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REFLEXÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Conhecendo e Valorizando as Hipóteses da Escrita

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FACULDADE XV DE AGOSTO 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
REFLEXÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
Conhecendo e Valorizando as Hipóteses da Escrita 
 
 
 
Aluno: Quesia de Oliveira Sousa 
Orientador: Professor Luís Carlos Mascarenhas Silva 
 
 
 
 
Santo André 
2016 
 
 
 
FACULDADE XV DE AGOSTO 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
REFLEXÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
Conhecendo e Valorizando as Hipóteses da Escrita 
 
 
 
Artigo apresentado em cumprimento às 
exigências para término do Curso de 
Alfabetização e Letramento sob 
orientação do Prof. Professor Luís 
Carlos Mascarenhas Silva 
 
 
 
Santo André 
2016 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
QUESIA DE OLIVEIRA SOUSA 
 
 
REFLEXÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
Conhecendo e Valorizando as Hipóteses da Escrita 
 
 
Artigo apresentado em cumprimento às 
exigências para término do Curso de 
Alfabetização e Letramento sob 
orientação do Prof. Professor Luís 
Carlos Mascarenhas Silva 
Avaliado em ______ / _____ / _____ 
Nota Final: ( ) _____________ 
 
______________________________________________________ 
Professor Orientador Professor Luís Carlos Mascarenhas Silva 
 
_______________________________________________________ 
Professor Examinador 
 
Santo André 
2016
1 
 
RESUMO 
A leitura é um meio de comunicação e participação social de suma importância, 
porém, antes da invenção da imprensa, era acessível a poucos, nos dias atuais esse 
quadro vem se modificando com grande velocidade, portanto, o aumento da 
necessidade dessa prática atingir o maior número de pessoas, e por que não 
dizermos, todas as pessoas de uma sociedade? Escrever envolve desde os 
primeiros registros gráficos até a produção de textos de maneira autônoma, não se 
restringindo às tarefas escolares, mas superando as formas de registros da história 
de um sujeito que vive em sociedade. Até a apropriação da escrita o aluno passa por 
níveis que revelam as hipóteses já construídas por ele. Essas são as hipóteses que 
serão nosso foco de estudo: Pré-silábica; Silábica sem valor sonoro; Silábica com 
valor sonoro; Silábica alfabético; Alfabética. Por isso “alfabetizar e letrar” um 
indivíduo vai além de levá-lo à decodificação de símbolos, mas, contribuir para sua 
formação como cidadão. Este importante papel será desenvolvido pelos professores 
que devem carregar com diligência e respeito ao próximo esta sublime missão. Para 
melhor aproveitamento deste estudo será necessário, antes, compreender a 
diferença entre alfabetização e letramento. O presente trabalho se desenvolverá 
considerando a pesquisa bibliográfica de autores da área: EMÍLIA FERREIRO e 
ANA TEBEROSKY, e também a experiência adquirida ao longo dos anos na 
atividade educacional de crianças em fase escolar. Muitas questões ainda 
necessitam ser estudadas mais profundamente, no entanto, deve-se já considerar a 
necessidade de percepção dos professores nesse processo de alfabetização e 
letramento. 
 
Palavras-chave: alfabetização; letramento; hipótese da escrita. 
 
ABSTRACT 
Reading is a means of communication and social participation of paramount 
importance, however, before the invention of printing, it was accessible to few 
nowadays this situation is changing with great speed, thus increasing the need for 
this practice to reach as number of people, and why do not we say, all the people of 
a society? Write involved from the earliest graphic records to the production 
autonomously texts, not limited to homework, but overcoming forms of recorded 
history of a man who lives in society. To the appropriation of writing the student goes 
through levels that reveal the assumptions already built for him. These are the 
hypotheses that will be our focus of study: Pre-syllabic; Without syllabic sound value; 
With syllabic sound value; Syllabic alphabet; Alphabetical. So "alfabetize and literacy” 
an individual goes beyond take you to decode the symbols, but contribute to their 
training as citizens. This role will be developed by teachers who must carry with 
diligence and respect for others this sublime mission. For better utilization of this 
study will be necessary first to understand the difference between literacy and 
literacy. This work will be developed considering the literature of authors Area: 
EMILIA RIBEIRO AND ANA TEBEROSKY, and also the experience gained over the 
years in the educational activity of schoolchildren. Many questions still need to be 
studied further, however, one must already consider the need for awareness of 
teachers that literacy and literacy process. 
 
Keywords: alfabetize; literacy; writing hypothesis. 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho busca reafirmar a importância da alfabetização e do 
letramento considerando o tempo e as necessidades específicas do indivíduo que 
passará por algumas fases, as chamadas “hipóteses da escrita” até que venha a 
adquirir a forma convencional do registro e leitura da língua. 
A reflexão proposta aqui tem como base a valorização e respeito ao próximo, 
e ao tempo de aprendizagem individual dos alunos. 
O objetivo desse trabalho é através do estudo bibliográfico, levar o leitor a 
perceber a riqueza de cada hipótese da escrita e proporcionar os devidos avanços 
para que o educando atinja sua autonomia na escrita e também na leitura de 
diversos gêneros. 
A relevância desse estudo é trazer à consciência dos professores e aos 
leitores em geral, que não basta juntar letras para escrever ou palavras para ler, mas 
além de simplesmente decodificar símbolos, é indispensável ter a compreensão dos 
significados e significantes das palavras dentro do contexto social no qual serão 
utilizadas. 
Reconhecemos nosso limite para o aprofundamento das questões 
educacionais da alfabetização, por isso nos dedicamos ao estudo desta temática tão 
importante, e esperamos despertar o interesse para futuras pesquisas e para a 
imediata reflexão sobre a rica arte de ensinar a ler e escrever para a formação da 
pessoa e sua participação ativa e significativa na sociedade. 
 
1-ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
O professor alfabetizador ao ensinar seu aluno a ler, escrever e produzir 
textos com autonomia deve fazê-lo com intenção de encaminhar o educando ao 
exercício da cidadania, pois é claro que a prática da alfabetização não se restringe à 
3 
 
escola, mas para o avanço da vida social, de forma que este seja um cidadão crítico 
e participativo dentro da sociedade na qual esteja inserido. 
Alfabetizar e letrar são ações que devem andar sempre juntas para que de 
fato se atinja o objetivo com o aluno na fase de aprendizado da leitura e escrita. 
No entanto, é necessário compreender que esses termos são distintos e que 
alfabetizar não é necessariamente letrar ou vice e versa. 
De acordo com SOARES (2004): 
(...) os dois processos – alfabetização e letramento – são, 
no estado atual do conhecimento sobre a aprendizagem 
inicial da língua escrita, indissociáveis, simultâneos e 
interdependentes: a criança alfabetiza-se, constrói seu 
conhecimento do sistema alfabético e ortográfico da 
língua escrita, em situações de letramento, isto é, no 
contexto de e por meio de interação com material escrito 
real, e não artificialmente construído, e de sua 
participação em práticas sociais de leitura e de escrita; 
por outro lado, a criança desenvolve habilidades e 
comportamentos de uso competente da língua escrita nas 
práticas sociais que a envolvem no contexto do, por meio 
do e em dependência do processo de aquisição do 
sistema alfabético e ortográfico da escrita.Para que haja uma melhor compreensão do que está sendo dito, vamos a 
seguir trazer a definição dos termos aqui apresentados: alfabetização e letramento. 
Depois dessa compreensão dos termos, devemos retomar a discussão sobre 
alfabetizar letrando, e não menos importante vamos tratar sobre as hipóteses de 
escrita, pois conhecê-las é fundamental ao professor que entende a importância de 
uma aprendizagem que ofereça ao aluno segurança e confiança em si. 
Não só isso, mas conhecendo as fases pelas quais os aprendizes passam, 
facilita o planejamento que objetiva auxiliar esse aluno a avançar em suas hipóteses 
para que então, ele possa escrever de forma convencional e principalmente 
autônoma, pois será neste momento que o papel da escrita como meio de 
comunicação se efetivará na sociedade. 
Acredito ainda que a compreensão das hipóteses da escrita deveria 
ultrapassar o conhecimento do professor alfabetizador, atingindo os professores de 
4 
 
outros ciclos e por que não, os professores das séries mais avançadas e das mais 
diversas disciplinas, para que assim, pudessem auxiliar aqueles alunos que estando 
em anos avançados ainda apresentam dificuldades na escrita. 
Vou além ao afirmar que tal conhecimento deveria fazer parte da comunidade 
fora dos muros da escola, claro que não com um conhecimento tão aprofundado do 
assunto, já que esta é uma especialidade dos professores, mas em um nível de 
conhecimento que estreitasse a relação pais / filhos. 
Quando os pequenos tentam expressar seus sentimentos por meio de uma 
cartinha, e os pais simplesmente por não compreenderem a escrita, acabam 
frustrando a criança respondendo algo como, por exemplo: “ah que legal, mas não 
tem nada escrito aqui”. 
Gera ainda nesses pais uma grande preocupação, pois passam a acreditarem 
que a escola e “a professora” não estão alfabetizando seu filho, que a criança não 
está aprendendo nada, e que está frequentando a escola apenas para brincar. 
O que seria um rico tema a ser abordado, pois compreender que o brincar é 
parte essencial da aprendizagem, também é necessário para o acompanhamento do 
processo de ensino e aprendizagem proposto pela escola. 
Segundo Emília Ferreiro citada por Rodrigues em seu artigo, um dos maiores 
danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua 
própria capacidade de pensar. Para que haja um ensino de qualidade é necessária 
competência técnica pedagógica, dedicação, compromisso, materiais pedagógicos, 
formação de professores e atividades específicas envolvendo o ensino e a 
aprendizagem assim o professor fará sua tarefa básica a de ensinar estimulando os 
alunos a aprenderem de forma rica e prazerosa. (Ferreiro apud Rodrigues 2013) 
Isso me traz à memória uma experiência vivida por mim, em uma escola 
municipal de ensino básico, em que a proposta de uma mostra cultural, foi expor os 
desenhos dos pequenos. 
No planejamento antes da visitação aos desenhos, aconteceu um sucinto 
estudo explicativo para os pais sobre as fases do desenho – claro que aqui, estamos 
5 
 
falando em um conteúdo diferente, mas que também contribui para o processo de 
alfabetização, e nos serve apenas como um pano de fundo para exemplificar o 
quanto é importante a família conhecer como se desenvolve o aprendizado dos seus 
filhos na escola. 
Acompanhando a observação da exposição, era emocionante ouvir os 
comentários dos pais que faziam as comparações dos desenhos das turmas iniciais 
até as finais, procurando perceber a fase na qual o seu filho se encontrava, e ainda 
mais interessante ver nos olhos dessas famílias que eles não se sentiam mais diante 
de “rabiscos” ou “pessoas voando”, mas sim, de produções ricas e repletas de 
sentidos para os pequenos, demonstrando o total empenho e esforço da criança que 
em breve e com auxílio, avançaria para produções mais complexas e ditas 
convencionais. 
Não nos fica dúvida do quão importante é a parceria entre escola e família 
para que o processo de ensino e aprendizagem seja realizado com êxito e prazer 
para ambas as partes, em especial para o aluno que deve ser e é, a peça principal 
dessa relação, afinal o ensino é para o aluno tanto quanto a aprendizagem pertence 
a ele, sem esquecer o precioso ensinamento de Paulo Freire que nos diz que tal 
processo é uma via de mão dupla na qual professor e aluno aprendem à medida que 
ensinam. 
 
2-ALFABETIZAÇÃO 
Antes de trazer o conceito, vale propor uma reflexão sobre a grande 
dificuldade e discussão encontrada na educação brasileira ao longo dos anos sobre 
a alfabetização. 
Décadas atrás só considerávamos apto para avançar os estudos na 2ª série, 
o aluno considerado alfabetizado, ou seja, aquele que dominava a decodificação das 
letras e conseguia escrever e ler. 
Conforme leitura de SOARES (2014, p. 13 – 15) podemos visualizar que 
historicamente há cerca de quarenta anos menos de 50% das crianças brasileiras 
6 
 
conseguem prosseguir seus estudos classificadas como alfabetizadas. Na tentativa 
de melhorar esses dados, estudos vêm sendo realizados nos campos da pedagogia, 
psicologia, meio social, e formação docente, mudanças de sistemas, metodologias 
e/ou materiais didáticos. 
Infelizmente, nos dias atuais não temos alcançados resultados tão diferentes 
do que os apresentados anteriormente, mas um prolongamento permissivo no tempo 
de aquisição da compreensão da leitura e escrita, ou seja, da alfabetização, que 
anteriormente deveria acontecer na 1ª série, e hoje, com a organização em ciclos, 
essa criança deve ser alfabetizada dentro do 1º ciclo, porém, acaba avançando ao 
ciclo seguinte ainda não alfabetizada. 
Uma das atuais fontes de estudo sobre a alfabetização é o Pacto Nacional 
pela Alfabetização na Idade Certa, que é um compromisso formal assumido pelos 
governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que 
todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano 
do ensino fundamental. (MEC) 
Certamente, o Pacto não será cumprido se cada um de nós, seja professor, 
equipe escolar, membro da família ou sociedade e aluno, não tomar para si a 
responsabilidade que lhe é cabível e trabalhar com afinco para que possamos mudar 
a situação histórica da alfabetização no nosso país. 
 
2.1– AFINAL, O QUE É ALFABETIZAÇÃO? 
Alfabetização compreende a ação de dar a um indivíduo a capacidade de 
conhecer os códigos linguísticos da língua, e a capacidade de usá-los para escrever 
e ler de forma autônoma. Podemos dizer que, é dar ao sujeito o domínio da técnica 
de desenvolver a arte da leitura e escrita. 
Quando falamos em um sujeito adulto, podemos aprofundar essa descrição, 
dizendo que alfabetizar é trazer luz ao caminho dos pés trôpegos que por anos 
tatearam no mundo das letras, buscando compreendê-las sem saberem seu 
verdadeiro significado. 
7 
 
E como falar em alfabetização sem citar o grandioso Freire, que não foi 
criador de um método, mas antes, criador de uma nova concepção de 
alfabetização? 
Concepção essa, que visa aproximar o alfabetizado das letras e palavras que 
estão presentes em seu cotidiano, de modo que esta leitura e escrita ensinada 
possa fazer sentido concreto, facilitando assim a aprendizagem. 
Como podemos observar no seguinte trecho: 
Só assim a alfabetização cobra sentido. É a 
consequência de uma reflexão que o homem começa a 
fazer sobre sua própria capacidade de refletir. Sobre sua 
posição no mundo. Sobre o seu trabalho. Sobre seu 
poder de transformar o mundo. Sobre o encontro das 
consciências. Reflexo sobre a própria alfabetização, que 
deixa assim de ser algo externo ao homem, para ser dele 
mesmo. Para sair de dentro de si, em relaçãocom o 
mundo, como uma criação. Só assim nos parece válido o 
trabalho da alfabetização, em que a palavra seja 
compreendida pelo homem na sua significação: como 
uma força de transformação do mundo. Só assim a 
alfabetização tem sentido. Na medida em que o homem, 
embora analfabeto, descobrindo a relatividade da 
ignorância e da sabedoria, retira um dos fundamentos 
para a sua manipulação pelas falsas elites. Só assim a 
alfabetização tem sentido. (Freire apud Soares, 2014, 
p.119). 
Vemos então que para Paulo Freire alfabetização significa muito mais do que 
decodificar códigos da escrita, mas a medida em que o sujeito é capaz de dominar 
esse código ele vai além, pois, estará fazendo uma leitura crítica do mundo que 
possibilita reflexão e questionamento que conclui uma transformação. 
Essa transformação é de suma importância pois, refletirá diretamente na 
sociedade, de forma a melhorá-la, compondo assim, um mundo mais justo para a 
convivência dos seres humanos. 
Freire nos fala ainda em leitura de mundo, que ele defendia a teoria desta 
preceder a leitura da palavra, o que nos remete a ideia de o aluno não chega à 
escola como uma tábula rasa (expressão latina análoga à ideia de uma tela em 
branco). 
8 
 
Mas ele traz vivências e experiências desde sua concepção e primeiros anos 
de vida, por isso já é um sujeito social, e para que sua alfabetização aconteça com 
prazer, clareza e sentido, é necessário que se parta dos seus conhecimentos 
prévios e não esquecendo o que ele já sabe para começar do zero. 
Por isso, também deve-se defender a ideia de indivíduo, pois, certamente as 
experiências jamais serão iguais, ainda que se fale em irmãos gêmeos. Pois o que 
conta de fato para o ser humano, não é a experiência em si, mas a leitura que cada 
um faz do que vivenciou. 
Como afirma THOMAZ (2009): 
A alfabetização de qualquer indivíduo é algo que nunca 
será alcançado por completo, ou seja, não há um ponto 
final. A realidade é que existe a extensão e a amplitude 
da alfabetização no educando, no que se diz respeito às 
práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. Nesse 
âmbito, muito estudiosos discutem a necessidade de se 
transpor os rígidos conceitos estabelecidos sobre a 
alfabetização, e assim, considerá-la como a relação entre 
os educandos e o mundo, pois, este está em constante 
processo de transformação. 
Fica claro o tema alfabetização é muito mais complexo do que se imagina a 
princípio, e que muito há de se estudar e conhecer para que de fato consigamos 
desenvolver uma alfabetização de qualidade em nosso país. 
Chegamos a compreensão de que não nos basta alfabetiza, mas é 
necessário alfabetizar letrando. Por isso, passaremos agora ao conceito de 
Letramento. 
3-LETRAMENTO 
Segundo THOMAZ (2009) 
Letramento é o estado ou a condição que adquire um 
grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-
se apropriado da escrita. É usar a leitura e a escrita para 
seguir instruções (receitas, bula de remédio, manuais de 
jogo), apoiar à memória (lista), comunicar-se (recado, 
bilhete, telegrama), divertir e emocionar-se (conto, fábula, 
lenda), informar (notícia), orientar-se no mundo (o Atlas) 
e nas ruas (os sinais de trânsito). 
9 
 
Letramento é então a capacidade mais abrangente da leitura e escrita, é 
utilizar tal capacidade para compreender o que se lê e ainda transmitir uma 
mensagem compreensível a outrem por meio da escrita. 
Um enorme desafio está então proposto aos professores alfabetizadores, pois 
não lhes basta alfabetizar, mas é necessário alfabetizar letrando. 
Vivemos em uma sociedade movida à tecnologia, na qual as informações 
circulam de forma rápida e passageira. Todos os meios de comunicação apresentam 
informações de diversos temas. 
Essas informações estão dispostas a todos os níveis de sujeitos, que como já 
falamos anteriormente, vai armazenando experiências e fazendo sua leitura do que 
vivencia. 
Portanto, já não basta saber ler uma informação, mas compreendê-la e 
decidir o que fazer com ela. Não é mais suficiente fazer a leitura dos noticiários em 
jornais, mas estar apto a perceber o que de fato a imprensa está querendo informar. 
Não nos basta ler todos os rótulo nas prateleiras de um supermercado, nem 
tão pouco as informações nutricionais contidas nas embalagens de alimentos, mas 
sim, fazer uso dessa leitura para escolher o que será proveitoso para o consumo. 
Ler as placas de trânsito não é suficiente para interpretá-las e muito menos é 
suficiente para utilizá-las em prol de uma boa condução, na qual se respeite as leis e 
se apresente um trânsito seguro para si e para os outros. 
O letramento atinge todas as fases da vida do indivíduo, inclusive na área 
profissional, pois nos dias atuais o mercado de trabalho está buscando selecionar 
candidatos capazes de pensar e repensar sobre projetos da empresa, que atuem 
significativamente em discussões, e trazendo novas ideias produtivas, visando 
sempre o lucro. 
Diria então, que ser letrado é adquirir a capacidade de escolha em beneficio 
próprio ou comum à sociedade. É reconhecer os diversos gêneros textuais e suas 
10 
 
funções no meio social. É utilizar-se desses textos para expressar seus sentimentos, 
divulgar suas ideias e até mesmo reinvindicações. 
Por isso, é possível encontrar uma criança letrada, porém não alfabetizada. 
Isso ocorre quando a criança, por exemplo, escolhe “Tody” para o preparo da sua 
mamadeira, pois reconhece o rótulo e sabe diferenciar de outros achocolatados. 
Diríamos que uma criança alfabetizada e não letrada, seria capaz de decifrar 
os códigos da escrita, ler as marcas oferecidas, mas não ter condições de fazer 
escolhas por lhe faltar o conhecimento próprio do sabor, valor nutricional, e até 
mesmo do seu paladar. 
Por essa reflexão, vem o conhecimento do quão importante é alfabetizar 
letrando e letrar alfabetizando. Pois somente dessa forma, é que de fato serão 
formados os cidadãos críticos e participativos que tanto se almeja dentro da 
educação. 
Para Soares (1998): 
alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não 
inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar 
letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das 
práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o 
indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e 
letrado (Soares p. 47 apud Santos, 2007). 
Assim, cientes da importância dos dois termos, voltamos a falar sobre como é 
imprescindível para a alfabetização significativa, conhecer as hipóteses da escrita. 
Com base em Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1999), faremos a seguir uma 
reflexão sobre o caminho percorrido pelas crianças que estão aprendendo a 
escrever, pois esse processo não se dá com mágica de um momento para o outro, 
mas aos poucos a crianças vai construindo hipóteses da escrita até que consiga 
escrever convencionalmente. 
É fato que depois desse processo, em uma fase mais avançada dos estudos, 
ela terá que aprender as regras gramaticais da língua portuguesa que definem as 
estruturas das palavras para que possa corrigir os possíveis erros ortográficos que 
por hora ainda comete. 
11 
 
4-MEDIANDO O APRENDIZADO DA ESCRITA 
Desde a tenra idade, se, a criança tiver acesso a papeis e materiais como, 
lápis ou canetas, já começará a fazer registros de escrita que serão diferentes de 
seus desenhos, mesmo que ela ainda não saiba atribuir significado ao que escreveu, 
como afirma Ferreiro e Teberosky (1999): “imitar o ato de escrever é uma coisa, 
interpretar a escrita produzida é outra.” (p.191) 
Para acompanhar o desenvolvimento e avanço da escrita das crianças, é 
necessário a observação contínua de médio a longo prazo, sempre observando as 
escritas espontâneas,ou ainda observando com intencionalidade por meio das 
chamadas “sondagens”. 
As sondagens diagnósticas é um dos meios pelo qual os professores tomam 
conhecimento da hipótese de escrita que individualmente já foi elaborado por seus 
alunos. Encontrando assim subsídios que lhe proporcionarão condições de planejar 
atividades como meio de auxiliar essas crianças a avançarem em suas hipóteses até 
que possam atingir o nível de escrita autônoma. 
Por isso a sondagem diagnóstica é essencial e merece uma atenção especial 
dentro do processo de alfabetização. 
A base da sondagem é o ditado de quatro palavras (uma polissílaba, uma 
trissílaba, uma dissílaba e uma monossílaba, nessa ordem) de um mesmo campo 
semântico (ou seja, do mesmo assunto) e por fim, de uma frase utilizando parte das 
palavras já escritas. Por exemplo, as palavras: dinossauro, cavalo, gato e rã. A 
frase: O gato é meu. 
Para que ela ocorra com maior precisão alguns pontos devem ser observados 
pelo professor alfabetizador, antes de sua aplicação. 
Ela deve ser um processo contínuo ao longo do ano como norteador do 
planejamento das aulas, e jamais como um fim avaliativo. 
É uma atividade individual, por isso, deve haver um preparo antecipado de 
atividades coletivas, nas quais os outros alunos possam se entreter sem a 
12 
 
necessidade constante da interferência do professor, que estará junto ao aluno 
submetido à sondagem. 
Por exemplo, jogos e brincadeiras que envolvam concentração e troca entre 
os pequenos; filmes que ampliem e colaborem pedagogicamente, cantos 
diversificados com quebra-cabeças, livros, massa de modelar e blocos construtores, 
são boas dicas. 
Primeiramente, sempre que possível, a sondagem diagnóstica deve acontecer 
em um ambiente tranquilo, sem que a criança se sinta pressionada ou submetida a 
um teste de aprovação ou reprova. 
O professor não deverá se a criança lhe responder que não sabe escrever. Ao 
contrário, o professor deverá motivá-la a fazê-lo como ela imagina que seja a escrita. 
As palavras serão ditadas pausadamente, porém não silabadas, sem indicação das 
letras. 
Caso a criança pergunte como se escreve, devolva a pergunta: “como você 
acha que se escreve?” Até que ela escreva como acha que é a palavra. 
Quanto a escolha das palavras, o professor deverá se preocupar ainda, em 
escolher palavras que não sejam muito distantes da realidade do cotidiano do aluno, 
conforme já comentamos anteriormente, quanto mais sentido fizer o ensino, melhor 
resultado se terá no aprendizado. 
Após o ditado de cada palavra, é imprescindível a leitura do que ela escreveu, 
pois esse momento será crucial para perceber e nomear em qual hipótese a criança 
se encontra. 
Ao final do trabalho, o professor deve sempre elogiar o esforço e dedicação 
da criança, liberando-a para participar das demais atividades com seus colegas. 
Conhecendo esse meio de diagnosticar as fases da escrita, passemos agora 
a identificação de cada uma delas, com a descrição e sempre que possível com 
exemplos, para que este estudo fique mais claro e faça mais sentido na prática do 
processo de alfabetização, principalmente das crianças. 
13 
 
4.1 - AS HIPÓTESES DA ESCRITA 
De acordo com a teoria exposta por FERREIRO e TEBEROSKY (1999) em 
Psicogênese da Língua Escrita, toda criança passa por cinco níveis, e vai assim 
construindo hipóteses, até que esteja alfabetizada. 
Para exemplos que serão utilizados para cada fase, contamos com imagens 
disponíveis por Costa (2009). 
PRÉ - SILÁBICA: a criança não consegue relacionar as letras com os sons 
da língua falada, pode fazer uso indiscriminado de garatujas e números, associa a 
quantidade de letras necessárias ao tamanho do objeto, é também comum utilizar 
letras do seu próprio nome, e sua leitura da palavra é global, na verdade só a 
criança consegue ler a sua intenção de escrita. “(...) escrever é reproduzir os traços 
típicos da escrita que a criança identifica como a forma básica da mesma.” 
(FERREIRO E TEBEROSKY, 1999, p.193) Observe a figura: 
 
 
 
 
 
 
 
 
SILÁBICA SEM VALOR SONORO: a criança interpreta a letra a sua maneira, 
atribuindo valor de sílaba a cada uma, já um pouco mais avançado em sua hipótese 
percebe que não precisa de tantas letras e que não deve misturar números e 
Figura 1 Pré-Silábica 
14 
 
garatujas para representar a escrita, pode ainda, usar uma letra como indicativa de 
cada palavra na frase, pois para ela criança, a sílaba é a menor unidade da escrita, 
na frase a menor unidade é a palavra. Observe a figura: 
 
 
• 
 
 
 
 
 
SILÁBICA COM VALOR SONORO: A criança relaciona a escrita e a fala 
dando um valor sonoro às letras, ela utiliza uma letra para cada sílaba, às pode 
colocar mais letras por entender que há essa necessidade, mas ainda não sabe 
distinguir quais são as letras necessárias. 
 
Figura 3 Silábica com valor sonoro 
Figura 2 Silábica sem valor sonoro 
15 
 
SILÁBICA-ALFABÉTICA: a criança agora está em uma fase intermediária, 
na qual mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas, ele 
já escreve algumas sílabas utilizando as letras correspondentes ao valor, e outras 
apenas com uma letra representante que varia entre a vogal e a consoante, assim: 
SAPT = SAPATO; CAVLO = CAVALO. 
 
 
 
 
 
 
 
ALFABÉTICA: a criança já domina o valor das letras e sílabas, elas são 
consideradas sonoras, dominam as letras do alfabeto, no entanto ainda apresentam 
certas dificuldades ortográficas. Mas enfim, dominam o código escrito, e são 
capazes de diferenciar letras, sílabas, palavras e frases. 
 
Figura 5 Alfabética 
Figura 4 Silábica Alfabética 
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CONCLUSÃO 
Não se pretende aqui finalizar o estudo, ao contrário ainda muitas questões 
permeiam nossas ânsias no que diz respeito à alfabetização e letramento e ao 
desenvolvimento das hipóteses da escrita. 
No entanto, ficamos satisfeitos com resultado da pesquisa realizada, pois nos 
proporcionou uma amplitude de conhecimento sobre temas citados, de forma que 
nos trouxe condições para uma melhor atuação na missão de alfabetização e 
letramento. 
Dentre todo o aprendizado, o que fica de mais significativo é a importância da 
reflexão sobre as fases pelas quais os alunos passam desde os primeiros contatos 
com a escrita até em que se atinja a alfabetização. 
Como a formação da cidadania deve ser uma preocupação desde os 
primeiros anos da vida escolar, o professor alfabetizador precisa sem duvida, 
empenhar-se em conhecer novos caminhos e estratégias que possibilitem a melhor 
mediação do conhecimento, para contribuir com a formação de seus alunos. 
Espero que letrar alfabetizando e alfabetizar letrando, venha a ser o objetivo 
almejado por todos os professores alfabetizadores, em especial, a partir da leitura 
deste artigo. 
 
REFERÊNCIAS 
FERREIRO, Emília Uma Reflexão sobre a Língua Oral e Aprendizagem da 
Língua Escrita. Pátio, 29, 2004, p. 8-12. 
______ Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985. 
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana: A psicogênese da língua escrita. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1999. 
SOARES, Magda, Alfabetização e Letramento, Caminhos e Descaminhos. Pátio, 
29, 2004. 
17 
 
SOARES, Magda, Alfabetização e Letramento. 6ª ed., São Paulo: Contexto, 2014. 
Sites consultados 
COSTA, Luciana dos Santos Tapajós da: As hipóteses de leitura e escrita: Uma 
forma de compreender porque e como a criança aprende. 2009. Disponível em: 
http://cantinhocriativodalu.blogspot.com.br/2009/08/textos-e-artigos.html. Acesso em 
02 jan. 2016. 
MEC. Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa. Disponível em: 
http://pacto.mec.gov.br/o-pacto. Acesso em: 02/01/2016 
RODRIGUES, Teresinha Luisa; RODRIGUES, E. R. Docência e discência: a arte 
de ensinar e de aprender. Revista Científica Semana Acadêmica. Fortaleza, ano 
MMXIII, Nº. 000037, 10/07/2013. Disponível em: 
http://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_8.pdf. Acesso em: 10 jan. 
2016.

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