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Fundamentos e Metodologia da Alfabetização e Letramento

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2012
Fundamentos e 
metodologias da 
alFabetização e 
letramento
Prof. Brigitte Klenz Jung
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof. Brigitte Klenz Jung
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 
 372.414
 J951f Jung, Brigitte Klenz
Fundamentos e metodologias da alfabetização e letramento / 
Brigitte Klenz Jung. Indaial : Uniasselvi, 2012.
 
 200 p. : il.
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-520-8
 1.Alfabetização - letramento. I. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci
Impressão por:
III
apresentação
Discutir sobre a alfabetização e o letramento é uma tarefa ampla. Ela 
consiste em buscar fundamentar e subsidiar a prática pedagógica, em que 
nos encontramos inseridos em nosso cotidiano.
Alfabetizar traz em si, como a própria palavra sinaliza, aspectos 
referentes a um código que fazemos uso, o alfabeto. Esse código está 
acentuadamente presente no nosso dia a dia. Estar presente não significa que 
todos o dominem e nem que saibam a importância e as implicações do seu 
uso no meio social.
Oferecer oportunidades para que se conheça o código alfabético 
e o seu uso é uma das tarefas atribuídas às instituições escolares desde os 
primeiros anos do Ensino Fundamental. Contudo, não basta conhecer o 
código, é preciso saber o que ‘podemos fazer’ com ele. Diante disso, ao longo 
dos últimos anos, as preocupações têm se voltado aos estudos do letramento.
‘Conversar’ sobre o letramento é ampliar o horizonte da alfabetização, 
visto que ela está inserida nas abordagens do letramento. Como isso se dá? O 
que é pertinente a cada uma dessas áreas de estudo e conhecimento? É sobre 
esses e outros assuntos que estudaremos ao longo deste caderno.
As páginas que seguem procuram dirimir algumas dúvidas, instigar 
a reflexão, ampliar conhecimentos, enfim, servir de suporte para uma prática 
pedagógica bem fundamentada.
Para tanto, dividimos o caderno em três unidades de estudo. Na 
Unidade 1, o foco está voltado a questões pertinentes à linguagem, leitura e 
escrita. O papel da gramática e a avaliação da escrita.
Já na Unidade 2, abordaremos a alfabetização. Estudaremos sentidos 
a ela atribuídos, aspectos da sua história, métodos e instrumentos para 
alfabetizar (cartilhas) utilizados ao longo do tempo. Além disso, algumas 
características inerentes a quem alfabetiza e a quem é alfabetizado.
E na Unidade 3, a nossa atenção se volta ao letramento. Buscamos 
conhecer do que se trata e como é possível trabalhar na perspectiva do 
letramento no ambiente escolar. Discutiremos acerca dos gêneros textuais e 
sua relevância quanto ao intuito de alfabetizar tendo em vista o letramento. 
Retomaremos a temática da avaliação, pensando-a sob a ótica do letramento.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Por meio da construção e apresentação dessas unidades, pretendemos 
auxiliar você, caro(a) acadêmico(a), a construir conhecimentos. Esperamos 
que o ‘saber fazer’ faça mais sentido através dos escritos aqui apresentados. 
Por isso, desejamos bons e proveitosos estudos! E, não se esqueça: vá além 
do que está escrito, busque nas indicações bibliográficas e de sites outras 
informações complementares. 
Bom proveito!
Prof.ª Brigitte Klemz Jung
V
VI
VII
UNIDADE 1: ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO ....................................... 1
TÓPICO 1: SOBRE A LINGUAGEM ............................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3
2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM ................................................................................................ 3
3 A LINGUAGEM VERBAL ORAL E ESCRITA: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ........... 8
4 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS – A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLINGUÍSTICA .............. 11
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 17
TÓPICO 2: A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA ......................................................................... 19
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 19
2 A HISTÓRIA DA ESCRITA ............................................................................................................ 19
3 NOSSO SISTEMA DE ESCRITA: O ALFABETO ....................................................................... 25
4 ASPECTOS DO NOSSO SISTEMA DE ESCRITA .................................................................... 29
5 CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS PARA QUEM SE APROPRIA DA ESCRITA .......... 31
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 34
TÓPICO 3: A LEITURA ...................................................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 35
2 O QUE É LER? ................................................................................................................................... 35
3 ESTRATÉGIAS DE LEITURA ........................................................................................................ 39
4 A LEITURA COMO PRÁTICA SOCIAL – ‘LER O MUNDO’ ................................................. 43
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 49
TÓPICO4: O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’ .............................. 51
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 51
2 ORTOGRAFIA – UMA ALIADA NA/DA APRENDIZAGEM ................................................ 51
3 PRINCIPAIS ‘ERROS’ ENCONTRADOS NAS SALAS DE AULA – ABRINDO 
 CAMINHOS PARA REFLEXÃO ................................................................................................... 52
4 AVALIAR LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA – VALORIZAR CONTEXTOS .................. 56
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 60
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 63
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 64
UNIDADE 2: A ALFABETIZAÇÃO .................................................................................................. 65
TÓPICO 1: FUNDAMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO ................................................................ 67
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 67
2 DESVENDANDO SENTIDOS ATRIBUÍDOS À ALFABETIZAÇÃO ................................... 67
 2.1 ALFABETO .................................................................................................................................... 68
 2.2 ALFABETIZAR; ALFABETIZAR+AÇÃO ................................................................................. 70
sumário
VIII
 2.3 ALFABETIZADOR ....................................................................................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 75
TÓPICO 2: PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO ....................................... 77
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 77
2 DO ALEF AO ALFABETO ............................................................................................................... 77
3 UM CÓDIGO EM MÃOS, E AGORA? MATERIAIS DE ALFABETIZAÇÃO: PARA 
 ALÉM DA CARTILHA .................................................................................................................... 78
4 DE ROUSSEAU A FERREIRO: UMA LINHA DO TEMPO ..................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 101
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 102
TÓPICO 3: CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO ........................................... 105
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 105
2 POR QUE CONCEPÇÕES DE ALFABETIZAÇÃO? .................................................................. 106
3 MANEIRAS DE ALFABETIZAR: OS MÉTODOS ..................................................................... 107
 3.1 MÉTODOS SINTÉTICOS: DAS PARTES PARA O TODO ..................................................... 107
 3.1.1 Método alfabético ................................................................................................................ 108
 3.1.2 Método silábico ................................................................................................................... 108
 3.1.3 Método fônico ...................................................................................................................... 109
 3.2 MÉTODOS ANALÍTICOS: DO TODO PARA AS PARTES ................................................... 111
 3.2.1 Método global: Decroly e suas contribuições ................................................................. 112
 3.2.2 Freinet e o método natural ................................................................................................. 112
 3.2.3 Método construtivista: as pesquisas de Ferreiro e Teberosky ...................................... 112
 3.2.4 Paulo Freire: ultrapassando um método ......................................................................... 114
4 A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ............................................................................................... 116
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 119
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 120
TÓPICO 4: SOBRE QUEM ALFABETIZA, QUEM É ALFABETIZADO E ‘COMO’ SE 
 ALFABETIZA .................................................................................................................... 121
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 121
2 POSTURAS DE UM(A) ALFABETIZADOR(A) .......................................................................... 121
3 QUEM É ALFABETIZADO PRECISA SABER O/ DO QUÊ? ................................................... 122
4 IDEIAS PRÁTICAS PARA ALFABETIZAÇÃO .......................................................................... 125
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 130
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 131
UNIDADE 3: O LETRAMENTO ....................................................................................................... 133
TÓPICO 1: SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO ...................................................... 135
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 135
2 O QUE SIGNIFICA LETRAMENTO? .......................................................................................... 135
3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: ALIADOS NAS CONQUISTAS DE 
 ESPAÇOS SOCIAIS ......................................................................................................................... 139
4 PERSPECTIVAS DO LETRAMENTO – A DIMENSÃO INDIVIDUAL E A 
 DIMENSÃO SOCIAL ...................................................................................................................... 142
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 149
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 150
IX
TÓPICO 2: PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS 
 TEXTUAIS ........................................................................................................................ 153
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................153
2 TEXTOS E GÊNEROS TEXTUAIS SÃO SINÔNIMOS? .......................................................... 153
3 DIÁLOGO ENTRE GÊNEROS TEXTUAIS ................................................................................. 159
4 O TRABALHO COM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS .................................................................. 163
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 167
TÓPICO 3: ALFABETIZAR LETRANDO – CONTEXTOS DIVERSOS ................................... 169
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 169
2 ALFABETIZAR LETRANDO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ... 169
3 ALFABETIZAR LETRANDO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL .................................................... 171
4 ALFABETIZAR LETRANDO NA EJA .......................................................................................... 174
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 179
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 180
TÓPICO 4: PENSANDO SOBRE A AVALIAÇÃO ........................................................................ 181
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 181
2 AVALIAÇÃO NAS CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO .............................................................. 181
3 AVALIAR E MEDIR LETRAMENTO(S) – É POSSÍVEL? ......................................................... 187
4 AVALIAÇÃO COMO FORMA DE (RE)PENSAR A PRÁTICA PEDAGÓGICA ................. 189
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 191
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 193
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 194
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 195
X
1
UNIDADE 1
ESCRITA E LEITURA – RUMO À 
ALFABETIZAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
O conteúdo desta unidade visa:
● conhecer aspectos referentes à linguagem e suas concepções;
● estudar sobre a história da escrita;
● compreender aspectos do nosso sistema de escrita, o alfabético;
● estudar sobre a leitura, estratégias e motivações;
● refletir sobre as hipóteses diante da escrita e o porquê de não serem consi-
deradas ERROS;
● conhecer o papel/lugar da gramática; 
● discutir sobre a avaliação referente à escrita.
Organizamos esta unidade em quatro tópicos. Cada tópico é seguido de 
um resumo e de uma autoatividade. Além disso, ao final da unidade, você 
encontrará uma leitura complementar sobre o tema: leitura.
TÓPICO 1 – SOBRE A LINGUAGEM
TÓPICO 2 – A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
TÓPICO 3 – LEITURA
TÓPICO 4 – O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
SOBRE A LINGUAGEM
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico do nosso caderno estudaremos sobre a linguagem. 
É importante compreendermos alguns aspectos pertinentes a ela. Isso porque, 
posteriormente, pretendemos tecer compreensões referentes à escrita, à leitura, 
à alfabetização, ao letramento, aspectos estes diretamente ligados à linguagem. 
Portanto, sinta-se convidado a percorrer os primeiros passos dessa caminhada!
2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
O título desta seção sugere que pensemos a respeito de uma palavra: 
CONCEPÇÃO.
Primeiramente, recorreremos ao dicionário para tentarmos construir, 
descobrir um sentido para a palavra mencionada. Lá, encontramos cinco 
referências, das quais apresentaremos as duas últimas, quais sejam:
NOTA
CONCEPÇÃO: 1. Noção, ideia, conceito, compreensão. 2. Modo de ver, ponto de 
vista; opinião, conceito. (FERREIRA, 1999, p. 519).
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
4
autoativida
de
A partir dessas definições para CONCEPÇÃO, poderíamos reescrever o nosso 
título. De que forma (s)? Como você o (re)escreveria?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Retomando a nossa linha de pensamento, temos como ponto de referência, 
então, a tentativa de estudarmos noções, conceitos de linguagem.
Os nossos contextos de vida são permeados por linguagem. Um autor que 
se debruçou sobre estudos e teorias referentes, também, à linguagem foi o russo 
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934). Seus estudos difundiram-se muito no 
âmbito educacional, servindo de base para muitas práticas pedagógicas. Segundo 
as abordagens deste autor, a linguagem humana surge a partir de necessidades da 
vida social, em grupo. Exemplo: quando sentimos medo, tentamos expressar este 
sentimento de alguma maneira, seja através do choro, da conversa com alguém, 
de algum gesto etc. Isso para que haja alguma reação diante do nosso sentimento, 
ou seja, a vida em comunidade acontece pela linguagem. 
Muitos pensam que quando conversamos a respeito da linguagem, 
referimo-nos à escrita. Isso não está errado. Contudo, a escrita é, apenas, um tipo 
de linguagem. Partindo disso, que tal esclarecermos, com base na perspectiva 
vygotskyana, o que vem a ser linguagem?
NOTA
Linguagem: o sistema simbólico básico de todos os grupos humanos. Ela 
fornece conceitos, formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto 
do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais são socialmente formadas e 
culturalmente transmitidas.
Interessante, não é mesmo? Vygotsky pontua que TODOS os grupos 
humanos são mediados pela e através da linguagem. Leia a interessante 
observação do linguista Marcos Bagno (2009, p. 20): “Todas as pessoas (inclusive as 
surdas!) são dotadas de linguagem e expressam essa linguagem com maravilhosa 
competência (no caso das surdas, por meio da língua de sinais, que é uma língua 
como qualquer outra...)”.
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
5
Depreendemos desses dizeres que a linguagem perpassa os seres humanos 
e os grupos sociais nos quais vivem e convivem. Note que tanto Vygotsky quanto 
Bagno utilizaram palavras que indicam totalidade: TODOS, TODAS.
Além disso, e, como complemento desta totalidade, recorremos a outro 
teórico, Bakhtin (2003), que apresenta linguagem como sendo usada em todos 
os campos da atividade humana. Isso significa que não se trata, apenas, da 
linguagem verbal, oral e escrita, mas também da linguagem extraverbal, da qual 
a linguagem de sinais, as imagens, fazem parte. Enfim, seja qual for o tipo de 
linguagem, sempre há uma intenção envolvida. Essas intenções permitem que 
possamos compreender e agir em nossos contextos de vida, além de discutirmos, 
tomarmos posições. A linguagem permite que nos desenvolvamos.
Certamente, você já percebeu que este assunto é amplo, não é mesmo? 
Retomemos o conceito de linguagem apresentado anteriormente, este soa um 
pouco complexo num primeiro momento. Tentemos prosseguir, destrinchando o 
que for possível! Vamos em frente? 
autoativida
de
O que lhe ocorre quando vocêlê SISTEMA SIMBÓLICO? Procure explicar nas 
linhas a seguir:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Sistemas simbólicos dão a entender que temos diante de nós alguns 
conjuntos de símbolos, certo? Através destes conjuntos é possível que haja 
compreensão entre nós. Tomemos como exemplo este caderno: do lado de cá nós 
nos apropriamos do sistema da escrita a fim de levar até você informações sobre 
o conteúdo em questão. Do lado de lá, revisores, diagramadores, coordenadores 
de curso, tutores, tomam este caderno em mãos e leem o que escrevemos. Aqui 
deparamos com a leitura, que também é uma faceta da linguagem. A partir de 
acordos de compreensão, correções necessárias etc. o caderno é finalizado para 
que você o receba pronto. Pronto? Com certeza NÃO, pois, para compreender o 
que está escrito aqui você acionará elementos do seu contexto de vida, atribuindo 
sentidos aos nossos escritos. Além disso, muitas abordagens aqui apresentadas 
serão internalizadas, outras, com o tempo, esquecidas para serem (ou não) 
retomadas em outros momentos.
Passado um tempo, talvez, este caderno não existirá mais, ou, você 
o recuperará para rever algum assunto. Os escritos não mudam, o papel foi 
impresso e a versão será essa que você tem em mãos. Porém, você não será mais 
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
6
o mesmo. A sua história de vida será acrescida de novas experiências, o tempo 
será outro. Tudo isso faz parte da linguagem. É nessa linha de pensamento que 
se encaixa o restante do conceito de linguagem apresentado anteriormente. Que 
tal recuperá-lo?
NOTA
Ela fornece conceitos, formas de organização do real, a mediação entre o sujeito 
e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais são socialmente 
formadas e culturalmente transmitidas.
As mediações entre você, acadêmico(a), o material escrito, seus professores 
e colegas para além da sua graduação, ampliarão seu conhecimento. O que você 
fará posteriormente, a maneira de compartilhar o seu conhecimento, permitirá a 
transmissão do que aprendeu. Além disso, pode ser que você se lembre de algum 
livro que não foi utilizado por nós enquanto escrevíamos estas páginas. Assim, 
a leitura destas outras obras acrescentará conhecimentos a estes que você está 
construindo aqui.
Dessa forma, podemos inferir que a linguagem abarca uma gama de 
sistemas simbólicos, dentre os quais: a escrita, a leitura, a fala, as imagens, os 
gestos, dentre outros.
Que tal recuperarmos a proposta lançada no título desta seção? Lembram-
se do que tratava? Isso mesmo, das CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM.
Grande parte dos estudiosos da linguagem, dentre os quais Geraldi (2006), 
indicam três concepções:
1. A linguagem é a expressão do pensamento.
2. A linguagem é instrumento de comunicação.
3. A linguagem é uma forma de interação.
Abordaremos cada uma destas concepções separadamente, a fim de 
facilitar a sua compreensão. Adiante!
A LINGUAGEM É A EXPRESSÃO DO PENSAMENTO. Tradicionalmente, 
é essa a concepção que mais encontramos. Contudo, se pararmos para analisar 
a explicação dada a essa concepção – expressão do pensamento – ocorre-nos um 
exemplo: você já deve ter se deparado com alguém que encontra dificuldades em 
se expressar, seja pela escrita, ou em uma apresentação oral de algum trabalho. 
Muito se ouve: 
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
7
— Não posso nem pensar em ministrar uma palestra! Chego a passar mal só 
de imaginar!
— Tenho muita dificuldade em desenvolver um texto escrito, as ideias 
estão na cabeça, mas na hora de pôr no papel a coisa desanda. 
Estes são só alguns exemplos. Tente lembrar-se de outros. Se, a partir dos 
exemplos anteriores, afirmarmos que a linguagem é a expressão do pensamento, 
então é como se disséssemos que estas pessoas que encontram dificuldades de 
se expressar, não pensam. Sabemos que isso não é verdade. Talvez, poderíamos 
acrescentar a essa concepção algumas palavras que ampliariam a nossa compreensão:
A linguagem também é a expressão do pensamento.
A linguagem não é só a expressão do pensamento.
ATENCAO
A LINGUAGEM É INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO. Essa 
concepção é proveniente da teoria da comunicação. Nessa teoria, a língua é 
vista como um código, que pretende transmitir uma mensagem a um receptor. 
Contudo, perde-se nessa concepção a visão de que quem faz uso da linguagem 
está inserido em contextos de vida que mudam constantemente, o que interfere 
no uso da linguagem. 
Por meio dessa concepção parece que a linguagem é tida como uma 
ferramenta pronta e acabada que está disponível quando necessário. Talvez você 
já tenha visto um gráfico como este que apresentaremos a seguir, que demonstra 
como a linguagem é compreendida segundo essa concepção:
FIGURA 1 – CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM
FONTE: Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/portugues/
ult1706u16.jhtm>. Acesso em: 7 abr. 2011.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
8
A LINGUAGEM É UMA FORMA DE INTERAÇÃO. Para explicarmos 
esta concepção, apresentaremos as palavras de Geraldi (2006, p. 41): “Por meio da 
linguagem, o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria levar a cabo, a não 
ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e 
vínculos que não preexistiam à fala”.
Nessa concepção os falantes se tornam sujeitos por se constituírem pelas 
relações sociais. A linguagem só existe nessas relações. 
Nos contextos de sala de aula, a concepção de linguagem adotada nos 
materiais de apoio (livros didáticos, apostilas), interferem diretamente nas 
questões referentes à alfabetização.
Ressaltamos que a nossa concepção de linguagem visa à interação. 
Pretendemos, ao longo deste fascículo, interagir constantemente com você. E, 
através dessa interação, nos (re)constituirmos sujeitos de linguagem. 
A fim de finalizarmos essa seção, reiteramos que estudar sobre linguagem 
é algo bastante amplo e complexo. Há muito sobre a linguagem que permanece 
um mistério, ou seja, ainda pode ser desvendado ao longo do tempo. Este assunto 
não está esgotado. Além disso, são muitos os estudos realizados na área, cada qual 
seguindo aspectos filosóficos que, ora se aproximam, ora se afastam bruscamente, 
caindo em contradições. Contudo, o mais importante é lembrarmos que somos 
seres constituídos pela linguagem e pelas interações que ela promove.
Na próxima seção abordaremos outro assunto, também referente à linguagem: 
as semelhanças e diferenças entre a escrita e a oralidade. Acompanhe-nos!
3 A LINGUAGEM VERBAL ORAL E ESCRITA: SEMELHANÇAS E 
DIFERENÇAS
Ao visualizarmos o título que abre esta seção, percebemos que ele nos 
fornece uma pista: a de que a linguagem verbal pode ser oral ou escrita. E, sinaliza 
que existem semelhanças e diferenças entre esses dois tipos de linguagem.
Antes de prosseguirmos, que tal compreendermos o que é LINGUAGEM 
VERBAL?
NOTA
LINGUAGEM VERBAL é a linguagem que acontece por meio de signos linguísticos 
(palavras). Por isso dizemos que a linguagem verbal pode ser oral (quando conversamos, por 
exemplo) ou escrita. A função da linguagem verbal, tanto oral quanto escrita, é a de produzir 
sentidos.
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
9
O nosso foco, neste momento, está voltado a estes dois tipos de linguagem 
verbal. Contudo, sabemos que não é só por meio da linguagem verbal que 
podemos atribuir sentidos. Isto está claro para você? Pensemos em um exemplo:
Ao visualizarmos um semáforo, como o da figura a seguir, percebemos 
que nele não existem palavras. Mesmo assim, sabemos o sentido atribuído por 
este objeto, através das cores vermelho (PARE), amarelo (ESPERE) e verde (SIGA). 
Ou seja,este é um exemplo de linguagem não verbal, pois nele não aparecem 
signos linguísticos (palavras).
FIGURA 2 – SEMÁFORO
FONTE: Disponível em: <www.office.microsoft.com/pt-br/
images>. Acesso em: 7 abr. 2011. 
Retomemos, agora, a proposta anunciada anteriormente, de elencarmos 
semelhanças e diferenças entre a linguagem verbal oral e a escrita. Para tanto, 
buscamos auxílio nos escritos da autora Scliar-Cabral (2003). Vale ressaltar que, 
a partir de agora, sempre que quisermos nos remeter à linguagem verbal oral, 
faremos uso da sigla LVO e quando à linguagem verbal escrita, LVE. Iniciemos, 
então, pelas SEMELHANÇAS:
● ambas, LVO e LVE, têm função comunicativa;
● tanto quem escreve quanto quem lê (a leitura também é uma modalidade oral), 
controla o tempo despendido para essas tarefas, de acordo com o resultado que 
se almeja;
● a LVO e a LVE podem ser usadas como instrumentos para refletir sobre a nossa 
língua (o português);
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
10
● LVO e LVE servem como veículos para a transmissão da cultura. Vale ressaltar, 
contudo, que a LVE tem caráter permanente, enquanto a LVO pode ser distorcida 
(um exemplo: se contarmos uma história familiar, com o passar do tempo ela 
poderá ser (re) contada. A este (re) conto, certamente, serão acrescentadas ou 
subtraídas informações. Já quanto à escrita, se esta mesma história for registrada, 
é desta forma que ela permanecerá, a não ser que alguém altere os registros). 
Leia e reflita sobre este interessante trecho/excerto da obra de Bagno 
(2004, p. 87):
A língua escrita serve como registro permanente... scripta manent... 
é usada para a transmissão do saber e da cultura, e muitas vezes é 
até interessante que ela permaneça sem muitas mudanças, para que a 
gente possa ler com facilidade documentos antigos e livros impressos 
há muito tempo. O que não podemos admitir é que ela seja usada como 
um “instrumento de tortura” ou uma “prisão” para a língua falada. 
Nunca é demais lembrar que o homem fala há milhões de anos e que 
as primeiras formas de escrita datam apenas de 3.500 antes de Cristo.
● Funções expressivas e estéticas. Na LVO podemos inserir sons inarticulados, 
acrescentar entonação, expressões de face e gestos. Isso tudo para expressar o 
que pretendemos. Na LVE isso também é possível, contudo, exige que reflitamos 
sobre a escrita. Um exemplo, neste caso, é o uso da pontuação. A função estética 
está ligada à emoção. Sua característica principal é “a ordenação dos materiais 
disponíveis para obtenção do prazer estético”. (SCLIAR-CABRAL, 2003, p. 36).
Passamos, a seguir, às DIFERENÇAS entre LVO e LVE:
● a LVO é adquirida, enquanto a LVE é aprendida;
● a LVO possibilita a sobrevivência, já a LVE depende de materiais duráveis 
que sirvam de suporte para aquilo que se pretende escrever. Quem não o faz, 
sobrevive da mesma maneira pela LVO;
● a LVO é produzida com continuidade. Já na LVE é necessário que haja 
segmentação. Ou seja, na escrita, o continuum da cadeia da fala é segmentado. 
“Não se escreve como se fala”, faz sentido a partir da explanação anterior;
● ruptura espaço-temporal: quando usamos a LVO estamos no mesmo espaço e 
tempo com o nosso interlocutor, já na LVE, o leitor não está no mesmo espaço 
e tempo de quem produziu algum material escrito;
● na LVO não há um monitoramento tão intenso quanto na LVE. As pessoas podem 
manter um diálogo informal. Caso queiram registrar esse diálogo de forma escrita, 
com certeza surgirão preocupações quanto à maneira “certa/errada” de se escrever.
Diante dos pontos anteriores, podemos ter como certo: entre escrita e 
oralidade há aproximações e descontinuidades. Conhecê-las permite refletir, 
também, sobre a prática pedagógica.
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
11
autoativida
de
Que tal analisar se você compreendeu a linguagem verbal oral e a linguagem 
verbal escrita, para diferenciá-las da linguagem não verbal? Para fazê-lo, convidamos você 
a observar as figuras a seguir, tente identificar cada qual. Lembre-se: na LVO e na LVE são 
usadas palavras, o que não acontece na linguagem não verbal.
FONTE DAS IMAGENS: Disponível em: <www.http//office.microsoft.com/pt-br/images>. 
Acesso em: 7 abr. 2011.
4 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS – A IMPORTÂNCIA DA 
SOCIOLINGUÍSTICA
Vivemos em um país muito grande. Isso não é novidade, não é mesmo? 
Inseridas nessa grandeza geográfica estão as pessoas que vivem no Brasil; dentre 
elas, nós. O lugar onde você vive, é, com certeza, peculiar em relação a tantos 
outros lugares.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
12
Essa peculiaridade refere-se aos modos de viver, de se alimentar, de 
trabalhar, de produzir, de ... e, também, de falar e de escrever.
As variações linguísticas referem-se à “língua em seu estado permanente 
de transformação, de fluidez, de instabilidade”. (BAGNO, 2007, p. 38). A língua 
é heterogênea e está entrelaçada ao grupo social no qual é utilizada. Não há 
como separar um do outro. Quando mencionamos grupo social, referimo-nos a 
aspectos tais como (BAGNO, 2007):
● origem geográfica (rural/urbana; regiões diferentes - norte/sul/nordeste/
sudeste etc.);
● status socioeconômico: renda familiar/pessoal muito baixa, baixa, média, alta 
ou muito alta;
● grau de escolaridade: acesso à educação formal, à cultura letrada, escrita, 
leitura;
● idade: adolescentes e seus pais não falam da mesma maneira (em sua maioria);
● sexo: há diferenças entre a maneira de falar dos homes e das mulheres;
● mercado de trabalho: advogados e eletricistas falam de maneira diversa;
● redes sociais: adotamos comportamentos semelhantes aos das pessoas com as 
quais convivemos, isso também aparece na maneira de falar.
Muitos professores apresentam-se preocupados com a questão das variações 
linguísticas, quando, na verdade, são elas que enriquecem a nossa língua.
O que ocorre é que, historicamente, devido a diversos fatores políticos e 
sociais, a escola tem tentado unificar a língua, padronizando-a. Em decorrência 
disso, depara-se com atitudes e resultados não desejados: evasão, rejeição, 
preconceito, dentre outros.
Há uma “norma culta”, “um português padrão”, “uma língua padrão”, 
associado ao grupo social de melhor status. Interessante perceber que, sob esse 
viés, o que está se considerando são classes sociais e não contextos de vida.
Quando os contextos de vida são levados em consideração, então: 
a aprendizagem da norma culta deve significar uma ampliação da 
competência linguística e comunicativa do aluno, que deverá aprender 
a empregar uma variedade ou outra, de acordo com as circunstâncias 
da situação de fala. (BORTONI-RICARDO, 2005, p. 26).
Pois bem, a partir do que você leu anteriormente, pode-se perguntar: as 
variações são referentes à fala?
Sim e não. O que acontece é que elas aparecem, também, na escrita. Muitas 
ocorrências na escrita são frutos das variações da fala.
Posteriormente, veremos alguns aspectos pertinentes à escrita. Contudo, 
vale adiantar que o ensino da escrita na escola tem o objetivo de que: “todos 
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
13
possam ler e compreender o que está escrito”. (BAGNO, 2004, p. 104). Note 
bem a menção do autor a TODOS. Isso independe de local. Por isso, também, as 
variações podem e devem ser respeitadas tendo em vista, como já mencionado 
anteriormente, que a ESCRITA NÃO É MERA REPRODUÇÃO DA FALA.
No parágrafo anterior mencionamos a ESCOLA. A seguir, refletiremos 
um pouco sobre o papel da SOCIOLINGUÍSTICA na escola.
O que é SOCIOLINGUÍSTICA?
NOTA
SOCIOLINGUÍSTICA é, nas palavras de Bagno (2007, p. 23), “toda e qualquer 
abordagem do fenômeno língua que leve em primeiríssima conta os falantes dessa língua, 
isto é, seres humanos de carne e osso, participantes-construtores de uma sociedade dividida 
em classes, imersos em toda sorte de conflitossociais, sujeitos-objetos de toda sorte de 
disputas de poder, portadores-recriadores de uma cultura (por sua vez subdividida em muitas 
subculturas), movendo-se num espaço-tempo socialmente hierarquizado, e herdeiros de 
uma história, que são muitas...”.
autoativida
de
Quantas coisas importantes mencionadas nesse conceito, não é mesmo? Anote 
a seguir o que mais chamou a sua atenção:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Pois bem, a SOCIOLINGUÍSTICA surgiu nos Estados Unidos, na década 
de 1960. Você sabe por quê?
IMPORTANT
E
Porque muitos cientistas da linguagem perceberam e decidiram que não era 
possível estudar uma língua sem levar em consideração a sociedade que a fala. William Labov 
é o cientista mais conhecido nesta área de estudos.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
14
Pois bem, e a escola diante da SOCIOLINGUÍSTICA?
Ao serem inseridas no ambiente escolar, as crianças percebem que 
estudar sobre a língua que falam é algo amplo, para muitas, difícil. São lhes 
ensinadas regras, jeitos de escrever e de falar que, muitas vezes, destoam daquilo 
que trouxeram consigo do seu ambiente familiar. Talvez, ouçam de alguns 
colegas: - Os pedar da mia bicicreta inguiçaru. E de outros: - Os pedais da minha 
bicicleta enguiçaram. São dois jeitos de dizer a mesma coisa. Talvez, ao sentirem 
necessidade de ir ao banheiro, ouvirão: xixi, mijo, urina, referindo-se à mesma 
coisa. Os exemplos são muitos (um deles é o de ‘aipim, mandioca e macaxeira’).
Diante disso, caberia à escola partir do que a criança já sabe “e sabe bem: 
falar a sua língua materna com desenvoltura e eficiência”. (BAGNO, 2007, p. 83). 
Assim, os alunos:
● seriam valorizados pelo português que sabem, que conhecem e, a este, seriam 
acrescidos novos/outros conhecimentos;
● aprenderiam a não discriminar colegas por falarem diferente, tendo em vista 
que, na sociedade, existem variedades linguísticas que são privilegiadas em 
detrimento de outras. Algumas são consideradas ‘bonitas’ e ‘certas’, outras 
‘feias’ e ‘erradas’. Isso não ocorre somente em relação à língua. Há diversos 
tipos de preconceitos. Cabe aqui um alerta! Que tal analisarmos em conjunto o 
que foi elaborado por Bagno (2004, p. 205)?
● racial: o índio “preguiçoso”, o negro “malandro”, o japonês “trabalhador”, o 
judeu “mesquinho”, o português “burro”;
● sexual: a inferiorização da mulher, o desprezo pelo homossexual “pervertido 
e doente”, a valorização do “macho” rude e indelicado;
● cultural: o conhecimento “científico” valorizado em detrimento do 
conhecimento “popular” – por exemplo, o desprezo por práticas medicinais 
naturais e tradicionais em favor de medicamentos químicos industrializados; 
ou a valorização da cultura transmitida por escrito em detrimento da cultura 
transmitida oralmente;
● socioeconômica: valorização do rico e do poderoso e desprezo do humilde e 
oprimido – por exemplo, chamar o nordestino de “atrasado” e o sulista de 
“progressista”; ou acreditar que tudo o que vem do “primeiro mundo” é 
intrinsecamente bom, bonito, infalível e necessário...
Continuando a reflexão anterior aos tipos de preconceitos:
● teriam contato com outras variedades linguísticas que não a sua, acessando 
diferentes formas de falar e de escrever. E, quando houvesse necessidade, 
poderiam fazer uso desta ou daquela maneira de falar e/ou escrever, conforme 
a situação exigisse (uma conversa formal ou informal etc.);
● seriam conscientizadas de que, pela língua, podemos discriminar ou promover 
quem convive conosco em nosso entorno;
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
15
● teriam seu repertório de leituras e escritas ampliado pela ação dos seus 
educadores, os quais visariam à inserção plena dos seus alunos e alunas em 
práticas de letramento (Na Unidade 3 deste caderno estudaremos sobre o 
letramento).
Então, conforme os pontos anteriores, é essa a importância da sociolinguística 
na escola. 
Percebemos a necessidade de que haja uma mobilização no sentido de 
conhecer quem é que ‘faz a escola’, mas, para além dela. Quando contextos são 
levados em consideração, outros conteúdos podem ser acrescentados, desde que 
problematizados, fazendo e produzindo sentidos. Conforme Bortoni-Ricardo 
(2005) a escola deveria se tornar culturalmente sensível, levando em conta a 
diversidade dentro dela.
DICAS
Para conhecer mais sobre a sociolinguística, sugerimos que você leia:
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. Novela Sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2004.
A seguir você pode rever o conteúdo que estudamos nesse tópico 
lendo o resumo que elaboramos. Em seguida, no Tópico 2 desta unidade, você 
encontrará outro assunto: estudaremos sobre a linguagem verbal escrita. Sinta-se 
convidado(a) a mais descobertas. Acompanhe-nos!
16
 Neste tópico:
● Estudamos sobre a linguagem, entendendo-a como um sistema simbólico 
pelo qual os seres humanos interagem, atribuindo sentidos ao seu mundo. 
Aprendemos que existem muitas formas de linguagem, dentre elas a linguagem 
verbal oral e escrita.
● Estudamos, também, sobre as três concepções de linguagem: linguagem como 
expressão do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação e 
linguagem como forma de interação.
● Elencamos semelhanças e diferenças entre a linguagem verbal oral (LVO) e a 
linguagem verbal escrita (LVE). Algumas semelhanças: ambas possuem função 
comunicativa; pode-se controlar o tempo envolvido nas formas de expressão 
oral ou escrita; são instrumentos para reflexão sobre a língua; são veículos 
para transmissão de cultura; possuem função expressiva e estética. Algumas 
diferenças: LVO é adquirida e LVE é aprendida; LVO garante a sobrevivência, 
LVE a fixação (pela escrita) através de materiais duráveis. LVO é produzida 
com continuidade, LVE com segmentação. Há ruptura espaço-temporal entre 
essas linguagens. A LVO não exige monitoramento tão intenso quanto a LVE.
● Ao estudarmos sobre as variações linguísticas, aprendemos que a língua 
está sempre em transformação. Ela é heterogênea e está ligada diretamente 
ao grupo social que dela faz uso. A sociolinguística leva em consideração, 
primeiramente, as pessoas que usam determinada língua, buscando promover 
e garantir o respeito a cada um, independente das diferenças (regionais, sociais, 
econômicas etc.) que possam existir.
● A escola tem importante papel na valorização dos sujeitos que a constroem no 
dia a dia. Essa valorização perpassa os jeitos de “dizer a vida” que cada um 
traz consigo, dizer pela e através das linguagens.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1 Quais são as variedades linguísticas da sua região?
2 Você já percebeu algum tipo de preconceito diante dessas variedades? Se sim, 
qual foi a sua reação?
3 Organize uma atividade que você aplicaria em sala de aula cuja abordagem 
se volta às variações linguísticas.
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico da nossa primeira unidade de estudos, abordaremos 
sobre a escrita. Pretendemos apresentar informações que partem do advento, da 
descoberta desta importante ferramenta social e que desembocam no ambiente 
escolar, local privilegiado para o ensino e a aprendizagem da escrita. Que aspectos 
estão ligados à escrita? E o alfabeto, como surgiu? Estas são algumas das questões 
que queremos desvendar com você!
2 A HISTÓRIA DA ESCRITA
Você já ouviu a expressão “tudo tem história”? Pois é, a escrita também tem 
uma história bastante peculiar. É interessante conhecermos aspectos da história 
da escrita. Isso porque podemos compreender, bem como fundamentar nossas 
práticas enquanto portadores dessa importanteferramenta social. Além disso, 
àqueles que são educadores e lidam diariamente com o ensino e a aprendizagem 
da escrita, informamos que conhecer estes aspectos históricos é parte integrante, 
indispensável da bagagem de conhecimentos que carregam consigo.
Primeiramente, buscaremos no dicionário o significado de ESCRITA. Lá 
encontraremos:
NOTA
Representação de palavras ou ideias por meio de sinais. (FERREIRA, 1999, p. 801)
Interessante este conceito, não é mesmo?
Buscaremos compreendê-lo melhor a seguir.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
20
Pesquisadores, tais como Higounet (2003, p. 13) afirmam que: “O estágio 
mais elementar da escrita é aquele em que um sinal ou um grupo de sinais serviu 
para sugerir uma frase inteira ou as ideias contidas numa frase”. Pois bem, conta-
se que os seres humanos primitivos buscavam maneiras de se comunicarem mais 
e melhor com seus grupos. Provavelmente, desenhos encontrados em algumas 
cavernas, feitos com tintas obtidas de plantas e frutas, antecederam a escrita. A 
figura a seguir demonstra isso:
FIGURA 3 – DESENHOS ENCONTRADOS EM CAVERNAS
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 12)
Essas figuras representavam lutas, caças obtidas com êxito etc. Além disso, 
aos poucos, os homens passaram a produzir e cultivar produtos que a natureza 
lhes oferecia. Surgiu, então, a necessidade de registrarem suas posses, a fim de 
não se perderem na estocagem. Esse registro era feito por meio de desenhos. 
Vários desenhos combinados representavam uma ideia. Tínhamos um primeiro 
tipo de escrita: a escrita PICTOGRÁFICA. Veja que interessante o exemplo de 
escrita pictográfica apresentado por Cagliari (2000, p. 107):
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
21
FIGURA 4 – EXEMPLO DE ESCRITA PICTOGRÁFICA
FONTE: Cagliari (2000, p. 107)
autoativida
de
Tente escrever o sentido dessas figuras. O que será que está escrito?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Compare suas ideias com o que Cagliari (2000, p. 107) apresenta:
Um índio e sua mulher tiveram uma discussão: ele queria caçar, e ela, não. 
Ele pegou o seu arco e flechas e encaminhou-se para a floresta. Surpreendido por uma 
tempestade de neve, ele procurou proteger-se. Avistou duas tendas, examinou-as, mas 
descobriu que abrigavam duas pessoas doentes: numa delas havia um garoto com 
sarampo, na outra, um homem com varíola. Ele se afastou o mais rápido que pode e 
logo se aproximou de um rio. Vendo peixes no rio, ele apanhou um deles, comeu-o 
e descansou ali por dois dias. Depois, pôs-se a caminho de novo e avistou um urso. 
Disparou uma flecha contra ele, matou-o e fez um belo banquete. Em seguida partiu 
novamente e viu uma aldeia indígena, mas como eles se mostraram inimigos, fugiu e foi 
ter a um pequeno lago. Enquanto caminhava ao longo do lago, apareceu um cervo. Ele 
matou-o com uma flecha e arrastou-o para sua cabana, para sua mulher e seu filhinho.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
22
Antes de prosseguirmos, vale lembrar algo importante: para escrever, é 
necessário que tenhamos um suporte e algum material para marcar esse suporte 
(uma faquinha, pedras, algum objeto que contenha cor...). Isso também marcou a 
história da escrita. Segundo Higounet (2003), foram vários os suportes de escrita, 
dos quais destacamos: pedra, ardósia, tijolos, cerâmica, mármore, ossos, vidros, 
ferro, bronze (e outros metais), cascos de tartaruga. Esses materiais que citamos 
anteriormente são duros. Contudo, outros materiais, mais maleáveis também 
serviram de suporte para a escrita, tais como: madeira, cascas de árvores, telas, 
folhas de palmeira, seda, peles de animais, tabuinhas de cera, lâminas de bambu, 
couro.
Posteriormente surgiram o papiro, o pergaminho e o papel. O papiro 
surgiu no Egito. O pergaminho, na Ásia Menor e o papel, na China.
O sistema de escrita mais antigo de que se tem conhecimento é o dos 
SUMÉRIOS, conhecido como ESCRITA CUNEIFORME, em forma de cunha. Era 
uma escrita difícil, tanto que quem se responsabilizava pelos registros eram os 
ESCRIBAS.
FIGURA 5 – ESCRITA CUNEIFORME
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 17)
O comércio possibilitou o avanço desse tipo de escrita. Conforme Visconti 
& Junqueira (2001), os sumérios inventaram um tipo de dicionário para mostrar 
o que significava cada sinal da escrita cuneiforme.
Outro sistema de escrita antigo é o EGÍPCIO, conhecido como ESCRITA 
HIEROGLÍFICA. 
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
23
NOTA
Hieróglifos: sinais sagrados gravados que os egípcios consideravam ser a fala 
dos deuses.
FONTE: Higounet (2003, p. 37).
Algumas curiosidades sobre este tipo de escrita (VISCONTI; JUNQUEIRA, 
2001, p. 19-21): 
Ela servia tanto para necessidades da vida prática (agricultura, 
comércio, educação) quanto para religião. Os egípcios acreditavam 
que colocar textos sagrados ao lado das pessoas mortas era a garantia 
para vida após a morte.
Somente os filhos de altos funcionários do estado e filhos de sacerdotes 
aprendiam a leitura e a escrita deste sistema. Isso através de exercícios 
de memorização, cópia e ditado. (VISCONTI; JUNQUEIRA, 2001, p. 
19-21).
FIGURA 6 – ESCRITA HIEROGLÍFICA
FONTE: Disponível em: <http://historianaprofissional.blogspot.com/2011/02/
as-primeiras-escritas-escrita-surgiu.html>. Acesso em: 15 abr. 2011.
Os HITITAS também possuíam um sistema de escrita hieroglífico, 
conforme mostra a figura a seguir:
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
24
FIGURA 7 – SISTEMA DE ESCRITA DOS HITITAS
FONTE: Higounet (2003, p. 43)
E surge então, a ESCRITA CHINESA. Apesar de ser um sistema antigo, 
ele ainda permanece. A figura a seguir, apresentada por Higounet (2003, p. 49), 
mostra alguns caracteres deste sistema. Interessante porque ele ainda persiste nos 
dias atuais. Observe:
FIGURA 8 – ESCRITA CHINESA
FONTE: Higounet (2003, p. 49)
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
25
Este tipo de escrita é conhecido como ESCRITA IDEOGRÁFICA, ou seja, 
aquela representada por IDEOGRAMAS, desenhos especiais. A escrita suméria 
tinha cerca de vinte mil ideogramas e a chinesa possui, até hoje, cinquenta mil 
sinais. Esses números nos fornecem indícios de como deve ser complicado lidar 
com sistemas tão amplos em quantidade de símbolos.
Outros sistemas de escrita antiga de que se tem conhecimento são os 
sistemas do povo ASTECA e MAIA, conforme mostra a figura a seguir:
FIGURA 9 – SISTEMAS DE ESCRITA DOS POVOS ASTECA E MAIA
FONTE: Higounet (2003, p. 55)
Vimos anteriormente como seria complicado lidar com sistemas de escrita 
que possuem muitos símbolos. Você já imaginou memorizar todos ou encontrar 
alguma maneira de poder pesquisar constantemente, ou seja, ter consigo algum 
tipo de material que pudesse ser consultado assim que surgisse alguma dúvida 
ou necessidade de escrever algo?
Pois bem, aos poucos, os grupos sociais antigos perceberam dificuldades 
relacionadas aos seus sistemas de escrita e passaram a diminuir os caracteres, 
agrupando-os em sílabas. Já melhorou um pouco, não é mesmo?
Assim, foram sendo introduzidos os primeiros sistemas alfabéticos. Essa 
palavra mencionada anteriormente, alfabético, nos remete ao nosso sistema de 
escrita, você não acha? Isso é assunto para a próxima seção! Acompanhe-nos!
3 NOSSO SISTEMA DE ESCRITA: O ALFABETO
Talvez já lhe ocorreu um questionamento: por que mencionamos que a 
nossa escrita é um sistema?
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
26
NOTA
Sistema é um “conjunto de elementos, materiais ou ideais, entreos quais se 
possa encontrar ou definir alguma relação”. Ainda, “disposição das partes ou dos elementos 
de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada”.
FONTE: Ferreira (1999, p. 1865, grifos nossos).
Portanto, se você observar as partes que sublinhamos no UNI, perceberá 
que elas remetem a uma organização através de alguns elementos, a fim de que 
se possa construir/obter sentido, você concorda?
A partir disso, reflita sobre o que fazemos com o nosso alfabeto, ao 
escrevermos. Nós não utilizamos este conjunto de elementos para produzirmos 
sentidos? Conforme Cagliari (2000, p. 114-115) “a escrita tem como objetivo a 
leitura [...] todo sistema de escrita tem um compromisso direto ou indireto com 
os sons de uma língua”.
Sendo assim, quando você quer comunicar algo a alguém por escrito, 
é necessário que tanto você quanto quem receba a sua mensagem, conheçam o 
conjunto de símbolos, neste caso, as letras do nosso alfabeto, para que haja sentido.
Retomando os aspectos históricos, vale mencionar que a escrita 
pictográfica, aquela por desenhos, bem como os hieróglifos, com o passar do 
tempo, deram espaço ao surgimento do alfabeto.
NOTA
A palavra alfabeto vem dos nomes das duas primeiras letras gregas: alfa e beta. 
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 23).
Que evolução! Imaginem só os benefícios sociais acarretados com o 
surgimento do alfabeto: agora era possível se comunicar através do uso de um 
número bem menor de caracteres. Leia que interessante:
A fim de ajudá-lo(a) a compreender, apresentamos o que significa sistema, 
conforme o dicionário:
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
27
IMPORTANT
E
A escrita alfabética foi difundida com a criação do alfabeto fenício constituído 
por vinte e dois signos que permitiam escrever qualquer palavra. Adotado pelos gregos, esse 
alfabeto foi aperfeiçoado e ampliado passando a ser composto por vinte e quatro letras, 
divididas em vogais e consoantes. A partir do alfabeto grego surgiram outros, como o gótico, 
o etrusco e, finalmente o latino, que com a expansão do Império Romano e o domínio do 
mundo ocidental, se impôs em todas as suas colônias.
FONTE: Heinig (2003, p. 11)
Como curiosidade, apresentamos alguns alfabetos ao longo da história, 
acompanhe:
FIGURA 10 – ALFABETOS AO LONGO DA HISTÓRIA
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 24)
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
28
Vale acrescentar, ainda, que, conforme pudemos visualizar no quadro 
anterior, não existiam letras minúsculas. Estas, conforme Visconti e Junqueira 
(2001), foram inventadas por funcionários do imperador Carlos Magno, no ano 
de 800 d.C.
O nosso alfabeto, este que usamos diariamente, também passou por 
alterações. Agora, atualmente, são vinte e seis letras. Isso denota que não se trata de 
um sistema fechado, que não pode passar por alterações. A fim de recuperarmos 
e visualizarmos a organização atual, apresentamo-la a seguir:
UNI
Aa – Bb – Cc – Dd – Ee – Ff – Gg – Hh – Ii – Jj – Kk – Ll – Mm – Nn – Oo – Pp 
– Qq – Rr – Ss – Tt – Uu – Vv – Ww – Xx – Yy – Zz
Se você observar, há tipos de traçado que se repetem nas letras do nosso 
alfabeto, são traços tanto verticais (como em B, D, E, F, H, I, ...), quanto horizontais 
(como em E, F, T, ...) e diagonais (como em V, W, Y, ...). Há também círculos (O, 
Q) e semicírculos (a abertura destes se volta ora para a esquerda (como em p) ora 
para a direita (como em q). Os traços também alteram de posição. Se tomarmos 
como referência uma linha reta horizontal, a letra p (minúscula) tem seu traço 
para baixo da linha, já a letra d (minúscula), tem seu traço para cima da linha.
Para finalizarmos esta seção, gostaríamos de refletir sobre ‘a existência 
de alguns alfabetos dentro do nosso alfabeto’. Como assim? Temos os alfabetos 
das letras maiúsculas e minúsculas, além do alfabeto da letra cursiva (maiúscula 
e minúscula). Poderíamos retomar os nomes a ele dados, comumente: SCRIPT, 
CURSIVA, CAIXA ALTA. O importante é lembrarmos: muda o traçado, mas não 
o valor da letra. Ex.:
A a a
As letras acima têm o mesmo valor, independente do seu traçado. Isto é 
o mesmo que dizer “A” é sempre “A”. Ou, escrever MALA, mala, mala (O que 
pode mudar, conforme veremos no Tópico 4 desta unidade, é a função das letras 
de acordo com o contexto no qual se encontram dentro de determinada palavra). 
Agora, poderíamos tecer outras discussões, levando em consideração as variações 
linguísticas etc. Que sentidos a palavra MALA possui? Enquanto você pensa a 
respeito, iremos adiante. Na próxima seção pretendemos estudar sobre aspectos 
do nosso sistema de escrita.
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
29
NOTA
Na nossa região a palavra “mala” tem o sentido de bolsa/caixa utilizada para 
guardar pertences pessoais em casos de viagem. Contudo, também dizemos a uma pessoa 
que ela é “mala” quando apresenta atitudes inconvenientes.
4 ASPECTOS DO NOSSO SISTEMA DE ESCRITA
Nesta seção, pretendemos abordar alguns aspectos do nosso sistema de 
escrita. Estes aspectos são fundamentais para quem faz uso dessa ferramenta, qual 
seja, a escrita. Muitas vezes, porém, caem no esquecimento ou, não são levados em 
consideração quando a escrita é avaliada, neste caso, é o que pode acontecer na escola. 
Por isso, é válido relembrarmos, retomarmos, revermos o conteúdo em questão.
“É uma ilusão pensar que a escrita é um espelho da fala. A relação entre as 
letras e os sons da fala é sempre muito complicada pelo fato de a escrita não ser 
o espelho da fala e porque é possível ler o que está escrito de diversas maneiras”. 
(CAGLIARI, 2000, p. 117).
 Este é um dos aspectos a ser levado em consideração. Muitos compreendem 
a escrita como um espelho daquilo que falamos. Mas, se a escrita não é um espelho 
da fala, de que forma isso poderia ser visualizado ou compreendido? Observe 
alguns exemplos:
● Quando duas letras representam apenas um som:
GU em FOGUETE
● Quando a letra não tem som na fala, mas aparece na escrita:
H no início das palavras. HOMEM – HORAS – HELICÓPTERO
● A mesma letra, dependendo de onde ela aparece na palavra, está relacionada a 
diferentes sons:
X em EXAME – TÁXI – PRÓXIMO
● Mesmo som representado por letras diferentes:
[s] em CEDO – SAPO – OSSO
● Sinais diacríticos (acento agudo, grave, til, circunflexo) que fornecem às letras 
valores sonoros especiais.
● Sinais modificadores de entonação da fala:
Pontos de interrogação (?), exclamação (!), ponto final (.), reticências (...), 
aspas (“ “), vírgulas (,) etc.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
30
● Abreviaturas, siglas. Estas não ocorrem na fala. Exemplos:
Sr. (senhor)/ Sra. (senhora) , att. (atenciosamente), qdo. (quando), qquer. 
(qualquer)
● Abreviaturas que se tornaram palavras com “vida própria”. Ex: TV (televisão)
● Quando nós falamos, muitas vezes gesticulamos. Ocorrências da fala não 
podem, simplesmente, ser transcritas para a escrita. “A escrita tem que criar, 
com palavras, o ambiente não linguístico que serve de contexto para quem 
fala”. (CAGLIARI, 2000, p. 120).
Para escrever, portanto, é necessário que se levem alguns aspectos, tais 
quais anteriormente apresentados, em consideração. Além disso, existem outros 
fatores relacionados à escrita sobre os quais vale refletir e construir, quando 
diante de uma tarefa que exija que escrevamos:
● MOTIVAÇÃO – escrevemos algo porque existe (deveria existir) uma intenção 
para fazê-lo. Na escola este é um dos aspectos em muito desconsiderado, o 
que pode resultar em fracassos diante da escrita, acompanhando o indivíduo 
durante toda a sua vida.
● PLANEJAMENTO – escolha e esquematização do assunto; estilo da escrita 
(formal, informal); idade de quem lerá o que escrevemos; grau de instrução; 
suporte (virtual, papel, ...); gêneros (escrever uma receita é diferentede 
escrever uma bula de remédio, uma carta, um conto etc.). 
ESTUDOS FU
TUROS
O assunto sobre gêneros textuais será retomado na Unidade 3 do nosso Caderno 
de Estudos.
● LINEARIZAÇÃO – ao escrevermos, temos o compromisso de levar o leitor em 
consideração para que ele entenda o que foi escrito.
● CODIFICAÇÃO – na escrita, fonemas são convertidos em grafemas. Na leitura 
ocorre o inverso, a descodificação. A codificação deverá levar em consideração 
as variedades sociolinguísticas dos alunos. 
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
31
IMPORTANT
E
Os grafemas estão ligados ao traçado das letras e os fonemas aos valores sonoros 
que os grafemas representam. (SCLIAR-CABRAL, 2003).
● MONITORIA – revisar constantemente o que se escreve. As retomadas do texto 
permitem visualizar trocas na escrita, omissões, repetições desnecessárias etc.
Na próxima seção estudaremos sobre o que é necessário que se conheça 
quando se começa a escrever, ou melhor, a ter contato e a fazer uso do sistema de 
escrita.
5 CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS PARA QUEM SE 
APROPRIA DA ESCRITA
Nesta seção contaremos com a ajuda de Cagliari (1999). Este autor 
apresenta em sua obra uma lista de conhecimentos que precisamos ter quando 
lidamos com o nosso sistema de escrita. Preste atenção! Você perceberá que se 
trata de conhecimentos fundamentais. Que tal revisá-los?
Então, é de suma importância, quanto à escrita, CONHECER:
● a língua na qual foram escritas as palavras;
● o sistema de escrita;
● o alfabeto (o nome da letra não é o mesmo que o som que ela representa);
● as letras – que variam na forma gráfica e no valor funcional;
● a categorização gráfica das letras – cada letra tem sua função. Mudanças no 
traçado não necessariamente alteram a função. Anteriormente, na Seção 3 
desta unidade, apresentamos o exemplo da letra A em diversos traçados;
● a categorização funcional das letras – não se pode escrever uma letra qualquer 
em qualquer posição da palavra. Ex.: convencionou-se que a palavra BOLA 
é escrita nesta sequência. Independente da região do nosso país, BOLA será 
BOLA. Existe uma representação para essa palavra. Ela representa um objeto 
redondo, usado para jogar futebol e outros esportes etc. Não poderíamos, 
simplesmente, mudar a escrita de BOLA para LAOB, pois não haveria 
compreensão e nem convenção social para isso;
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
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● a ortografia (grafia correta) – por ela a escrita pode ser ‘lida’ pelas diferentes 
variedades linguísticas;
● o princípio acrofônico: conjunto de regras para decifrar o valor sonoro das 
letras;
● o nome das letras – a – bê – cê – dê – ê/é – efe – gê – agá – i – jota – cá – ele – 
eme – ene – ô/ó – pê – quê – erre – esse – tê – u – vê – dáblio – xis – ípsilon – zê 
– cê-cedilha;
● relações entre letras e sons (para a leitura. Ex.: CASA). Neste caso, quando o 
“s” está entre duas vogais, produz-se o som de “z”.
● relações entre sons e letras (na escrita) – quando se escreve dentro e se lê 
drentu, a escrita padrão aparece e, na leitura prevalece a variedade linguística. 
Já quando se escreve drentu, ocorre o inverso.
● a ordem das letras na escrita (no português, da esquerda para a direita);
● a linearidade da fala e da escrita – na fala: pronunciamos vogais, consoantes, 
ritmos, volume, duração, velocidade (ao mesmo tempo e variando). Na escrita: 
separamos vogais e consoantes, usamos sinais de pontuação, mudamos as 
vogais com o acréscimo de acentos, til etc. Pelas pistas linguísticas apontadas 
na escrita, o leitor tentará reconstruir a oralidade, “falando” o que lê;
● reconhecer uma palavra: na escrita, o conjunto de letras separado por espaços 
em branco é uma palavra;
● nem tudo o que se escreve são letras, há acentos e sinais de pontuação que 
modificam a entonação e o valor sonoro;
● nem tudo que aparece na fala tem representação gráfica na escrita.
Após termos estudado sobre a escrita, finalizamos este tópico com o 
resumo. Aproveite para relembrar o que você aprendeu! Bom proveito! No 
próximo tópico abordaremos a leitura.
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RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico, estudamos sobre:
● A escrita, compreendendo-a como um sistema, inventado e convencionado. 
Aprendemos que um sistema é um conjunto de elementos, uma estrutura 
organizada que possibilita estabelecer relações.
● Ao longo da história, a escrita teve a sua evolução. Passou das marcas em 
cavernas aos desenhos em forma de cunha – escrita pictográfica. Em seguida, 
desenhos mais elaborados – escrita hieroglífica - deram espaço a outros tipos 
de caracteres, escrita ideográfica. Em virtude dos muitos caracteres, surgiu 
a necessidade de redução. Dessa forma, chegou-se aos sistemas alfabéticos, 
dentre os quais, o nosso.
● O nosso alfabeto tem, atualmente, vinte e seis letras. As letras podem variar em 
seus traçados, mas não variam em seu valor sonoro. Isso quer dizer que A é A, 
independente da sua grafia (maiúscula, minúscula, script, cursiva, caixa alta).
● A escrita não é o espelho da fala. Por isso, é necessário que se conheçam os 
aspectos referentes ao nosso sistema e alguns conhecimentos pertinentes. Estes 
se tornam ferramentas importantes para o uso da escrita.
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Assista ao filme “Central do Brasil” e observe como se lida com a escrita 
nesta produção. Quem escreve no filme? Quem depende da escrita? Qual é o 
objetivo do que se escreve? Quais são os seus comentários pessoais a respeito 
do tema escrita ao percebê-la neste filme?
AUTOATIVIDADE
35
TÓPICO 3
A LEITURA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, ao estudarmos sobre a escrita, aprendemos que 
escrevemos algo para que alguém o leia, você se lembra disso? Se não fosse assim, 
a escrita e sua invenção não teriam sentido algum. Neste tópico, pretendemos 
abordar a leitura. Apresentaremos as ideias de alguns autores sobre o assunto e 
estabeleceremos elos entre o que apresentam. Desta maneira, queremos construir 
compreensões, a fim de tornar a leitura algo muito próximo de nós! “Ler? Sim. E 
com muito prazer!” Esperamos que seja esta a sua reação!
2 O QUE É LER?
“A leitura é sempre apropriação, invenção, produção de significados”. 
(CHARTIER, 1999, p. 77).
FIGURA 11 – A LEITURA
FONTE: Disponível em: <http://office.microsoft.com>. Acesso em: 
15 abr. 2011.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
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Conforme anunciamos anteriormente na introdução deste tópico, 
apresentaremos a seguir o que alguns autores pontuam sobre ler. Acompanhe-
nos!
Ler é inscrever-se no mundo como signo, entrar na cadeia significante, 
elaborar continuamente interpretações que dão sentido ao mundo, 
registrá-las com palavras, gestos, traços. Ler é significar e, ao mesmo 
tempo, tornar-se significante. A leitura é uma escrita de si mesmo, na 
relação interativa que dá sentido ao mundo. (YUNES, 2009, p. 35).
Destacamos das palavras dessa autora, duas passagens para as retomarmos 
posteriormente:
UNI
● SENTIDO AO MUNDO. 
● RELAÇÃO INTERATIVA.
Outro autor, Foucambert (1994, p. 5), escreve: 
Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que 
certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter 
acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte 
das novas informações ao que já se é [...] ler é o meio de interrogar a 
escrita e não tolerar a amputação de nenhum de seus aspectos. 
Como destaque:
UNI
● SER QUESTIONADO PELO MUNDO.
● PODER TER ACESSO À ESCRITA.
Ler é:
● Um processo de interação entre leitor e texto.
● Uma construção que envolve o texto, os conhecimentos prévios do leitor que o 
aborda e seus objetivos.
● Ler envolve a compreensão do texto escrito.
TÓPICO 3 | A LEITURA
37
● Para ler necessitamos manejar com destreza as habilidades de decodificação, 
além de acionarmosnossos objetivos, ideias e experiências prévias. Ao lermos 
nos envolvemos em um processo de previsão e inferência contínua. Isso 
encontra apoio na informação proporcionada pelo texto e na nossa bagagem. 
Ao mesmo tempo, nos envolvemos em um processo que permite encontrar 
evidências ou rejeitar as previsões e inferências mencionadas anteriormente. 
(SOLÉ, 1998, p. 22-23 – grifos nossos).
Ler é compreender. “Ninguém pode compreender as situações evocadas 
nos livros se elas forem totalmente estranhas à sua experiência e a seus 
conhecimentos ou exteriores a seu meio”. (CHARTIER, CLESSE & HÉBRARD, 
1996, p. 115 - grifos nossos).
“Ler começa por uma intenção por parte do leitor: a busca por uma informação, 
um momento de lazer, de prazer etc. Uma vez reconhecidas e identificadas as letras, 
é atribuído o sentido”. (SCLIAR-CABRAL, 2003, p. 80, grifos nossos).
Pois bem, apresentamos alguns autores e o que eles escrevem sobre 
“ler”. Você deve ter percebido que negritamos algumas palavras e a outras 
demos destaque pelo UNI. Que tal recuperarmos algumas dessas passagens para 
tecermos, a partir delas, algumas compreensões?
Algo que é recorrente nos escritos vistos anteriormente é a questão de que 
ler envolve INTERAÇÃO, COMPREENSÃO e CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS. 
Também ‘lemos’ que ler envolve a decodificação dos símbolos apresentados pela 
escrita. Mas, isso TAMBÉM está envolvido, contudo, ler não é apenas decifrar um 
código. Que tal discutirmos um pouco mais a respeito?
Tomemos como exemplo um livro de literatura infantil. Quando a criança, 
em seus primeiros contatos com este material, manuseia o livro, ele não passa de 
um objeto a ser apreciado pelas suas imagens. Geralmente, estes materiais são 
coloridos e apresentam pouca escrita. Observe um exemplo:
FIGURA 12 – LIVRO DE LITERATURA INFANTIL
FONTE: Threehouse (2009, p. 10)
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
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Se não fosse assim, você acha que a criança daria importância ao livro? 
Faça uma experiência: entregue um livro sem figuras a uma criança e perceba 
a sua reação. Com o passar do tempo, a leitura de imagens dá lugar à leitura 
do nosso sistema de escrita e a compreensões provenientes do nosso entorno, 
relacionadas aos nossos contextos de vida.
UNI
Você sabia que foi um revendedor de livros chamado John Newbwrry quem, 
em 1744 abriu a primeira livraria infantil em Londres, e começou a escrever e a editar, ele 
próprio, breves histórias divertidas, ilustradas e baratas?
FONTE: Teberosky; Colomer (2003, p.152)
Posteriormente, em parceria com a assimilação do código, passamos a 
fazer escolhas de materiais que queremos ler. Com esses materiais interagimos: 
eles nos remetem a experiências de vida, locais que conhecemos ou gostaríamos 
de conhecer, enfim, acionam nossos contextos. Além disso, oferecem outras 
compreensões. Acrescem ou nos fazem mudar de ideia diante de determinado 
assunto. Na região em que (con)vivemos havia uma livraria que adotou um 
jargão: LER FAZ A CABEÇA. É isso que podemos compreender, num sentido 
bastante resumido, sobre a leitura.
autoativida
de
Agora, observe a tirinha que segue e reflita:
● Que sentido têm as palavras de Mafalda diante do que discutimos anteriormente? Pense 
em contextos de vida, compreensão, atribuição de sentidos, interação.
● Encontre um deslize na escrita do último quadrinho.
FONTE: Quino (1993, p. 149).
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TÓPICO 3 | A LEITURA
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DICAS
Anteriormente, mencionamos livros de literatura infantil. Acesse o site a seguir e 
encontre uma lista de 204 livros sugeridos por um grupo de pesquisadores da área:
● <www.educarparacrescer.com.br> – o que seu filho deve ler dos 2 aos 18 anos para ter 
uma boa formação.
Pois bem, até aqui caminhamos tentando desvendar o que é ler. O uso do 
verbo TENTAR, neste momento, dá indícios de que essa tarefa não é unilateral, 
ou seja, não encontraremos uma maneira única de dizer “o que é ler”. Além disso, 
vale lembrar que muitos autores vêm se debruçando sobre estudos referentes a 
essa tentativa, entre eles há concordâncias e divergências. Portanto, o que nós 
fizemos foram escolhas. Essas escolhas estão em concordância com o nosso 
contexto de vida, nossa prática pedagógica, experiências vivenciadas. 
Na próxima seção pretendemos estudar e conhecer algumas estratégias 
de leitura.
3 ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Estratégias? Parece coisa de guerra...
Não. A fim de elucidar sobre o porquê dessa palavra, contamos com o 
apoio teórico de três autores, quais sejam: Solé (1998); Serra e Oller (2003).
O uso da palavra estratégias refere-se a um tipo particular de 
procedimentos para atingir determinados objetivos. Esses objetivos, obviamente, 
no nosso caso, referem-se à leitura.
Ensinar e pensar estratégias de leitura, conforme Solé (1998), contribui para 
equipar alunos com recursos necessários que culminam em um aprender a aprender.
Antes de partirmos para o estudo das estratégias de leitura, queremos 
conhecer alguns objetivos de leitura. Quando tratamos de objetivos, somos 
levados a refletir sobre: para que lemos? 
Em resposta a esta pergunta, acompanhe-nos. Lemos para:
● Obter informações precisas: neste tipo de leitura pretendemos localizar algo 
que nos interessa. Ao mesmo tempo em que buscamos algumas informações, 
descartamos outras. Ex.: busca do significado de uma palavra no dicionário. É 
uma leitura seletiva.
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
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● Seguir instruções: através desta leitura queremos realizar algo concreto. Em 
vez de selecionar, temos que ler tudo para compreender todo o processo. Ex.: 
instruções de um jogo, receita de uma torta etc.
● Obter uma informação de caráter geral: diante desse objetivo de leitura, o leitor 
lê algo de maneira geral e decide se quer/precisa aprofundar a sua leitura ou 
não. Ex.: leitura de materiais específicos para a elaboração de um trabalho 
escolar, leitura das manchetes de notícias etc.
● Aprender: este tipo de leitura tem como objetivo ampliar os conhecimentos 
que já temos sobre determinado assunto. Estabelecemos relações, aprendemos 
termos novos, fazemos recapitulações e sínteses, anotamos, grifamos etc.
● Revisar um escrito próprio: neste caso, temos que nos colocar no lugar de 
escritor e leitor. É uma leitura crítica, útil. Esta leitura pode nos ajudar muito a 
aprender a escrever. Afinal, temos que refletir sobre a maneira mais conveniente 
de escolhermos as palavras a fim de atingir nossos objetivos diante de quem 
nos lê/lerá.
● Obter prazer: cada pessoa sabe o sentido de ‘prazer’ para si. Por isso vale 
destacar que esse objetivo envolve a “experiência emocional desencadeada 
pela leitura”. (SOLÉ, 1998, p. 97).
● Comunicar um texto a um auditório: essa leitura tem como objetivo transmitir 
alguma mensagem para um grupo de pessoas e, que estas pessoas entendam 
a mensagem. Para isso podemos usar recursos de mídia, entonação de voz, 
dicção clara etc. É importante, também, conhecer a mensagem que queremos 
transmitir, ou seja, caso a tenhamos por escrito, como suporte para a transmissão, 
que leiamos esse material anteriormente.
● Praticar a leitura em voz alta: a este objetivo, ou, anterior a ele, deve estar 
a compreensão. Esta prática é comum em salas de aula. Contudo, é/seria 
interessante que os alunos pudessem conhecer e compreender o texto que 
devem ler em voz alta. Isso antes de apresentá-lo. Provavelmente na hora da 
exposição oral haveria maior segurança.
● Verificar o que se compreendeu: isso pode ser feito através de um planejamento 
de perguntas e respostas anterior, com base no texto a ser lido.
TÓPICO 3 | A LEITURA
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autoativida
de
Que tal, agora, tentar descobrir, com base na lista anterior, os

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