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PRODUÇÃO DE MATERIAIS AUTOINSTRUTIVOS PARA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
PRODUÇÃO DE MATERIAIS 
AUTOINSTRUTIVOS 
PARA A EDUCAÇÃO 
A DISTÂNCIA
Autores: Elisabeth Penzlien Tafner
 Janes Fidélis Tomelin
 Josias Ricardo Hack
 Norberto Siegel
371.335
T124p Tafner, Elisabeth Penzlien.
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a 
 Educação a Distância/ Elisabeth Penzlien Tafner; Janes 
 Fidélis Tomelin; Josias Ricardo Hack [e] Norberto
 Siegel. Centro Universitário Leonardo da Vinci –
 Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010. x ; 90 p.: il.
	 	 													Inclui	bibliografia.	
 ISBN 978-85-7830-243-6
 1. Educação – Métodos e Materiais 
 I. Centro Universitário Leonardo da. Vinci 
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Profa. Lidiane Goedert
Revisão Gramatical: Profa. Marcilda Regina Cunha da Rosa
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2010
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
Possui graduação em Filosofia, pelas 
Faculdades Associadas do Ipiranga (1994), 
especialização em História Social, pela Universidade 
Severino Sombra, e mestrado em Educação, pela 
Fundação Universidade Regional de Blumenau (2000). 
Atualmente, é professor de Filosofia na Faculdade 
Metropolitana de Blumenau (FAMEBLU) e coordenador 
do Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI. 
Também é professor no Instituto Catarinense de 
Pós-Graduação (ICPG). Tem experiência na área 
de Educação, atuando, principalmente, com os 
temas Educação a Distância e Filosofia. Na EAD, 
publicou: História Antiga, Filosofia Geral e da 
Educação e Fundamentos Epistemológicos da 
Geografia.
Janes Fidélis Tomelin
Possui graduação em Letras, pela Fundação 
Universidade Regional de Blumenau (2001), e 
mestrado em Linguística, pela Universidade Federal 
de Santa Catarina (2004). Atualmente, é professora de 
Comunicação e Expressão na Faculdade Metropolitana 
de Blumenau (FAMEBLU). Também é professora no 
Instituto Catarinense de Pós-Graduação (ICPG) e em 
outras instituições de Ensino Superior no Vale do Itajaí. 
Tem experiência na área de Língua Portuguesa, 
Produção Textual, Linguística, Linguística Aplicada, 
Sociolinguística	e	Metodologia	do	Trabalho	Científico.	
Na EAD, publicou: Morfologia da Língua Portuguesa, 
Laboratório de Texto e Metodologia do Trabalho 
Acadêmico. Faz parte da Equipe Multidisciplinar 
da UNIASSELVI-Pós.
Elisabeth Penzlien Tafner
Graduado em História, pela Universidade do 
Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Especialista 
em Formação de Professores na Modalidade de 
Educação a Distância, pela Universidade Federal 
do Paraná (UFPR). Mestre e Doutor em Comunicação 
Social, pela Universidade Metodista de São Paulo 
(UMESP). Professor da graduação em Cinema e da 
pós-graduação em Linguística da disciplina Cinema, 
na graduação, e Linguística, na pós-graduação, na 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 
onde também atua como Coordenador de Tutoria e 
Coordenador de Ambiente Virtual no Curso de Letras-
Português na modalidade a distância. Desenvolve 
atividades voltadas à produção audiovisual e à 
capacitação de professores e tutores para a educação 
superior a distância. Suas pesquisas e publicações 
versam, principalmente, sobre: a) processo 
comunicacional docente para a midiatização do 
conhecimento; b) gestão da EAD; c) linguagem 
audiovisual na EAD.
Josias Ricardo Hack
Possui graduação em Filosofia, pela 
Fundação Educacional de Brusque (1990), 
graduação em Teologia, pelo Instituto Teológico de 
Santa Catarina (1994), especialização em Filosofia e 
Teoria do Conhecimento e Filosofia da Ciência, pela 
Fundação Educacional de Brusque (2001), e mestrado 
em Educação, pela Fundação Universidade Regional 
de Blumenau (2005). Atualmente, é professor titular 
no Centro Universitário Leonardo da Vinci e no 
Instituto Catarinense de Pós-Graduação (ICPG). Tem 
experiência na área de Filosofia e Educação, com 
ênfase em Ética. Na EAD, publicou: Fundamentos 
da Educação: Temas Transversais e Ética, 
Filosofia Geral e da Educação e Fundamentos 
Epistemológicos da Geografia. Faz parte da 
Equipe Multidisciplinar da UNIASSELVI-Pós.
Norberto Siegel
Sumário
APRESENTAÇÃO .......................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Fundamentos	Pedagógicos	e	Referenciais	de	
Qualidade	para	a	Produção	de	Materiais	na	EAD	 ................... 9
CAPÍTULO 2
Referenciais	Linguísticos	para	a	Elaboração
de	Materiais	Impressos .............................................................. 31
CAPÍTULO 3
Linguagem	Virtual	e	Audiovisual	na	EAD ................................ 61
APRESENTAÇÃO
Caro(a) Pós-Graduando(a):
As constantes mudanças econômicas e políticas que vivenciamos nos 
últimos	tempos	permitiram	a	uma	parcela	significativa	da	população	o	contato	com	
a	educação.	Seja	pela	situação	financeira,	seja	pela	distância,	muitos	sujeitos	não	
tinham como envolver-se com o mundo dos livros, da sala de aula, da interação, 
enfim	da	aprendizagem.
Hoje, com os programas de incentivo à educação e a ampliação da 
oferta de vagas, especialmente na educação a distância, muitos brasileiros 
estão tendo a chance de estudar pela primeira vez ou, em outro extremo, 
de aprimorar seus conhecimentos. Esta população atendida pelos vários 
programas de educação a distância espalhados pelo país motivou a atenção 
do Ministério da Educação e Cultura para a qualidade dos cursos oferecidos. 
Neste sentido, é que pensamos nesta disciplina.
A elaboração de materiais didáticos para cursos a distância exige um 
planejamento	e	uma	produção	específicos,	isto	é,	com	características	pedagógicas,	
estruturais e linguísticas atentas a um aluno que, apesar de toda a diversidade em 
termos	 de	 perfil	 (região,	 idade,	 classe	 social,	 recursos	 tecnológicos	 à	 disposição),	
deve ser levado a construir seu conhecimento a partir dos materiais que recebe da 
instituição à qual está vinculado. 
Para tanto, esta disciplina tem como objetivo trazer algumas diretrizes em 
relação à produção de materiais para a EAD, visto que muitos docentes do ensino 
presencial também estão se tornando docentes na EAD, o que enseja algumas 
alterações na forma como conduz(imos) nossa metodologia de ensino, como você 
já	deve	ter	notado	nas	disciplinas	anteriores.	A	fim	de		ajudá-lo	a	preparar	materiais	
para a EAD, nossa caminhada neste caderno inicia com algumas considerações 
em relação à concepção pedagógica dos cursos e aos referenciais de qualidade 
propostos pelo MEC. A seguir, você encontrará referenciais linguísticos para 
a escrita do material didático impresso e, no último capítulo, características da 
linguagem para o planejamento e a produção de ambientes virtuais e produtos 
audiovisuais na EAD.
CAPÍTULO 1
Fundamentos	Pedagógicos	e	
Referenciais	de	Qualidade	para	a	
Produção	de	Materiais	na	EAD
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Analisar algumas concepções pedagógicas que estão presentes na educação 
a distância e que são inerentesao processo de produção de materiais 
autoinstrutivos.
 9 Apresentar os referenciais de qualidade para a produção de materiais didáticos 
na EAD.
Janes Fidélis Tomelin e Norberto Siegel
10
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
11
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
Contextualização 
Ao escolher o curso Gestão e Tutoria na Educação a Distância, provavelmente 
você	 analisou	 algumas	 possibilidades	 profissionais	 a	 partir	 de	 suas	 preferências,	
habilidades e competências. É uma escolha de interesse no desenvolvimento 
pessoal	e	profissional.	Para	tal,	você	considerou	o	contexto	atual	da	educação	e	suas	
tendências futuras a partir de uma compreensão histórica. Neste sentido, abriremos a 
discussão deste capítulo com o propósito de analisar os modelos de nossa formação 
escolar e pensar as possibilidades e modelos para a EAD. 
Ainda	 neste	 sentido,	 vamos	 trocar	 algumas	 ideias	 sobre	 as	 influências,	 os	
fundamentos pedagógicos para a produção de materiais na EAD, as necessidades 
específicas	para	a	elaboração	de	materiais	instrutivos,	a	capacitação	dos	envolvidos	
e os referenciais de qualidade na elaboração de materiais didáticos.
Fundamentos	Pedagógicos	para	a	
Produção	de	Materiais	na	EAD
Nesta seção, abordaremos algumas concepções pedagógicas que estão 
muito presentes na educação presencial e que são transpostas para a educação 
a distância. Isto não que dizer que seja um erro, mas que deve haver alguns 
cuidados para não transpor teorias que não condigam com a prática pedagógica 
na	EAD.	Por	outro	lado,	também	podemos	afirmar	que	algumas	teorias	que	não	
se efetivam na prática pedagógica presencial podem se potencializar no processo 
educativo da EAD.
O que pretendemos discutir é a questão da concepção pedagógica que 
está	presente	em	um	projeto	de	curso,	na	escrita	de	algum	material,	 enfim,	no	
desenvolvimento e fundamento de toda estrutura de um curso na modalidade 
a distância. A elaboração de um material autoinstrutivo para a EAD segue, no 
mínimo, a concepção política e pedagógica da instituição e do professor envolvido. 
Isto	fica	evidente	na	 linguagem	utilizada	nos	 textos	para	EAD	e	na	maneira	de	
dispor uma ferramenta tecnológica, ou seja,
O	 desafio	 de	 uma	 práxis	 emancipadora,	 mediada	 por	
linguagens e tecnologias, exige atenção e vigilância no 
desenvolvimento de políticas de democratização das 
oportunidades	 educacionais.	 A	 despeito	 das	 dificuldades	
que permeiam a ação dos sujeitos, ora como restrições 
físicas, sociais, econômicas, legais e psicológicas que os 
afetam continuamente, ora como mecanismos internos que 
influenciam	a	tomada	de	decisão,	como	expectativas,	crenças,	
12
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
motivos, sabemos que os valores aqui assumidos direcionam 
o nosso pensar, conhecer, atuar e realizar. (FIORENTINI, 
2003, p. 9).
A	partir	 das	 reflexões	de	Fiorentini,	 você	pode	analisar	o	 seguinte:	a	ação	
dos atores envolvidos na gestão e produção de materiais autoinstrutivos na EAD 
está permeada de intencionalidades, vontades, expectativas e concepções. Desta 
forma, o empenho de cada ator é proporcional à sua vontade e clareza política e 
pedagógica. Pense no seguinte: com que empenho trabalhará o professor que 
não “acredita” na EAD? Que estilo terá o texto de um professor com concepção 
mecanicista?
Vamos refrescar um pouco a memória: concepção mecanicista 
refere-se	ao	 tipo	de	doutrina	que	afirma	que	 toda	 realidade	natural	
tem uma estrutura comparável à de uma máquina e que segue 
modelos mecânicos.
Esta	 reflexão	 permite	 perceber	 que	 o	 contexto	 sociocultural,	 os	
modelos de ensino e aprendizagem formam a competência comunicativa 
do	 professor	 e	 dos	 demais	 profissionais	 da	 EAD.	 O	 modo	 como	 os	
professores selecionam os conteúdos, a forma como o apresentam e 
a metodologia que aplicam são originários dos modelos vivenciados na 
formação escolar e construídos no exercício da docência. 
O que queremos dizer, em síntese, é que, na EAD, há um modelo 
convencional de tradição expositivo-descritiva que torna o processo 
comunicativo demasiado informativo, arbitrário, técnico e unidirecional. 
O que esperamos, na EAD, é a superação deste modelo convencional 
para que promovamos um processo educativo instigante, a partir de 
uma comunicação dialógica, interdiscursiva e bidirecional.
No capítulo 2, exploraremos, detalhadamente, o estilo dialógico e 
bidirecional que desejamos nos materiais para a educação a distância.
O que esperamos, 
na EAD, é a 
superação 
deste modelo 
convencional para 
que promovamos 
um processo 
educativo instigante, 
a partir de uma 
comunicação 
dialógica, 
interdiscursiva e 
bidirecional.
13
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
	Afinal,	do	outro	lado	do	texto	e	dos	materiais	autoinstrutivos,	está	
o aluno que reescreve o texto a partir de seus modelos e concepções. 
Nas relações sociais entre professores e alunos, 
dá-se uma síntese dialética entre a linguagem 
do educador e a linguagem do educando, 
como momentos de um processo educativo, 
num contexto socioculturalmente dado, cuja 
compreensão requer considerar sua natureza 
intersubjetiva,	 a	 participação	 ativa	 e	 a	 influência	
decorrente da competência comunicativa de seus 
participantes. (FIORENTINI, 2003, p. 15).
O	 desafio,	 portanto,	 está	 em	 desenvolver	 textos	 e	 materiais	
flexíveis,	abertos	e	hipertextuais,	que	permitam	uma	participação	ativa	
dos diferentes atores do processo, que garantam uma aprendizagem 
cooperativa e que contem com uma inteligência coletiva.
Objetivos	Pedagógicos	da	EAD
Quando preparamos uma aula, escrevemos um texto para a EAD, gravamos 
uma vídeoaula ou realizamos uma webconferência, cumprimos alguns objetivos 
implícitos no processo educativo. Quais seriam eles?
Atividade de Estudos: 
Para pensar e registrar... Antes de continuar sua leitura, registre 
aqui sua resposta para a seguinte pergunta: quais os objetivos 
pedagógicos implícitos na elaboração de materiais autoinstrutivos da 
EAD?
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
O desafio, 
portanto, está 
em desenvolver 
textos e materiais 
flexíveis, abertos 
e hipertextuais, 
que permitam 
uma participação 
ativa dos 
diferentes atores 
do processo, que 
garantam uma 
aprendizagem 
cooperativa e 
que contem com 
uma inteligência 
coletiva.
14
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
De forma geral, consideramos que dois objetivos são imprescindíveis e, 
muito provavelmente, sua resposta está relacionada com eles. São eles: 
• gerar conhecimento;
• desenvolver competências.
Para	 melhor	 fundamentar	 esta	 reflexão,	 trataremos	 destes	 objetivos	
separadamente	para,	assim,	identificar	sua	intricada	relação.
a) Gerar Conhecimento
Para tratar deste objetivo, precisamos nos fazer algumas perguntas: posso 
gerar conhecimento no outro? Posso presentear as pessoas com conhecimento? 
O conhecimento pode ser transferido? O professor pode transmitir seu 
conhecimento	aos	alunos?	Para	dar	continuidade	à	nossa	reflexão,	consideremos	
o pensamento que segue:
O conhecimento implica informação interiorizada e 
adequadamente integrada nas estruturas cognitivas de 
um sujeito. É algo pessoal e intransferível: não podemos 
transmitir conhecimentos,só informação, que pode (ou não) 
ser convertida em conhecimento pelo receptor, em função 
de diversos fatores (os conhecimentos prévios do sujeito, a 
adequação da informação, sua estruturação etc.). (ADELL 
apud FIORENTINI, 2003, p.17).
Assim, notamos que o autor diferencia informação e conhecimento. 
Na concepção convencional, não fazemos muita diferença e, desta 
forma, entendemos que a retenção mecânica de uma informação já 
é conhecimento. De acordo com esta concepção, educar é informar. 
Contudo, você percebeu que não é o que está dito na citação, pois o 
autor nos adverte de que a informação pode ou não converter-se 
em conhecimento. A partir desta dúvida, perguntamos: quando uma 
informação	 gera	 conhecimento?	 Ou	 mais	 especificamente:	 quando	 um	
material autoinstrutivo da EAD gera conhecimento?
Para esta resposta, uma consideração: todo material autoinstrutivo 
da EAD é organizado a partir de um conjunto de informações de uma 
dada área. A diferença está na metodologia com que é apresentado ao 
estudante e no consequente resultado, o aprendizado. 
A metodologia com que é apresentada a informação deve torná-
la	 flexível,	 reflexiva,	 inquietante,	 dialógica,	 bidirecional,	 hipertextual,	
aberta. É uma metodologia que orienta o professor-autor a escapar 
Todo material 
autoinstrutivo da 
EAD é organizado 
a partir de um 
conjunto de 
informações de 
uma dada área. 
A diferença está 
na metodologia 
com que é 
apresentado ao 
estudante e no 
consequente 
resultado, o 
aprendizado.
15
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
das “armadilhas” do modelo prescritivo, formado por um amontoado de receitas, 
normas e padrões.
Atenção: você conhecerá mais sobre esta metodologia nos 
próximos capítulos. 
Quanto ao resultado, o aprendizado, vale lembrar que ele pode ser apenas 
um acúmulo de informação (memória mecânica) como pode ser conhecimento. 
Neste contexto, Morin (2003, p. 24) nos adverte de que “uma cabeça bem-
feita é uma cabeça apta a organizar os conhecimentos e, com isso, evitar sua 
acumulação	estéril”.	Vamos	aprofundar	esta	reflexão?	Acompanhe	a	seguinte	
ideia:
O crescimento ininterrupto dos conhecimentos constrói uma 
gigantesca torre de Babel, que murmura linguagens discordantes. 
A torre nos domina porque não podemos dominar nossos 
conhecimentos. T. S. Eliot dizia: ‘Onde está o conhecimento que 
perdemos na informação?’ O conhecimento só é conhecimento 
enquanto organização, relacionado com as informações e 
inserido no contexto destas. As informações constituem parcelas 
dispersas de saber. Em toda parte, nas ciências como nas 
mídias, estamos afogados em informações. O especialista da 
disciplina mais restrita não chega sequer a tomar conhecimento 
das informações concernentes a sua área. Cada vez mais, a 
gigantesca proliferação de conhecimentos escapa ao controle 
humano. Além disso, como já dissemos, os conhecimentos 
fragmentados só servem para usos técnicos. Não conseguem 
conjugar-se para alimentar um pensamento capaz de considerar 
a situação humana no âmago da vida, na terra, no mundo, e de 
enfrentar	os	grandes	desafios	de	nossa	época.	Não	conseguimos	
integrar nossos conhecimentos para a condução de nossas 
vidas. (MORIN, 2003, p. 16-17).
Neste sentido, é importante lembrar ao professor-autor e aos demais 
envolvidos no processo de construção de materiais autoinstrutivos que, do outro 
lado, está o aluno; que a informação que chega até ele se potencializa com seus 
conhecimentos prévios e que se organiza como conhecimento à medida que se 
integra	ao	que	é	significativo	em	seu	contexto.	Desta	forma,	o	conhecimento	se	
constitui como tradução e reconstrução do cotidiano permitindo teses, análises, 
antíteses e sínteses.
16
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Para início de conversa, é bom lembrarmos que os materiais 
mais comuns na EAD são: cadernos de estudo, hipertextos, 
conteúdos em apostilas digitalizadas, videoaulas, webconferências, 
videoconferências, audioconferências, programas de televisão e 
programas de rádio.
b) Desenvolver Competências
O que são competências e como desenvolvê-las? Qual a relação entre 
conhecimento e competência?
Na	 dimensão	 anterior	 tratamos	 do	 desafio	 que	 é	 gerar	 conhecimento	 e	
discutimos sobre a necessidade de mudança do paradigma tradicional que 
se sustenta no acúmulo de informações. Agora vamos abordar a dimensão 
do desenvolvimento das competências. Veremos que, para desenvolver 
competências, é preciso gerar conhecimento. Conhecimento e competência são 
as duas faces de uma mesma moeda.
Desenvolver competências implica desenvolver conhecimentos, habilidades e 
atitudes, ou seja, exige um saber, um saber fazer e um saber conviver. Desta forma, 
o processo educativo se volta para o desenvolvimento da capacidade de reconhecer 
um problema, tomar decisões, encontrar soluções e intervir. 
Um exemplo clássico é o do aluno que acabou de sair de uma aula de 
ecologia e preservação ambiental e joga o plástico da bala no chão. Neste caso, 
ele recebeu várias informações sobre os problemas ambientais, mas não formou 
um conhecimento autêntico e não desenvolveu uma atitude favorável ao que 
acabou de ouvir. Neste sentido:
a pedagogia da competência assume duas dimensões: uma 
psicológica, em que a noção de competência é apropriada 
sob a ótica das teorias psicológicas da aprendizagem; 
outra sócioeconômica, pela qual essa noção adquire um 
significado	 no	 âmbito	 das	 relações	 sociais	 de	 produção.	
(RAMOS, 2001, p. 35). 
17
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
Para que você tire suas próprias conclusões sobre esta 
dimensão, leia a seguir o caso da professora Judith.
O que são competências? O caso da professora Judith
Antunes conta que um dia, ao entrar na sala, a professora 
de	 Geografia	 foi	 questionada	 pelos	 alunos	 sobre	 o	 significado	 da	
palavra restinga. Ao invés de responder, ela os instigou a procurar 
o	significado	da	palavra	de	duas	maneiras	distintas:	pelo	dicionário	
tradicional e pelo geológico. Em seguida, disse a eles que criassem 
definições	para	restinga	sem	repetir	os	termos	utilizados	nos	livros,	
incentivando-os	a	aprender	o	significado	daquele	e	de	outros	termos	
da	Geografia	sem	utilizar	o	velho	método	da	`decoreba´,	mas,	sim,	
recorrendo a recursos como a memória, capacidade de associação, 
entre outras competências. 
Antunes conta que, na época, considerou esta uma estratégia 
da	professora	para	fugir	de	perguntas	cujo	significado	desconhecia.	
Ao	 final	 da	 aula,	 foi	 até	 a	 mestre	 e	 lhe	 disse:	 “professora,	 fiquei	
decepcionado pois a senhora não responde às perguntas de seus 
alunos”. Em contrapartida, ouviu a seguinte resposta de uma 
professora muito segura de si: “Respondo sim, Celso. Só não me 
atrevo a dizer aquelas que eles podem descobrir sozinhos”. O 
educador,	no	entanto,	conta	que,	mesmo	após	a	brilhante	justificativa	
da professora, passou anos acreditando que ela se negava a 
responder os questionamentos por pura ignorância, sem imaginar 
que aquela poderia ser sua técnica de fugir à mesmice e fazê-los 
aprender de forma inovadora.
Fonte: BURGARDT, Lilian. Desenvolvendo Competências: novos 
métodos de apredizagem ganham espaço no desenvolvimento das 
competências dos alunos. Disponível em: <http://www.universia.com.
br/docente/materia.jsp?materia=7829>. Acesso em: 8 dez. 2009.
Muito bem! Como você está acompanhando, estes fundamentos são 
considerações que nos ajudam a pensar o processo de produção de materiais 
em sua totalidade. Como dizemos no cotidiano, “ninguém nasce sabendo”. 
É no processo de mediação com o mundo e com os outros que nos fazemos e 
descobrimos o mundo. Neste sentido, agora discutiremos,brevemente, sobre a 
necessidade de capacitação do professor para a produção de materiais para a EAD. 
18
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Capacitação
Na	EAD,	um	dos	maiores	desafios	é	encontrar	profissionais	com	perfil	para	
o desenvolvimento de materiais autoinstrutivos. Neste sentido, a seleção desses 
profissionais	precisa	ser	feita	com	alguns	cuidados:
• um professor que faz “sucesso” na sala de aula nem sempre é um bom 
escritor;
• um	 professor	 que	 tem	 muitos	 artigos	 publicados	 pode	 ter	 dificuldade	 em	
escrever, de forma dialógica e bidirecional, um material autoinstrutivo para a 
EAD;
• uma pessoa muito comunicativa na relação com as pessoas pode ter 
dificuldade	para	se	expressar	diante	das	câmeras.
Você lembra que o caderno de Tutoria na Educação a Distância 
também já abordou o aspecto de que nem sempre um professor do 
presencial tem o mesmo desempenho na EAD? Perceba, então, 
como é delicada a tarefa de elaborar os materiais para a EAD.
Enfim,	 em	 cada	 profissional,	 encontraremos	 diferentes	 competências	
e habilidades. Porém, é importante lembrar que, independentemente deste 
aspecto, é indispensável capacitar toda a equipe de trabalho: do professor 
ao	 diagramador.	 Pequenas	 dificuldades	 podem	 ser	 superadas	 e	 grandes	
problemas podem ser previstos e solucionados. Desta forma, a capacitação é 
um fator crítico para a garantia do sucesso de qualquer programa de Educação 
a Distância.
Para	Belloni	(2001),	a	capacitação	dos	profissionais	da	EAD,	em	especial	os	
professores, deve comportar três grandes dimensões: pedagógica, tecnológica e 
didática. Dimensões que podem ser conhecidas na docência presencial, mas que 
tomam	novas	nuances	na	docência	a	distância.	Neste	sentido,	a	autora	afirma	que:
Para fazer frente a esta nova situação, o professor terá 
necessidade muito acentuada de atualização constante, tanto 
em	sua	disciplina	específica,	quanto	em	relação	às	metodologias	
de	 ensino	 e	 novas	 tecnologias.	 A	 redefinição	 do	 papel	 do	
professor é crucial para o sucesso dos processos educacionais 
presenciais ou a distância. Sua atuação tenderá a passar do 
monólogo sábio da sala de aula para o diálogo dinâmico dos 
laboratórios, salas de meios, e-mail, telefone e outros meios 
19
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
de interação mediatizada; do monopólio do saber à construção 
coletiva do conhecimento, através da pesquisa; do isolamento 
individual aos trabalhos em equipes interdisciplinares e 
complexas; da autoridade à parceria no processo de educação 
para cidadania. (BELLONI, 2001, p. 82-83).
Quando você fez a disciplina Tutoria na Educação a Distância, o 
capítulo 2 do caderno de estudos trouxe uma abordagem mais completa 
acerca das dimensões pedagógica, tecnológica e didática.
Capacitar	os	professores	para	este	novo	perfil	de	docência	é	crucial	para	
o sucesso educacional na EAD. Neste contexto, é importante que o gestor se 
pergunte: quais são as necessidades pedagógicas, tecnológicas e didáticas dos 
docentes da instituição para desenvolverem um trabalho de qualidade na EAD? 
Para	 ampliar	 esta	 reflexão,	 trataremos,	 agora,	 dos	 referenciais	 de	 qualidade	
para a EAD.
Referenciais	de	Qualidade	
na	Elaboração	de	Materiais	
Didáticos
Provavelmente, você já ouviu algumas destas indagações ou 
pensou sobre elas: queremos uma educação de qualidade, melhoria 
na qualidade do sistema de ensino, professores de qualidade, material 
didático de boa qualidade, qualidade total, entre tantas outras. Mas, 
afinal,	o	que	significam	estas	expressões?	O	que	é	qualidade?	Como	
é uma instituição que tem uma boa qualidade no ensino a distância? 
Quais os critérios para avaliar a qualidade de uma instituição ou de um 
material didático? 
Não existe somente uma resposta para estas questões. As 
definições	de	qualidade	estão	 sujeitas	à	 influência	de	muitos	 fatores.	
Assim, as tradições de uma determinada cultura, o contexto histórico, 
social e econômico do país, os valores nos quais as pessoas acreditam 
e os programas políticos do governo são fatores que interferem no 
referencial de qualidade.
As definições 
de qualidade 
estão sujeitas 
à influência de 
muitos fatores. 
Assim, as 
tradições de uma 
determinada 
cultura, o 
contexto 
histórico, social 
e econômico 
do país, os 
valores nos 
quais as pessoas 
acreditam e 
os programas 
políticos do 
governo são 
fatores que 
interferem no 
referencial de 
qualidade.
20
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Sendo assim, a qualidade pode ser compreendida de diferentes formas, 
conforme os fatores que acabamos de enumerar. Neste sentido, o processo de 
definir	 ou	 avaliar	 a	 qualidade	 de	 uma	 instituição	 educativa	 ou	 de	 um	material	
didático deve ser participativo e envolver toda a comunidade, e não só alguns 
grupos. Atualmente, existe um amplo debate sobre o que é qualidade. Nesta 
seção,	 discutiremos	 o	 que	 é	 qualidade	 e,	 posteriormente,	 identificaremos	 os	
critérios de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) 
para a produção de materiais didáticos.
a) O que é Qualidade?
Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação a Distância (AbraEAD) 
de 2008, um em cada 73 brasileiros estuda na modalidade a distância, ou seja, 
mais de 2 milhões e 500 mil alunos estudam nesta modalidade de ensino.
Tabela 1 – Número de brasileiros em cursos de Educação a Distância em 2008
 Projeto ou pesquisa Nº de alunos
 Instituições credenciadas (AbraEAD/2008) 972.826
 Educação corporativa (AbraEAD/2008) 582.985
 Senai * 53.304
 Sebrae 218.575
 Senac 29.000
 CIEE 148.199
 Fundação Bradesco 164.866
 OI Futuro 175.398
 Secretaria de Educação a Distância do MEC** 8.552
 Governo do Estado de São Paulo 119.225
 Fundação Telefônica 9.000
 Fundação Roberto Marinho*** 22.553
 TOTAL 2.504.483
Fonte: Adaptado de AbraEAD (2008, p. 15).
Você notou os asteriscos na tabela 1? Eles sempre trazem 
dados que ajudam a entender melhor os números da tabela. Veja:
*	Exclui	alunos	em	cursos	autorizados	oficialmente.
** Exclui o projeto Mídias na Educação (20 mil alunos), já 
informado pelas instituições credenciadas.
*** Exclui alunos do Telecurso 2000.
21
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
Diante do crescimento da EAD no Brasil, surge a seguinte pergunta: como 
está a qualidade dos cursos na modalidade a distância? 
Para responder a esta questão, recorremos à história. A expressão qualidade 
teve sua origem no meio produtivo e passou por três grandes fases: era da 
inspeção, era do controle estatístico e era da qualidade total. Veja como Oliveira 
(2004, p. 4) apresenta cada uma destas fases:
Na	era	 da	 inspeção,	 o	 produto	 era	 verificado	 (inspecionado)	
pelo produtor e pelo cliente, o que ocorreu pouco antes da 
Revolução Industrial, período em que atingiu seu auge. Os 
principais responsáveis pela inspeção eram os próprios 
‘artesãos’. Nessa época, o foco principal estava na detecção 
de eventuais defeitos de fabricação, sem haver metodologia 
preestabelecida para executá-la.
Na era seguinte (controle estatístico), o controle da inspeção 
foi aprimorado por meio da utilização de técnicas estatísticas. 
Em função do crescimento da demanda mundial por produtos 
manufaturados, inviabilizou-se a execução da inspeção 
produto a produto, como na era anterior, e a técnica da 
amostragem passou a ser utilizada. Nesse novo sistema, que 
obedecia a cálculos estatísticos, certo número de produtos era 
selecionado aleatoriamente para ser inspecionado, de forma 
que	representasse	todo	o	grupo	e,	a	partir	deles,	verificava-se	
a qualidade de todo olote. [...]
Na era da qualidade total, na qual se enquadra o período em 
que estamos vivendo, a ênfase passa a ser o cliente, tornando-
se o centro das atenções das organizações que dirigem seus 
esforços para satisfazer às suas necessidades e expectativas. A 
principal característica dessa era é que ‘toda a empresa passa 
a ser responsável pela garantia da qualidade dos produtos e 
serviços’ – todos os funcionários e todos os setores. 
Em síntese, essas três grandes fases da evolução da qualidade podem ser 
representadas	na	figura	1.
Figura 1 – Eras da qualidade
Fonte: Maximiano (2000 apud OLIVEIRA, 2004, p. 5).
ERA DA
QUALIDADE TOTAL
- Processo produtivo 
é controlado.
- Toda empresa é 
responsável.
- Ênfase na prevenção 
de defeitos.
- Qualidade assegurada.
ERA DA INSPEÇÃO
- Produtos são 
verificados	um	a	um.
- Cliente participa 
da inspeção.
- Inspeção encontra defeitos, 
mas não produz qualidade.
ERA DO CONTROLE 
ESTATÍSTICO
-	Produtos	são	verificados	
por amostragem.
- Departamento 
especializado faz 
inspeção da qualidade.
- Ênfase na localização 
de defeitos.
22
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Como podemos notar, a noção de qualidade teve diferentes sentidos ao 
longo de suas principais fases. Além disso, cada setor – seja ele produtivo ou 
não – estabeleceu princípios ou parâmetros de análise que podem variar entre as 
organizações e as instituições. 
Trata-se de um termo cada vez mais presente em nosso dia-a-dia: em 
conferências, propagandas, jornais, TV, empresas, instituições de ensino, desde 
em um produto que possui um selo de qualidade até nos serviços ofertados. Mas, 
qual	 é	 o	 significado	 da	 palavra	 qualidade?	Ao	 pesquisar	 o	 sentido	 da	 palavra	
qualidade em diferentes autores, encontramos diversas respostas, tais como:
• Qualidade é “estabelecer critérios permanentes e revelar uma base de 
conhecimento inquestionável [que tem] se mostrado inatingível”. (SCHWANDT, 
1996 apud DAHLBERG; MOSS; PENCE, 2003, p. 138).
• “Qualidade	 Total	 é	 uma	 filosofia	 que	 vem	 sendo	 adotada	 atualmente	 em	
diferentes organizações, no sentido de incorporar nas pessoas e na própria 
organização uma postura de melhoria contínua.” (DRÜGG; ORTIZ, 1994, p.13).
• No mundo do ensino:
 [...] a busca da qualidade se refere à passagem das melhorias 
quantitativas, às qualitativas. Não apenas mais, mas melhores 
professores, materiais e equipamentos escolares, ou horas 
de aula, por exemplo. Mas a palavra de ordem da qualidade 
encerra	 também	 um	 segundo	 significado:	 não	 o	 melhor	 [...]	
para todos mas para uns poucos e igual ou pior para os 
demais. (ENGUITA, 1996, p.107).
Como podemos perceber nos parágrafos anteriores, não há 
apenas um conceito para a palavra qualidade, mas diferentes maneiras 
de compreendê-la, dependendo da situação e do momento de análise. 
b) Indicadores de Qualidade para a EAD
Na educação, a questão da qualidade está atrelada às 
determinações do MEC, que orienta, regula e legisla sobre o seu 
funcionamento no Brasil. Como a EAD se desenvolveu muito nestes 
últimos anos, o MEC publicou, em agosto de 2007, os “Referenciais 
de	 qualidade	 para	 a	 Educação	Superior	 a	Distância”,	 em	 que	 define	
diretrizes, princípios e critérios para autorizar novos cursos ou para 
avaliar a qualidade dos cursos que são ofertados no Brasil. O objetivo 
do MEC em estabelecer os indicadores de qualidade para a EAD é 
“orientar alunos, professores, técnicos e gestores de instituições de 
ensino superior”. (FRAGALE FILHO, 2003, p.120). 
O objetivo 
do MEC em 
estabelecer 
os indicadores 
de qualidade 
para a EAD é 
“orientar alunos, 
professores, 
técnicos e 
gestores de 
instituições de 
ensino superior”. 
(FRAGALE 
FILHO, 2003, 
p.120).
23
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
Se você quiser aprofundar seus estudos sobre os indicadores 
de qualidade para EAD, leia:
FRAGALE FILHO, Roberto. Educação a distância: análise dos 
parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
Embora os indicadores de qualidade não tenham força de lei, são “um 
referencial norteador para subsidiar atos legais do poder público no que se refere 
aos	processos	específicos	de	regulação,	supervisão	e	avaliação	da	modalidade	
citada”. (BRASIL, 2007, p. 2). Geralmente, a qualidade de um programa de 
graduação ou pós-graduação a distância é avaliada pela estrutura da instituição, 
pelos estudantes, pelo grau de formação dos professores, pelo material didático, 
pela	estrutura	 tecnológica,	pelos	serviços	de	apoio.	Enfim,	pela	organização	de	
toda a instituição. A seguir, apresentamos os itens que compõem o referencial de 
qualidade para os cursos na modalidade a distância. São eles: 
(i) Concepção de educação e currículo no processo de ensino 
e aprendizagem;
(ii) Sistemas de comunicação;
(iii) Material didático;
(iv) Avaliação;
(v) Equipe multidisciplinar;
(vi) Infra-estrutura de apoio;
(vii) Gestão acadêmico-administrativa;
(viii)	Sustentabilidade	financeira.	(BRASIL,	2007,	p.	8).
Os itens citados não são entes isolados, mas se integram e se desdobram 
em outros subtópicos. Nosso objetivo não é apresentar cada um dos tópicos, mas 
fomentar a curiosidade de pesquisa e de estudo sobre os principais elementos 
que compõem o referencial. Nossa atenção, neste caderno de estudos, se volta 
para a produção de materiais que é o ponto de destaque. Por isto, a partir de 
agora, queremos destacar as orientações deste documento para a elaboração de 
materiais didáticos para a EAD. 
Geralmente, os textos impressos utilizados em sala de aula presencial se 
constituem de artigos ou capítulos de livros que são organizados pelo professor 
responsável por administrar a disciplina durante o semestre. Já nos cursos 
ofertados na modalidade a distância, o material didático “[...] deve estar concebido 
de acordo com os princípios epistemológicos, metodológicos e políticos explicitados 
no projeto pedagógico, de modo a facilitar a construção do conhecimento e mediar 
a interlocução entre estudante e professor [...]. (BRASIL, 2007, p. 13).
24
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Com o propósito de assegurar a qualidade do material didático, 
o MEC estabeleceu algumas orientações que ajudam as instituições 
a desenvolverem suas políticas e ações, as quais consideramos 
importante destacar. De acordo com o MEC (BRASIL, 2007, p. 15-16), 
o material didático deve:
• com especial atenção, cobrir de forma sistemática e organizada 
o conteúdo preconizado pelas diretrizes pedagógicas, segundo 
documentação do MEC, para cada área do conhecimento, com 
atualização permanente;
• ser estruturado em linguagem dialógica, de modo a promover 
autonomia do estudante desenvolvendo sua capacidade para 
aprender e controlar o próprio desenvolvimento;
• prever [...] um módulo introdutório - obrigatório ou facultativo - 
que leve ao domínio de conhecimentos e habilidades básicos, 
referentes à tecnologia utilizada e também forneça para o 
estudante uma visão geral da metodologia em educação a 
distância a ser utilizada no curso, tendo em vista ajudar seu 
planejamento inicial de estudos e em favor da construção de 
sua autonomia;
• detalhar que competências cognitivas, habilidades e atitudes 
o	estudante	deverá	alcançar	ao	fim	de	cada	unidade,	módulo,	
disciplina, oferecendo-lhe oportunidades sistemáticas de auto-
avaliação; 
• dispor de esquemas alternativos para atendimento de 
estudantes	com	deficiência;
• indicar	 bibliografia	 e	 sites	 complementares,	 de	 maneira	
a incentivar o aprofundamento e complementação da 
aprendizagem.
Você deve ter notado que uma das orientações do MEC 
se refere a um módulo introdutório. Certo? Foi assim que vocêcomeçou a fazer sua pós-graduação: conhecendo, ao cursar a 
disciplina Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado, 
o funcionamento do Programa de Pós-Graduação a Distância da 
UNIASSELVI e seus pressupostos. 
Estes são alguns dos indicadores que ajudam a avaliar e revelam a qualidade 
de um bom material didático segundo as determinações do MEC. Os materiais 
Nos cursos 
ofertados na 
modalidade 
a distância, o 
material didático 
“[...] deve estar 
concebido de 
acordo com 
os princípios 
epistemológicos, 
metodológicos 
e políticos 
explicitados 
no projeto 
pedagógico, de 
modo a facilitar 
a construção do 
conhecimento 
e mediar a 
interlocução 
entre estudante 
e professor [...]. 
(BRASIL, 2007, 
p. 13).
25
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
didáticos têm um papel determinante na qualidade de um curso ou 
de um programa de educação a distância, pois são fontes de estudos 
aos estudantes. Geralmente, os melhores materiais são aqueles 
que possuem as seguintes características: metodologia apropriada, 
coerência com o Projeto Político-Pedagógico do curso e qualidade 
de conteúdo. A incorporação destas características nas revisões dos 
materiais didáticos garante a qualidade dos recursos de aprendizagem 
e	a	eficácia	no	ensino	a	distância.
Atualmente, existem algumas produções sobre a elaboração 
de materiais didáticos. Como sugestão, pesquise os sites 
indicados a seguir:
• Referenciais para elaboração de material didático para EAD no 
ensino	profissional	e	tecnológico:
http://www.etecbrasil.mec.gov.br/gCon/recursos/upload/file/ref_
materialdidatico.pdf
• Elaboração de material didático impresso para EAD: orientações 
aos autores http://www.abed.org.br/congresso2009/CD/trabalhos/ 
1552009214304.pdf 
A	Produção	de	Material	Didático	
é	um	Trabalho	em	Equipe
Até aqui, discutimos os critérios de qualidade na elaboração do 
material didático para a EAD. Agora, nossa atenção se volta para a 
composição da equipe de produção e sistematização do material didático.
Para iniciarmos nossas discussões sobre a formação da equipe 
de produção de material didático, queremos destacar a importância 
da formação de uma equipe que pensa todo o processo de ensino e 
aprendizagem	em	EAD.	Moreira	(2009,	p.	370)	afirma	que:
Embora utilize como lócus do processo de 
ensino e aprendizagem diferentes ambientes ou 
tempos, a EAD é praticada por uma equipe de 
Os melhores 
materiais são 
aqueles que 
possuem as 
seguintes 
características: 
metodologia 
apropriada, 
coerência com o 
Projeto Político-
Pedagógico do 
curso e qualidade 
de conteúdo.
A EAD é 
praticada por uma 
equipe de atores 
envolvidos em 
sua concepção, 
em seu 
planejamento, 
em sua 
implementação, 
em seu processo 
de mediação 
pedagógica, nos 
mecanismos 
de avaliação 
adotados e nas 
inter-relações dos 
mais diversos 
papéis.
26
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
atores envolvidos em sua concepção, em seu planejamento, 
em sua implementação, em seu processo de mediação 
pedagógica, nos mecanismos de avaliação adotados e nas 
inter-relações dos mais diversos papéis.
A partir da citação de Moreira, é possível perceber que a educação a 
distância envolve várias pessoas (atores) que formam um todo organizado. Para 
compreender a composição da equipe de produção de material didático, convém 
identificar	 alguns	 aspectos	 históricos	 que	 marcaram	 o	 seu	 desenvolvimento	
nestes últimos anos. Resumidamente, Moreira (2009, p. 371) apresenta a história 
do desenvolvimento dos materiais didáticos, seguindo as gerações por que 
passou a EAD.
A primeira geração de EAD foi marcada pelo ensino por 
correspondência, com a produção e distribuição de materiais 
impressos. A segunda geração, cujos projetos envolviam 
principalmente o uso de diferentes tecnologias, como o rádio, 
a TV, a teleconferência e o videotape, demandavam um 
processo de produção mais complexo, com o envolvimento 
de	 profissionais	 com	 diferentes	 competências.	 A	 terceira	
geração envolveu o uso das redes de computadores, 
as videoconferências e CD-ROOM. Foi marcada pelo 
desenvolvimento de programas de computadores e softwares 
educacionais. A quarta geração, a atual, considera o início do 
uso mais intensivo da Internet [...] relacionada à composição e 
funcionamento de equipes.
Como vocês puderam perceber, ao longo de cada uma das gerações, o 
processo de produção de materiais foi se tornando mais complexo, pois envolvia 
mais tecnologia e pessoas especializadas para desenvolvê-la em cada uma das suas 
etapas. Fica evidente que, com o passar das gerações, a ideia de equipe se acentuou. 
Por isso, queremos destacar não só a equipe de produção, mas as principais equipes 
que estão envolvidas, direta ou indiretamente, na produção do material didático e suas 
competências	profissionais:	equipe	de	autores,	equipe	pedagógica,	equipe	de	design	
instrucional, equipe de arte, equipe de tutores, entre outras. A seguir, apresentamos 
as	competências	profissionais	destas	equipes.
 
27
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
Quadro	1	–	Competências	profissionais	das	equipes:	de	autores,	
pedagógica, de design instrucional, de arte e de tutores
Equipe de arte
Equipe de tutores
É	composta	por	profissionais	que	participam	de	todas	as	etapas	
de desenvolvimento de materiais para EAD. É a responsável pela 
direção	de	arte,	 desenho	gráfico,	 animações,	 ilustrações,	 entre	
outras atividades.
O	 professor	 tutor	 é	 o	 profissional	 que	 acompanha	 a	 turma	
de alunos durante o período da atividade. Cabe ao tutor criar 
situações interativas de aprendizagem, animar as inteligências 
coletivas,	 orientar	 as	 discussões,	 amenizar	 conflitos,	 entre	
outros. A participação do tutor na equipe de produção pode 
contribuir, em grande parte, para a apropriação das estratégias 
de aprendizagem e contextualização dos materiais.
PROFISSIONAIS COMPETÊNCIAS
Equipe de
autores
Equipe
pedagógica
Equipe de design 
instrucional
É	constituída	por	profissionais	que	desenvolvem	os	conteúdos,	
selecionam e reúnem os materiais, organizam e propõem 
dinâmicas e recursos pedagógicos a serem desenvolvidos. Em 
algumas instituições, os autores são chamados de mentores 
ou conteudistas. Geralmente, os autores são professores 
universitários	e	possuem	uma	formação	específica	na	área	em	
que atuam. 
É composta por especialistas em EAD e assume diferentes 
papéis, tais como:
- Coordenar os subsistemas de concepção, produção e avaliação 
dos cursos nos processos de ensino e aprendizagem.
- Desenvolver pesquisas que permitam o conhecimento da 
realidade dos cursos.
- Promover discussões pedagógicas para que tenham funções 
educativas.
- Formar e acompanhar os tutores.
- Dinamizar a comunicação interativa entre os tutores e os 
cursistas.
- Assessorar a redação, a seleção e a compilação de materiais 
didáticos para os cursos.
Em	geral,	é	 formada	por	profissionais	com	perfil	 interdisciplinar,	
em especial nas áreas de educação, comunicação e tecnologia. 
Em geral, desenvolve as seguintes atividades:
-	Levantamento	do	perfil	dos	usuários.
- Conversão ou adaptação dos conteúdos em materiais 
impressos ou digitais.
-	Definição	de	estratégias	 pedagógicas,	 como	organização	e	
distribuição dos conteúdos.
- Colaboração com a autoria na programação de estratégias 
de aprendizagem e avaliações.
Fonte: Adaptado de Moreira (2009, p. 373).
28
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
A produção do material didático é um trabalho de equipe. Além 
dos	profissionais	apontados	por	Moreira	(2009),	no	Programa	de	Pós-
Graduação da UNIASSELVI,também há o revisor de conteúdo, o 
revisor ortogramatical, os monitores e os alunos que contribuem, direta 
ou indiretamente, para a elaboração do material didático. 
A interação do professor-autor com toda a equipe de produção possibilita “sua 
familiarização com o desenho pedagógico do curso para o qual produz material 
didático”	(SARTORI;	ROESLER,	2005,	p.	72).	Por	fim,	a	finalidade	de	todos	esses	
profissionais	envolvidos	no	processo	de	elaboração	do	material	didático	é	garantir	
os critérios de qualidade comentados anteriormente e corroborar o processo de 
ensino e aprendizagem.
Atividade de Estudos: 
1)	A	partir	do	estudo	deste	capítulo,	defina	qualidade.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
2) Apresente cinco referenciais de qualidade que você considera 
essenciais saber para a produção de materiais. 
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
29
Fundamentos Pedagógicos e Referenciais de Qualidade 
para a Produção de Materiais na EADCapítulo 1
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Se você quiser saber mais sobre a produção de materiais 
didáticos ou conhecer mais sobre EAD, consulte o livro de:
LITTO, Fredric Michael; FORMIGA, Manuel Marcos Maciel (Org.). 
Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2009.
Algumas	Considerações
As instituições de ensino que oferecem cursos de educação a distância, 
estudantes	ou	profissionais	da	área	da	educação	precisam	estar	atentos	a	alguns	
aspectos que procuramos destacar neste capítulo e que consideramos essencial 
relembrar, tais como: a concepção pedagógica do curso estar em sintonia com a 
escrita do material didático; os referenciais de qualidade estabelecidos pelo MEC 
para a produção de materiais didáticos para os cursos a distância; a necessidade 
de formação de uma equipe de produção de materiais didático na instituição. 
No	próximo	capítulo,	trataremos,	especificamente,	da	produção	de	materiais	
impressos na EAD e do estilo redacional desses materiais.
Referências
ABRAEAD. AbraEAD2008: Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e 
a Distância. Coordenação: Fábio Sanchez. 4. ed. São Paulo: Instituto Monitor, 
2008. Disponível em: <http://www.abraead.com.br/anuario/anuario_2008.pdf>. 
Acesso em: 07 nov. 2009.
30
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 
2001. 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. 
Referenciais de qualidade para educação superior a distância. Brasília, 2007. 
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.
pdf>. Acesso em: 15 ago. 2009.
DAHLBERG, Gunilla; MOSS, Peter; PENCE, Alan. Qualidade na educação da 
primeira infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Artmed, 2003.
DRÜGG, Kátia Issa; ORTIZ, Dayse Domene. O desafio da educação: a 
qualidade total. São Paulo: Makron Books, 1994.
ENGUITA, Mariano Fernández. O discurso da qualidade e a qualidade do 
discurso. In: GENTILI, Pablo A. A.; SILVA, Tomaz Tadeu da. Neoliberalismo, 
qualidade total e educação. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 93-110.
FIORENTINI, Leda Maria Rangearo. A perspectiva dialógica nos textos 
educativos escritos. In: FIORENTINI, Rangearo; MORAES, Raquel de Almeida 
(Orgs.). Linguagens e identidade na educação a distância. Rio de Janeiro: 
DP&A, 2003. p. 15 – 50.
FRAGALE FILHO, Roberto. Educação a distância: análise dos parâmetros 
legais e normativos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
MOREIRA, Maria da Graça. A composição e o funcionamento da equipe de 
produção. In: LITTO, Fredric Michael; FORMIGA, Manuel Marcos Maciel (Org.). 
Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do 
Brasil, 2009. p. 370-378.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o 
pensamento. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
OLIVEIRA, Otávio José de. Gestão da Qualidade: Introdução à História e 
fundamentos. In: OLIVEIRA, Otávio José de. (Org.). Gestão da qualidade: tópicos 
avançados. São Paulo: Thonsom Learning, 2004. p. 3-20.
RAMOS, Marise. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? 
São Paulo: Cortez, 2001.
SARTORI, Ademilde Silveira; ROESLER, Jucimara. In: Educação superior 
a distância: gestão da aprendizagem e da produção de materiais didáticos 
impressos e on-line. Tubarão: Ed. Unisul, 2005. 
CAPÍTULO 2
Referenciais	Linguísticos	para	a	
Elaboração	de	Materiais	Impressos
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Compreender as características que os materiais impressos devem apresentar.
 9 Analisar estratégias linguísticas para promover a abordagem dialógica no 
texto.
 9 Identificar	os	recursos	para	organização	dos	materiais	impressos.
Elisabeth Penzlien Tafner
32
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
33
Referenciais Linguísticos para a 
Elaboração de Materiais ImpressosCapítulo 2
Contextualização
Se você atua, hoje, na educação ou formação continuada, na condição de 
leitor ou de autor, possivelmente já fez algum curso na modalidade a distância. 
E, diante de tantos materiais que recebemos/elaboramos nesta modalidade, você 
já parou para observar se esses textos têm alguma diferença em relação aos 
demais? Se sim, o que você notou? 
Às vezes, temos a sensação de que quem os elaborou está ao nosso 
lado,	 calculando	 cada	 ação,	 prevendo	 cada	 pergunta,	 enfim,	 dialogando	 e	 nos	
estimulando a prosseguir. Infelizmente, em outros, parece que o material foi feito 
para ser engavetado, já que, nem de longe, o leitor foi previsto, ou pelo menos 
essa abordagem não foi evidenciada no texto.
Esta	reflexão	procura	mostrar	que	elaborar	materiais	na	EAD	é	uma	tarefa	
delicada, pois constantemente precisamos prever, convidar, incitar, aproximar, 
cativar, provocar, dialogar com o leitor, com quem não compartilhamos o 
mesmo	 tempo	e	espaço.	Este	 contexto	 faz	do	exercício	 da	escrita	 um	desafio,	
especialmente para quem tem o hábito de escrever textos acadêmicos, dentro 
do	rigor	científico,	em	linguagem	neutra.	De	fato,	a	alternância	de	estilo	interfere	
muito na hora de produzir um material autoinstrutivo. Encontramo-nos diante de 
um dilema: se escrevemos numa linguagem muito informal, caímos no ridículo e 
corremos	o	risco	da	superficialidade;	se	escrevemos	numa	linguagem	muito	rígida,	
o leitor se perde. Por isto, este capítulo traz algumas orientações em termos de 
características, organização e estilo da linguagem para a elaboração de materiais 
impressos na EAD cujo público-alvo pressupomos autônomo, disciplinado, mas 
que precisa de um texto que favoreça a leitura e potencialize a aprendizagem
Elaborarum material autoinstrutivo é um exercício de colocar-se no lugar 
daquele que receberá o texto. Na EAD, é essencial considerar o leitor e sua 
situação de leitura, o qual, possivelmente, manipulará sozinho o material. Por isto é 
que	primamos	por	um	texto	dialógico	que	o	faça	refletir,	relacionar,	analisar,	enfim,	
aprender a partir do que essa leitura lhe proporciona, ou melhor, que o material 
que está lendo seja apenas um dos que explorará enquanto faz o curso. Neste 
sentido,	 organizamos	 este	 capítulo	 da	 seguinte	 forma:	 primeiro,	 identificamos,	
rapidamente, os atores envolvidos na produção de materiais didáticos para a 
EAD. A seguir, apresentamos as características dos materiais impressos na 
EAD	e,	finalmente,	descrevemos	os	recursos	a	serem	usados	nesses	materiais,	
passando por questões ligadas à extensão/organização das unidades/capítulos e 
ao estilo redacional.
34
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Materiais	Didáticos	Impressos	na	EAD
Você já parou para se perguntar por que a elaboração de 
materiais impressos na EAD requer tanta atenção? Julgamos que o 
maior	 desafio	 esteja	 em	 como	 escrever	 prevendo	 o	 outro,	 o	 leitor,	
nosso aluno, o qual pretendemos que se torne sujeito de seu próprio 
aprendizado. Para continuar esta conversa, você pode ler a obra 
A mediação pedagógica, de Gutierrez e Prieto, referenciada ao 
término deste capítulo.
Ao realizar um curso a distância, o aluno encontra mediação humana e 
tecnológica;	contudo,	o	material	 impresso	 já	estará	pronto,	o	que	significa	dizer	
que qualquer ajuste em relação ao tratamento dos conteúdos terá que ser feito 
somente quando a instituição realizar uma nova tiragem do seu material. Na 
prática, teremos um aluno que abordará o material, com suas expectativas e 
desejos, mas não poderemos rever nossas estratégias com a mesma agilidade 
como na modalidade presencial. O ônus de um material impresso, preparado sem 
o	devido	rigor,	ficará	para	a	tutoria	e	equipe	multidisciplinar,	já	que	o	sentimento	
de	insatisfação	encontra,	primeiramente,	a	figura	do	tutor.	Daí	a	necessidade	de	
planejarmos cuidadosamente nossa produção.
No primeiro caderno deste curso, você deve estar lembrado (a), 
salientamos	que	o	perfil	 do	aluno	autônomo	e	 independente	na	EAD	
era essencial, certo? Precisamos retomar esta ideia, mas, agora, na 
perspectiva	 de	 quem	 escreverá	 o	material.	 Classificar	 o	 aluno	 como	
independente	não	significa	que	ele	seja	o	único	responsável	pela	sua	
aprendizagem. Ora, o material de estudos deve cooperar, promover, 
auxiliar,	enfim,	potencializar	a	aprendizagem.	
Decorrem da clareza do que entendemos por autonomia do 
aluno, as exigências e a atenção que a seleção (a partir da titulação 
e aderência do professor) e o acompanhamento do professor-autor 
requerem da equipe multidisciplinar, visto que, na EAD, todos os 
profissionais	 envolvidos,	 direta	 ou	 indiretamente,	 são	 responsáveis	
pela aprendizagem do aluno. Assim, entendemos que os materiais 
usados na EAD:
Classificar o 
aluno como 
independente 
não significa que 
ele seja o único 
responsável 
pela sua 
aprendizagem. 
Ora, o material 
de estudos 
deve cooperar, 
promover, 
auxiliar, enfim, 
potencializar a 
aprendizagem.
35
Referenciais Linguísticos para a 
Elaboração de Materiais ImpressosCapítulo 2
[...] sejam pedagogicamente diferentes dos materiais utilizados 
na educação de presença (professor-aluno) e, naturalmente, 
muito	mais	diferentes	dos	documentos	científicos.	A	diferença	
passa inicialmente pelo tratamento dos conteúdos que estão a 
serviço do ato educativo. De outra forma: o temático será 
válido na medida em que contribua para desencadear um 
processo educativo. Não interessa uma informação em si 
mesma, mas uma informação mediada pedagogiamente. 
(GUTIERREZ; PRIETO, 1994, p. 62).
Os autores salientam que o autor deve produzir um material que 
atenda	às	especificidades	de	ensinar	e	aprender	a	distância,	o	que	nos	
leva à ideia de que o aluno não pode ser mero expectador. Nesses 
materiais, deve haver concessão ao leitor, aos seus conhecimentos 
prévios,	 às	 suas	 experiências	 “[...]	 a	 fim	 de	 tornar	 possível	 o	
ato educativo dentro do horizonte de uma educação concebida 
como participação, criatividade, expressividade e relacionalidade” 
(GUTIERREZ;	PRIETO,	1994,	p.	62).	Assim,	na	figura	de	professores-
autores,	a	quem	compete	elaborar	o	material,	temos	um	desafio,	como	
bem descreve Kenski (2003, p. 27):
Os	desafios	da	concepção	de	cursos	a	distância	e	seus	materiais	
didáticos são complexos e não podem ser minimizados. As 
bases conceituais norteadoras das propostas são determinantes 
de sua qualidade e podem favorecer avanços na construção 
de conhecimentos pelos cursistas em vez de lhes oferecer um 
simples repasse de informações sistematizadas existentes na 
sociedade. Podem contribuir para formar pessoas, a despeito 
das	distâncias	geográficas,	das	dificuldades	de	afastamento	dos	
locais de trabalho por longos períodos para frequentar cursos, 
atender a demandas sociais emergentes, por meio de programas 
de atualização, aperfeiçoamento, formação inicial e continuada 
de	profissionais.
Um material a ser desenvolvido com objetivos tão prementes em nossa 
sociedade não pode ser resultado de um trabalho solitário. A elaboração do material 
didático impresso envolve, portanto, uma equipe: coordenador pedagógico do 
curso, professor-autor, professor-revisor (conteudista e ortogramatical), designer 
instrucional, diagramador, webdesigner, entre outros. 
Um exemplo da participação de cada um destes autores pode ser vista na 
figura	a	seguir:
O aluno não 
pode ser mero 
expectador. 
Nesses materiais, 
deve haver 
concessão ao 
leitor, aos seus 
conhecimentos 
prévios, às suas 
experiências.
36
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Figura 2 – Fluxograma do material autoinstrutivo
 
Fonte: Equipe Multidisciplinar UNIASSELVI-PÓS (2009). 
No	 capítulo	 1,	 detalhamos	 os	 profissionais	 e	 suas	 atribuições	
na elaboração de materiais didáticos, se for necessário, resgate essa 
leitura.
Esta equipe atua em conjunto, numa relação transparente, de diálogo constante, 
visando a um único objetivo: à qualidade do material e à aprendizagem do aluno. 
Para tanto, é essencial o cuidado no planejamento do curso, na escolha e no 
acompanhamento	 desses	 profissionais	 (autores,	 tutores,	 revisores,	 designers 
etc.). O feedback de cada um desses atores é que indica os acertos e as 
carências dos materiais.
Iniciando nossa conversa sobre a elaboração de materiais impressos, na 
seção a seguir, trataremos detalhadamente das características textuais que os 
textos voltados à EAD devem apresentar.
DIAGRAMAÇÃO
c/
 re
co
m
en
da
çõ
es
c/ recomendações
c/ recomendações
c/
 re
co
m
en
da
çõ
es
aprovado
aprovado
aprovado
UNIASSELVI-PÓS
VERSÃO FINAL
ENTREGA DO MATERIAL
NA LOGÍSTICAUNIASSELVI-PÓS -
ENCAMINHA MATERIAL PARA REVISÃO 
CONTEÚDO
CONTRATADO
CONTEUDISTA
CONTEUDISTA ELABORA PLANO 
DE DESENVOLVIMENTO
UNIASSELVI-PÓS
APROVA MATERIAL
ORTOGRAMATICAL
CONTEUDISTA FAZ 
ADEQUAÇÕES
Gráfica
UNIASSELVI-PÓS
VERSÃO FINAL
PLANO DE
DESENVOLVIMENTO
CONTEUDISTA DESENVOLVE 
O MATERIAL E ENVIA PARA 
A UNIASSELVI-PÓS
37
Referenciais Linguísticos para a 
Elaboração de Materiais ImpressosCapítulo 2
Características	Didáticas	do	Texto	
Escrito	para	EAD		
As	 reflexões	 que	 realizaremos,	 nesta	 e	 nas	 próximas	 seções,	 a	
respeito das características didáticas do texto escrito para a EAD não 
têm a pretensão de soar como imposições, como uma receita de bolo, 
sobre como escrever na EAD, e sim como a combinação de vários 
olhares, cada um a seu modo, que contribuam parauma tarefa muito 
delicada, que vai além do mero reunir, resumir, organizar e referenciar. 
Isto porque conversam conosco, agora, pessoas cuja preocupação é 
similar a nossa, qual seja, a de escrever para quem não está ao nosso 
lado, mas precisa aprender a aprender a partir do que organizamos 
nas linhas de que dispomos. Comecemos, então, com um conceito que 
você já leu em outros cadernos deste curso, o conceito de mediatizar e 
sua relação com a produção de materiais na EAD:
[...]	 mediatizar	 significa	 definir	 as	 formas	 de	
apresentação de conteúdos didáticos, previamente 
selecionados e elaborados, de modo a construir 
mensagens que potencializem ao máximo 
as virtudes comunicacionais do meio técnico 
escolhido no sentido de compor um documento 
auto-suficiente,	 que	 possibilite	 ao	 estudante	
realizar sua aprendizagem de modo autônomo e 
independente. (BELLONI, 1999, p. 64).
A ação, então, de mediatizar, na perspectiva de quem elaborará 
o material escrito (meio técnico escolhido, neste caso), sugere que 
o texto (lembramos que este envolve tanto o verbal e quanto o não-
verbal) e sua organização devem ser apresentados de modo a prever a 
manipulação de um leitor, além de estimulá-lo a pesquisar, a aprender. 
O que esta postura busca, em relação ao texto planejado para 
a EAD, é a mediação pedagógica dos conteúdos, capaz de produzir uma 
aprendizagem	significativa.	Essa	postura	também	pode	ser	percebida	no	quadro	a	
seguir, na coluna caracterizada pela escrita de materiais na EAD.
As reflexões que 
realizaremos, 
nesta e nas 
próximas seções, 
a respeito das 
características 
didáticas do texto 
escrito para a 
EAD não têm a 
pretensão de soar 
como imposições, 
como uma receita 
de bolo, sobre 
como escrever na 
EAD, e sim como 
a combinação de 
vários olhares, 
cada um a seu 
modo, que 
contribuam para 
uma tarefa muito 
delicada, que vai 
além do mero 
reunir, resumir, 
organizar e 
referenciar.
38
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
Quadro 2 – Diferenças entre a produção textual de livro-texto e de EAD
Fonte: Franco (2007, p. 26).
A análise atenta do quadro anterior permite perceber que a escrita 
na EAD deve convidar o leitor a participar do texto, a partir dos seus 
conhecimentos e experiências. 
Assim, para reforçar que o aluno deve ser foco de todo o 
planejamento do material, transcrevemos as características desejáveis 
que os textos educativos escritos devem contemplar, apontadas, agora, 
por Fiorentini (2003, p. 17):
Esperamos que os textos escolares superem sua convencional 
tradição	 expositivo-descritiva,	 tornando-se	 mais	 flexíveis,	 abertos	
e hipertextuais, possibilitando múltiplas relações, conexões, redes, 
nas quais os aprendentes autores e leitores possam vivenciar 
sua condição ativa de co-autores e co-produtores, num processo 
comunicativo dialógico, bidirecional, e interdiscursivo. 
Como resultado desses comentários, talvez a ideia de alterar um pouco o 
estilo expositivo-descritivo o incomode, já que sua experiência anterior está 
relacionada	 a	 publicações	 em	 periódicos	 científicos,	 cuja	 exigência	 fosse	
justamente uma redação marcada, entre outros aspectos, pela imparcialidade 
e	pelo	 rigor	da	nomenclatura	científica.	Contudo,	após	este	diálogo	com	outras	
perspectivas a respeito da produção de textos para a EAD, percebemos que este 
estilo precisa ser alterado, pois o texto que você produzirá tem um público-alvo e 
um objetivo diferentes. 
Unidade de EADLivro - Texto
Comunicação bidirecional – dialogada.Comunicação unidirecional.
O aluno interage ativamente.O aluno recebe a informação.
A estrutura é apresentada ao aluno.A estrutura é oculta.
O aluno é guiado.Aprendizagem autodirigida.
Diálogo.Preleção.
Dialogada, problematizadora.Impessoal.
Prioriza o desenvolvimento de novos 
conhecimentos e competências.
Pouca aplicação de conhecimentos 
e competências.
Atividades permeando todo o texto.Sem atividades ou somente 
ao	final	do	capítulo.
Conteúdo dividido em pequenas partes.Conteúdos em capítulos ou em grandes blocos.
Avaliação perpassa todo o 
processo de formação.Não pressupõe avaliação processual.
A escrita na EAD 
deve convidar o 
leitor a participar 
do texto, a 
partir dos seus 
conhecimentos e 
experiências.
39
Referenciais Linguísticos para a 
Elaboração de Materiais ImpressosCapítulo 2
A pergunta é, neste caso, para quem escreve o autor: para seus 
colegas,	a	fim	de	aumentar	seu	prestígio?	Para	demonstrar	alguma	
tese importante? Para apoiar um processo de autoaprendizagem 
em que passe a primeiro plano o estudante como sujeito? 
Poderíamos dar muitos outros exemplos de autores que partem da 
obsessão pelo julgamento dos colegas e todo seu esforço orienta-se 
nessa direção. Por isso não é possível avançar numa proposta de 
educação alternativa sem ter presente a regra de ouro mencionada. 
(GUTIERREZ; PRIETO, 1994, p. 65).
 Quem lerá seu texto não serão outros mestres e doutores (também podem o 
ser eventualmente, mas não em sua maioria); seu texto terá alunos como leitores, 
cuja formação está em processo e, por isso, precisa ser aproveitada, resgatada 
ao longo do texto, daí a constante lembrança de que precisamos escrever 
para um sujeito “[...] compreendendo-o quanto [sic] ser indiviso que constrói o 
conhecimento usando sensações, emoções, razão e intuição”. (FIORENTINI, 
2003, p. 34). 
Fique atento(a): lembra quando comentamos, no parágrafo 
anterior, que mestres e doutores não seriam exatamente o seu 
público-alvo? Contudo, vale mencionar que o intenso crescimento de 
cursos na EAD já tem despertado o interesse desses pesquisadores 
acerca dos materiais produzidos para a EAD, o que só tem a 
contribuir com a qualidade desses materiais. 
Não é possível que o leitor, aluno, continue a ler nosso texto, quando não 
consideramos suas hipóteses, suas dúvidas, suas leituras anteriores. Ora, na 
EAD, é essencial prepararmos o texto para um leitor que é diferente de você, 
professor(a), cuja biblioteca não armazena os mesmos saberes, como bem nos 
explica Goulemot (2001). O autor se refere ao leitor como fora-do-texto e retrata 
sua relação com a situação de leitura. Conheceremos um pouco mais essa 
relação, tão importante para os objetivos deste capítulo.
Goulemot (2001) refere-se ao leitor como fora-do-texto. 
Apresentaremos, rapidamente, alguns conceitos deste autor em 
relação ao leitor e à construção de sentidos.
Descrevendo o leitor:
40
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
O	leitor,	nessa	relação	com	o	texto,	é	definido	por:
a) história	 (envolve	 conteúdo	 fisiológico,	 afetivo,	 cultural	 ou	
político): o sentido nasce do trabalho que esse fora-do-texto opera 
sobre o texto; 
b) fisiologia
• posição (atitude do corpo): sentado, solitário...
• rito: bocejamos, experimentamos dores...
• atitudes de leitor: leituras profundas, sonhadoras...
A possibilidade de construir sentido se dá por meio dessas 
atitudes de leitor. O livro (gênero) indica o lugar de sua leitura. Nosso 
corpo lê. O corpo do leitor é uma livre escolha e uma imposição.
c) Formas de história presentes no fora-do-texto
• História cultural: é história política e social que trabalha aquilo que 
lemos. 
• A história, aceitemos ou não, orienta mais nossas leituras do que 
nossas opções políticas. 
d) Biblioteca 
• Há dialogismo e intertextualidade da prática da própria leitura.
• Ler será, portanto, fazer emergir a biblioteca vivida. É raro que 
leiamos o desconhecido.
• Também é verdadeiro que a cultura institucional nos predispõe a 
uma recepção particular do texto. 
Goulemot também sugere que não existe compreensão 
autônoma, mas articulação em torno de uma biblioteca do texto lido 
(intertextualidade). Assim, o sentido seriaa soma do exterior cultural 
e do próprio texto.
Esperamos, até aqui, ter sensibilizado você para a delicada tarefa que 
o(a) aguarda – escrever para o aprender de outro –, o que nos parece bem 
delineado nas palavras de Freire (1998, p. 47): “Conhecimento não se transfere, 
conhecimento se discute. Implica uma curiosidade que me abre, sempre fazendo 
perguntas ao mundo. Nunca demasiado satisfeito, ou em paz com a própria 
certeza”. É certo que o pensamento de Freire tinha outro contexto. Contudo, é 
41
Referenciais Linguísticos para a 
Elaboração de Materiais ImpressosCapítulo 2
nossa responsabilidade, ao aceitarmos elaborar materiais para a educação a 
distância, estimular a curiosidade do aluno, sua busca por novas perspectivas 
acerca do que o rodeia.
Nas seções a seguir, abordaremos como as características apresentadas 
nesta seção podem se manifestar na prática. Iniciaremos com algumas 
orientações para a seleção/organização dos capítulos/unidades e seguiremos 
para as estratégias linguísticas a serem observadas na elaboração dos materiais.
Estratégias	de	Seleção	e	
Organização	dos	Capítulos/
Unidades
Os materiais de cada disciplina devem ser preparados a partir do projeto do 
curso, da concepção política e pedagógica da instituição, como você estudou no 
capítulo 1 deste caderno de estudos. Entretanto, o professor-autor, quando se 
encontra diante da delicada tarefa de elaborar materiais para a EAD, pode se sentir 
confuso ao ter que selecionar o conteúdo. Tudo parece importante, não é mesmo? 
Então, como fazer o recorte dos conteúdos? Uma alternativa seria pensar 
nos objetivos que o aluno deve alcançar e, então, repensar a delimitação dos 
conteúdos a partir deste critério, pois, assim, nosso foco de atenção, ao elaborar 
cada parte do material, será a sua função pedagógica em relação ao aluno. Desta 
forma, evitamos outros focos de interesse do professor-autor, como divulgar parte 
da pesquisa que está desenvolvendo no seu mestrado ou doutorado, defender 
determinadas abordagens teóricas etc. 
Em relação aos objetivos, vale também lembrar a orientação 
de Gutierrez e Pietro (1994, p. 63-64): os autores salientam que o 
estudante tenha uma visão global do conteúdo, já que esta lhe indica 
para onde pretendemos ir com o texto. Contudo, alertam para que 
essa percepção em totalidade não seja confundida como simples 
apresentação de objetivos chamados terminais. O foco deve ser, 
segundo estes autores, “[...] o sentido que o estudante encontra 
em sua incorporação a este processo, pelo conhecimento global do 
mesmo. Por outro lado, vale a pena lembrar de uma frase valiosa 
para os processos de educação a distância: ‘quem não pega aonde 
vai, é possível que não chegue’”.
42
Produção de materiais autoinstrutivos para a educação a distância
O trabalho de elaborar materiais didáticos a partir dos objetivos de 
aprendizagem auxilia não só a determinar quais conteúdos, mas também a dosar 
a profundidade com que serão abordados. Voltaremos a tratar dos objetivos mais 
adiante. Agora, seguiremos com a atenção direcionada à organização dos capítulos/
unidades.
Cada disciplina deve ser desenvolvida a partir de capítulos/unidades, 
os quais, por sua vez, serão organizados em estruturas menores, as 
seções,	 a	 fim	de	 tratar	 o	 conteúdo	 de	maneira	 objetiva	 e	 sistemática.	
A organização do texto em seções deve atender a uma estrutura lógica 
bem sequenciada, que garanta uma percepção clara da continuidade 
e gradualidade do conteúdo. Nesta orientação, talvez um tanto quanto 
óbvia para alguns leitores, queremos evidenciar uma das características 
sugeridas no quadro 2: a divisão de conteúdos em pequenas partes, o 
que facilita o estudo do conteúdo, o qual pode ser mais bem explorado e 
aproximado do aluno. No entanto, é necessário preocuparmo-nos com o 
diálogo entre esses capítulos/unidades para que percebamos a ideia de 
complementaridade entre uma e outra, inclusive explicitando as relações 
que um capítulo/unidade mantém com o outro. Desta forma, salientamos, 
aqui, outras duas características do quadro 2: a necessidade de apresentar a 
estrutura ao aluno e guiá-lo ao longo do material. 
 
Agora, trataremos da organização do capítulo/unidade, a qual deve 
apresentar:	 identificação,	 introdução,	 corpo	 e	 fechamento.	 Paralelamente	 à	
descrição de cada uma destas estruturas, contemplaremos as questões relativas 
à linguagem do material.
a) Identificação do capítulo/unidade
A	 identificação	 de	 cada	 capítulo/unidade	 (assim	 como	 os	 títulos	 de	 cada	
seção) deve ser coerente com o conteúdo abordado. A escolha adequada do 
título	 já	se	configura	como	uma	postura	cooperativa	e	 facilitadora	do	professor-
autor em relação à autoaprendizagem do aluno, visto que, se este for um leitor 
experiente, reconhecerá o valor antecipatório dos títulos e, assim, elaborará as 
primeiras hipóteses quanto ao conteúdo. O título deve representar, de forma clara 
e objetiva, o assunto a ser trabalhado no capítulo/unidade. 
A priori,	 esta	 orientação	 quanto	 à	 identificação	 do	 capítulo/unidade	 e	 dos	
títulos de seção pode parecer demasiadamente extensa; porém, títulos mal 
elaborados (obscuros, incoerentes) quebram as expectativas do leitor e diminuem 
a sua receptividade em relação ao material.
Na abertura de cada capítulo/unidade, também apresentamos ao aluno os 
objetivos que devem ser contemplados para que este alcance uma aprendizagem 
A organização do 
texto em seções 
deve atender a 
uma estrutura 
lógica bem 
sequenciada, 
que garanta uma 
percepção clara 
da continuidade e 
gradualidade do 
conteúdo.
43
Referenciais Linguísticos para a 
Elaboração de Materiais ImpressosCapítulo 2
significativa.	Os	objetivos	devem	ser	formulados	na	perspectiva	do	aluno,	
focalizando conhecimentos e desempenhos resultantes da aprendizagem.
Na Pós EAD, orientamos os professores-autores a determinar 
seus objetivos atendendo aos itens: saber e fazer, para sintonizá-los 
com a identidade pedagógica da UNIASSELVI, que parte do princípio: 
”Não basta saber, é preciso saber fazer”. 
Assim, cada capítulo/unidade é estruturado a partir de:
• objetivos ligados ao campo do saber: conceitos a serem aprendidos 
(indica o que o aluno deverá saber);
• objetivos ligados ao campo do fazer: competências/capacidades a 
serem desenvolvidas (indica o que o aluno estará apto a fazer).
Definir	 objetivos	 claros	 é	 essencial	 ao	 professor	 que	 elabora	
material didático. Vejamos, no quadro a seguir, como os objetivos são 
importantes, tanto para o professor quanto para o aluno.
Quadro 3 – O papel dos objetivos para o aluno e para o professor
Fonte: Franco (2007, p. 24).
O autor também recomenda que, ao concluir o material, o professor procure 
testar	sua	produção,	a	fim	de	avaliar	(mediante	testes	e	listas	de	verificação)	se	
os objetivos estão claros e se realmente permitem o alcance das competências.
No Programa de Pós-Graduação da UNIASSELVI, como você 
já	deve	ter	percebido,	existem	as	figuras	do	professor	conteudista	e	
da	equipe	multidisciplinar	que	ajudam	o	professor	a	 identificar	se	o	
material cumpre os objetivos aos quais se propõe. 
ProfessorAluno
O que os alunos deverão saber?
O que os alunos deverão estar aptos a fazer?
Em que aspectos os alunos deverão 
comportar-se de maneira diferente 
após o estudo da unidade?
Se o aluno souber o que está 
tentando alcançar, poderá avaliar 
melhor seu próprio progresso.
Facilita a execução de tarefas,
diminuindo ambiguidades e 
dificuldades	de	interpretação.
A	especificação	dos	objetivos	permite	que,	
à medida que os estudantes aprendem, o 
desempenho seja monitorado e medido.
Na Pós EAD, 
orientamos os 
professores-
autores a 
determinar 
seus objetivos 
atendendo aos 
itens: saber 
e fazer, para 
sintonizá-los

Outros materiais