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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO Lei de Responsabilidade Fiscal Ficha técnica: EQUIPE DE PRODUÇÃO COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DO MATERIAL PEDAGÓGICO Avante Brasil Informática e Treinamentos Ltda. DIRETOR DE PLANEJAMENTO Carlos Henrique Ferraz DIRETOR COMERCIAL Rômulo Moura Afonso CONTEÚDO Avante Brasil COORDENADORA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Gislene Alves DESIGN INSTRUCIONAL Cláudia Vasconcelos DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO Alissom Lázaro ÍCONES ORGANIZADORES DEFINIÇÃO - É utilizado ao defi nir conceitos e signifi cados. v SAIBA MAIS- Aprofundamento de ideias, curiosidades, links de sites e tex- tos complementares. c REFLEXÃO - Momento para refl etir sobre as questões apresentadas e apro- fundar pontos relevantes. EXEMPLO - Utilizado no momento em que exemplifi ca conteúdo ou ideias. APRESENTAÇÃO Objetivos da disciplina: Proporcionar aos participantes uma visão teórica e prática da Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, em que se possa: – Analisar os conceitos estabelecidos no referido diploma legal, relativos à responsabilidade na gestão fiscal federal, estadual e municipal. – Desenvolver avaliação crítica a respeito dos conceitos estudados na lei, bem como de sua aplicabilidade em situações práticas vivenciadas diariamente pelos gestores públicos. Sumário Módulo 01: Aspectos legais da LRF Unidade 01: Aspectos legais da LRF 1. Introdução: .............................................................................................. 8 1.1. Contexto: ............................................................................................. 10 1.2. Considerações iniciais: O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal? .......................... 10 1.2.1 Objetivo: ............................................................................................ 10 1.2.2 Esferas da administração abrangidas pela LRF: ............................................... 11 1.2.3 Conceitos importantes: ........................................................................... 12 Unidade 02: Principais alterações decorrentes da LRF 2.1. No equilíbrio fiscal .................................................................................. 15 2.2. Da execução orçamentária e do cumprimento das metas .................................... 22 Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Unidade 01: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal – Parte 1 1. Introdução: ............................................................................................. 26 1.1. Quanto à capacidade de arrecadação: ........................................................... 27 1.2. Da despesa pública: ................................................................................. 29 1.3. Definição dos Limites da Despesa Pública: ...................................................... 31 1.4. Da repartição dos limites globais ................................................................. 33 1.5. Controle da Despesa Total com Pessoal (arts. 21 a 23) ........................................ 34 1.6.Despesas com a Seguridade Social (art. 24) ..................................................... 35 Unidade 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal – Parte 2 2.1. Das Transferências Voluntárias .................................................................... 36 2.1.1. Conceito ............................................................................................ 36 2.2. Da destinação de recursos para o setor privado ................................................ 37 2.2.1. Condições .......................................................................................... 37 2.3. Da dívida e do endividamento ..................................................................... 39 2.3.1. Dos Limites da dívida pública e das operações de crédito: ................................ 40 2.3.2. Da Recondução da Dívida aos Limites (ART. 31) .............................................. 40 2.3.3. Das Operações de Crédito ....................................................................... 41 2.3.3.1 Contratação (art. 32) ........................................................................... 41 2.3.3.2. Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) ......... 42 2.3.4. Da Garantia e da Contragarantia: .............................................................. 42 2.3.5 Dos Restos a Pagar ................................................................................. 43 2.4. Da gestão patrimonial .............................................................................. 43 2.5. Da Transparência da Gestão Fiscal ............................................................... 43 2.5.1. Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO ................................ 44 2.5.2. Do Relatório de Gestão Fiscal ................................................................... 46 2.5.3. Das Prestações de Contas ........................................................................ 47 2.5.4. Da Fiscalização da Gestão Fiscal ............................................................... 47 Bibliografia Referenciada ...................................................................53 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal 8 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal Unidade 01: Aspectos legais da LRF 1. Introdução: A Lei de Responsabilidade Fiscal baseia-se em algumas leis anteriormente aprovadas em diversos países, tendo em vista a transformação existente na administração pública, que passou do modelo burocrático, para o gerencial. O modelo burocrático de administração possuía as seguintes características: • Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista; • Constituem princípios orientadores do seu desenvolvimento a profi ssionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional legal; • Os controles administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma desconfi ança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem demandas. Por isso, são sempre necessários controles rígidos dos processos, como, por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a demandas; • Por outro lado, o controle - a garantia do poder do Estado - transforma-se na própria razão de ser do funcionário. Em consequência, o Estado volta-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade; 9 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal • A qualidade fundamental da administração pública burocrática é a efetividade no controle dos abusos; seu defeito, a inefi ciência, a auto-referência, a incapacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos como clientes; Esse defeito, entretanto, não se revelou determinante na época do surgimento da administração pública burocrática, porque os serviços do Estado eram muito reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordem e administrar a justiça, a garantir os contratos e a propriedade. O novo modelo gerencial apresenta a seguinte confi guração: • Emerge na segunda metade do século XX, como resposta, de um lado, à expansão das funções econômicas e sociais do Estado e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à adoção do modelo anterior; • A efi ciência da administração pública – a necessidade de reduzir custos e aumentar aqualidade dos serviços, tendo o cidadão como benefi ciário - torna-se então essencial; • A reforma do aparelho do Estado passa a ser orientada predominantemente pelos valores da efi ciência e qualidade na prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações; • A administração pública gerencial constitui um avanço, e até certo ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isso não signifi ca, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora fl exibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático; • A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profi ssionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental. Na administração pública gerencial a estratégia volta-se: • (1) para a defi nição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade; • (2) para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e fi nanceiros que lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados; e • (3) para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Objetivos do módulo: Apresentar os conceitos legais e as principais alterações decorrentes pela Lei de Responsabi- lidade Fiscal. 10 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal 1.1. Contexto: A Lei de Responsabilidade Fiscal surge dentro de um conceito de administração gerencial trazida para a gestão pública, dessa forma, fi cou clara a necessidade de se evidenciar a prestação de contas (accountability) de cada ato do poder público, tendo em vista que, dentro desse novo paradigma, há que se levar em conta a efi ciência, a efi cácia e a efetividade na aplicação dos recursos públicos. 1.2. Considerações iniciais: O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal? É uma Lei Complementar que entrou em vigor em 04/05/2000 e estabelece normas gerais de fi nanças públicas em âmbito nacional, regulamentando, parcialmente, as matérias previstas nos artigos 163 e 169 da Constituição Federal. A LRF respeita a autonomia de cada ente da Federação, mas é válida para TODOS os poderes, de todas as esferas (federal, estadual e municipal), conferindo tratamento isonômico a todos. 1.2.1 Objetivo: A Lei de Responsabilidade Fiscal tem por objetivo estabelecer normas de fi nanças públicas pautadas pela responsabilidade na gestão fi scal. 11 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal 1.2.2 Esferas da administração abrangidas pela LRF: a. Federal b. Estadual c. Municipal d. Distrito Federal Tal abrangência, em qualquer esfera, compõe os Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público, bem como respectivas administrações diretas, autarquias, fundos, fundações e empresas estatais que recebam do ente controlador recursos fi nanceiros para pagamentos de suas despesas de custeio, pessoal e capital, excetuando-se apenas os casos de recebimento de recursos de capital com vistas a aumento de participação acionária. Princípios: A Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada com o objetivo de garantir o atingimento do equilíbrio entre os recursos auferidos pelo Estado junto à sociedade e seus gastos; Um de seus princípios primordiais é a transparência, através do acesso da sociedade às informações relativas aos resultados obtidos no uso dos recursos públicos, seja por publicações impressas ou por meio eletrônico; Procurar assegurar uma gestão responsável dos recursos públicos, através de um maior controle das contas públicas; através da limitação de gastos de caráter continuado; A LRF busca incentivar um melhor planejamento do gasto público mediante ações coordenadas que objetivem uma maior efi ciência, efi cácia e efetividade no gasto público; Aliado ao item anterior, temos também a tentativa de prevenir os défi cits imoderados e reiterados, garantindo assim, o equilíbrio nas contas públicas. Decorrem desse princípio as condições estipuladas na LRF relativas à limitação de despesas públicas e ao controle do endividamento; Some-se ainda a responsabilização do agente público que infringir quaisquer dispositivos dispostos na lei, seja por ato lesivo ou por omissão; A Lei também estimula a participação popular tanto na elaboração quanto na discussão de planos, diretrizes orçamentárias e dos orçamentos em geral (Art. 48). Objetivos: Estabelecer regras acerca das fi nanças públicas direcionando o uso dos recursos públicos para a responsabilidade na gestão fi scal: 12 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de fi nanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fi scal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. § 1º A responsabilidade na gestão fi scal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar. 1.1.2 Introduzir novos paradigmas na gestão fi scal, baseados na responsabilidade e na transparência; 1.1.3 Dar regulamentação e atuar na consolidação dos instrumentos legais já em vigor; 1.1.4 Criar penalidades e permitir que sejam passíveis de punição os administradores públicos que desobedecerem ou descumprirem suas regras ou agirem com dano ao erário público; 1.1.5 Estabelecer limites, critérios e condições para a renúncia de receitas, despesas com pessoal, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar; 1.1.6 Reduzir o montante da dívida pública buscando a obtenção de superávits primários e criando restrições ao processo de endividamento público. 1.2.3 Conceitos importantes: Para os efeitos da LRF, entende-se como: I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município; II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação; III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos fi nanceiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. Por força da LRF é indispensável, agora, uma conceituação mais específi ca para caracterizar a Receita Corrente Líquida de que cuida o transcrito inciso IV do art. 2º, para o que temos de alinhar o somatório dos seus componentes: a) da receita tributária – oriunda da cobrança de impostos, taxas e contribuição de melhoria, na conformidade do art. 11 da Lei 4.320/64 e seus parágrafos; b) da receita de contribuições – a resultante da cobrança de contribuições sociais e econômicas; 13 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal c) da receita patrimonial – decorrente do resultado fi nanceiro obtido do patrimônio público, isto é, de bens móveis e imóveis ou advinda de participação societária ou de superávits apurados das operações de alienações de bens patrimoniais; d) da receita industrial – decorrentede atividades industriais exploradas pelo ente público; e) das receitas agropecuárias – provenientes das atividades ou explorações agropecuárias (produção vegetal e animal e derivados, benefi ciamento ou transformações desses produtos, em instalações nos próprios estabelecimentos); f) da receita de serviços – aquela que provém da prestação de serviços de comércio, transporte, serviços hospitalares e congêneres; g) das transferências correntes – as recebidas de outras pessoas de direito público, inclusive as de origem constitucional [CF, arts, 157 ao 159 e 162] ou legal [convênios e semelhantes] ou advindas de pessoas privadas, quando destinadas a atender a despesas de manutenção e funcionamento, nas condições estabelecidas pelos repassadores ou pela própria administração da entidade e que se destinam a atender a despesas correntes; h) outras receitas correntes – são as provenientes de multas, juros de mora, indenizações e restituições, da cobrança da dívida ativa e outras; i) receitas da Lei Complementar nº 87 (Lei Kandir) – conforme o § 1º, serão computados os valores pagos ou recebidos em decorrência dessa Lei; j) valores recebidos e pagos do FUNDEF [acrescer apenas a eventual diferença positiva entre as parcelas recebidas do Fundo e as contribuições para a sua formação, ou seja, o resultado líquido positivo]. No cálculo da Receita Corrente serão deduzidas: • as transferências a Estados e Municípios por determinação constitucional legal; • contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos a qualquer título, bem como a arrecadação decorrente do PIS/PASEP; • nos estados, as parcelas entregues aos municípios por determinação constitucional; • na União, estados e municípios a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e demais receitas provenientes da compensação fi nanceira dos diversos regimes de previdência social; 14 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal • em relação aos estados do Amapá e Roraima, bem como do Distrito Federal, também não serão considerados os recursos recebidos da União para atendimento de despesas com pessoal, tendo em vista que é a União que custeia a folha de pessoal do Poder Judiciário e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, bem como dos servidores da segurança pública do Distrito Federal; • a RECEITA CORRENTE LÍQUIDA será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze meses anteriores, excluídas as duplicidades; • a LRF estabelece que, para efeito de cálculo da RCL, quem repassa o recurso exclui o montante da respectiva transferência do referido cálculo, e quem recebe esse recurso inclui o seu montante na RCL. 15 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal Unidade 02: Principais alterações decorrentes da LRF 2.1. No equilíbrio fi scal A LRF ampliou o conceito de equilíbrio fi scal. Por intermédio da Lei 4320/64, havia a necessidade da observância do equilíbrio orçamentário, ou seja, as despesas orçamentárias fi xadas para um exercício fi nanceiro, não poderiam ser superiores às receitas estimadas. Entretanto, quando da execução do orçamento, caso as receitas estimadas não se confi gurassem, não havia um mecanismo que controlasse e mantivesse as despesas públicas no mesmo patamar da arrecadação real. Esse problema foi resolvido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que instituiu a “LIMITAÇÃO DE EMPENHO”, ou contingenciamento. A limitação de empenho, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias por determinação da LRF, consiste no fato de que, a cada bimestre, serão comparadas as receitas estimadas quando da elaboração do orçamento, com as receitas efetivamente arrecadadas. Caso a estimativa não se concretize, o poder público deverá proceder um “bloqueio” nos créditos orçamentários autorizados para cada órgão, no mesmo valor da queda na arrecadação. Funciona assim: Suponhamos que a receita estimada anual de um ente público fosse de R$ 1.600.000,00. Logicamente este ente apenas poderia gastar, no máximo, o mesmo valor arrecadado. Suponhamos que ao longo do exercício, esses R$ 1.600.000,00 fossem estimados seguindo a confi guração abaixo: 16 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal BIMESTRE RECEITAS ESTIMADAS QUAN- DO DA ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO RECEITAS EFETIVAMENTE ARRECADADAS QUANDO DA EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO NECESSIDADE DE LIMITA- ÇÃO DOS GASTOS AUTORI- ZADOS 1º Bimestre 200.000 130.000 70.000 2º Bimestre 400.000 370.000 30.000 3º Bimestre 400.000 400.000 0 4º Bimestre 250.000 200.000 50.000 5º Bimestre 150.000 140.000 10.000 6º Bimestre 200.000 200.000 0 TOTAL 1.600.000 1.440.000 160.000 Note que, como ocorreu uma frustração de arrecadação no primeiro, segundo, quarto e quinto bimestre, houve a necessidade de se reduzir o valor autorizado para gasto desse ente público em R$ 160.000,00. A essa “redução” se dá o nome de limitação de empenho, conceito introduzido pela LRF. Mas diante do quadro acima surge uma dúvida: E se, em vez de redução, ocorresse que a arrecadação real, em algum bimestre, superasse a estimada? Os recursos seriam liberados imediatamente na mesma proporção? A resposta é NÃO. Caso a arrecadação real supere a estimada em algum bimestre a liberação de recursos, de acordo com o parágrafo 1º do art 9º da LRF, deverá se dar de maneira GRADUAL, tendo em vista que ainda não se pode saber se ao longo do ano ocorrerão novas frustrações na arrecadação. Refl exão Além da limitação de empenho, a LRF ampliou o conceito de equilíbrio orçamentário para o equilíbrio primário, quando vincula limites de endividamento e gastos com pessoal a percentuais da Receita Corrente Líquida, difi cultando que o poder público contraia mais empréstimos (operações de crédito) para pagamento de suas despesas de manutenção. 17 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal Vale salientar o que diz o parágrafo 2º do art. 12 da LRF. A chamada REGRA DE OURO DA LEI: OBS: CF, art.167, III – “(...) ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com fi nalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta.” Ou seja, não serão permitidas, sem autorização do Legislativo, as contratações de novos empréstimos, que excedam às despesas com investimentos e operações de créditos já existentes. Isso evita que o poder público venha a se endividar ainda mais, para pagar despesas de manutenção (pessoal, gastos com água, luz, telefone, contratos de serviços, diárias e passagens etc.). Se observarmos que, a cada ano, as operações de crédito já contratadas tendem a diminuir (tendo em vistas as amortizações que ocorrem ao longo do exercício), podemos concluir que, num médio prazo, a tendência é que recursos advindos de operações de crédito, apenas serão destinados para fi nanciamento de investimentos (obras, aquisições de material permanente etc.). Essa era a preocupação do legislador quando da elaboração da lei, qual seja, tornar a administração pública equilibrada fi nanceiramente, devendo cada vez menos e utilizando os empréstimos que toma apenas para fi nanciar seus investimentos. A seguir, elencamos as principais alterações da LRF para os instrumentos relativos ao planejamento e a execução orçamentária e fi nanceira da União, Estados e Municípios: A Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, introduzida na nossa Constituição Federal de 1988 (art. 165, II e § 2º) tem por objetivo preparar as metas e prioridades para a execução no exercício seguinte, incluindo as despesas de capital e dispondo sobre as alterações na legislação tributária, a política de aplicação das agências fi nanceirasofi ciais de fomento, e ainda: 18 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal • a autorização para concessão de quaisquer vantagens ou aumento de remuneração aos servidores, bem assim as alterações na estrutura funcional, que impliquem em expansão da despesa prevista no orçamento da administração central (CF, art. 169, par. Ún. Inciso II e fi xação dos limites do art.20, § 5º da LRF); • a previsão e os critérios de contingenciamento (LRF, art. 5º III); • a renúncia de receita e sua compensação (LRF, art. 14); • a defi nição do que seja despesa irrelevante (LRF, ART. 16, § 3º); • previsão da variação do índice de preços para efeito da atualização monetária do principal da dívida mobiliária refi nanciada (LRF, art. 5º, § 3º); • fi xação das condições para a contratação de horas extras quando for ultrapassado o limite de 95% de que trata o art. 22, par. Ún., V da LRF); • inclusão de novos projetos e o atendimento aos requisitos do art. 45 da LRF; • autorização para que o municípios contribuam para o custeio de despesas de competência de outros entes da Federação (LRF, art. 62, I). É pela LDO que setem a oportunidade de se resguardar os princípios orientadores do equilíbrio orçamentário e a sua prudente execução, quais sejam, os princípios da exclusividade, do equilíbrio, da programação/planejamento, aliados aos da legalidade, publicidade e do lapso temporal de sua validade (anualidade). A LDO ganhou algumas novas atribuições quando do advento da LRF, a saber(conf. Art. 4º LRF): • equilíbrio entre receitas e despesas; • critérios e forma de limitação de empenho (avaliação bimestral); • normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas fi nanciados com recursos dos orçamentos; • demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades pública e privadas. Além disso, passam a fazer parte da LDO os seguintes Anexos: • Anexo de Metas Fiscais, que estabelece: a) metas anuais,em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes; b) avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; c) demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifi quem os resultados pretendidos, comparando-as com as fi xadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional; 19 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal d) evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; e) avaliação da situação fi nanceira e atuarial: • dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; • dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial. f) demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. A falta deste anexo na LDO, dada a sua importância, implica em punição, segundo a Lei nº 10.028/2000, art. 5º. Inciso II. • Anexo de Riscos Fiscais (ARF): O Anexo de Riscos Fiscais deve conter uma avaliação dos passivos contingentes, que são obrigações que dependam de acontecimentos que poderão vir a ocorrer, como sentenças judiciais, por exemplo, ou quaisquer outros riscos capazes de afetar as contas públicas, devendo ser informados, também, as providências que serão tomadas caso os passivos se concretizem. Ademais, a mensagem que encaminhar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias ao Congresso Nacional também deverá apresentar, em anexo específi co, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de infl ação, para o exercício subsequente. • Anexo de Política Econômica A exigência deste anexo dirige-se apenas à União, no qual deverão estar presentes os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de infl ação, para o exercício subsequente (art. 4º. § 4º). Pelo seu caráter orientador – para elaboração do orçamento anual do exercício subseqüente, a LDO, em princípio, não obriga a sua adoção integral, podendo o legislador não adotar certas indicações ou fazer outras nela não contempladas. Em alguns casos, porém, ela obriga, por exemplo, quando fi xa critérios e condições para a execução do orçamento ou faz exigências para a transferência voluntária de recursos públicos para outros entes ou para a iniciativa privada. 20 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal LRF – ALTERAÇÕES DETERMINADAS PARA A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS Resultado Nominal e Primário Montante da Dívida Pública, para o Exercício a que se referir e para os 2 seguintes Critérios p / Limitação de Empenho p/ todos os Poderes Metodologia de Cálculo dos Resultados Pretendidos Estimativa de Renúncia de Receita Anexos com os Objetivos das Políticos Monetária, Creditícia e CambialPrevidência Públicas e Privada, FAT, demais fundos Públicos e Programas de Natureza Atuarial Situação Financeira e Atuarial Anexo de Riscos Fiscais Anexo de Metas Fiscais Cumprimento das Metas Ano Anterior LDO RESUMINDO: O atr. 4° da LRF traz inovações fundanentais à LDO: • Disporá sobre o equilíbrio entre receitas e despesas; • Defi nirá o critério e a forma para a limitação de empenho, a fi m de cumprir as metas fi scais ou reconduzir a dívida pública a seus limites; • Disporá sobre normas para o controle de custos e avaliação de resultados das despesas orçamentárias; • Deverá estabelecer condições para as transferências de recursos á sentida des públicas e privadas. Já em relação à Lei Orçamentária Anual (LOA)(arts. 5 a 7) a Lei Complementar nº 101 estabelece, em seu art. 5º a interligação entre o planejamento e o orçamento, prevendo que o orçamento deverá ser elaborado em consonância com o planejamento (PPA) e as diretrizes estabelecidas pela LDO e pela própria LRF devendo conter, também: • em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais; • documento com medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas de caráter continuado; 21 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal • indicação de Reserva de Contingência, cuja forma de utilização e montante defi nido com base na receita corrente líquida, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fi scais imprevistos; • todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão; • o refi nanciamento da dívida pública como também, se for o caso, nas leis de abertura de crédito adicional; • observar que a atualização monetária do principal da dívida mobiliária refi nanciada não poderá superar a variação do índice de preços na LDO, ou em legislação específi ca. Outras observações importantes da LRF no tocante à LOA: • É vedado consignar na lei orçamentária crédito com fi nalidade imprecisa ou com dotação ilimitada; • A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício fi nanceiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição; • Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativasa pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos. LRF – Alterações na LOA Deverá demostrar sua compatibilidade com as metas fi scais da LDO Programação fi nanceira e o cronograma de execução mensal de desembolso Limitação de empenho e movimentação fi nanceira Deverá ser compatível com o PPA, a LDO e a LRF Deverá dispor sobre medidas compensatórias de renúncia de receitas e de aumento de despesas obrigatórias de carácter continuado; Conterá reserva de contingência, com forma de utilização e montante (com base na RCL), defi nido na LDO. Tal reserva de verá atender a passivos contingentes e outros riscos fi scais. LOA 22 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal 2.2. Da execução orçamentária e do cumprimento das metas No que diz respeito à execução orçamentária e fi nanceira, a LRF estabelece que: Art. 8o- Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação fi nanceira e o cronograma de execução mensal de desembolso. Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a fi nalidade específi ca serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. O artigo 9º mostra a necessidade de se estabelecer uma limitação de empenho (ou contingenciamento) caso fi que caracterizado que, no bimestre apurado, houve uma frustração de arrecadação, no intuito de se manter o equilíbrio das contas públicas: Art. 9o Se verifi cado, ao fi nal de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação fi nanceira, segundo os critérios fi xados pela lei de diretrizes orçamentárias. § 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. § 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. § 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores fi nanceiros segundo os critérios fi xados pela lei de diretrizes orçamentárias. § 4o Até o fi nal dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fi scais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais. § 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fi scal de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços. 23 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal LRF – Execução Orçamentária e Cumprimento de Metas ART. 8º: • Instituo Decreto de Programação Financeira e o Cronograma Mensal de Desembolso; • Determina que os recursos vinculados por lei a determinada fi nalidade terão o tal destinação a segurada, mesmo que em outro exercício. ART. 9º: • Estabelece o acompanhamento bimestral da meta fi scal, determinando limitações de empenho e de movimentação tinam ceira, caso necessário. Os critérios serão defi nidos pela LDO. • Determina que o restabelecimento das dotações contingencia das será dado de forma proporcional às reduções; • Excluído contingencia mento as despesas obrigatórias (Anexo da LDO) e aquelas “ressalva das”pela LDO. Além disso, a LRF institui a elaboração de dois relatórios importantes: Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO Bimestral, conterá: • Apuração de receita corrente líquida • Receitas e despesas previdenciárias • Restos a pagar • Projeções atuariais dos regimes de previdência • Variação patrimonial, evidenciando a aplicação dos recursos de alienação de ativos • Justifi cativa de limitação de empenho Publicado até 30 dias após o encerramento do bimestre 24 Módulo 01: Aspectos legais da LRF Lei de Responsabilidade Fiscal Relatório de Gestão Fiscal - RGF Quadrimestral, assinado pelo Chefes dos Poderes de cada ente e autoridades responsáveis, conterea: • Comparativo dos montantes com os limites de pessoal, de dívida, operações de crédito, AROs e garantias. • Indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassados os limites. • Demonstrativos das disponibilidades de caixa e da inscrição em restos a pagar. Publicado até 30 dias após o encerramento do quadrimestre. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Lei de Responsabilidade Fiscal 26 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Unidade 01: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal – Parte 1 1. Introdução: Neste segundo módulo abordaremos os aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal. Serão tratados os seguintes itens: Quanto à capacidade de arrecadação; Da despesa pública; Defi nição dos Limites da Despesa Pública; Da repartição dos limites globais; Controle da Despesa Total com Pessoal (arts. 21 a 23); Despesas com a Seguridade Social (art. 24); Das Transferências Voluntárias; Da destinação de recursos para o setor privado; Da dívida e do endividamento; Dos Limites da dívida pública e das operações de crédito; Da Recondução da Dívida aos Limites (ART. 31); Das Operações de Crédito; Contratação (art. 32); Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO); Da Garantia e da Contragarantia; Dos Restos a Pagar; Da gestão patrimonial; Da Transparência da Gestão Fiscal; Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO; Do Relatório de Gestão Fiscal; Das Prestações de Contas; e Da Fiscalização da Gestão Fiscal. Objetivos do módulo: Apresentar os aspectos operacionais relacionados à Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal 1.1. Quanto à capacidade de arrecadação: De acordo com o disposto no art. 11 da LRF, a instituição, a previsão e a arrecadação de todos os tributos da competência do ente da Federação constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fi scal. O mesmo artigo penaliza com a vedação de transferências voluntárias (transferência voluntária = entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência fi nanceira, que não decorra de determinação constitucional, legal, ou os destinados ao Sistema Único de Saúde) para o ente que não observar tais princípios, no que se refere, apenas, a impostos, sem prejuízo da sanção pessoal, como couber. Refl exão A medida se impõe como meio de forçar a efi ciência na arrecadação dos tributos e evitar o acomodamento de alguns entes públicos e também para que sejam implementadas as ações necessárias de combate à sonegação. Aqui o que interessa é viabilizar a receita potencial total, ou seja,o máximo que a economia do ente comporte arrecadar. O art.. 12 determina que as PREVISÕES DE RECEITA considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou outro qualquer fator relevante e serão acompanhadas de: • demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos; • projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem; e • metodologia de cálculo e premissas utilizadas. • § 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. • § 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior aos das despesas de capital constantes do Orçamento. (REGRA DE OURO DA LRF) • § 3º O Poder Executivo colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, NO MÍNIMO 30 DIAS ANTES DO PRAZO FINAL para encaminhamento das propostas orçamentárias, os ESTUDOS E AS ESTIMATIVAS DAS RECEITAS PARA O EXERCÍCIO SUBSEQUENTE, INCLUSIVE DA CORRENTE LÍQUIDA, E AS MEMÓRIAS DE CÁLCULO. Sem a exatidão desses procedimentos, será impraticável o controle do atingimento de metas fi xadas pela LDO, a teor do art. 59, I, da LRF. 28 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Uma vez ultimadas as previsões das receitas, no prazo de 30 dias após a publicação dos orçamentos, estas serão desdobradas pelo Poder Executivo em metas bimestrais de arrecadação, com especifi cação, em separado, quando for o caso(ART. 13): • das Medidas de combate à evasão e à sonegação; • da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa; e • da evolução dos créditos passíveis de cobrança administrativa. Ainda dentro do Capítulo da Receita Pública, temos a analisar a parte mais complexa do tema, que é o da renúncia de receita (ART. 14). É importante sabermos que renúncia de receita é todo procedimento em que resulte concessão de benefícios ou vantagens em detrimento da arrecadação (anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modifi cação de base de cálculo e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado, admitindo-se a inclusão da “transação”, que só se consuma mediante mútuas concessões, dentre as quais redução de encargos, juros, multas etc.), tendo em conta o possível impacto que isto possa vir a acarretar às fi nanças públicas, através do orçamento do exercício em que forem concedidos e nos dois seguintes. Daí a necessidade de: - A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deve: • estar acompanhada do impacto orçamentário-fi nanceiro no exercício da implantação e nos dois seguinte; • atender à Lei de Diretrizes Orçamentárias; e • a pelo menos uma das condições abaixo: • demonstração pelo proponente (chefe do Poder Executivo) de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da LOA e que não afetará as metas de resultados fi scais previstas no anexo da LDO; e, • estar acompanhada de medidas de compensação, proveniente de elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição, no prazo acima, por meio de aumento de receita. Neste caso o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas de compensação, ou seja, quando a compensação estiver assegurada pelo aumento efetivo da receita. A própria lei ressalva as alterações de alíquotas dos impostos que são exceção ao princípio da anterioridade (CF, art. 153, I, II, IV e V), de outros impostos cuja alíquota tenha sido reduzida por Resolução do Senado (ICMS e ITCD) e o cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança, como também não devem ser tidos como renúncia, os parcelamentos de débitos com garantia, pois está assim garantida a satisfação do crédito e encargos. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal As restrições e exigências explicitadassóse aplicam aos incentivos e benefícios concedidos após a vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que o orçamento anual já estava em plena execução e os benefi ciários não podiam ser prejudicados por lei posterior ao ato jurídico perfeito realizado, que é uma garantia constitucional. 1.2. Da despesa pública: Na obtenção dos resultados da execução orçamentária, a despesa tem maior importância do que a receita, tendo em vista representar o meio através do qual são cumpridas as metas de atendimento das necessidades públicas. Por tal razão e para que seja uma diretriz efi ciente nesse equilíbrio, a LRF traz em seu bojo importantes mandamentos: • A despesa pública não autorizada De início já é considerada como não autorizada ou tida como irregular e lesiva ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atenda o disposto nos artigos 16 e 17, confi rmando o princípio da legalidade nos atos administrativos e tendo por pressuposto o equilíbrio fi scal: Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento na despesa será acompanhado de: I – estimativa do impacto orçamentário-fi nanceiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e fi nanceira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Deve-se ter cuidado especial na abertura de créditos suplementares e especiais, quando o recurso indicado for resultante de anulação, de que cuida o art. 43, § 1º, inciso III, da Lei 4.320/64. Segue o art. 43 da Lei 4.320, na íntegra: Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justifi cativa. § 1º Consideram-se recursos para o fi m deste artigo, desde que não comprometidos: I - o superávit fi nanceiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior; II - os provenientes de excesso de arrecadação; III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las 30 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal § 2º Entende-se por superávit fi nanceiro a diferença positiva entre o ativo fi nanceiro e o passivo fi nanceiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de credito a eles vinculadas. § 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fi ns deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. § 4° Para o fi m de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício. As normas de geração de despesa constituem condição prévia para: • empenho e licitação [com minuciosa análise do cumprimento das regras específi cas]; e • desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3ºdo art. 182 da Constituição. A despesa deve estar: a) adequada com a LOA, a despesa objeto de dotação específi ca e sufi ciente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício. Atente-se, por oportuno, que o § 3º ressalva, também, da exigência, a despesa considerada irrelevante, desdeque esta seja expressamente regulamentada na LDO [tem sido utilizado para essa situação, os valores limites para a dispensabilidade de licitação]; b) compatível com o PPA e a LDO, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. • A despesa obrigatória de caráter continuado: No que diz respeito à criação de despesas de caráter continuado é importante esclarecer que a mesma não poderá ser efetivada sem que sejam primeiramente tomadas as medidas abaixo assinaladas na lei. Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fi xem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fi scais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos fi nanceiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. § 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias. § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. § 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado. 1.3. Defi nição dos Limites da Despesa Pública: • Despesa com Pessoal Ao tratar deste assunto, como providência preliminar, devemos tomar o exato sentido da expressão despesa total com pessoal (art. 18), compreendendo: • o somatório dos gastos do ente da Federação com os servidores ativos, inativos e pensionistas, sejam eles decorrentes de mandato eletivo, cargos, funções ou empregos, civis, militares, membros de Poder ou quaisquer espécies remuneratórias, tais como, vencimentos e vantagens, fi xas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria ou reforma, pensões, adicionais, gratifi cações, horas-extras, vantagens pessoais de qualquer natureza, encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. Já os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”. A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência. 32 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Este tipo de despesa somente alcançaria o limite total com pessoal, quando se prestasse a contratação de mão de obra em substituição de servidores e empregados públicos, isto é, em caráter temporário até a abertura de concurso, na forma defi nida em lei específi ca e mesmo assim na classifi cação própria – “Outras Despesas de Pessoal” (é a chamada funcionalização, diferentemente da terceirização de atividades, que continuam como Serviços de Terceiros). Refl exão É importante ressaltar, entretanto, a proibição de que cuida o art. 37, inciso II, da Carta Federal, consagrando o princípio de que “não podem ser terceirizadas as atividades fi m, típicas e próprias da Administração Pública, assim como as atividades inerentes às categorias alcançadas pelos planos de cargos, salvo expressa disposição de lei, que o admita em caso de cargo extinto.” “Art. 19. Para os fi ns do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50% (cinquenta por cento); II – Estados: 60% (sessenta por cento); III -Municípios: 60% (sessenta por cento). Na verifi cação do atendimento do limite da RCL (60%) não serão computadas as despesas: • de indenização por demissão de servidores; • relativas a incentivos à demissão voluntária; • derivadas da convocação extraordinária do Congresso Nacional; • decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração do mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores (DEA – Despesas de exercícios anteriores); • com inativos, ainda que por intermédio de fundo específi co, custeadas por recursos provenientes: • da arrecadação de contribuição de segurados • da compensação fi nanceira que trata da organização da previdência social sob a forma de regime geral; • das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal fi nalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit fi nanceiro. Importante salientar que a Portaria/STN nº 574, de 30/08/2007, considera como dedução as despesas com pessoal Decorrentes de Decisão Judicial de competência de período anterior ao da apuração (conf. §2º do art. 18) e que as despesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou Órgão (conf. §2º do art. 19). Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Entretanto, não serão deduzidas das Despesas com Pessoal as relativas à folha de pagamento, classifi cadas no elemento de despesa 92 – Despesas de Exercícios Anteriores, que pertencem ao período de apuração, apenas as que não fazem parte do referido período. 1.4. Da repartição dos limites globais PARÂMETROS PARA OS PODERES, com vistas à fi xação dos montantes de despesas com pessoal e outras despesas correntes, com base na Receita Corrente Líquida (RCL): Federal - Legislativo.................2,5%1 - Judiciário..................6,0%2 - Executivo..................40,9% - Ministério Público..........0,6% Estadual - Legislativo.................3,0% - Judiciário..................6,0% - Executivo..................49,0% - Ministério Público..........2,0% Municipal - Legislativo.................6,0%3 - Executivo..................54,0% Segue um quadro resumo para melhor compreensão: 50% 60% 60% 60% Federal Estadual Estadual com Tribunal de Contas dos Municípios Municipal Legislativo 2,5% 3% 3,4% 6% Judiciário 6% 6% 6% - Executivo 40,9% 49% 48,6% 54% Ministério Público 0,6% 2% 2% - Despesas com pessoal que advirem da União para a manutenção do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública do DF e dos Territórios, bem como as despesas com pagamento de servidores da área de segurança pública no DF estão incluídos no percentual do Poder Executivo (40,9%), destacando-se 3% para essas despesas. 1 O § 1º do art. 20 determina que nas hipóteses dos incisos I,a, II, a e III, a, a divisão entre o Poder Legislativo e o Tribunal de Contas dar-se-á de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificados nos três exer- cícios fi nanceiros imediatamente anteriores ao da publicação da LC 101/2000. 2 para o Poder Judiciário (incisos I, b e II, b) e por força do § 3º do mesmo art. 20, adota-se a mesma regra do § 1º, objeto da nota de rodapé anterior. 3 nos casos de Tribunais de Contas Municipais (Rio de Janeiro e São Paulo), de acordo com o § 4º, as alíneas a e c do inciso II, serão, res- pectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4%. 34 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal 1.5. Controle da Despesa Total com Pessoal (arts. 21 a 23) É nulo o ato que provoque aumento das despesas com pessoal e não atenda: • as exigências previstas em GERAÇÃO DA DESPESA e DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO, se não houver prévia autorização orçamentária e autorização da LDO, bem como é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias; • limite legal de comprometimento aplicado ás despesas com pessoal inativo; e • prazo de 180 dias anteriores ao fi nal do mandato do titular de cada Poder. A verifi cação do limite será realizada ao fi nal de cada quadrimestre. Se a despesa total com pessoal EXCEDER A 95% DO LIMITE fi cam vedados: • concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os de sentença judicial ou de determinação legal; • criação de cargo, emprego ou função; • alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; • provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, salvo a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de saúde, educação e segurança; e • contratação de hora extra. Se a DESPESA TOTAL COM PESSOAL ULTRAPASSAR OS LIMITES FIXADOS, sem prejuízo das medidas previstas acima, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se as providências de redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e exoneração dos servidores não estáveis e, ainda, se essas medidas não forem sufi cientes, o servidor estável poderá perder o cargo. • Os servidores considerados não-estáveis são aqueles admitidos na administração direta, autárquica e fundacional sem concurso público de provas ou de provas e títulos após 5/10/83 e os que não completaram os 3 anos de efetivo exercício público. • É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária. • No caso das medidas anteriores não resultarem no cumprimento da determinação da LRF os servidores estáveis poderão perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos poderes especifi que a atividade funcional, o órgão, ou unidade administrativa. • A Lei nº 9801, de 14/06/99, dispõe sobre as normas gerais para a perda de cargo público por servidores estáveis devido ao excesso de despesas, os quais, de forma impessoal, serão escolhidos dentre aqueles de menor tempo de serviço público, maior remuneração e menor idade. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Não alcançada a redução no prazo estabelecido, enquanto perdurar o excesso, fi cam vedados ao ente público: • recebimento de transferências voluntárias; • obtenção de garantia, direta ou indireta, de outro ente; e • contratação de operações de crédito, ressalvada as destinadas ao refi nanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. (Art. 23, § 3º). Estas restrições aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano de mandato dos titulares de Poder ou Órgão referidos no art. 20. ((Art. 23, § 4º). 1.6.Despesas com a Seguridade Social (art. 24) A Lei de Responsabilidade Fiscal veio ainda em tempo de colaborar com o revigoramento da Seguridade Social, traçando caminhos seguros ao dispor que nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, atendidas ainda as exigências relativas às DESPESAS OBRIGATÓRIAS DE CARÁTER CONTINUADO. O texto do art. 24 encontra-se de acordo com o § 5º do art. 195 da Constituição Federal, dispensada a compensação de que cuida o § 1º do art. comentado nos casos de concessão de benefício em conformidade com a habilitação prevista na legislação pertinente; de expansão qualitativa de atendimento e serviços; de reajustamento de valor de benefício ou serviço para preservar seu valor real (incisos I a III). Por sua vez, o § 2º do mesmo artigo, estende sua aplicação a benefícios de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas. Assim, a importância do assunto acosta-se à evidência da sua consagração constitucional – art. 249 e com a Lei nº 9.717, de 27/11/98, que dispõe sobre as regras gerais para organização e funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos das três esferas de Governo, que prevê a adoção de parâmetros contábeis e atuariais para o equilíbrio fi nanceiro. A propósito, a citada Lei fi xa limite para os regimes próprios de previdência social, que não poderá exceder a 12% da sua receita corrente líquida, em cada exercício fi nanceiro, combinado com o art. 69 da Lei de Responsabilidade Fiscal. 36 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Unidade 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal – Parte 2 2.1. Das Transferências Voluntárias 2.1.1. Conceito Entrega de recursos correntes ou de capital41’ a outro ente, a título de cooperação, auxílio ou assistência fi nanceira, que não decorra de determinação constitucional (em respeito ao princípio federativo), legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde (em razão da Política Nacional de Saúde). Sobre transferências voluntárias, temos duas situações distintas: I – as transferências voluntárias a outro ente da Federação, conforme já comentado no art. 2º deste trabalho, o que se faz a título de cooperação, auxílio ou assistência fi nanceira; II – as transferências para o setor privado, do art. 26 mais adiante transcrito. Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar,entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência fi nanceira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. 4 Observar os conceitos do art. 11 da Lei nº 4.320/64. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Exigências e vedações • existência de dotação orçamentária, ou seja, deverá haver na LOA uma previsão de créditos que dêem cobertura à referida transação; • não realizar transferências para pagamento de pessoal ativo, inativo e pensionista (CF,art. 167, X); • que se acha em dia quanto a pagamento de tributos, empréstimos e fi nanciamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto a prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos; • cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação [CF, art. 212] e à saúde [dependente de regulamentação aos parágrafos introduzidos ao art. 198 da CF, pela EC nº 29 – ver, provisoriamente, o art. 77 do ADCT]; • observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita (ARO)- ver o art.29 e seguintes da LRF, de inscrição de restos a pagar (ver art. 36 da Lei nº 4.320/64, c.c. art. 42 da LRF)) e de despesa total com pessoal (arts. 19 e 20 da LRF); e, • previsão orçamentária de contrapartida(neste caso a obrigação é múltipla, isto é, tanto deve existir previsão orçamentária do ente transferidor, quando da contrapartida do ente benefi ciário. Sobre isso, na LDO do Estado do Rio Grande do Norte existe a indicação do percentual mínimo que será aceito pelo Estado para as referidas transferências). Aplicação de sanções Na aplicação de sanções de suspensão de transferências voluntárias, determina o § 3º do art. 25 em comento, a EXCEÇÃO daquelas relativas a ações de EDUCAÇÃO, SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL. Justifi ca-se essa determinação pelas circunstâncias de que tais áreas estão dentro do que se considera dever constitucional da atuação do Estado. 2.2. Da destinação de recursos para o setor privado 2.2.1. Condições Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou défi cits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específi ca, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. § 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições fi nanceiras e o Banco Central do Brasil. § 2º Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, fi nanciamentos e refi nanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital. 38 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Neste caso, temos duas diretrizes básicas, a saber: a) quando a destinação dos recursos visa, direta ou indiretamente, atender necessidades de pessoas físicas [auxílio fi nanceiro a pessoa carente ou de outra espécie, permitida em lei]; b) quando a destinação dos recursos visa cobrir défi cits de pessoas jurídicas. Nos dois casos constituem-se condições essenciais da concessão: a) autorização através de lei específi ca; b) atender as condições estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); c) estar prevista no orçamento (LOA) ou em seus créditos adicionais; d) não realizar transferências para pagamento de pessoal; e) se achar em dia quanto a pagamento de tributos e empréstimos, bem como quanto a prestação de contas de recursos anteriormente recebidos; f) cumprimento dos limites constitucionais relativos à saúde e à educação; g) observância dos limites das dívidas, de operações de crédito, de inscrição de restos a pagar e de despesa total com pessoal; e, h) previsão orçamentária de contrapartida. O § 2º do art. 26 foi editado para equiparar como forma de transferência de recursos públicos para o setor privado, a concessão de empréstimos, fi nanciamento e refi nanciamento, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções (econômicas e a participação em constituição ou aumento de capital). Para as empresas controladas, é ainda a LRF quem disciplina comportamento para o caso de contrato de gestão fi rmado (art. 47), quando se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, situação em que, na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e fi nanceira, observados os preceitos do inciso II do § 5º do art. 165 da CF. Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos fi nanceiros, comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos defi nidos em lei ou ao custo de captação. Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específi ca as prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou fi nanciamentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspondente consignado na lei orçamentária. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal 2.3. Da dívida e do endividamento A Lei de Responsabilidade Fiscal aborda criteriosamente acerca do controle da dívida e do endividamento, no intuito de evitar uma maior pressão nas contas públicas. A LRF estabelece que os limites serão fi xados em percentual da Receita Corrente Líquida (RCL), para cada uma das esferas do governo, abrangendo todos os integrantes da federação. Conceitos básicos: • Dívida Pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações fi nanceiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses. Duplicidade, neste caso, diz respeito ao recebimento de recurso por um ente, que o transfere a outro órgão ou entidade de sua estrutura. Neste caso, a contabilização só deverá ser feita uma única vez, pelo ente ou pelo órgão/ entidade, sob pena de duplicidade. • Dívida Pública Mobiliária: Dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, estados e municípios. • Operação de crédito: compromisso fi nanceiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição fi nanciada de bens (com refl exo nos procedimentos licitatórios), recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos fi nanceiros; • Concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação fi nanceira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada; • Refi nanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária; • Receita corrente líquida (RCL): soma das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, trans ferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos: • A) na União, os valores transferidos aos estados e municípios por determinação constitucional ou legal, bem como as contribuições mencionadas na alínea “a” do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição. • B) nos estados as parcelas entregues aos municípios por determinação constitucional • C) na União, estados e municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação fi nanceira citada no § 9º do art. 201 da CF. 40 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal 2.3.1. Dos Limites da dívida pública e das operações de crédito: No prazo de 90 dias após a publicação da LRF, o Presidente da República submeterá ao: • Senado Federal: Proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal, bem como dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno na União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, das suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder público federal, além de dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno e também estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos estados do Distrito Federal e dos municípios. • Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o montante da dívida mobiliária federal, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites fi xados para a dívida consolidada da União. • De acordo com a Resolução do Senado Federal nº 40/2001, até quinze anos após a sanção da resolução os entes públicos estarão sujeitos às seguintes normas: • O limite máximo de endividamento para os estados corresponderáa duas vezes a sua RCL anual; • Para os municípios, este limite máximo corresponderá a 1,2 vezes a RCL anual. 2.3.2. Da Recondução da Dívida aos Limites (ART. 31) Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao fi nal de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três quadrimestressubsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% no primeiro. Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido: • estará proibido de realizar operação de crédito; • obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo entre outras medidas, limitação de empenho; • fi cará impedido de receber transferências voluntárias, vencido o prazo para retorno da dívida ao limite e enquanto perdurar o excesso (§ 2º). Caso o montante da dívida exceda o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato do chefe do Poder executivo (Jan/abr), a obrigação de obtenção de crédito, inclusive ARO, serão aplicadas imediatamente, haja vista que o Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas consolidada e mobiliária. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal 2.3.3. Das Operações de Crédito 2.3.3.1 Contratação (art. 32) O Ministério da Fazenda verifi cará o cumprimento dos limites e condições de endividamento, para se viabilizar a realização de operações de crédito de cada ente, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente. O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições: • existência de prévia e expressa autorização para a contratação (seja no texto do orçamento, em lei específi ca ou através de créditos adicionais); • inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações ARO; • observância dos limites e atendimento das condições fi xadas pelo Senado Federal; • autorização específi ca do Senado Federal para operação de crédito externo; • atendimento ao disposto no inciso III do art. 167 da Constituição Federal Art. 167 da CF/88: São vedados: III – a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares e especiais com fi nalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. Esse comando traz a chamada REGRA DE OURO, que pretende coibir o fi nanciamento, via operação de crédito, de despesas correntes. É matéria orçamentária, ou seja, o limite das operações de crédito é o montante das despesas de capital previsto na lei orçamentária anual. É vedada a realização de operações de crédito entre um ente da Federação, direta ou indiretamente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refi nanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. Novação ocorre: a) Quando um devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; b) Quando novo devedor sucede ao antigo, fi cando este quite com o credor; c) Quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, fi cando o devedor quite com este. 42 Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Excetuam-se da vedação as operações entre instituição fi nanceira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se destinem a: I- Financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; II- Refi nanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente. É proibida a operação de crédito entre uma instituição fi nanceira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de benefi ciário do empréstimo. Porém, não estão impedidas as instituições fi nanceiras controladas de adquirir títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios. 2.3.3.2. Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) A operação de crédito por antecipação de receita (ARO) destina-se a atender insufi ciência de caixa durante o exercício fi nanceiro e se baseia na receita orçamentária esperada em determinado período. Ela só poderá ser realizada a partir do 10º dia do início do exercício, devendo ser liquidada, com juros e demais encargos incidentes, até o dia 10 de dezembro de cada ano. Também devem cumprir as exigências aplicáveis às demais operações de crédito. Não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefi xada ou indexada à taxa básica fi nanceira, ou à que vier a esta substituir. PROIBIÇÃO: • Operação Aro não quitada - enquanto existir operação anterior da mesma natureza, não integralmente resgatada; e, • Final de mandato - no último ano de mandato do Presidente, do Governador ou Prefeito Municipal. Refl exão As operações de crédito por antecipação de receita orçamentária NÃO farão parte do cálculo para atendimento da “Regra de Ouro”, desde que resgatada dentro do mesmo exercício fi nanceiro. 2.3.4. Da Garantia e da Contragarantia: Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas ou externas. A concessão de quaisquer garantias em operações de crédito está sujeita às normas do art. 32, que dispõe sobre os limites e condições das operações de crédito. No caso da União, também deverão ser obedecidas as condições estabelecidas pelo Senado Federal. Lei de Responsabilidade Fiscal Módulo 02: Aspectos operacionais da Lei de Responsabilidade Fiscal Como pré-condição, qualquer garantia exige que o seu benefi ciário ofereça contragarantia, em valor igual ou superior à garantia a ser recebida, e, adicionalmente, a plena adimplência para com o ente garantidor, observado o seguinte: 1) Não será exigida contragarantia de órgãos e entidade do próprio ente; 2) A contragarantia exigida pela União a estado ou município, ou pelos estados aos municípios, poderá consistir na vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida. Na concessão de garantias pela União aos Estados e Municípios, estes poderão vincular as suas receitas tributárias próprias, além das transferências constitucionais. As entidades da administração indireta não poderão conceder garantia, com exceção da que envolva empresa controlada à própria subsidiária, ou por instituição fi nanceira a empresa nacional. Por último, toda dívida de ente público que tiver sido honrada em consequência de garantia prestada, implica na suspensão de novos créditos até a completa liquidação da dívida em causa. 2.3.5 Dos Restos a Pagar É vedado ao titular de Poder ou órgão, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja sufi ciente disponibilidade de caixa para este efeito. 2.4. Da gestão patrimonial Fica vedada a aplicação da receita de capital procedente da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o fi nanciamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de Previdência Social, geral e próprio dos servidores públicos. De acordo com o art. 45, novos projetos só poderão ser incluídos na lei de orçamento após adequadamente atendidos os que já se encontram em andamento
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