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EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO Mundo atual – Sociedade de organizações. ∆ A ADMINISTRAÇÃO NA SOCIEDADE MODERNA A administração é um fenômeno universal no mundo moderno. Cada organização requer estratégias de comportamento, definição de missões e objetivos, tomada de decisões, coordenação de múltiplas atividades, condução de pessoas, avaliação do desempenho, obtenção e alocação de recursos, etc. Cada organização necessita não de um administrador apenas, mas de uma equipe de administradores em vários níveis e nas várias áreas e funções para conduzir as diversas especialidades dentro de um conjunto integrado e harmonioso de esforços em direção aos objetivos da empresa. O Administrador é um profissional precisa conhecer disciplinas heterogêneas (como Matemática, Direito, Psicologia, Sociologia, Estatística, etc.); precisa lidar com pessoas (que executam tarefas ou que planejam, organizam, controlam, assessoram, pesquisam, etc.); precisa lidar com eventos externos (localizados no mercado) e internos (localizados dentro da empresa). Ele é um agente – não só de condução ou de manutenção do status quo – mas de mudança e transformação das empresas, levando-as a novos rumos, novos processos, novas metas e objetivos, novas estratégias, novas tecnologias e novos patamares. NÍVEIS ADMINISTRATIVOS Nível da Empresa Habilidade do Administrador C A R A C T E R Í S T I C A S Institucional Conceitual Consiste na capacidade de lidar com idéias e conceitos abstratos, que proporciona capacidade de diagnóstico (para resolução de problemas) e visão futura (para geração de novas idéias e inovação). Possui uma visão global da organização e está relacionada com o software. Intermediário Humana Consiste na capacidade e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e desenvolver uma liderança eficaz. Operacional Executivo Técnicas Consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para a realização de tarefas específicas com base em sua experiência profissional. É a habilidade de fazer coisas concretas e práticas e está muito relacionada com o hardware disponível. ADMINISTRAÇÃO: CIÊNCIA, TÉCNICA E ARTE Na extensa bibliografia sobre Administração, nota-se que a sua classificação como ciência ou como técnica fica a critério de cada autor, não faltando aqueles que a classificam como uma arte. Definições: �Ciência – Investiga e busca o conhecimento e a compreensão. Elabora teorias, leis e hipóteses. A ciência busca primordialmente o conhecimento e a explicação. �Técnica – Opera e transforma uma realidade, aplica normas e procedimentos com rigor e sobre a base de um programa objetivamente definido. A ciência fornece os conhecimentos e a explicação para a técnica, que realimenta a ciência com informações que lhe permitem avaliar, confirmar ou modificar os conhecimentos científicos. �Arte – Capta e comunica uma realidade em um plano vivencial e espiritual de uma forma subjetiva e pessoal. A arte não busca a explicação nem a compreensão da realidade de um objeto (tal como a ciência) e tampouco busca transformar ou operacionalizar as coisas (tal como a técnica). TO – TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES Estudo das organizações em geral. TGA – TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Estudo da Administração das organizações Variáveis da TGA • Tarefas • Estrutura • Pessoas • Ambiente • Tecnologia Cada uma dessas cinco variáveis provocou, a seu tempo, uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo no desenvolvimento da TGA. PERSPECTIVAS FUTURAS DA ADMINISTRAÇÃO A tarefa da administração nas próximas décadas será incerta e desafiadora, pois deverá ser atingida por uma infinidade de variáveis, mudanças e transformações carregadas de ambigüidades e de incertezas. Vários fatores deverão provocar profundos impactos sobre as organizações e empresas, como: • Crescimento das organizações. • Concorrência mais aguda. • Sofisticação da tecnologia. • Taxas elevadas de inflação. • Globalização da economia e internacionalização dos negócios. • Visibilidade maior das organizações. AS MEGATENDÊNCIAS A sociedade moderna está passando por grandes transformações: as chamadas megatendências, cujos reflexos nas organizações e na sua administração são profundos e marcantes. Essas megatendências são: 1. Da sociedade industrial para a sociedade de informação: A Era Industrial está vivendo estágio final. A mudança é definitiva. A sociedade pós-industrial que está surgindo não é uma sociedade de serviços como se imaginava, mas uma sociedade de informação, na qual a informação passa a ser o recurso estratégico, tomando o lugar do capital financeiro. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 2 2. Da tecnologia simples para a alta tecnologia: Existe uma tendência para a crescente sofisticação da tecnologia. A tecnologia proporcionará cada vez mais uma eficiência maior, uma precisão mais avançada e a liberação da atividade humana para tarefas mais complicadas e que exijam planejamento, causando impacto, também, na estrutura organizacional das empresas. 3. Da economia nacional para a economia mundial: A globalização está fazendo com que os países deixem de atuar simplesmente em ternos de mercados internos para se projetarem em negócios internacionais. Mais do que nunca, o produto ou serviço que demonstra ser superior, mais avançado, mais seguro, mais desejável, será o mais procurado. 4. Do curto prazo para o longo prazo: O administrador típico do passado era orientado para o curto prazo: fazer o próximo trimestre ser melhor do que o anterior. Atualmente, é a orientação estratégica que norteia o dia-a-dia das operações, e não o contrário. Infelizmente, a profunda recessão econômica nos países menos avançados e a urgência na solução dos graves problemas desses países, têm mantido os administradores no caminho do imediatismo do cotidiano. 5. Da democracia representativa para a democracia participativa: A revolução política ora em curso nos países mais avançados está implícita na seguinte afirmação: “As pessoas cujas vidas são afetadas por uma decisão devem fazer parte do processo de se chegar a essa decisão”. � Democracia representativa – as pessoas escolhem pelo voto aqueles que irão representá- las no processo decisório da vida de um país. � Democracia participativa – as pessoas são consultadas a respeito de suas opiniões e pontos de vista, de suas convicções e expectativas. 6. Das hierarquias para a comunicação lateral intensiva: A tradicional organização hierárquica frustra e aliena as pessoas, pois a autoridade única restringe a comunicação. Na medida em que o ambiente se torna mutável, dinâmico ou incerto, as empresas precisam se flexíveis, inovadoras e orgânicas. A comunicação lateral intensiva será a maneira de garantir o suprimento do recurso mais importante da atualidade: a informação. 7. Da opção dual para a opção múltipla: As soluções para os problemas deixam de ser receitas únicas. A simples opção dual do tipo “sistema aberto ou fechado”; “burocrático ou não burocrático”; “Teoria X ou Teoria Y” tem mostrado o seu reducionismo e a sua extrema simplificação. A sociedade caminha para sofisticação crescente, com múltiplas opções, variações e alternativas intermediárias. 8. Da centralização para a descentralização: As empresas em geral, estão passando por um processo gradativo de deslocamento rumo à periferia, abandonando os centros das cidades industriais, já congestionadas e superpovoadas. A agricultura,por seu lado, está se deslocando gradativamente para outras áreas rurais até então não exploradas. Este fenômeno de deslocamento e descentralização está provocando um espalhamento geográfico não só de empresas como também de negócios complicando o volume de variáveis e de contingências ambientais sobre as empresas. 9. Da ajuda institucional para a auto-ajuda: No decorrer da década de 1970, os cidadãos americanos começaram a se desligar de instituições que os haviam desiludido e a reaprender a agir por conta própria, para resolver seus problemas. Se os serviços públicos não acompanham as novas e crescentes necessidades dos cidadãos de educação, saúde, segurança pública, etc., estes passam a lançar mão de esquemas próprios e cooperativos para solucionar seus problemas. Essas são as grandes transformações pelas quais a sociedade moderna está passando. Tudo é relativo e tudo depende da situação e do momento. O sucesso das organizações dependerá de sua capacidade de ler a realidade externa, identificar oportunidades a seu redor para responder adequadamente a elas, de um lado, e reconhecer ameaças e dificuldades para neutralizá-las ou amortecê-las, de outro lado. OS PRIMÓRDIOS DA ADMINISTRAÇÃO Administração →→→→ Constitui o resultado histórico e integrado da contribuição cumulativa de numerosos precursores (filósofos, físicos, economistas, estadistas e empresários). Exemplos históricos: �Hebreus →→→→ Jetro aconselhou Moisés, seu genro, a delegar poderes. Seus chefes julgavam as causas pequenas, só trazendo a Moisés as causas graves. �Egito/Mesopotâmia/Assíria →→→→ Já havia planejamento no sentido de guiar pessoas para a construção de monumentais obras. �China →→→→ As parábolas de Confúcio sugeriam práticas para a boa administração pública. INFLUÊNCIA DOS FILÓSOFOS a) SÓCRATES Expõe a administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência. b) PLATÃO (discípulo de Sócrates) No seu livro “A República”, expõe a forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos. c) ARISTÓTELES (discípulo de Platão) No livro “Política”, distingue três formas de administração pública: Monarquia – governo de um só (que pode redundar em tirania). Aristocracia – governo de uma elite (que pode descambar em oligarquia). Democracia – governo do povo (que pode degenerar em anarquia) d) FRANCIS BACON Fundador da “Lógica Moderna”, baseada no método experimental e indutivo, mostra a preocupação prática de separar experimentalmente o que é essencial do é que acidental ou acessório. Antecipou-se ao princípio conhecido em Administração como “Princípio da prevalência do principal sobre o acessório”. RENÈ DESCARTES Fundador da “Filosofia Moderna”, criou as coordenadas cartesianas. Celebrizou-se pelo livro “O Discurso do Método”, no qual descreve seu método cartesiano, cujos princípios são: I. Princípio da Dúvida Sistemática ou da Evidência: Consiste em não aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto não se souber com evidência clara e distintamente, aquilo que é realmente verdadeiro. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 3 II. Princípio da Análise ou de Decomposição: Consiste em dividir ou decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes quantas sejam possíveis e necessárias à sua adequação e solução e resolvê- las cada uma, separadamente. III. Princípio da Síntese ou da Composição: Consiste em conduzir ordenadamente nossos pensamentos e nosso raciocínio, começando pelos objetivos e assuntos mais fáceis e simples de se conhecer, para passarmos gradualmente aos mais difíceis. IV. Princípio da Enumeração ou da Verificação: Consiste em fazer recontagens, verificações e revisões tão gerais que se fique seguro de nada haver omitido ou deixado à parte. THOMAS HOBBES Defendia o absolutismo e tinha uma visão pessimista da humanidade. Na ausência de um governo, as pessoas tendem a viver em conflito permanente. No livro “Leviatã”, assinala que o povo renuncia a seus direitos naturais em favor de um governo que, investido do poder a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a paz. JEAN-JACQUES RUSSEAU Desenvolveu a “Teoria do Contrato Social” – O Estado surge de um acordo de vontades. Contrato social é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade igual sobre todos de um regime político, governante ou de um conjunto de regras. INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA Através dos séculos, as normas administrativas e os princípios de organização pública foram se transferindo das instituições dos Estados para a Igreja Católica. Ao longo dos séculos, a Igreja Católica estruturou sua organização, com... o ...uma hierarquia de autoridade; o ...um estado-maior (assessoria); o ...e a coordenação funcional para assegurar integração. Sua enorme organização mundial pode operar sob o comando de uma só cabeça: o Papa. Ávidas de experiência bem sucedidas, as organizações passaram a incorporar os princípios e as normas administrativas utilizadas pela Igreja Católica. INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO MILITAR A organização militar influenciou o aparecimento das teorias da Administração: • Organização Linear – baseada em linhas formais de comunicação. • Princípio da Unidade de Comando: Cada subordinado só pode ter um superior. • Escala Hierárquica – Escalões hierárquicos de comando com graus de autoridade e responsabilidade. As guerras de maior alcance e de âmbito continental exigiram novos princípios de organização, conduzindo a um planejamento e controle centralizados em paralelo com operações descentralizadas. Passou-se à centralização do comando e à descentralização da execução. • Estado-Maior (staff/assessoria) - Frederico II, O Grande, para aumentar a eficiência do seu exército, criou um estado-maior. Os oficiais formados no estado-maior eram transferidos para posições de comando (linha) e novamente para o estado-maior (staff), o que assegurava experiência nas funções de gabinete, de campo e novamente de gabinete. • Princípio da direção – Todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer. Segundo Napoleão, “Uma obediência cega, jamais leva a uma execução inteligente de qualquer coisa.” • Pensamento estratégico – Carl von Clausewitz é considerado o pai do pensamento estratégico. Ele publicou um tratado sobre a guerra e seus princípios. Definiu a guerra como um jogo. Como uma continuação da política por outros meios. Clawsevitz considerava a disciplina um requisito básico para a boa organização. Para ele, a organização requer um cuidadoso planejamento, no qual as decisões devem ser científicas e não apenas intuitivas. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar de maneira a minimizar seus efeitos. INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL � Fonte de energia: carvão � Material básico: ferro Quatro fases: 1ª FASE: MECANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA E DA AGRICULTURA • Máquina de fiar – Hargreaves • Tear hidráulico – Arkwright • Tear mecânico – Cartwright • Descaroçador de Algodão – Whitney 2ª FASE: APLICAÇÃO DA FORÇA MOTRIZ À INDÚSTRIA • Força elástica do vapor – Dénis Papin • Máquina a vapor – James Watt • Com a aplicação do vapor às máquinas, iniciam-se grandes transformações nas oficinas (que se converteram em fábricas), nos transportes, nas comunicações e na agricultura. 3ª FASE: O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA FABRIL • O artesão e sua pequena oficina patronal desapareceram para ceder lugar aos operários e às fábricas. • A migração das massas humanas das áreas agrícolas para as proximidadesdas fábricas provoca a urbanização. 4ª FASE: ESPETACULAR ACELERAÇÃO DOS TRANSPORTES E DAS COMUNICAÇÕES • Navegação a vapor – Robert Fulton • Locomotiva a vapor – aperfeiçoada por Stephenson • Telégrafo elétrico – Samuel Morse • Telefone – Graham Bell 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL � Fonte de energia: eletricidade e derivados do petróleo � Material básico: aço • Processo de fabricação do aço – (1856) • Aperfeiçoamento do Dínamo – (1873) • Motor de combustão interna – Daimler (1873) Características e conseqüências: • Substituição do ferro pelo aço como material básico. • Substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de energia. • Desenvolvimento da maquinaria automotiva e da especialização do trabalhador. • Crescente domínio da indústria pela ciência EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 4 • Transformações radicais nos transportes e nas comunicações o Daimler e Benz – automóveis (1860) o Aperfeiçoamento do pneumático – Dunlop (1888) o Modelo “T” – Ford (1908) o Avião – Santos Dumont (1906) • Desenvolvimento de novas formas de organização capitalista: O capital industrial que provinha dos lucros auferidos deu lugar ao capital financeiro. � Dominação das indústrias por instituições financeiras e de crédito. � Formação de acumulação de capital proveniente de trustes e fusões. � Separação entre a propriedade particular e a direção das empresas. � Aparecimento das “Holding Companies” para coordenar e integrar negócios. • Expansão da industrialização desde a Europa até o Extremo Oriente. • A maquinização provocou a fusão de pequenas oficinas, que passaram a integrar outras maiores e que aos poucos foram se transformando em grandes fábricas. • O aumento dos mercados exigiu grandes contingentes humanos provocando um acelerado e desordenado êxodo do campo para a cidade (urbanização). • Surgem as primeiras tensões entre trabalhadores e proprietários, provocando o surgimento também as primeiras leis trabalhistas. INFLUÊNCIA DOS ECONOMISTAS LIBERAIS MACROECONOMIA MICROECONOMIA X (fenômenos sociais) (fenômenos empresariais) LIBERALISMO ECONÔMICO • A vida econômica deve afastar-se da influência estatal, pois o trabalho segue os princípios econômicos e a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou comércio internacional. • Livre concorrência ADAM SMITH – Fundador da Economia Clássica • Idéia Central → Competição: Embora os indivíduos ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que vigora a competição, funcionam espontaneamente, de modo a garantir (por algum mecanismo abstrato que Smith chamava de a mão invisível que governa o mercado) a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. • O papel econômico do governo (além do básico que é garantir a lei e a ordem) é a intervenção na economia, quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja, quando não ocorre competição livre. • Em seu livro “A Riqueza das Nações”, Adam Smith preconizava que a riqueza das nações residia na divisão do trabalho e na especialização e reforçou a importância do planejamento e da organização na Administração. DAVID RICARDO “Princípios de Economia Política e Tributação”: aborda temas como trabalho (focalizado como item de custo), capital, salário, renda, produção, preços e mercados. JAMES MILL “Elementos de Economia Política”: série de medidas relacionadas com os estudos de tempos e movimentos como meio de obter incremento da produção nas indústrias da época. JOHN STUART MILL “Princípios de Economia”: propõe um conceito de controle extremamente voltado para o problema de como evitar furtos nas empresas. A acumulação crescente de capitais gerou profundos desequilíbrios. A partir da segunda metade do Século XIX , o liberalismo econômico começou a perder sua enorme influência, enfraquecendo à medida que o capitalismo se agigantou com o despontar dos Du Pont, Rockfeller, Morgan, Drupp, etc. O Novo Capitalismo se iniciou com a produção em larga escala de grandes concentrações de maquinaria e de mão-de- obra, criando situações problemáticas de organização de trabalho, de concorrência econômica, de padrão de vida, etc. KARL MARX e FRIEDRICH ENGELS – Criadores do socialismo científico e do materialismo histórico. • “Manifesto Comunista” – Afirmam que a história da humanidade é uma história de luta de classes. Analisam os diversos regimes econômicos e sociais e a sociedade capitalista, concluindo que a luta de classes é o motor da história. O Estado é um órgão a serviço da classe dominante, cabendo à classe operária lutar por sua conquista e implementar a ditadura do proletariado. Propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O Estado é uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. • “O Capital” – Em seu livro, “O Capital”, Marx propõe suas teorias a respeito da mais-valia, com base na teoria do valor-trabalho. Marx considerava que o valor de toda a mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Se ele trabalhar além de um determinado número de horas, estará produzindo não apenas o valor correspondente ao de sua força de trabalho (que lhe é pago na forma de salário, pelo capitalista), mas também um valor excedente sem contrapartida, denominado mais- valia. O socialismo e o sindicalismo obrigam o capitalismo do início do século XX a enveredar pelo caminho do aperfeiçoamento de todos os fatores de produção envolvidos e sua adequada remuneração. INFLUÊNCIA DOS PIONEIROS E EMPREENDEDORES Ao redor de 1820 o maior negócio empresarial foram as estradas de ferro – desbravaram territórios, provocando a urbanização e a criação de novas necessidades de habitação, alimentação, roupa, luz, etc., o que se traduziu em um rápido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto. Antes de 1850, poucas empresas tinham m estrutura que exigisse os serviços e um administrador em tempo integral, pois as empresas industriais eram pequenas. Em geral, eram negócios de família, em que dois ou três parentes conseguiam cuidar de todas as suas atividades principais. Em 1871, a Inglaterra era a maior potência econômica mundial. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 5 PIONEIROS E EMPREENDEDORES: • John D Rockfeller - Standard Oil. (1865) • Carnegie - Truste do aço. (1890) • Swfit e Armour - Truste das conservas • Guggenheim – Truste do cobre • Mello – Truste do alumínio Os “Criadores de Império” (Empire Builders) passam a comprar e a integrar concorrentes, fornecedores e distribuidores para garantir seus interesses. Surgiram os primeiros impérios industriais, aglomerados de empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Logo aparecem os primeiros gerentes profissionais, os primeiros organizadores que se preocupavam mais com a fábrica do que com as vendas ou compras. Na década de 1880, a Westinghouse e a General Eletric dominavam o ramo de bens duráveis e criaram organizações próprias de vendas, com vendedores treinados, dando início que hoje denominamos “Marketing”. Ambas assumiram a organização do tipo funcional que seria adotada pela maioria da empresas americanas, a saber: I. Um departamento de produção para cuidar da manufatura de fábricas isoladas. II. Um departamento de vendas, para administrar um sistema nacional de escritórios distritais com vendedores. III. Um departamento técnico de engenharia para desenhar e desenvolver produtos.IV. Um departamento financeiro. Entre 1880 e 1890, as indústrias passaram a controlar as matérias- primas através de seus departamentos de compras adquirindo firmas fornecedoras e controlando a distribuição para vender seus produtos diretamente ao varejista ou ao consumidor final. O mercado foi se tornando saturado, os lucros baixaram e os meios de reduzir custos diminuíram e as empresas passaram a procurar novos mercados por meio da diversificação de produtos. Surgem a empresa integrada e multidepartamental. A empresa integrada verticalmente se formava por meio da combinação: vários pequenos produtores de determinado bem se agregavam em uma combinação horizontal – uma federação – sob o controle de uma companhia holding. Essas alianças levaram a uma organização com escritórios centrais permitindo a economia de escala por meio do processo padrão, a concentração da produção em fábricas e investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Essas unidades deixaram de ser dirigidas pelos antigos donos ou famílias associadas e passaram a ser administradas por gerentes assalariados. Os grandes capitães da indústria não tinham condições de sistematizar seus vastos negócios com eficiência, pois eram empreendedores e não organizadores. A organização era um desafio tão ou mais difícil do que a criação dessas empresas. Entre 1860 e 1900 aconteceu a idade a “idade heróica das invenções”, que provocou um explosivo desenvolvimento tecnológico. O primeiro laboratório de pesquisa surgiu com a síntese da aspirina – a primeira droga puramente sintética -, realizada por Adolph von Bayer e 1899. O sucesso mundial da aspirina convenceu a indústria química do valor da pesquisa e da tecnologia. Na virada do século XX, grandes corporações sucumbiram financeiramente. É que dirigir grandes empresas não era apenas uma questão de habilidade pessoal, como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. Os pioneiros e empreendedores cederam lugar para os organizadores. Estava chegando a era da competição e da concorrência como decorrência de fatores como: I. Desenvolvimento tecnológico, que propiciou um crescente número de empresas e nações concorrendo no mercado mundial. II. Livre-comércio. III. Mudança dos mercados vendedores para mercados compradores. IV. Aumento da capacidade de investimento de capital e elevação dos níveis de ponto de equilíbrio V. Rapidez do ritmo de mudança tecnológica que rapidamente torna obsoleto um produto ou reduz drasticamente seus custos de produção. VI. Crescimento dos negócios e das empresas. Todos os fatores iriam completar as condições propícias para a busca de bases científicas para a melhoria da prática empresarial e para o surgimento da teoria administrativa. ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO As origens da Abordagem Clássica da Administração remontam às conseqüências geradas pela Revolução Industrial e podem ser resumidas em dois fatos genéricos, a saber: A. O crescimento acelerado e desorganizado da empresas, ocasionando gradativamente a complexidade na sua administração e exigindo uma abordagem científica e mais apurada que substituísse o empirismo e a improvisação até então dominantes. B. A necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações, no intuito de se obter o melhor rendimento dos recursos e fazer face à concorrência e à competição entre as empresas. A Abordagem Clássica é desdobrada em duas orientações diferentes e, até certo ponto, opostas entre si, mas que se complementam com relativa coerência: 1. Escola da Administração Científica (Frederick Winslow Taylor) *Ênfase nas tarefas dos indivíduos 2. Corrente Anatômica e Fisiologista (Teoria Clássica) (Henri Fayol) *Ênfase na estrutura organizacional ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA (Taylor) *Ênfase nas tarefas dos indivíduos Frederick W. Taylor, o fundador da Administração Científica, nasceu na Filadélfia, nos Estados Unidos. Para ele, a organização do trabalho deve ser estudada e tratada cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência: a Ciência da Administração. Frederick Winslow Taylor (1856-1915) Administração Científica = Sistema de Taylor = Gerência Científica do Trabalho = Organização Racional do Trabalho EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 6 O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da administração para alcançar a eficiência. � Eficiência – Correta utilização dos recursos (meios de produção) disponíveis. Essa tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). A Organização Racional do Trabalho (ORT) se fundamenta em: 1. Análise do Trabalho e Estudo dos Tempos e Movimentos – Eliminação dos movimentos inúteis e simplificação dos movimentos necessários, para proporcionar economia de tempo e esforço ao operário. Com isso padronizava-se o método de trabalho e o tempo destinado à sua execução. Frank B. Gilbreth – Engenheiro americano que acompanhou Taylor no esforço de aumentar a produtividade. � Método – é a maneira de se fazer alguma coisa para obter determinado resultado. � Therbligs (anagrama de Gilbreth) – movimentos elementares que permitem decompor e analisar qualquer tarefa. � O conceito de eficiência é fundamental para a Administração Científica. A Análise do Trabalho e o estudo de tempos e movimentos focalizam a melhor maneira (the one best way) de executar uma tarefa e elevar a eficiência do operário. � Eficiência – Correta utilização dos recursos (meios de produção) disponíveis. Pode ser definida pela equação E = P/R, onde: E=Eficiência P=Produtos R=Recursos � Eficiência – Relação entre o que é feito e o que pode ser feito. � Eficiência – É uma relação entre o custo e o benefício. A conseqüência direta da eficiência é a produtividade. 2. Estudo da fadiga humana (casal Gilbreth – Frank e Lilian) – Gilbreth efetuou estudos sobre a fadiga na produtividade do operário. A fadiga predispõe o trabalhador para: diminuição da produtividade e qualidade do trabalho; perda de tempo; aumento da rotatividade de pessoal; doenças; acidentes e diminuição da capacidade de esforço. A Administração Científica pretendia racionalizar os movimentos, eliminando os que produzem fadiga e os que não estejam diretamente relacionados com a tarefa executada pelo trabalhador. 3. Divisão do trabalho e Especialização do trabalhador – Uma das decorrências do estudo de tempos e movimentos. Cada operário passou a ser responsável por uma única operação no processo produtivo. A idéia predominante era a de que a eficiência aumenta com a especialização: quanto mais especializado for um operário, tanto maior será a sua eficiência. 4. Desenho de Cargos e Tarefas – É a maneira pela qual um cargo é criado, projetado e combinado com outros cargos para a execução das tarefas. � Tarefa: se constitui na menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização. � Cargo: é um conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica ou repetitiva. 5. Incentivos Salariais e Prêmios de produção – Estímulo salarial para operários que ultrapassassem o tempo padrão. Taylor e seus seguidores entendiam que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ser substituída por uma remuneração baseada na produção de cada operário (salário por peça ou produção). � Tempo Padrão – Tempo médio necessário para o operário realizar a tarefa racionalizada. Constitui o nível de eficiênciaequivalente a 100%. 6. Conceito do “Homo Economicus” – O homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como meio de ganhar a vida, por meio do salário que o trabalho proporciona. A Administração Científica fundamenta-se no conceito de que o trabalhador é influenciado exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. 7. Condições de Trabalho – Conjunto de condições de trabalho que garantam o bem-estar físico do trabalhador e diminuem a fadiga. O conforto do operário e a melhoria do ambiente físico passam a ser valorizados, não porque as pessoas o merecessem, mas porque eram essenciais para a melhoria da eficiência do trabalhador. 8. Racionalização do Trabalho – A contribuição de Taylor à Administração foi logo enriquecida com uma torrente de outras contribuições feitas por contemporâneos. Henry Lawrence Gantt , engenheiro americano que trabalhou com Taylor entre 1887 e 1902, passou a se dedicar a uma nova profissão liberal: a de engenheiro consultor em racionalização do trabalho. Enquanto Taylor dava ênfase à análise e à organização do trabalho em si, como solução para os problemas de eficiência e produtividade, Gantt dava maior atenção às pessoas que executam o trabalho. Enquanto um se preocupava com o aspecto tecnológico e metodológico, o outro se voltava para o aspecto psicológico e humano. As principais contribuições de Gantt para a Administração são: a) Sistema de Salários: Gantt apresentou um sistema de salários denominado plano de tarefa e bonificação (ou Sistema de Salário Gantt) que apresenta a vantagem de um salário mínimo diário acrescido de uma gratificação ou prêmio que depende de uma produção predeterminada a ser atingida pelo operário. b) Gráfico de Gantt: É um cronograma muito aplicado atualmente na metodologia administrativa, como instrumento de planejamento e controle. É uma tabela de dupla entrada que retrata e mede a atividade e o tempo necessários para seu desempenho, permitindo a comparação entre o desempenho real e o desempenho planejado. c) Política de instrução e treinamento: Para Gantt, a administração tem forte responsabilidade pela educação e adestramento dos operários, para que se tornem mais especializados, adquiram melhores hábitos de trabalho, percam menos tempo e se tornem mais idôneos. d) Responsabilidade Industrial: Para Gantt, a atividade fundamental do sistema empresarial é o serviço. Colocava mais ênfase no serviço do que nos lucros. Sua preocupação era introduzir o conceito de responsabilidade industrial, muito considerado na época. 9. Padronização – Uniformidade de métodos, processos, equipamentos, matérias-primas, visando reduzir a variabilidade exceções, no intuito de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e, daí, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. Padrão é uma unidade de medida adotada e aceita comumente como critério. A padronização é a aplicação de normas em uma organização para obter uniformidade e, conseqüentemente, redução de custos. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 7 10. Supervisão funcional – A especialização do operário deve ser acompanhada da especialização do supervisor e não de uma centralização da autoridade. Taylor propunha a chamada supervisão funcional, que nada mais é do que a existência de diversos supervisores, cada qual especializado em determinada área e que tem autoridade funcional (relativa apenas a sua especialidade) sobre os mesmos subordinados. Representa a aplicação da divisão do trabalho e da especialização no nível dos supervisores e chefes, permitindo que especialistas - e não mestres - transmitam a cada operário o conhecimento e orientação. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA A preocupação de racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta ao administrador levou os engenheiros da Administração Científica a pensar que tais princípios pudessem ser aplicados a todas as situações possíveis. Cada autor estabeleceu seus próprios princípios de administração. Um princípio é uma é uma afirmação válida para uma determinada situação; é uma previsão antecipada do que deverá ser feito quando ocorrer aquela situação. Dentre a profusão de princípios defendidos pelos autores da Administração Científica, os mais importantes são: 1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA DE TAYLOR Para Taylor, a gerência deve seguir quatro princípios, a saber: A. Princípio de planejamento: Substituir o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empírico-prática, por métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência, através do planejamento do método de trabalho. B. Princípio de preparo: Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões e prepará-los e treiná-los de acordos com o método planejado. Preparar também máquinas e equipamentos através do arranjo físico racional das ferramentas e materiais. C. Princípio do controle: Controlar o trabalho para se certificar de que este está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar como os trabalhos para que a execução seja a melhor possível. D. Princípio da execução: Distribuir distintamente atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada. 2. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DE ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Além dos quatro princípios explícitos acima, há outros princípios que Taylor enunciou dispersivamente em sua obra: A. Estudar o trabalho dos operários, decompondo seus movimentos elementares e cronometrando para, após uma análise cuidadosa, eliminar ou reduzir os movimentos inúteis e racionalizar os movimentos úteis. B. Estudar cada trabalho antes de fixar o modo como deverá se executado. C. Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com as tarefas que serão atribuídas. D. Dar aos trabalhadores instruções técnicas sobre o modo de trabalhar, ou seja, treiná-los adequadamente. E. Separar as funções de preparo das de execução, com atribuições precisas e delimitadas. F. Especializar e treinar os trabalhadores, tanto no preparo e no controle do trabalho quanto em sua execução. G. Preparar a produção, ou seja, planejá-la e estabelecer prêmios e incentivos para quando forem atingidos os padrões estabelecidos e prêmios e incentivos maiores para quando os padrões forem ultrapassados. H. Padronizar utensílios, materiais, maquinário, equipamento e métodos e processos de trabalho a serem utilizados. I. Dividir proporcionalmente (entre a empresa, acionistas, trabalhadores e consumidores) as vantagens resultantes do aumento da produção proporcionado pela racionalização. J. Controlar a execução do trabalho, para mantê-lo nos níveis desejados, aperfeiçoá-lo, corrigi-lo e premia-lo. K. Classificar de forma prática e simples os equipamentos, processos e materiais a serem empregados ou produzidos, de forma a facilitar seu uso. 3. PRINCÍPIOS DE EFICIÊNCIA DE EMERSON Harrington Emerson – Foi um engenheiro que simplificou os métodos de trabalho. Popularizou a Administração Científica e desenvolveu os primeiros trabalhos sobre seleção e treinamento de empregados. Os princípios de rendimento preconizados por Emerson são os seguintes: A. Traçar um plano bem definido, de acordo com os objetivos. B. Estabelecer o predomínio do bom senso. C. Oferecer orientação e supervisão competentes. D. Manter disciplina. E. Impor honestidade nos acordos, ou seja, justiça social no trabalho. F. Manter registros precisos, imediatos e adequados. G. Oferecer remuneração proporcional ao trabalho. H. Fixar normas padronizadas para as condições de trabalho. I. Fixar normas padronizadas para o trabalho em si. J. Fixar normas padronizadas para as operações;K. Estabelecer instruções precisas. L. Oferecer incentivo ao maior rendimento e à eficiência. Emerson antecipou-se à Administração por Objetivos, proposta por Peter Drucker por volta da década de 1950. 4. OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FORD Henry Ford – Um dos mais conhecidos precursores da Administração Científica. Projetou um modelo de carro e em 1899 fundou sua primeira fábrica de automóveis, que logo depois foi fechada. Fundou em 1903, a Ford Motor CO. Sua idéia era popularizar um produto antes artesanal e destinado a milionários. Revolucionou a estratégia comercial da época vendendo carros a preços populares, com assistência técnica garantida. Entre 1905 e 1910, Ford promoveu a grande inovação do século XX: a produção em massa. Henry Ford (1863-1947) Os princípios básicos de Ford A. Princípio de intensificação - Diminuir o tempo de duração com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado. É o que chamamos hoje de redução do ciclo de tempo. B. Princípio de economicidade - Reduzir ao mínimo o volume do estoque de matéria-prima em transformação. Ford conseguir fazer com que o automóvel fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento da matéria-prima adquirida e dos salários. A velocidade de produção deve ser rápida: “o minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro, ao consumidor, na terça-feira, à tarde.” O atual sistema just in time utilizado na produção ou manufatura tem muito a ver com esse princípio. C. Princípio de produtividade – Aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e a empresa tem maior produção. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 8 5. O PRINCÍPIO DA EXCEÇÃO Taylor adotou um sistema de controle operacional simples e baseado não no desempenho médio, mas na verificação das exceções ou desvios dos padrões normais. O administrador deve prioritariamente verificar as ocorrências que se afastem dos padrões, ou seja, as exceções, para que sejam corrigidas. Tudo que ocorre dentro dos padrões normais, não deve ocupar demasiado sua atenção. O Princípio da Exceção é um sistema de informação que acusa os resultados concretos que divergem ou se distanciam dos resultados previstos. APRECIAÇÃO CRÍTICA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA 1. Mecanicismo da Administração Científica A Administração Científica restringiu-se às tarefas e aos fatores diretamente relacionados com o cargo e a função do operário. Muito embora a organização seja constituída de pessoas, deu-se pouca atenção ao elemento humano e concebeu-se a organização como “um arranjo rígido e estático de peças”, ou seja, como uma máquina. Daí a denominação “Teoria de Máquina” dada a essa abordagem. 2. Superespecialização do operário Fragmentação das tarefas, tornando supérflua a qualificação do operário, levando-o à bitolação e à desmotivação. Até certo ponto, esse esquema será o responsável pelo alcance de altos lucros em curto prazo, com baixo nível salarial e à custa de tensões sociais e sindicais. A proposição de Taylor de que “a eficiência administrativa aumenta com a especialização do trabalhador” não encontrou amparo nos resultados de pesquisas posteriores. 3. Visão microscópica do homem A utilização dos seres humanos na organização limitou-se às tarefas na linha de produção, abrangendo apenas as variáveis fisiológicas, tanto assim que a Administração Científica é chamada de teoria Fisiológica da organização. Taylor considerou os recursos humanos como um apêndice da maquinaria industrial. 4. Ausência de comprovação científica A administração científica é criticada por pretender criar uma ciência, sem apresentar comprovação científica das suas proposições e princípios. Os engenheiros americanos utilizaram pouquíssima pesquisa e experimentação científica para comprovar sua tese. 5. Abordagem incompleta da organização A Administração Científica é considerada incompleta, parcial e inacabada, por se restringir apenas aos aspectos formais da organização, omitindo completamente a organização informal e os aspectos humanos da organização. 6. Limitação do campo de aplicação As idéias de Taylor e seus seguidores limitaram-se aos problemas de produção localizados na fábrica, não considerando os demais aspectos da vida da empresa (financeiras, comerciais, etc.). 7. Abordagem Prescritiva e Normativa A Administração Científica se caracteriza pela preocupação em prescrever princípios normativos que devem ser aplicados como receituário em todas as circunstâncias para que o administrador possa ser bem sucedido. Essa perspectiva visualiza a organização como ela deveria funcionar, em vez de explicar seu funcionamento. 8. Abordagem de sistema fechado Se caracteriza pelo fato de visualizar somente aquilo que acontece dentro de uma organização, sem levar em conta o meio ambiente em que ela está situada. O comportamento de um sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico. Porém , as organizações nunca se comportam como um sistema fechado, nem podem ser reduzidas a algumas poucas variáveis ou a alguns poucos aspectos importantes. 9. Pioneirismo na Administração A Escola da Administração Científica constitui o ponto de partida da administração contemporânea, principalmente nos seguintes aspectos. A. É o primeiro desenvolvimento científico que se propõe a analisar e a padronizar os processos produtivos com o objetivo de aumentar a produtividade e a eficiência. B. Obteve êxito na racionalização e eficiência dentro do contexto de sua época. C. Complementou a tecnologia de então, desenvolvendo técnicas e métodos que racionalizaram a produção, logrando aumento de produtividade. Na década de 1920, Barnes condensou as idéias principais da Administração Científica em seu livro “Handbook of Industrial Engineering”, estabelecendo as bases da chamada Engenharia Industrial. Apesar de todas as críticas formuladas à Administração Científica, há uma forte tendência atual, no intuito de reabilitar a imagem de Taylor. Alguns autores procuram demonstrar que Taylor foi realmente o pai da Teoria das Relações Humanas, considerando-o um cientista social interessado pelos problemas de motivação e de comportamento das pessoas à sua maneira de ver as coisas. O certo é que Taylor teve uma profunda influência na vida do século XX e no forte desenvolvimento industrial que suas idéias proporcionaram. TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO (Henri Fayol) *Ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Científica nos Estados Unidos, em 1916 surgia na França, espraiando- se rapidamente pela Europa, A Teoria Clássica da Administração. Segundo a Administração Científica, a eficiência é alcançada por meio da racionalização do trabalho do operário e na somatória das eficiências individuais. Na Teoria Clássica, ao contrário, partia-se do todo organizacional e da sua estrutura, para garantir a eficiência de todas as partes envolvidas. Administração Científica Teoria Clássica Ênfase nas Tarefas Visão das partes para o todo Ênfase na Estrutura Visão do todo para as partes. Henri Fayol, o fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, vivendo as conseqüências da Revolução Industrial e, mais tarde, da Primeira Guerra Mundial. Expôs sua Teoria da Administração no livro Administration Industrielle et Généralle, publicado em 1916. Seu trabalho, antes da tradução para o inglês, foi amplamente divulgado por Lyndall Urwick e Luther Gulick, dois autores clássicos.EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 9 Jules Henri Fayol (1841-1925) FUNÇÕES BÁSICAS DA EMPRESA (FAYOL) 1. Funções técnicas - produção 2. Funções comerciais - compra e venda 3. Funções financeiras - procura e gerência de capitais 4. Funções de segurança - proteção e preservação de bens e pessoas 5. Funções contábeis - inventários, registros, balanços, custos 6. Funções administrativas - coordenam e sincronizam as demais funções FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS • Prever (Previsão) - Avaliação do futuro. Determinar antecipadamente o que deve ser feito. • Organizar (Organização) - Constituir o duplo organismo material e social da empresa. • Comandar (Comando) - Dirigir e orientar o pessoal • Coordenar (Coordenação) - Ligar, unir, harmonizar atos e esforços coletivos. • Controlar (Controle) - Verificar se tudo ocorre conforme o previsto e estabelecera a ação corretiva, se necessário. PROPORCIONALIDADE DAS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS Níveis Hierárquicos PRINCÍPIOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO PARA FAYOL Como toda ciência, a Administração deve se basear em leis ou em princípios. Fayol tentou definir os “princípios gerais” de Administração, sem muita originalidade, baseado em diversos autores da época. Fayol adota a denominação de princípio, afastando dela qualquer idéia de rigidez, pois nada existe de rígido ou de absoluto em matéria de administração. Os 14 Princípios Gerais de Administração, segundo Fayol, são: 1. Divisão do trabalho - Constitui a base da organização. Conduz à especialização e à diferenciação de tarefas (heterogeneidade). Pode dar-se em duas direções: VERTICALMENTE Distribuição da autoridade e responsabilidade (hierarquia ou cadeia escalar), definindo os diferentes escalões de autoridade. A especialização vertical é responsável pelo aumento de níveis hierárquicos na organização. HORIZONTALMENTE � Em um mesmo nível hierárquico, cada departamento passa a ser responsável por uma atividade específica: "Departamentalização”. A departamentalização pode ser, por exemplo, “por processo”, “por clientela”, “por localização geográfica”. � O Princípio que rege a departamentalização é o princípio da *homogeneidade. � Homogeneidade – significa agrupar em departamentos específicos, funções de mesma natureza, comuns, semelhantes, enfim, funções homogêneas. 2. Autoridade e responsabilidade Autoridade - Poder de mandar e se fazer obedecer Responsabilidade - Dever de fazer e prestar contas do que foi feito. A autoridade deve ser acompanhada da responsabilidade correspondente. Ambas devem estar equilibradas entre si. 3. Disciplina – É essencial para que a organização funcione bem e depende da obediência, aplicação, energia e respeito aos acordos estabelecidos. 4. Unidade de comando - Cada empregado deve receber ordens de um único superior. É o princípio da autoridade única. 5. Unidade de direção – Todas as atividades direcionadas a um único objetivo, devem ser coordenadas por único plano e por um único responsável. 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais – Os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos interesses particulares das pessoas. 7. Remuneração do pessoal – Deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição. 8. Centralização - Concentração ou dispersão de poder dentro da organização. *Delegação → processo pelo qual a autoridade é distribuída pelos níveis mais baixos da organização (descentralização). 9. Hierarquia ou cadeia escalar - É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao escalão mais baixo em função do princípio de comando. 10. Ordem - Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana. 11. Equidade - Justiça para alcançar a lealdade do pessoal. 12. Estabilidade - A rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da empresa. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa. FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS Técnicas Comerciais Financeiras Contábeis Segurança EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 10 13. Iniciativa – Todas as pessoas devem ser encorajadas a ter iniciativa dentro dos limites impostos pela necessidade de autoridade e disciplina. 14. Espírito de equipe - A harmonia e a união entre as pessoas são fundamentais para a organização. ELEMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO Ao definir Administração, Fayol implicitamente definiu os elementos que a compõem: Previsão, Organização, Comando, Coordenação e Controle. Esses cinco elementos constituem as chamadas funções do administrador. Contudo, os seguidores de Fayol definiram, a seu modo, os seus elementos da administração, mas não se afastaram muito da concepção fayoliana. ELEMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO (FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR) Fayol Urwick Gulick Previsão Organização Comando Coordenação Controle Investigação Previsão Planejamento Organização Coordenação Comando Controle Planejamento (Planning) Organização (Organizing) Assessoria (Staffing) Direção (Directing) Coordenação (Coordinating) Informação (Reporting) Orçamento (Budgeting) As palavras Planning, Organizing, Sttafing, Directing, Coordinating, Reporting e Budgeting, que compõem os elementos de administração para Gulick formam o acróstico POSDCORB, que facilitam sua memorização. PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO Para os autores clássicos, não basta enunciar elementos da Administração que servem como base para as funções do administrador. É preciso ir além e estabelecer as condições e normas dentro das quais as funções do administrador devem ser aplicadas e desenvolvidas. Daí os princípios gerais de Administração desenvolvidos pelos autores clássicos. Fayol chegou a coletar cerca de 14 princípios. PRINCÍPIOS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO PARA URWICK 1. Princípio da especialização: cada pessoa deve preencher uma só função, o que determina uma divisão especializada do trabalho. 2. Princípio da autoridade: deve haver uma linha de autoridade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos, desde o topo até a base da organização. 3. Princípio da amplitude administrativa (span of control): cada superior teve ter um certo número de subordinados. O número ótimo de subordinados varia segundo o nível e a natureza dos cargos, complexidade do trabalho e preparo dos subordinados. 4. Princípio da definição: os deveres, autoridade e responsabilidade de cada cargo e suas relações com os outros cargos devem ser definidos por escrito e comunicados a todos. APRECIAÇÃO CRÍTICA DA TEORIA CLÁSSICA 1. Abordagem simplificada da organização Os autores clássicos partem do pressuposto de que a simples adoção dos princípios gerais de administração - como a divisão do trabalho, a especialização, a unidade de comando - permite uma organização formal da empresa, capaz de proporcionar-lhe a máxima eficiência possível. Daí, a crítica quanto a essa visão simplória e reducionista da atividade organizacional. 2. Abordagem incompleta da organização - Tal como aconteceu com a Administração Científica, também a Teoria Clássica, somente se preocupou com a organização formal, descuidando-se da organização informal. 3. Ausência de trabalhos experimentais O fato de denominarem de princípios a muitas de suas proposições é criticado como um procedimento presunçoso, pois um princípio utilizado como sinônimo de lei, deve envolver um alto grau de regularidade e consistência, permitindo razoável em sua aplicação. Porém, como Taylor, Fayol fundamenta seus conceitos na observação e no sensocomum. Seus princípios carecem de apresentação metódica. Seu método é empírico e concreto, baseado na experiência direta e no pragmatismo. 4. Extremo racionalismo na concepção da administração A insistência sobre a concepção da Administração como um conjunto de princípios universalmente aplicáveis, provocou a denominação Escola Universalista. O abstracionismo e o formalismo são criticados por levarem a análise da Administração à superficialidade, à supersimplificação e à falta de realismo. � Princípios Universais – Únicos; válidos para quaisquer situações; quaisquer empresas. Alguns autores preferem, pelo espírito pragmático e utilitarista, a denominação de Teoria Pragmática � Pragmatismo (do grego pragmata = atos ou negócios) – Doutrina ou atitude de conformidade com a qual a verdade nasce da relação existente entre a experiência humana e seus efeitos práticos. 5. Teoria de máquina A organização deve ser arranjada como uma máquina: a determinadas causas, decorrerão determinados efeitos ou conseqüências, dentro de uma correlação determinística. O parcelamento das tarefas é a mola do sistema. 6. Abordagem de sistema fechado Da mesma maneira como ocorreu com a Administração Científica, a Teoria Clássica trata a organização como se ela fosse um sistema fechado, composto de poucas variáveis, perfeitamente conhecidas e previsíveis que podem ser manipuladas pelos princípios gerais da administração. ABORDAGEM HUMANÍSTICA DA ORGANIZAÇÃO *Ênfase nas pessoas Com a Abordagem Humanística, a Teoria Administrativa passa por uma revolução conceitual: a transferência da ênfase antes colocada na tarefa (pela Administração Científica) e na estrutura organizacional (pela Teoria Clássica) para a ênfase das pessoas que trabalham ou que participam nas organizações. A Abordagem Humanística ocorre com o aparecimento da Teoria das Relações Humanas, nos Estados Unidos, a partir da década de 1930. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 11 Ela surgiu graças ao desenvolvimento das ciências sociais, notadamente a Psicologia e, em particular, a Psicologia do Trabalho. Esta passou por duas etapas em seu desenvolvimento. A. Análise do trabalho e adaptação do trabalhador ao trabalho: Nessa primeira etapa, domina o aspecto meramente produtivo. O objetivo da Psicologia do Trabalho – ou Psicologia Industrial – era a análise das características humanas que cada tarefa exige do seu executante e a seleção científica dos empregados, baseada nessas características através de testes psicológicos. Os temas predominantes são a seleção de pessoal, orientação profissional, treinamento e métodos de aprendizagem, fisiologia do trabalho e o estudo dos acidentes e da fadiga. B. A adaptação do trabalho ao trabalhador: Nessa etapa, a Psicologia Industrial está voltada para os aspectos individuais e sociais do trabalho, que predominam sobre os aspectos produtivos. Pelo menos em teoria. Os temas predominantes são o estudo da personalidade do trabalhador e do gerente, a motivação e incentivos do trabalho, liderança, comunicações e as relações interpessoais e sociais dentro da organização. A Abordagem Humanística da Administração começou logo após a morte de Taylor, mas foi somente a partir da década de 1930 que encontrou enorme aceitação nos Estados Unidos, principalmente por suas características democráticas. Sua divulgação fora dos Estados somente ocorre bem depois do final da Segunda Guerra Mundial. TEORIAS TRANSITIVAS DA ADMINISTRAÇÃO Em meio à Teoria Clássica e antecipando-se de certo modo, à Teoria das Relações Humanas, surgiram autores que, apesar de defenderem alguns dos princípios clássicos, iniciaram um trabalho pioneiro de revisão, de crítica e de reformulação das bases da Teoria da Administração. Embora, a rigor, não houvessem consolidado uma corrente e não permitam uma conexão teórica entre si, vários autores podem ser colocados nessa zona de transição, em que nem a Teoria Clássica nem a Teoria das Relações Humanas são completamente aceitas. A única coisa que esses autores têm em comum, é a tentativa de aplicação pioneira de certos princípios da Psicologia – como Tead e Miss Follet – ou da Sociologia – como Barnard -, na teoria administrativa, até então relutante e talvez indiferente quanto à aplicação de conceitos baseados nas ciências humanas. PSICÓLOGOS ORDWAY TEAD – Procurou desvendar a psicologia do operário ao mostrar a relação existente entre as ambições e os temores dos operários e a sua realidade com o trabalho. A seguir, tentou mostrar que a compreensão do comportamento administrativo deve partir do conhecimento da natureza humana. Administração como uma Arte – Para Tead, a administração é o conjunto de atividades próprias de certos indivíduos – chefes executivos – que têm a missão de ordenar, encaminhar e facilitar os esforços coletivos de um grupo de pessoas, reunidas em uma entidade, para a realização de objetivos previamente definidos. Liderança em Administração – Cada chefe deve ser um líder. Tead preocupou-se em conceituar a liderança, bem como em analisar os processos de influencia do líder sobre os subordinados. Para Tead, o líder é um agente moral e, principalmente, o símbolo da democracia dentro da organização. Objetivos da Organização – Para Tead, os objetivos que a organização geralmente pretende alcançar, são: a) Legais, estatutários ou regulamentos. b) Funcionais, como fornecimento de produto ou serviço ao consumidor. c) Técnicos, isto é, relacionados com os processos e equipamentos. d) Lucrativos. e) Pessoais. f) Públicos. O sucesso da organização depende de que os subordinados aceitem os objetivos a serem alcançados e lutem por eles. A aceitação dos objetivos depende da maneira como eles são apresentados e explicados, isto é, depende do processo de influência utilizado pelo administrador. MARY PARKER FOLLETT – Principal expoente dessa abordagem transitiva – que constitui uma terceira via alternativa – foi, sem dúvida, Mary Parker Follett. Graças à originalidade de seus pontos de vista, ela forçou a separação desse grupo dos psicólogos da organização do grupo dos sociólogos da organização. O Papel dos Gerentes Mary Parker Follett, cientista política americana, defendia que a principal tarefa da gerência era criar uma situação na qual as pessoas contribuíssem espontaneamente e por vontade própria. Conceito de Organização Para Miss Follett, a organização constitui o resultado global de uma série de intransigências em um número infinito de possibilidades em torno de uma situação específica ou única. Toda organização tem as seguintes características: a) Não é estática, mas uma força viva e fluida. b) Representa pessoas que reagem e respondem a estímulos que não podem ser definidos com precisão. Assim, todos os problemas de uma organização, onde quer que ocorram, constituem fundamentalmente, problemas de relações humanas. Necessidade de Aplicação da Psicologia à Administração A psicologia administrativa, segundo Miss Follett, deve ser utilizada no intuito de reconciliar os indivíduos com a organização. O objetivo básico da ação administrativa é obter a integração das pessoas e a coordenação das suas atividades. Conceito de Liderança O líder, para ela, existe em função do grupo em que trabalha, no qual deve obter a melhor contribuição de cada um dos membros. Ele deve buscar mais a coesão do grupo do que procurar expressar o seu poder pessoal. Para ela, a liderança repousa mais no grupo do que nas características pessoais do líder. Lei da Situação Miss Follett rejeita qualquer fórmula universal ou única para a solução dos problemas da organização. Sua lei da situação ébastante conhecida: é a situação concreta que deve governar as ordens a serem dadas e o empenho das pessoas em executar essas ordens. SOCIÓLOGOS CHESTER BARNARD – Em 1938, um executivo americano, Chester Barnard, antecipando-se à sua época e ao próprio behaviorismo, propôs-se a elaborar uma teoria da cooperação na organização formal. Suas principais idéias são: EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 12 Participação e Cooperação Para Barnard, os seres humanos não são simplesmente entidades discretas e isoladas que possuem um poder de ajustamento ao meio, mantendo um equilíbrio interno, apesar de submetidos a constantes mudanças do ambiente. Mais do que isso, eles possuem capacidade de mudar o caráter dos ajustamentos em função de suas experiências anteriores. Os seres humanos não atuam isoladamente e sim por interações com outros seres semelhantes, cada qual influenciado a atitude que a outra irá tomar e vice-versa. Esse tipo particular de interações, Barnard chama de relações sociais. Todavia, as pessoas têm limitações pessoais que podem ser de natureza biológica, física, psicológica ou de natureza social. Essas limitações impedem que cada pessoa possa sozinha alcançar vários objetivos. Além dessas limitações pessoais, existem limitações físicas do ambiente em que cada pessoa está situada. Assim, surge a necessidade de cooperação entre elas para sobrepujar as limitações pessoais e a ação isolada de cada uma. A ORGANIZAÇÃO COMO UM SISTEMA COOPERATIVO RACIONAL A organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. A cooperação é essencial para a organização. Uma organização somente existe quando: • Há pessoas capazes de se comunicar entres si (interação) • Elas estão dispostas a contribuir com ação (cooperação) • Elas cumprem um propósito comum (objetivos) A cooperação não se baseia unicamente nas relações entre as pessoas, mas depende também de outras variáveis, a saber: a) Variáveis relacionadas com o ambiente físico da organização. b) Variáveis relacionadas com o ambiente social. c) Variáveis relacionadas com os indivíduos. d) Variáveis relacionadas com outras variáveis. Quanto ao desejo de cooperar, Barnard vê nele uma despersonalização da ação individual, sem o que não é possível a manutenção da cooperação. A organização influi no comportamento individual por meio de induções objetivas, como: a) Incentivos materiais como bens ou dinheiro. b) Oportunidades de consideração, prestígio ou poder pessoal. c) Condições físicas convenientes ao trabalho como um ambiente limpo, tranqüilo e agradável. d) Orgulho do próprio trabalho, sentimento de que se está servindo à família, à pátria ou à religião. e) Satisfação pessoal dentro do sistema de relações sociais na instituição. f) Conformidade com as práticas e atitudes habituais, familiarização com os costumes e as normas de conduta vigentes na organização. g) Sentimento de que se está tomando parte em grandes e importantes acontecimentos. TEORIA DE ACEITAÇÃO DA AUTORIDADE Barnard também desenvolveu uma teoria da autoridade completamente em desacordo com os ensinamentos da Escola Clássica. Em determinadas ocasiões e circunstâncias, a autoridade é inefetiva e a sua violação é aceita como uma questão de fato. A decisão sobre a autoridade de uma determinada ordem é da pessoa a quem é dirigida, e não da que a emite. “A autoridade repousa mais na aceitação ou no consentimento dos indivíduos”. A teoria de aceitação da autoridade de Barnard parte da suposição de que um subordinado somente pode aceitar e aceita uma ordem como tendo autoridade, quando quatro fatos ocorrem simultaneamente: 1. O subordinado pode compreender e compreende a ordem. 2. No momento da aceitá-la, não a julga incompatível com os propósitos da organização. 3. No momento de aceitá-la, julga a ordem compatível com seus propósitos e interesses em geral. 4. O subordinado é mental e fisicamente apto para cumprir a ordem. AS FUNÇÕES DO EXECUTIVO Além da função de planejar, organizar, motivar e controlar, os executivos estão diante de um novo desafia: desenvolver sua eficiência como planejadores sociais. De acordo com Barnard, a administração pode ser definida como um processo pelo qual se criam oportunidades, removem-se obstáculos, liberta-se o potencial do indivíduo, motiva-se o desenvolvimento e durante o qual a organização age como um guia mentor. Assim, a função básica do executivo é a de manter um sistema de esforços cooperativos. Barnard definiu os conceitos de estrutura e dinâmica da organização. Conceitos estruturais: o indivíduo, o sistema cooperativo, a organização formal e a organização informal. Conceitos dinâmicos: a vontade, a cooperação, a comunicação, a autoridade, o processo decisório e o equilíbrio dinâmico. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS (Escola Humanística da Administração) A Teoria das Relações Humanas - ou Escola Humanística da Administração – surgiu nos Estados Unidos como conseqüência imediata das conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. A Teoria Clássica e A Administração Científica nunca foram pacificamente aceitas num país democrático com os Estados Unidos, onde trabalhadores e sindicatos passaram a considerá-las um meio sofisticado de exploração dos empregados em favor dos interesses patronais. A Teoria das Relações Humanas nasceu da necessidade de corrigir a forte tendência à desumanização do trabalho com a aplicação de métodos rigorosos, científicos e precisos, aos quais os trabalhadores tinham de se submeter. Georges Elton Mayo (1880-1949) ORIGENS DA TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS 1. A necessidade de humanizar e democratizar a Administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano. 2. O desenvolvimento das ciências humanas – principalmente a psicologia e a sociologia – sua crescente influência intelectual e suas primeiras aplicações à organização industrial. 3. As idéias da filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia de Kurt Lewin foram capitais para o humanismo da Administração. A sociologia de Vilfredo Pareto foi fundamental. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 13 4. As conclusões da Experiência de Hawthorne, realizada entre 1927 e 1932, sob a coordenação de Elton Mayo, pondo em xeque os principais postulados da Teoria Clássica da Administração. Administração Científica Teoria das Relações Humanas Exploração do operário em favor da classe patronal Necessidade de se humanizar e democratizar a administração A EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE Realizada na fábrica da Western Eletric Company, para verificar a correlação entre a produtividade e a iluminação do local de trabalho, dentro dos pressupostos da Administração Científica. A experiência foi coordenada por Elton Mayo e estendeu-se à fadiga, acidentes de trabalho, rotatividade do pessoal (turnover) e ao efeito das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. Fator fisiológico x Fator psicológico - Os observadores não encontraram nenhuma relação entre produtividade e iluminação e ainda perceberam e preponderância do fator psicológico sobre o fator fisiológico porque os operários que trabalhavam sob iluminação mais intensa se julgavam na obrigação de produzir mais. Grupo experimental – grupo de pesquisa criado para determinar o efeito de certas mudanças nas condições de trabalho. Grupo experimental (sala de provas) x Grupo de Controle (produção normal) - As pessoas envolvidas na pesquisa preferiam trabalhar na sala de provas(grupo experimental) porque: era mais divertido; havia um ambiente amistoso; não havia temor pelo supervisor, que funcionava mais como um orientador; as pessoas faziam amizades. Foi observado que, durante a experiência, a produtividade do grupo experimental aumentou. Preocupados com a diferença de atitude entre as moças do grupo experimental e as do grupo de controle, os pesquisadores foram gradativamente se afastando do objetivo inicial de verificar as condições FÍSICAS de trabalho e passaram a se fixar no estudo das relações HUMANAS no trabalho. CONCLUSÕES DA EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE A Experiência de Hawthorne proporcionou o delineamento dos princípios básicos da Escola das Relações Humanas. Suas principais conclusões são as seguintes: a) Nível de produção resultante da integração social O que determina o nível de competência e eficiência do trabalhador é a capacidade social e não sua capacidade de executar movimentos eficientes dentro do tempo estabelecido. b) Comportamento social dos empregados Grupo Social - reunião de pessoas que possuem as mesmas idéias, desejos, necessidades. O administrador precisa tratar os empregados como membros de um grupo, porque suas decisões sofrem influências sociais desses grupos. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos. c) Recompensas e sanções sociais Cada grupo social tem suas normas ou padrões de comportamento. As pessoas são avaliadas por essas normas e recebem, simbolicamente, recompensas ou sanções sociais, de acordo com o caso. HOMO ECONOMICUS HOMEM SOCIAL Motivação - Estímulos salariais Motivação - Reconhecimento - Aprovação social - Participação nas atividades dos grupos sociais d) Grupos informais A empresa passou a ser visualizada como uma organização social, composta de grupos informais. Os grupos informais constituem a organização informal da empresa, muitas vezes em contraposição à organização formal estabelecida pela direção. Os grupos informais definem suas regras de comportamento, formas de recompensa ou sanções sociais, objetivos, escala de valores sociais, crenças e expectativas que cada participante vai assimilando e integrando em suas atividades e comportamento. ORGANIZAÇÃO FORMAL ORGANIZAÇÃO INFORMAL - Oficial - Determinada pelos administradores - Baseada em aspectos formais como: autoridade, responsabilidade, especialização, padronização - Invisível - Determinada pelo interesse e conveniência de um grupo de pessoas - Baseadas em aspectos como: expectativas, grupos informais, motivação - Sua estrutura nem sempre coincide com a organização da empresa e) Relações Humanas Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada que influi no comportamento das outras pessoas e é, igualmente influenciada pelas outras. O comportamento humano é influenciado pelas atitudes e normas informais existentes nos grupos sociais. Compreender as Relações Humanas é fundamental para o administrador. f) Importância do conteúdo do cargo Mayo e seus colaboradores verificaram que a especialização defendida pela Teoria Clássica não cria a organização mais eficiente. Observaram que os operários trocavam de posição para variar e evitar a monotonia, contrariando a política da empresa. Trabalhos simples e repetitivos tendem a se tornar monótonos e maçantes, afetando negativamente a atitude do trabalhador e reduzindo a sua satisfação e eficiência. g) Ênfase nos aspectos emocionais Os elementos emocionais e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. Daí, a denominação de “Sociólogos da Organização” aos autores humanistas. A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIALIZADA E O HOMEM A Teoria das Relações Humanas preocupou-se com o esmagamento do homem pelo imenso desenvolvimento da civilização industrializada. Elton Mayo salienta que enquanto a eficiência material aumentou vigorosamente nos últimos duzentos anos, a capacidade humana para o trabalho coletivo não manteve esse ritmo de desenvolvimento. EAGS/SAD Administração – Prof. Fábio Arruda MÓDULO I 14 O progresso industrial provocou um profundo desgaste no sentimento espontâneo de cooperação. Há um conflito social na sociedade industrial: a incompatibilidade entre os objetivos organizacionais da empresa e os objetivos individuais dos empregados. Nova concepção das relações humanas no trabalho: Integração entre a organização e o trabalhador. O conflito social deve ser evitado por meio de uma administração humanizada que faça um tratamento preventivo. As relações humanas e a cooperação constituem a chave para evitar o conflito social. Para Elton Mayo, o conflito social é o germe da destruição da própria sociedade. FUNÇÕES BÁSICAS DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL A Experiência de Hawthorne permitiu o aparecimento de novos conceitos sobre a Administração. Roethlisberger e Dickson, dois relatores da pesquisa, concebem a fábrica como um sistema social. Para eles, a organização industrial tem duas funções principais: 1. Função Econômica: Produzir bens ou serviços. Busca o equilíbrio externo. 2. Função Social: Proporcionar satisfações a seus participantes. Busca o equilíbrio interno. DECORRÊNCIAS DA TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Com o advento da Teoria das Relações Humanas, uma nova linguagem passa a dominar o repertório administrativo: fala-se agora em motivação, liderança, comunicação, organização, dinâmica de grupo, etc. O engenheiro e o técnico cedem lugar ao psicólogo e ao sociólogo e o conceito de homo economicus cede lugar para o homem social. MOTIVAÇÃO A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam. Vimos que a Administração Científica de Taylor e de seus seguidores baseava-se na concepção do homo economicus, segundo a qual o comportamento do homem é motivado exclusivamente pela busca do dinheiro e pelas recompensas salariais e materiais do trabalho. Assim sendo, toda a Abordagem Clássica da Administração se alicerçava nessa teoria da motivação. A Experiência de Hawthorne teve o mérito de demonstrar que o pagamento ou recompensa salarial – mesmo quando efetuado em bases justas ou generosas – não é o único fator decisivo na satisfação do trabalhador dentro da situação de trabalho. Elton Mayo e sua equipe passaram a chamar a atenção para uma nova teoria da motivação, antagônica à do homo economicus: o ser humano é motivado, não por estímulos econômicos e salariais, mas por recompensas sociais, simbólicas e não materiais. Com a Teoria das Relações Humanas passou-se a estudar a influência da motivação no comportamento das pessoas. TEORIA DE CAMPO DE LEWIN Kurt Lewin já se referia em suas pesquisas sobre o comportamento social, ao importante papel da motivação. Para explicar a motivação do comportamento, elaborou a “Teoria de Campo”, que se baseia em duas suposições fundamentais: a) o comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes; b) esses fatos coexistentes têm o caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as demais outras partes. O comportamento humano não depende somente do passado, ou do futuro, mas do campo dinâmico atual e presente. Esse campo dinâmico é “o espaço de vida que contém a pessoa e seu ambiente psicológico”. Lewin propõe a seguinte equação para explicar o comportamento humano: C = f(P,M) – Onde o comportamento (C) é função (f) ou resultado da interação entre a pessoa (P) e o meio ambiente (M) que a rodeia. NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS Para os autores da Escola das Relações Humanas, ao longo de sua vida, o homem evolui por três níveis ou estágios de
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