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O estatuto das pessoas com deficiência e seu reflexo em uma sociedade abstrata 1 (1)

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O estatuto das pessoas com deficiência e seu reflexo em uma sociedade abstrata 
Autores: Daniel Dias Santos
 Tatiane Guimarães 
 
Resumo: O presente artigo tem como objetivo abranger os aspectos positivos e negativos da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, (LBI) Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. E seus reflexos na sociedade brasileira.
1.1 Introdução a Parte Histórica 
 Na história de toda a humanidade as pessoas portadoras de deficiências sofreram com o desprezo e o descaso da sociedade, assim era desde os primórdios das civilizações humanas.
Na Grécia antiga os recém-nascidos que portavam alguma deficiência física eram abandonados e deixados para morrer. 
		“A República, Livro IV - Pegarão então os filhos dos homens superiores, e levá-los-ão para o aprisco, para junto de amas que moram à parte num bairro da cidade; os dos homens inferiores, e qualquer dos outros que seja disforme, escondê-los-ão num lugar interdito e oculto, como convém.” (GUGEL, 2007, p. 63).
Em Esparta os cidadãos pertenciam ao estado e tinham o dever de apresentar seus filhos recém-nascidos para os magistrados em praça pública, as crianças que apresentavam alguma deficiência era consideradas indignas de viver sobre o manto da sociedade espartana, eram abandonadas ou mortas em nome do estado e seus costumes. 
		“Se lhes parecia feia, disforme e franzina, como refere, Plutarco, esses mesmos anciãos, em nome do Estado e da linhagem de famílias que representavam, ficavam com a criança. Tomavam-na logo a seguir e a levavam a um local chamado Ápothetai, que significa depósito. Tratava-se de um abismo situado na cadeia de montanhas Tahgetos, perto de Esparta, onde a criança era lançada e encontraria a morte, pois, tinham a opinião de que não era bom nem para a criança nem para a república que ela vivesse, visto como desde o nascimento não se mostrava bem constituída para ser forte sã e rija durante toda a vida.” (Silva, 1986, p. 122).
Em Roma a lei permitia que os cidadãos romanos que vinham a ter filhos com deformidades físicas optassem por abandonar as crianças em um cesto no rio Tibre ou as afogassem, as crianças sobreviventes eram exploradas e serviam como entretenimento dos homens ricos. 
Na era do cristianismos ainda no império Romano surgiram os primeiros hospitais de caridade que passaram a cuidar das pessoas com deficiência ou deformidades, começou-se então a combater a ideia de eliminação dos recém-nascidos com deficiência.
Já no período da Idade Média os deficientes eram comumente queimados na fogueira como as bruxas e o nascimento de uma criança deficiente era visto como um castigo divino.
Na Idade Moderna ocorreu a difusão de novas ideias. Nos séculos XIV, XVI e XVIII ocorreram grandes transformações marcadas pelo humanismo. Gerolamo Cardomo (1501 a 1576), médico e matemático inventou um código para ensinar pessoas surdas a ler e escrever, por meio de sinais. Esse método contrariou o pensamento da sociedade da época que não acreditava que pessoas surdas pudessem ser educadas. No Século XV o reformador religioso Martinho Lutero afirmava que as pessoas portadoras de deficiência não possuíam natureza humana e eram usadas por maus espíritos, bruxas, fadas e duendes e costumava dar ordem de afogar crianças com deficiência mental.
Durante os séculos XVII e XVIII houve grande desenvolvimento no atendimento às pessoas com deficiência em hospitais. Passou a haver assistência especializada em ortopedia para os mutilados das guerras e para pessoas cegas e surdas. Philippe Pinel (1745-1826) explicou que pessoas com perturbações mentais devem ser tratadas como doentes, ao contrário do que acontecia na época, quando eram trados com violência e discriminação.
Já no século XIX Louis Braille revolucionou ao criar o sistema de escrita “BRAILLE” usado por pessoas cegas até os dias de hoje.  Foi no século XIX em grande parte influenciada pelas ideias humanistas derivadas da revolução Francesa que se percebeu que as pessoas com deficiência necessitavam de hospitais e abrigos especializados; Foi ainda no século XIX que se iniciou o estudo individual de cada deficiência.
Historicamente os indivíduos com deficiência têm sido caracterizados por diversos paradigmas no decorrer da história da humanidade os quais resistem ao longo dos séculos, tendo provocado consequências históricas, pois é mais fácil prestar atenção aos impedimentos e às aparências do que aos potenciais e capacidades de tais pessoas. A estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade, essas pessoas sempre foram alvo de atitudes preconceituosas e ações impiedosas.
Durante a segunda guerra mundial na Alemanha houve um genocídio de pessoas portadoras de deficiência.
 
“Tempos de guerra, segundo Hitler, "são os melhores momentos para se eliminar os doentes incuráveis". Muitos alemães não queriam ser lembrados dos indivíduos incompatíveis com seu conceito de “raça superior”. Os deficientes físicos e mentais eram considerados “inúteis" à sociedade, uma ameaça à pureza genética ariana e, portanto, indignos de viver. No início da Segunda Guerra Mundial, indivíduos que tinham algum tipo de deficiência física, retardamento ou doença mental eram executados pelo programa que os nazistas chamavam de “T-4” ou “Eutanásia”.
Por conta das inúmeras pessoas feridas em campo de batalha e também pelas dificuldades existentes em períodos de guerra, alguns dos conflitos dinamizaram as condições das pessoas com deficiência na sociedade civil. A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) surge como catalisadora de mudanças, uma vez que esta demandou um maior foco em reabilitar os feridos em campo de batalha. Já a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) fez com que direitos de igualdade fossem mais evidenciados, inserindo também pessoas com deficiência no mercado de trabalho devido à escassez de mão de obra da época.
Na década de 1960, por conta das batalhas militares travadas pelos Estados Unidos, a Guerra do Vietnã (1955 – 1975) aumentou consideravelmente o número de pessoas com deficiência no país. Esta guerra em específico fez com que surgissem muitas manifestações sociais por parte da população norte-americana em defesa das minorias – sobretudo os afetados diretamente pela guerra.
1.2 Ao Principio do Direito dos deficientes no Brasil
 	No Brasil, a sociedade começou a se interessar pelo atendimento dos deficientes a partir do século XIX, se inspirando nas experiencias dos educadores da Europa e dos EUA. No âmbito da deficiência visual foi fundado em 1854, pelo imperador D. Pedro II, o Imperial Instituto dos meninos Cegos que mais tarde teve seu nome substituído por Instituto Benjamin Constant. Em 1857, foi a vez do Imperial Instituto dos Surdos-mudos, atualmente chamado de Instituto Nacional de Educação de Surdos(INES). A respeito desses institutos Aranha(2000,p23), levanta uma importante questão:
	
“Ambos foram criados pela intercessão de amigos ou pessoas institucionalmente próximas ao Imperador, que atendeu as solicitações, dada a amizade que com eles mantinha. Essa prática do favor, da caridade, tão comum no país naquela época, instituiu o caráter assistencialista que permeou a atenção à pessoa com deficiência, no país, e a educação especial, em particular, desde seu inicio”.
Em 1903 foi inaugurado o hospital psiquiátrico colônia na cidade de Barbacena, no estado de Minas Geras. O que era para ser um centro de tratamento e recuperação para deficientes físicos e mentais, veio a se tornar um dos trechos mais escuros da história do Brasil.
“Em 1903, Barbacena, MG, ganhou a alcunha de “Cidade dos Loucos”, graças à inauguração de sete instituições psiquiátricas no município. Na época, estâncias de clima ameno, como Barbacena, eram vistas como propícias para o tratamento de doenças mentais. Uma dessas iniciativas era o Hospital Colônia. Mas, com o tempo, o que era planejado como uma instituição médica tornou-seum matadouro
Campo de concentração
Os pacientes eram separados por sexo, idade e características físicas. Como o Colônia não tratava apenas pessoas da cidade, muitas vinham de fora, desembarcando de trem. Em 1933, o escritor Guimarães Rosa, que trabalhou brevemente como médico no Colônia, chamou aquilo de “trem de doido”. Anos depois, o cenário rendeu comparações inevitáveis com os campos de concentração nazistas, já que eles também eram abastecidos com trens
Público alvo
Os paralelos com os campos nazistas não paravam aí. Estima-se que 70% dos internados não apresentavam registro de doença mental. Eram gays, alcoólatras, militantes políticos, mães solteiras, mendigos, negros, pobres, índios, pessoas sem documento etc. De hospital psiquiátrico, a instituição virou depósito de gente indesejada. Uma mulher chegou a ser internada porque tinha tristeza!
Tratamentos
Torturas físicas e psicológicas eram rotina no Colônia. Entre as mais comuns havia a ducha escocesa (banho propiciado por máquinas de alta pressão) e tratamentos de choque, ambos aplicados a quem não se comportasse bem. Estupros também foram relatados durante as décadas de funcionamento do hospital
Chocante
Em geral, hospitais psiquiátricos usavam métodos como tratamento de choque nos pacientes – não era uma exclusividade do Colônia. A situação começou a mudar com uma revolução no sistema de saúde mental proposta pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia, na década de 1960, e com o Movimento Antimanicomial, criado no Brasil em 1987, que queria que as instituições tivessem um perfil de tratamento e de reabilitação, não de prisão
A terapia de choque (eletroconvulsoterapia) surgiu na década de 1930 como alternativa experimental para tratar casos de psicopatologias graves
Superlotação
O hospital poderia receber até 200 pessoas, mas chegou a ter 5 mil. Para comportar tanta gente e abrir espaço, o Colônia trocou camas por capim. A desumanização se espalhava pelos 16 pavilhões, onde faltavam água encanada e alimentos. Muitos internos bebiam e se banhavam no esgoto a céu aberto. Com uma sucessão de maus-tratos, frio e fome, muitos não resistiam
O buraco é sempre mais embaixo
Percebendo que o cemitério municipal já não comportava o número cada vez mais alto de mortos no Colônia, funcionários do hospital começaram a traficar corpos para faculdades de medicina, que os usavam em aulas de anatomia. Se a procura era baixa, os mortos eram dissolvidos em ácido
Números da atrocidade
Condições precárias, torturas, superlotação, abandono e crueldade resultaram em uma catástrofe anunciada. Estima-se que 60 mil vidas foram perdidas no Colônia até o fim dos métodos desumanos nos anos 80. Em 1996, um dos pavilhões foi transformado em museu para manter viva essa lamentável memória da história brasileira. Hoje, restam menos de 200 sobreviventes da tragédia.”
Jornalista e editor Lucas Baranyi (https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-tragedia-do-hospital-colonia-de-barbacena/)
1.3 As Garantias Constitucionais Dos Deficientes 
Com a Constituição Federal de 1988 o Brasil passou a garantir constitucionalmente, direitos aos portadores de deficiência física ou menta.
“TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
Artigo 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salários e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; …
TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO II
DA UNIÃO
Artigo 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência.
Artigo 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência.
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VIII – A lei reservará  percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá  os critérios de sua admissão; …
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 4º – É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
I – portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
TÍTULO VIII
Da Ordem Social
REPORT THIS AD
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL
Seção III
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
Seção IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Artigo 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
IV – habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
Seção I
DA EDUCAÇÃO
Artigo 208. O dever do Estado com a educação será  efetivado mediante a garantia de:
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
CAPÍTULO VII
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos:
II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitaçãodo acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.
§ 2º – A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
TÍTULO IX
Das Disposições Constitucionais Gerais
Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º.
2.1Como foi pensado o conteúdo da Lei Brasileira de Inclusão?
 
O texto da LBI tem como base a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o primeiro tratado internacional de direitos humanos a ser incorporado pelo ordenamento jurídico brasileiro como emenda constitucional. Mas, muito além das medidas instituídas pela Convenção, tais como o acesso à saúde, educação, trabalho, cultura, lazer, informação, entre outros, o texto da Lei Brasileira de Inclusão baseou-se na carência de serviços públicos existentes no Brasil e nas demandas da própria população. Muito importante dizer também que sua composição partiu do pressuposto de que nenhum retrocesso sobre os direitos já conquistados poderia ser feito. O texto foi pensado para não repetir mandamentos legais já previstos em outras leis, a exceção de disposições de decretos que foram elevadas ao status de Lei. A ideia da LBI sempre foi a de avançar direitos. Podemos dizer que a Lei Brasileira de Inclusão não é um compilado de Leis, mas sim um documento que altera algumas já existentes para harmonizá-las à Convenção Internacional. Ou seja, leis que não atendiam ao novo paradigma da pessoa com deficiência ou que simplesmente a excluíam de seu escopo. Alguns exemplos de Leis que a LBI alterou: Código Eleitoral, Código de Defesa do Consumidor, Estatuto das Cidades, Código Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT. Vale lembrar também que a principal inovação da LBI está na mudança do conceito de deficiência, que agora não é mais entendida como uma condição estática e biológica da pessoa, mas sim como o resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de natureza física, mental, intelectual e sensorial do indivíduo.
O que isso quer dizer? 
A deficiência deixa de ser um atributo da pessoa e passa a ser o resultado da falta de acessibilidade que a sociedade e o Estado dão às características de cada um. Ou seja, a LBI veio para mostrar que a deficiência está no meio, não nas pessoas. Concluímos, então, que: quanto mais acessos e oportunidades uma pessoa dispõe, menores serão as dificuldades consequentes de sua característica. Por fim, vale dizer que diferente da Convenção, que é uma carta de intenções, o texto da Lei Brasileira de Inclusão traz soluções práticas para todas as áreas de politicas públicas.
Mara Gabrilli Relatora da Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência) na Câmara dos Deputados
O que é uma pessoa com deficiência?
Conhecer os conceitos acerca das deficiências é o primeiro passo para uma convivência inclusiva em sociedade. Oriundo do latim deficiens, a deficiência é considerada uma redução das capacidades físicas ou intelectuais de um indivíduo.
As deficiências podem ser de caráter sensorial ou intelectual, podendo ter origem no nascimento no indivíduo ou no decorrer de sua vida em função de doenças ou acidentes. Estas podem ter diversas consequências na pessoa afetada, tornando muitas vezes necessária assistência proporcional ao dano da condição existente.
No Brasil, segundo o Artigo 4 do Decreto nº 3.298/99 da Constituição de 1988, é considerada uma pessoa com deficiência quando se enquadra nas seguintes categorias:
 I – Deficiente Físico: pessoa que detém alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;
II – Deficiente auditivo: pessoa que detém perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis na forma seguinte:
a) de 25 a 40 decibéis (db) – surdez leve;
b) de 41 a 55 db – surdez moderada;
c) de 56 a 70 db – surdez acentuada;
d) de 71 a 90 db – surdez severa;
e) acima de 91 db – surdez profunda; e
f) anacusia;
III – Deficiente visual: pessoa que detém acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações;
IV – Deficiente mental: pessoa que detém funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização da comunidade;
d) utilização dos recursos da comunidade;            
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
g) lazer; e
h) trabalho.
Deficiente múltiplo: pessoa que detém associação de duas ou mais deficiências.

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