que ela possa organizar apenas um sistema. Feito isso, sugerem ainda algumas outras recomendações 
como usar uma tipografia legível nos materiais didáticos, observar o modo com que a criança pega o lápis, orientar a maneira correta de se fazer e utilizar recursos para manter a atenção.
Fernandes e Penna (2008) acreditam que ao integrar métodos e intervenções, o tratamento 
tende a ser satisfatório, e o disléxico pode superar a dificuldade de ler e escrever. Dessa forma, ele se torna mais interessado e gradativamente aumenta seu vocabulário, criando possibilidades para ler bem, escrever corretamente e ser integrado ao meio escolar, social e familiar.
Algumas estratégias foram sugeridas por Capovilla (2007, p. 61):
• Sentar próximo à professora para que a mesma possa ajudá-lo e encorajá-lo a pedir ajuda.
• Revisar cada ponto do estudo.
• Evitar sugerir que a criança é lerda ou pouco inteligente.
• Não pedir que leia em voz alta na classe.
• Habilidades devem ser julgadas mais pelos resultados orais do que pelos escritos.
• Não a forçar a usar o dicionário.
• Evitar passar várias regras na mesma semana. Repetir a mesma regra com palavras diferentes algumas vezes antes de passar para a próxima.
• Repetir várias vezes sozinha o que a professora fez.
• Apresentação cuidadosa do material: cabeçalhos destacados, letras claras, maior uso de diagramas e menor uso de palavras escritas.
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• Ambiente quieto e sem distrações.
• Letra cursiva mais fácil do que a de forma pois auxilia a velocidade e a memorização da 
forma ortográfica da palavra.
• Auxiliar a autoconfiança da criança através de áreas em que é boa (música, esportes, 
artes, tecnologia).
O dom da dislexia
Muito foi apresentado até agora a respeito das dificuldades e problemas trazidos com a dislexia, por outro lado essas pessoas possuem também talentos fantásticos. Podemos citar pessoas notáveis diagnosticadas com dislexia como Agatha Christi, Albert Einstein, Alexander Graham Bell, 
Auguste Rodin, Charles Darwin, Leonardo Da Vinci, Vincent Van Gogh e Walt Disney, segundo o site Alma de Educador. Como é possível observar essas pessoas desenvolvem habilidades excepcionais no campo das artes e ciências.Isso acontece pois o pensamento do disléxico é multidimensional, ou seja, o cérebro interpreta os pensamentos como se fossem estímulos originais. Por exemplo, o cérebronão ouve o que os ouvidos estão ouvindo, o cérebro ouve o que a pessoa está pensando, como se os ouvidos estivessem ouvindo. O pensamento multidimensional pode resultar em confusão mental como descrito anteriormente, mas também permite que a pessoa experimente seus pensamentos como realidade e desenhe os 
resultados para qualquer outra pessoa ver, como foi o caso de Leonardo da Vinci que pôde conceber um submarino trezentos anos antes da invenção de um aparelho que poderia bombear água para fora dele, demonstrando um processo criativo muito avançado. O raciocínio analítico e lógica também funcionam 
de modo diferente, comparativamente, usando imagens em vez de palavras (BRAUN; DAVIS, 2004).Por todos esses motivos deve haver uma conscientização da sociedade, da família e da 
própria criança sobre a dislexia. É necessário entender que a criança que não só poderá superar 
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as dificuldades encontradas se for devidamente orientada, mas também desenvolver outras habilidades excepcionais. 
Alfabetização
Métodos
A alfabetização não é só fundamental para o sucesso escolar mas também para a vida em sociedade. Acredita-se que a leitura e a escrita sejam a porta de entrada para a inserção na sociedade letrada em que vivemos, pois a partir da conquista destas habilidades o educando se apropria dos saberes acumulados pela humanidade, tornando-se um ser 
globalmente social (FERNANDES et al, 2009, p. 4).
De acordo com o “Projeto Professor-Volante”, a alfabetização é a correspondência entre a 
representação oral e escrita. Não é decifrar textos e copiar, e sim “uma nova maneira de se expressar, 
de se comunicar com os outros e com o mundo” (FERNANDES et al, 2009, p. 4).
Segundo a Revista Brasileira de Educação (v. 13 n. 38 maio/ago. 2008 257 apud ALBUQUERQUE 
et al, 2005) as práticas cotidianas de alfabetização seguem as seguintes subcategorias:
• Leitura de letras, sílabas, palavras ou frases com ou sem auxílio do professor.
• Escrita de letras, sílabas, palavras e frases com e sem auxílio do professor.
• Cópia de letras, sílabas, palavras e frases.
• Contagem de letras em sílabas, de letras e sílabas em palavras e de palavras em frases.
• Partição de palavras em sílabas e letras ou de frases em palavras.
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• Identificação de letras e sílabas em palavras.
• Identificação, exploração e produção de rimas e aliterações.
• Comparação de: sílabas e palavras quanto ao número de letras; palavras quanto ao número de sílabas, palavras quanto à presença de letras iguais/diferentes.
• Formação de palavras a partir de letras ou sílabas dadas.
• Exploração de diferentes tipos de letra, da ordem alfabética, da segmentação das palavras 
e das relações som/grafia.
Fernandes et al (2009) considera que há duas maneiras distintas de alfabetizar, que determinam o que o professor pode atingir. A primeira começa da parte para o todo - são os métodos sintéticos, a outra vai do todo para as partes - os métodos analíticos. A partir disso é possível compreender também como funcionam os métodos de alfabetização.
• O método sintético faz uma relação entre o oral e o escrito, ou seja, entre o som e a grafia, por meio do aprendizado de letra por letra, ou sílaba por sílaba e palavra por palavra.
• Já, o método analítico que teve início como oposição teórica ao método sintético, defende que a leitura é um ato global.De acordo com método tradicional de alfabetização e com o método descrito pela Revista 
Brasileira de Educação, ler é aprender a identificar letras, sílabas, palavras e frases para depois 
conseguir compreender textos. Durante a alfabetização, “ler consiste em codificar e decodificar 
letras e sons e, nesta perspectiva, alfabetizar é levar o aluno a uma aprendizagem mecânica”, 
segundo os defensores do método analítico (FERNANDES et al, 2009, p. 5). Emília Ferreiro (1989 
apud FERNANDES et al, 2009, p. 5) considera que “a construção do código linguístico não se dá através do cumprimento de uma série de tarefas ou pelo conhecimento das letras e das sílabas, 
mas pela compreensão do funcionamento desse código”, mostrando que os educadores têm ideias e hipóteses e, que as confrontam com sua realidade e com as ideias de outras pessoas.
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Figura 6 – Métodos de alfabetização
Nossa visão do processo é radicalmente diferente: no lugar de uma criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta produzida pouco menos que ao acaso, aparece uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala à sua volta, e que, tratando de compreendê-la, formula hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas antecipações e cria sua própria gramática (que não é simples cópia deformada do modelo adulto, 
mas sim criação original). No lugar de uma criança que recebe pouco a pouco uma linguagem inteiramente fabricada por outros, aparece uma criança que reconstrói por si mesma a linguagem, 
tomando seletivamente a informação que lhe prove o meio (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999 p. 24 
apud FERNANDES et al, 2009, p. 7).Esses autores, portanto, concordam que o método de ensino deve incentivar que a criança 
busque ativamente resultados, que não se atenha a tentar decodificar cada letra e palavra mas 
buscar o seu significado dentro do texto, entendendo como funciona a linguagem e para que serve. Eles são adeptos do método analítico.Por outro lado, os métodos sintéticos apoiam-se na ideia de que a língua portuguesa 
é fonética e silábica, de modo que “a dedução é a melhor maneira de dominar a leitura e que 
a aprendizagem da escrita se dá por meio de um processo que atente para essa característica” 
(ALEXANDROFF, 2013, p. 2).
De acordo com o linguista norte americano Bloomfield propositor do método, a aquisição da linguagem é um processo mecânico, ou seja, a criança será sempre estimulada a repetir os sons que absorve do ambiente. Assim, a linguagem seria a formação do hábito de imitar um modelo sonoro. Dessa forma é necessário primeiramente que a criança interiorize o som e, após isso, faça a correlação entre som e soletração por meio da leitura de palavras das quais chegará as correspondências soletração/som. Nesse método a criança faria primeiramente a relação entre 
fonema (som) e grafema (letra), para depois entender seu significado, já que a escrita serviria 
apenas para representar graficamente a fala. (PRUDENTE, 2012, p. 2).
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Existe ainda uma terceira corrente, que sugere que os dois métodos sejam mesclados:No entanto, ao se observar a realidade brasileira mais de perto, 
percebe-se que houve uma parcela significativa de escolas e de professores que usaram cartilhas mesclando princípios 
metodológicos pertinentes aos dois grupos: trata-se do método 
analítico-sintético (ou eclético). Partindo da frase para chegar à palavra e à família silábica, toma por empréstimo alguns elementos do método analítico, sem, no entanto, abandonar as 
características básicas do sintético: a operação B + A= BA. Esse método usa a imagem para reforçar a letra a ser aprendida, juntando a questão da formação da imagem cinestésica, presente 
no método analítico (ALEXANDROFF, 2013, p. 4).
Opções para o ensino de crianças disléxicas
De acordo com Teles (2004), as dificuldades na aprendizagem da leitura acontecem devido 
a um déficit fonológico. As crianças disléxicas não têm consciência das unidades linguísticas, 
mesmo falando e utilizando palavras, sílabas e fonemas. Segundo Fernandes e Penna (2008), as pessoas usam tanto o modo verbal, pensando com o som da linguagem, quanto o modo não 
verbal, pensando com o significado da linguagem por meio da construção de imagens mentais de seus conceitos e ideias. Diferentemente, os disléxicos não possuem monólogo interno, só 
ouvem quando leem em voz alta, relacionando o significado ou a imagem do significado a cada palavra que leem. 
Na visão de Capovilla (2004, p. 62-65) dois métodos aparecem como os principais no ensino 
da criançacom dislexia: 
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1. Método multissensorial: mais indicado para crianças mais velhas, com histórico de fracasso na aquisição da escrita. Busca combinar diferentes modalidades sensoriais no 
ensino da linguagem escrita, como os aspetos auditivos, visuais (a forma ortográfica da 
palavra), auditivos (a forma fonológica), cinestésicos (os movimentos necessários para 
escrever aquela palavra) e tatéis. Maria Montessori foi uma das precursoras desse método, sendo que a principal técnica é soletrar oral simultâneo em que a criança inicialmente vê a palavra escrita, repete a pronúncia da palavra fornecida pelo adulto e escreve a palavra 
dizendo o nome de cada letra. Ao final, lê novamente a palavra que escreveu, estabelecendo forte conexão entre leitura e escrita.
2. Método fônico: para crianças que estão sendo pela primeira vez alfabetizadas. 
É utilizado também por crianças sem dislexia. Procura desenvolver as habilidades metafonológicas e ensinar correspondências grafofonêmicas. As crianças disléxicas 
tem dificuldades em discriminar, segmentar e manipular de forma consciente os sons 
da fala, porém essa dificuldade pode ser diminuída significativamente com a introdução de atividades explícitas e sistemáticas de consciência fonológica. Quando associadas ao ensino das correspondências entre letras e sons, o efeito é ainda maior. Nas diretrizes 
da British Dyslexia Association é recomendado o método fônico e algumas pesquisas no 
Brasil comprovaram que o método é eficiente e mais assimilado em relação a técnica global baseada na leitura de textos.Existe ainda um outro método não-tradicional muito utilizado com crianças disléxicas denominado fonovisuoarticulatório ou método das boquinhas. Eles consiste na mescla de 
estratégias fônicas (fonema/som), visuais (grafema/ letra) e articulatórias (articulema/ boquinha). Foi desenvolvido através da fonoaudiologia em parceria com a pedagogia para auxiliar crianças 
com distúrbios no aprendizado (KWIECINSKI, 2011).
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43
Figura 7 – Método das boquinhas
Materiais de alfabetização diversos
Segundo Araujo e Arapiraca (2010) o processo de letramento começa muito antes do domínio do sistema alfabético da escrita e mais do que aprender simplesmente como funciona o alfabeto, é necessário que a criança tenha claro quais são os usos da escrita, como se organiza em diversos gêneros e formas. 
Refletir sobre as práticas de escrita hoje, atravessadas também por múltiplas linguagens, pelo hibridismo de linguagens, pela heterogeneidade dos textos e discursos, demandando letramentos múltiplos ou, ao menos, uma noção ampliada de letramento que abarque também elementos da cultura visual e audiovisual, tão presentes nas práticas sociais de leitura e escrita 
contemporaneamente (ARAUJO; ARAPIRACA, 2010, p. 2).Dessa forma, as autoras consideram que é necessário não só saber ler, mas também 
fazer uso de uma diversidade de gêneros: livros e jornais impressos, jornais televisivos, 
filmes, desenhos animados, videoclipes, games, hipertextos. Segundo elas, “quanto maior o domínio sobre os signos, sistemas e linguagens que circulam na sociedade em que vivemos, 
maiores serão as oportunidades de entender e interagir com o mundo” (ARAUJO; ARAPIRACA, 
2010, p. 2).Neste contexto aparecerem os materiais diversificados para apoiar a educação e alfabetização. Além dos tradicionais livros e cartilhas, podem ser utilizados jogos e outras atividades que fazem com que a criança continue a praticar a alfabetização de maneira lúdica.
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Cartilhas
As primeiras cartilhas brasileiras foram criadas no final do século XIX por professores 
fluminenses e paulistas a partir de suas experiências próprias e utilizando principalmente os 
métodos sintéticos (soletração, fônico e de silabação). A partir do século XX elas começaram a 
seguir, em sua maioria, o método analítico (palavração e sentenciação). A partir desse momento, a 
nova tendência foi de cartilhas usando o método misto (analítico-sintético e vice versa) e também 
construtivistas (MORATTI, 2006).
A grande crítica feita às cartilhas é de que “’desensinavam’ o que é texto e o que são as funções 
sociais dos gêneros escritos” (MORAIS, 2006, p. 4) já que são extremamente ricas em exercícios, mas 
pobres em texto. No caso dos alunos disléxicos a cartilha tem se mostrado eficiente pois esse alunos precisam exaustivamente repetir os exercícios, treinar a coordenação motora e tem problemas com 
textos longos demais. A seguir temos uma seleção de imagens de algumas cartilhas: 45
Figura 8 – Cartilha “Atividades 
para todo dia”
46 Figura 9 – Cartilha “Essa mãozinha vai longe”
Figura 10 – Cartilha “Trilha 
do Conhecimento”
Livros
Segundo Morais (2006), o problema dos livros didáticos é exatamente o contrário das 
cartilhas, ou seja, muito texto e poucas atividades práticas: No caso dos novos livros didáticos de alfabetização, substitutos 
das antigas cartilhas, verificamos que, ao lado de um rico repertório textual e de práticas frequentes de leitura de gêneros escritos variados, os professores encontram poucas atividades que levem o aluno a compreender como funciona o sistema 
de notação alfabética e a explorar a relações som-grafia. (…)Constatamos que eram escassas as tarefas em que os alunos 
eram chamados a refletir sobre segmentos gráficos e orais das palavras, a observar as relações entre estes, a analisar rimas e aliterações de palavras semelhantes, a comparar palavras quanto 
ao tamanho (quantidade de sílabas e de letras) ou mesmo a explorar a diversidade de sons que um mesmo grafema assume 
em nossa notação escrita (MORAIS, 2006, p. 6).
Dessa forma, o autor (MORAIS, 2006), observou que a tendência dos professores tem sido a de complementar os livros com as atividades extraídas de cartilhas ou, até mesmo, criadas por eles próprios, evidenciando a necessidade de um material que faça uma conexão melhor entre teoria e 
prática. Algumas imagens exemplificam os livros de alfabetização:
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48 Figura 11 – Livro “Alfabetização inteligente”
Figura 12 – Livro “Eu gosto”
Jogos e atividades
Existe uma série de materiais desenvolvidos para alfabetização, a maioria deles criados pelos próprios professores e confeccionados de forma artesanal. De qualquer maneira é um 
material eficiente pois foi criado a partir da necessidade observada por professores na prática 
do ensino. Segundo Araujo e Arapiraca (2006) é muito interessante que jogos, kits de materiais 
e atividades possam ser criados a partir de textos e estruturados para favorecer a reflexão sobre 
o sistema alfabético, reflexão fonológica e estratégias de leitura diversas, podendo ser inclusive brincadeiras mais livres, jogos simbólicos, de enredo, de faz de conta, educativos, pedagógicos, de 
regras, inclusive na fase anterior à alfabetização:Para os que não sabem ainda ler e escrever com autonomia, 
situações didáticas que desafiem a ler sem saber ler e a escrever sem ainda saber escrever convencionalmente podem constituir 
situações ricas de reflexão sobre o funcionamento da escrita. 
(ARAUJO; ARAPIRACA, 2010, p. 6).Algumas estratégias para esse tipo de aprendizado seria, por exemplo, procurar o nome de um personagem ou o título de um conto, usar os conhecimentos que possue sobre letras e seus valores sonoros, reconhecer partes de uma palavra que já se sabe ler uma que ainda 
não sabe (ARAUJO; ARAPIRACA, 2010). Alguns exemplos de atividades e jogos desenvolvidos 
pelos professores: 
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Figura 13 – Painel de Gêneros Textuais
Figura 14 e 15 – Jogos diversos
Liane Castro de Araujo é professora e graduada em Psicologia e Pedagogia e tem um 
blog dedicado ao compartilhamento de materiais para alfabetização de crianças, o Oficina de 
Alfabetização. Ela classifica os materiais em três categorias distintas:
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1. os materiais 
confeccionados a partir de 
textos da tradição oral
Figura16 – Material baseado na tradição oral
2. os materiais 
confeccionados a partir de 
textos de vários gêneros 
literários
3. jogos diversos, com 
diferentes objetivos relativos 
à aprendizagem da escrita e 
leitura
Figura 17 – Material baseado em gêneros literários
Figura 18 – Jogo dedicado a escrita e leitura
Segundo Araujo (2013): O jogo, com sua natureza lúdica e intrinsecamente sociocultural, 
vem aqui contribuir para a reflexão sobre diversos aspectos da língua. Por vezes, os mesmos jogos, com pequenas adaptações, 
podem favorecer a reflexão de crianças em diferentes níveis de apropriação da escrita.
A autora ainda divide os jogos nas seguintes categorias:
• Jogos de reflexão fonológica.
• Jogos para aprender sobre a estabilidade da escrita, de usar e ampliar o repertório de 
modelos de escrita convencional (que a criança aprende a reconhecer globalmente).
• Jogos para aprender sobre letras e usar a ordem alfabética.
• Jogos para refletir sobre os princípios do sistema alfabético e sobre as correspondências 
grafofônicas.
• Jogos para consolidar as correspondências grafofônicas e trabalhar a ortografia.O que acontece na prática é que as três categorias distintas de jogos se misturam, já que 
há a constante criação e adaptação dos materiais por novos profissionais, de acordo com as necessidades observadas.Alguns outros jogos não criados por professores podem ser encontrados no mercado, no 
entanto, nenhum deles foi pensado no contexto específico da dislexia:
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Figura 19 - Soletrando (Grow) A partir de 4 anos. 
Juntando pedaços de uma mesma figura, a criança 
monta uma palavra ou, pela palavra, ela monta a figura. 
Figura 20 - Palavra Secreta (Grow) A partir de 7 anos. Cada carta contém uma palavra secreta, que deve ser desvendada. Juntando as sílabas, a criança decifra a 
fórmula correta. Por exemplo: Garfo - FO + Girafa - GI = 
GAR + RAFA = garrafa.
Figura 21 - Scrabble Junior (Mattel) A partir de 5 Anos. Como nas palavras cruzadas, os participantes têm de formar palavras que se interliguem, colocando sobre o tabuleiro letras com diferentes pontuações.
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Figura 22 - Corrida das Palavras (Xalingo) A partir 
de 6 anos. O desafio é formar mais palavras que o 
outro participante. São dois tabuleiros e 120 peças de madeira com as letras do alfabeto. 
Figura 23 - Top Letras (Estrela) A partir de 7 anos. Os participantes colocam uma letra em cima da outra, para formar palavras na vertical e na horizontal. Fala, por 
exemplo, vira Vala quando a letra F é substituída por V. 
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Referências de jogos
Figura 24 - Jogo que associa letras e a figura. Interessante pois faz a associação entre a palavra 
e o significado, no entanto tem possibilidades limitadas de combinação
Figura 25 - O objetivo desse jogo é fazer com que a criança reproduza a palavra contida no cartão com a imagem. Mais uma vez o jogo faz associação entre palavra e imagem, mas a função da criança é meramente copiar a palavra acima.
Figura 26 - Jogo bastante simples e interessante pelo fato de poder ser feito em casa. A criança insere as letras no barbante formando as palavras. Outro aspecto legal sobre esse produto é que estimula a coordenação motora.
Figura 27 - Neste caso temos a associação de um brinquedo existente, 
o Lego, com uma atividade. Foi dado a criança uma folha com referências de montagem das letras, as quais ela deve reproduzir. Muito interessante por estimular a coordenação motora, visão tridimensional e crial uma ligação forte da criança com o formato da letra.
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Figura 28 - Outro jogo que estimula a visão tridimensional da criança, fazendo com que ela tenha que formar palavras em diferentes posições.
Figura 29 - Jogos simples que pretende apenas ajudar a criança a fazer a conexão entre a letra e a inicial da palavra chave. Interessante pelo modo com que a letra foi incorporada ao desenho de cada animal.
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Entrevistas
 A fim de obter maiores informações a respeito do processo de alfabetização foi realizada uma 
pesquisa com pessoas com dislexia, pais e mães de crianças com dislexia e educadores. As 10 perguntas abertas foram enviadas através de um formulário online e a maior quantidade de respostas foi por parte de 
pais e mães (19 respostas), seguido pelas pessoas com dislexia (5 respostas) e por educadores (1 resposta).As pessoas com dislexia relataram que o diagnóstico ocorreu tarde, para a maioria depois da fase de alfabetização. Professores e mães foram os que primeiramente notaram os sintomas. Dentre 
as principais dificuldades foram relatadas a leitura e escrita, concentração e escrever um texto longo e coeso. A maioria sentiu preconceito de pessoas a sua volta e não teve ajuda dos pais nos estudos. 
Apesar da dificuldade a maioria relatou concluir a alfabetização no tempo normal. Exercícios 
da fonoaudióloga, leitura em voz alta e repetição de palavras que causavam dificuldade foram as principais estratégias que ajudaram na alfabetização. A maioria não teve nenhum material de apoio, como jogos. Dentre os conselhos para um melhor aprendizado essas pessoas apontaram estímulo a leitura, ensino personalizado, letras maiores na provas e trabalhar a autoestima dos alunos.
Já em relação aos pais a maioria deles relata que o diagnóstico dos filhos ocorreu na fase escolar (o que é esperado, visto que apenas responderam a pesquisa os pais com o diagnóstico já 
confirmado em crianças). O sentimento desses pais no momento do diagnóstico variou entre alívio 
por ter uma definição concreta do problema do filho e desespero por não saber se a criança teria uma vida normal. As mães, professoras e fonoaudiólogas foram as mais citadas como pessoas que primeiramente notaram o problema nas crianças. Os principais problemas relatados são leitura, 
interpretação de texto, imaturidade escolar, dificuldade de organização, dificuldade de memorização do alfabeto e, principalmente, marginalização e preconceito em sala de aula. A grande maioria relatou sofrer preconceito de colegas de classe, outros pais e, até mesmo, da família. Relativo a alfabetização 
as principais dificuldades foram na memorização dos sons, atraso no aprendizado e falta de atenção 
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especial dos professores, fazendo com que a alfabetização tenha sido muito mais demorada (alguns 
relataram que o filho tem 11, 14 e 16 anos e ainda não tem leitura fluente). A grande maioria tenta 
estudar com os filhos em casa. Apoio escolar, professores particulares, materiais de apoio, paciência, carinho e atenção de professores e da família e acompanhamento de fonoaudióloga foram os principais conselhos para melhorar a leitura e escrita.Em relação aos educadores só tivemos uma resposta de um psicopedagogo, que trabalhou com diversas crianças com dislexia. Ele relatou que o diagnóstico para a maioria das crianças ocorreu por uma 
equipe multidisciplinar (neuropediatra/ fonoaudiólogo/ psicólogo). As principais dificuldades notadas por ele 
foram a aprendizagem fragmentada, dificuldade em organizar sua própria vida, letra ilegível e dificuldade em fazer as atividades obedecendo a uma ordem/rotina. Descreveu a criança como estressada e com autoestima comprometida. Ele também relatou preconceito por parte das pessoas que consideravam os alunos preguiçosos. Considera que os pais ajudaram muito pouco e que alguns alunos ainda estão tem fase de alfabetização. Alguns materiais utilizados foram leitoril, plantar, óculos de prisma e jogos diversos e seu conselho de como melhorar o aprendizado é ter um material concreto, muito visual. Todas as respostas dessa pesquisa estão no Anexo I.Outra entrevista realizada foi com a Doutora Maria Angela Nogueira Nico, fonoaudióloga, 
psicopedagoga e Coordenadora Científica da ABD. Ela foi uma das criadoras da cartilha para crianças 
com dislexia e contribuiu muito com informações sobre o material. Segundo ela, a cartilha demorou 3 anos para ser confeccionada econtou com a ajuda do MEC e estudos de campo para sua regularização no entanto, o governo não oferece nenhum apoio para que o material seja distribuído gratuitamente. 
Ela relatou que foi utilizado o método fônico de alfabetização para essa cartilha e que ele é o mais recomendado para crianças com dislexia. Alguns conselhos para as crianças em sala de aula é que elas tenham mais tempo para fazer as provas, utilizem letras maiores e textos menores. Além disso, 
a Doutora Angela relatou que no Brasil há grande dificuldade em encontrar bons materiais de apoio para alfabetização, como jogos. Ela relata que a maioria deles é feito de modo muito artesanal pelos professores e não tem a qualidade que deveriam. Os principais jogos citados por ela que podem auxiliar as crianças foram jogo da memória, baralho e quebra cabeça.
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Dados RequisitosOs pais e responsáveis devem ter uma postura de conscientização da situação da criança e oferecer apoio.
- Material passível de integrar pais e crianças.
Crianças que aos 5 anos apresentam atraso na aquisição da linguagem irão apresentar importantes anormalidades neuropsicológicas aos 9 anos.
- Material que forneça informações a respeito do diagnóstico da dislexia.
Há grandes dificuldades por crianças com dislexia em aprender o alfabeto e na aquisição da escrita.
- Material que auxilie a criança na aquisição da escrita e leitura e na memorização do alfabeto.
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Análise dos dados e requisitos
 A seguir estão listados os indicativos mais importantes coletados e suas implicações para o 
projeto, os requisitos. Os requisitos serão avaliados por ordem de prioridade dessa forma:
• Rosa: essenciais.
• Azul: desejáveis.
• Verde: acessórios.
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A dislexia não irá atingir apenas a criança em suas atividades acadêmicas, mas também em atividades comuns do dia-a-dia e aspectos ligados à organização diária da própria vida. 
- Material que auxilie a aquisição de competências ligadas ao dia-a-dia.
Crianças enfrentam o despreparo dos 
professores para identificar e lidar com a dislexia e o preconceito dos colegas. 
- Material que incentive a colaboração e integração entre professores, colegas de classe e crianças com dislexia.
Dificuldades das crianças com dislexia em 
identificar os sons que correspondem às letras. 
- Material que auxilie a criança a fazer a correlação entre som e letras.
Dificuldades das crianças com dislexia em memorizar convenções de tempo, lembrar de sequências numéricas e dizer as horas. 
- Material que auxilie a criança a memorizar números e convenções do tempo.
Maior tendência das crianças com dislexia a desatenção e distração. - Material dinâmico e que estimule o interesse da criança.Maior tendência das crianças com dislexia a desorganização e incoordenação motora. - Material que estime a organização e coordenação motora.No cérebro de uma pessoa com dislexia 
alguns trajetos neurais específicos visuais, por não terem sido usados e estimulados, não funcionam corretamente para enxergar determinados estímulos. 
- Material exija diferentes movimentos 
gráficos de modo a estimule trajetos neurais.
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Dificuldade das crianças com dislexia em distinguir esquerda de direita e letras de números. - Material que auxilie na diferenciação de direções, letras e números.
Necessidade de um material didático ou de apoio adequado ao aprendizado da criança com dislexia e que contribua para minimizar os efeitos causados pelo distúrbio. 
- Material especialmente desenvolvido para crianças com dislexia, levando em consideração limitações e necessidades.
Não existência de materiais gratuitos de apoio a alfabetização de crianças com dislexia. - Material de baixo custo que tenha um alcance amplo de crianças com dislexia.Necessidade de libertar a criança com dislexia de orientações confusas e variadas a que foi submetida, fazendo com que ela possa organizar apenas um sistema. 
- Material sem regras complexas e confusas, de simples entendimento.
Integrar métodos e intervenções diferentes ao tratamento da dislexia tende a dar resultados mais satisfatórios e o disléxico pode superar a 
dificuldade de ler e escrever.
- Material alternativo e complementar ao ensino em sala de aula.
A apresentação do material é muito importante como cabeçalhos destacados, letras claras, maior uso de diagramas e menor uso de palavras escritas.
- Material graficamente adaptado às 
dificuldades da criança com dislexia, com letras grandes, imagens e textos curtos.
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Auxiliar a autoconfiança da criança através de áreas em que é boa (música, esportes, 
artes, tecnologia). 
- Material que integre o ensino a áreas de fácil compreensão para crianças com dislexia 
(como música, esportes, artes, tecnologia).Delinear um programa que estabeleça os objetivos e estratégias a serem usados, através de uma equipe multidisciplinar que deverá traçar um plano de estudos. 
- Material passível de ser utilizado dentro de um plano de estudos estruturado.
É importante que a criança participe da construção dos seu plano de estudos, que esteja consciente de que o sucesso depende de seu esforço. 
- Material que estimule a criança a usá-lo em favor do próprio desenvolvimento.
Sincronização de tarefas realizadas por pais, educadores e alunos, para que a criança supere 
suas dificuldades e crie prazer pela leitura. 
- Material passível de ser utilizado de forma integrada, em casa ou em sala de aula.
Método fônico consiste na introdução de atividades explícitas e sistemáticas de consciência fonológica associadas ao ensino das correspondências entre letras e sons é o mais recomendado para crianças com dislexia. 
- Material que utilize os princípios do método 
fônico de alfabetização.
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Método multissensorial busca combinar diferentes modalidades sensoriais no ensino da linguagem escrita, como os aspetos auditivos, visuais, cenestésicos e táteis e pode ser utilizado para auxiliar o aprendizado de crianças com dislexia. 
- Material que utilize complementarmente os princípios do multissensorial de alfabetização.
Método das boquinhas mescla estratégias 
fônicas, visuais e articulatórias e também pode ser utilizado para auxiliar o aprendizado de crianças com dislexia. 
- Material que utilize complementarmente os princípios do método das boquinhas de alfabetização.
A criança com dislexia precisa que esteja claro quais são os usos da escrita, como se organiza em diversos gêneros e formas. 
- Material que traga a consciência dos diversos usos da escrita à criança.
É importante para o aprendizado da criança com dislexia repetir os exercícios e treinar a coordenação motora. 
- Material que estimule a repetição de 
movimentos e exercícios de fixação.
É muito interessante o uso de jogos, kits de materiais e atividades que possam ser criados a partir de textos e estruturados para favorecer 
a reflexão sobre o sistema alfabético, reflexão fonológica e estratégias de leitura diversas 
- Material que estimule o lado lúdico do aprendizado.
1 – Persona
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Design Thinking
 Com o objetivo de melhor entender os apectos do projeto foi realizada ainda uma sessão de 
Design Thinking. O resultado foi o seguinte:
2 – Mapa de empatia
Fala Pensa
Faz Sente
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3 – Jornada do Bob
Jornada do Bob
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ColegasColegas Colegas
Lousa
Livros
Caderno
Professora
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4 – Mapa de processo 
68
5 – Brainstorming de soluções 
69
6 – Agrupamento das soluções semelhantes 
1 
2 
3 
70
7 – Priorização das soluções 
1 
2 
3 
Benefícios 
Viabilidade 
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Dessa forma, a solução que mais atende os objetivos desse 
jogo é a número 3, tanto em benefícios quanto em viabilidade. O resultado está de acordocom os requisitos de projeto que já haviam sido traçados mas trouxeram ainda outros insights principalmente sobre comportamentos que contribuirão para o projeto.
Normas para brinquedos infantis
A norma ABNT NBR NM300-1:2004 se refere à segurança do brinquedo. Alguns pontos 
podem ser aplicados ao projeto, como as que seguem:
 “3.4 Reforço: material aderido a uma lâmina de plástico flexível.”(ABNT, 2004, p.05)
“3.6 Rebarba de corte: rugosidade causada pela realização de um corte ou acabamento de 
um material não limpo.” (ABNT, 2004, p.05)
“3.16 Rebarba: Excesso de material que escapa entre as partes que se encaixam em um 
molde.” (ABNT, 2004, p.07)
“3.23 Projeção perigosa: Saliência que, por causa de seu material ou configuração, ou 
ambos,pode representar perigo de perfuração caso a criança pise ou caia sobre o brinquedo.” 
(ABNT, 2004, p.07)
“3.24 Borda afiada ou canto vivo perigoso: Borda acessível de um brinquedo que apresenta 
um risco de ferimento durante o uso normal e abuso razoavelmente previsível.” (ABNT, 2004, p.07)
“3.42 abuso razoavelmente previsível: uso de um brinquedo sob condições ou com fins não indicados pelo fornecedor, mas que pode ocorrer, induzidos pelo brinquedo e/ou como resultado 
do comportamento comum da criança.” (ABNT, 2004, p.10)
“4.8 Projeções: (...) Brinquedos destinados para serem montados e desmontados (...) devem ter peças individuais e artigos completamente montados, conforme apresentados nos desenhos 
da embalagem, instruções ou outros anúncios (..).” (ABNT, 2004, p.19)
“4.10 Filme plástico ou sacos plásticos para embalagem ou brinquedo.” (ABNT, 2004, p.20)
“5.2 Ensaio de partes pequenas” (ABNT, 2004, p.40)
“5.4 Ensaio de bolas para crianças.” (ABNT, 2004, p.41)
“A4 Consideração para segurança na faixa etária.” (ABNT, 2004, p.81)
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“A4.3 Brinquedos não apropriados para crianças menores de três anos de idade” (ABNT, 
2004, p.82)
“A4.4 Jogos para crianças de 8 anos de idade e maiores.” (ABNT, 2004, p.83)
“A4.4 Brinquedos para crianças maiores de 8 anos inclusive.” (ABNT, 2004, p.83)
“A5 Rotulagem etária descritiva.” (ABNT, 2004, p.84)
“B1 Apresentação.” (ABNT, 2004, p.85)
“B2 rotulagem de advertência.” (ABNT, 2004, p.85)
“B2.3 Símbolo gráfico para advertência de faixa etária imprópria.”(ABNT, 2004, p.86)
“B3.1 Literatura instrutiva – Informações e instruções”(ABNT, 2004, p.90)
“B4 Informação do fabricante”(ABNT, 2004, p.92)
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Briefing
Público alvo
O jogo é destinado às crianças diagnosticadas com dislexia, com suspeita do distúrbio ou que 
começam a apresentar indícios de dificuldades em se relacionar com o alfabeto. Alternativamente, crianças que não possuem nenhum problema também podem utilizar o jogo, até mesmo em conjunto com crianças com dislexia para que haja integração. O início da alfabetização ocorre normalmente entre os seis e sete de anos de idade. Dessa 
forma o jogo pode ser utilizado de duas formas diferentes:
1. Preferencialmente por crianças na fase de pré-alfabetização, ou seja, entre quatro e cinco anos, já que o objetivo do jogo é proporcionar à criança um primeiro contato com o alfabeto e habituá-la com a forma e posição das letras.
2. Alternativamente, pode ser utilizado por crianças que já iniciaram a alfabetização, mas ainda não estão totalmente familiarizadas com a forma e posição das letras.
Lembrando que deverá ser utilizado também em conjunto com pais e educadores, que 
auxiliarão com as regras e orientarão em caso de alguma dificuldade.
Conceito
As principais fases da alfabetização segundo a Revista Crescer (site Fonoterapia) são as seguintes:
1ª fase (pré-silábica) – A escrita é um amontoado de rabiscos, pois a criança não sabe que as letras representam os sons da fala. Ao perceber isso, começa a criar hipóteses de escrita, juntando letras e variando-as de posição.
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2ª fase (silábica) – Nessa etapa, ela descobre que as sílabas representam os sons da fala, mas ainda 
não sabe a combinação correta das letras. É comum escrever uma letra para cada sílaba pronunciada.
3ª fase (silábico-alfabético) – Ela insere novos caracteres na sua escrita, mas parece que come letras, porque ainda não faz a palavra completa. O próximo passo é escrever palavras que 
podem ser lidas e enfrentar as dificuldades da ortografia, como sons iguais de letras diferentes.Dessa forma, o jogo será totalmente voltado para a primeira etapa da alfabetização e para fase anterior a ela. Isso porque, segundo a pesquisa realizada, o sucesso do primeiro momento da alfabetização é fundamental para que as demais também sejam bem sucedidas. O objetivo é preparar a criança para as fases seguintes através da consolidação do conceito do alfabeto, apreensão perfeita de cada letra e como são corretamente escritas. Isso porque as crianças com dislexia apresentam 
especial dificuldade em organizar as letras e escrevê-las no posicionamento correto.
Insights
Durante a apresentação da primeira etapa desse trabalho, um dos componentes da banca examinadora, me aconselhou a utilizar em meu jogo um modelo que privilegiasse a criança com dislexia e sua habilidade em fazer combinações e enxergar a palavra espelhada de maneira 
extremamente rápida. A figura 2, já apresentada nesse trabalho, retrata exatamente isso e foi usada como ponto de partida.Dessa forma, as particularidades do pensamento da criança com dislexia, que antes a tornavam mais lenta e confusa do que as demais crianças, poderá ser utilizada a favor dela, em um jogo que privilegia o pensamento rápido e tridimensional. Além disso, o problema comum de espelhamento das letras, apresentado por crianças com dislexia, poderia ser utilizado em favor de seu aprendizado.
Figura 2 - 27 variações disléxicas para a palavra GATO
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Resultado final
Desenvolvimento da ideia
Considerando o insight descrito como principal guia, além dos requisitos de projeto, o 
desenvolvimento da ideia ocorreu a partir da própria imagem usada como referência:
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Figura 2 - 27 variações disléxicas para a palavra GATO
A partir dessa imagem foi pensado o espelhamento de uma só letra:
E a seguir o espelhamento considerando um ângulo:
Figura 30 - Espelhamentos da letra F
Figura 31 - Espelhamentos em ângulo
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Imagens como essa podem ser obtidas através de um caleidoscópio. Dessa forma, um caleidoscópio pelo qual fosse possível visualizar a letra em diferentes posições de espelhamento seria o principal componente desse jogo. O jogo ainda é complementado por um tabuleiro em acrílico.
Componentes do jogo e funções
Dessa forma, temos dois componentes principais no jogo:
Caleidoscópio
Caleidoscópio é um “objeto óptico formado por um pequeno tubo de cartão ou de metal, com 
pequenos fragmentos de vidro colorido ou miçangas, que, através do reflexo da luz exterior em pequenos espelhos inclinados, apresentam, a cada movimento, combinações variadas e agradáveis 
de efeito visual”. O caleidoscópio foi inventado na Inglaterra, em 1817 pelo físico escocês Dawid Brewster e foi por muito tempo utilizado como brinquedo. Hoje é usado para fornecer padrões de 
desenho diferentes.” (Wikipédia)
O caleidoscópio consiste na parte principal do jogo. É a partir dele que a criança poderá observar as letras de maneira espelhada e combinada com outros elementos coloridos que conferem um efeito interessante ao produto. Diferentemente dos caleidoscópios convencionais em que não é possível substituir o conteúdo a ser observado, neste caso é possível inserir diferentes letras e materiais para serem observados. Alguns caleidoscópios foram utilizados como referência para a execução desse projeto. O primeiro trata-se de um trabalho realizado como experimentação 
para diferentes tipografias. As letras foram inseridas juntas no caleidoscópio, gerando uma imagem interessante, mas extremamente confusa. Na segunda referência a letra é centralizada no caleidoscópio, facilitando

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