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2013
Pré-História
Prof.ª Daniela Gadotti Sophiati
Prof.ª Johanna Wolfram Heuer
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof.ª Daniela Gadotti Sophiati
Prof.ª Johanna Wolfram Heuer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
001.309
S712p Sophiati, Daniela Gadotti
 Pré-história / Daniela Gadotti Sophiati e Johanna Wolfram 
 Heuer. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 188 p. : il 
 
 
 ISBN 978-85-7830-752-3
1. Humanidades – História.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
III
aPresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
Você vai iniciar agora o estudo da disciplina Pré-História, período 
histórico que antecede a invenção da escrita e a História Antiga. Este 
momento é considerado o mais extenso da história da humanidade, tendo 
iniciado há 4,5 milhões de anos e terminado em 4.000 a.C.
Durante este período, ocorreram importantes mudanças e 
transformações que foram determinantes para a história da humanidade. Há 
5 milhões de anos, ocorreram mudanças ambientais na África, possibilitando 
o surgimento de uma nova espécie: os hominídeos.
Desde o Australopithecus até o Homo sapiens sapiens, nossos 
antepassados enfrentaram uma longa e difícil jornada, aprenderam a criar 
objetos, lutaram pela sobrevivência com a caça e coleta, criaram formas de 
sociedade, dominaram a natureza, manifestaram-se artisticamente, viveram 
nas primeiras aldeias, criaram civilizações.
A partir de agora, convidamos você a conhecer um pouco mais a 
história de nossos antepassados. Vamos percorrer juntos o caminho do 
homem, desde o seu surgimento até as primeiras aldeias e civilizações.
Prof.ª Daniela Gadotti Sophiati
Prof.ª Johanna Wolfram Heuer
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, 
TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO..................................... 1
TÓPICO 1 – A NOVA HISTÓRIA CULTURAL E A PRÉ-HISTÓRIA .......................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA ........................................................................................................ 4
3 A ESCOLA DE ANNALES .................................................................................................................. 6
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 8
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 9
TÓPICO 2 – ARQUEOLOGIA ............................................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 11
2 ETAPAS DE PESQUISA ...................................................................................................................... 14
2.1 LEVANTAMENTO .......................................................................................................................... 17
2.2 ESCAVAÇÃO .................................................................................................................................... 18
2.3 ANÁLISE DE LABORATÓRIO ...................................................................................................... 19
2.4 PUBLICAÇÃO .................................................................................................................................. 20
2.5 A ARQUEOLOGIA COMO CIÊNCIA TRANSDISCIPLINAR ................................................. 20
2.5.1 Formas de datação .................................................................................................................. 20
2.5.2 Áreas de atuação ..................................................................................................................... 23
3 HISTÓRIA DA ARQUEOLOGIA ..................................................................................................... 26
3.1 ARQUEOLOGIA NA IDADE MÉDIA.......................................................................................... 26
3.2 ARQUEOLOGIA NA IDADE MODERNA .................................................................................. 26
3.3 ARQUEOLOGIA NA IDADE CONTEMPORÂNEA ................................................................. 27
3.3.1 Atuação dos arqueólogos no Brasil ...................................................................................... 31
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 33
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 35
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 36
TÓPICO 3 – TEORIA DE DARWIN..................................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37
2 TEORIA DE DARWIN ......................................................................................................................... 38
2.1 TEORIAS EVOLUTIVAS ................................................................................................................. 39
2.2 O DESENVOLVIMENTO DA TEORIA DARWINISTA ............................................................. 40
2.3 A EVOLUÇÃO HUMANA ............................................................................................................. 41
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47
TÓPICO 4 – A FORMAÇÃO DO UNIVERSO ................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 FORMAÇÃO DO UNIVERSO ........................................................................................................... 50
2.1 FORMAÇÃO DA TERRA ............................................................................................................... 51
2.2 PERÍODOS GEOLÓGICOS ............................................................................................................ 51
sumário
VIII
2.2.1 Era Pré-Cambriana ................................................................................................................. 51
2.2.2 Era Paleozoica.......................................................................................................................... 52
2.2.3 Era Mesozoica ......................................................................................................................... 52
2.2.4 Era Cenozoica .......................................................................................................................... 52
3 FORMAÇÃO DOS CONTINENTES ................................................................................................ 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 55
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 58
UNIDADE 2 – PERÍODOS PRÉ-HISTÓRICOS ................................................................................ 59
TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO HUMANA E PERÍODO PALEOLÍTICO ............................................. 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61
2 EVOLUÇÃO HUMANA ...................................................................................................................... 61
3 PERÍODO PALEOLÍTICO .................................................................................................................. 68
4 OS HOMINÍDEOS ............................................................................................................................... 74
4.1 AUSTRALOPITHECUS ................................................................................................................... 75
4.2 HOMO HABILIS ............................................................................................................................... 76
4.3 HOMO ERECTUS ............................................................................................................................ 77
4.4 HOMO NEANDERTHALENSIS ..................................................................................................... 78
4.5 HOMO SAPIENS .............................................................................................................................. 80
4.6 CARACTERÍSTICAS DOS HOMINÍDEOS .................................................................................. 81
LEITURA COMPLEMENTAR I ............................................................................................................ 82
LEITURA COMPLEMENTAR II ........................................................................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 86
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 87
TÓPICO 2 – PERÍODO MESOLÍTICO ............................................................................................... 89
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 89
2 PERÍODO MESOLÍTICO .................................................................................................................... 89
2.1 ARTE E CRENÇA NA PRÉ-HISTÓRIA ....................................................................................... 91
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 93
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 95
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 96
TÓPICO 3 – PERÍODO NEOLÍTICO ................................................................................................... 97
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 97
2 REVOLUÇÃO NEOLÍTICA ................................................................................................................ 98
2.1 O DOMÍNIO DA AGRICULTURA ............................................................................................... 98
2.2 ORGANIZAÇÃO SOCIAL ............................................................................................................. 99
2.3 ALDEIAS NEOLÍTICAS ................................................................................................................. 100
2.4 AS PRIMEIRAS CIDADES ............................................................................................................. 101
2.5 A CRENÇA DURANTE O NEOLÍTICO ...................................................................................... 103
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 104
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 107
TÓPICO 4 – IDADE DOS METAIS...................................................................................................... 109
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 109
2 IDADE DOS METAIS .......................................................................................................................... 109
2.1 IDADE DO COBRE .......................................................................................................................... 110
2.2 IDADE DO BRONZE ...................................................................................................................... 110
IX
2.3 IDADE DO FERRO .......................................................................................................................... 110
2.4 SURGIMENTO DO COMÉRCIO ................................................................................................... 110
2.5 DIVISÃO DA SOCIEDADE ............................................................................................................ 111
3 SURGIMENTO DO ESTADO ............................................................................................................ 112
3.1 A CENTRALIZAÇÃO DOPODER ............................................................................................... 113
3.2 O SURGIMENTO DA ESCRITA .................................................................................................... 113
4 AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES ...................................................................................................... 114
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 115
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 116
UNIDADE 3 – PRÉ-HISTÓRIA DA AMÉRICA, PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL, OS POVOS 
INDÍGENAS .................................................................................................................. 117
TÓPICO 1 – PRÉ-HISTÓRIA DA AMÉRICA .................................................................................... 119
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 119
2 TEORIAS MIGRATÓRIAS ................................................................................................................. 120
2.1 TEORIA DE CLÓVIS ....................................................................................................................... 120
2.2 TEORIA MALAIO-POLINÉSIA .................................................................................................... 121
2.3 TEORIA AUSTRALIANA............................................................................................................... 121
2.4 UM HOMINÍDEO ANTERIOR AO HOMO SAPIENS? ............................................................. 122
2.5 MAS O QUE SE SABE SOBRE OS PRIMEIROS SUL-AMERICANOS? .................................. 123
3 EXPLORAÇÃO DE RECURSOS ........................................................................................................ 123
4 DOMÍNIO DA AGRICULTURA ....................................................................................................... 124
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 130
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 131
TÓPICO 2 – PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL ......................................................................................... 133
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 133
2 PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL ............................................................................................................. 134
2.1 AS POPULAÇÕES DE LAGOA SANTA ...................................................................................... 135
2.1.1 Luzia ......................................................................................................................................... 137
2.2 AS PESQUISAS DE NIÈDE GUIDON .......................................................................................... 138
2.3 ARTE RUPESTRE ............................................................................................................................. 139
2.4 OFICINAS LÍTICAS ........................................................................................................................ 141
3 MUDANÇAS AMBIENTAIS .............................................................................................................. 142
3.1 O ESTUDO DA PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA E OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ............... 142
3.2 OS SAMBAQUIS .............................................................................................................................. 143
3.3 OS POVOS CERAMISTAS .............................................................................................................. 146
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 149
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 151
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 152
TÓPICO 3 – OS POVOS INDÍGENAS ............................................................................................... 153
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 153
2 COMO SE CLASSIFICA UMA LÍNGUA INDÍGENA? ................................................................ 155
3 OS DIVERSOS TRONCOS ................................................................................................................ 155
3.1 TRONCO TUPI................................................................................................................................. 155
3.2 TRONCO MACRO-JÊ ..................................................................................................................... 156
3.3 FAMÍLIAS NÃO INCLUÍDAS EM TRONCOS ........................................................................... 156
3.4 GRUPOS QUE NÃO FALAM MAIS LÍNGUAS INDÍGENAS ................................................. 156
4 OS POVOS INDÍGENAS .................................................................................................................... 157
X
4.1 A ALIMENTAÇÃO .......................................................................................................................... 158
4.1.1 Produção de alimentos ........................................................................................................... 158
4.2 AS HABITAÇÕES ............................................................................................................................ 160
4.3 ORGANIZAÇÃO SOCIAL ............................................................................................................. 161
4.4 CRENÇAS AMERÍNDIAS .............................................................................................................. 162
5 INDÍGENAS HOJE .............................................................................................................................. 163
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 166
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 169
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 170
TÓPICO 4 – EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ....................................................................................... 171
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 171
2 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL – CONCEITOS ............................................................................... 171
3 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO DA PRÉ-HISTÓRIA ...... 173
4 PROPOSTAS DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ......................................... 174
4.1 PROPOSTA DE APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES ..................................................................... 174
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 178
RESUMODO TÓPICO 4........................................................................................................................ 180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 181
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 183
1
UNIDADE 1
NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-
HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA 
DE DARWIN E FORMAÇÃO DO 
UNIVERSO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• identificar as mudanças teóricas nas correntes historiográficas;
• compreender as etapas da história da arqueologia;
• identificar os procedimentos de pesquisa arqueológica;
• analisar as teorias sobre a origem do homem;
• compreender as teorias de formação do Universo.
Esta primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada 
tópico, você encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de 
conhecimentos na área.
TÓPICO 1 – A NOVA HISTÓRIA CULTURAL E A PRÉ-HISTÓRIA
TÓPICO 2 – ARQUEOLOGIA
TÓPICO 3 – TEORIA DE DARWIN
TÓPICO 4 – A FORMAÇÃO DO UNIVERSO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A NOVA HISTÓRIA CULTURAL E A PRÉ-HISTÓRIA
1 INTRODUÇÃO
Segundo a divisão tradicional da História, a Pré-História é o momento 
histórico que antecede a História Antiga. Tal período é comumente associado, 
especialmente na TV, a dinossauros carnívoros e homens primitivos que 
conviviam no mesmo período. 
Você se lembra das histórias em quadrinhos do “Piteco & Horácio”, de 
Maurício de Souza, onde um Tiranossauro rex, o Horácio, interage com seres 
humanos, vivenciando cenas do dia a dia na Pré-História? Ou do desenho 
animado “Os Flintstones”, onde famílias que viviam na Pré-História conviviam 
em plena harmonia com dinossauros e possuíam o conforto e a praticidade da 
vida moderna? O que nos leva a perguntar, o que havia de errado com “Os 
Flintstones”? E o que você realmente sabe sobre a Pré-História?
IMPORTANT
E
Por que os humanos não conviveram com os dinossauros? Simples: os 
dinossauros desapareceram do planeta muito antes de os primeiros antepassados humanos 
aparecerem.
ESTUDOS FU
TUROS
Na Unidade 1, Tópico 4, aprofundaremos a questão ao estudarmos “A Formação 
do Universo”.
Considerado o período mais extenso da História, formalmente o 
início da Pré-História é associado ao surgimento do primeiro hominídeo, há 
aproximadamente 4,5 milhões de anos, e termina com a criação da escrita, por 
volta de 5.000 anos antes do presente.
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
4
No entanto, como veremos, as mudanças ocorridas na pesquisa 
historiográfica dos últimos anos vêm questionando essa divisão e até mesmo 
o conceito de Pré-História. O surgimento de novas fontes, problemas e objetos 
trouxe reflexões sobre este importante momento da humanidade.
IMPORTANT
E
Você sabia que os primeiros registros escritos apareceram na Suméria, atual 
Oriente Médio, por volta de 5.000 mil anos antes do presente? Eram pequenos tabletes de 
argila gravados com cunhas, motivo pelo qual ficaram conhecidos como escrita cuneiforme. 
Surgiram por necessidades administrativas, de registrar impostos, controlar cobranças etc.
Nem todas as sociedades desenvolveram a escrita na mesma época.
ATENCAO
DICAS
Para saber mais sobre a história da escrita você pode assistir aos 
vídeos disponíveis nos seguintes links: vídeo 1: <http://www.youtube.com/
watch?v=GC8ClPNWv3k&feature=related> e vídeo 2: <http://www.youtube.com/
watch?v=uF9kNYH1EQg&feature=relmfu>. Neles você aprenderá mais sobre o assunto e 
sobre temas como a arqueologia, que será discutida no Tópico 2 desta unidade. O material 
disponível nos vídeos pode ser utilizado, ainda, como ferramenta didática no ensino de 
História Antiga.
2 A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA
Desde a Antiguidade existe uma preocupação em conhecer o passado dos 
homens. Heródoto já realizava uma história narrativa, com a finalidade de “[...] 
perpetuar o passado e encontrar a causa da guerra”. (BURKE, 1991, p. 37). No 
entanto, a História mesclava elementos míticos e factuais.
Durante o século XIX, a História se estabeleceu como ciência em vários 
países da Europa, como, por exemplo, a França. Pesquisadores como Charles 
TÓPICO 1 | A NOVA HISTÓRIA CULTURAL E A PRÉ-HISTÓRIA
5
2 A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA
Langlois e Charles Segnobos afirmaram que a História não passa de mera 
aplicação de documentos, pois os pensamentos e atos realizados por homens 
quase nunca deixam registros confiáveis.
Para se tornar uma ciência, a História desenvolveu métodos confiáveis. 
Assim, em 1875, o alemão Leopold von Ranke estabeleceu uma série de métodos 
que nortearam as pesquisas nos anos seguintes:
• o objeto de pesquisa da História são os fatos;
• a realidade deve ser separada da ficção;
• os fatos precisam ser comprovados com documentos escritos;
• os documentos devem ser, de preferência, oficiais;
• o historiador deve proceder à análise interna e externa dos documentos;
• o historiador deve ser neutro na análise dos documentos.
NOTA
Fica determinado, então, pela teoria rankeana, que a História só existe onde há 
um registro escrito. O período que antecede o surgimento da escrita passa a ser considerado 
Pré-História. (BURKE, 1991, p. 42).
As pesquisas históricas realizadas neste período (século XIX) foram 
utilizadas como instrumento de coesão nacional, já que evocavam um passado 
em comum. A História também foi utilizada para formar cidadãos patriotas, 
capazes de defender sua pátria.
IMPORTANT
E
O século XIX foi o momento de formação de Estados, como a Itália e a Alemanha. 
Assim, a História era utilizada para criar símbolos de identificação, como as bandeiras, os 
hinos e os heróis.
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
6
Desta forma, os objetos de estudo da História se restringiam a temas como 
a política. Os heróis nacionais, datas importantes e grandes acontecimentos eram 
considerados o objeto central de estudo da História. 
NOTA
Esta visão de História vem sendo deixada de lado, acusada de favorecer uma 
“História Narrativa”, que apenas descreve os fatos, sem se preocupar com as suas causas.
3 A ESCOLA DE ANNALES
A partir de 1929, surgem mudanças na Historiografia, quando Lucien 
Fevbre e March Bloch fundam a Revista Annales. Juntamente com outros 
historiadores e sociólogos, os dois propõem uma revisão na forma de se pesquisar 
história.
Assim, a chamada Nova História Cultural, ou Escola de Annales, propõe:
• novos métodos
• novos objetos
• novas fontes 
• novas abordagens
Influenciada por estudos de sociólogos, antropólogos e geógrafos, essa 
primeira fase da Escola de Annales propôs uma ampliação dos temas de pesquisa, 
bem como uma nova abordagem. A História deixou de ser apenas uma narrativa de 
fatos, privilegiando também as estruturas. 
Ao longo das décadas, surgiram várias linhas de pesquisa na Escola de 
Annales; no entanto, podemos elencar como principais mudanças:
• A negação da neutralidade do historiador: toda produção histórica é subjetiva.
• A ampliação dos objetos de estudo: o homem produz história em todas as 
esferas de sua vida. Assim, temas como a família, os movimentos sociais, a 
alimentação, a religiosidade também são considerados históricos.
• Fragmentação da História nacional: visibilidade para os regionalismos e as 
especificidades.
TÓPICO 1 | A NOVA HISTÓRIA CULTURAL E A PRÉ-HISTÓRIA
7
3 A ESCOLA DE ANNALES
• História vista de baixo: estudo de grupos que não eram considerados antes 
como agentes da história. 
• Uso de novas fontes:a partir de então, é possível fazer pesquisa histórica a 
partir de fotografias, música, edificações, entrevistas etc.
• Reconhecimento da historicidade de povos sem escrita.
• Aproximação de ciências como a antropologia.
Assim, com a possibilidade do uso de novas fontes para a pesquisa, a 
Pré-História não é mais apenas o momento que antecede a escrita. As mudanças 
teóricas na historiografia, somadas às descobertas arqueológicas, trouxeram uma 
nova importância para a Pré-História.
Didaticamente a divisão histórica tradicional ainda é utilizada. No 
entanto, o conceito de Pré-História mudou. Agora, desde o surgimento do 
primeiro hominídeo na Terra, começa a grande aventura humana, sem esquecer 
todo o período que antecede o aparecimento dos seres humanos, que também faz 
parte da Pré-História. 
Da mesma forma, se a Pré-História acaba com o início da escrita, nem 
todas as regiões terminam a Pré-História em uma mesma época. No continente 
americano, seu fim é associado à chegada dos colonizadores europeus, por volta 
do século XV, embora se saiba que em algumas áreas do continente americano já 
existia escrita muito antes da chegada dos europeus. 
NOTA
Você sabia que a escrita mais complexa do continente americano pertencia 
aos maias? Esta civilização ocupou a região do atual México e América Central. Sua escrita 
sofisticada era usada, quase exclusivamente, no contexto religioso. Para mais informações 
acerca da civilização maia e América pré-colombiana sugerimos que consulte Gendrop 
(1987).
DICAS
Para aprofundar seus conhecimentos sobre Teoria da História sugerimos a 
leitura de Burke (1991) ou pesquisa no site <http.www.klepsidra.net>. A referência completa 
das obras você encontra no final do Caderno de Estudos.
8
Neste tópico, você viu que:
• Tradicionalmente, a Pré-História é o período que antecede a História Antiga.
• No século XIX, a História se torna uma ciência com pressupostos e métodos.
• Na História rankeana, a História é comprovada com documentos escritos.
• A Pré-História passa a ser o período que antecede o surgimento da escrita.
• Segundo Ranke, o historiador deve ser neutro na análise dos documentos.
• A pesquisa histórica do século XIX privilegiava a política.
• Em 1929 é criada a Revista Annales.
• A Escola de Annales propõe mudanças teóricas para a História.
• Na nova História cultural são pesquisados temas como a infância, a morte, a 
sexualidade, entre outros.
• As fontes de pesquisa se ampliam, podendo ser fotos, músicas, edificações etc.
• O período anterior à escrita também passa a ser considerado como histórico.
RESUMO DO TÓPICO 1
9
Para fixar os conteúdos estudados neste tópico, responda às questões a seguir: 
1 Ao se tornar uma ciência no século XIX, a História estava sujeita a uma série 
de métodos e regras. Quais eram eles? De que forma isso se relaciona com o 
estabelecimento da divisão tradicional da História?
2 Em 1929, um grupo de historiadores lança a Revista Annales, que propõe 
uma série de mudanças na pesquisa histórica. Cite que mudanças foram 
essas.
3 As mudanças teóricas na historiografia questionam o antigo conceito de Pré-
História. Justifique essa afirmação.
AUTOATIVIDADE
10
11
TÓPICO 2
ARQUEOLOGIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para que possamos conhecer o modo de vida das sociedades pré-históricas, 
várias ciências unem seus conhecimentos. Entre essas ciências encontramos 
a arqueologia, que é a ciência que estuda os vestígios materiais deixados pelo 
homem.
Vestígios materiais são restos de criações humanas, como utensílios, 
armas, moradias, enfeites etc. que, em conjunto, são chamados pela arqueologia 
de “cultura material”. Cada sociedade humana possui uma cultura material que 
a identifica. Tais vestígios são fruto da criação de soluções para a superação dos 
mais diferentes obstáculos impostos pelo meio em que vivem ou viveram, bem 
como de seu relacionamento e da interpretação simbólica deste meio. A cultura 
material de um povo reflete sua maneira de pensar e seus valores.
A pesquisa arqueológica é realizada em sítios arqueológicos, que são 
assim chamados por possuírem “vestígios arqueológicos”, que são os vestígios 
materiais acima mencionados. Os sítios arqueológicos podem ser divididos em 
pré-históricos (sociedades sem escrita) e históricos (sociedades com escrita).
FIGURA 1 – EXEMPLO DE VESTÍGIOS LÍTICOS. INSTRUMENTOS 
FABRICADOS ATRAVÉS DO LASCAMENTO DE DIFERENTES 
TIPOS DE ROCHAS. NESTE CASO ESPECÍFICO TRATA-SE 
DE PONTAS DE PROJÉTIL OU PONTAS DE FLECHA
FONTE: As autoras 
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
12
ESTUDOS FU
TUROS
Na Unidade 3 voltaremos a estudar os vestígios líticos.
Além disso, a arqueologia não estuda somente a Pré-História, mas 
o material de qualquer época histórica e que esteja associado à ação humana. 
Existem, por exemplo, pesquisas arqueológicas de vestígios da Idade Média ou 
da História Moderna. No Brasil, a divisão entre Pré-História e História é marcada 
pela chegada dos colonizadores europeus e seu contato com as sociedades nativas, 
por eles então denominados “indíos”. 
O período que antecede a colonização vem sendo recentemente 
denominado, por alguns pesquisadores, de Pré-Colonial, tendo em vista que 
o termo pré-história pode sugerir “antes da história”. Tal interpretação da 
terminologia vem sendo desconstruída por diversos pesquisadores nos últimos 
anos, tendo em vista que todas as sociedades humanas possuem história, tendo 
deixado registros escritos ou não. Mesmo que não tenham deixado registros 
escritos, seu relato foi e continua sendo feito oralmente. 
Quando a pesquisa arqueológica destina-se a estudar os vestígios materiais 
pertencentes ao período pós-colonial (após a chegada dos colonizadores no 
território hoje chamado Brasil), esta é chamada de arqueologia histórica. Alguns 
exemplos de sítios arqueológicos históricos são antigas igrejas, centros históricos de 
diferentes cidades e vestígios de antigos quilombos, por exemplo.
FIGURA 2 – EXEMPLO DE SÍTIO ARQUEOLÓGICO HISTÓRICO: RUÍNAS 
DAS MISSÕES JESUÍTICAS DE SÃO MIGUEL DAS MISSÕES, 
NO RIO GRANDE DO SUL 
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/
praticapedagogica/serviam-missoes-jesuiticas-629706.shtml>. 
Acesso em: 24 abr. 2013.
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
13
DICAS
Aprenda mais sobre arqueologia histórica assistindo ao vídeo “Discurso 
Silencioso”, disponível em: <http://www.youtube.com/watch?feature=player_
embedded&v=RQK_8pn0U3E>. Nele você poderá acompanhar pesquisas arqueológicas 
realizadas no centro histórico do Rio de Janeiro e sua importância para a re-construção da 
História brasileira e para a des-construção de diversos preconceitos.
Você sabia que a arqueologia não estuda os dinossauros? O estudo destes 
personagens da Pré-História é realizado pela Paleontologia, ciência que estuda a vida na 
terra através de fósseis, principalmente de animais e vegetais.
ATENCAO
FIGURA 3 – EXEMPLO DE PEGADAS FOSSILIZADAS ENCONTRADAS 
EM ARARIPE, NO NORDESTE BRASILEIRO, E A 
RECONSTITUIÇÃO DO POSSÍVEL ANIMAL QUE GEROU AS 
MARCAS
FONTE: Adaptado de: Dentzien-Dias et al. (2010) 
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
14
NOTA
Fósseis são restos de matéria orgânica do passado conservados pela natureza, 
em rochas, geleiras, resinas, sedimentos etc. Eles podem ser associados a seres vivos, como 
os fósseis de dinossauros, de homens antigos etc. ou resultado de ações que ocorreram no 
passado, como pegadas deixadas no solo, ovos fossilizados etc.
DICAS
Você se interessou pela paleontologia? Visite a página da Sociedade Brasileira 
de Paleontologia, <http://www.sbpbrasil.org/>, que dispõe de informações interessantese 
trabalhos acadêmicos na área.
2 ETAPAS DE PESQUISA
Quando falamos em arqueologia, imediatamente nos vêm à mente 
imagens de grandes aventuras como as vividas por Indiana Jones ou Lara Croft, 
personagens que imortalizaram no cinema a ideia de aventura e caça ao tesouro 
na arqueologia. Você, entretanto, sabia que esta ciência não é feita apenas de 
aventuras? 
Esta imagem foi criada no século XIX, quando os primeiros arqueólogos, 
europeus e norte-americanos, saíam em busca de pesquisa e aventuras em 
outros países, em um desbravamento imperialista. Um exemplo foi o trabalho 
do pioneiro Horward Carter, arqueólogo britânico que descobriu a tumba de 
Tutancâmon, no Egito, em 1922. 
NOTA
Tutancâmon foi um faraó egípcio que morreu ainda jovem, aos 19 anos, em 
1324 a.C.
Porém a maior parte do trabalho arqueológico é realizada em laboratório, 
e após longos períodos de estudos e análises os arqueólogos avaliam as atividades 
realizadas e preparam as pesquisas futuras. É um trabalho muito mais paciente e 
persistente do que a imagem imortalizada pelo cinema.
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
15
2 ETAPAS DE PESQUISA
Em alguns casos, as escavações arqueológicas costumam durar anos, já 
que os vestígios arqueológicos podem ser facilmente danificados. Existem sítios 
arqueológicos na Serra da Capivara, região nordeste do Brasil que, desde 1973, 
vêm sendo pesquisados. 
Outro grande mito associado à arqueologia é a monumentalidade dos 
achados arqueológicos. É banal pensar que os arqueólogos escavam apenas 
múmias ou grandes edificações como pirâmides, e que sempre acham algo precioso 
como tesouros. Afinal, você realmente sabe o que procura um arqueólogo?
Para o arqueólogo brasileiro, Paulo Funari (2003), a Arqueologia estuda, 
diretamente, a totalidade material apropriada pelas sociedades humanas. Logo, 
esta materialidade ou vestígios deixados pelos homens podem ser tanto uma 
pirâmide, um sambaqui ou um pedaço de cerâmica. 
NOTA
Sambaqui é um tipo de sítio arqueológico encontrado em diversas partes do 
mundo, geralmente em regiões litorâneas. Conforme veremos em maior detalhe na Unidade 
3, no Brasil tais vestígios são atribuídos a grupos de caçadores-coletores que habitaram a 
costa, de Norte a Sul, durante a Pré-História.
Desta maneira, a maior parte das pesquisas arqueológicas pré-históricas, 
por exemplo, estudam fragmentos de cerâmicas, peças feitas em pedras, restos 
de fogueiras, sobras de alimentação, vestígios de antigas habitações e de objetos 
usados e fabricados no cotidiano das antigas populações. Estes vestígios, 
conforme vimos anteriormente, trazem importantes informações sobre o dia a 
dia das populações do passado, seus hábitos e crenças e constituem muitas vezes 
as únicas informações que restaram destes grupos humanos. 
As diferentes etapas da pesquisa arqueológica fornecem informações 
que são trabalhadas e unidas por arqueológos e outros profissionais como uma 
espécie de quebra-cabeças, procurando gerar maiores informações sobre as 
sociedades que não deixaram vestígios escritos sobre seu modo de vida e sobre 
como chegaram aqui, ou como desapareceram.
Ao escavar um sítio arqueológico chamado Tapera, em Florianópolis, no 
estado de Santa Catarina, sul do Brasil, na década de 1960, o arqueólogo Pe. Rohr 
encontrou 24.122 cacos de cerâmicas, 4.271 artefatos feitos de pedras, 3.502 objetos 
feitos a partir de conchas e ossos, restos de alimentação, fogueiras, vestígios de 
habitações, além de 172 esqueletos (SILVA et al., 1990).
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
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FIGURA 4 – ESQUELETO ESCAVADO NO SÍTIO DA ARMAÇÃO DO SUL, NA 
ILHA DE SANTA CATARINA – SC, PELO PE. ROHR
FONTE: Disponível em: <http://www.anchietano.unisinos.br/equipe/Rohr/
rohr.htm>. Acesso em: 24 abr. 2013.
NOTA
O padre João Alfredo Rohr, gaúcho naturalizado catarinense, é considerado 
um dos arqueólogos que mais escavou no Brasil. O resultado de suas pesquisas pode ser 
encontrado em inúmeras publicações e na coleção do Museu do Homem do Sambaqui Pe. 
João Alfredo Rohr, SJ, localizado na Ilha de Santa Catarina.
Segundo o ponto de vista mais tradicional da arqueologia, ela é a 
ciência que estuda os artefatos criados pelo homem através da escavação e 
reconstituição. Porém, dentro das novas metodologias e abordagens, seu objetivo 
não é a catalogação de objetos, mas o estudo dos sistemas socioculturais. “Além 
dos artefatos, os chamados ecofatos e biofatos também fazem parte da reflexão 
arqueológica enquanto apropriação humana da natureza”. (FUNARI, 2003, p. 10).
Assim, a arqueologia também analisa o ambiente ocupado por esses 
antigos homens, considerando as matérias-primas disponíveis na região, bem 
como os rios, tipos de alimentos, animais e abrigos.
DICAS
Procure na sua cidade um museu que possua coleção arqueológica e veja de 
perto as pesquisas realizadas na sua região. 
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
17
IMPORTANT
E
Como você verá a seguir, o trabalho do arqueólogo pode ser dividido em várias 
fases. Entre as principais estão: 
• levantamento;
• escavações; 
• processamento em laboratório;
• publicação.
2.1 LEVANTAMENTO
O levantamento (ou prospecção) consiste na localização de áreas que sejam 
potenciais sítios arqueológicos. Esta pesquisa pode ser feita através de estudo de 
fotografias aéreas, caminhadas nas áreas estudadas ou com o uso de aparelhos, 
como sondas, radares, entre outros. O principal objetivo desta fase das pesquisas 
é encontrar os sítios arqueológicos.
Realizada através de caminhadas, a localização dos vestígios estará 
condicionada à experiência do observador que, através do contato visual, deverá 
identificar vestígios arqueológicos como artefatos, estruturas, áreas de aquisição 
de matéria-prima, entre outros. 
Também devem ser observadas mudanças na vegetação, que podem 
identificar mudanças na flora, causadas pela ação humana. A concentração de 
coqueiros, entre outras árvores, em áreas onde não são comuns, pode significar 
que tenham sido plantados por homens. Da mesma forma, manchas no solo que 
podem indicar antigas áreas de habitação. 
Entretanto novas tecnologias se apresentam como um auxílio, rápido e 
não destrutivo, na identificação de vestígios e sítios arqueológicos. Um exemplo 
são as técnicas de georradar ou técnicas geofísicas (resistividade elétrica e 
magnética) que possibilitam uma avaliação do subsolo através da emissão de 
ondas eletromagnéticas, condutibilidade elétrica etc., para identificação de 
artefatos em subsolo.
A decisão de que técnica de levantamento será empregada está relacionada 
aos objetivos das atividades planejadas, ao tipo de sítio estudado, ao tempo de 
pesquisa e outras condicionantes práticas, como financiamento de pesquisa, 
tamanho da equipe etc. 
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2.2 ESCAVAÇÃO
A segunda etapa dos trabalhos de arqueologia é a escavação. Esta é a mais 
famosa de todas as etapas e, geralmente, a única que vem à mente quando se 
pensa nas pesquisas arqueológicas. No entanto, apesar de ser uma fase muito 
importante destas pesquisas, ela é apenas uma parte do conjunto de atividades 
desenvolvidas pelos arqueólogos.
 A primeira etapa de um trabalho de escavação consiste na análise do 
ambiente a ser pesquisado. São analisadas informações como a composição do 
solo e a existência de determinadas rochas, rios etc. 
A etapa seguinte é a demarcação do território a ser escavado, que pode ser 
dividido em quadrículas, e, delicadamente, o solo é escavado com instrumentos 
leves, como pincéis, espátulas etc. 
FIGURA 5 – EXEMPLO DA DIVISÃO DE UM SÍTIO ARQUEOLÓGICO EM 
QUADRÍCULAS PARA CONTROLE DA ESCAVAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/06/
tamanho-35-couro-bovino-5.500-anos>.Acesso em: 24 abr. 2013.
NOTA
Quadrículas são pequenas áreas definidas pelo arqueólogo como unidades 
de controle. Cada quadrícula recebe um número específico e todo material identificado 
na mesma quadrícula recebe uma numeração associada, de forma que, em laboratório, é 
possível reconstituir onde o material foi localizado.
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
19
2.2 ESCAVAÇÃO Todo vestígio identificado é detalhadamente registrado, com fotos, 
desenhos, registros de localização etc. de maneira que em laboratório seja possível 
visualizar a precisa localização dele no contexto do sítio estudado. 
O contexto arqueológico é algo muito importante para a arqueologia, 
é através do estudo da localização do objeto e dos vestígios que estão a ele 
associados que o arqueólogo pode interpretar seus significados. 
Um autor francês chamado Leroi-Gourhan (1983) comparou o contexto 
arqueológico a um livro: se você ler um livro preservado é fácil perceber sua 
mensagem, seguir a lógica das páginas etc. Agora imagine ler um livro todo 
rasgado, onde você não consegue identificar qual a sequência das páginas, onde 
se encontra cada parágrafo, o encadeamento das palavras e assim por diante. Daí 
a importância de nunca recolher um artefato arqueológico de seu contexto sem o 
devido estudo e registro. 
DICAS
Você sabe o que fazer em caso de identificar um vestígio arqueológico? Existe 
um órgão federal chamado IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
– que é responsável pela fiscalização e promoção da proteção dos bens arqueológicos 
brasileiros. Caso encontre um sítio, procure o IPHAN mais próximo de sua cidade. Para 
maiores informações visite o site do instituto: <www.iphan.gov.br>.
2.3 ANÁLISE DE LABORATÓRIO
Quando chega ao laboratório, o material passa por uma lavagem e 
cadastramento em fichas padronizadas, contendo dados como o local onde foi 
localizado, posição em relação às outras peças, cor, dimensão, entre outros. 
O estudo destes vestígios envolve a comparação com outros sítios do local 
ou da mesma cultura estudada. Deste processo participam outros especialistas, 
conforme o sítio que está sendo estudado. Podem ser eles biólogos, especialistas em 
cerâmica, linguistas variados, especialistas em fundição de metais, anatomistas, 
químicos, geólogos etc.
A análise de pedras lascadas, por exemplo, considera fatores como a 
existência de rochas adequadas a essa produção. Já a análise da composição do 
solo indica o tipo de cerâmica produzido no local: solo ferruginoso – cerâmica 
alaranjada, solo com pouco ferro – cerâmica branca ou preta. 
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
20
Determinadas análises químicas de vestígios, como ossos e dentes, 
permitem ao arqueólogo descobrir muitas coisas a respeito dos indivíduos que 
habitavam naqueles locais como sua idade, sexo, o que comiam, que doenças 
possuíam e a causa de sua morte.
No laboratório são feitas ainda as restaurações dos objetos escavados, 
seu adequado acondicionamento, com temperatura e umidade controladas, e a 
montagem de exposições a ser realizadas nos museus.
2.4 PUBLICAÇÃO
A última fase de ação de uma pesquisa arqueológica é a publicação dos 
dados observados, na qual todos os resultados das atividades de campo e análises 
dos vestígios identificados são disponibilizados para o público acadêmico, através 
de revistas, livros e artigos científicos. Os pesquisadores também procuram 
divulgar o trabalho ao público em geral através de cartilhas, jornais, revistas e 
vídeos, por exemplo.
2.5 A ARQUEOLOGIA COMO CIÊNCIA TRANSDISCIPLINAR
Outra característica do estudo arqueológico é o trabalho em conjunto. 
Embora possuam um único objetivo, compreender as relações e mudanças na 
sociedade, várias são as linhas de estudo e métodos utilizados para isto, vejamos 
alguns exemplos:
2.5.1 Formas de datação
Para determinar a idade de um achado arqueológico são utilizadas várias 
técnicas e métodos. Para efetuar estas análises o arqueólogo precisa dialogar com 
profissionais de diferentes áreas como, por exemplo, a química e a geologia. A 
seguir estão listados alguns metodos de datação:
a) Estratigrafia
A estratigrafia é um ramo da geologia que estuda as camadas de rochas, 
determinando sua idade e origem. A estratigrafia teve início com William Smith 
(1769-1839), que criou o sistema de classificação das camadas. Em 1815, ele 
elaborou o primeiro mapa geológico de que se tem conhecimento (mapa geológico 
da Inglaterra).
A idade dos estratos obedece à escala de tempo geológico (eras, períodos, 
épocas). Ela serve tanto para a geologia quanto para a paleontologia.
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
21
Assim, conforme a profundidade em que um vestígio é encontrado, 
é possível dizer, por exemplo, que ele pertencia ao Pleistoceno ou Mioceno. A 
datação por estratigrafia é chamada de relativa, pois determina uma idade 
aproximada do fóssil.
A arqueologia também usa a estratigrafia como forma de controle 
e datação relativa, porém adaptada às suas necessidades, controlando as 
sequências e camadas em que cada artefato é identificado. A forma como as peças 
arqueológicas são depositadas no solo segue o princípio geral da estratigrafia, 
ou seja, aquelas que estão mais próximas da superfície podem ser associadas 
a ocupações humanas da área em um período mais recente. As peças que são 
encontradas em níveis mais profundos do solo são consideradas mais antigas. Via 
de regra, quanto mais profundo, mais antigo.
Assim, os estratos, ou camadas arqueológicas, vão se depositando ao longo 
dos anos, séculos, milênios. O sítio arqueológico pode, então, ser comparado a 
um bolo, com sucessivas camadas, uma sobre a outra, que são escavadas uma a 
uma pelos pesquisadores.
FIGURA 6 – EXEMPLO DE UMA QUADRÍCULA QUE MOSTRA CAMADAS DE 
UM SÍTIO ARQUEOLÓGICO
FONTE: Aragão; Luiz; Lopes (2010) 
b) Carbono 14
Este método foi desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial e permite 
uma datação muito mais precisa. Através dele é possível identificar vestígios de 
até 40.000 anos, com uma margem de erro de 200 anos. 
Com o carbono 14 somente é possível estabelecer datações em fósseis de 
seres vivos. Durante toda a sua vida, os seres vivos absorvem o carbono 14. No 
momento de sua morte, a quantidade de carbono 14 começa a cair e são emitidos 
elétrons. Assim, é calculada a quantidade de elétrons emitidos por minuto em 
cada grama do material. 
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
22
Através do carbono 14 é possível determinar datas de carvões, fósseis 
animais e vegetais, alguns artefatos, tintas vegetais, entre outros.
FIGURA 7 – ESQUEMA DE ABSORÇÃO DO CARBONO 14
FONTE: Adaptado de: <http://www.wwnorton.com/college/anthro/our-origins2/ch/08/
answers.aspx>. Acesso em: 24 abr. 2013.
c) Termoluminescência
A termoluminescência é utilizada para realizar datação de artefatos de 
cerâmica. Segundo Pallestrini (1980, p. 39-40), “[...] a argila utilizada por um 
artesão recebeu, durante anos, a radioatividade do solo ao qual ele pertencia. No 
momento em que o pote moldado é levado ao fogo, perde toda a radioatividade 
armazenada e alcança o ponto zero”.
Ao alcançar o “ponto zero”, a cerâmica começa a absorver novamente a 
radioatividade do ambiente. Para verificar a quantidade de radioatividade de 
uma cerâmica, os cientistas aquecem este artefato e verificam a quantidade de 
radioatividade desprendida.
Esta forma de datação também é utilizada para datar solos próximos a 
fogueiras. Consegue-se determinar, assim, há quantos anos a fogueira foi acesa.
O 14C é produzido 
na atmosfera
Os átomos 14C reagem 
com o O2 e formam o 
dióxido de carbono
A planta absorve o 
14CO2 e incorpora 
o 14C através da 
fotossíntese
A maiorparte do 14C 
é absorvido pelos 
oceanos
Os animais e 
pessoas absorvem 
o 14C através do 
consumo das 
plantas
Quando um animal morre, 
seu organismo cessa de 
receber os átomos de 
carbono. De maneira que a 
quantidade de 14C começa 
a decair
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
23
d) Outras formas de datação e cronologia
Apesar de as três formas anteriormente descritas serem as mais usuais, 
outras formas de datações são utilizadas: 
• dendrocronologia – que estabelece uma datação a partir da análise dos anéis de 
formação do tronco de uma árvore; 
• varvas – que consiste na análise das camadas de formação dos depósitos de 
argilas no fundo dos lagos, identificando sequências de datação geocronológica;
• ressonância eletrônica Spin (ESR) – que é a contagem de elétrons estimulados 
por um campo magnético;
• potássio-argônio – baseia-se no princípio da desintegração radioativa. É 
indicada para medir rochas vulcânicas muito antigas; 
• sequência tipológica – consiste na ordenação das criações em uma sequência 
cronológica aproximada, o que possibilita fazer uma dedução ou comparação 
a partir do conhecido, associando tipos semelhantes. 
FIGURA 8 – EXEMPLO DE COMO PODE SER FEITA UMA CLASSIFICAÇÃO 
TIPOLÓGICA A PARTIR DE UMA EVOLUÇÃO ASSOCIADA AO 
PERÍODO DE PRODUÇÃO
FONTE: Renfrew; Banh (1993) 
2.5.2 Áreas de atuação
Conforme visto, a arqueologia é uma ciência transdisciplinar, ou seja, 
para atingir seus objetivos, dialoga com diversas outras ciências. A formação de 
um arqueólogo também pode ser bem diversificada, podendo atuar em áreas 
especializadas ou trabalhar em conjunto com profissionais de diferentes áreas. 
Vejamos alguns exemplos:
• Palinologia – estuda, através dos grãos de pólen, as mudanças ambientais 
e climáticas, bem como a utilização de recursos vegetais pelas populações 
passadas. 
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
24
NOTA
Pólen é o conjunto de pequeníssimos grãos originários das flores.
• Bioantropologia – estuda os restos de ossos humanos, identificando sexo, 
idade aproximada, doenças, entre outros indícios, que possam ter deixado 
marcas ou constituição específica nos ossos humanos. 
FIGURA 9 – EXEMPLOS DE GRÃOS DE PÓLEN DE ESPÉCIES VEGETAIS 
(AMPLIADOS APROXIMADAMENTE 1.000 VEZES)
FONTE: Barth (2003) 
NOTA
Para compreender melhor a aplicabilidade da palinologia na pesquisa 
arqueológica, você poderá consultar o artigo: “Uso da Palinologia em Amostras Arqueológicas 
de Própolis na Reconstituição da Vegetação Histórica de uma Região”. Ele está disponível para 
acesso em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/184335/1/bp022.pdf>. A 
referência completa você encontra ao final do Caderno de Estudos.
• Zooarqueologia – estuda os restos faunísticos identificados em sítios 
arqueológicos, ou seja, os vestígios de animais que tenham sido usados como 
alimentação, nas atividades domésticas etc.
• Análises líticas – estuda a fabricação e marcas de uso deixadas nos artefatos 
feitos em pedras.
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
25
• Paleoparasitologia – estuda os agentes patogênicos associados a populações 
antigas, o que possibilita avaliar epidemias, costumes e hábitos de nossos 
antepassados. 
• Arqueologia subaquática – que estuda os vestígios arqueológicos que se 
encontram submersos em rios, lagos, oceanos etc. É uma adaptação do método 
usado em solo e pesquisa, por exemplo, os navios que naufragaram na costa 
brasileira durante o período colonial.
NOTA
Você pode realizar gratuitamente o download do “Livro Amarelo”, uma cartilha 
muito interessante sobre arqueologia subaquática, no seguinte endereço eletrônico: <http://
www.arqueologiasubaquatica.org.br/>. Aproveite para navegar no site do Centro de Estudos 
de Arqueologia Náutica e Subaquática da UNICAMP, lá você encontrará diversas informações e 
notícias sobre este fascinante ramo da arqueologia.
• Arqueologia experimental – estuda e trabalha com a construção de réplicas 
e experimentações atuais que possibilitem entender e auxiliar as explicações 
sobre os vestígios arqueológicos. Através das experimentações os arqueólogos 
procuram reproduzir a fabricação de instrumentos de rocha e cerâmica, por 
exemplo, o que lhes permite entender melhor os objetos encontrados nas 
escavações e as técnicas utilizadas pelos grupos pré-históricos para fabricá-los.
Estas são apenas algumas das tantas áreas de atuação que podem ser 
associadas à arqueologia. Isto se justifica, entre outros motivos, pela maneira 
dinâmica com que é composta nossa realidade e assim também foi a de nossos 
antepassados. 
IMPORTANT
E
Vale lembrar que as pesquisas arqueológicas não têm como objetivo apenas o 
artefato em si, mas procuram, a partir do estudo destes artefatos, entender os sistemas e diferentes 
áreas da vida social de quem os produziu. Isto quer dizer que os arqueólogos escavam as peças 
arqueológicas para, através delas, entender melhor a vida das pessoas que as fabricaram.
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
26
3 HISTÓRIA DA ARQUEOLOGIA
A arqueologia como ciência teve seu início por volta do século XIX, 
acompanhando o surgimento de tantas outras ciências no período, embora entre 
gregos e babilônicos, muito antes da era cristã, já existisse o interesse por entender 
o desenvolvimento humano e colecionar peças antigas. 
3.1 ARQUEOLOGIA NA IDADE MÉDIA
Existem relatos de achados fósseis desde a Idade Média, no entanto, não 
se acreditava que pertencessem a sociedades mais antigas. Muitas vezes eles 
eram usados como amuletos e instrumentos mágicos. “Fósseis de animais pré-
históricos foram considerados restos de animais fantásticos, como ciclopes.” 
(TRIGGER, 2004, p. 48).
Neste período, vários registros de povos pré-cristãos foram destruídos 
para apagar as memórias pagãs, túmulos foram saqueados e ruínas destruídas. 
A explicação para a origem humana baseava-se no criacionismo – acreditava-
se que toda a humanidade teria surgido no Oriente, expandindo-se para outros 
continentes.
3.2 ARQUEOLOGIA NA IDADE MODERNA
Na Idade Moderna, o contato dos europeus com as sociedades americanas 
revelou a existência de culturas diferenciadas. Antoine de Jussieu (1748-1836) 
comparou artefatos líticos (de pedra) pré-históricos com os produzidos por 
populações das ilhas caribenhas.
Das comparações realizadas por Jussieu, surgiu a hipótese de que as 
sociedades europeias pudessem ter se assemelhado aos povos americanos em 
um passado remoto. 
As diferenças culturais dos povos das Américas eram explicadas pela 
Teoria da Degeneração. Acreditava-se que quanto mais os povos se afastaram da 
Palestina, mais primitivos eles se tornavam. (TRIGGER, 2004).
Os povos teriam se tornado nômades, pois perderam o conhecimento da 
vida sedentária no processo de migração.
Nos séculos seguintes desenvolveu-se o antiquarismo, saber que 
precedeu a arqueologia e se baseava no armazenamento e catalogação de peças 
pré-históricas. No entanto, elas ainda não tinham valor como fonte de pesquisa. 
Porém, foi um espaço onde, de forma mais institucionalizada, foram guardadas 
e expostas as coleções que incluíram peças arqueológicas, são os populares 
gabinetes de curiosidades. 
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
27
FIGURA 10 – ILUSTRAÇÃO DO SÉCULO XVII, FEITA POR OLE WORM, 
REPRESENTANDO UM GABINETE DE CURIOSIDADE
FONTE: Bahn (1999) 
Os gabinetes de curiosidade funcionavam como um espaço de agregação 
de coleções, que reuniam objetos de diversas espécies, como peças arqueológicas, 
ossadas de animais, amostras minerais e outros artefatos relacionados 
especialmente à história natural. 
Estes espaços foram impulsionados, em grande parte, pelas novidades 
trazidas à Europa, entre os séculosXVI e XVIII, com as grandes navegações e 
descobrimentos. 
3.3 ARQUEOLOGIA NA IDADE CONTEMPORÂNEA
A profissionalização na arqueologia ganhou impulso com os museus, 
que através da classificação e descrição das peças arqueológicas, foram criando 
espaço para o desenvolvimento de uma área específica, com os arqueólogos 
profissionais. 
No início do século XVII, o pesquisador Christian Jürgensen Thomsen 
(1788-1865) elaborou o conceito das três idades. Ele trabalhava no museu 
dinamarquês e, para organizar uma exposição, separou os artefatos pela tipologia 
de sua composição, dando origem às famosas três idades: da Pedra, do Ferro e 
do Bronze. 
Conforme Renfrew e Bahn (1993), mais tarde, a primeira idade foi 
subdividida em Paleolítico ou Antiga Idade da Pedra e Neolítico ou Nova Idade 
da Pedra. Embora estas divisões não fossem aplicadas a todas as regiões, foram 
importantes, pois estabeleceram o princípio de que estudando os artefatos pré-
históricos poder-se-ia fazer mais que simples especulações. Para os autores 
citados, isto foi uma mudança para o estudo sistemático dos artefatos descobertos. 
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
28
ESTUDOS FU
TUROS
Na Unidade 3 estudaremos a Pré-História na América e veremos que as três 
idades não se aplicam a todas as regiões do globo.
O nascimento de ciências como a estratigrafia (William Smith, 1769) 
também deu impulso ao saber arqueológico. O paleontólogo Georges Cuvier 
(1769-1832) dizia que grandes ossadas (como as de mamute) pertenciam a animais 
já extintos.
Neste período acreditava-se que o homem havia surgido há apenas 4.000 anos; 
assim, estes animais teriam desaparecido no dilúvio citado na Bíblia.
ATENCAO
Foram realizadas também escavações em locais como Pompeia e Herculano 
(Itália), América do Sul, Estados Unidos e Egito. 
No século XIX, a teoria de Darwin trouxe profundas mudanças para a 
pesquisa pré-histórica. Em seu livro “A Origem das Espécies”, Darwin propôs 
que todas as espécies vivas estão em constante evolução, buscando se adaptar ao 
meio. Assim, a espécie humana também teria sofrido transformações ao longo do 
tempo.
Também o Conde de Gobineau, em “O Ensaio sobre a Desigualdade 
das Raças” (1855), propunha a existência de três raças humanas. Segundo ele, 
a miscigenação das raças diluiria aspectos positivos de uma raça; assim, os 
europeus menos miscigenados eram superiores aos povos que se miscigenaram.
O Conde de Gobineau foi nomeado ministro da França no Brasil, em 
1869, e não viu com bons olhos a mistura de povos existentes no país. Em um 
relato racista ele afirma: “Já não existe nenhuma família brasileira que não tenha 
sangue negro e índio nas veias; o resultado são compleições raquíticas que, se 
nem sempre repugnantes, são sempre desagradáveis aos olhos” (apud SOUZA, 
2006, p. 24).
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
29
IMPORTANT
E
O Conde de Gobineau foi um dos teóricos do racismo científico. Ou seja, usou 
a “ciência” para justificar uma falsa superioridade europeia frente às outras populações, 
especialmente indígenas e negras.
Por outro lado, influenciados pelas ideias de Darwin, os arqueólogos e 
etnólogos acreditavam que as sociedades se encontravam em estágios diferentes 
de evolução. A sociedade europeia teria evoluído do estágio selvagem à civilização, 
porém existiam sociedades que permaneciam em estágios paleolíticos, como os 
aborígenes australianos.
A etnografia e a arqueologia se completavam, pois era consenso que 
determinados grupos étnicos eram “retratos vivos” de sociedades pré-históricas. 
O estudo dessa “infância da humanidade” permitia que os arqueólogos 
observassem o passado. Assim, várias pesquisas etnográficas foram realizadas na 
África para compreender o modo de vida dos povos pré-históricos.
Nesta época, grande parte das pesquisas acreditava em um evolucionismo 
unilinear, ou seja, que todas as sociedades passavam pelos mesmos estágios de 
evolução, logo as sociedades europeias se encontrariam em um estágio mais 
avançado de evolução. 
IMPORTANT
E
As ideias no evolucionismo unilinear não são verdadeiras, as sociedades não 
precisam necessariamente passar pelos mesmos sistemas evolutivos, de forma linear e 
progressista.
No século XIX, a arqueologia também se voltava para grandes escavações, 
como as realizadas no Egito. Muitas informações se perderam, já que os métodos 
eram bem menos cuidadosos. Utilizava-se pá, picareta e até explosivos.
A pesquisa era coordenada por um arqueólogo chefe, que muitas vezes 
deixava a direção a padres, enfermeiros e guardas. A mão de obra também não era 
qualificada: nas escavações trabalhavam camponeses, operários desempregados, 
militares e internos de manicômios. O principal objetivo das pesquisas era atender 
encomendas dos Estados que queriam incrementar seu potencial turístico.
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
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No final do século XIX e começo do século XX, a arqueologia se tornou 
uma das ciências mais prestigiadas. Na Alemanha foi criada a Sociedade Alemã 
para a Pré-História. O arqueólogo Gustav Kossina procedeu a pesquisas para 
reconstituir a origem dos germanos.
NOTA
Existe uma corrente de estudo conhecida como “Arqueologia Crítica” que 
escreve sobre a arqueologia e o poder, procurando mostrar como um pesquisador, em seu 
tempo e espaço, pode se comprometer com uma determinada posição política e social. 
Logo, a consciência desta posição pode ser, preferencialmente, ética e comprometida com 
uma realidade mais justa.
A localização de adagas de sílex demonstrava o apreço dos germanos pela 
guerra, enquanto que as trombetas de bronze comprovavam sua superioridade 
musical. Chegou-se mesmo a afirmar que o alfabeto não foi criado pelos fenícios, 
mas pelos germanos. Um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Hitler 
também encomendou pesquisas arqueológicas. Seu objetivo era comprovar que 
os germanos habitaram primeiro regiões como a Polônia. Assim, justificava-se a 
anexação.
Outros povos, como os franceses, também empreenderam pesquisas para 
reconstituir a origem dos gauleses. Parte dos achados feita em Paris ocorreu na 
grande reforma urbana do século XIX.
Por volta dos anos 60, a arqueologia passa por mudanças, acompanhando 
outras ciências. Na Inglaterra, o pesquisador Gordon Childe (1892-1957) defendia 
que cada grupo humano deveria ser estudado em seu desenvolvimento específico.
Não existia mais uma linha do tempo única, na qual os indígenas estavam 
no estágio Paleolítico e os europeus na História contemporânea. Agora, cada 
povo tinha sua própria trajetória. 
Alinhando-se a novas correntes da antropologia, Gordon Childe acreditava 
que as técnicas eram criadas em uma região e iam se difundindo para as regiões 
vizinhas.
A arqueologia agora não existe mais “[...] para comprovar estágios 
evolutivos de sociedades do presente, mas para estudar os povos pré-históricos”. 
(PALLESTRINI, 1980, p. 26).
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
31
As teorias de Childe foram superadas pela arqueologia culturalista, que 
defendia a criação cultural de cada cultura sem estar associada necessariamente a 
regiões vizinhas. Os métodos arqueológicos também se modificaram nas últimas 
décadas, tornando-se muito mais cuidadosos e especializados.
NOTA
Você sabe o que é difusionismo? É uma corrente teórica que foi muito usada na 
antropologia e que acredita que uma inovação acontece em uma região, central, e se espalha 
para a periferia. O seu uso exagerado, por um grupo de pesquisadores ingleses, chamou-se 
hiperdifusionismo, eles acreditavam que as principais invenções humanas tinham origem 
no Egito. No Brasil as ideias difusionistas foram empregadas de maneira errada por alguns, 
que usavam os fenícios como criadores de gravurasespalhadas pelo Brasil, negando assim a 
capacidade dos indígenas brasileiros de fazê-las.
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a), uma análise muito interessante da história da arqueologia 
é feita em Trigger (2004). Além disso, Funari (2002, 2003) e Pallestrini (1980) trazem boas 
informações sobre os métodos arqueológicos. A referência completa destes autores você 
encontra ao término do caderno.
3.3.1 Atuação dos arqueólogos no Brasil
A pesquisa arqueológica no Brasil, atualmente, é desenvolvida de 
diferentes formas e em diferentes contextos. Os arqueólogos podem desenvolver 
seu trabalho, de maneira geral, de duas formas. Uma delas é trabalhar em uma 
instituição de pesquisa e ensino, pública ou privada. Neste contexto o arqueólogo 
realiza suas pesquisas no âmbito de projetos específicos, além de lecionar 
diferentes disciplinas.
Outra atuação da arqueologia que vem sendo muito difundida no Brasil 
nas últimas décadas é a chamada “arqueologia preventiva” ou “arqueologia por 
contrato”. Neste contexto o arqueólogo volta suas pesquisas para o licenciamento 
ambiental de obras de infraestrutura, como construção de estradas e redes de 
energia, por exemplo. Todos estes empreendimentos, para ser efetuados, 
precisam passar por diversas análises de impacto ambiental, o chamado EIA/
RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental). 
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
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Como o patrimônio arqueológico é um bem da União, patrimônio 
público, este é protegido por diversas leis, inclusive pela Constituição Federal 
de 1988. Isto quer dizer que a destruição deste patrimônio acarreta crime federal, 
razão pela qual a pesquisa arqueológica faz parte dos estudos de impacto acima 
mencionados. Assim, antes de construir qualquer obra que possa destruir um sítio, 
os empreendedores contratam arqueólogos que realizam as pesquisas necessárias 
para garantir a proteção dos vestígios arqueológicos e liberar a implantação das 
obras. É a arqueologia preservando o passado sem prejudicar o futuro.
DICAS
Para maiores informações sobre a arqueologia preventiva você pode consultar 
o artigo: “Arqueologia de Contrato no Brasil”, publicado em revista da USP e disponível para 
download gratuito na internet no seguinte endereço: <http://www.usp.br/revistausp/44/04-
solange.pdf>.
DICAS
Você se interessou pela arqueologia? A seguir você encontra uma lista de 
websites e livros nos quais poderá encontrar maiores informações a respeito do assunto. 
Aproveite a leitura e viaje por esta fascinante área do conhecimento. 
Websites interessantes:
• Sociedade de Arqueologia Brasileira: <http://www.sabnet.com.br/>
• Arqueologia Brasileira (Itaú Cultural Virtual): <http://www.itaucultural.org.br/arqueologia/>
• Arqueologia Digital: <http://arqueologiadigital.com/>
• História e-história (seção Arqueologia): <http://www.historiaehistoria.com.br/indice.
cfm?tb=arqueologia>
Artigo recomendado:
• Artigo: Como se tornar arqueólogo no Brasil, de Pedro Paulo de Abreu Funari, disponível 
em: <http://www.usp.br/revistausp/44/05-pedropaulo.pdf>
Livros:
• Arqueologia, de Pedro Paulo de Abreu Funari
• O Brasil antes dos brasileiros, de André Prous
• Arqueologia brasileira, de André Prous
• Os índios antes do Brasil, de Carlos Fausto
• Pré-História do Brasil, de Pedro Paulo de Abreu Funari e Francisco Silva Noelli
• História do pensamento arqueológico, de Bruce G. Trigger
TÓPICO 2 | ARQUEOLOGIA
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LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
HISTÓRIA DA CULTURA MATERIAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES
Alexandre Guida Navarro e Déborah Gonsalves Silva 
O historiador Assunção Barros (2009) destaca a similaridade de critérios 
de análise historiográfica existente entre a história da cultura material, a história 
política ou história da cultura, explicando que os materiais constituem o alicerce 
da vida em sociedade. Assim podemos pensar que ocorre determinada interação 
entre essas modalidades e a história da cultura material, à medida que esta se 
utiliza das fontes materiais em estudos sobre diferentes aspectos da vida humana, 
perpassando as relações cotidianas, culturais e de poder.
Pensando à maneira de Foucault, todos os objetos são construídos como 
objetos de discurso e, portanto, sofrem influências políticas. Do mesmo modo 
que a produção desses objetos materiais, o uso dessas fontes é carregado de 
intencionalidades e muitas vezes utilizado para afirmar conceitos como o de 
identidade nacional (FUNARI, 2001b; 2005; FUNARI; ZARANKIN, 2005).
Apesar das relações de poder que as envolve, a cultura material torna-se 
muito importante para uma compreensão mais ampla da sociedade, visto que 
estas pesquisas partem não apenas do objeto em si, mas também da análise a 
partir de diferentes visões e contextos. Nesse caso, a cultura material por meio 
da arqueologia dá luz a novas informações e a uma nova perspectiva no fazer 
historiográfico, provocando discussões em torno de pensar um revisionismo na 
História.
Por muito tempo a arqueologia foi vista como uma disciplina auxiliar da 
História e da antropologia. Até 1960 o pensamento dominante considerava que 
“A arqueologia tinha como propósito a simples coleção, descrição e classificação 
de objetos antigos”. (FUNARI, 2003, p. 15). A partir de 1960, surge nos Estados 
Unidos um movimento que apresenta uma nova arqueologia, que entende a 
arqueologia como o “[...] estudo da cultura material que busca compreender as 
relações sociais e as transformações na sociedade” (FUNARI, 2003, p. 15).
Partindo desse pressuposto, podemos pensar na subjetividade revelada 
nos estudos arqueológicos, à medida que a reconstituição do arqueólogo depende 
de sua interpretação, bem como de estudos prévios a respeito da estruturação 
social, cultural, política e econômica daquele povo no período estudado, ou seja, 
o contexto em que aquele artefato estava inserido.
UNIDADE 1 | NOVA HISTÓRIA CULTURAL E PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA, TEORIA DE DARWIN E FORMAÇÃO DO UNIVERSO
34
Hoje compreendemos que o papel do arqueólogo vai muito além do ato 
de escavar objetos, está em perceber que os artefatos atuam como “indicadores 
de relações sociais” e também como “mediadores das atividades humanas” 
(FUNARI, 2003, p. 15). Deste modo, o arqueólogo passa a fazer uma leitura das 
relações sociais à medida que procura compreender, a partir da cultura material, 
como essas relações eram estabelecidas (HODDER, 1988).
Nesse caso, as perguntas que norteiam o processo de investigação do 
arqueólogo estão além de um pedaço de cerâmica. É preciso compreender, no seu 
processo de produção e utilização, quais as intencionalidades e simbologias que 
o cercam. Pensar as mudanças ocorridas na História e na arqueologia ao longo do 
século passado nos permite crer no domínio dessas possibilidades de intervenção 
e de escrita da História cada vez maior.
De acordo com Funari (2003, p. 98):
A arqueologia cada vez mais deve voltar-se para as disciplinas que 
refletem sobre o destino da cultura material que ela estuda, e o 
caminho que se tem proposto é a colaboração da população em geral 
de maneira que esta possa ajudar a definir os usos desse material e 
mesmo sua interpretação.
São inúmeras as possibilidades de interpretar a vida humana a partir da 
cultura material, tanto a História como a arqueologia devem atuar em parceria 
no processo de investigação dos “rastros” deixados pelo homem no passado. O 
debate em torno dessas transformações epistemológicas é pertinente, assim como 
a participação da comunidade na construção do conhecimento.
Para finalizar, apesar das diferenças conceituais entre História e 
arqueologia, as duas disciplinas estão em constante diálogo. Aliás, dentro de 
correntes arqueológicas mais recentes, o próprio artefato pode ser considerado um 
texto. Neste sentido, ele pode ser lido.

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