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APS - Tráfico de Pessoas

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PARECER JURÍDICO
Trata-se de consulta formulada pelos Alunos de Direito da Universidade Paulista – Unip, unidade Marquês, a consulta tem como objetivo analisar a situação da ESCOLA PARTICULAR, pessoa física, CPNJ xxxxxxxx, domiciliada na Rua xxxxx, nº xx na cidade de xxx, em xxx, que é poderá ser demandada sobre a responsabilidade civil dos dados sequestrados por hackers.
Devido ao risco do ingresso de demanda em face da ESCOLA PARTICULAR, vitima invasão de seu sistema e efetivo sequestrado de dados por parte de hackers não identificados, é importante analisar a legislação no intuito de resguardar-se a condenação de responsabilidade civil.
 A autora da ação foi diagnosticada com DIABETES MELLITUS TIPO II, porém no dia 10 de agosto deste ano, foi suspenso o fornecimento dos medicamentos necessários fornecido pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
Além do uso constante de remédios para diabetes e controle de sua glicemia com fitas especiais, constatou-se também que a mesma possui problemas cardíacos e a falta de medicação poderá causar problemas nos rins, cegueira e até a morte.
Contudo, a autora não possui condições para comprar os medicamentos, visto que é hipossuficiente, pleiteando assim, concessão de tutela antecipada, alegando perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.
É o relatório. Passo a opinar.
DA FUNDAMENTAÇÃO [A fundamentação é a parte mais importante do seu parecer jurídico, aqui elabora-se as teses que irão apoiar a sua conclusão. É importante argumentar com clareza e objetividade, procurando responder qualquer dúvida a ser suscitada, baseando-se em leis, jurisprudências e doutrinas. Caso surja mais de um questionamento, separa-se estes para uma melhor organização e compreensão]
A lei de proteção de dados (13.709/2018) possui em sua estrutura, princípios inerentes a comunicação do controlador dos dados à autoridade nacional. 
Art. 48:
 O controlador deverá comunicar à autoridade nacional e ao titular a ocorrência de incidente de segurança que possa acarretar risco ou dano relevante aos titulares. 
     § 1º A comunicação será feita em prazo razoável, conforme definido pela autoridade nacional, e deverá mencionar, no mínimo: 
     I - a descrição da natureza dos dados pessoais afetados; 
     II - as informações sobre os titulares envolvidos; 
     III - a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas para a proteção dos dados, observados os segredos comercial e industrial; 
     IV - os riscos relacionados ao incidente; 
     V - os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter sido imediata; e 
     VI - as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter ou mitigar os efeitos do prejuízo. , em seu Artigo 7º elenca os princípios atinentes a saúde pública, como o princípio da universalidade:
Segundo o princípio preconizado no Inciso I, do Artigo supracitado, a saúde pública é um direito de todos os brasileiros, não podendo excluir o cidadão, por qualquer motivo.
É necessário que o Estado disponha dos recursos para aqueles que não possuem condições para adquirir o medicamento, tendo como subprincípio, o princípio da gratuidade dos medicamentos.
Considera-se a saúde como um direito social, inerente a todos os cidadãos, um direito instituído na nossa Constituição de 1988, no Artigo 6º.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Brasil, 1988) (grifo nosso)
De acordo com André da Silva Ordacgy (2007):
“A Saúde encontra-se entre os bens intangíveis mais preciosos do ser humano, digna de receber a tutela protetiva estatal, porque se consubstancia em característica indissociável do direito à vida. Dessa forma, a atenção à Saúde constitui um direito de todo cidadão e um dever do Estado, devendo estar plenamente integrada às políticas públicas governamentais”.[1]
Com isso, o Estado assume a responsabilidade da criação e fornecimento dos medicamentos para a população, tendo respaldo no que aduz o Artigo 196, também da Constituição.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (Brasil,1988)
Para Henrique Hoffmann Monteiro Castro:
[...] O sistema básico de saúde fica a cargo dos Municípios (medicamentos básicos), o fornecimento de medicamentos classificados como extraordinários compete à União e os medicamentos ditos excepcionais são fornecidos pelos Estados. Percebe-se, claramente, a composição de um sistema único, que segue uma diretriz clara de descentralização, com direção única em cada esfera de governo”[2].
Como afirma o doutrinador supracitado, os municípios possuem o dever de fornecer os remédios básicos, como os remédios para diabetes que a autora necessita.  De acordo com o Artigo 30 da Constituição, em seu Inciso VII.
Art. 30. Compete aos Municípios:
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; (Brasil, 1988)
O município possui o dever de fornecer o medicamento necessário para a paciente, em respeito ao princípio da universalidade. Contudo, a autora reside e tem como domicilio a cidade de xxxy.
Ou seja, a ação deverá ser intentada contra o município de xxxy, pois o foro para a promoção da ação, se dá na cidade onde a interessada reside, como se extrai da seguinte jurisprudência do Tribunal Catarinense.
CONSTITUCIONAL - ADMINISTRATIVO - DIREITO À SAÚDE - DECISÃO QUE OBRIGA O ESTADO A FORNECER TRATAMENTO MEDICAMENTOSO - RECURSO DESPROVIDO   1. "O direito à saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa consequência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional" (AgRgRE nº 271.286, Min. Celso de Mello; RE nº 195.192, Min. Marco Aurélio).   2. Salvo situações excepcionais, nas causas em que é reclamado do Poder Público o fornecimento de remédios, o princípio da proporcionalidade impõe ao juiz o dever de decidir sem detença o pedido de antecipação dos efeitos da tutela; é dispensável a prévia ouvida do réu, pois, via de regra, as condições de saúde do autor não permitem o protraimento da decisão para que sejam resolvidas as questões de fato suscitadas pelo devedor.   3. Estabelecida a premissa de que a União, os Estados e os Municípios são solidariamente responsáveis por fornecer medicamentos àqueles que os solicitarem (AgRgAI nº 886.974, Min. João Otávio de Noronha; AgRgAI nº 858.899, Min. José Delgado; AgRgAI nº 842.866, Min. Luiz Fux), não há como exonerar o município dessa obrigação, mesmo a pretexto de o medicamento não constar da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), definida pelo Ministério da Saúde, ou de ser de elevado custo. Ademais, só o fato de o medicamento ter sido receitado conduz à presunção de que é necessário ao tratamento do paciente; apenas prova ou fortes indícios poderiam elidi-la.   4. A circunstância de o Juiz ter remetido os autos à Justiça Federal não retira do Tribunal estadual a competência para julgar agravo de instrumento interposto de decisão antecipatória da tutela (AI nº 2008.015036-1, Des. Paulo Henrique Moritz Martins da Silva). (TJSC, Agravo de Instrumento n. 2009.011253-9, de Trombudo Central, rel. Des. Newton Trisotto, j. 13-10-2009).[3]
Na jurisprudência acima descrita, o município teria a obrigação de fornecer os medicamentos necessários para a paciente, porém, o município onde a cidadã reside.
Corroborando com o entendimento, ainda traz-seoutra jurisprudência do mesmo Tribunal:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. OBRIGAÇÃO DE O MUNICÍPIO FORNECER REMÉDIOS INDISPENSÁVEIS AO TRATAMENTO E À GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE. PRELIMINARES AFASTADAS (AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR, ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM E COMPETÊNCIA DA UNIÃO E DO ESTADO PARA FORNECER REMÉDIOS CONSIDERADOS DE ALTO CUSTO). RECURSO DESPROVIDO. REMESSA PARCIALMENTE PROVIDA SOMENTE PARA PREVER REVISÃO PERIÓDICA DA NECESSIDADE DOS MEDICAMENTOS.  (TJSC, Apelação Cível n. 2008.003287-4, de Criciúma, rel. Des. Cesar Abreu, j. 20-05-2008).[4]
Por fim, nota-se que a autora possui direito aos medicamentos a serem disponibilizados pelo município, porém na cidade onde esta reside.
CONCLUSÃO [Na conclusão responde-se tudo que foi levantado na fundamentação, responde-se o que foi questionado pelo requerente.]
Pelo exposto, respondendo ao questionamento formulado na consulta, entendemos, que a autora possui direito ao pedido de medicamentos conforme os Artigos 6º e 196 da Constituição Federal, e também o Artigo 7º, Inciso I da Lei nº 8080/1990, que regula o Sistema Único de Saúde,
Porém, deverá a ação ser ajuizada na cidade onde reside a interessada, conforme os preceitos constitucionais do Artigo 30, Inciso VII na nossa Constituição, tendo necessidade de respeitar o princípio da gratuidade e universalidade da saúde pública.
É o parecer.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]

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