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>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1226 A Violência Obstétrica segundo a percepção das mulheres que a vivenciaram Márcia Regina Cangini Fabbro¹ Geovânia Pereira dos Reis Machado² ¹ Enfermeira Obstetra, Professora Associada da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)/São Paulo/Brasil. Doutorado em Educação e Pós-Doutorado na Universidade de Barcelona/Espanha. Líder do Grupo de Pesquisa “Cuidado Interdisciplinar à Saúde da Mulher” (CISMu). Email: mfabbbro@gmail.com. ² Enfermeira Obstetra, Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Email: geovaniareis@gmail.com Resumo. Violência obstétrica é um tipo de violência de gênero onde há apropriação do corpo das mulheres nos processos reprodutivos, por profissionais da saúde, que prestam assistência desumana, com uso excessivo de medicalização e intervenções iatrogênicas em processos naturais. Trata-se de estudo qualitativo, cujo objetivo foi compreender, por meio do relato de 9 mulheres e à luz da perspectiva de gênero e direitos reprodutivos, a prática desta violência. Baseada na Metodologia Comunicativa Crítica, o relato comunicativo e o nível básico de análise foram os instrumentos de coleta e análise dos dados, permitindo a identificação dos elementos transformadores e exclusores, elencados nas categorias Mundo da Vida e Sistema. Os resultados apontam maior quantidade de elementos exclusores ligados ao sistema e menor de elementos transformadores relacionados ao mundo da vida. Concluímos que os relatos anunciam e denunciam a violência obstétrica na rede pública de saúde e a violação de direitos humanos. Palavras-chave: Violação dos direitos humanos, violência obstétrica, violência de gênero, saúde materna. Obstetric Violence according to the perception of the women who experienced it Abstract. Obstetric violence is a type of gender-based violence where women's bodies are appropriated in reproductive processes by health professionals who provide inhumane assistance, overuse of medicalization, and iatrogenic interventions in natural processes. It is a qualitative study, whose objective was to understand, through the report of 9 women and in the light of the perspective of gender and reproductive rights, the practice of this violence. Based on the Critical Communicative Methodology, the communicative report and the basic level of analysis were the instruments of data collection and analysis, allowing the identification of transforming and exclusionary elements, listed in the World of Life and System categories. The results point out a larger number of exclusionary elements linked to the system and less of transforming elements related to the world of life. We conclude that the reports announce and denounce the obstetric violence in the public health system and the violation of human rights. Keywords: Violation of human rights, obstetric violence, gender violence, maternal health. 1 Introdução O "Guia prático: cuidados com o parto normal" (World Health Organization [WHO], 1996), datado de 1996, foi o primeiro documento que esclarece quais praticas obstétricas não são recomendadas, entre elas o uso rotineiro de episiotomia, fórceps, ocitocina, manobra de Kristeller, amniotomia, jejum, tricotomia, posições horizontais para o processo de parturição, entre outros procedimentos, que por não serem baseados em evidências científicas, tornam a assistência prestada na gravidez, parto e pós-parto de baixo risco insegura. Além de, marcar a necessidade de humanização dos cuidados de saúde a esta população. Neste sentido, os fatores intervenientes das práticas de >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1227 assistência ao pré-natal, trabalho de parto, parto, nascimento e amamentação podem influenciar a vivência e a experiência das mulheres. Estas práticas inadequadas em obstetrícia têm sido denunciadas pelos movimentos de mulheres nas redes sociais e nas ruas em defesa de partos e nascimentos fisiológicos e humanizados, que visem o respeito aos direitos sexuais e reprodutivos enquanto direitos humanos. Compreendendo o parto e nascimento como eventos sociais e não somente biológicos, na sociedade brasileira ainda persistem comportamentos sexistas, sustentados por um discurso heterossexualista, e sob essa ótica, gênero e sexualidade são determinados biologicamente e não construídos social e culturalmente. Além disso, exibe um panorama de desigualdades de gênero, onde situações como violência de gênero e violência obstétrica são naturalizadas, banalizadas e/ou invisibilizadas pelos atores desta sociedade (Fundo de Populações das Nações Unidas [UNFPA], 2007; Diniz, 2009; Aguiar, Oliveira, 2011; D’Gregório, 2011; Mattar, Diniz, 2012; & Aguiar, D’Oliveira, Schraiber, 2013). D'Oliveira, Diniz, & Schraiber (2002) categorizaram quatro tipos de violência: negligência, violência verbal, violência física e violência sexual. Em 2007, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) consolidou o conceito de violência obstétrica na América Latina como um tipo de violência de gênero que se caracteriza pela: Apropriação do corpo das mulheres durante os processos reprodutivos, pelos profissionais de saúde que prestam auxilio desumano com uso excessivo de medicalização e intervenções iatrogênicas em processos naturais que envolvem a perda de autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos e sua sexualidade, e um impacto negativo sobre a qualidade de vida das mulheres (UNFPA, 2007, p. 30). As situações de violência institucional também podem se desdobrar em violência obstétrica. De acordo com a Polícia Nacional para Enfrentamento à Violência contra as Mulheres (Brasil, 2011), a violência institucional é "a violência praticada por ação ou omissão na prestação de serviços públicos de instituições. Isso é perpetuado por profissionais que não asseguram um cuidado humanizado, preventivo e reparador de danos" (Brasil, 2011, p. 35). Vale ressaltar que a violência institucional pode ocorrer “em função de práticas discriminatórias, sendo as questões de gênero, raça, etnia, classe geracional, orientação sexual e religião um terreno fértil para a ocorrência de tal violência” (Brasil, 2011, p. 35). Apesar de várias iniciativas do governo brasileiro em melhorar a assistência ao parto e nascimento com políticas como o "Programa de Humanização do Parto e do Nascimento" e a "Rede Cegonha" (Brasil, 2002, 2014), estudos vem mostrando uma insatisfação crescente de mulheres em suas experiências relativas ao parto e ao nascimento. Muitos deles descrevem este evento como dominado pelo medo, solidão e dor, realizado em instituições onde as mulheres são consideradas secundárias, especialmente as pretas, solteiras e de baixa renda, e a maternidade na adolescência é estigmatizada. Desta forma, o direito reprodutivo é transformado em um processo hierárquico, refletindo a desigualdade de gênero e a desigualdade na assistência (Diniz, 2009; & Mattar, Diniz, 2012). Considerando estes aspectos, a pergunta de pesquisa foi: Quais práticas assistenciais configuram violência obstétrica para as mulheres em suas experiências de gestação e parto? O objetivo foi identificar se houve a presença de práticas que se configuram em violência obstétrica no atendimento às mulheres e, diante disso, como esse fenômeno se manifesta nos discursos delas. 2 Metodologia A Metodologia Comunicativa Crítica foi o referencial metodológico que guiou estapesquisa. Constitui-se em uma orientação de investigação científica, onde os significados da realidade se constroem através da interação entre as pessoas. Utiliza-se de vários aportes teóricos, sendo os principais Paulo Freire, em especial com o conceito de Dialogicidade e Jürgen Habermas, por meio da >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1228 Teoria da Ação Comunicativa. Este método foi desenvolvido no CREA/UB, atualmente denominada de Comunidade de Pesquisa para Excelência de Todos, localizado na Universidade de Barcelona/Espanha (Gómez, Latorre, Sánchez, & Flecha, 2006). Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza descritiva e exploratória de campo, o qual buscou privilegiar a concepção de sujeitos de pesquisa e não de objetos de pesquisa.Diante disto, a Metodologia Comunicativa Crítica propõe uma prática de investigação científica onde todos os sujeitos envolvidos nas pesquisas, investigador/a e investigado/a são membros ativos e em processo de coparticipação e colaboração na construção da pesquisa. Busca valorizar o diálogo igualitário, horizontal e intersubjetivo entre os mesmos, desde a estruturação e elaboração do projeto de pesquisa, a formulação da pergunta de pesquisa, da introdução, da justificativa, dos objetivos, perpassando pela fase confecção do instrumento de coleta de dados, estendendo-se até a fase de análise dos dados (Gómez et al., 2006).Nesta proposta metodológica se reconhece o rompimento com o desnível epistemológico e a hierarquia interpretativa. Desta forma, o conhecimento científico passa a ser construído através de um diálogo horizontal e intersubjetivo, onde desaparecem as expertises e o processo de entendimento passa a ser resultado do conhecimento científico do/a investigadoror/a e do conhecimento de experiência das pessoas investigadas. Desta fusão de conhecimentos, se reconhece à inteligência cultural, com a qual as pessoas participando como sujeitos ativos dos processos sociais, culturais, políticos e econômicos do meio em que vivem são capazes de transformar sua realidade (Flecha, 1997; Gómez et al., 2006; González, Díez-Palomar, 2009; & Sanmamed, 2013). Em se tratando de um método novo na área da saúde, a seguir serão explicitados os caminhos percorridos. Etapas da pesquisa: 1a etapa: Aproximação com as mulheres: diálogos com mulheres e homens nas salas de espera das unidades de saúde do município de uma cidade do interior do Estado de São Paulo, Brasil, com o objetivo de divulgar e dialogar sobre o tema violência obstétrica. Neste momento, foi identificada a carência de informação sobre o tema entre os profissionais de saúde, além das pessoas da comunidade. 2a etapa: Elaboração de um folder e um cartaz explicativo sobre violência obstétrica, buscando fornecer instrumentos de orientação e informação para a comunidade e profissionais de saúde. Este material informativo foi distribuído em locais estratégicos como salão de cabeleireira/o, pousadas, entre outros locais públicos e também para amigos e parentes. As pessoas responsáveis por estes estabelecimentos descritos acima fizeram o primeiro contato com mulheres que haviam passado pela experiência da gestação, parto e pós-parto, com o intuito de evitar viés em pesquisa. 3a etapa: Elaboração do roteiro do relato comunicativo1: para a confecção do roteiro de relato comunicativo, a pesquisadora contou com um conselho assessor. Este conselho assessor foi formado por pessoas representativas de coletivo, grupos e/ou comunidades que estejam de alguma maneira envolvida com os problemas investigados. Estas pessoas com seus conhecimentos, argumentos e maneiras de entender a realidade investigada a enriquecem com seu o olhar. Entre suas funções, podem ser destacadas: aporte de conhecimentos, revisão crítica de documentos, orientação sobre o processo desenvolvido pelo projeto, de modo comunicativo. Podem pertencer ou não aos sujeitos da investigação (Gómez et al., 2006, p. 48). O conselho assessor desta pesquisa foi composto por três mulheres da comunidade local que não fazem parte amostra das participantes da investigação, uma vez que estas mulheres identificavam terem sofrido violência obstétrica. Coletado os relatos destas mulheres, por meio de gravador de áudio digital, foram transcritos na íntegra e com fidelidade, feito leituras reflexivas e interpretativas buscando extrair significados e a codificação dos discursos das mulheres. A partir destes diálogos, emergiram três temas gerais: gestação, trabalho de parto e parto 1 Trata-se de um diálogo entre o/a investigador/a e o/a investigado/a, o qual tem a intenção de refletir, interpretar, compreender a vida cotidiana desta última. Gómez et al, (2006). >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1229 e pós-parto e amamentação, que guiaram a elaboração do roteiro, o qual guiou a investigadora nos diálogos para a coleta de dados. A validação do roteiro se deu por meio da coleta de um relato comunicativo piloto, prestado por uma mulher participante da pesquisa que havia passado pela experiência de gestação, trabalho de parto e parto, pós-parto e amamentação. 4a etapa: Definição das participantes e realização do relato comunicativo (individualmente): Os critérios de inclusão na amostra foram: mulheres maiores de 18 anos, que haviam passado pela experiência de gestação, trabalho de parto, parto, pós-parto e amamentação, que tiveram suas assistências financiadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Após a coleta dos dois primeiros relatos, as participantes começaram a indicar outras mulheres que tiveram filhos/as pelo SUS e estavam dentro dos critérios de inclusão, caracterizando a técnica de coleta de dados em sistema de “Bola de Neve”. O tamanho da amostra se deu pela saturação dos temas (dos elementos transformadores e dos exclusores) durantes a análise dos dados. As entrevistas foram realizadas em locais definidos pelas mulheres, variando desde suas residências, a casa da pesquisadora, um salão de cabeleireiro ou café próximo a seus locais de trabalho. Antes da coleta foram seguidos todos os aspectos envolvendo Pesquisa com Seres Humanos (Resolução 466/2012). Este encontro foi gravado e posteriormente transcrito na íntegra para identificação dos elementos exclusores e/ou transformadores que iriam subsidiar o próximo encontro. Para preservar o anonimato, o nome das participantes foi substituído por nomes de pedras preciosas, escolhidas pelas próprias mulheres. 5a etapa: Análise intersubjetiva: após a gravação, foi realizada a transcrição do relato na íntegra, feito uma sistematização e classificação dos recortes de narrativas. Posteriormente, ocorria o segundo encontro, com a finalidade de consensuar com as mulheres quais trechos de seus relatos haviam sido elementos transformadores ou exclusores em suas experiências de gestação, trabalho de parto, parto, pós-parto e amamentação. A análise de dados utilizou o nível básico de análise proposto pela Metodologia Comunicativa Crítica, em que os elementos transformadores e exclusores elencados foram distribuídos nas categorias pré-estabelecidas pelo método: Mundo da Vida e Sistema. Mundo da vida refere-se a todos os conhecimentos e experiências de cada sujeito adquiridas ao longo do percurso de suas vidas. E Sistema se refere às instituições, sistema de organizações, assim como diretrizes reguladoras, entre outras (Gómez et al., 2006; & Habermas, 2012), conforme quadro abaixo: Quadro 1. Nível básico de análise: categorias e elementos. Sistema Mundo da vida Elementos exclusores n1 n2 ElementosTransformadores n3 n4 3 Resultados As participantes da pesquisa foram nove mulheres que tiveram sua experiência do parto e nascimento em um município do interior do estado de São Paulo/Brasil, cuja assistência foi financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As mulheres que relataram suas experiências tinham a idade de 23 à 37 anos, em relação a escolaridade quatro mulheres possuíam nível superior completo, uma superior incompleto e, quatro ensino médio completo. Em relação aos dados obstétricos, cinco mulheres tiveram uma gestação, duas mulheres 3 gestações e, uma mulher duas gestações; entre as 9 mulheres e suas gestações, encontramos 8 nascimentos de partos por cesárea, apenas dois partos normais. Em relação à cor da pele, quatro mulheres se declaram negras, uma parda e, quatro mulheres brancas. Em relação aos dados socioeconômicos, oito mulheres pertencem à classe média baixa e uma mulher a classe média alta. A seguir, apresentamos alguns recortes dos relatos das >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1230 mulheres identificados como elementos exclusores relacionados, tanto ao Mundo da Vida como Sistema e que foram mais citados: Elementos exclusores: Maus tratos, procedimentos inadequados no parto e discriminação de raça está associada à categoria de análise Sistema. [...] Cheguei sozinha, cheguei sem todos os documentos do pré-natal, baseado nisso eles pré-conceberam uma imagem de mim e a partir disto eles definiram o tratamento que eu merecia, e eu tenho plena consciência que isso contou demais. Se eu fosse uma mulher branca, loira, e chegasse vestida do mesmo jeito, eu teria um tratamento diferente [...] me encaminharam para uma sala de pré-parto, onde eu tomei um banho, me colocaram um avental, me colocaram em uma cama, onde eles pediram para que eu ficasse sempre de barriga para cima, a cada contração eu tinha que fazer força e eu não podia gritar, sempre que eu gritava, a enfermeira que ficou responsável por aquela sala, ela me mandava calar a boca, que quando eu fiz eu não gritei, e já que agora eu fiz, tinha que aguentar, porque na hora foi bom, então agora eu tenho que aguentar [...] (Diamante). Elemento exclusor - Isolamento e frustração está ligada a categoria de análise Mundo da Vida: [...] A minha gravidez não foi planejada, eu descobri que estava grávida já entrando no 6º mês de gestação e eu tinha acabado de trocar de curso na Faculdade, então como eu morava fora de casa, eu decidi que aquela gestação seria minha, eu não compartilharia com ninguém, então ninguém ficou sabendo de minha gravidez [...] acho que foi a etapa mais difícil da minha vida inteira, [...] (Diamante). Elemento exclusor - Falta de Orientação está ligado a categoria de análise Sistema: [...] eu fiquei sabendo depois que tinha tido uma parada cardiorrespiratória através do meu ginecologista que trabalha no hospital e lá dentro eu fiquei sabendo só que tinha dado uma complicação, só isso [...] Depois, todo mundo sumiu, eu procurava, perguntava para as enfermeiras, elas diziam que não podiam me responder que eu tinha de falar com o médico de plantão. O médico de plantão nunca estava, quando ele aparecia, que eu ia atrás para perguntar, ele falava que não podia falar comigo naquela hora, então ninguém nunca me dava a resposta. Tudo que eu tive de informação, foi na segunda vez que eu estive internada, aí uma enfermeira falou para mim, eu vou te contar o que eu sei, mas você não fala que foi eu que te contei [...]. (Opala). Os resultados apontam que os elementos exclusores mais citados foram: maus tratos e frustração, falta de orientação profissional, insatisfação com o serviço, procedimentos inadequados no parto, falta de apoio à amamentação, privação de acompanhantes, discriminação de classe e raça, todos relacionados com o sistema. Em relação ao mundo da vida os mais citados foram: cultura da dor de parto, isolamento e frustração. Os elementos transformadores foram: apoio familiar, empoderamento, busca pessoal por informações, vínculo mãe-bebê, consciência de luta coletiva, todos relacionados com o mundo da vida. Os elementos transformadores associados ao sistema foram: apoio profissional, satisfação e segurança com atendimento, presença do acompanhante e apoio na amamentação. 4 Discussão A Organização Mundial de Saúde (WHO, 1996) está designando como maus-tratos e abusos na assistência a saúde da mulher em processo reprodutivo todas as situações que envolvem abuso verbal, abuso físico, abuso psicológico, abuso sexual, negligência, desrespeito, descaso e que geram insatisfação nas mulheres com a sua própria experiência e com o atendimento prestado no ciclo gravídico-puerperal. De acordo com UNFPA (2007) e D’Gregório (2011) estes atos e atitudes caracterizam formas de violência obstétrica na assistência. Isto mostra a necessidade de reflexão de >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1231 que os direitos reprodutivos são desrespeitados, negligenciados, exercidos de forma hierarquizada, de acordo com maior poder aquisitivo, sociopolítico e cultural (Mattar, Diniz, 2012; Ávila, 2003; & Berquó, 2003). A falta de orientação está associada à comunicação ineficaz, negação ao diálogo, privação de informações relativas ao estado geral de saúde das mães e de seus bebês, e podem trazer diversos prejuízos na qualidade da assistência durante o ciclo gravídico-puerperal. Alguns estudos de revisão sistemática baseados em evidências científicas trazem que à assistência ao primeiro, segundo e terceiro período do parto fica prejudicada, devido às mulheres não terem recebido orientações adequadas, em especial, aquelas relacionadas aos sinais de trabalho de parto ativo e, que chegam às instituições hospitalares antes que este tenha se instalado. Isto normalmente ocasiona um maior uso de medicalização, intervenções e instrumentalização do parto normal, assim como também aumenta a taxa de ocorrência de cesarianas, e elevam a taxa a de morbimortalidade materna e perinatal (Diniz, 2009; & Amorim, Porto, Souza, 2010). Os procedimentos inadequados no parto estão relacionados à medicalização, instrumentalização do parto normal e cascata de intervenções iatrogênicas, as quais podem ser observadas, por meio de procedimentos como: punção venosa sem necessidade, amniotomia artificial, administração de ocitocina sintética e soluções glicosadas (soro glicofisiológico ou soro glicosado), tricotomia, jejum, enteroclisma, não permitir livre deambulação no primeiro período do parto, obrigar a mulher a parir em posições horizontais, episiotomia, o clampeamento precoce do cordão umbilical, entre outros. Estas práticas que são realizadas no trabalho de parto e parto foram naturalizadas como de rotina, normais e necessárias, mas são consideradas desnecessárias e até danosas, do ponto de vista das evidências científicas. Além de, caracterizar-se como situações de violência obstétrica no trabalho de parto, parto, pós-parto (UNFPA, 2007; Diniz, 2009, Amorim, Porto, Souza, 2010; D’Gregorio, 2011; Brasil, 2002, 2014; & Organização Mundial de Saúde [OMS], 2014). A presença do acompanhante, apoio profissional, apoio da família, apoio das amigas estão associados a eventos e experiências positivas para as mulheres, em especial, para as que se encontram em processo de parturição. Segundo estudos da área e revisões sistemáticas, o acompanhante e apoio à mulher em parturição estão relacionados à melhor qualidade do atendimento prestado, menores índices de intervenções iatrogênicas, de analgesia farmacológica, de partos instrumentalizados e de cesarianas, além demostrarem melhores desfechos maternos e perinatais. Também está associada a maior satisfação materna com sua experiência de parto e nascimento de seus filhos/as; bem como, a privação do/da acompanhante proporciona situações inversas às descritas acima (Diniz, 2009; Amorim et al., 2010; Salgado, 2012; Salgado, 2013; Brasil, 2002; Brasil, 2014; & Leal, Pereira, Domingues, Filha, Dias, Nakamura-Pereira, Bastos, Gama, 2014). Pesquisas apontam que o apoio na amamentação, o contato pele a pele, amamentação na primeira hora de vida desencadeia o aumento da produção de leite, acelera a dequitação da placenta, aumenta a velocidade da involução uterina, reduz o sangramento puerperal, e promove estabelecimento do vínculo mãe-bebê precoce; que proporcionará melhor desenvolvimento emocional, cognitivo, social durante a vida desta criança. A falta de apoio na amamentação, que se manifesta pela ausência de contato pele à pele ao nascer, amamentação na primeira hora de vida, negligência mediante a solicitação de auxílio materno expõe à mulher a violência obstétrica na amamentação (UNFPA, 2007; D’Gregório, 2011; & Salgado, 2012, 2013). Vale lembrar o que propõe o documento: “Ley organica sobre el derecho de las mujeres a una vida libre de violencia”, em seu artigo 51 que estabelece atos constitutivos de violência obstétrica como aqueles executados por profissionais de saúde, que consistam em: 1. Não atender de maneira oportuna e eficaz as emergências obstétricas; 2. Obrigar a mulher a parir em posição supina e com as pernas levantadas, existindo outros meios necessários para a realização do parto vertical; 3. Dificultar o contato precoce da/do recém-nascida/o com mãe, sem causa médica justificada, >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1232 negando-lhe a possibilidade de carregá-la/lo no colo e amamentá-la/lo imediatamente ao nascer; 4. Alterar o processo natural do parto de baixo risco, mediante ao uso de técnicas de aceleração do trabalho de parto, sem o consentimento voluntário, expresso e informado da mulher e 5. Praticar parto por via cesariana, existindo condições para o parto natural, sem obter o consentimento voluntário, expresso e informado da mulher [...]. (UNFPA, 2007, p. 52). Apesar de não ter sido trabalhado o recorte racial nesta pesquisa, encontramos discriminação de raça entre seus resultados, o que coloca a necessidade de discutir e refletir, tanto a discriminação e racismo como o racismo institucional. O racismo institucional se caracteriza pelo fracasso coletivo do sistema, instituições e/ou organizações em prestar um serviço adequado e profissional às pessoas em razão de sua cor, cultura ou origem étnica. Manifesta-se na forma de discriminação em virtude de preconceitos, na forma de tratamento grosseiros, desrespeitosos, falta de atenção que colocam determinados grupos étnico-raciais em condições de estereótipos e desvantagens, ou melhor, em desigualdade de acesso e redução na qualidade dos atendimentos prestados baseados na raça e cor das mulheres quando buscam assistência a sua saúde (López, 2012; & Prestes, 2013). Isto se caracteriza em violência institucional (Brasil, 2011), o que constitui um tipo de violência obstétrica. Além de tudo o que o foi exposto acima, foi evidenciado nos relatos a discriminação de classe na assistência ao parto, nascimento e pós-parto nas maternidades, por meio de atendimentos diferenciados conforme a classe social, constituindo-se em ato violento contra a mulher, e neste período específico, caracteriza violência obstétrica, contrariando acordos internacionais sobre direitos reprodutivos. De acordo com a convenção de Belém do Pará, desde 1979, na Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou-se: prevenir, punir, erradicar todas as formas de discriminação e violência contra mulher. E traz em seu artigo 1º: “entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” (Organização dos Estados Americanos [OEA] 1994; Diaz, Cabral, Santos, 2004; & Ventura, 2004). Portanto, todos os elementos exclusores discutidos acima incidem e caracterizam situações de violência obstétrica, desrespeito aos direitos reprodutivos e sexuais, violação de direitos humanos fundamentais. Além disso, inserem a mulher em condições de submissão e subordinação ao período gravídico-puerperal, conduzindo-nos a uma reflexão sobre as relações poder e desigualdade de gênero na saúde e que foram construídos e perpetrados historicamente em nossa sociedade. 5 Conclusões Apesar das limitações da pesquisa como a amostra reduzida analisada e a pesquisa ser realizada em uma cidade identificou-se a presença de situações de violência obstétrica no desenvolvimento das práticas de assistência ao parto e nascimento, dado que as análises nos apontam que o sistema se encontra "contaminado" por normas e rotinas, os quais são realizados sem discussão prévia ou consentimento informado da mulher. Estas práticas costumam ser denominadas como cascata de intervenções, e são obsoletas de acordo com a prática obstétrica baseada em evidências científicas. Isto evidencia que os elementos exclusores ligados ao sistema, ou seja, as instituições de saúde prevalecem, embora se deva ressaltar que o sistema é conduzido pela atuação de sujeitos; os quais podem ser "contaminados" com práticas punitivas, desrespeitosas, discriminatórias, entre outras, o que caracteriza os maus tratos no atendimento e fazem parte, muitas vezes, dos aprendizados informais adquiridos nos ambientes de trabalho. De acordo com a percepção das mulheres, os elementos transformadores estão mais relacionados ao mundo da vida, o qual é constituído pelo meio em que as pessoas vivem e se relacionam com suas experiências e conhecimentos. Concluímos que o sistema tem contribuído pouco para uma assistência digna e qualidade durante a gestação, parto e pós-parto, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e podemos inferir ainda, >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1233 pela prática profissional das autoras, que não se trata de um fenômeno isolado e restrito as mulheres e cidade investigada. As instituições em geral, com exceção de algumas importantes iniciativas que tem buscado um modelo humanizado de atendimento as mulheres no ciclo gravídico-puerperal2; ignoram os direitos reprodutivos como direitos humanos e discriminam, de acordo com a classe social, etnia e não raro, por se declararem solteiras. Ademais, a pesquisa destaca a desorganização do sistema de saúde na assistência de saúde materna e infantil, que neutraliza as propostas de humanização e as recomendações da Rede Cegonha e da Organização Mundial da Saúde, o que representa uma violação aos direitos reprodutivos como direitos humanos fundamentais. Do ponto de vista das contribuições do método para as metodologias qualitativas, o percurso metodológico, ao privilegiar uma participação efetiva de quem vivência o fenômeno no próprio processo de construção da pesquisa permitiu, em especial as mais vulneráveis social, econômica, politicamente e com pouco poder de entoar suas vozes, denunciar e reivindicar seus direitos. Por meio do diálogo igualitário, que não nivela, não reduz um ao outro, abre espaço a superação das situações limites em que os homes se acham quase coisificados, parafraseando Freire. Neste cenário, a superação das desigualdades sociais, das desigualdades de gênero, da violência de gênero, mais especificamente, em nosso enfoque de pesquisa, a violência obstétrica poderia ser denunciadae desnaturalizada e a assistência seria redefinida em humanização, um processo a ser construído e conquistado por meio da busca de nossa vocação ontológica e histórica como seres humanos em “ser mais” e de nos humanizar, quer como profissional de saúde ou como gestores em saúde. Referências Aguiar, J. M.; & Oliveira, A. F. P. L. (2011). Violência institucional em maternidades públicas sob a ótica das usuárias. Interface: comunicação, saúde e educação, Botucatu, 15 (36), 79-91. Aguiar, J. M.; & Oliveira, A. F. P. L., & Schraiber, L. B. (2013). Violência institucional, autoridade médica e poder nas maternidades sob a ótica dos profissionais de saúde. Cadernos de Saúde Pública, 29(11), 2287-2296. https://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00074912. Ávila, M, B. (2003). 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Recuperado em 31/05/2014 de < http://dab.portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf > 2 Podemos citar, por exemplo, o Hospital Sofia Feldman, um hospital público, não governamental, que oferece atendimento de excelência à comunidade, em especial à mulher e a criança, para a clientela universalizada, dentro de um Sistema de Saúde regionalizado e hierarquizado, trabalhando em parceria com a comunidade e com eficazes mecanismos de controle social e a Casa Ângela, que é um Centro de Parto Humanizado que oferece assistência humanizada ao parto natural em ambiente acolhedor e respeitoso. Ambos disponíveis em: http://www.sofiafeldman.org.br/o-hospital/ e http://www.casaangela.org.br/ (respectivamente). >>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Saúde//Investigación Cualitativa en Salud//Volume 2 1234 Brasil. Ministério da Saúde. (2011). Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha. 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