Buscar

Biblioteca_1718996

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

MATERIAL DE APOIO II: PSICOLOGIA JURÍDICA
Estimadas alunas e estimados alunos: Nesta coletânea de textos são apresentadas – de forma resumida – as temáticas abordadas nas últimas aulas do semestre. Boa leitura!!!
AULA 11
FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA
Atualmente existem dois tipos de guarda: unilateral e compartilhada. A guarda compartilhada, diametralmente oposta a unilateral, consiste na corresponsabilidade dos genitores, onde a ambos é concedido o direito a exercer plenamente o poder familiar dos filhos e decidir questões diversas sobre estes, tais como plano de saúde, escola etc. 
 Parágrafo 2: Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.
GUARDA COMPARTILHADA: Lei 13.058/14 promulgada em 22 de dezembro de 2014.
Importante: Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe. Mesmo sendo aplicada a guarda compartilhada deverá ser determinado o pagamento de pensão alimentícia em prol do filho, posto que suas necessidades continuarão as mesmas e aos genitores cabe o sustento e a manutenção dos filhos. Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.. 
O parágrafo 3º do artigo 1.584 diz que o juiz e o promotor de Justiça vão se socorrer da equipe interdisciplinar do foro. É essa equipe que irá auxiliar o juízo, tanto por meio de uma perícia ou por mediação do conflito – como prevê o novíssimo Código de Processo Civil (CPC). Em síntese, a resposta, originalmente, não parte do Direito. A resposta tem de surgir DA PSICOLOGIA E DO SERVIÇO SOCIAL, QUE INTEGRAM A EQUIPE INTERDISCIPLINAR, QUE VAI, POR MEIO DE suas ferramentas, verificar qual o melhor modelo. Com a atribuição da guarda compartilhada, será fixada a base de residência da criança e do adolescente. Isso é essencial para se estabelecer um regime de convivência. E, é claro, para decidir quem irá pagar alimentos, porque a guarda compartilhada não impede a fixação de pensão alimentícia.
- A autoridade parental exercida em conjunto significa que todas as decisões importantes para as crianças, de ordem médica ou escolar, a respeito de viagens ou sobre religião, devem ser tomadas por ambos os pais, reconhecendo, ainda, que o dever de visita era uma limitação oficial ao relacionamento do pai, que não possuía a guarda, com os filhos. Argumenta-se que a guarda conjunta pode permitir ao pai que não convive com os filhos reforçar os sentimentos de responsabilidade junto a seus descendentes; e interpreta-se que, para o superior interesse da criança, deve ser resguardado o direito de ser educado por pai e mãe.
- Cabe ressaltar que, com o término do casamento dos pais, a criança ou o adolescente, usualmente, vivência uma situação de ruptura (perda dos pais-casal). Neste contexto, a guarda compartilhada dá a oportunidade de ver os pais juntos, assessorando o filho na condução de sua vida. 
- Desse modo, a guarda compartilhada implica no reconhecimento de todos os envolvidos e que apesar do término do relacionamento afetivo, há continuidade do núcleo familiar, composto pelo pai, pela mãe e pelos filhos comuns, com a evidente necessidade de readaptação de todos ao novo padrão de vida a ser adotado a partir das consequências jurídicas da extinta união.
 Uma vez que é comum algumas famílias se constituírem num compartilhamento das responsabilidades parentais entre mãe e avós ou pais e tio, entre outras formatações dependendo da composição daquele determinado núcleo familiar, a forma de composição familiar da atualidade tem apresentado situações que a legislação tradicional não pode excluir, até porque numa leitura complementar à Carta Magna que reconhece e dá proteção à toda forma de estruturação familiar, a jurisprudência tem ampliado e possibilitado, em certos casos concretos, a guarda compartilhada entre duas ou mais pessoas, como pais e avós, todos em conjunto.
Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.
Antes da lei 13.058/14: No Código Civil de 1916, o casamento não se dissolvia. Ocorrendo o desquite, os filhos menores ficavam com o cônjuge inocente, ou seja, para conferir a guarda da criança ou do adolescente a um dos pais havia necessidade de identificar o cônjuge culpado pelo fim do casamento, para que este fosse punido com a separação dos filhos. Na hipótese de serem ambos os pais culpados, os filhos menores podiam ficar com a mãe, contanto que ocorresse uma avaliação moral de ambos os pais, sem priorizar os direitos da criança e adolescente. Com o advento da lei do divórcio também se manteve a ideia de cônjuge inocente.
MODALIDADES DE GUARDA:[1: Extraído de: Plano de aula: 11]
GUARDA UNILATERAL: aquele apresentasse melhores condições: base na doutrina francesa: três referências continuadas: afetividade (com quem o filho se sentisse melhor); social (as pessoas que do entorno/convivência) e espacial (local de residência e oferecimento de serviços ou a segurança do território). Ambos os genitores mantêm o poder familiar, mas as decisões recaem sobre o genitor guardião.
Crítica: A problemática de tal sistema é que existe uma deterioração da função paterna/materna (daquele que não detém a guarda) na vida da criança ou do adolescente, posto que esta figura fica restrita ao dia estipulado pela visita (nos casos em que a visitação não é livre), tendo que se enquadrar nas regras que impõe a guardiã ou o guardião[2: Apesar da utilização das expressões guardiã/guardião, tradicionalmente, o juiz determinava a guarda para a figura materna. Sobre essa preferência, cabe indagar: A preferência da guarda para a mãe é saudável? ]
Comentário: É inegável que, neste tipo de guarda, a mãe é a que acaba assumindo a guarda, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005), em 91,1% dos casos de separação e em 89,5% dos casos de divórcio, a guarda dos filhos ficou sob responsabilidade da mãe, ou seja, antes de ser uma questão ultrapassada, continua a questão da guarda unilateral da mãe extremamente atual para discussão acadêmica.
 Maria Berenice Dias em sua obra Manual de Direito das Famílias aponta dois motivos para este fenômeno: HISTÓRICO: Há uma construção social que determina que os filhos fiquem sob a guarda materna, as justificativas são várias: incompetência paterna para desempenhar as funções maternas, ou seja, a figura do homem como provedor material e não um provedor emocional, o famoso quem pariu que embale! PSICOLÓGICO: Impedir que a criança seja usada como arma entre os pais, portanto, decide-se a quem ficará a guarda exclusiva, seja por acordo dos pais ou mediante decisão judicial, e, via de regra, na maioria dos casos, a mãe é quem fica com a guarda do filho, principalmente os de tenra idade, restando ao pai o direito de visitas e vigilância. A problemática de tal sistema é que existe uma deteriorização da função paterna na vida da criança. , posto que esta figura fica restrita ao dia estipulado pela visita (nos casos em que a visitação não é livre), tendo que se enquadrar nas regras que impõe a guardiã. 
Acrescenta-se que a Constituição Federal de 1988 veio consagrar o princípio da igualdade, conferindo a homens e mulheres os mesmos direitos e deveres, banindo discriminações e atuando significativamente nas relações jurídico-familiares e com advento do Estatutoda Criança e do Adolescente se consolidou de forma positiva a prioridade absoluta à criança e ao adolescente, transformando-os em sujeitos de direitos, o que abalou décadas de práticas jurídicas danosas ao desenvolvimento saudável de filhos de pais separados.
GUARDA ALTERNADA: o(a) filho (a) fica um período de tempo com o pai e em outro com a mãe, tendo este duas casas e dois ritmos de vida distintos; 
Críticas: divisão da pensão alimentícia; “filhos mochileiros”, “fragmentação” da criança ou do adolescente.
Comentário: A posição dos tribunais sobre a guarda alternada tem sido de repúdio, posto que a alternância de todos os aspectos integrantes da guarda tem se mostrado prejudicial à criança e adolescente, como se vê nas jurisprudências a seguir:
- O instituto da guarda alternada não é admissível em nosso direito, porque afronta o princípio basilar do bem-estar do menor, uma vez que compromete a formação da criança, em virtude da instabilidade de seu cotidiano. Recurso desprovido". Data do acordão: 11/09/2003 Data da publicação: 24/10/2003). 
- Agravo de instrumento - filho menor (5 anos de idade): Regulamentação de visita: guarda alternada indeferida. Interesse do menor deve sobrepor-se ao dos pais – Agravo desprovido. Nos casos que envolvem guarda de filho e direito de visita, é imperioso ater-se sempre ao interesse do menor. A guarda alternada, permanecendo o filho uma semana com cada um dos pais não é aconselhável, pois as repetidas quebras na continuidade das relações e ambiência afetiva, o elevado número de separações e reaproximações provocam no menor instabilidade emocional e psíquica, prejudicando seu normal desenvolvimento, por vezes retrocessos irrecuperáveis, a não recomendar o modelo alternado, uma caricata divisão pela metade em que os pais são obrigados por lei a dividir pela metade o tempo passado com os filhos (RJ 268/28). (TJSC - Agravo de instrumento n. 00.000236-4, da Capital, Rel. Des. Alcides Aguiar, j. 26.06.2000). 
GUARDA COMPARTILHADA: conforme já descrito, esta modalidade de guarda foi definitivamente inserida na legislação pátria através da lei 11.698/2008, neste tipo de guarda, ambos os pais detêm o poder familiar e a tomada de decisões, independentemente do tempo em que os filhos passem com cada um deles.
Resumo histórico do guarda compartilhada: A Inglaterra é pioneira nesse sistema de guarda, tem-se registro de que o primeiro caso date da década de 1960, o que impulsionou a decisão foi a necessidade de romper a tendência a deferir a guarda só para a mãe, compartilhando, assim, direitos e deveres com os filhos entre os genitores. Em 1976, o instituto foi assimilado pelo Direito francês, com o propósito de amenizar os prejuízos que a guarda exclusiva acarreta aos filhos de pais separados. É nos Estados Unidos que a guarda compartilhada ganha maior adesão, desenvolvimento e divulgação. A guarda compartilhada (ou joint custody ou shared parenting) divide-se em guarda compartilhada JURÍDICA E FÍSICA. . GUARDA COMPARTILHADA JURÍDICA: ocorre a divisão dos direitos e deveres. . GUARDA COMPARTILHADA FÍSICA: ocorre a divisão dos direitos e deveres, assim como o de domicílio.
• Guarda física: o filho passa um período na casa da mãe e outro na casa do pai. •• Guarda alternada: a criança muda de casa em períodos iguais ou pré-estabelecidos. •• Guarda unilateral: um dos pais possui a guarda e o outro o direito à visitas. • • Guarda unilateral temporária: um dos pais cede a guarda por razão específica durante um período, depois, pode solicitá-la outra vez.
Diferença entre Guarda Compartilhada e Guarda Alternada: Devido à divulgação da experiência americana com a guarda compartilhada, muitas pessoas vêm entendendo erroneamente o instituto no Brasil, confundindo a guarda compartilhada física americana com a guarda compartilhada brasileira. 
- O artigo 1583, § 1º é claro ao definir GUARDA COMPARTILHADA: a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns., ou seja, se fala de responsabilidade conjunta e exercício de direitos e deveres, e não dois lares. - A GUARDA ALTERNADA envolve alternância de responsabilidade, direitos, deveres e lares, ou, como coloca Rosângela Paiva Epagnol: "A guarda compartilha de filhos menores, é o instituto que visa a participação em nível de igualdade dos genitores nas decisões que se relacionam aos filhos, é a contribuição justa dos pais, na educação e formação, saúde moral e espiritual dos filhos, até que estes atinjam a capacidade plena, em caso de ruptura da sociedade familiar, sem detrimento, ou privilégio de nenhuma das partes. (...)
- Não poucas pessoas envolvidas no âmbito da guarda de menores, vislumbram um vínculo entre a Guarda compartilhada e guarda alternada, ora, nada há que se confundir, pois, uma vez já visto os objetos do primeiro instituto jurídico, não nos resta dúvida que dele apenas se busca o melhor interesse do menor, que tem por direito inegociável a presença compartilhada dos pais.
Etimologicamente, o termo compartilhar nos traz a ideia de partilhar + com = participar conjuntamente, simultaneamente. Ideia antagônica à guarda alternada, cujo teor o próprio nome já diz. Diz-se de coisas que se alternam, ora uma, ora outra, sucessivamente, em que há revezamento: uma vez sim, outra vez não.
 A modelo de “guarda alternada” não tem sido aceita perante nossos tribunais, pelas suas razões óbvias, ou seja, ao menor cabe a perturbação quanto ao seu ponto de referência, fato que lhe traz perplexidade e mal-estar no presente e danos consideráveis à sua formação no futuro. Como nos prestigia o dizer de Grisard Filho (2002 apud SPAGNOL2004 ) "Não há constância de moradia, a formação dos hábitos deixa a desejar, porque eles não sabem que orientação seguir, se do meio familiar paterno ou materno”. [3: GRISSARD FILHO. In: SPAGNOL , Rosangêla P. Filhos da mãe: uma reflexão à guarda compartilhada? Artigo publicado no juris síntese nº 39 - jan/fev de 2003. ]
 Leila T. Britto acrescenta: A autoridade parental exercida em conjunto significa que todas as decisões importantes para as crianças, de ordem médica ou escolar, a respeito de viagens ou sobre religião, devem ser tomadas por ambos os pais, reconhecendo, ainda, que o dever de visita era uma limitação oficial ao relacionamento do pai, que não possuía a guarda, com os filhos. Argumenta-se que a guarda conjunta pode permitir ao pai que não convive com os filhos reforçar os sentimentos de responsabilidade junto a seus descendentes; e interpreta-se que, para o superior interesse da criança, deve ser resguardado o direito de ser educado por pai e mãe? Ou seja, a guarda compartilhada não implica alternância de lares, e sim uma corresponsabilização de dever familiar entre os pais, obviamente, nada impede que a criança ou adolescente resida em dois lares, em um regime que lembre a da guarda alternada.[4: BRITO, Leila. M. T. Impasses na condição da guarda e da visitação? O palco da discórdia. In: Família e Cidadania. O Novo CCB e a Vacatio Legis. Anais do III Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del Rey, p. 444-445, 2002. ]
Exemplo de guarda compartilhada: STEINMAN realizou uma pesquisa com 24 famílias (e suas 32 crianças), na área da Baia de São Francisco nos Estados Unidos, metade das famílias tinha crianças em esquema de rodízio, ou seja, um tempo na casa de um genitor e outro período de tempo na casa do outro genitor, ela cita a experiência de uma das crianças, Judy (8 anos, pais residindo a menos de 5 quilômetros de distância): Aos sábados, Judy era apanhada pelo seu pai na casa de sua mãe e ficava com seu pai até a manhã da próxima terça-feira, quando ela ia para a escola. Judy era apanhada pela mãe após o seu programa de atividades pós-escola (day care programa) com quem permanecia até o sábado. Como a maioria das crianças na amostra pesquisada, Judy frequentava a mesma escola e o mesmo programa de atividades pós-escola independentedo fato de estar com o pai ou a mãe.
GUARDA COMPARTILHADA: síntese[5: Senado Federal. Apesar da polêmica a guarda compartilhada é considerada um avanço por pais e especialistas. Disponível em: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2014/11/28/apesar-de-polemica-guarda-compartilhada-e-consider]
O projeto: Em caso de conflito entre mãe e pai separados, o juiz deverá aplicar a guarda compartilhada.
Convivência: O tempo de convivência dos filhos com o pai e a mãe será dividido de forma equilibrada.
Moradia: A cidade de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses deles.
Autoridade: Ambos poderão autorizar ou negar o consentimento aos filhos para viagem ao exterior ou mudança para outro município.
Medida cautelar: Os pais serão ouvidos pelo juiz para decidir sobre a guarda.
Informações: Estabelecimentos, como escolas, que negarem informações dos filhos a qualquer um dos pais serão multados em R$ 200 a R$ 500 por dia.
Pais inaptos: O juiz deferirá a guarda a terceira pessoa, considerando o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. 
 Há crianças que se sentem inseguras em relação ao real desejo do pai ou da mãe em querer sua companhia, sobretudo quando se evidencia que a disputa pela guarda, em verdade, tem como pano de fundo uma satisfação pessoal em privar o ex-cônjuge da companhia dos filhos.
HAVENDO LITÍGIO ENTRE O CASAL, O LAUDO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR SERÁ OBRIGATÓRIO, PARA DECIDIR COM QUEM VAI FICAR A CRIANÇA?[6: MARTINS, Jomar. Nova lei da guarda compartilhada tenta fixar papel dos pais. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2015-abr-21/editada-advogado-porto-alegre-explica-lei-guarda-compartilhada ]
A esse respeito, CONRADO PAULINO DA ROSA argumentou: Isso passa, cada vez, mais a ser essencial. Ao contrário do que muitos imaginam, não vai ter a pergunta direta, para a criança, sobre com quem gostaria de ficar. AGORA, OS PROFISSIONAIS, POR MEIO DE SUA ‘‘ESCUTA QUALIFICADA’’, É QUE TRARÃO SUBSÍDIOS PARA O JUIZ E PARA O PROMOTOR. Ou seja, este trabalho interdisciplinar vai deixar claro qual das casas tem a melhor base de residência. E qual o melhor modo de convivência com o outro genitor. Aliás, segundo o parágrafo 2º. do artigo 1.583, a ‘‘convivência deve ser equilibrada’’. É um novo termo trazido pela lei e “equilíbrio” não quer dizer divisão. Quer dizer que, de acordo com o caso concreto, deve-se permitir o contato com ambos os genitores. Na guarda unilateral, os juízes acabam atribuindo um regime de convivência apenas em finais de semana alternados. Enfim, a ideia da nova lei é evitar a situação de ‘‘pais de final de semana’’. Nessa perspectiva, existem decisões regulamentadas em juízo, que obrigam os pais a se relacionar com os filhos pelo Skype. É uma nova realidade se abrindo no Direito de Família.
Indicação (plano de aula). Ler: CARTILHA - Guarda Compartilhada da APASE: http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=449. Através das perguntas e respostas presentes no artigo, os alunos deverão apresentar um breve parecer sobre seu posicionamento, do ponto de vista psicológico, da guarda compartilhada.
AULA 12[7: Conteúdo extraído do: Plano de aula e do Slides (aula 10), SIA, Estácio. ]
ASPECTOS PSICOLÓGICOS RELACIONADOS À SEPARAÇÃO E A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL
O Psicólogo na Vara da Família (Direito Civil)
O psicólogo solicitado pelo juiz da Vara de Família, quando atua como perito num processo de disputa de guarda, fica limitado a subsidiar a decisão judicial quanto à incumbência pela guarda dos filhos. Para tal, elabora laudo pericial baseado no diagnóstico individual da psicopatologia manifesta e incipiente do casal parental e das crianças (MACHADO; CORREA, 1999).[8: Rever o tópico que aborda as funções do perito e do assistente técnico.]
Mediação na Vara de Família
• Mediação Familiar: Segundo Almeida (1999), a mediação é uma prática social cujo objetivo é o estabelecimento ou restabelecimento da comunicação e de relações que podem ser enriquecedoras para as pessoas, ela pode ou não lidar com as situações de conflito e não ajuda somente a comunicação pelas partes, mas também os dois sistemas que estão interagindo: a família e o Judiciário.
•. Essa prática social deve ser fundamentada teórica e tecnicamente, por meio da qual uma terceira pessoa, que seja treinada e neutra na situação, ensina às partes que estão em disputa, a buscarem recursos pessoais para conseguirem transformar o conflito (BARBOSA, 1999).
A criança no processo de litígio: O processo de litígio causa uma intensa crise emocional a todos da família, principalmente se não há consenso sobre a guarda. Os filhos por sua vez, podem se tornar objeto de posse, causando um desgaste emocional fortíssimo, pois na quebra do contrato matrimonial, muitas vezes é esquecido o compromisso parental e a família a qual oferecia proteção contra os perigos externos, parece desmoronar, podendo transformar o mundo da criança, em um mundo mais ameaçador e inseguro (BRITO; NERY, 1999).
O que é Síndrome de alienação parental?
O nome Síndrome de Alienação Parental, primeiramente apareceu em um artigo de 1985, do psiquiatra norte-americano Richard Gardner no Academy Fórum, publicação da Academia Americana de Psicanálise, sob o artigo causando grande interesse e polêmica dentro da comunidade cientifica e jurídica.
 Atualmente possui resguardo legal em nosso ordenamento jurídico. Consiste em uma campanha de desmoralização de um dos genitores (ou até mesmo de ambos) sem justificativa real. A criança ou adolescente é utilizado (a) como instrumento de agressividade direcionada ao outro genitor.
Em um de seus últimos artigos Parental Alienation Syndrome (PAS): Sixteen Years Later, o autor faz um apanhado de sua teoria e rebate algumas das críticas existentes, apresentando sua primeira teorização pública, ao definir (Gardner, 2001, p.1):
 A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é uma disfunção que surge primeiramente no contexto das disputas de guarda de menores. Sua manifestação primária é a campanha de desqualificação de um genitor, uma campanha que não possui justificativa. Esta disfunção resulta da combinação de doutrinações por parte do genitor alienador e as contribuições da própria criança para difamação do genitor alienado (GARDNER, 2001, p. 1). 
• A alienação parental é um termo genérico que reúne várias situações distintas. Ela corresponde à relação particular de um ou vários filhos com somente um dos dois genitores. Sobrepõe-se também a casos de sequestro parental ou de alcoolismo, abuso sexual, maus-tratos ou negligência por parte do genitor de quem as crianças estão cortadas. Em certos casos, esta alienação se justifica totalmente e se constitui até no único modo de preservação mental da criança (GOUDARD, 2008).
Aspectos Psicológicos Relacionados à Separação e a Síndrome da Alienação Parental
 Separação: No Brasil, a fonte de informações disponível é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que publica seus trabalhos em site próprio e periódicos. O último senso de separações e divórcios data do ano de 2008 e apresenta as seguintes conclusões estatísticas:
No estudo dos processos judiciais impetrados nas Varas Cíveis e de Família e divórcios ocorridos nos Tabelionatos de Notas (estes últimos, por sua natureza jurídica, Lei 11.441/07, que permite aos casais a separação e o divórcio diretamente nos cartórios, somente se aplicando aos casais que não tenham filhos menores de idade ou incapazes, o que impede ao pesquisador uma noção exata dos casais com filhos em idade de guarda judicial que se separam e divorciam), apontam que dos 105.044 processos judiciais e escrituras públicas concernentes à separação, 102.813 foram deferidas/concedidas sem recursos ou realizas nos Tabelionatos, chegando ao total de 98.213 separações no total, já o divórcio, contabilizou 188.090 processos ou escrituras.
O IBGE aponta que a taxa de separações se manteve estável em relação aos dados disponíveis de 2004, permanecendo em 0,8%, já o de divórcios cresceu, apresentandoalta de 1,5%, segundo os pesquisadores, a maior do período analisado.
Na análise dos pesquisadores do IBGE, estes dados comprovariam a maior aceitação, dentro da sociedade brasileira, do divórcio, assim como a aplicação do acesso aos serviços judiciais referentes ao tema. Eles também apontam que a introdução destes serviços nos Tabelionatos permitiu que aqueles que já se encontravam separados (seja de fato ou de direito), desburocratizou o procedimento envolvido, facilitando enormemente o divórcio, o que explicaria, em parte, esta alta taxa.
Um ponto importante para nossa pesquisa envolve, obviamente, a faixa etária dos casais envolvidos nas separações e divórcios, apesar do IBGE apontar que as médias de idades eram mais altas nos casos de divórcio, isto se explica, em parte, através da exigência legal de divórcio a partir de 1 ano de separação judicial ou 2 anos de separação de fato, a ver, em 2008, para os homens de 20 anos ou mais de idade temos a idade média de 39 anos na separação e 43 no divórcio, quanto às mulheres, temos idade média de 35 anos na separação e 40 anos no divórcio.
OBS: Desde a Emenda Constitucional número 66 do ano de 2010, não existe mais um prazo estipulado para o divórcio, o que mudará consideravelmente as próximas pesquisas do IBGE.
 De que forma a SAP é realizada: São diversos os instrumentos os quais o alienador se utiliza para “dominar” os sentimentos e a vida da criança ou adolescente, vejamos:
•Implantação de falsas memórias: essa é uma das estratégias mais utilizadas pelo alienador que, por meio de repetição e posicionando-se como vítima, cria uma falsa realidade e falsas lembranças no filho(a), sempre colocando o outro genitor como “monstro”;
•Pavor: é um ponto fundamental neste tipo de relação dominadora, que pode ser passado através de discursos de duplo sentido, atitudes e palavras dominadoras e demonstrações de medo do genitor alienador;
•Dever de lealdade: é a base da alienação e que motiva os filhos a contribuírem com o alienador; eles são forçados a escolher entre um e outro em caráter exclusivo;
•Repetição: mensagens repetidas para o filho até que sejam consideradas verdadeiras;
•Atenção Seletiva: dirige a atenção do filho apenas para as qualidades negativas do outro genitor;
•Abstração Contextual: induz o outro genitor a erro e o alienador foca a atenção da criança sobre o erro;
Características da SAP: As primeiras características percebidas por Richard Gardner (1985), e que determinaram o desenvolvimento da teoria da síndrome são:
- A campanha de desqualificação. Desaprovações (em relação ao genitor alienado) que são racionalizadas de forma absurda, frívola ou fraca. Falta de ambivalência. O fenômeno do Pensador Independente. Suporte reflexivo do genitor alienante no conflito parental. Ausência de culpa sobrepujando crueldade e/ou exploração do genitor alienado. Ocorrência de cenários emprestados. Propagação da animosidade aos outros parentes e amigos do genitor alienado. 
SAP: no ordenamento jurídico (Lei 12.318/2010):
 Art. 2: Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este
O parágrafo único do artigo 2º traz um rol exemplificativo de condutas que caracterizariam a alienação parental.
 I -Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade.
II -Dificultar o exercício da autoridade parental.
III -Dificultar contato de criança ou adolescente com genitor.
IV -Dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar.
VI -Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente.
VII -Mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
Definição Legal: vítima, alienado, alienador
VÍTIMA: A criança ou adolescente.
ALIENADOR: Genitor, tutor ou qualquer pessoa que na condição de representante legal da criança, pratique atos que caracterizem a alienação parental.
•ALIENADO: Aquele que é afetado pela alienação parental.
DO PROCESSO JUDICIAL
Nos termos do artigo 4º da Lei, os atos de alienação parental, haja vista a gravidade que encerram, não precisam de demonstração apriorística da sua inequívoca ocorrência. A lei se contenta com indícios dela.
•Assim, se houver indícios de atos de alienação parental, o órgão Judiciário, provocado pelo genitor ofendido, pelo ministério público ou, mesmo de ofício, poderá determinar provisoriamente as medidas processuais prevista nesta lei.
•O Juízo poderá determinar perícia psicológica ou biopsicossocial.
•A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados (art. 5º., §2º).
•O laudo pericial terá como base ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos (art. 5º., §1º.)
O juiz poderá: 
I –Advertir o alienador;
II -Ampliar o regime de convivência em favor do alienado;
III -Estipular multa;
IV -Determinar acompanhamento psicológico;
V -Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI -Determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII -Declarar a suspensão da autoridade parental.
Quais as consequências da alienação parental? Gera um profundo sentimento de desamparo na criança ou adolescente, levando a sintomas, que poderão ser expressos tanto no corpo, por um processo de somatização, quanto por um comportamento antissocial, causando vínculos patológicos, relacionamentos conturbados e imagens distorcidas da realidade. Acontecem prejuízos graves quando se perde a alegria de viver, as crianças e os adolescentes se sentem usados por um dos genitores, se sentem fiscais ou juízes de um outro genitor. O prejuízo psicológico é grande pois a alienação parental gera um profundo sentimento de desamor e desamparo, gerando na criança e adolescentes sentimentos ambivalentes de amor x ódio.
Gardner descreve três estágios da Síndrome de Alienação Parental: 1) Estágio leve –quando nas visitas há dificuldades no momento da troca dos genitores. 2)Estágio moderado –quando o genitor alienante utiliza uma grande variedade de artifícios para excluir o outro; 3) Estágio agudo –quando os filhos já se encontram de tal forma manipulados, que a visita do genitor alienado pode causar pânico ou mesmo desespero.
Possíveis consequências para os filhos: A criança e/ou o adolescente, ao serem programados para odiar um de seus genitores, vivem um conflito de lealdade exclusiva frente aos seus genitores. *Há, por parte de um ou ambos os genitores, confusão entre conjugalidade e parentalidade. *A criança e o adolescente sofrem as consequências do sentimento de vingança do ex-cônjuge em relação ao outro e podem reproduzir com o guardião a Síndrome de Estocolmo, na qual o sequestrado se identifica com o sequestrador. 
Na criança: pode ocasionar problemas na escola de desempenho escolar e violência;
•Nos adolescentes: pode ocasionar inclinação ao álcool e às drogas, dificuldades de se relacionar e insegurança, transtorno dissociativo de personalidade (dupla personalidade) e às vezes suicídio.
Síndrome da Alienação Parental, uma vez instalada, enseja que o menor, quando adulto, padeça de um grave complexo de culpa por ter sido cúmplice de uma grande injustiça contra o genitor alienado. •Por outro lado, o genitor alienante passa a ter papel de principal e único modelo para a criança, que no futuro poderá repetir o mesmo comportamento.Características observadas nos registros periciais: Relacionamento entre o alienador e o filho caracterizados como: controlador e simbiótico. • Denuncia falso abuso aos filhos por parte do outro genitor. • Contradições no que diz, mas sempre aparenta confiança em tudo que fala. • Alienador, em casos, por exemplo, de acusações de abusos, não ficam aliviados ao descobriram que a criança não foi atingida, e sim, ficam desapontadas, tentando, a todo custo, provar o contrário. •Superproteção• Psicopatia identificada (não é regra, porém, há grande incidência) •Frieza emocional e distanciamento afetivo. •Não cooperação com os examinadores.
SAP nos Tribunais: A Síndrome da Alienação Parental ainda não é um tema de grande discussão no judiciário brasileiro, os motivos, como apontados por grande parte dos profissionais que lidam com a síndrome é a insuficiência de informações que os profissionais do direito, da psicologia e da psiquiatria recebem. Sobre o número de acórdãos dos tribunais de todos os estados brasileiros que tratam do tema Síndrome de Alienação Parental ou somente Alienação Parental, analise o quadro inserido no plano de aula 9.
AULA 13 
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS I[9: Extraído: material didático + MULLER, Fernanda Graudenz; BEIRAS, Adriano; CRUZ, Roberto Moraes. O trabalho do psicólogo na mediação de conflitos familiares: reflexões com base na experiência do serviço de mediação familiar em Santa Catarina. Aletheia, Canoas , n. 26, p. 196-209, dez. 2007 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942007000200016&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 1 mar. 2017.]
 IMPORTANTE: Ler anexo 5 -> O trabalho do psicólogo na mediação de conflitos familiares: reflexões com base na experiência do serviço de mediação familiar em Santa Catarina
- A mediação é um método de diálogo por excelência. Preserva o que é mais importante: “As relações interpessoais”
Mediação: O que é?
Meio alternativo de solução de conflitos, em que as partes se mantêm autoras de suas próprias soluções. Constitui-se em importante recurso de resolução alternativa de disputas nas situações que envolvem conflitos de interesses, aliados à necessidade de negociá-los. • É um processo orientado a possibilitar que as pessoas nele envolvidas sejam coautoras da negociação e da resolução dos seus conflitos. • Trata-se de um procedimento de resolução de conflitos conduzido pelos mediadores de forma a: 
- Eliminar os obstáculos à comunicação;Identificar questões.
- Explorar as respectivas alternativas de solução sem indicar ou sugerir a resolução a ser tomada.
Conceituação de Mediação: Técnica de resolução de conflitos não adversarial que, sem imposições de sentenças ou laudos e com um profissional devidamente formado, auxilia as partes a acharem seus verdadeiros interesses e preservá-los em um acordo criativo, em que as duas partes ganham (VEZZULLA, 1995). 
O que é conflito?
Desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre um tema de interesse comum. •O conflito surge ante a dificuldade de se lidar com as diferenças nas relações e diálogos, associada a um sentimento de impossibilidade de coexistência de interesses, necessidades e pontos de vista. Isto significa que: Decorre da manifestação de insatisfação, ou de divergência, de ideias, percepções e opiniões.
Qual o objetivo da Mediação?
Estabelecer ou restabelecer diálogo entre as partes, para que delas surjam alternativas e a escolha de soluções. • Prevista para ser célere, informal e sigilosa, atua propiciando redução de custos financeiros, emocionais e de tempo em função de, em curto espaço de tempo, promover a instalação de um contexto colaborativo em lugar de adversarial.
Qual é a proposta da mediação?
Dar voz àqueles que dela participam. • Instrumento de negociação de interesses. • Articula, durante todo o percurso, a necessidade de cada um com a possibilidade do outro, desde que dentro dos limites da ética e do direito. • Possibilita mudanças relacionais e, consequente dissolução da lide. 
Características da Mediação: Procedimento VOLUNTÁRIO, CONFIDENCIAL, NEUTRO E INFORMAL.
Quem é o mediador?
É um terceiro imparcial que, por meio de uma série de procedimentos próprios, auxilia as partes a identificar os seus conflitos e interesses, e a construir, em conjunto, alternativas de solução, visando o consenso e a realização do acordo. •Atua como facilitador do diálogo entre partes, identificando e desconstruindo impasses de diferentes naturezas. • Seu principal instrumento de intervenção são as perguntas.
Quem participa da mediação? As partes do processo (se a matéria é de família, os cônjuges, pais ou guardiães). • Os advogados, desde que com o consentimento das partes. • Mediador(es). •Observador(es) : um outro mediador que acompanha o procedimento.
Características dos participantes da mediação: Pessoas motivadas para -> Buscar soluções por si mesmas. • Tentar entender o conflito existente, ouvindo os interesses múltiplos, para se chegar à solução. • Expor seu ponto de vista com tranquilidade e cordialidade. • Honrar compromissos assumidos na mediação.
Em que contexto pode ser aplicada? Em qualquer contexto capaz de produzir conflitos que envolvam questões tais como: Comerciais. • Trabalhistas. • Comunitárias. • Meio ambiente• Saúde. • Família.
IMPORTANTES: Não confunda os métodos de resolução de conflitos! Para tanto, leia o conteúdo inserido no quadro abaixo.
	Via judicial 
	O juiz aplica a lei à lide. Ele decide e impõe sua decisão às partes. 
	Arbitragem
	O árbitro decide e impõe sua decisão às partes. O processo é mais flexível (adaptável ao caso) que no judiciário. O árbitro ou Tribunal Arbitral escolhido pelas partes decide a controvérsia, por meio de uma sentença com força de título executivo judicial.
	Conciliação
	O conciliador conduz as partes na análise de seus direitos e deveres legais, buscando um acordo. As partes é que decidem os termos do acordo, mas o conciliador pode fazer sugestões e opinar quanto ao mérito da questão. Seu objetivo é o acordo. O conciliador sugere uma solução para o conflito. A função dele é orientar e ajudar as partes a fazer um acordo que atenda aos interesses dos dois lados, com observância dos parâmetros legais.
	Mediação
	O mediador facilita o diálogo entre as partes em ambiente de confidencialidade. O mediador busca o entendimento das partes pelas próprias partes. Ele não deverá opinar sobre o mérito da questão. O objetivo da mediação é a pacificação das partes. O mediador é neutro e imparcial, apenas auxilia as partes a conversar, refletir, entender o conflito e buscar, por elas próprias, a solução.
 SEMELHANÇAS ENTRE ARBITRAGEM, CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO: 
- Mediação, arbitragem, conciliação: são meios de resolução de conflitos. 
- Mediação e conciliação: decorrem do acordo estabelecido entre as partes (transação).
- Mediação e arbitragem: são formas voluntárias de solução de conflitos, ou seja, as partes de comum acordo optam pelo procedimento (não há lide).
O que acontece na mediação? Mediadores conduzem um diálogo direcionado para as questões identificadas. •Em alguns momentos os mediadores poderão falar com as partes separadamente. • As sessões têm normalmente três horas de duração. •Um caso, em média, leva de quatro a seis sessões.
CHAVE MESTRA DA MEDIAÇÃO: Acolhimento. O mediador acolhe, respeita, revaloriza, reconhece, considera, dá crédito, compreende (quem está em conflito não teve oportunidade de ser diferente), intervém, não exclui. 
Etapas da mediação: Sessões conjuntas. • Entrevistas individuais. • Identificação do problema. • Determinação das necessidades subjacentes. •Busca de opções e implicações. • Construção de compromisso moral, redação e assinatura de acordo. Importante: As sessões individuais são utilizadas para o “desarme” psicológico do sujeito. Nesta etapa, o mediador procura dar conotações positivas para o conflito. É primordial, neste momento, escutar o “não dito”.
Quem são os mediadores: Usualmente são profissionais com formaçãoem diferentes áreas, tais como: Direito, Psicologia, Administração, Serviço Social, Sociologia, Antropologia. No entanto, podem ser pessoas sem uma formação específica, desde que passem por um processo de capacitação. Em todas as situações (para além da formação profissional), existem algumas exigências: serem treinados nas técnicas de negociação e comunicação, além de serem capazes de identificar questões que atendam às necessidades das partes a fim de ajudá-las a encontrar alternativas para o alcance de uma solução de benefício mútuo. 
Existe legislação sobre mediação? Sim. A mediação está regulamentada no Decreto-Lei n. 30/2005. Este decreto cria os Centros de Mediação. Já o decreto-lei 31/2005 regula o uso de Mediação na resolução de conflitos. 
 Lei n. 13.140, de 26 de junho de 2015. Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei no9.469, de 10 de julho de 1997, e o Decreto no70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o §2odo art. 6º da Lei no9.469, de 10 de julho de 1997.
TEXTO COMPLEMENTAR (LEITURA FACULTATIVA)
Mediação de conflitos no âmbito da família 
As etapas do processo de mediação: Na SMF da Comarca de Florianópolis, a mediação de conflitos possui as seguintes etapas: introdução ao processo de mediação, verificação da decisão de separação, negociação das responsabilidades parentais, negociação da divisão dos bens, negociação das responsabilidades financeiras e redação do termo de acordo. No primeiro encontro, o mediador cria uma atmosfera apropriada para as negociações, objetivando manter a postura imparcial, que significa, conforme Müller (2005a), demonstrar não ser tendencioso em relação a um dos envolvidos, bem como uma conduta desinteressada em relação às consequências do eventual acordo alcançado. Nesse momento são apresentadas as informações básicas dos conflitantes por esses, permitindo com que seja revelada a motivação do casal para a separação, identificando os anseios e, por fim, mas de suma relevância, desenvolvendo o início da empatia e cooperação.
É nessa fase que o mediador apresenta os objetivos e as exigências da mediação, explica o seu papel e apresenta algumas regras, tais como: respeito pelo outro, suspensão dos procedimentos judiciais durante a mediação, a impossibilidade de obrigar o mediador a testemunhar, o sigilo sobre as sessões, divulgação de todas as informações financeiras para as negociações sobre a divisão dos bens e a pensão alimentícia, entre outras.
Num segundo momento, o mediador procura discutir com o casal a decisão de separação. De acordo com Ávila (2002, p. 39), nessa etapa “a tarefa do mediador consiste em identificar a natureza dos conflitos escondidos ou dos expressos abertamente pelo casal”. Confirmada a decisão pela separação são iniciadas as negociações das responsabilidades parentais, as quais estão relacionadas a questões de guarda, visitas, férias e pensão alimentícia. O objetivo é garantir o bem-estar dos filhos e ressaltar os interesses comuns e necessidades de cada uma das partes.
Uma etapa difícil e neste caso peculiar, dado que a experiência piloto ora relatada abarca famílias de baixa renda, é a divisão dos bens. Nesse tópico, referem Haynes e Marodin (1996, p. 80) que o “o mediador precisa entender o que prevê a lei, porém não ser limitado por ela”. Segundo esses autores, ocorrendo uma limitação à lei, a mediação tornar-se “um processo que importaria aos clientes o mesmo resultado que um tribunal. (...) A mediação é um processo de poder que dá aos clientes o direito e a habilidade pra determinar o que consideram justo para a família”.
Em seguida, são negociadas as responsabilidades financeiras. Essa fase, para Ávila (2002), está relacionada à organização da vida após a separação. É feito um levantamento da situação financeira dos conflitantes com o intuito de averiguar suas necessidades econômicas, bem como as possibilidades que cada um demonstra para arcar com as mesmas. Caso haja consenso e o casal chegue a um acordo, é redigido um projeto de acordo, no qual as decisões tomadas são colocadas no papel e revistas pelo casal e pelo advogado de plantão no setor de mediação. Após essa etapa, é marcada a sessão de homologação de acordo com o juiz.
Texto complementar (leitura facultativa) 
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS II[10: SILVA, José Eduardo Marques da. Mediação de conflitos conjugais: a persistência do conflito e o olhar clínico. Contextos Clínic, São Leopoldo , v. 1, n. 1, p. 36-42, jun. 2008 . Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script. Acesso em: 1 mar. 2017.]
[...] existe um espaço específico para atuação do profissional de psicologia na "mediação" dos conflitos oriundos do fim de um relacionamento conjugal. Embora esse lugar não seja tão novo assim, ele ainda carece de estudos e de material bibliográfico que busquem aprofundar especificamente os aspectos psicológicos nele envolvidos. Assim, os próximos parágrafos concentram de uma forma mais objetiva um conjunto de conhecimentos e técnicas que contribuem, sob o ponto de vista psicológico, nos processos de mediação de conflitos.
Entre os pontos que necessitam ser trabalhados em uma conciliação, segundo Moore (1998), estão as emoções fortes, as percepções erradas ou estereótipos empregados por uma ou mais partes em relação à outra ou sobre as questões em disputa, problemas de legitimidade, falta de confiança e comunicação deficiente.
[...] Em termos de conhecimento teórico, é importante não esquecer alguns pontos: PRIMEIRO, pode existir um conflito oriundo da existência de um modelo idealizado de família e um modelo real (Breitman e Porto, 2001); SEGUNDO, o conflito pode estar a serviço, inconscientemente, da manutenção do vínculo (Zimerman, 2002); TERCEIRO, a raiva pode estar direcionada a recuperar o objeto perdido (Bowlby, 1993); QUARTO, existe um luto natural a ser vivido frente a alguma perda (Bowlby, 1993); QUINTO, ficar atento aos efeitos dos constructos psicológicos "transferência" e "reedição" (Moore, 1998); SEXTO, trabalhar com as diferenças, mas buscar semelhanças que possibilitem novas comunicações (Fuga, 2003); SÉTIMO, em alguns casos, é positiva a indicação para que uma ou mais partes busquem ajuda terapêutica (Zimerman, 2002); OITAVO, buscar reduzir as distorções que uma parte possui da outra (Moore, 1998); NONO, o mediador deve buscar relações de poder mais equilibradas (Moore, 1998; Nepomuceno e Schmidt, 2006); DÉCIMO, diálogos transformadores utilizam modelos não-lineares de mudança pois, consideram as relações humanas ricas em evoluções imprevisíveis (Schnitman, 1999).
No que se refere mais especificamente às técnicas que possam contribuir em situações críticas de mediação, pode ser de grande proveito o uso do "empoderamento do outro". Existem situações onde é necessário equilibrar o poder, buscando destacar pontos que coloquem o mais enfraquecido em situação melhor na negociação (Moore, 1998; Nepomuceno e Schmidt, 2006). A escuta ativa ou reiteração é de extrema utilidade, assim como a realização de acordos progressivos e a demonstração dos progressos que estão tendo (Moore, 1998). Em algumas situações, é necessário ajudar os disputantes a produzirem propostas construtivas (Donahue e Drake, 1999).
Ainda no que se refere aos procedimentos e técnicas, pode ser de grande utilidade resgatar um passado onde a confiança existiu (Folger e Bush, 1999). Também, conforme Moore (1998), é produtivo solicitar a elaboração de lista de percepções sobre si e sobre o outro, solicitar a elaboração de lista de impedimentos do passado (o que atrapalha o acordo?), solicitar a elaboração de lista do que é necessário para melhorar (para facilitar o acordo), estimular o relato da história pessoal e de experiências do passado que justifiquem sua forma de pensar sobre algum assunto em questão atualmente. É importante perceber e ressaltar os pequenos progressos obtidos pelos mediandos (Folger e Bush, 1999).
Na mediação, conformeAndolfi et al. (in Nepomuceno e Schmidt, 2006, p. 265), o mediador pode se utilizar de técnicas sistêmicas como: genograma relacional, redefinição, questionamento circular, metáfora e, conforme White e Epston (in Nepomuceno e Schmidt, 2006, p. 265), da sistêmica pós-moderna como a técnica das narrativas.
Para finalizar este conjunto de conhecimentos e procedimentos úteis para os mediadores, não se pode esquecer que, segundo Shailor (1999), a abordagem transformativa se propõe a desenvolver capacitação, reconhecimento e conscientização:
Capacitação - delegação de poderes: desenvolver maior sensação de auto valia, segurança, autodeterminação e autonomia. Para isso, o mediador deve mostrar respeito para cada disputante e ouvi-lo com atenção, manter o poder de tomada de decisão nas mãos dos disputantes do processo, ajudar a esclarecer e acompanhar questões, ajudar a gerar e avaliar alternativas, ajudar a assumirem a responsabilidade por suas decisões.
Reconhecimento: o mediador reforça a habilidade de cada um reconhecer a outra parte e sua preocupação com o indivíduo que está ali.
A conscientização: a orientação construcionista sugere esta terceira meta para a mediação - é a habilidade de cada indivíduo de aumentar o escopo de sua compreensão ao descobrir novas informações, ao fazer novas conexões e ao desenvolver formas de perceber e trabalhar com a situação.
Shailor (1999) consegue sintetizar alguns aspectos centrais da mediação transformativa na seguinte fase: [...] a abordagem transformativa concentra-se em extrair, destacar e traduzir a compreensão de si mesmo de cada uma das partes, do outro e da situação em cada estágio do processo (Shailor, 1999, p. 72).
Esta série de conhecimentos e técnicas listadas acima possibilita, de uma forma significativa, aumentar o conhecimento do mediador para potencializar a capacidade deste de "dar conta" das situações de mediação que se apresentem para ele. Porém, na maioria das vezes, por mais conhecimentos que se tenham, por mais técnicas que se usem, não será possível evoluir no processo de mediação além do ponto para o qual "as partes" (os mediandos) estejam preparadas naquele momento. É neste ponto, dependendo de como o mediador percebe a situação e, principalmente, se for um iniciante, que pode ter origem um sentimento de impotência por parte deste. Nesse sentido, se o profissional estiver esperando um resultado específico, baseado em sua realidade e em suas expectativas, ao perceber que tal evolução não foi possível, poderá frustrar-se, sentindo-se, de certa forma, sem a competência para possibilitar tal evolução.
Neste ponto, percebe-se a importância da aproximação entre a clínica psicológica e a mediação de conflitos, pois, no contexto da clínica, não é útil a um terapeuta estabelecer metas e expectativas para seu cliente atingir, pois é o próprio paciente quem mais sabe sobre si mesmo. Sendo assim, se objetivos serão traçados, isto acontecerá por vontade e intenção do cliente e não pelo terapeuta.
Por outro lado, o mediador deve conseguir afastar-se de sua necessidade de querer buscar um resultado específico e deixar o fluxo seguir conforme o ritmo dos envolvidos. Não deve, entretanto, deixar de crer na capacidade que estes possuem de resolverem seu conflito, muito embora possam estar temporariamente enfraquecidos nesse sentido. Essa incapacidade pode ser enfrentada através das ações de reconhecimento e capacitação (principais metas da mediação de conflitos transformativa).
Ao mediador, então, cabe lidar com o sentimento de impotência quando os movimentos, decisões, avanços e retrocessos das partes não estão de acordo com aqueles que ele esperaria. Por outro lado, pode se satisfazer por perceber que existe um movimento, por mínimo que seja, o qual pode estar dando fluxo para um resultado, uma evolução, mesmo sem chegar a um acordo. É importante ficar atento às "micromudanças" fundamentadas na realidade vivencial das partes envolvidas, na intensidade que estas suportam e conseguem produzir, e não na realidade e dimensões esperadas pelo mediador.
É claro que um uso adequado dos conhecimentos psicológicos e de técnicas ligadas à mediação, bem como a experiência do mediador, pode potencializar a capacidade das partes a ponto de avançarem além do que fariam sem a ajuda de um terceiro. Caso isso não fosse verdadeiro, a mediação perderia o seu sentido. Porém, por mais que a mediação seja considerada de sucesso, dificilmente as partes chegarão ao ponto que poderia ser considerado o ideal pelo mediador, pois mediadores e disputantes ocupam lugares diferentes com contextos existenciais distintos. Neste sentido, a percepção de pequenos progressos ocorridos pode evitar um sentimento de impotência por parte do mediador, que não vê o ideal acontecendo. No mesmo sentido, torna-se importante que o mediador evite ao máximo ter expectativas muito objetivas sobre o progresso e futuro da mediação. Assim, cabe aqui ser repetitivo e finalizar este estudo com a seguinte afirmativa: Um olhar clínico é fundamental nas sessões de mediação de conflitos.
AULAS 14
A LEI DA ADOÇÃO 
-> Para esta aula foram desenvolvidos exercícios temáticos abordando a Lei da Adoção.
Indicação bibliográfica: 
FERREIRA, Luiz A. M. Aspectos jurídicos da intervenção social e psicológica no processo de adoção. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v5n1_Ferreira.htm
LINDNER, Aline A. Adoção internacional: Aspectos psicológicos e papel do psicólogo no processo de adoção. 2015.Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Psicologia, Universidade UNIVERSIDADE Regional do Noroeste do Estado do rio Grande do Sul. Itajái, RS. Disponível em: 
<http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/3430/Aline%20Ariane%20Lindner%20-%20TCC%20-%20Adoçã> 
ARAUJO, Juliana do Nascimento; FERNANDES, Daniele Aparecida. Análise do rompimento de vínculo em um processo de adoção: um estudo de caso. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Psicologia, UNISALESIANO, Lins-SP. Disponível em: http://www.unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/54828.pdf
AULA 15
PSICOLOGIA E DIREITO PENAL
De acordo com a nossa legislação, existem 3 tipos de penas que podem ser aplicadas, dependendo da gravidade do crime: 1) pena de multa, 2) penas restritivas de direitos e 3) penas privativas de liberdade. Entenda melhor cada uma delas:
1) Pena de Multa: refere-se a um pagamento que é determinado pelo juiz na sentença e destinado ao Fundo Penitenciário. Este dinheiro posteriormente será investido em melhoras para o sistema carcerário por meio da reforma e construção de prédios, aquisição de material, treinamento de pessoal, formação de presos, etc.
2) Penas restritivas de direitos: também chamadas de penas alternativas (são aplicadas no lugar da prisão) e têm como objetivo não tirar aquele que comete a infração do convívio familiar e comunitário, facilitando a sua reintegração e prevenindo a reincidência. Trata-se de uma medida punitiva de caráter educativo e socialmente útil. São penas alternativas: 
a) PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA: pagamento feito à vítima, sua família ou entidades de fins sociais;
b) PERDA DE BENS E VALORES: um valor equivalente ao prejuízo causado ou vantagem recebida será destinado ao Fundo Penitenciário Nacional;
c) PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE OU A ENTIDADES PÚBLICAS: o condenado deve reparar, com trabalho, o dano que provocou.
Ao chegar a uma Central de penas alternativas, o apenado passa por uma avaliação psicossocial e de levantamento de demandas que avalia também suas potencialidades (profissão, graduação, conhecimentos e habilidades), bem como suas limitações e restrições. Posteriormente, é encaminhado a uma instituição (governamental ou não) sem fins lucrativos para preencher postos de trabalho de acordo com o perfil levantado na entrevista.
d) INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS: esta pena restringe a prática de uma profissão (um médico que não poderá clinicar, por exemplo), de uma atividade (uma pessoa que não poderá dirigir), ou até mesmo a frequênciaem um determinado local (como um torcedor envolvido em brigas que não poderá mais ir ao estádio).
e) LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA: obrigação de frequentar, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, a casa de albergado ou outro estabelecimento indicado.
3) Penas privativas de liberdade: As penas mais graves estão relacionadas à perda da liberdade, isto é, à prisão e à suspensão do direito de ir e vir. As penas de prisão também levam automaticamente à suspensão dos direitos políticos (votar e ser votado) e à rescisão do contrato de trabalho por justa causa (já que um apenado não poderá continuar no mesmo trabalho enquanto estiver cumprindo pena).
As penas privativas de liberdade podem ser cumpridas em dois regimes principais:
- RECLUSÃO (aplicadas em crimes mais graves, como homicídios, roubo, tráfico de drogas), em geral o condenado fica em regime fechado (considerado de segurança máxima) na maior parte da sentença, saindo muito raramente da penitenciária.
- DETENÇÃO (aplicada a crimes mais brandos, como dano e homicídio culposo), em geral, o condenado não fica em regime fechado, cumpre sua pena em: regime semiaberto (cumprimento em colônia agrícola ou industrial, com permissão para realização de cursos e trabalho externo) ou regime aberto (autorização para trabalhar, frequentar cursos e outras atividades sem supervisão, devendo se dirigir à casa do albergado no período noturno ou de folgas).
A pena mais severa da legislação brasileira é a pena de reclusão e estão vetadas pela nossa constituição todas aquelas que agridem a dignidade de uma pessoa, tais como: banimento, trabalhos forçados, penas cruéis (como surra, açoitamento e tortura), prisões perpétuas e pena de morte.
O PSICÓLOGO NO SISTEMA PRISIONAL
- Finalidades do Sistema Prisional -> Punir e recuperar para ressocializar: Lei de Execução Penal (LEP).
A lei de execução penal e a atuação do psicólogo: a partir da promulgação da LEP de 1984. Vinculada também ao CFP, AO Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e ao Ministério da Justiça (MJ): Promover mudanças satisfatórias não só em relação às pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade, mas também de todo sistema.
De acordo com a resolução do CFP 012/2011, em todas as práticas realizadas dentro do âmbito do sistema prisional o psicólogo deverá visar FIELMENTE OS DIREITOS HUMANOS DOS SUJEITOS EM CUMPRIMENTO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE, PROCURANDO CONSTRUIR A CIDADANIA POR MEIO DE PROJETOS PARA A SUA REINSERÇÃO NA VIDA SOCIAL. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2011).
- Processos de construção da cidadania, em CONTRAPOSIÇÃO À CULTURA DE PRIMAZIA DA SEGURANÇA, DE VINGANÇA SOCIAL E DE DISCIPLINARIZAÇÃO DO INDIVÍDUO. 
Desconstrução do conceito de que o CRIME ESTÁ RELACIONADO UNICAMENTE À PATOLOGIA OU À HISTÓRIA INDIVIDUAL, ENFATIZANDO OS DISPOSITIVOS SOCIAIS QUE PROMOVEM O PROCESSO DE CRIMINALIZAÇÃO;
PRINCIPAIS FUNÇÕES
- INGRESSO NO ESTABELECIMENTO PRISIONAL: inicialmente os detentos são submetidos às Comissões Técnicas de Classificação (CTC’s), criada pela LEP: estudar e propor medidas que conduzam a uma redução nos prejuízos de convivência e contribuindo para capacitação dos reclusos para o convívio em sociedade. 
Sobre a LEP: De acordo com Carvalho (2011), em 1984, com a edição da LEP (Lei de Execuções Penais), instituiu-se a avaliação criminológica como requisito para que o condenado atingisse a última fase da individualização da pena. (...) Após a aplicação da sanção caberia aos técnicos do sistema carcerário classificar os condenados com o intuito de definir programa ressocializador e avaliar seu comportamento durante a execução de forma a orientar a decisão do magistrado." (Com o advento da Lei nº 10.792/03, que deu nova redação à LEP e estabeleceu a não obrigatoriedade do laudo, espera-se dos psicólogos, na seara da execução penal: desenvolvam trabalho propositivo de elaboração de programas de tratamento penal, objetivando a redução dos danos causados pelo processo de prisionalização. (texto extraído de concurso, FGV, 2015). [11: Extraído de: CARVALHO, S. O papel da perícia psicológica na execução penal. In BRANDÃO, E. et GONÇALVES, H. S. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU, 2011.]
Funções do Psicólogo: acolhimento e apoio: avaliar o preso quanto a sua saúde mental, acolhê-lo, escutar suas angústias, orientá-lo sobre as dificuldades impostas pelo cumprimento da pena, como também defender os seus direitos com base nas suas subjetividades. **Infelizmente, a CTC hoje se reúne com mais frequência para analisar processos disciplinares. Assim, quando o preso comete alguma infração, a CTC realiza uma espécie de novo julgamento.
-ATENDIMENTO INDIVIDUAL: (a) em casos de indisciplina do preso, ocasião em que o psicólogo irá auxiliá-lo na busca por soluções, no intuito de que tal comportamento não o prejudique na execução da pena, inibindo a concessão de benefícios e a progressão de regime. (b) Outra hipótese de demanda é quando a família ou o próprio detento solicita o acompanhamento psicológico. Neste último caso, há um atendimento melhor quanto aos resultados, na medida em que o preso está disposto a aceitar a intervenção. Atendimento em grupo. 
Um dos instrumentos empregados para a avaliação dos presos que ingressam no sistema penitenciário é o exame criminológico inicial, mais conhecido como PIT (Plano Individualizado de Tratamento). A função dessa avaliação psicológica, psiquiátrica e social inicial seria conhecer e identificar suas necessidades, aptidões, interesses e os recursos disponíveis a fim de elaborar um projeto para o preso enquanto ele estiver no sistema penitenciário. “Procura-se saber durante o exame criminológico inicial se o preso tem vontade de estudar, de aprender alguma profissão, se tem algum problema de saúde etc.
A pena deverá ser cumprida gradativamente em regime cada vez menos rigoroso, até que o apenado receba a liberdade condicional e finalmente a liberação plena. Durante esse tempo, ele deve ser acompanhado por equipe multidisciplinar, cabendo ao psicólogo, em conjunto com outros profissionais que compõem a CTC, avaliar suas condições.
- A intervenção dos psicólogos não se restringe aos indivíduos que cumprem pena privativa de liberdade, estendendo também aos familiares destes, bem como aos agentes penitenciários.
- ACOMPANHAMENTO DE GESTANTES E MÃES PRIVADAS DE LIBERDADE: Unidade Materno Infantil -> destinada às mães privadas de liberdade com os seus bebês. ** Desafios: a importância da celeridade dos processos relativos a essas mulheres e de que seja dada prioridade, quando possível, às medidas não privativas de liberdade.
- Cabe lembrar que a mulher “criminosa” costuma ser “jovem, pertencente a um nível socioeconômico baixo, com baixo nível educacional, baixo nível de emprego ou desempregada, solteira ou separada, procedentes de centros urbanos”. ** O estresse, decorrente da privação de liberdade, pode ser maior no caso de mulheres grávidas. Com o nascimento, novos dramas se fazem presentes na vida das mães e também dos filhos. Como ficam seus bebês? O que estabelece a lei? Quais as condições de nossos presídios para receber bebês? 
A Constituição Federal Estabelece que, “às presidiárias, serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação” (art. 5º, inciso L). 
No Brasil não existe uma idade pré-determinada para a permanência da criança junto à mãe no sistema prisional: Por exemplo, “em Brasília, a criança é retirada da prisão aos seis meses; em Curitiba, é possível que ela fique até os seis anos; em Minas Gerais, elas deixam o cárcere aos dois anos e, no Pará, ao nascer”** O tempo da criança dentro da prisão com a mãe varia de acordo com a penitenciária, não tem uma definição do tempo certo. Entretanto, a separação deve ser preparada gradativamente pela mãe, levando em conta o melhor para a criança. Depois de separados, deve ser garantido para o vínculo familiar, sempre que possível, o encontro entre a mãe e seu filho.
Essas crianças não podemficar junto das mães por muito tempo, visto que não é um lugar adequado para o seu desenvolvimento, é adequado para o seu começo de vida, para criar laços com a mãe, para o afeto, mas uma hora vai haver a separação, a criança não cometeu crimes para cumprir penas. O momento de separação é muito doloroso, sendo um choque tanto para um quanto para o outro.
Sobre a liberdade sexual da mulher dentro dos estabelecimentos, há uma discriminação em relação aos homens, na maioria dos estabelecimentos femininos são proibidas as visitas íntimas
- ATUAÇÃO EM HOSPITAIS E CENTROS DE CUSTÓDIO: A atribuição do psicólogo nos hospitais de custódia é um tanto diferenciada das atribuições dos outros psicólogos nas demais unidades prisionais. No hospital de custódia, há uma proposta de tratamento para as pessoas que cometem um delito em função de um transtorno mental.
As pessoas consideradas inimputáveis, segundo o artigo 26 do Código Penal, são absolvidas do crime que cometeram e recebem uma medida de segurança, ou seja, de tratamento, que varia de um a três anos. Periodicamente esta medida é avaliada por peritos - psiquiatras que não integram as equipe multidisciplinares que realizam a assistência. Caso julguem que o paciente não esteja em condições de retornar ao convívio social o prazo de sua permanência no hospital de custódia poderá ser estendido
Essa possibilidade de extensão do prazo da medida de segurança pode assumir o caráter de uma pena de prisão perpétua, uma vez que não há um prazo máximo para a permanência dessas pessoas. “No Brasil, o máximo de pena que uma pessoa pode receber é de 30 anos. Como a medida de segurança não é pena, mas considerada tratamento, você pode estender a permanência da pessoa em caráter perpétuo”,
- ACOMPANHAMENTO DO EGRESSO PELO PSICÓLOGO: (ART. 25 LEP): 
Os egressos do sistema prisional devem ser assistidos, orientados e apoiados na reintegração para a vida em liberdade, inclusive, sendo necessário, deverá ser disponibilizado a eles alojamento e alimentação durante o prazo de dois meses, o qual é prorrogável, período para que obtenha emprego e moradia. **São considerados egressos todos os indivíduos liberados do sistema prisional até um ano após esse fato, e os que são liberados condicionais e estão no período de prova (BRASIL, 1984).
A POLÊMICA SOBRE O EXAME CRIMINOLÓGICO
Instituído pela lei de execução penal (LEP, 7210/84), o “exame criminológico” é realizado por psicólogos (as), psiquiatras e assistentes sociais atuantes no sistema prisional. O referido exame foi considerado facultativo quando ocorreu, em 2003, a reformulação da Lei de Execução Penal. 
A função desse exame, demandado pelo judiciário, é avaliar se o preso “merece” ou não receber a progressão de regime (que é caracterizada pela passagem do regime fechado para o semiaberto) e/ou livramento condicional. **Ou seja, parte do princípio de que esses profissionais teriam a capacidade de “prever se os indivíduos irão fugir ou cometer outros crimes” se receberem esses direitos garantidos legalmente. 
Resolução CFP 012/2011 (Regulamenta a atuação da(o) psicóloga(a) no âmbito do sistema prisional)
 Na perícia psicológica realizada no contexto da execução penal ficam vedadas a elaboração de prognóstico criminológico de reincidência, a aferição de periculosidade e o estabelecimento de nexo causal a partir do binômio delito delinquente.
Isto significa que: A Resolução CFP 12/2011 veda ao psicólogo que atua nos estabelecimentos prisionais realizar exame criminológico e participar de ações e decisões que envolvam práticas de caráter punitivo e disciplinar, bem como documento escrito oriundo da avaliação psicológica com fins de subsidiar decisão judicial durante a execução da pena do sentenciado.
Apesar dessa resolução do órgão que representa a categoria profissional do psicólogo: 
A Procuradoria da República no Rio Grande do Sul obteve da Justiça Federal decisão favorável no julgamento de ação civil pública ajuizada pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão contra o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Conselho Regional de Psicologia da 7ª Região (CRP/RS). 
A sentença retirou a eficácia Resolução nº 12/2011 em âmbito nacional, especialmente para o fim de invalidar processos ético-disciplinares contra psicólogos, instaurados com base nela ou em seus termos, e as sanções eventualmente aplicadas. Foi declarada, ainda, a nulidade de qualquer ato praticado pelos Conselhos réus com base na mencionada. 
Por que o CPF É CONTRÁRIO AO EXAME CRIMINOLÓGICO: algumas considerações:[12: É importante ler na íntegra o “Parecer técnico sobre a atuação do(a) psicólogo(a) no âmbito do sistema prisional e a suspensão da resolução CFP N. 012/2011” elaborado pelo CFP. Disponível em: .cfp.org.br/wp-content/uploads/2016/04/PARECER-TÉCNICO-SOBRE-A-ATUAÇÃO-DO-PSICÓLOGO-NO-SISTEMA-PRISIONAL-E-A-SUSPENSÃO-DA-RESOLUÇÃO-CFP-N.-12-2011-VERSÃO-FINAL-TIMBRADO-1.pdf. ]
1. Os Critérios periculosidade, prognóstico de reincidência, avalição do sujeito, binômio delito delinquência são questionados. ** Questões: Falta fundamentação sobre o exame criminológica oriunda da psicológica.** A referida fundamentação está restrita ao direito. ** Acarreta em submissão do saber da psicologia ao direito. **Constitui um documento mais médico do que psicológico -> procura estabelecer uma relação causal sem se preocupar com o sistema da justiça. 
- Ao vedar a realização do exame criminológico pelos psicólogos, os Conselhos de Psicologia têm claro que este exame nunca contribuiu para o desenvolvimento de políticas de continuidade, ou seja, acompanhamento do preso ou atendimento psicológico. Ao contrário, ele leva à substituição de acompanhamento sistemático e contínuo dos indivíduos pela simples rotulação, que pode beneficiar ou a prejudicar os sujeitos, sem que contribua com soluções para os problemas identificados pelos profissionais psicólogos – presentes no comportamento dos indivíduos, mas também no contexto, na sociedade, nas relações em que cada ser está inserido. Ademais, o exame criminológico gera expectativas reducionistas e simplistas quanto à possibilidade de prever o comportamento futuro do preso, visto que o comportamento é fruto de um conjunto amplo e diversificado de determinantes.
- Pode-se questionar também a forma como são realizados os exames criminológicos, os quais, ainda que não mais previstos em Lei, são solicitados para ser realizados em pouco tempo e em condições impróprias, levando à tomada de decisão em processos de soltura de pessoas que podem não corresponder às condições adequadas para a convivência social.
- O CFP, como órgão regulador da atuação dos psicólogos, defende a possibilidade de desenvolvimento de trabalho mais amplo e completo destes profissionais, não restrito ao exame criminológico, sobretudo da forma como são realizados no contexto de deterioração das condições de trabalho dos profissionais  do sistema prisional. Dessa forma, torna-se imperativa a recusa, sob toda e qualquer condição, do uso dos instrumentos, técnicas psicológicas e da experiência profissional da Psicologia na sustentação de modelos institucionais e ideológicos de perpetuação da segregação aos diferentes modos de subjetivação. Sempre que o trabalho exigir, sugere-se uma intervenção sobre a própria demanda e a construção de um projeto de trabalho que aponte para a reformulação dos condicionantes que provoquem o sofrimento psíquico, a violação dos direitos humanos e a manutenção das estruturas de poder que sustentam condições de dominação e segregação.[13: Extraído de: Nota sobre a Resolução CFP que, ao regulamentar a atuação do psicólogo no sistema prisional, impede a realização do exame criminológico pela categoria. Disponível em: http://site.cfp.org.br/nota-sobre-a-resoluo-cfp-que-ao-regulamentar-a-atuao-do-psiclogo-no-sistema-prisional-i]
A posição do CFP É APOIADA POR operadores e magistrados do direito que defendem o “DIREITO PENAL CRÍTICO”. De acordo com essa abordagem: os manuais da criminologia configuram diferentessaberes que não dialogam entre si. Tornam-se um “Cardápio” para o juiz que pretende buscar uma pena justificável, porém movida “pela vingança, pela vontade de punir ou porque não quer soltar esse sujeito”. Nessas circunstâncias, o laudo “científico” elaborado por um profissional de psicologia legitima essa vontade. [14: Considerações de: Bruno Shimizu e Mauricio Stegemann Dieter participantes do debate: O exame criminológico e os pressupostos éticos na atuação das psicólogas (os) no sistema prisional. Organizado pelo CRP (São Paulo) que ocorreu em: 26/06/2015. Disponível em: http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/2015_06_26-prisional/2015_06_26-prisional.html. ]
O direito penal crítico: não admite o exame criminológico. Defendem que a prática é inconstitucional. A constituição se opõe ao exame criminológico, seja para o “bem” ou para o mal”: não está relacionado com o sentido do contraditório pleno (desafiar o julgamento do outro). Defendem ainda que, geralmente, o acusado ou o detento, não tem dinheiro para contratar um assistente técnico e quando tem, prevalece a opinião do perito. Cabe lembrar Eduardo Galeano (citado por SHMIZU, 2016) quando diz que:
“A JUSTIÇA É COMO UMA SERPENTE, SÓ MORDE OS PÉS DESCALÇOS”
2. Fere (viola?) o princípio do contraditório, pois o periciado, geralmente oriundo de classe social empobrecida e possuindo baixa escolaridade, não apresenta condições de contraditar o exame através de um processo de contestação legítima pela contratação de assessor técnico que possa questionar a metodologia e o resultado do documento produzido. Além disso, o juiz geralmente considera a versão do perito oficial em detrimento a posição do assessor técnico. **Durante o exame criminológico não há o direito do silêncio, com ocorre em outras situações de acusações penais. Na ocasião do exame, o silêncio pode ser patologizado e não há o direito de um advogado.
3. Viola a proteção contra a autoincriminação, ou seja, o direito de qualquer o ser humano não produzir prova contra si mesmo. Na seara penal, isso pode ocorrer tanto pelo direito a permanecer em silêncio durante o processo de avaliação quanto pelo direito a mentir, que nos exames criminológicos sempre são interpretados contra o periciado, muitas vezes determinando a negação do direito pleiteado.
4. O Juiz através do exame quer conseguir provas (inquisidor), quer “decifrar a esfinge”: essa pessoa é perigosa ou não e atribui ao psicólogo a capacidade para “avaliar a alma”. 
5. Viola a dignidade humana: Não pode ser destituída de ser sujeito. Criminológico: transforma o sujeito em objeto. E o psicólogo em agente da punição ou apenas um agente da segurança pública. 
6. Viola leis internacionais e os laudos contêm termos que, em inúmeras circunstâncias, não estão fundamentados na psicologia. Exemplos de laudos elaborados por psiquiatras: estruturação na marginalidade, postura dissimulado e discurso egocêntrico. Prejuízo à autocensura, aderência a valores marginais, destituído de ressonância afetiva. * Usualmente a progressão de regime somente é garantida aqueles que assumem uma postura humilhada, de arrependimento: Você só vai sair se você se humilhar diante do meu saber. 
SÍNTESE: FUNÇÕES DO PSICÓLOGO NO SISTEMA PRISIONAL
Conforme a resolução 012/2011 do CFP, que regulamenta a atuação da psicóloga(o) no sistema prisional, a prática do psicólogo com a população em privação de liberdade deverá contemplar: 
Art. 1º. Em todas as práticas no âmbito do sistema prisional, a(o) psicóloga(o) deverá respeitar e promover: a) Os direitos humanos dos sujeitos em privação de liberdade, atuando em âmbito institucional e interdisciplinar. * b) Os processos de construção da cidadania, em contraposição à cultura de primazia da segurança, de vingança social e de disciplinarização do indivíduo. * c) A desconstrução do conceito de que o crime está relacionado unicamente à patologia ou à história individual, enfatizando os dispositivos sociais que promovem o processo de criminalização. * d) A construção de estratégias que visem ao fortalecimento dos laços sociais e uma participação maior dos sujeitos por meio de projetos interdisciplinares que tenham por objetivo o resgate da cidadania e a inserção na sociedade extramuros. 
Art. 2º. Em relação à atuação com a população em privação de liberdade ou em medida de segurança, a(o) psicóloga(o) deverá: a) Compreender os sujeitos na sua totalidade histórica, social, cultural, humana e emocional. * b) Promover práticas que potencializem a vida em liberdade, de modo a construir e fortalecer dispositivos que estimulem a autonomia e a expressão da individualidade dos envolvidos no atendimento. * c) Construir dispositivos de superação das lógicas maniqueístas que atuam na instituição e na sociedade, principalmente com relação a projetos de saúde e reintegração social. * d) Atuar na promoção de saúde mental, a partir dos pressupostos antimanicomiais, tendo como referência fundamental a Lei da Reforma Psiquiátrica, Lei n° 10.216/2001, visando a favorecer a criação ou o fortalecimento dos laços sociais e comunitários e a atenção integral. * e) Desenvolver e participar da construção de redes nos serviços públicos de saúde/saúde mental para as pessoas em cumprimento de pena (privativa de liberdade e restritiva de direitos), bem como de medidas de segurança. * f) Ter autonomia teórica, técnica e metodológica, de acordo com os princípios ético-políticos que norteiam a profissão.
 Parágrafo Único: É vedado à(ao) psicóloga(o) participar de procedimentos que envolvam as práticas de caráter punitivo e disciplinar, notadamente os de apuração de faltas disciplinares.
LEI MARIA DA PENHA (Lei nº 11.340/2006): considerações[15: Extraído de: ARAÚJO, Marcela C. S de; SHUTZ, Herbert M. A.; DIAS, Fernanda M. A aplicabilidade da Lei Maria da Penha na proteção da violência contra a mulher. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura _id=11065&revista_caderno=3]
A referida lei ganhou esse nome em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, biofarmacêutica cearense que foi casada com o professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros, que tentou assassiná-la por duas vezes e, em função da violência física, a deixou paraplégica e desde então se dedica à causa do combate à violência contra as mulheres.
Artigo 226, § 8º da Constituição Federal: “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.
Lei Maria da Penha: se destina tão somente às mulheres em situação de violência “[...] esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher e, portanto, dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
A Lei abriga a mulher, não fazendo distinção de sua orientação sexual, à norma chega ao alcance tanto para as lésbicas como travestis, transexuais e transgênicos os quais mantêm relação íntima em ambiente ou de convivência. 
Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; • II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa • III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. • Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Art. 6º: A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
TIPOS DE VIOLÊNCIA: FÍSICA, PSICOLÓGICA,

Outros materiais