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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH Licenciatura em História - EAD UNIRIO/CEDERJ GABARITO - PRIMEIRA AVALIAÇÃO PRESENCIAL 2019.2 DISCIPLINA: PATRIMÔNIO CULTURAL COORDENAÇÃO: MÁRCIA CHUVA QUESTÃO 1: (3,0) As duas principais normas jurídicas brasileiras voltadas para a preservação do patrimônio cultural são o Decreto-lei n. 25/1937 e o Decreto n. 3551/2000. Com base no material didático, contextualize historicamente a criação desses instrumentos, no âmbito das políticas de patrimônio. QUESTÃO 2: (3,0) a) Apresente o instrumento do tombamento, suas características e finalidades, bem como a norma jurídica que o criou. Resposta: O Decreto-Lei 25 de 1937 estabelece as funções do Conselho Consultivo do IPHAN e cria o instrumento do Tombamento, utilizado pelas instâncias de poder como principal instrumento legal de proteção do patrimônio cultural no Brasil. A partir da inscrição nos diferentes livros de tombo se assemelha ao instrumento do registro que também possui seus livros. Embora não se limite a este momento, o instrumento do tombamento ficou fortemente marcado por seus usos nas primeiras décadas. Institui- se um sentido de patrimônio que tornou-se hegemônico, que privilegiava as raízes portuguesas coloniais com uma noção de patrimônio fortemente marcada pela arquitetura. Notabilizou-se a expressão “pedra e cal” para caracterizar este momento do processo de preservação do patrimônio no Brasil, na representação de uma nacionalidade. b) Apresente o instrumento do registro, suas características e finalidades, bem como a norma jurídica que o criou. Resposta: O Decreto Federal 3551/2000 instituiu o registro de bens natureza imaterial e o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial, e também traz o Conselho Consultivo do IPHAN como responsável pela decisão de julgar os pedidos de registro, com a sua consequente inscrição nos quatro livros até então estabelecidos. Os procedimentos técnicos baseiam-se principalmente no Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC. Entretanto é importante atentar que o Registro é um instrumento que entende as práticas em sua dinâmica, buscando compreendê-las no interior de suas estruturas de produção de significados definidas por seus praticantes ou detentores. Este instrumento foi criado num momento de revisão e ampliação da noção de patrimônio, trazendo novas possibilidades de reconhecimento de bens de setores até então não privilegiados. c) Descreva os deveres que a aplicação desses instrumentos gera para o Estado. Resposta: O instrumento do tombamento dá ao Estado a tutela do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, impõe limites à propriedade privada ou pública, proibindo sua demolição, e a reforma sem as devidas autorizações. Sua ação sobre a propriedade é limitada permitindo ainda a comercialização. Exige a integridade e conservação do bem tombado, mas impõe ao Estado também responsabilidades, dando poder de polícia administrativa para fiscalizar os bens. Este direito baseia-se no princípio do "interesse coletivo". A partir da inscrição nos diferentes livros de tombo se assemelha ao instrumento do registro que também possui seus livros. O instrumento do Registro também se baseia na noção de interesse coletivo, mas entende os bens próximo à noção de direito coletivo. Embora tenha algumas especifidades em relação ao Tombamento, o Registro mantém o Estado como ente responsável por ações de salvaguarda para o bem. QUESTÃO 3: (4,0) Segundo Ulpiano Bezerra de Meneses, na Conferência Magna intitulada O campo do patrimônio cultural: uma revisão de premissas, que proferiu no 1º Fórum Nacional de Patrimônio Cultural, em Ouro Preto, 2009, indica um conjunto de valores que podem ser atribuídos aos bens culturais como patrimônio, independentemente de sua natureza material ou imaterial. Apresente pelo menos 3 diferentes valores de patrimônio, apresentados pelo autor. Resposta: O autor avança no debate propondo uma perspectiva que considere os diferentes valores atribuídos ao bem, reconhecendo que esta relação se dá na expressão material ou imaterial do bem e que é fruto de uma prática cultural de atribuição de valor. Neste sentido argumenta a necessidade de revisão da separação dos bens entre material e imaterial. Ulpiano Meneses considera um conjunto de componentes formadores do valor cultural dos patrimônios: cognitivos, formais, afetivos, pragmáticos e éticos. Entende o valor cognitivo como a capacidade de produzir conhecimento; o valor formal estaria relacionado ao sentido estético e considerando a historicidade na relação com o bem; os valores afetivos estariam próximos da construção de subjetividades; o valor pragmático, relacionado aos usos mais objetivos; os valores éticos estariam pautados nas interações onde os bens podem assumir valor no debate político do multiculturalismo por exemplo.
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