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CLINICA MÉDICA 3 – Esther Frois DIFERENÇAS ENTRE A ASMA E BRONQUITE CRÔNICA. Os sintomas das duas doenças são semelhantes: tosse, chiado no peito, produção exagerada de muco e broncoconstrição. Mas a diferença está no mecanismo etiopatológico e na apresentação da doença. As crises de asma surgem e desaparecem, a menos que o paciente tenha a asma moderada a grave. Na bronquite crônica, a tosse é continua, produtiva, com muco e ocorre por mais de 3x por ano, por mais de 2 anos consecutivos. BRONQUITE Definição clínica: tosse persistente com produção excessiva de muco na maioria dos dias de um período de 3 meses, por pelo menos 2 anos consecutivos. Tosse e expectoração são caracteristicamente mais intensas pela manhã e nos meses de inverno. Indivíduos com tosse produtiva sem sinais de obstrução ao fluxo aéreo apresentam bronquite crônica simples. A bronquite pode ser aguda ou crônica. As crises na doença aguda são curtas, duram 1 a 2 semanas, e na bronquite crônica, as crises não desaparecem, pioram pela manha e manifestam por >3 meses por 2 anos seguidos. As crises podem ser desencadeadas por vários fatores, como virus, poluentes mas principalmente o cigarro. Cerca de 20% dos fumantes desenvolvem obstrução crônica ao fluxo aéreo. O processo inflamatório e obstrutivo, se não for revertido, tende a evoluir com perda progressiva da função respiratória e obstrução brônquica crônica irreversível que caracteriza a DPOC. Ao Raio-X de tórax, há espessamento difuso da trama broncovascular, com reticulação pulmonar difusa, dando uma impressão de "pulmão sujo". A bronquite causa estreitamento e obstrução da luz de pequenas vias aéreas, enquanto o enfisema é responsável por destruição de septos alveolares e perda do recolhimento elástico pulmonar. A consequência funcional em ambas as doenças (enfisema e bronquite crônica = DPOC) é limitação ao fluxo aéreo. ASMA Asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias caracterizada por hiper-reatividade brônquica (broncoconstrição) e hipersecreção de muco em resposta a estímulos variados. Definição clinica: os pacientes apresentam episódios recorrentes de dispneia, sibilos (chiado) e tosse associados a broncoconstrição, manifestações essas reversíveis, pelo menos em parte, espontaneamente ou por tratamento. Entre as crises, os pacientes são assintomáticos. Contudo, em algumas pessoas as crises são persistentes (dias ou semanas) e podem ser fatais, caracterizando a asma grave ou status asmaticus. Pode ser dividida em 2 categorias: atópica e não-atopica. Atópica: evidencias de sensibilização e resposta imunitária a certos antígenos, geralmente em indivíduos com HF da doença e tambem apresentam eczema e rinite alérgica. Não-atopica: não há alérgeno predisponente. Outras: Induzida por medicamentos (aspirina, AINES por inibição da COX-2, reduzindo PGE e inibindo produção de leucotrienos) e Ocupacional em indivíduos que se expõem no ambiente de trabalho a certas substâncias (plásticos, madeira, algodão, tolueno, entre outras). Nas pessoas predispostas geneticamente para a asma atópica, alérgenos inalados entram em contato com a mucosa respiratória e são capturados e há uma Reação de Hipersensibilidade do Tipo I. Quando mastócitos revestidos por IgE são expostos ao antígeno sensibilizante há degranulação de mastócitos e liberação de vários produtos que: (1) causam broncoconstrição, vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e aumento da produção de muco (crise aguda de asma); (2) recrutam e ativam outras células inflamatórias para o sítio inflamatório, os quais são capazes de perpetuar a resposta. Há duas formas de resposta ao alérgeno: (a) reação imediata, que surge minutos após o estímulo e desaparece em 30 a 60 minutos, espontaneamente ou após tratamento; (b) reação tardia, que aparece em cerca de 60% dos pacientes e se manifesta 6 a 8 horas após como nova crise de broncoconstrição, edema e hipersecreção. A resposta tardia é mediada pela chegada de células inflamatórias recrutadas na fase anterior. Na patogênese da doença há remodelamento pulmonar em alguns casos, o que explica a refratariedade clinica aos corticoesteroides e a persistência das alterações na função pulmonar. ASMA X BRONQUITE CRÔNICA NA ANATOMIA PATOLÓGICA Bronquite Asma Etiologia Causada pela exposição prolongada a agentes irritantes inalados, sobretudo produtos do tabaco (a grande maioria dos bronquíticos crônicos é fumante), além de poluentes atmosféricos. Pode ser atópica ou não-atopica, induzida por medicamentos ou ocupacional. Patogênese Inflamação das vias aéreas e do parênquima pulmonar secundária a esses agentes é a grande responsável pelas alterações estruturais, clínicas e funcionais observadas nos doentes Inflamação das vias aéreas é o principal fator responsável pela hiper-reatividade brônquica (broncoconstrição por estímulos com pouco ou nenhum efeito em pessoas não asmáticas) e pela cronicidade da doença Macroscopia Há espessamento da parede da árvore brônquica e acúmulo de secreção esbranquiçada, por vezes com aspecto purulento. Os pulmões de indivíduos falecidos com asma grave (mal asmático) apresentam-se hiperinsuflados e com secreção espessa que obstrui brônquios e bronquíolos. Microscopia As grandes vias aéreas apresentam hipersecreção de muco, hipertrofia das glândulas submucosas, aumento do número de células caliciformes e acúmulo de secreção. Metaplasia escamosa é frequente nos casos mais graves, podendo-se encontrar também alterações displásicas do epitélio. Nos tabagistas com limitação crônica ao fluxo aéreo (20% dos pacientes) as pequenas vias aéreas apresentam metaplasia mucosa (aumento de células caliciformes) com formação de tampões mucosos, infiltrado inflamatório rico em mononucleares e fibrose da parede bronquiolar. Acúmulo de macrófagos pigmentados intra-alveolares associados a alterações da parede bronquiolar caracterizam a bronquiolite respiratória do fumante Secreção abundante na luz das vias respiratórias, descamação epitelial, espessamento da membrana basal, edema da submucosa, hipertrofia da musculatura lisa e infiltrado inflamatório de mononucleares e eosinófilos. Alguns casos, o que explica a ASMA X BRONQUITE PARA A PEDIATRIA Lactentes e pre-escolares = a sibilância recorrente nessa idade geralmente é asma, mas em lactentes há varias doenças respiratórias com esse sintoma. O termo “lactente sibilante” inclui crianças com <2 anos de idade, com 3 ou mais episódios de sibilancia em >2meses, ou com sibilancia com duração >1 mês de duração. A asma pode se iniciar em menores de 1 ano, mas a maioria dos lactentes sibilantes não tem asma. Há 3 fenotipos da sibilancia em crianças menores de 5 anos. Os fenótipos não são fixos, podendo haver sobreposição entre eles: → Sibilantes transitório: sibilancia desaparece em cerca de 3 anos de idade e associada a prematuridade e ao tabagismo materno. Orientar sobre evitar locais aglomerados, evitar corticoterapia inalatória ou prescrição de anti- leucotrienos (montelucaste). → Sibilante persistente de inicio precoce (inicio antes dos 3 anos): episódios recorrentes de sibilancia com infecções virais agudas, sem evidencias de atopia ou historia familiar. Sintomas tendem a desaparecer aos 12 anos. As causas mais comuns são viroses em vias superiores em < 2 anos de idade e outras viroses após essa faixa etária. Orientar para uso de corticoterapia inalatória profilática. → Sibilancia persistente de inicio tardio/asma: com historia típica de atopia, como eczema, com asma na infância e vida adulta. O diagnostico da asma é feito com 1 criterio maior ou 2 criterios menoresno lactente com sibilancia ocasional, o que indica 60% de risco de desenvolver asma. Se o lactente tiver sibilancia frequente, o risco de asma aumenta para 75% e se não houver esses critérios do quadro abaixo, há 90% de possibilidade de não apresentar asma ate os 6 anos de idade. A abordagem diagnóstica depende da idade do paciente e precisa garantir avaliação integral. A apresentação clínica habitual da asma consiste na manifestação de sintomatologia recorrente caracterizada, inicialmente, por tosse seca e irritativa, seguida por sibilância e dispneia. O diagnóstico correto de asma permite indicar a terapêutica adequada.Importante realçar que o que definirá o diagnóstico é o acompanhamento longitudinal da criança. Atentar para os diagnósticos alternativos: bronquiolite viral aguda, doença do refluxo gastro-esofágico, síndromes aspirativas, corpo estranho, fibrose cística, displasia broncopulmonar, IC, cardiopatias congênitas, anel vascular, fistulas traqueoesofagicas, bronquiolite obliterante, traqueomalacia, malformações congênitas pulmonares, tumores mediastinais, imunodeficiência, imunodeficiência, síndrome de Loefler, tuberculose. Excluídos os diagnósticos alternativos, um método prático para confirmar o diagnóstico de asma em crianças <5 anos é a prova terapêutica com beta2 -agonistas de curta ação, acompanhados ou não de corticosteroides inalatórios. Melhora acentuada ou piora clínica com a sua descontinuidade suportam o diagnóstico de asma. REFERÊNCIAS • Bogliolo, Patologia. 9º edição, 2016. • Black Book Clínica Médica, 2º edição, 2013. • Pediatria ambulatorial, 5º edição, 2013. • Harrison, 19º edição, 2017. • Dráuzio Varella. Diferença entre asma e bronquite. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/videos/dicas-de- saude/diferenca-entre-asma-e-bronquite-dicas-de-saude/
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