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V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 LICEU PIAUIENSE: ARQUITETURA ESCOLAR COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO EM TERESINA JAKELINY, JENEFFY (1); GONÇALVES, ALDIR (2); SOARES, LETÍCIA (3) 1. Estácio Teresina Av. dos Expedicionários, 700- Recanto das Palmeiras CEP: 64046-700 jakelinymendes@gmail.com 2. Estácio Teresina Av. dos Expedicionários, 700- Recanto das Palmeiras CEP: 64046-700 agamf@hotmail.com 3. Estácio Teresina Av. dos Expedicionários, 700- Recanto das Palmeiras CEP: 64046-700 leticiadaniel17@hotmail.com RESUMO Este artigo consiste em uma análise arquitetônica voltada para a história e os critérios projetuais da escola Zacarias de Góis e Vasconcellos, ou como é conhecida popularmente, Liceu piauiense. Localizada em Teresina, capital do estado do Piauí, foi fundada entre 1934 e 1936, no período político do Estado Novo no brasil. Segundo pesquisas historiográficas, a mais antiga escola pública do Piauí herdou o nome de seu fundador e teve como engenheiro Luís Mendes Ribeiro Gonçalves, transcendendo a educação de diversas gerações. É notório uma composição arquitetônica disposta em dois blocos, o principal em formato de “u” e o secundário em linhas retilíneas, este por sua vez criado após sua reestruturação. É um edifício que faz parte do patrimônio histórico e arquitetônico de teresina e foi atuante nas transformações sociais, econômicas e culturais do espaço urbano da cidade. Com um estilo arquitetônico em Art Decó, possui uma fachada em linhas retas e escala monumental claramente identificadas. A metodologia adotada tem como aspecto basilar acervos bibliográficos, fotográficos e relatos pessoais sob uma visão crítica no que diz respeito a essa escola e sua relevância perante a transcendência histórica teresinense. Este artigo enquadra-se no eixo temático 2 – arquitetura e documentação: a pesquisa na área da história da arquitetura e do urbanismo – tendo como foco o edifício como documento. Palavras-chave: Patrimônio Histórico; Arquitetura Educacional; Critérios Projetuais. V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 ASPECTOS HISTÓRICOS O Colégio Estadual Zacarias de Góis, ou comumente conhecido, Liceu Piauiense, é a mais provecta escola pública do estado do Piauí, sediada em sua capital, Teresina. É uma importante edificação já que está inserida no centro histórico da área central da cidade e participa da caracterização desse meio urbano arquitetônicamente consolidado. Sua primeira instalação foi originária em Oeiras, em 1852, antiga sede estatal, passando por diversas transições e locações em diferentes momentos históricos. A inexistência de uma boa infraestrutura educacional no século XVIII foi um dos motivos da instalação da escola. A partir da segunda metade do século XIX, o ensino na província piauiense progrediu, tendo como pauta o surgimento de escolas no Brasil, com a implementação da Lei Geral do Ensino, de 15 de outubro de 1827 (VASCONCELOS; MARIA INÊZ, 2007, p.14). O traço urbano de teresina caracterizou-se por uma malha ortogonal, similar a um tabuleiro de xadrez, tendo como eixo central e pioneiro a Igreja Nossa Senhora do Amparo. Foram doados alguns terrenos com dimensões de 40x40. A ocupação urbana originou-se dos sete primeiros quarteirões, sendo quatro para o eixo sul e três para o norte. Em um curto espaço de tempo, a cidade teve sua consolidação e, lotes anteriormente doados, passaram a ser vendidos nos quarteirões centrais (VASCONCELOS; MARIA INÊZ, 2007, p.14). Em Teresina, a falta de ensino chama a atenção do vigente presidente do distrito teresinense, Zacarias de Góis e Vasconcelos no ano de 1845. Dessa forma, uma de suas pioneiras medidas propostas à Assembléia Legislativa Provençal foi a organização dos ensinos primário e secundário, além de criar um curso de Humanidades – o Liceu. Em 1853, a resolução nos 350, no governo de Luís Carlos de Paiva Teixeira autorizou a transformação do Liceu em internato, porém não foi cumprida. No governo de Antônio de Boto de Sousa Gaioso chegou a ser extinguida, contudo no ano de 1867 foi reativada (VASCONCELOS; MARIA INÊZ, 2007, p.95). Com a falta de um lugar que atendesse às necessidades exigidas pela construção,o instituto passou por vários endereços, bem como o Arquivo Público, um imóvel comercial, localizado na esquina da Rua Rui Barbosa com a Desembargador Freitas. Em 1934 foi dado início a sua construção com sede própria, localizada no centro da cidade (Figura 1), em frente à praça Landri Sales, ou popularmente conhecida, praça do Liceu. V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 Figura 1: Liceu Piauiense na década de 30 após sua implantação no centro de Teresina. Fonte: Acervo fotográfico encontrado “in loco”. Cada prédio possui um porte determinado que está relacionando não apenas a parte física da construção, mas também ao valor cultural e histórico do espaço e que as intervenções nesse patrimônio são naturais em função das constantes mudanças da vida urbana trazidas pelo progresso. Entretanto, a falta de cuidado com determinados espaços, tanto por parte do poder público como de parte da população traz alterações, na maioria das vezes, negativas. É aí que surge a necessidade de intervenções, reestruturações ou reformas desses espaços (Figura 2). A escola é um exemplo de patrimônio que transcende a educação de diversas gerações. Preservar significa proteger, resguardar, evitar que alguma coisa seja atingida por outra que possa lhe ocasionar dano. Conservar significa manter, guardar para que haja uma permanência no tempo. Desde que guardar é diferente de resguardar, preservar o patrimônio implica mantê- lo estático e intocado, ao passo que conservar o patrimônio implica integrá-lo no dinamismo do processo cultural. Isso pode, às vezes, significar a necessidade de ressemantização do bem considerado patrimônio, e é nesse terreno que se dá a discussão (BARRETTO, 2000, p. 15). V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 Figura 2: Pátio central descoberto do Liceu. Ao fundo, bloco anexado após reforma realizada no ano de 2016 a fim de expandir o programa de necessidades desta. Fonte: Acervo fotográfico dos autores (2017). Esta situa-se num terreno irregular, com uma elevação, o Alto da Pitombeira, onde foi construído colégio. Possui um formato semicircular realizado por uma escadaria de pedra que percorre o formato da rua. No piso pode ser contrado pedras portuguesas e blocos intertravados de concreto. Assim como outros espaços públicos de Teresina, o rossio recebeu fontes, lago e mobília decorada, mas pela falta de preservação, tornou-se área de contaminação e patogênica, além de ter participado na formação do traçado urbano teresinense (MARIA DE MOURA; IRACILDE, 2002, P.6). METODOLOGIA Para este trabalho, inicialmente foi realizada uma abrangente pesquisa bibliográfica, através de sites, artigos, livros e publicações, bem como entrevistas formais com o diretor da escola. Podemos classificar a natureza da pesquisa como quantitativa buscando abranger o maior número de dados históricos. Na abordagem qualitativa, o investigador procura aprofundar-se na compreensão dos fenômenos que estuda – ações dos indivíduos, grupos ou instituições em seu ambiente e contexto coletivo – interpretando-os segundo a observação dos participantes da situação enfocada, sem se ater à representatividade numérica, generalizações cadastrais e relações lineares derazão e efeito. Assim sendo, a explicação, V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 a consideração de quem investiga como principal instrumento de indegação e a necessidade do pesquisador de estar em contato direto com o campo, para absrover os significados dos comportamentos analisados, simbolizam características da pesquisa qualitativa (ALVES, 1991; GOLDENBERG, 1999; NEVES, 1996; PATTON, 2002). ANÁLISE ARQUITETÔNICA No Brasil, a arquitetura na década de 30 caracterizou-se como uma época que englobou a construção de modelos ecléticos e iniciativa do movimento modernista. Foi um período de transição, no qual posteriormente concretizou-se como o Art Decó, marcado por linhas simples, formas e volumes geométricos, ortogonais, exagero ornamental a pela verticalização dos edifícios. A procura de uma imagem metropolitana, o processo de industrialização visava um menor custo-benefício das obras públicas, buscando aliar a arquitetura ao poder político da época, desde grandes edifícios à moradias populares, refletindo também na arquitetura escolar (VALEK; FABIANA, 2007, P.5). O estilo Art Decó presente no Liceu Piauiense, chegou na década de 30 na capital, sendo em sua maioria adotada em edifícios comerciais, imóveis, marcos públicos, cinemas, a exemplo do Cine Rex, que teve sua construção em 1936. Além destes, o hospital Getúlio Vargas e a sede dos Correios e Telégrafos surgiram posteriormente, seguindo o mesmo estilo. Tal natureza promoveu na cidade uma mudança nas formas construtivas, bem como a substituição da madeira e da carnaúba pelo concreto armado, além de uma fachada mais linear. O Objetivo desse movimento foi o de trazer um caráter moderno a cidade. ( SILVA, 2007, p. 20). A Art Decó foi um movimento que surgiu na Europa e teve seu apogeu na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais, ocorrida em 1925 em Paris. Foi um estilo que atingiu todos os setores das artes, tanto na arquitetura, designer, moda e decoração, foi estilo artístico que chegou ao Brasil somente no final da década de 20 e início dos anos de 1930, e teve grande influência na arquitetura Brasileira. Foi uma corrente que antecedeu o modernismo arquitetônico, e trazia consigo linhas retas estilizadas, a utilização de formas geométricas e tinha influências no construtivismo, futurismo e cubismo. (MAGALHÃES, ARACELLY M.;MOURA, VIVIANE DE PAULA F, As Transformações do Hospital Getúlio Vargas ao Longo de 70 Anos como Referência Arquitetônica e Cultural de Teresina – PI, 2016, p.8). A escola Liceu Piauiense está locada no Centro, o bairro atualmente caracteriza-se como uma zona comercial, na área central de Teresina, capital do estado do Piauí, as transformações econômicas e sociais do espaço urbano da cidade trouxeram também transformações espaciais resultantes da alteração da intensidade de uso de diferentes áreas. Com a compreensão da maneira como aconteceram essas transformações ao longo da história, podemos perceber que os processos sociais, políticos econômicos e culturais V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 existentes em outros bairros tiveram reflexos no Centro (GABRIELA, ROSA; MARIA, LÍVIA; BARTZ, CÍNTIA; VALÉRIO, ARAÚJO, 2012, p.3). A partir da observação das plantas da escola é possível observar que a escola tem uma planta com um formato em “U” (Figura 3), com um intuito de criar um pátio central aberto, sendo a mesma até hoje, porém com o passar do tempo reformas estruturais e de restauração precisaram ser feitas, como a ocorrida no ano de 2016, na qual foi adicionado um bloco a fim de criar mais salas de aulas, bem como sanitários e um refeitório com cozinha. Figura 3: Plantas baixas térreo e pavimento superior da escola . Fonte: Acervo da SEMEC Piauí (2014). A escola engloba dois blocos, preferencialmente sendo nomeados de “Bloco A” e “Bloco B”. Ambos conjuntos possuem dois pavimentos. O principal (Bloco A), no pavimento inferior, ficam localizados os setores administrativo e de serviços, bem como algumas salas de aula e sanitários. Já o superior é predominantemente de uso pedagógico (Figura 4). O segundo bloco (Bloco B), no que lhe concerne, seu pavimento inferior é detectado o setor de serviços, sendo grande parte deste composta pelo refeitório, depósitos, dentre outros espaços que participam do funcionamento da escola. Já o pavimento superior, também há uma predominância pedagógica. (Figura 4). O programa de necessidades da escola atual cedido em entrevista através do diretor Edvaldo Francisco de Lima e visitas “in loco“ é extenso, preferindo – se assim setorizá-lo para uma melhor compreensão. O setor de vivência compreende a biblioteca, o pátio, o auditório, as duas salas de espera, a sala dos professores e a quadra poliesportiva. O setor administrativo está localizado no pavimento térreo e é composto pela diretoria e coordenação, a secretaria e o financeiro e o arquivo morto . O setor pedagógico localiza-se V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 em ambos pavimentos que por sua vez abrange as 23 salas de aula, o laboratório de ciências, sala de xadrez e o laboratório de informática. Por último, o setor de serviço encontra-se em todos os blocos da escola, é formado pelos depósitos, pelos vestiários e banheiros para funcionários e pela portaria. Em arquitetura, o programa de uma edificação é o conjunto de necessidades que um projeto deve contemplar e o roteiro de como os requisitos devem estar dispostos em um novo prédio deve contemplar o roteiro de como os requisitos funcionais devem estar dispostos em um novo prédio. No caso específico da tipologia escolar, o “programa” define o número de salas de aula e quais serão os outros ambientes de ensino, como, pro exemplo, biblioteca, quadras, laboratórios etc., além de estabelecer as características desejadas a tais ambientes e as respectivas disposições na edificação. (WEISS, Donald. Como Escrever com Facilidade. São Paulo: Círculo do Livro, 1992). Figura 4: Perspectivas volumétricas da escola Liceu Piauiense. Fonte: Redesenho dos autores (2017). Centralizado no pátio está o auditório, que por se tratar de um espaço destinado as artes possui um cuidado maior com sua estética, diferenciando-se de seu entorno. Sua forma é orgânica. A circulação dos estudantes é feita através de rampas e corredores abertos que percorrem toda a construção, o que oferece uma sensação de liberdade dentro do âmbito escolar. É importante ressaltar também que a edificação desde seu projeto inicial ate as reformas recentemente atribuídas, sempre preservou o ambiente no qual foi inserido. Árvores centenárias presentes no local foram mantidas. Já o ginásio poliesportivo é um espaço a parte da escola, assim como sua estrutura. A sua volta estão dispostos vestiários e sanitários para alunos. O lote no qual o edifício foi construído possui um grande desnível. Os declives encontrados no interior da edificação, visto a planificação da mesma, são pouco acentuados, sendo estes bem aproveitados para o escoamento de águas. Quanto à acessibilidade, rampas de acesso foram criadas e pensadas para o uso de cadeirantes desde a entrada, as salas de aula e V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 demais instalações, segundo a NBR 9050. Outras instalações atendem a essa lei, bem como portas largas, guarda corpos e salas, que já eram amplas desde o seu projeto inicial. Promover a educação requer a garantia de um ambiente com condições para que a aprendizagempossa ocorrer. É importante proporcionar um ambiente físico, aqui denominado infraestrutura escolar, que estimule e viabilize o aprendizado, além de favorecer as interações humanas. (JOSÉ, JOAQUIM; RIBEIRO, GIRLENE; AKEMI, CAMILA; FRANCISCO, DALOTN, Uma Escala para Medir a Infraestrutura Escolar, 2013, p.78) Sua volumetria em “U” foi projetada com o intuito de centralizar todas as atividades ao pátio. O uso de cheios e vazios interior e exteriormente com abertura de grandes vãos, bem como o intercolnúnio em corredores propiciam um ritmo à mesma. Na fachada frontal e em alguns pontos da planta da escola há uma simetria bilateral, algo pensado para facilitar o acesso e a funcionalidade de quem a utiliza, sem contar toda sua venustidade. A paleta de cores utilizada na construção é a mesma de antigamente, sendo essa perservada. Tons pastéis e claros são vistos nas paredes, a exemplo da cor amarela clara e branca. A cerâmica branca também está presente nos banheiros, salas de aula, e demais instalações do setor de apoio para facilitar a limpeza. Em uma análise formal, é possível garantir que suas paredes são em alvenaria de tijolos, com paredes grossas (35cm) que revelam seu caráter monumental e pesado, além de mostrar toda sua imponência. No piso é constatado o uso do granilite, do piso cerâmico e do cimento queimado, dependendo de cada setor. Deve-se frisar que a escolha do piso foi assertiva, pois a função de cada ambiente depende desse fator e estes estão em ótimo estado de conservação. Como propriedades de teto e de forro é verificado a aplicação do forro PVC e do gesso. A opção foi adequada para a época da construção, mas no decorrer de décadas houve uma degradação do mesmo, permitindo infiltrações. Forma é um termo abrangente que tem vários significados. Pode se referir a uma aparência externa passível de ser reconhecida, como a de uma cadeira ou de um corpo humano que se senta nela. Pode também aludir a uma condição particular na qual algo atua ou se manifesta, como quando falamos de água na forma de gelo ou vapor. Em arte e projeto,frequentemente utilizamos o termo para denotar a estrutura formal de um trabalho – a maneira de dispor e coordenar os elementos e partes de uma composição de forma a produzir uma imagem coerente. (CHING, Francis. Arquitetura Forma, Espaço e Ordem. São Paulo, 2002). A fachada principal da escola está localizada na direção Sul, região em que se encontra é a melhor forma de otimizar o conforto térmico dos ambientes na capital, segundo sua carta solar, pois é a área que recebe menor incidência solar. Já quanto à orientação dos ventos predominates de Teresina, estão voltados para a direção sudeste pela manhã e nordeste pela noite, logo podemos perceber que a fachada lateral direita é melhor posicionada nesse sentido. O “sol da tarde” atinge com supremacia o pátio central, porém os alunos contam V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 com a proteção de grandes árvores que geram sobras para quase toda a área, o que revela o cuidado com a proteção solar para com os alunos, sem ceder a proposta de uma área recreativa descoberta. As janelas e basculantes presentes nas fachadas laterais voltadas para nordeste e noroeste propiciam uma boa iluminação as salas de aula e demais instalações. O conforto térmico também é beneficiado pelas mesmas e, o acústico por sua vez é aproveitado pelo pé direito duplo na maioria dos ambientes. Durante todo espaço construído é possível perceber o microclima criado na escola, fator esse possível graças à preservação do paisagismo centenário presente desde seu projeto inicial. Optou-se então por se adaptar as condições paisagistas que já existiam no terreno antes da edificação ser inserida no mesmo. Os corredores de circulação possuem um guarda-corpo com parede de cobogós garantindo a ventilação zenital durante todo o percurso que os alunos fazer ao transitar pela escola. As salas de aulas, apesar de contarem com uma climatização artificial, também são bem ventiladas naturalmente por meio de janelas que chegam a medir 3 metros de altura, além de existir também basculantes posicionados no lado oposto dessas aberturas maiores, facilitando assim a ventilação cruzada. As áreas recreativas dos alunos são predominantemente ao ar livre, já que Teresina é caracterizada por suas elevadas temperaturas e pouca densidade de chuvas durante o ano. A localização espacial é a melhor possível, sua fachada principal está voltada para sul, direção na qual se fica as melhores condições dentro das variáveis climáticas locais. CONCLUSÃO A análise histórica e arquitetônica da edificação congrega em um mesmo espaço questões de dialética espacial e funcional, bem como históricas (relacionado ao seu ano de construção e estilo arquitetônico adotado) e urbanísticas (o fato de sua construção englobar um espaço cívico marcante no traçado urbano de teresina. O liceu é um patrimônio a ser definido como pioneiro na educação piauense e seus traços e formas representaram um sinal de evolução, contribuindo para o desenvolvimento da área central e trouxe consigo uma imponência até então inexistente na arquitetura teresinense. Pôde-se verificar a relação do espaço construído inicial, na década de 1930 e o que a modernização do ensino e dos espaços escolares demandam atualmente, já que diversas reformas foram realizadas buscando melhorias e principalmente funcionalidade assim como o aumento do programa de necessidades visando atender uma maior demanda de alunos. A questão da manutenção das linhas retas, característica do Art Decó, deve-se à representatividade que o edifício tem para o meio urbano em que está inserido, como um exemplar de qualidade arquitetônica claramente visíveis e que deve ser mantido como V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 memória de um período de modernização da cidade, sendo assim patrimônio histórico de grande relevância para o meio. Vale ressaltar que a educação de Teresina dependeu fortemente da construção dessa edificação, que serviu como base para futuras instalações na cidade e sua modernização. A evolução da educação é um dos pontos principais, sendo esta detacada dentre as demais do país. O objetivo desse artigo foi almejado, uma vez que foi possível observar a importância da escola e da história do ensino de Teresina. Pretende-se com a finalização do estudo indicar possíveis meios que sirvam como base para futuras mudanças e preservação desse monumento. Além disso a pesquisa serve de referência para a história da capital e o reconhecimento do Liceu como um bem histórico- cultural. Objetiva-se também a ligação desse artigo para futuras pesquisas na área como forma de resguardar tal contexto. BIBLIOGRAFIA CHING, F. D. L. Arquitetura,forma,espaço e ordem. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. FRANCISCO de L., EDVALDO. Depoimento. [agosto de 2017]. Entrevista cedida a Aldir Gonçalves Alves de Meneses Filho e Jeneffy Jakeliny Mendes. JOSÉ, JOAQUIM; RIBEIRO, GIRLENE; AKEMI, CAMILA; FRANCISCO, DALOTN. Uma Escala para Medir a Infraestrutura Escolar, 2013, p.78. MAGALHÃES, ARACELLY M.; MOURA, VIVIANE DE PAULA F. As Transformações do Hospital Getúlio Vargas ao Longo de 70 Anos como Referência Arquitetônica e Cultural de Teresina – PI. Belo Horizonte. 2016, p.8. GABRIELA, ROSA; MARIA, LÍVIA; BARTZ, CÍNTIA; VALÉRIO, ARAÚJO. O Centro de Teresina: Avaliação dos Programas de Requalificação no Plano Teresina Agenda 2015, 2012, p.3. VASCONCELOS, MARIA INÊZ B. de. LICEU PIAUIENSE (1845-1970): DESVENDANDO ASPECTOS DE SUA HISTÓRIA E MEMÓRIA.Curso de Mestrado em Educação, 2007. FAÇANHA, ANTONIO C.; VIANA, BARTIRA A. da S., PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA EM TERESINA (PI): NOTAS DA AGENDA 2015 COMO PLANO DIRETOR, Mestrado em Geografia - UPFI, Teresina, 2015. V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017 DANIEL, LETÍCIA SOARES. Arquitetura Moderna Institucional em Teresina: Reflexos de um Arquiteto Migrante. Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: 2014. DIAS, J. R. De F. Morar Apartado: um estudo sobre as transformações programáticas e espaciais dos edifícios de apartamento em teresina. 2011. Dissertação ( Mestrado em Desenvolvimento Urbano) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001. OLÍMPIO, JOSÉ. O Liceu Piauiense: síntese histórica. 3. Ed. rev. aum. Teresina: [sn], 1993. CARVALHO, RÔMULO ; AFONSO, ALCÍLIA; INAGDA, JAQUELINE; NUNES, ANTONIO P.; SIMÕES, KARLA. PATRIMÔNIO E PAISAGEM EM TERESINA: Ações através da educação patrimonial. Universidade Federal do Piauí. Teresina, 2014. NEGREIROS, ANA; AFONSO, ALCILIA. Inventário do Patrimônio Arquitetônico Teresinense: Contribuições para Preservação da Paisagem.Belo Horizonte, 4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação, 2015. ANDRADE, ANDREIA R. DE. Educação Em Teresina Na Segunda Metade Do Século XIX. XXVIII Simpósio Nacional de História. Florianópolis – SC, 2015. BARRETTO, M. Turismo e legado cultural. Campinas, SP: Papirus, 2000. ALVES, A. J. O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 77, p. 53-61, maio, 1991. GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 1999.
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