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2019 PROF. LEANDRO RAVYELLE PDF TEÓRICO + QUESTÕES SEPARADAS POR ASSUNTO VERSÃO 1/2019 (ABRIL) ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 2 Fala, povo! Sou o professor Leandro Ravyelle e vamos embarcar nesse mundo que é a nossa disciplina de Administração Financeira e Orçamentária. Sou servidor público no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, lotado na Diretoria de Programação e Orçamento, ou seja, estou diariamente em contato com a disciplina de AFO. Leciono nossa matéria desde 2016 e farei o máximo para trazer todo o meu conhecimento sobre o conteúdo para facilitar o seu aprendizado. Sou concurseiro, assim como vocês, e prometo trazer todas as dicas e macetes que aprendi ao longo dos meus anos de luta para facilitar o nosso estudo. Já fui aprovado em alguns concursos, dentre eles: SEDUC-CE (PROFESSOR DO ESTADO) - 2013 BANCO DO BRASIL (ESCRITURÁRIO) - 3º LUGAR - 2015 (ASSUMI E TRABALHEI POR 1 ANO E 9 MESES. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA - 2015 - 22º LUGAR (TÉCNICO JUDICIÁRIO) - ATUAL CARGO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - 2017 - (ÁREA ADMINISTRATIVA) - 34º LUGAR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO - 2017 - ANALISTA JUDICIÁRIO (ÁREA ADMINISTRATIVA) - 6º LUGAR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5º REGIÃO - 2017 - TÉCNICO JUDICIÁRIO (ÁREA ADMINISTRATIVA) - 92º LUGAR Então, povo, vamos ao que nos interessa: o que há no nosso curso em PDF? Uma apostila teórica completa e esquematizada, incluindo mapas mentais do começo ao fim do conteúdo. Os mapas mentais resumem os principais tópicos da disciplina, organizados na ordem sequencial e gradativa do conteúdo. Há também centenas de questões separadas por capítulo! No total, são 2929 questões, separadas por assunto, sendo 750 da banca FCC e 2179 da banca CESPE. Este PDF é completo, usando as doutrinas mais cobradas (Paludo, Sérgio Mendes, James Giacomoni, etc.), além de trabalharmos com todos os manuais que embasam a nossa disciplina (MCASP 8ª edição, MTO 2020, Manual da Receita Nacional e Manual da Despesa Nacional); sem deixar de fora toda a legislação cobrada nos diversos assuntos (LRF, Lei nº 4.320/64, PLDO 2020, Lei nº 10.180/2001, Portarias do MPDG, etc.). Ou seja, nesse curso abordaremos simplesmente tudo: doutrina, jurisprudências, legislações, manuais e questões! PS: sigam minhas redes sociais, pois nelas posto diariamente dicas, mapas mentais, resumos, questões comentadas, materiais gratuitos, provas comentadas na íntegra após as realizações dos concursos, e muito mais! Instagram: @profleandroravyelle Facebook: facebook.com/profleandroravyelle ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 3 RS 60,00 PROMOÇÃO VÁLIDA ATÉ 31/12/2019 CURSO COMPLETO EM PDF (17 CAPÍTULOS) PDF COM 200 QUESTÕES COMENTADAS CESPE SEPARADAS POR ASSUNTO PDF COM 300 QUESTÕES COMENTADAS FGV SEPARADAS POR ASSUNTO PACOTE COM 8 SIMULADOS INÉDITOS DE AFO ESTILO CESPE (8 SIMULADOS COM 25 QUESTÕES CADA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 4 TÓPICOS DESTE MATERIAL QUESTÕES (QUANDITDADE) CAPÍTULO 1 Orçamento público, dimensões do orçamento, técnicas orçamentárias e tipos de orçamento FCC - 24 CESPE - 130 CAPÍTULO 2 Instrumentos de planejamento: PPA, LDO e LOA FCC - 61 CESPE - 150 CAPÍTULO 3 Princípios Orçamentários FCC - 60 CESPE - 189 CAPÍTULO 4 Ciclo Orçamentário FCC - 50 CESPE - 180 CAPÍTULO 5 Créditos Orçamentários - Ordinários, Adicionais e Alterações Orçamentárias FCC - 60 CESPE - 160 CAPÍTULO 6 Receitas Públicas: classificações, etapas/estágios; Dívida Ativa FCC - 60 CESPE - 237 CAPÍTULO 7 Despesas Públicas: classificações, estágios/etapas FCC - 128 CESPE - 292 CAPÍTULO 8 Programação Orçamentária e financeira. Limitação de Empenho e Movimentação Financeira CESPE - 21 CAPÍTULO 9 Restos a Pagar FCC - 41 CESPE - 72 CAPÍTULO 10 Despesas de Exercícios Anteriores FCC - 18 CESPE - 42 CAPÍTULO 11 Suprimento de Fundos FCC - 27 CESPE - 63 CAPÍTULO 12 Descentralização de Créditos e Recursos CESPE - 43 CAPÍTULO 13 Sistemas de Gestão - Lei nº 10.180/2001 CESPE - 32 CAPÍTULO 14 Conta Única do Tesouro CESPE - 26 CAPÍTULO 15 Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF FCC -190 CESPE - 554 CAPÍTULO 16 Lei Complementar nº 131 de 2009, DRU; DRE e Transferências Governamentais DIVERSAS - 7 CAPÍTULO 17 Sistemas de Informações - SIAFI e SIOP DIVERSAS - 12 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 5 CAPÍTULO 1 ORÇAMENTO PÚBLICO: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO ORÇAMENTO DIMENSÕES DO ORÇAMENTO FUNÇÕES DO ORÇAMENTO TIPOS DE ORÇAMENTO TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS 1. INTRODUÇÃO O Direito financeiro compreende a disciplina jurídica da atividade financeira do Estado, envolvendo receita, despesa, orçamento e crédito público. Ele disciplina a organização e a administração das finanças públicas, ou seja, disciplina a atividade financeira do Estado: é mais amplo que o Direito tributário. Já o Direito tributário trata da disciplina jurídica apenas dos tributos (receitas tributárias: impostos, taxas e contribuições). Compreende o conjunto de normas que regulam a instituição e arrecadação desses tributos e a relação jurídica do Estado com os contribuintes. O orçamento público é um processo contínuo, dinâmico e flexível e constantemente alterado ao longo dos anos. Além disso, é por meio dele que se elabora, planeja, aprova, executa, controla, avalia a programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro. Logo, não é um conceito estático e que ficou inalterado com o passar do tempo. A atividade pública é aplicada no âmbito Federal, estaduale municipal, e, segundo Aliomar Baleeiro (1973), consiste em: OBTER RECURSOS receita pública DESPENDER RECURSOS despesa pública GERIR E PLANEJAR RECURSOS orçamento público CRIAR CRÉDITO empréstimo público 1.1 DIMENSÕES DO ORÇAMENTO Dimensão jurídica- o Orçamento Público tem caráter e força de lei, e enquanto tal define limites a serem respeitados pelos governantes e agentes públicos, no tocante à realização de despesas e à arrecadação de receitas. A elaboração e a aprovação do Orçamento Público seguem o processo legislativo de discussão, emenda, votação e sanção presidencial como qualquer outra lei. Dimensão econômica- o Orçamento Público é basicamente o instrumento por meio do qual o Governo extrai recursos da sociedade e os injeta em áreas selecionadas. Esse processo redistributivo não é neutro do ponto de vista da eficiência econômica e da trajetória de desenvolvimento de longo prazo. Tanto os incentivos microeconômicos e setoriais quanto as variáveis macroeconômicas relativas ao nível de inflação, endividamento e emprego na economia são diretamente afetados pela gestão orçamentária. Dimensão política- é corolário da dimensão econômica. Se o Orçamento Público tem um inequívoco caráter redistributivo, o processo de elaboração, aprovação e gestão do orçamento embute, necessariamente, perspectivas e interesses conflitantes que se ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 6 resolvem em última instância no âmbito da ação política dos agentes públicos e dos inúmeros segmentos sociais. Além disso, o orçamento é um instrumento fundamental de governo, seu principal documento de políticas públicas. Através dele os governantes selecionam prioridades, decidindo como gastar os recursos extraídos da sociedade e como distribuí-los entre diferentes grupos sociais, conforme seu peso ou força política. Portanto, nas decisões orçamentárias, os problemas centrais de uma ordem democrática como representação e accountability estão presentes. Dimensão financeira - representa o fluxo financeiro gerado pelas entradas de recursos obtidos com a arrecadação de receitas e os dispêndios com as saídas de recursos proporcionado pelas despesas, evidenciando a execução orçamentária. D IM E N S Õ E S D O O R Ç A M E N T O JURÍDICA O Orçamento Público tem caráter e FORÇA DE LEI, e a elaboração e a aprovação do Orçamento Público seguem o PROCESSO LEGISLATIVO de discussão, emenda, votação e sanção presidencial como qualquer outra lei. ECONÔMICA O Orçamento Público é basicamente o instrumento por meio do qual o governo extrai recursos da sociedade e os injeta em áreas selecionadas. POLÍTICA É corolário da dimensão econômica. Se o Orçamento Público tem um inequívoco caráter redistributivo, o processo de elaboração, aprovação e gestão do orçamento embute, necessariamente, perspectivas e interesses conflitantes que se resolvem em última instância no âmbito da ação política dos agentes públicos e dos inúmeros segmentos sociais. FINANCEIRA Representa o fluxo financeiro gerado pelas entradas de recursos obtidos com a arrecadação de receitas e os dispêndios com as saídas de recursos proporcionado pelas despesas, evidenciando a execução orçamentária. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 7 Segundo Aliomar Baleeiro, o orçamento público é o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do País, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei. Já de acordo com Giacomoni, de acordo com o modelo de integração entre planejamento e orçamento, o orçamento anual constitui-se em instrumento, de curto prazo, que operacionaliza os programas setoriais e regionais de médio prazo, os quais, por sua vez, cumprem o marco fixado pelos planos nacionais em que estão definidos os grandes objetivos e metas, os projetos estratégicos e as políticas básicas. Atualmente, o orçamento deixou de ser mera peça orçamentária e tornou-se um poderoso instrumento de intervenção na economia e na sociedade. O orçamento tem aspecto político, porque revela ações sociais e regionais na destinação das verbas. Tem também características econômicas, porque manifesta a realidade da economia. É técnico, porque utiliza cálculos de receita e despesa e tem, ainda, aspectos jurídicos, porque atende às normas da Constituição Federal e de leis infraconstitucionais. 1.2 NATUREZA JURÍDICA A Lei Orçamentária Anual é uma lei formal ou material? Não há consenso entre os doutrinadores com relação à natureza jurídica do orçamento. Segundo Paludo (2018), a o orçamento é uma lei no que se refere ao aspecto formal, visto que passa por todo o processo legislativo (discussão, votação, aprovação, publicação), mas não o é em sentido material. Esse posicionamento é coerente com a maioria dos autores e com o entendimento do próprio STF, assim resumido: "o orçamento é lei formal que apenas prevê receitas e autoriza gastos, sem criar direitos subjetivos e sem modificar as leis tributárias e financeiras". No estudo dos ramos do Direito, o Direito Financeiro pertence ao Direito Público, sendo um ramo cientificamente autônomo em relação aos demais ramos. A própria Constituição Federal assegura tal autonomia: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II – orçamento; APROFUNDANDO… Cabe fiscalização abstrata de constitucionalidade de normas orçamentárias? De início, sob o fundamento de que as leis orçamentárias se revelam como atos normativos de efeitos meramente concretos, sendo lei apenas em sentido formal, entendia-se serem incabíveis as ações de controle concentrado que impugnavam este tipo de lei. Entendia-se, nesse primeiro momento, que a impugnação de lei orçamentária não representaria, a rigor, o ataque a um ato normativo, mas a um ato político-administrativo concreto de destinação de recursos, que apenas formalmente se reveste como lei. Seria descabido o controle de constitucionalidade, portanto, por não se tratar de ato normativo. Foi o que restou assentado, verbi gratia, no julgamento ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 8 da ADI 1.640, ReI. Min. Sydney Sanches, DJ de 03.04.1998. Uma nova interpretação judicial do texto constitucional, porém, passou a ser amplamente afirmada pelo Tribunal em estágio posterior,superando aquele restritivo entendimento inicial. Um importante marco neste processo foi a ADI 4.048-MC, reI. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe de 21.08.2008, quando se impugnava Medida Provisória que abria crédito extraordinário. Logo, o entendimento que atualmente predomina é o da possibilidade de impugnação, por meio das ações de controle de constitucionalidade abstrato e concentrado, das leis orçamentárias. Embora, ainda hoje, é comum que, nas informações que as autoridades do Executivo prestam nessas ações, seja alegada a impossibilidade de controle judicial da matéria, postulando -se um retomo àquele primeiro entendimento jurisprudencial. Entretanto, tais pedidos têm restado rechaçados. Também em sede da doutrina constitucionalista, tem se defendido amplamente a possibilidade de que leis orçamentárias sejam objeto da fiscalização abstrata de constitucionalidade, quando houver, em suas impugnações, questão constitucional suscitada em abstrato, independentemente de seu caráter geral e abstrato, ou específico e concreto. O STF, ao julgar a ADI 2925, em 2003, mudou o seu posicionamento acerca da possibilidade de controle de constitucionalidade de leis orçamentárias. Até então o posicionamento era pela impossibilidade devido a natureza de lei formal destas normas. Contudo, na ADI 2925, vislumbrou-se a existência de NORMAS ABSTRATAS inseridas na lei orçamentária de 2003, o que abriu, assim, espaço para controle de constitucionalidade. A ementa: "PROCESSO OBJETIVO - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ORÇAMENTÁRIA. Mostra-se adequado o controle concentrado de constitucionalidade quando a lei orçamentária revela contornos abstratos e autônomos, em abandono ao campo da eficácia concreta. LEI ORÇAMENTÁRIA - CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO - IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PETRÓLEO E DERIVADOS, GÁS NATURAL E DERIVADOS E ÁLCOOL COMBUSTÍVEL - CIDE - DESTINAÇÃO - ARTIGO 177, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. É inconstitucional interpretação da Lei Orçamentária nº 10.640, de 14 de janeiro de 2003, que implique abertura de crédito suplementar em rubrica estranha à destinação do que arrecadado a partir do disposto no § 4º do artigo 177 da Constituição Federal, ante a natureza exaustiva das alíneas "a", "b" e "c" do inciso II do citado parágrafo." Registre-se que, atualmente, o STF admite o controle de constitucionalidade de lei, independemente de ser apenas lei em sentido formal - ADI 4048 e ADI 4049. (VER TAMBÉM A ADI 5449-MC DE 10.03.2016). Conforme Teori Zavascki, “leis orçamentárias que materializem atos de aplicação primária da Constituição Federal podem ser submetidas a controle de constitucionalidade em processos objetivos.” Segundo a decisão da ministra Rosa Weber nos dois mandados de segurança, o Executivo somente está autorizado a promover ajustes nas propostas enviadas pelos demais poderes quando as despesas estiverem em desacordo com os limites estipulados pela lei de diretrizes orçamentárias. Inexistindo incompatibilidade, não há amparo no ordenamento jurídico para a sua alteração, ainda que sob o pretexto de promover o equilíbrio orçamentário ou obtenção de superávit primário. Ainda segundo a ministra, concluída a fase de apreciação legislativa e submetido o projeto de lei orçamentária anual à Presidência da República há possibilidade de veto total ou parcial. Em suma, o Executivo somente está autorizado a promover ajustes nas propostas enviadas pelos demais poderes quando as despesas estiverem em desacordo com os limites estipulados pela lei de diretrizes orçamentárias. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 9 1.3 ORÇAMENTO AUTORIZATIVO X IMPOSITIVO No Brasil, o Orçamento Público tem caráter autorizativo, e não impositivo. Quando o orçamento anual é aprovado, transformando-se na Lei Orçamentária Anual (LOA), apenas contém a autorização do Poder Legislativo para que, no decorrer do exercício financeiro, o gestor público verifique a real necessidade e utilidade de realização da despesa autorizada, e, sendo ela necessária, proceda a sua execução. Portanto, ele não é obrigatório, visto que compete ao gestor público analisar a conveniência e oportunidade de realização da despesa autorizada pela LOA. Com relação às despesas obrigatórias estabelecidas pela Constituição ou mediante lei, no entanto, não há falar em caráter autorizativo do orçamento. Para essas, o caráter será sempre obrigatório, e, portanto, impositivo. Mas com relação às despesas não obrigatórias, a sua execução insere-se na discricionariedade do gestor. No geral, mesmo depois da EC-86/2015 (execução obrigatória de 1,2% da RCL), o orçamento público brasileiro ainda é considerado autorizativo. 1.4 ORÇAMENTO EXECUTIVO X LEGISLATIVO X MISTO ORÇAMENTO LEGISLATIVO a elaboração, a votação e o controle do orçamento são competências do Poder Legislativo. Normalmente ocorre em países parlamentaristas. Ao Executivo cabe apenas a execução. Exemplo: Constituição Federal de 1891 ORÇAMENTO EXECUTIVO a elaboração, a votação, o controle e a execução são competências do Poder Executivo. É típico de regimes autoritários. Exemplo: Constituição Federal de 1937 ORÇAMENTO MISTO a elaboração e a execução são de competência do Executivo, cabendo ao Legislativo a votação e o controle. Exemplo: a atual Constituição Federal de 1988 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 10 1.5 FUNÇÕES DO ORÇAMENTO PÚBLICO Por meio do Orçamento Público e das funções orçamentárias o Governo intervém na economia para conseguir estabilidade, crescimento e correção das falhas de mercado. As três funções orçamentárias clássicas apontadas pelos autores (PALUDO, 2018) são: 1) FUNÇÃO ALOCATIVA 2) FUNÇÃO DISTRIBUTIVA 3) FUNÇÃO ESTABILIZADORA A função alocativa está ligada à alocação de recursos por parte do Governo, que oferece bens e serviços públicos puros (ex.: rodovias, segurança, justiça), os quais não seriam oferecidos pelo mercado, ou o seriam em condições ineficientes. Oferece também bens meritórios ou semipúblicos (ex.: educação e saúde). E ainda cria condições para que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores, corrige imperfeições no sistema de mercado (como oligopólios) e corrige os efeitos negativos relacionados a ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 11 externalidades. Esta função diz respeito a promover ajustamentos na alocação de recursos e se justifica quando o funcionamento do mecanismo de mercado (sistema de ação privada) não garante a necessária eficiência na utilização desses recursos. Portanto, a utilização desse instrumento de atuação se efetiva em situações de falha de mercado,como, por exemplo, na presença de externalidades ou de bens públicos. A função alocativa é motivada quando não há oferta eficiente de infra-estrutura econômica ou provisão de bens públicos e bens meritórios por parte do setor privado. Os investimentos na infra- estrutura econômica, tais como energia, transportes e comunicações, impulsionam o desenvolvimento regional e nacional, e os altos investimentos necessários, aliados ao longo período para obtenção de retorno do investimento,desestimulam a iniciativa do setor privado nesses setores. Já a demanda por bens públicos e bens meritórios possui características peculiares que tornam inviável seu fornecimento pelo sistema de mercado. Os bens meritórios são bens que, apesar de possuírem natureza de bem privado, predomina a sua característica de possuírem utilidade social, justificando assim sua provisão (financiamento) pelo Governo. É o caso dos subsídios ao trigo e ao leite, serviços de saúde e educação, etc. A função distributiva objetiva promover ajustamentos(correções)na distribuição de renda devido às falhas de mercado(desigualdades sociais, monopólios empresariais, etc.), inerentes ao sistema econômico capitalista. É uma função que busca tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, por meio da tributação e de transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população etc. (ex.: Fome Zero, Bolsa Família, destinação de recursos para o SUS, que é utilizado por indivíduos de menor renda). Assim, o governo tributa e arrecada de quem pode pagar e os distribui (ou redistribui) a quem tem pouco ou nada tem,através de programas sociais. Ao oferecer ensino público e gratuito a amplos setores da população (por exemplo) — ação estatal que promove um ajuste na oferta de bens e serviços à sociedade, permitindo, entre outros benefícios, o acesso à educação para os setores mais carentes da sociedade —, o Estado brasileiro promove um ajustamento na distribuição de renda, atendendo à função distributiva. Em relação à política distributiva dos governos, é a política que busca equidade da economia pública. A função estabilizadora trata da aplicação das diversas políticas econômico- financeiras a fim de ajustar o nível geral de preços, melhorar o nível de emprego, estabilizar a moeda e promover o crescimento econômico, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limitação etc.). É uma função associada à manutenção da estabilidade econômica, justificada como meio de atenuar o impacto social e econômico na presença de inflação ou depressão. Portanto,seu emprego gera estabilidade dos níveis de preço (combate às pressões inflacionárias), diminui os potenciais efeitos da depressão e mantém o nível de emprego (combate ao desemprego). A função estabilizadora adquiriu especial importância como instrumento de combate à depressão dos anos 30 e a partir daí esteve sempre em cena contra pressões inflacionárias e contra o desemprego, fenômenos estes recorrentes nas economias capitalistas do pós-guerra. Em qualquer economia, os níveis de preços e de emprego resultam dos níveis da demanda agregada, isto é, da disposição de gastar dos consumidores, das famílias, dos capitalistas, enfim, de qualquer tipo de comprador. Se a demanda for superior à capacidade nominal (potencial) da produção, os preços tenderão a subir; se for inferior, haverá desemprego. O mecanismo básico da política de estabilização é, portanto, a ação estatal sobre a demanda agregada, aumentando-a ou reduzindo-a conforme as necessidades. Assim, o orçamento público atua fortemente na estabilização econômica. Por exemplo, as compras do governo produzem grande impacto sobre a demanda agregada, assim como o poder de consumo da grande massa de funcionários públicos. Já as mudanças nas alíquotas tributárias ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 12 produzem reflexos na quantidade de recursos disponíveis junto ao setor privado. Logo, ajustando os níveis de demanda agregada e de recursos, o governo promove a política de estabilização. A L O C A T IV A Está ligada à alocação de recursos por parte do Governo, que oferece bens e serviços públicos puros (ex.: rodovias, segurança, justiça), os quais não seriam oferecidos pelo mercado, ou o seriam em condições ineficientes. Oferece também bens meritórios ou semipúblicos (ex.: educação e saúde). E ainda cria condições para que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores. Além disso, esta função diz respeito a promover ajustamentos na alocação de recursos e se justifica quando o funcionamento do mecanismo de mercado (sistema de ação privada) não garante a necessária eficiência na utilização desses recursos. D IS T R IB U T IV A Objetiva promover ajustamentos na distribuição de renda devido às falhas de mercado (desigualdades sociais, monopólios empresariais, etc.). É uma função que busca tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, por meio da tributação e de transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população etc. E S T A B IL IZ A D O R A Trata da aplicação das diversas políticas econômico-financeiras a fim de ajustar o nível geral de preços, melhorar o nível de emprego, estabilizar a moeda e promover o crescimento econômico, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limitação etc.). É uma função associada à manutenção da estabilidade econômica, justificada como meio de atenuar o impacto social e econômico na presença de inflação ou depressão. 2. TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS / TIPOS DE ORÇAMENTO O conceito tradicional/clássico de orçamento destaca a lei orçamentária como a lei que abrange a previsão da receita e a fixação de despesa para determinado período de tempo. Nesse conceito, não há preocupação com o planejamento, com a intervenção na economia ou com as necessidades da população - o orçamento é apenas um ato que aprova previamente as receitas e despesas públicas. Numa visão moderna, o orçamento é um programa de governo proposto pelo Executivo à aprovação do Legislativo. É um plano político de ação governamental para o exercício seguinte. É um espaço de debate e decisão em que os atores envolvidos revelam seu poder, suas preferências, definem as realizações pretendidas e reservam os recursos para a execução. 2.1 ORÇAMENTO TRADICIONAL/CLÁSSICO O Orçamento Tradicional era um documento de previsão de receitas e autorização de despesas com ênfase no gasto, no que se comprava. É um processo orçamentário em que apenas uma dimensão do orçamento é explicitada, qual seja, o objeto de gasto e dá ênfase aos aspectos contábeis de gestão. Esse orçamento refletia apenas os meios que o Estado dispunha para executar suas tarefas. Sua finalidade era ser um instrumento de controle político do Legislativo sobre o Executivo, sem preocupação com o planejamento, com a intervenção na economia ou com as necessidades da população. Também conhecido por “ORÇAMENTO POR OBJETO (EUA)”. O Legislativo queria saber apenas quanto o Executivo pretendia arrecadar e quanto seria gasto, e não se questionavam objetivos e metas do Governo. Percebe- se que o aspecto jurídico do orçamento eramais valorizado que o aspecto econômico. O critério utilizado para a classificação dos gastos era a Unidade Administrativa (classificação ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 13 institucional) e o elemento de despesa (objeto do gasto), e as projeções eram feitas em função dos orçamentos executados nos anos anteriores, recaindo nas mesmas falhas e na perpetuação dos erros. O professor James Giacomoni (2013) ensina que, no Orçamento Tradicional, "o aspecto econômico tinha posição secundária e as finanças públicas caracterizavam-se por sua 'neutralidade', pois o equilíbrio financeiro impunha-se naturalmente e o volume dos gastos públicos não chegava a pesar significativamente em termos econômicos". “Foi baseado no Orçamento Tradicional que surgiu o rótulo de “lei de meios”, haja vista que o orçamento era classificado como um inventário dos meios” com os quais o Estado contava para levar a cabo suas tarefas- sem preocupação com os fins (resultados). 2.2 ORÇAMENTO DE DESEMPENHO/ FUNCIONAL/ DE REALIZAÇÕES O Orçamento de Desempenho representou uma evolução do Orçamento Tradicional; buscava saber o que o Governo fazia (ações orçamentárias) e não apenas o que comprava (elemento de despesa). Havia também forte preocupação com os custos dos programas. A ênfase era no desempenho organizacional, e avaliavam-se os resultados (em termos de eficácia, não de efetividade). Procurava- se medir o desempenho por meio do resultado obtido, tornando o orçamento um instrumento de gerenciamento para a Administração Pública. Era um processo orçamentário que se caracterizava por apresentar duas dimensões do orçamento: o objeto do gasto e um programa de trabalho, contendo as ações a serem desenvolvidas. Ainda não havia, no entanto, a estreita vinculação com o planejamento, e o critério de classificação foi alterado para incorporar o programa de trabalho e a classificação por funções. Segundo os ensinamentos de James Giacomoni (2017), um orçamento de desempenho é aquele que apresenta os propósitos e objetivos para os quais os créditos se fazem necessários, os custos dos programas propostos para atingir àqueles objetivos e dados quantitativos que meçam as realizações e o trabalho levado a efeito de cada programa.Sendo assim, a peça central do orçamento de desempenho é uma estrutura de programa que faça sentido para as operações do governo, isto é, que enfatiza as coisas que o governo faz, no lugar das coisas que o governo compra. O Orçamento de desempenho muda a ênfase dos meios necessários à realização para a realização em si. O orçamento de desempenho, embora já ligado aos objetivos, não pode, ainda, ser considerado um orçamento-programa, visto que lhe falta uma característica essencial: a vinculação a um sistema de planejamento. 2.3 NOVO ORÇAMENTO DE DESEMPENHO Essa técnica não está expressa no edital, mas recentemente algumas bancas já cobraram, por isso resolvi incluir nesse capítulo, até mesmo por conta de que acabamos de estudar o orçamento desempenho. Esse tópico já foi cobrado pela banca CESPE em 2010 (pasmem)! É um assunto novo na doutrina e pode ser a queridinha das próximas provas da banca. Os sistemas de determinação de custos são considerados como um dos componentes básicos no novo orçamento de desempenho. Assim, com a adoção da estrutura programática, é necessário conhecer os custos e associá-los aos produtos e aos benefícios. Jack Diamond chama atenção para um estágio entre o antigo e o novo orçamento desempenho: o orçamento por produto. Este é caracterizado pelos seguintes elementos: agregação de todos os custos necessários à consecução de determinado produtos calcular custos totais, inclusive com a apropriação de custos fixos definir produtos em termos de indicadores mensuráveis comparar metas programadas com a produção real de modo a avaliar a eficiência e efetividade ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 14 Fica claro, a partir dessa descrição, que a evolução dessa abordagem de programa mantém os mesmos fundamentos, mas adiciona alguns elementos. Assim, o orçamento por produto adicionaria a mensuração dos produtos e do desempenho das atividades, de modo a possibilitar que sejam relacionados aos seus custos e objetivos operacionais. Por sua vez, o “novo”orçamento de desempenho adicionaria a isso o uso dos dados resultantes para estabelecer padrões e normas, de modo que os custos e o desempenho possam ser avaliados e os recursos governamentais usados de maneira mais eficiente/eficaz, por meio de sistema de incentivos que reforce a responsabilização. Para todas as abordagens, a base do orçamento de desempenho é uma estrutura de programa que faça sentido. Segundo Giacomoni, no início da década de 90, o ambiente favorável a mudanças nas práticas governamentais levou o presidente Clinton (EUA) a organizarem uma força de trabalho interagências denominada Revisão do Desempenho Nacional (National Performance Review – NPR). No Segundo mandato, o movimento foi alterado para Parceria Nacional para Reinvenção do Governo (National Partnership for Reinventing Government – NPR). Além disso, o Congresso norte-americano aprovou a Lei de Desempenhos e Resultados do Governo (Government Performance and Results Act – GPRA). O GPRA determina a elaboração de planos estratégicos plurianuais por parte de cada agência governamental e de planos atuais de desempenho do governo como um todo e de cada agência, bem como de orçamentos e relatórios anuais de desempenho. O GPRA estabelece que, durante um período, tanto os planos estratégicos, quanto os planos e orçamentos anuais de desempenho fossem experimentados antes (projeto piloto) para posterior avaliação quanto a possíveis alternativas e projeções de rumo. Dessa forma, a exigência de metas e medidas de desempenho para todos os programas de governo significava uma profunda reforma no funcionalismo público. Desenhado com vistas a medir e avaliar o desempenho, frequentemente, de programas específicos, o GPRA acabava por produzir informações genéricas e informais e, em qualquer caso, não utilizadas amplamente como orientação nas decisões orçamentárias. Assim, em 2002, o Escritório de Administração e Orçamento (Office of Management and Budget – OMB) concebeu o Instrumento de Classificação para a Avaliação de Programas (Program Assessment Rating Tool – PART) como iniciativa central do governo Bush visando à integração entre o orçamento e o desempenho, de maneira a garantir que os dólares federais produzissem os melhores resultados. O mecanismo PART consistia na utilização de um questionário-padrão cobrindo temas centrais de gestão e desempenho dos programas. No âmbito da análise comparada, muitos estudiosos do assunto difundem que tanto o PART (EUA) como o PPA brasileiro são ideias inovadoras, mesmo que os modelos de avaliação ainda tenham uma dificuldade de mudar o foco em controle para o foco nos resultados. Ainda Segundo Giacomoni, o PART seria um instrumento mais consolidado e eficaz que o PPA. Chega de historinha e vamos ao que nos interessa para as provas de concursos públicos. No novoorçamento de desempenho há três componentes básicos: estrutura de programa sistema de mensuração de desempenho sistema de determinação de custos Os sistemas de determinação de custos são considerados como um dos componentes básicos no novo orçamento de desempenho. Assim, com a adoção da estrutura programática, é necessário conhecer os custos e associá-los aos produtos e aos benefícios. De acordo com Jack Diamond, na estruturação de cada programa devem ser considerados os seguintes elementos: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 15 quadro estratégico amplo apoio à tomada de decisão política e à priorização assegurar a responsabilização gestão orçamentária comprometida com o desempenho Ainda segundo o mesmo autor, o desempenho pode ser tratado em três sistemas orçamentários: tradicional, por produto (output) e por resultados (outcome). No orçamento tradicional, o foco da avaliação de desempenho era no controle, isto é, respeito às normas e à legislação e foco na eficiência. Já no orçamento programa ou no orçamento por produto, mede-se o desempenho do ponto de vista da eficiência econômica, através da relação insumo/produto. Já no orçamento com foco nos resultados, o orçamento considera os impactos (efetividade) que os produtos têm frente às necessidades sociais, à resolução de problemas e ao desenvolvimento econômico e social. O novo orçamento de desempenho diferencia-se das demais técnicas tratadas anteriormente por incluir uma nova categoria de objetivos: os resultados (outcomes). Assim como no orçamento programa, a efetiva implantação dessa nova técnica exige a mensuração dos custos de cada programa e de suas partes: projetos, atividades, etc. Uma característica essencial da nova abordagem do orçamento de desempenho é o reconhecimento de que, se o desempenho é o que importa,os objetivos do sistema de gestão do orçamento devem ser integrados a uma responsabilização global, de modo que a boa gestão orçamentária seja recompensada e a má gestão seja penalizada. O novo orçamento de desempenho é mais abrangente do que um simples aprimoramento do orçamento por programas. Embora use uma estrutura de programa para introduzir uma orientação no sentido do desempenho,é claro que, para ser eficaz, um formato de orçamento por programas também deve ser integrado a um modelo mais amplo de gestão do orçamento. Veja como já foi cobrado em prova: CESPE 2010 ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA Julgue os itens a seguir, a respeito dos diversos tipos de orçamento e dos princípios orçamentários. Os sistemas de determinação de custos são considerados como um dos componentes básicos no novo orçamento de desempenho. Assim, com a adoção da estrutura programática, é necessário conhecer os custos e associá-los aos produtos e aos benefícios. CERTO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 16 O caminho para o novo orçamento de desempenho foi o seguinte: ELEMENTOS DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO (PPBS) identificação e exame das metas e objetivos em cada grande área de atividade do governo análise objetiva do produto de dado programa mensuração do custo total do programa não apenas no ano corrente, mas ao longo de vários anos seguintes formulação de programas de gastos plurianuais análise das alternativas para encontrar o meio mais eficiente e eficaz de atingir os objetivos do programa estabelecimento desses procedimentos como parte sistemática do processo de revisão do orçamento elementos do orçamento por programas agrupar unidades organizacionais em funções e subfunções comuns identificar custos de uma função e subfunção dados esses custos, decidir qual deve ser o produto da unidade ELEMENTOS DO ORÇAMENTO POR PRODUTO agrupar todos os custos para gerar determinado produto, independentemente do número de agências envolvidas em sua produção enfatizar os custos totais, incluindo a apropriação de custos fixos definir produtos em termos de indicadores mensuráveis e avaliar a qualidade dos bens e serviços produzidos de forma similar à que acontece no setor privado comparar com a produção real para avaliar a eficiência e a efetividade ELEMENTOS DO NOVO ORÇAMENTO DE DESEMPENHO contém todos os elementos do orçamento por produto incorpora medidas explícitas de desempenho e sistemas de avaliação de resultados também inclui responsabilização dos níveis mais altos com recompensas e sanções associadas 2.4 ORÇAMENTO PROGRAMA Esse orçamento foi determinado pela Lei nº 4.320/1964, reforçado pelo Decreto-lei nº200/1967, e teve a primeira classificação funcional-programática em 1974, mas foi apenas com a edição do Decreto nº 2.829/1998 e com o primeiro PPA 2000-2003 que se tornou realidade. O Orçamento Programa, conjunto de conceitos e disposições técnicas sistematizado originalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU), é o atual e mais moderno Orçamento Público. Segundo James Giacomoni (2017), a concepção básica desse sistema foi extraída da experiência federal americana obtida com a implantação do Orçamento de Desempenho (performance budget), sistema experimentado inicialmente durante a Segunda Guerra Mundial. Está intimamente ligado ao planejamento, e representa o maior nível de classificação das ações governamentais: ele expressa o compromisso e as ações do governo para a sociedade, pois indica com clareza os objetivos da nação. O Orçamento Programa é um plano de trabalho que integra – numa concepção gerencial - planejamento e orçamento com objetivos e metas a alcançar. A ênfase do orçamento-programa é nas realizações, e a avaliação de resultados abrange a eficácia (alcance das metas) e a efetividade (análise do impacto final das ações). É a única técnica que integra planejamento e orçamento e, como o planejamento começa pela definição de objetivos, não há Orçamento Programa sem definição clara de objetivos. Essa integração é feita através dos "programas", que são os ''elos de união" entre planejamento e orçamento. Levem para a prova que, atualmente diz-se que o Orçamento Programa é o elo entre planejamento, orçamento e gestão, portanto, no Orçamento ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 17 Programa a ênfase é no que se realiza (nas realizações)e não no que se gasta. Dessa forma, a modalidade orçamentária atualmente em uso pelos entes públicos brasileiros é uma evolução do orçamento de desempenho. Atente ao fato de que o modelo de Orçamento Programa decorrente daqueles esforços iniciais não deve ser confundido com outro que veremos adiante nos próximos tópicos (PPBS). Este último foi implantado em 1965 ao restante da administração federal civilsob o rótulo de Planning Programning Budgeting System – PPBS. Ao longo do tempo o Orçamento Programa foi incorporando diversos conceitos e técnicas, inclusive práticas do próprio PPBS. Em estudo destinado a tornar mais rigorosa a prática do Orçamento Programa, seus autores concluem que a prática formal da técnica por programas na América Latina, pouco a pouco, está perdendo seus propósitos e, sob a forma programática, está cada vez mais se aproximando, em muitos casos, do Orçamento Tradicional. Mas isto é uma crítica doutrinária, povo! Levem o que há de melhor sobre o Orçamento programa, pois as bancas ainda não chegaram neste nível de cobranças. Os elementos essenciais do Orçamento Programa são: OBJETIVOS E PROPÓSITOS perseguidos pela instituição e para cuja execução são utilizados os recursos orçamentários PROGRAMAS instrumento de integração dos esforços governamentais com o intuito de concretizar os objetivos OS CUSTOS DOS PROGRAMAS meios e insumos necessários para a obtenção dos resultados MEDIDAS DE DESEMPENHO medir as realizações (produto final) e os esforços despendidos na execução dos programas Ainda conforme James Giacomoni (2017), são características do Orçamento Programa: o orçamento é o elo entre o planejamento e o orçamento a alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas as decisões orçamentárias são tomadas com base em avaliações e análises técnicas de alternativas possíveis na elaboração do orçamento são considerados todos os custos dos programas, inclusive os que extrapolam o exercício a estrutura do orçamento está voltada para os aspectos administrativos e de planejamento o principal critério de classificação é o funcional- programático utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do trabalho e de resultados o controle visa avaliar a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações governamentais Os programas são organizados no PPA, após a etapa de elaboração da "Dimensão Estratégica'' que define diretrizes, objetivos e metas. No orçamento anual poderá haver revisão da estrutura programática no âmbito de programas e ações, desde que seja autorizado pelo Poder Executivo a revisão do PPA.O PPA 2016-2019 manteve apenas dois programas, mas alterou suas nomenclaturas e conceitos: • PROGRAMAS TEMÁTICOS: retratam no Plano Plurianual a agenda de Governo organizada pelos Ternas das Políticas Públicas e orientam a ação governamental. Sua abrangência deve ser a necessária para representar os desafios e organizar a gestão, o monitoramento, a avaliação, as transversalidades, as multissetorialidades e a territorialidade. O Programa Temático se desdobra em objetivos e iniciativas. • ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 18 • PROGRAMAS DE GESTÃO, MANUTENÇÃO E SERVIÇOS AO ESTADO: são instrumentos do Plano que classificam um conjunto de ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção da atuação governamental, bem como as ações não tratadas nos Programas Temáticos por meio de suas iniciativas. A Lei do PPA 2016-2019 foi elaborada como um instrumento mais estratégico, no qual seja possível ver com clareza as principais diretrizes de governo e a relação destas com os Objetivos a serem alcançados nos Programas Temáticos.Com base nessas diretrizes, o PPA 2016-2019 contempla os Programas Temáticos e os de Programas de Gestão,Manutenção e Serviços ao Estado: PROGRAMA TEMÁTICO: aquele que expressa e orienta a ação governamental para a entrega de bens e serviços à sociedade; PROGRAMA DE GESTÃO, MANUTENÇÃO E SERVIÇOS AO ESTADO: aquele que expressa e orienta as ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção da atuação governamental. Vejamos as principais diferenças entre o Orçamento Programa e o Orçamento Tradicional, segundo Giacomoni (2017): ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 19 Certo, professor, por enquanto, somente coisas boas. Há alguma limitação ou desvantagem em relação ao Orçamento – Programa? A riqueza conceitual do novo modelo de orçamento é seu ponto forte, mas, ao mesmo tempo, um fator limitador, pois implicava vencer, além da natural resistência às mudanças, típicas na Administração pública, as concepções de uma área cheia de tradições e costumes. Além disso, havia outra complicação: a adoção de padrões de medição de trabalho, especialmente no que diz respeito à definição de produtos finais no Poder público. Outro empecilho é que grande parte das atividades do Estado são intangíveis, cujos resultados não se prestam a medições.Os objetivos do orçamento programa, segundo Giacomoni, podem ser divididos conforme esquema abaixo: FINAIS OU BÁSICOS fins de toda ação governamental, que servem de orientação para as políticas públicas. Geralmente suas definições são feitas de forma qualitativa DERIVADOS propósitos específicos do governo, representados quantitativamente e cuja consecução concorre para o alcance dos objetivos finais. São estes que orientam a construção dos planos, bem como a elaboração do orçamento programa. A análise dos programas é uma das mais importantes contribuições do PPBS ao Orçamento Programa. Um programa é caracterizado por três aspectos: representa o nível máximo de classificação do trabalho a cargo das unidades administrativas superiores do governo (ministérios, órgãos, fundações, autarquias, etc.) traduzido por um produto final à sociedade representa os objetivos para os quais a unidade foi criada Vejamos um exemplo prático, na própria LOA. Usarei como exemplo a LOA 2018, aqui do estado da Bahia. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 20 O orçamento por programas é o oposto do orçamento tradicional, este último caracterizado por supostas deficiências de foco no curto prazo, por sua natureza incremental, pela ênfase nos insumos em vez de nos produtos do programa e por seu excessivo nível de detalhe que encobre meios alternativos de alcance dos mesmos objetivos (BABUNAKIS, 1976). O orçamento-programa deve evidenciar resultados, ou seja, a eficácia do que foi planejado (objetivos e as metas fixadas). Isso subsidiará a elaboração da LDO de cada exercício, pois, se algum programa não se revelar viável ou necessitar de ajustes, é com base nesse indicador, aliado à eficiência e à efetividade, que se fará a alocação de recursos e se evitará o desperdício. Logo, leve isto para as provas: a eficiência mede se os meios (insumos, custo/benefício/melhor aproveitamento dos recursos) para obtenção dos fins (outputs/resultados). Já a eficácia avalia se os fins (outputs/resultados) foram obtidos como previsto inicialmente na programação orçamentária. Vejacomo isto já foi cobrado em prova CESPE: CESPE 2015 STJ – AJAA A medição dos resultados da ação governamental é um elemento-chave do orçamento-programa. Nos níveis intermediários da administração, a mensuração é feita com base nos resultados dos programas, mediante o estabelecimento de metas ou produtos, o que constitui uma medida da eficiência da organização. GABARITO: ERRADO (eficácia) São vantagens do orçamento - programa: Melhor planejamento de trabalho Maior precisão na elaboração dos orçamentos Maior determinação das responsabilidades Maior oportunidade para a relação dos custos Maior compreensão do conteúdo orçamentário por parte do Executivo, do Legislativo e da população em geral Facilidade para identificação de duplicação de funções Melhor controle da execução do programa Identificação dos gastos e realizações por programa e sua comparação em termos absolutos e relativos Apresentação dos objetivos e dos resultados da instituição e do interrelacionamento entre custos e programas Ênfase no que a instituição realiza e não no que ela gasta 2.5 ORÇAMENTO BASE-ZERO (OBZ) OU POR ESTRATÉGIA Essa técnica não é um método de organizar ou apresentar o orçamento público. Segundo Giacomoni, o OBZ volta-se, antes de tudo, para a avaliação e a tomada de decisão a respeito das despesas públicas. O Orçamento Base-Zero surgiu no Texas, Estados Unidos, na década de 1970, e nele não há direito adquirido no orçamento. Cada despesa é tratada como uma nova iniciativa de despesa, e a cada ano é necessário provar as necessidades de orçamento, competindo com outras prioridades e projetos. Inicia-se todo ano, partindo do "zero" - daí o nome Orçamento Base-Zero. Memorizem que no orçamento Base Zero toda despesa é considerada uma despesa nova, independentemente de tratar-se de despesa continuada oriunda de período passado ou de uma despesa inédita/nova. O Orçamento Base-Zero exige que o administrador justifique, a cada ano, todas as dotações solicitadas em seu orçamento, incluindo alternativas, análise de custo, finalidade, medidas de desempenho, e as consequências da não aprovação do orçamento. A ênfase é na eficiência, e não se preocupa com as classificações orçamentárias, mas com o porquê de se realizar ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 21 determinada despesa. O Orçamento Base-Zero surgiu para combater o aumento dos gastos e a ineficiência na utilização/alocação dos recursos. Sua filosofia é romper com o passado: ele deixa de lado os dados históricos de receitas e despesas e exige nova análise e justificativa para os gastos, de forma a não perpetuar erros históricos. O Orçamento Base-Zero proporciona informações detalhadas quanto aos recursos necessários para atingir os fins desejados, além de identificar os gastos excessivos e as duplicidades: permite selecionar as melhores alternativas, estabelece uma hierarquia de prioridades, reduzir despesas e aumentara eficiência na alocação dos recursos. No entanto, sua elaboração é trabalhosa, demorada e mais cara, além de desprezar a experiência acumulada pela organização (DESVANTAGEM). Exige maior comprometimento do gestor e proporciona mais chances de atingir objetivos e metas - visto que seleciona as melhores alternativas e equilibra as realizações pretendidas com os recursos disponíveis e exige que o administrador justifique, a cada ano, todas as dotações solicitadas em seu orçamento, incluindo alternativas, análise de custo, finalidade, medidas de desempenho, e as consequências da não aprovação do orçamento. Essas alternativas agrupam um conjunto de gastos denominados "pacotes de decisão", relacionados em ordem de prioridade, de forma a facilitar a tomada de decisão. Nesses pacotes de decisão, há diversas informações úteis, como finalidades, custos e benefícios, carga de trabalho e medidas de desempenho, maneiras alternativas de alcançar as finalidades, etc. Isto é, pacotes de decisão são alternativas que contêm custos, benefícios e metas. Cada pacote deve ter seu dono/gestor, que deverá justificar, executar e se responsabilizar pelos resultados, sem extrapolar os custos autorizados. Pacotes de decisão são criados para facilitar a análise das alternativas e a tomada de decisão pela autoridade superior. São criados diversos pacotes de decisão, que devem conter: objetivos/metas, custos, medidas de avaliação, alternativas, análise custo-benefício. De acordo com Wildavsky, em nenhum lugar, o verdadeiro orçamento base-zero foi praticado. Mas são entendimentos doutrinários e a maioria da doutrina ainda considera que essa técnica foi aplicada sim nos EUA. Foi lá, EUA, que inclusive, o orçamento base-zero recebeu outras denominações, como orçamento base-meta, orçamento base-equilibrada e orçamento decremental. O orçamento base-zero facilita o processo de revisão da decisão a respeito da alocação dos recursos públicos, sendo, por essa razão, adequado às situações em que as despesas públicas são limitadas por um teto de gastos. Esse tipo de orçamento é incompatível com qualquer planejamento de médio ou longo prazos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 22 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 23 T É C N IC A S O R Ç A M E N T Á R IA S / T IP O S D E O R Ç A M E N T O T R A D IC IO N A L O U C L Á S S IC O Era um documento de previsão de receitas e autorização de despesas com ênfase no gasto, o objeto de gasto. Sua finalidade era ser um instrumento de controle político do Legislativo sobre o Executivo, sem preocupação com o planejamento. O critério utilizado para a classificação dos gastos era a Unidade Administrativa (classificação institucional) e o elemento de despesa (objeto do gasto). O R Ç A M E N T O B A S E - Z E R O O U P O R E S T R A T É G IA Cada despesa é tratada como uma nova iniciativa de despesa, e a cada ano é necessário provar as necessidades de orçamento, competindo com outras prioridades e projetos. Inicia-se todo ano, partindo do "zero" - daí o nome Orçamento Base-Zero. Memorizem que no orçamento Base Zero toda despesa é considerada uma despesa nova, independentemente de tratar- se de despesa continuada oriunda de período passado ou de uma despesa inédita/nova. Sua filosofia é romper com o passado, sua elaboração é trabalhosa, demorada e mais cara, além de desprezar a experiência acumulada pela organização (DESVANTAGEM) e é incompatível com qualquer planejamento de médio ou longo prazos. O R Ç A M E N T O D E D E S EM P E N H O / F U N C IO N A L / D E R E A L IZ A Ç Õ E S O Orçamento de Desempenho representou uma evolução do Orçamento Tradicional; buscava saber o que o Governo fazia (ações orçamentárias) e não apenas o que comprava (elemento de despesa). Havia também forte preocupação com os custos dos programas. A ênfase era no desempenho organizacional, e avaliavam-se os resultados (em termos de eficácia, não de efetividade). Procurava- se medir o desempenho por meio do resultado obtido, tornando o orçamento um instrumento de gerenciamento para a Administração Pública. Era um processo orçamentário que se caracterizava por apresentar duas dimensões do orçamento: o objeto do gasto e um programa de trabalho, contendo as ações a serem desenvolvidas. Ainda não havia, no entanto, a estreita vinculação com o planejamento, e o critério de classificação foi alterado para incorporar o programa de trabalho e a classificação por funções. O R Ç A M E N T O P R O G R A M A Esse orçamento foi determinado pela Lei nº 4.320/1964, reforçado pelo Decreto-lei nº 200/1967, e teve a primeira classificação funcional- programática em 1974, mas foi apenas com a edição do Decreto nº 2.829/1998 e com o primeiro PPA 2000-2003 que se tornou realidade. O Orçamento Programa é o atual e mais moderno Orçamento Público. Está intimamente ligado ao planejamento, e representa o maior nível de classificação das ações governamentais. É a única técnica que integra planejamento e orçamento e, como o planejamento começa pela definição de objetivos, não há Orçamento Programa sem definição clara de objetivos. Essa integração é feita através dos "programas", que são os ''elos de união" entre planejamento e orçamento. Levem para a prova que, atualmente diz-se que o Orçamento Programa é o elo entre planejamento, orçamento e gestão, portanto, no Orçamento Programa a ênfase é no que se realiza e não no que se gasta. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 24 O R Ç A M E N T O P A R T IC IP A T IV O Orçamento Participativo é uma técnica orçamentária em que a alocação de alguns recursos contidos no Orçamento Público é decidida com a participação direta da população, ou por meio de grupos organizados da sociedade civil, como a associação de moradores. Até o momento, sua aplicação restringe-se ao âmbito municipal, e, excepcionalmente, estadual. O principal benefício do Orçamento Participativo é a democratização da relação do Estado -sociedade com fortalecimento da democracia. orçamento participativo é uma técnica orçamentária caracterizada pela participação da sociedade, mas não caia na pegadinha de achar que isso se dá em substituição ao poder público, como agente elaborador da proposta orçamentária que é posteriormente enviada ao Poder Legislativo, pois isso está equivocado. Há, na verdade, uma participação popular no processo de elaboração dos orçamentos e não uma substituição à atribuição devida pelo poder público. O R Ç A M E N T O IN C R E M E N T A L O Orçamento Incremental é o orçamento feito por meio de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa. O Orçamento Incremental é aquele que, a partir dos gastos atuais, propõe um aumento percentual para o ano seguinte, considerando apenas o aumento ou diminuição dos gastos, sem análise de alternativas possíveis. É possível identificar algumas características desse tipo de orçamento: as ações não são revisadas anualmente, logo não se compara com alternativas possíveis; é baseado no orçamento do último ano, contendo praticamente os mesmos itens de despesa, com aumentos e diminuições de valores; o incremento de valores ocorre mediante negociação política; é uma técnica rudimentar que foca itens de despesas em vez de objetivos de programas. P P B S Como o orçamento de desempenho ainda era falho, faltando-lhe a vinculação com o planejamento governamental, partiu-se para uma técnica mais elaborada, que foi o orçamento-programa, introduzido nos Estados Unidos da América, no final da década de 50, sob a denominação de PPBS (PLANNING PROGRAMNING BUDGETING SYSTEM). Este orçamento foi introduzido no Brasil através da Lei 4320/64 e do Decreto-Lei 200/67. A concepção fundamental do PPBS consiste na introdução da análise custo/benefício e da análise entre as prioridades conflitantes. O R Ç A M E N T O P O R R E S U L T A D O S ( O p R ) O orçamento por resultados é um método para elaboração, execução e avaliação de programas governamentais com o objetivo de contribuir para que o estado implemente políticas públicas que atendam, a cada dia, mais e melhor, aos interesses e às expectativas dos cidadãos, criando valor público. O orçamento por resultados melhora a aceitação dos governos, reforça a confiança nas instituições públicas estabelecidas e contribui para o desenvolvimento socioeconômico, bem como para a eficiência, a eficácia e a efetividade da gestão pública. O ponto de partida do orçamento por resultados é desenhar e planejar os programas do plano plurianual e dos orçamentos anuais a partir de uma metodologia baseada em resultados. Coloca em destaque os resultados, de interesse da sociedade, que um órgão ou entidade busca atingir por meio de sua atuação, torna explícito o vínculo entre os recursos orçamentários a serem alocados nos programas e esses resultados e utiliza indicadores para acompanhamento dos programas, com vistas a aprimorá-los e a subsidiar o processo orçamentário. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 26 2.6 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO O Orçamento Participativo é uma técnica orçamentária em que a alocação de alguns recursos contidos no Orçamento Público é decidida com a participação direta da população, ou por meio de grupos organizados da sociedade civil, como a associação de moradores. Até o momento, sua aplicação restringe-se ao âmbito municipal, e, excepcionalmente, estadual. É um importante espaço de debate e decisão político- participativa. Nele, a população interessada decide as prioridades de investimentos em obras e serviços a serem realizados, a cada ano, com os recursos do orçamento. Essa técnica orçamentária estimula o exercício da cidadania, o compromisso da população com o bem público, e gera corresponsabilização entre Governo e sociedade sobre a gestão dos recursos públicos. O principal benefício do Orçamento Participativo é a democratização da relação do Estado-sociedade com fortalecimento da democracia. Nesse processo, o cidadão deixa de ser um simples coadjuvante para ser protagonista ativo da gestão pública. O orçamento participativo é uma técnica orçamentária caracterizada pela participação da sociedade, mas não caia na pegadinha de achar que isso se dá em substituição ao poder público, como agente elaborador da proposta orçamentária que é posteriormente enviada ao Poder Legislativo, pois isso está equivocado. Há, na verdade,uma participação popular no processo de elaboração dos orçamentos e não uma substituição à atribuição devida pelo poder público. Por fim, o orçamento participativo convoca os cidadãos a participarem de sua formulação. O orçamento participativo incorpora a população ao processo decisório da elaboração orçamentária, seja por meio de lideranças da sociedade civil, audiências públicas ou por outras formas de consulta direta à sociedade. Trata-se de ouvir de forma direta as comunidades para a definição das ações do governo, para resolução dos problemas por elas considerados prioritários. 2.7 ORÇAMENTO INCREMENTAL Segundo o glossário da STN, Orçamento Incremental é o orçamento feito por meio de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa. O Orçamento Incremental é aquele que, a partir dos gastos atuais, propõe um aumento percentual para o ano seguinte, considerando apenas o aumento ou diminuição dos gastos, sem análise de alternativas possíveis. Quem utiliza essa técnica rudimentar, por meio de negociação política, procura aumentar o orçamento obtido no ano anterior. Compõe-se de elementos como receitas e gastos de anos anteriores, que serão ajustados por algum índice oficial para se chegar aos valores atuais. Pode haver pequenas alterações quanto às metas. Como aspecto positivo, esse orçamento exige pouco tempo e pouco esforço para sua elaboração, pois basta comparar os itens atuais com as informações do exercício anterior. Como aspecto negativo, ele impossibilita a correção de falhas existentes no processo, repetindo, assim, os mesmos erros. É possível identificar algumas características desse tipo de orçamento: as ações não são revisadas anualmente, logo não se compara com alternativas possíveis; é baseado no orçamento do último ano, contendo praticamente os mesmos itens de despesa, com aumentos e diminuições de valores; o incremento de valores ocorre mediante negociação política; é uma técnica rudimentar que foca itens de despesas em vez de objetivos de programas. Analisamos esse orçamento somente no final do item porque não se considera o Orçamento Incremental uma técnica orçamentária – visto que um servidor inexperiente, com pequeno treinamento, poderia elaborar esse tipo de orçamento com a mesma precisão de um profissional experiente. O orçamento incremental apenas atualiza e corrige os valores das receitas e das despesas (variações de preço) em relação ao ano anterior. Orçamento elaborado através de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 27 EXCETO OS ORÇAMENTOS TRADICIONAL E INCREMENTAL, OS DEMAIS SÃO CONSIDERADOS ORÇAMENTOS/TÉCNICAS MODERNOS. 2.8 PLANNING PROGRAMMING BUDGETING SYSTEM (PPBS) O PPBS surgiu cobrindo áreas negligenciadas pelo Orçamento Programa americano. David Novick, seu principal doutrinador, assim o define: “O PPBS se caracteriza pela ênfase nos objetivos, nos programas, nos elementos dos programas, tudo estabelecido em termos de produto.” Segundo Chester Wright, o orçamento programa é um pré-requisito para a implantação do PPBS e, na verdade, nem o orçamento programa pode substituir por completo o orçamento tradicional e nem o PPBS pode substituir o orçamento programa. Isso por quê cada técnica fornece diferentes informações, as quais, entretanto, são altamente interdependentes entre si. Como o orçamento de desempenho ainda era falho, faltando-lhe a vinculação com o planejamento governamental, partiu-se para uma técnica mais elaborada, que foi o orçamento-programa, introduzido nos Estados Unidos da América, no final da década de 50, sob a denominação de PPBS (Planning Programning Budgeting System). Este orçamento foi introduzido no Brasil através da Lei 4320/64 e do Decreto-Lei 200/67. Segundo Paludo (2018), o Planning Programming Budgeting System (PPBS) surgiu nos Estados Unidos no final da década de 1950, e pode ser considerado o embrião do orçamento-programa, haja vista que: visava à integração entre o planejamento e o orçamento, tinha programas físico/financeiramente quantificados, eram definidos objetivos e metas, bem como havia acompanhamento e avaliação de resultados. Como o orçamento de desempenho ainda era falho, faltando-lhe a vinculação com o planejamento governamental, partiu-se para uma técnica mais elaborada, que foi o orçamento-programa, introduzido nos EUA, no final da década de 50, sob a denominação de PPBS (PLANNING PROGRAMNING BUDGETING SYSTEM). Este orçamento foi introduzido no Brasil através da Lei 4320/64 e do Decreto-Lei 200/67. APROFUNDAMENTOS SOBRE O PPBS O processo PPBS – como diz o nome – tinha três fases básicas que ligavam o planejamento ao orçamento por meio de programas. A FASE DE PLANEJAMENTO procurava identificar objetivos presentes e futuros, para avaliar diferentes possíveis maneiras de atingir tais objetivos. A FASE DE PROGRAMAÇÃO, então, tomava as propostas da fase de planejamento e as integrava a programas organizados por uma hierarquia de prioridades que estaria sujeita à tomada de decisão em vários níveis da hierarquia política. A TERCEIRA FASE, A FASE DA ORÇAMENTAÇÃO, era a tradução de cada programa plurianual em um conjunto de ações anuais específicas, por meio da determinação de quem faz o quê e da designação dos recursos necessários.Contudo a aplicação do orçamento por programas e do orçamento de desempenho persistiu nos Estados Unidos no governo federal.Essa última era uma fase difícil do processo. Uma vez que a estrutura administrativa do orçamento poderia ser diferente da estrutura do programa, era difícil distribuir os recursos entre os programas. E ainda, o processo orçamentário federal nos Estados Unidos era regulado por um complexo conjunto de leis que havia evoluído ao longo do tempo e governava não apenas a estrutura orçamentária, mas os meios de apresentação,aprovação e execução orçamentária. Em 1971, o sistema estava em grande parte abandonado. Em parte, o sistema era vítima de sua própria ambição. Conforme Axelrod, “[...] muitos dos problemas do PPBS no governo federal advinham de sua introdução simultânea nas diretorias em agências que não estavam preparadas para sua implementação”.Nos Estados Unidos, depois do sistema ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE CAPÍTULO 1 (ORÇAMENTO PÚBLICO) PROF. LEANDRO RAVYELLE 28 PPBS, houve iniciativas breves,tais como Administração por objetivos e orçamento base- zero, que tiveram impacto limitado e foram empurradas pelo Poder Executivo com pouco ou nenhum envolvimento do Congresso. No final, os críticos acabaram por condená-lo. Wildavsky caracterizou o sistema como “[...] uma vasta quantidade de informações inexatas,incipientes, caracterizadas por quantificação prematura de itens irrelevantes”. O sistema impunha algo considerado como uma carga insuportável de cálculos que atrapalhava o processo orçamentário, dificultava o processo de decisão orçamentária no lugar de torná-lo mais ágil. Schick (1971) também o condenou, concentrando-se no que ele pensava ser um vazio entre planejamento e orçamento – o ideal da análise de políticas, conforme o que se
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