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Sócrates Sócrates (469 a.C.-399 a.C.) entendia a Filosofia como a procura da verdade, trilhando o caminho da sabedoria. Com a famosa frase “Conhece a ti mesmo”, o filósofo ateniense impulsionou a busca das verdades universais – o caminho para a prática do bem e da virtude. Em resumo, ele almejava que as pessoas se livrassem das falsas certezas para alcançar a verdade própria do ser humano. Assim, no século IV a.C., Sócrates criou Maiêutica: método de ensino investigativo que se baseava nas interrogações para dar à luz o conhecimento. Esse método tinha duas etapas que destruíam as falsas verdades para criar a universal. São elas: 1ª Etapa: De início, implantava-se a dúvida, de modo que o saber adquirido fosse interrogado para revelar as fraquezas e contradições na forma de pensar. 2ª Etapa: Depois, estimulava-se a busca de novos conceitos, de novas opiniões, o pensamento por si mesmo, a fim de desvelar a verdade, livrando-se do falso conhecimento. Platão Platão (428 a.C.-347 a.C.) valorizava a Academia como local da Filosofia. Na linha do mestre está a busca da verdade como condição do conhecimento filosófico. Seu método separa os dois mundos: sensível e inteligível. Os fenômenos estão em constantes mudanças, mas algo nunca se modifica. A realidade está além das coisas sensíveis ou aparentes, que precisam ser descobertas pelo intelecto. É preciso conhecer as formas, a verdade e a razão de tudo o que existe no mundo sensível. Tudo o que nasce e desaparece não pode ser considerado o ser de maneira plena. Neste mundo, tudo é instável, pois se transforma com o tempo. A verdade é o lugar para onde devemos retornar, pois viemos dela, das formas inteligíveis e das essências. A instrução deve culminar na formação do cidadão e da cidade dos justos. Por isso, é necessário haver equilíbrio entre as três almas presentes no homem: animal, passional Aula 2 e intelectual. O intelecto (razão) tem de dominar as paixões e os instintos. A educação precisa levar à reminiscência, que conduz o homem e a cidade à verdade. Nesse sentido, são canais de harmonização humana: O aprendizado da música e da matemática; O equilíbrio do corpo por meio da ginástica; O exercício da dialética 3 para a contemplação da verdade. Para ratificar suas concepções intelectuais, Platão criou a Alegoria da caverna. Nela, prisioneiros acorrentados de frente para a parede somente podiam ver as sombras. Quando um deles se libertou, encontrou uma realidade diferente. Impressionado, o preso voltou para contar aos demais sobre o mundo real que existia fora da caverna e para livrá-los da escuridão. Mas eles se recusaram a acreditar no homem e o mataram. Reminiscência Lembrança de uma verdade que, contemplada pela alma no período de desencarnação (entremeio que separa suas existências materiais), ao tornar à consciência, evidencia-se como o fundamento de todo o conhecimento humano. Dialética Processo de diálogo, debate entre interlocutores comprometidos com a busca da verdade, por meio do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou ideias. ''A educação liberta, ilumina os que estão no mundo das sombras e leva à verdade.'' Aristóteles Para Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), somente na pólis 4, o homem se realizava plenamente em busca do bem supremo. No entanto, esse viver bem não era definitivamente alcançado, pois não estava preso a um tempo específico, mas se refazia – inclusive como sensação –, na medida em que o homem decidia por novas determinações em seu ato constitutivo e reconstitutivo. Cada vez que o sujeito constituía sua determinação, o que somente podia acontecer a partir da vida na pólis, exercia a phrónesis: uma verdade prática que o contextualizava, humanizava e o colocava à frente da interrogação sobre sua existência, tornando-o criador e recriador de sua vida. A preocupação para que as coisas fossem de outra maneira impelia ao não cumprimento apenas das determinações traçadas para ele. Somente pelo entendimento do conceito de pólis, era possível compreender seu projeto de educação como canal capaz de desenvolver as condições necessárias para a segurança do regime e para a saúde do Estado, que devia ocupar toda a vida do cidadão – desde sua concepção. Contudo, só o que o Estado legislava tinha de contribuir para a educação, e a ele cabia: 1 - Guiar os cidadãos à prática das virtudes. 2 - Ocupar-se da educação dos jovens. 3 - Estabelecer leis que promovessem a educação conforme a moral, voltada à vida política, o que estabelecia seu equilíbrio. 4 - Tornar a educação um assunto público. 5 - Promover o fim do indivíduo em concordância com seu fim. A educação era, portanto, uma condição da pólis e não podia ser negligenciada. Para Aristóteles, a política era a ciência mais importante, e apenas por meio da educação, o homem desenvolvia a prática do bem-estar comum. Mas, para que a educação alcançasse seus objetivos, era necessário um conjunto de atividades pedagógicas e coordenadas, que visassem a uma cidade perfeita e a um cidadão feliz. O filósofo grego também deixou de herança o método peripatético, que discutia as questões filosóficas mais profundas, relacionadas à metafísica, à física e à lógica. Método Peripatético Doutrina cujo nome deriva de perípato: alameda dos jardins do Liceu (escola filosófica fundada por Aristóteles, onde ministrava suas aulas caminhando). Ao longo do tempo, o método se difundiu e passou a designar todo aquele que tem o hábito de ensinar dessa forma. Caracteriza-se pela diversidade e complexidade temática – sistematização e aperfeiçoamento de todos os saberes de seu tempo – com profunda influência sobre o desenvolvimento posterior da cultura ocidental. Democracia Ateniense A cidade de Atenas é considerada exemplo de democracia para as sociedades modernas. Somente os cidadãos – homens livres atenienses – podiam votar e ser votados. O regime democrático de lá trouxe importantes modelos e práticas para as sociedades posteriores, tais como: 1 - Preenchimento dos cargos políticos por meio de eleições ou de sorteio. 2 - Duração limitada desses cargos. 3 - Participação dos cidadãos na vida política. Além disso, a política ateniense instituiu o ostracismo. Todas as assembleias, todos os debates e todas as votações aconteciam na praça central da cidade, chamada de Ágora: um ambiente livre, ladeado por prédios públicos e por mercados, onde também ocorriam as trocas, o comércio e as feiras. Era o espaço da cidadania. Ostracismo Lei que punia politicamente o cidadão que elaborasse projetos públicos em proveito próprio, condenando-o à expulsão ou ao exílio por 10 anos. Educação grega O princípio da educação grega era a formação integral. A própria família tinha essa responsabilidade, conforme a tradição religiosa. Muitas atividades reuniam os gregos em comemoração. Esses eram os momentos que faziam a educação acontecer naturalmente. O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco mais para se difundir, pois, na formação escolar, a preocupação recaía, prioritariamente, sobre a prática esportiva. Os gregos tratavam a educação como um processo de preparação para a vida social. O homem era visto como um ser racional: o centro do universo. A busca do conhecimento e o estudo da natureza, do ser humano e das artes, da observação e da investigação do mundo levaram ao desenvolvimento da Filosofia, entendida como a formação do homem, de seu espírito e de sua alma. Assim como a intelectual, a educação pelas artes era fundamental para gerar esse homem. Esse processo era resumido pela palavra paideia, que não é possível traduzir em virtude de seus inúmeros significados. A educação de cada pólis refletia a forma de organização e os ideais de cada sociedade. As crianças atenienses que se tornariam cidadãos eram preparadas para o debate e a deliberação. Tinham um dia de estudos e de instrução para a cidadania. Elas se encaminhavam para a palestra – local onde estudavam – duas vezes ao dia: de manhã, quando aprendiam música e ginástica, e à tarde, após o almoço em casa, para o ensino da leitura e da escrita, que era acompanhado por um escravo, chamado de pedagogo Educação Ateniense Na pólis ateniense, a Ágora era o local por excelência de manifestação da opinião pública, adequado à cidadania cotidiana, em que o povo se reunia em assembleia para debater e deliberar sobre as questões de interesse da comunidade. A educação de Atenas tinha como finalidade preparar os futuros cidadãos para a política, ou seja, para a retórica, de modo que fossem capazes de se expressar oralmente, e que estivessem prontos para o diálogo e o convencimento. O ideal de uma educação integral, aliando mente e corpo, concretizou-se. O Estado era entendido como uma maneira de garantir a liberdade do cidadão, o que era possível por meio da prática educativa. Até os 7 anos de idade, a educação das crianças era responsabilidade das famílias e ocorria no espaço doméstico. Entretanto, essa tarefa não era exclusiva dos pais. Cabia, preferencialmente, aos escravos e às amas (pedagogos) o cuidado de ensinar, iniciado pela educação física e musical, e pela alfabetização. As meninas continuavam a ser educadas no ambiente familiar, especificamente no gineceu. Já a educação masculina organizava-se em três níveis: Elementar (até os 13 anos); Secundário; Superior. A partir da Educação Elementar, as crianças eram encaminhadas para aprender algum ofício, ou continuavam estudando e frequentando os ginásios. Inicialmente, esses lugares eram destinados apenas aos exercícios físicos, mas, com o tempo e as exigências da pólis, incluíram as práticas musicais e literárias. A partir dos 16 ou 18 anos, o jovem se dedicava ao Ensino Superior. Esse foi o momento em que Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram suas reflexões e teorias. O ensino profissional desenvolvia-se no cotidiano, durante a própria execução do trabalho. Assim, a educação ateniense propiciou o surgimento e o desenvolvimento da Filosofia, que pode ser dividida em três fases: Período Pré-socrático Aqui, buscava-se explicar as questões da natureza e a origem do mundo. Período Socrático Aqui, a reflexão residia sobre o homem. Este foi o momento em os filósofos clássicos estudados se destacaram. Período Helenístico Aqui, a Filosofia ficou marcada pela visão cristã e por soluções individuais em detrimento do coletivo. Educação Espartana A estrutura da educação espartana – chamada de agogê – foi organizada por Licurgo (800 a.C.-730 a.C.). O ensino era obrigatório e estava voltado para a formação militar. O poder político-militar deu o sentido da educação na cidade de Esparta, que, patrocinada pelo Estado, tinha como principal objetivo preparar os futuros soldados. A prática educacional consistia, portanto, em desenvolver as habilidades físicas para a formação do guerreiro, tais como força, bravura e obediência – virtudes necessárias à guerra. Semelhante ao que ocorria em Atenas, até os 7 anos, os meninos permaneciam em casa sob os cuidados das mães, que os treinavam de forma rigorosa. Após esse período, o Estado assumia a educação: os jovens eram afastados da família e encaminhados para as casernas públicas, onde recebiam ensinamentos militares e treinavam: Ginástica; Saltos; Natação; Corrida; Lançamentos de dardo e de disco. Eles também aprendiam a suportar a fome, o frio, a dormir com desconforto e a vestir-se de forma despojada. Além disso, estudavam as armas e manobras militares, com o propósito de se tornar hábeis, perspicazes e com autodomínio. As mulheres também se preparavam fisicamente e eram criadas para viver de maneira saudável, a fim de conceber filhos sadios. A educação sexual fazia parte da instrução feminina a partir da puberdade e era de responsabilidade da mãe. Em torno dos 20 anos, a moça recebia autorização do governo para casar e procriar, e era estimulada a engravidar, pois, quanto mais filhos nasciam, mais soldados havia na cidade. A disciplina era um valor, e o respeito dos guerreiros a seus superiores era primordial. Assim, a educação moral espartana valorizava a obediência, a aceitação dos castigos e o respeito aos mais velhos, bem como privilegiava a vida comunitária. Educação Romana Na fase latina da educação romana, havia resistência à influência helenística. Os pequenos camponeses do Lácio 13 protegiam-se das inovações estrangeiras pelo respeito a uma tradição ancestral, de acordo com a qual a finalidade da educação era prática e social. Esperava-se que se proporcionasse à criança o saber necessário para o exercício de sua profissão de soldado ou de proprietário rural. Nesse período, a educação da criança era de responsabilidade da família, do pater famílias. Isso significa que, desde os primeiros tempos da cidade, a autonomia da educação paterna era uma lei do Estado – o pai é dono e artífice de seus filhos. No século II a.C., o pater familias concedeu à mãe os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, incluindo as meninas, que também aprendiam os elementos iniciais do alfabeto. A criança crescia em casa e com os colegas, entre os brinquedos e as aprendizagens básicas. A mulher adquiriu uma autoridade desconhecida na Antiguidade grega. Essa tradição permaneceu por muito tempo, inclusive no século I d.C., conforme destaca Manacorda (2006, p. 75): “Quintiliano também atribui à mãe a tarefa de ensinar aos filhos os primeiros elementos do falar e do escrever”. Mas, por volta dos 7 anos de idade, essa função era de responsabilidade do pai, que deveria proporcionar ao filho a educação moral e cívica, baseada na tradição, bem como na aprendizagem de noções jurídicas e de conceitos estabelecidos na Lei das XII Tábuas, a fim de desenvolver sua consciência histórica e o patriotismo. Para isso, a educação romana compreendia, também, os exercícios físicos e militares. Em torno de 16 anos, finalmente livre da infância, o jovem dava início à aprendizagem da vida pública, militar ou política, acompanhado do pai ou, se necessário, de um parente e, até mesmo, de um escravo instruído, com o objetivo de se inserir na sociedade. Durante cerca de um ano e antes de cumprir o serviço militar, adquiria conhecimentos de Direito, de prática pública e da eloquência. Influência Grega na Educação Romana No início da República, o crescimento do comércio e a expansão de Roma propiciaram transformações na organização da sociedade. Inclusive, aos poucos, foi-se consolidando outro modelo de educação mais coerente com o novo momento vivido pelos romanos. Provavelmente, a evolução histórica foi do escravo pedagogo e mestre da própria família ao escravo mestre das crianças de várias famílias e, enfim, ao escravo libertus, que ensina na sua própria escola. Grande parte desses escravos vieram da Grécia conquistada pelos romanos. Assim, em Roma, esses vassalos foram gregos que, falando ou não latim, ensinaram a própria língua e transmitiram sua cultura aos romanos. Além disso, os etruscos que povoaram parte da Península foram influenciados pelos gregos, de quem buscaram o alfabeto. De modo gradual, a educação tornou-se um ofício praticado, inicialmente, por escravos no interior da família e, em seguida, por libertos na escola. Em resumo, observamos a influência grega e etrusca sobre a origem de uma forma de educação não familiar, mas institucionalizada na escola. Logo, a cultura grega converteu-se em patrimônio comum dos povos do Império Romano e, depois, foi repassada durante muito tempo à Europa medieval e moderna, chegando, assim, a nossa época. Nesse período, os mestres eram mais desprezados do que estimados e, muitas vezes, lembrados pelos castigos corporais e pela pobreza. Apesar de sua severidade, é comum encontrarmos relatos de revoltas por parte dos alunos, que até os agrediam fisicamente. A memorização e a repetição marcaram fortemente essa escola inicial. Certamente, o tédio de tal didática, o medo das varas e dos chicotes, e os conteúdos muito distantes da vida diária e dos interesses reais dos jovens e da sociedade não encorajaram a frequência aos estudos. A crítica a esse modelo de educação se fez presente e partiu de dentro da própria sociedade, que, por meio de seus importantes pensadores ou filósofos, não só condenou como também externou proposições a respeito da escola. Em seguida, foram criadas as cátedras de retórica nas grandes cidades. Além disso, houve favorecimento e promoção da instituição de escolas municipais de gramática e de retórica nas províncias. Nesse contexto, pela primeira vez, os romanos desenvolveram um sistema de ensino: um organismo centralizado que coordenava inúmeras instituições escolares espalhadas por todas as províncias do império e constituídas em carácter oficial pela intervenção do Estado. Esse processo ocorreu de forma lenta, mas, aos poucos, com o passar dos anos e até mesmo dos séculos, verificamos avanços nesse sentido.
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