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Obstetrícia Veterinária

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1 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
FERTILIZAÇÃO 
 
Fusão do material genético de dois gametas – feminino (oócito) e masculino 
(espermatozoide) formando o zigoto ou ovócito. Após formado, ocorre o estímulo para 
que realize o desenvolvimento embriológico. O processo de formação do zigoto ocorre 
na porção medial da tuba uterina (ampola), e para que isso ocorra, 
fatores auxiliam o transporte do espermatozoide até a ampola, dentre 
eles: a ação do estradiol (estrógeno) e das prostaglandinas presentes no 
plasma seminal, provocando contração na musculatura uterina e 
facilitando o transporte. 
O espermatozoide passa por transformações afim de prepara-los para a 
fertilização, sendo os mais importantes: capacitação, hiperativação e a 
reação acrossomal. Esses eventos têm que ocorrer de forma correta, caso contrário, a 
fertilização não acontece. 
Capacitação: ocorre dentro do sistema genital feminino enquanto o espermatozoide 
percorre o canal vaginal (em casos de ejaculação intravaginal), útero e tuba uterina. A 
capacitação consiste em uma modificação que ocorre na membrana espermática, onde 
ocorre uma mudança na quantidade de colesterol, rearranjo de lipídios, fazendo com 
que a membrana fique mais fluída para que se fusione na membrana do oócito, e que 
alguns elementos que estavam ocultos passem a ficar na superfície da célula, 
principalmente proteínas de reconhecimento. Se a capacitação não ocorrer, não há 
proteínas específicas na membrana espermática e o espermatozoide não reconhece o 
oócito, não ocorrendo a fertilização. 
Hiperativação: ocorre na tuba uterina antes de encontrar o oócito. Consiste na mudança 
do movimento do espermatozoide, passando do movimento retilíneo uniforme para 
circular e frenético, pois necessita de um impulso para conseguir penetrar no oócito. 
Reação acrossomal: ocorre quando o espermatozoide encontra o oócito. A membrana 
acrossomal se dissolve e é liberado os grânulos presentes no acrossoma contendo 
enzimas que realizarão a digestão da zona pelúcida – camada glicoproteica de proteção 
– posteriormente irá encontrar a membrana vitelínica – membrana celular do oócito -, 
promover a fusão dos dois gametas e conseguir introduzir o material genético no 
citoplasma do oócito. Dessa forma, ocorre o processo de exocitose celular, que consiste 
na passagem do espermatozoide pela zona pelúcida. Somente espermatozoides que 
sofrem a reação acrossomal são capazes de fertilizar, pois se não houver, não é possível 
penetrar a zona pelúcida. 
Tuba uterina: 
- Infundíbulo; 
- Ampola; 
- Istmo. 
 
2 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
Se não ocorrer uma boa 
capacitação espermática, o 
espermatozoide dificilmente vai 
ter condições de realizar a reação 
acrossomal pois não haverá as 
proteínas de reconhecimento que 
promove a ligação do gameta 
masculino com a zona pelúcida. 
 
 
A fertilização depende de algumas etapas: 
1. Contato e reconhecimento espécie-específico: ocorre a partir das proteínas que 
são expostas durante a capacitação espermática responsáveis por promover o 
reconhecimento espécie-específico. Híbridos são exceções! 
2. Reação acrossomal: promovendo a passagem pela zona pelúcida, chegando a 
membrana vitelínica e ocorrendo a ligação do espermatozoide e de suas 
proteínas à membrana. Posteriormente, ocorre a formação do cone de 
fertilização que recobre a cabeça do espermatozoide, o material genético 
adentra o citoplasma, promovendo a fusão do material genético dos pró-
núcleos, passando de células aploides para uma célula diploide. Após a fusão 
ocorre a ativação do metabolismo do ovócito para o seu desenvolvimento – 
divisão celular (clivagem). 
 
Após a penetração de um espermatozoide no oocito, o gameta feminino perde a 
habilidade de se fundir com outros gametas masculinos para que não ocorra a 
poliploidia – anormalidade genética; o embrião não se desenvolve. Esse tipo de 
mecanismo denomina-se de bloqueio à poliespermia, ou seja, bloqueia a entrada de 
mais de um espermatozoide. Esse processo precisa ocorrer para que a fertilização e a 
geração de um novo ser vá adiante, caso contrário, o ovócito é expelido ou absorvido 
pelo próprio organismo. A poliploidia comina com morte embrionária! 
Os mecanismos de bloqueio à poliespermia são o bloqueio rápido – ocorre 
imediatamente; mediado por uma despolarização elétrica na membrana do oócito; 
mudança temporária – e o bloqueio lento – mediado pela reação cortical; ocorre a 
liberação de grânulos próximo a membrana plasmática contendo enzimas que irão se 
incorporar na membrana, promovendo a mudança da sua conformação e composição, 
impedindo que outro espermatozoide reconheça as proteínas de superfície e consiga 
penetrá-la. 
 
 
Acrossoma: organela 
presente na porção 
apical do 
espermatozoide, onde 
estão contidas vesículas 
com enzimas que vão 
facilitar a passagem do 
gameta pela zona 
pelúcida. 
 
3 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
Os gêmeos bivitelíneos consistem em dois oócitos e dois espermatozoides, formando os bivitelíneos não 
idênticos contendo material genético completamente diferente. Os gêmeos univitelíneos consistem em 
um oócito e um espermatozoide que se fusionam e, no início do desenvolvimento embrionário, ocorre a 
divisão em duas células independentes, não sendo de sexo diferente, pois o sexo genético ocorre no 
processo de fertilização (se o espermatozoide carregar o cromossomo X será uma fêmea, se for o 
cromossomo Y será um macho). 
 
O oócito é imóvel e o percurso que ele realiza para chegar até a tuba uterina é menor 
comparado ao percurso do espermatozoide. Então, o espermatozoide precisa ser leve, 
e para isso a cromatina é compactada, porém, ao chegar no citoplasma para realizar o 
emparelhamento do material genético, a cromatina é descompactada para que ocorra 
a exposição dos cromossomos e o emparelhamento junto com o material genético do 
oócito. Dessa forma, primeiramente ocorre a descompactação da cromatina, o pró-
núcleo aumenta de tamanho, e a partir da presença do pró-núcleo masculino no 
citoplasma do oócito é que o núcleo da célula feminina completa a segunda divisão 
meiótica. 
Como resultado da fertilização: 
• Ocorre o estimulo para o ovócito secundário realize a segunda divisão meiótica; 
• Restaura o número diploide do acrossoma do zigoto; 
• Promove a variação da espécie – em cada evento de fertilização que ocorre, há 
um arranjo de cromossomos diferentes; 
• Determina o sexo cromossômico do embrião; 
• Causa a ativação do oócito, iniciando a clivagem – que são divisões celulares para 
formação do novo ser. 
Algumas definições: 
• Zigoto: uma célula diploide contendo o material genético masculino e feminino; 
• Embrião: estágio inicial, essa fase varia entre espécies; 
• Feto: forma típica da espécie; também varia entre espécies; 
• Concepto: produto da concepção. 
 
Na clivagem, as células que são geradas 
nesse processo são denominadas de 
blastômeros. As células presentes na tuba 
uterina favorecem a formação dos 
blastômeros, e os fatores relacionados são: 
fator de transformação de fibroblasto e o 
fator de crescimento de fibroblasto. 
O embrião migra pela tuba uterina, que a 
partir de contrações, das células ciliares e 
da presença de muco, auxiliam a passagem do embrião até o útero – ocorrendo as 
 
4 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
divisões durante essa passagem. Chegando ao útero, o embrião perde a zona pelúcida 
para que ocorra a fixação no endométrio.Em casos de gestações ectópicas – que geralmente ocorrem nas tubas uterinas – o embrião perde a zona 
pelúcida mais cedo por conta de alguma alteração, ocorrendo a sua fixação na tuba uterina, sendo 
necessária a excisão da tuba uterina acometida. 
 
Depois da formação da mórula, passa ocorrer divisões dentro do embrião. Começa a 
apresentar células mais centralizadas, que se agrupam em um polo específico do 
embrião, sendo denominadas de massa celular interna ou embrioblasto e as outras 
células especializadas que formam a camada externa do embrião são denominadas de 
trofoblasto. Posteriormente, as células do trofoblasto originarão os anexos placentários 
e as células da massa celular interna originarão o embrião propriamente dito. Com 64 
blastômeros, já ocorre secreção de fluidos para dentro da mórula formando uma 
cavidade chamada de blastocele. Nessa fase o embrião é chamado de blastocisto. 
Inicialmente as células que compõe a massa celular interna são pouco especializadas – células tronco – 
possuindo alto poder de divisão, sendo possível tornar-se especializada em qualquer tipo de célula. 
 
Após as divisões embrionárias, o embrião implanta-se no útero a partir do polo 
embrionário – onde estão contidas o maior número de células, dessa forma, a 
implantação ocorre pelo polo para que ocorra a nutrição a partir dos vasos sanguíneos 
presentes no endométrio – promovendo várias modificações no endométrio, 
principalmente pela progesterona produzida pelo corpo lúteo. 
 
As células do trofoblasto se dividem em dois 
tipos de células: as que permanecem com a 
mesma característica denominam-se 
citotrofoblasto e as células que se fusionam 
denominam-se sinciciotrofoblasto. As 
células do embrioblasto começam a se 
diferenciar e formam o disco embrionário 
bilaminar, e posteriormente o trilaminar. O 
disco trilaminar irá formar o ectoderma, 
mesoderma e o endoderma. Cada grupo de célula irá dar origem a um tecido ou a um 
tipo de órgão. 
O reconhecimento materno da gestação é um mecanismo que ocorre para que o 
organismo feminino não expulse o embrião, haja em vista que o embrião é um material 
estranho apesar de carregar o material genético da própria fêmea, porém também 
carrega o material genético do macho, então o embrião precisa sinalizar para a fêmea a 
presença dele. Se esse processo não ocorre, inicia-se a produção de prostaglandinas que 
 
5 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
irão promover a lise do corpo lúteo, diminuindo os níveis da progesterona, 
desbloqueando o eixo hipotalâmico, e iniciando um novo ciclo estral. 
Então o reconhecimento materno da gestação é o período em que o blastocisto, antes 
de se ligar ao endométrio, secreta substâncias que prolongam a vida útil do corpo lúteo. 
Essas substâncias vão depender da espécie, mas sabe-se que alguns interferons e 
esteroides que vão atuar na modulação da síntese e na liberação de PGF-2α, impedindo 
a regressão do corpo lúteo, consequentemente da queda de progesterona. 
Nos ruminantes é relatado que o mediador do reconhecimento materno é o interferon-
tau produzidos pelas células do trofoblasto do embrião. O interferon-tau possui como 
funções: 
• Regular os receptores de progesterona no endométrio, aumentando a ação da 
progesterona; 
• Inibir diretamente os receptores endometriais de estrógeno que promovem a 
contração uterina; 
• Inibir os receptores de ocitocina; 
• Mecanismo pós-receptor da prevenção da liberação de PGF-2α; 
• Síntese de inibidor de enzimas para produção de PGF-2α, pois com a presença 
da PGF-2α vai ocorrer lise do corpo lúteo. 
Nos suínos há a necessidade de ter no mínimo 4 embriões para que ocorra o 
reconhecimento materno – parte mecânica – haja em vista que a anatomia uterina da 
porca é extensa. As substâncias envolvidas são estrógeno – parte hormonal – que 
promove a alteração da produção de PGF-2α. 
Nos equinos a parte hormonal ainda não é muito esclarecida, mas há algumas 
possibilidades como o aumento de estrógeno e da progesterona, consequentemente 
aumento a produção de uteroferrina. Porém, para éguas o que é mais esclarecido é a 
questão da movimentação embrionária, que consiste no embrião equino possuir uma 
cápsula proteica fazendo com que ele seja bem redondo, e esse formato junto com as 
pregas endometriais longitudinais, facilitam a migração desse embrião de um corno 
uterino para outro. 
No caso de éguas que apresentem cistos endometriais, podem apresentar problemas na gestação, pois 
na fase do reconhecimento materno o cisto impede que o embrião faça essa movimentação, 
consequentemente, impedindo o reconhecimento materno. 
 
Nos cães e gatos não se sabe ainda qual o mecanismo e não se sabe se existe um 
mecanismo necessário para essas espécies, pois o tempo médio de duração do corpo 
lúteo equivale a uma gestação. 
O reconhecimento imunológico ocorre a partir da progesterona agindo na depressão 
do sistema imunológico, então a reação e a rejeição imunológica são bloqueadas na 
gestação. 
 
6 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
Isso acontece a partir da: 
• Diminuição dos MHC I e II na superfície do concepto; 
• Diminuição dos linfócitos; 
• Diminuição da atividade celular. 
 
As moléculas envolvidas no reconhecimento imunológico são: 
• PGE2; 
• Proteínas associadas à gestação – uma das hipóteses é que essas proteínas 
competem com os antígenos embrionários pelos anticorpos produzidos contra 
eles, o sistema imunológico vai acabar atacando essas proteínas ao invés de 
atacar o embrião. 
 
A égua possui uma barreira da tuba uterina para o útero, se o embrião não estiver normal produzindo 
PGE2, a junção útero-tubarica permanece fechada e o embrião retido na tuba. 
 
 
PLACENTAS E ANEXOS 
 
Placenta: órgão transitório que só existe quando há gestação. 
A placentação irá ocorrer após a implantação, é formada a 
partir da justaposição das vilosidades do córion fetal (parte 
fetal) com as criptas do endométrio (parte materna) – a 
mucosa uterina é denominada decídua basal quando o 
animal está gestante. O princípio fisiológico da formação da 
placenta é o intercâmbio entre sangue materno e sangue 
fetal durante a gestação. 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE RELAÇÃO QUE É 
ESTABELECIDA ENTRE A PARTE MATERNA E FETAL: 
• Adeciduada – a placenta que estabelece uma firme 
aderência do epitélio corial com o epitélio uterino 
sem lesionar a parede uterina. Esse tipo de placenta não é eliminada no parto 
junto com o feto, a eliminação ocorre um tempo depois. 
Ex.: equídeos, suínos, caprinos, ovinos e bovinos. 
• Deciduada – a união da parte fetal e materna exige uma dissolução prévia. O 
descolamento da placenta começa antes do trabalho de parto para que, no 
momento do parto, ela seja eliminada junto com o feto. 
Ex.: canídeos, primatas e roedores. 
 
7 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO AO 
NÚMERO DE CAMADAS DA PLACENTA: 
• Epiteliocorial – todas as três 
camadas persistem tanto fetal 
quanto materna. Nesse tipo de 
placenta, não há passagem de 
imunoglobulinas. Para essas 
espécies é imprescindível adquirir 
a imunidade passiva a partir da 
ingestão de colostro. 
Ex.: equídeos, suínos e bovinos. 
• Endoteliocorial – presença apenas das três camadas da parte fetal. Ausência de 
epitélio uterino e do mesênquima da parte uterina, apenas o endotélio separa o 
sangue materno do sangue fetal. Para essas espécies, há a passagem de 
imunoglobulinas, porém não o suficiente (5 a 10%); precisam da ingestão do 
colostro, mas não tão urgente quanto as espécies que possuem a placenta do 
tipo epiteliocorial.Ex.: caninos e felinos. 
• Hemocorial – ausência das três camadas da parte materna e o trofoblasto está 
livremente exposto ao sangue materno. Nesse tipo, há uma grande passagem de 
imunoglobulinas. Ex.: primatas e roedores. 
CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO A DISTRIBUIÇÃO DOS VILOS – FUNÇÃO: AUMENTAR A ÁREA 
DE CONTATO: 
• Difusa – quando os vilos são distribuídos em toda a extensão da placenta. Essas 
áreas de contato podem ser chamadas de microcotilédones. Se não houver esses 
vilos em toda a extensão da placenta, a mesma não consegue dar suporte a 
gestação. 
Ex.: equídeos e suínos. 
• Zonária – as vilosidades são distribuídas em uma faixa ao redor do equador do 
saco coriônico, onde se unem ao endométrio. 
Ex.: carnívoros. 
• Cotiledonária – as vilosidades estão espalhadas da mesma forma que a difusa, 
porém a distribuição é menor e as áreas de contato são maiores. Do lado 
materno estão presentes as carúnculas – áreas especializadas dentro do útero – 
que se une a parte fetal formando os placentomas, que são os únicos pontos de 
troca materno-fetal neste tipo de placenta. 
Ex.: ruminantes. 
 
A partir do diagnóstico de gestação entorno dos 30 dias, é passível de visualização os placentônios 
nos ruminantes, que se completam entre 40 e 60 dias. São 120 funcionais na vaca e 80 na ovelha, e 
os maiores placentônios vão estar localizados no corno gravídico. 
 
Camadas do lado fetal: 
 Endotélio fetal (capilares); 
 Tecido de preenchimento (mesênquima); 
 Células do trofoblasto (epitélio coriônico fetal). 
Camadas do lado materno: 
 Epitélio endometrial materno; 
 Tecido de preenchimento; 
 Endotélio materno. 
 
 
8 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
 
O teste do beliscamento é feito por palpação retal em vacas, e consiste em beliscar o útero, caso ele 
esteja gravídico é possível sentir a passagem de duas camadas, sendo uma camada a parte fetal e a 
outra a materna. E é realizada nas áreas intercotiledonárias. 
 
• Discoidal – as vilosidades ficam agrupadas em uma região central ou marginal 
em forma de disco. 
Ex.: primatas e roedores. 
Os mecanismos de troca entre mãe e feto ocorrem por: 
• Difusão simples – gases e água; 
• Difusão facilitada – glicose e amido; 
• Forma ativa a partir de bombas – sódio, potássio e cálcio. 
FUNÇÕES DA PLACENTA: 
• Órgão respiratório do feto – na vida fetal os alvéolos pulmonares estão 
colabados, e as trocas gasosas são feitas via troca de capilar entre os capilares 
materno e fetal por difusão simples. Quem oxigena o sangue fetal é a placenta. 
• Órgão de alimentação do feto – o feto recebe todos os nutrientes (água, 
transporte seletivo de metabólitos, aminoácidos, glicose, ácidos graxos e 
lactatos) via placenta. 
• Órgão de filtração – filtram as substâncias que passam da parte materna para a 
parte fetal, essa barreira vai depender da solubilidade e da concentração da 
substância, é impermeável a soluções coloidais e corpúsculos (leucócitos, 
bactérias e outros). 
• Órgão de secreção interna – a placenta também secreta hormônios 
(progestágenos, estrógenos). 
• Órgão de imunoproteção – a passagem de imunoglobulinas vai depender do tipo 
de placenta. 
A placenta da égua possui uma particularidade, sendo coriovitelínica inicialmente, pois 
está presente um anexo fetal (saco vitelino) que é o responsável por dar suporte ao feto 
a princípio. Entre 12 e 14 dias é visualizado o saco vitelino na parte dorsal da vesícula 
embrionária e o embrião na parte ventral. Entre 21 a 24 dias o saco vitelino ainda está 
presente, e observa-se a presença do saco alantoide na parte ventral empurrando o 
embrião para parte superior, e no decorrer do seu desenvolvimento o saco vitelino vai 
regredindo. Ao redor dos 30 dias, observa-se o saco alantoidiano um pouco maior 
embaixo, o embrião no meio e uma proporção menor do saco vitelino. Aos 40 dias o 
embrião está mais acima, o saco alantoidiano apresenta-se maior e menor a proporção 
do saco vitelino. Entorno de 50 a 60 dias o saco alantoidiano uniu-se aos vasos 
sanguíneos formando o cordão umbilical e o saco vitelino quase não existe, o embrião 
passa a descer para a parte mais ventral da vesícula embrionária. 
 
9 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
A gonadotrofina coriônica equina (ECG) é um hormônio luteotrófico – proporciona 
suporte ao corpo lúteo – e junto com a progesterona realiza um papel importante na 
manutenção da gestação. O ECG é produzido pelos cálices endometriais entre os 40 e 
50 dias de gestação, esse hormônio tem ação no ovário onde existe o corpo lúteo 
primário – que foi o corpo lúteo originado a partir do oócito que foi fecundado. Nas 
éguas, apenas um corpo lúteo não é o suficiente para manter a gestação, sendo 
necessária a formação de corpos lúteos acessórios. Dessa forma, o ECG no ovário 
desencadeia a formação de novos folículos, que irão se desenvolver e se luteinizar, 
tornando-se corpos lúteos acessórios, proporcionando uma maior produção de 
progesterona durante o início da gestação até os 150 dias que é quando a placenta já 
iniciou a produção da progesterona. Nesse mesmo processo da formação de corpos 
lúteos acessórios, há também a produção de estrógeno, ou seja, a fêmea irá apresentar 
sinais de cio e caso seja coberta pelo garanhão estando gestante, ocorrerá o aborto. 
ANEXOS FETAIS: 
• Membrana amniótica – membrana mais interna que reveste totalmente o 
concepto, é formada por um folheto duplo formando uma bolsa repleta de 
líquido amniótico. O líquido amniótico é viscoso de cor clara. 
• Membrana alantoide – é encontrada entre o córion e o âmnio. Quando em 
contato com o córion é chamada de alantocórion, e quando em contato com o 
âmnio é chamada de alantoâmnio. Entre os folhetos, existe a bolsa repleta de 
líquido alantoidiano (urina na vida fetal). O úraco proporciona a comunicação 
entre a vesícula urinária do feto e o saco alantoidiano. 
• Membrana coriônica – a membrana mais externa que engloba os outros anexos, 
placenta e o embrião. Tem como função proteger e proporcionar as trocas 
gasosas e nutritivas. 
• Líquido amniótico – produto de secreção dos folhetos e também da saliva e 
secreção nasal do feto. Pode conter pelos, células epiteliais, restos das células 
subcutâneas, e presença de mecônio de fetos traumatizados. 
• Líquido alantoidiano – é de origem renal, basicamente contém apenas urina 
fetal. A cor varia de amarelo cinza a verde oliva. Consistência aquosa e presente 
em maior volume. 
As funções dos líquidos fetais são: 
• Hidratação; 
• Proteção contra choques mecânicos, desidratação e variação de temperatura; 
• Nutrição; 
• Laxativa; 
• Lubrificação do canal do parto; 
• Ajuda na dilatação do canal de parto; 
• Ação bactericida. 
 
 
10 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
A duração da gestação vai variar de acordo a espécie e outros aspectos, e é importante 
o conhecimento de cada espécie para poder diferenciar o parto normal de um aborto, 
de um parto prematuro ou retardado. Espécies de cios longos dificultam o 
estabelecimento de duração da gestação (ex.: cadelas e éguas), pois o período de 
ovulação dessas espécies é longo, não sabendo qual foi o dia da ovulação e da 
fertilização. 
 
PARTO EUTÓCICO 
 
Processo fisiológico através do qual o feto e seus envoltórios são expulsos do útero. 
Próximo ao momento do parto, existem alguns sinais – variando de acordo a espécie – 
que podem ser observados nos animais: 
• Relaxamento dos ligamentos pélvicos pela ação da relaxina – hormônio que atua 
na gestação e no parto – auxiliando na dilatação e passagem do concepto 
durante o parto;• Edema vulvar (vacas e cadelas); 
• Atividade mamária – presença de colostro na glândula mamária; 
• “Bico de vela” na teta (égua) – colostro começando a ser extravasado ficando 
endurecido, aspecto de parafina no bico do teto; 
• Comportamento de formar ninhos – em espécies que parem mais de um filhote; 
• Isolamento do restante do rebanho (ruminantes). 
O parto é desencadeado pelo feto a partir da sua maturação fisiológica. É seguido de um 
complexo de interação entre os fatores endócrinos e mecânicos. Durante a gestação, a 
atividade da musculatura uterina permanece quiescente – não promove contração – por 
influência da progesterona, porém, próximo ao parto é necessário que haja a contração 
uterina para a expulsão do feto e dos anexos fetais. Dessa forma, o bloqueio causado 
pela progesterona é removido e o miométrio passa a ter capacidade contrátil. Para 
desencadear o parto também é necessário que ocorra a queda da progesterona nas 24 
a 48 horas que antecedem o parto. 
O amadurecimento do feto ocorre a partir da função hipotalâmica fetal, onde o 
hipotálamo fetal está maduro, e a partir do estresse fetal (ocasionado por hipóxia, baixa 
oxigenação da circulação sanguínea, diminuição da glicose), o eixo hipotalâmico 
hipofisário passa a produzir cortisol a partir da adrenal fetal. O cortisol alcança a 
corrente sanguínea materna e desencadeia outros processos fisiológico que 
ocasionarão o parto. 
 
Espécies que parem mais de um concepto, principalmente cadelas, é relatado uma patologia chamada 
síndrome do filhote único, que ocorre quando há um ou dois filhotes e a produção de cortisol não é 
suficiente para desencadear o parto normal. 
 
11 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
A partir da presença do cortisol na placenta, ocorre o estimulo da cascata que realiza a 
conversão da progesterona em estrógeno através da ação da enzima 17alfa-hidroxilase, 
haja em vista que, no momento do parto não é necessária a ação da progesterona, 
sendo o estrógeno responsável em proporcionar a contração uterina. 
Os elevados níveis de estrógeno irão agir: 
• Diretamente no miométrio aumentando os receptores e a resposta à ocitocina; 
• No relaxamento da cérvice junto com a relaxina; 
• Atuação no complexo útero-placenta estimulando a produção e a liberação de 
prostaglandinas (prostaciclinas, PGE e PGF-2α) que irão lisar o corpo lúteo. 
Prostaciclinas – potente vasodilatador que irá aumentar a perfusão placentária – 
aumenta o fluxo sanguíneo da placenta, promovendo um maior aporte de oxigenação 
para o concepto. 
PGE – auxilia no relaxamento cervical e no canal do parto 
junto com a relaxina. 
PGF-2α – hormônio luteolítico que irá baixar os níveis 
de progesterona a partir da lise do corpo lúteo, mesmo 
nas espécies que são placenta-dependentes, 
aumentando a contratilidade uterina. 
 
O relaxamento cervical e a contração uterina vão 
ocorrer simultaneamente. Há a ativação do eixo 
hipotalâmico hipofisário adrenal do feto, aumento da 
capacidade da placenta converter progesterona em 
estrógeno, o aumento do estrógeno promoverá a 
luteólise através do estimulo da produção de PGF-2α 
proporcionado pela ativação da fosfolipase A2. A 
fosfolipase A2 estimula a liberação de ácido 
araquidônico, transformando-se em PGF-2α a partir da 
ação da prostaglandina-sintetase. E o estrógeno vai 
aumentar os receptores de ocitocina no endométrio. 
Nos ruminantes, as vacas e cabras são corpo lúteo 
dependentes e ovelhas são placenta dependentes. 
Presença de relaxina produzida pelo corpo lúteo e 
placenta, promovendo dilatação de cérvice e aumento 
da área pélvica. Durante o parto, em vacas ocorre o 
aumento dos corticoides, e os glicocorticoides são essenciais para a lactogênese. Nas 
porcas (corpo lúteo dependente), o estrógeno não é o responsável pela liberação de 
PGF-2α, porém, não se sabe ainda qual o fator que desencadeia esse aumento na 
liberação. Nas éguas (placenta dependente), sugere-se que é a ocitocina a 
Em potros, o corte do 
cordão umbilical 
geralmente não ocorre 
no momento do parto ou 
logo imediatamente após 
o parto, pois é necessário 
bastante aporte 
sanguíneo. A égua pare 
em decúbito lateral, o 
concepto nasce e 
permanece na parte 
traseira da mãe ainda 
ligado pelo cordão 
umbilical, demorando um 
certo tempo para a égua 
levantar e romper o 
cordão. Caso ocorra um 
rompimento precoce, é 
necessário promover a 
assistência ao potro por é 
passível de ocorrer 
hipóxia. 
 
 
12 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
desencadeadora do parto, sendo tão importante quanto o cortisol fetal. Em cadelas e 
gatas o mecanismo endócrino não está bem elucidado. 
A relaxina é um hormônio polipeptídico produzido pelo corpo lúteo, folículos pré-
ovulatórios e placenta. Muito importante no trabalho de parto, pois promove o 
relaxamento da síntese púbica e dos ligamentos pélvicos, cérvice, miométrio e glândulas 
mamárias. 
A via fetal é o caminho que o feto percorre do útero para o meio externo. A via fetal 
óssea é formada pelos ossos da pelve (íleo, ísquio, púbis, sacro e as primeiras vértebras 
coccígeas), podendo influenciar na fisiologia do parto. A pelve de equinos favorece o 
parto comparada a de bovinos, haja em vista que a sua anatomia é plana, facilitando a 
passagem do concepto. A pelve de bovino apresenta uma inclinação, então o feto 
necessita fazer uma curva maior, podendo ser um empecilho no trabalho de parto. A via 
fetal mole é formada pela cérvice, vagina, vestíbulo, vulva e ligamento sacro-isquiático. 
Os obstáculos nessa via para a passagem do concepto podem estar relacionados com: 
• A vulva, onde o animal pode apresentar uma vulva infantil, com sinais de 
cicatrização, estenosada, podendo provocar uma distocia. 
• O anel inguinal onde o ínguino pode não se romper e tornar-se um empecilho na 
passagem do concepto. 
• A cérvice pode apresentar-se estenosada em consequência de lesões que 
cicatrizaram, perdendo a sua habilidade de dilatação. 
 
FASES DO PARTO: 
1. Fase preparatória – onde ocorre os sinais iniciais da proximidade do parto; 
2. Fase expulsiva – expulsão do produto; 
3. Fase de expulsão da placenta. 
 
A fase preparatória consiste em uma grande quantidade de actina e miosina no 
miométrio promovendo a atividade contrátil. O feto e os envoltórios fetais agem 
pressionando a cérvice auxiliando na dilatação cervical junto com a ação da relaxina. O 
estrógeno com a relaxina promovem a flacidez do canal do parto e dos tecidos 
adjacentes. Inicia-se a dissolução do tampão mucoso e a desconexão placentária nas 
espécies que possuem a expulsão da placenta junto com o feto. A fase preparatória 
termina quando a cérvice e a vagina formam um canal único. Essa fase tem duração de 
até 24 horas nas primíparas. Sinais clínicos mais marcantes consistem em desconforto 
abdominal e inquietação. 
A fase expulsiva inicia-se quando o feto entra no canal do parto. A partir do estresse 
fetal e consequentemente da maturação do hipotálamo fetal, liberando ACTH 
hipofisário, elevando os níveis de cortisol pela adrenal fetal, convertendo progesterona 
em estrógeno, dessa forma, aumentando prostaglandina que irá promover a contração 
do miométrio desencadeada pelo estrógeno e relaxina. Descarga de ocitocina pelo 
 
13 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
reflexo de Ferguson, aumentando as contrações uterinas promovendo a expulsão do 
feto. 
A fase de expulsão da placenta ocorre após a expulsão do feto – em algumas espécies – 
logo em seguida, ocorre um descanso no miométrio e posteriormente retornam as 
contraçõesuterinas. Começa a ocorrer uma onda peristáltica no ápice do corno uterino 
para promover a dissolução da placenta. O acúmulo da massa placentária também 
desencadeia o reflexo de Ferguson. 
Placentofagia é muito comum e fisiológico nos carnívoros! 
Em éguas os partos acontecem mais comumente a noite para evitar o estresse, poucas 
horas antes do parto, apresenta-se intensa sudorese nos flancos e axilas por conta da 
ação de prostaglandinas para aumentar a contração uterina. Tende a permanecer em 
decúbito lateral na fase de expulsão (15 a 20 min). Não existe diferença do tempo de 
parto entre primíparas e prulíparas. Grande possibilidade do não rompimento do âmnio 
provocando um risco de asfixia. A expulsão da placenta ocorre entorno de 3 horas. 
Em vacas é possível visualizar bastante edema e flacidez de vulva, e a base da cauda 
elevada. O parto acontece em qualquer hora do dia. Presença de desconforto 
abdominal, inapetência. Na fase de expulsão a vaca adota posições variadas. A fase de 
expulsão ocorre em média de 1 a 4 horas. A expulsão da placenta é de 1 a 6 horas após 
o parto, podendo chegar até 24 horas. 
Cabras e ovelhas pouco antes do parto passam a ter alimentação irregular, podem ficar 
sem querer se alimentar. Micção e defecação frequente por conta da dor. O parto pode 
acontecer a qualquer hora do dia. A fase de expulsão dura até 1 hora, em partos 
gemelares a um intervalo de 15 a 20 min por concepto. A duração maior é em fêmeas 
primíparas e debilitadas. Expulsão da placenta ocorre em 3 horas. 
Em porcas 2 a 3 dias antes do parto a glândula mamária e edema vulvar é bem evidente. 
Os partos ocorrem no fim da tarde a noite, e a presença do humano pode inibir o parto. 
A cada nascimento, as fêmeas podem apresentar movimentos de cauda e pedalagem. A 
fase de expulsão é em média de 3 a 4 horas, e o intervalo de um concepto para o outro 
entorno de 15 a 20 min. Tem baixo risco de asfixia pois o cordão umbilical é longo. Após 
o nascimento do último concepto, a fêmea levanta e elimina bastante urina. Observa-se 
placentofagia. 
Cadelas 2 a 3 dias antes param de se alimentar, ficam inquietas e podem apresentar 
episódios de vômitos. Os conceptos podem nascer envolvidos nas membranas fetais, a 
fêmea rompe os envoltórios e limpa os fetos. A fase de expulsão é em média de 6 horas, 
A pressão do feto contra a cérvice e porção anterior da vagina estimula a liberação de ocitocina pela 
pituitária (hipófiseposterior) que por sua vez estimula as contrações miometriais. Este mecanismo é 
tipico, de origem neuro-endócrina e é denominado reflexo de Ferguson. Também é possível a 
estimulação da liberação de ocitocina a partir do toque vaginal e da pressão na parte superior da 
vagina. 
 
 
14 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
o intervalo entre conceptos podem ser de até 2 horas. Geralmente a placenta 
acompanha o feto, e se isso não ocorrer é eliminada entre 5 a 10 min após o nascimento. 
Gatas também parem normalmente a noite, a fêmea se isola. Sangramento pós-parto é 
raro. O nascimento do primeiro concepto é o mais demorado, e nascem envolto no 
âmnio, podendo ou não se romper durante o parto. O parto dura de 2 a 6 horas e podem 
chegar até 12 horas, depende da quantidade de filhotes. 
 
ESTÁTICA FETAL 
 
Estática fetal é o posicionamento que o feto adota na hora do parto, sendo uma das 
avaliações a serem feitas no atendimento obstétrico, principalmente em atendimento 
de emergência. Possuem três componentes: apresentação do feto, posição adotada no 
canal do parto e a atitude. 
• Apresentação – como o feto se 
apresenta no canal do parto; é a relação 
entre o eixo longitudinal do feto com o 
eixo longitudinal materno (coluna 
vertebral do feto e da mãe). A 
apresentação pode ser longitudinal 
anterior (cefálica), quando a cabeça e os 
membros dianteiros estão voltados para a 
via fetal, ou longitudinal posterior 
(podálica). Pode ser transversal – o feto 
apresenta-se lateralizado – podendo 
apresentar-se transversodorsal, quando o 
dorso do feto se apresenta no canal do 
parto, ou transversoventral, quando a 
região ventral está posicionada no canal 
do parto. E vertical – animal apresenta-se 
sentado, podendo apresentar-se 
verticodorsal ou verticoventral. 
• Posição – relação entre o dorso materno e 
o dorso fetal, podendo ser superior 
(dorso-dorso), inferior (ventre-dorso) ou 
lateral (dorso do feto com a parede lateral 
abdominal da mãe). 
• Atitude – como se relaciona as partes 
moles do feto (membros, cabeça e 
pescoço) com o canal do parto. Podendo 
apresentar-se estendida ou flexionada. 
 
15 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
Em bovinos, a apresentação longitudinal anterior posição superior e atitude estendida 
acontece em 95% dos casos. Em equinos, 99% dos casos a apresentação é longitudinal 
anterior posição superior e atitude estendida. Em pequenos ruminantes, se for feto 
único é semelhante ao bovino, em casos de fetos duplos, o segundo pode ter 
apresentação longitudinal posterior, sempre com posição superior e atitude estendida. 
Os membros posteriores flexionados não causam distocia! 
A intervenção só é feita em casos de distocia e é necessário avaliar alguns pontos: 
1. Se houve rompimento dos envoltórios fetais: caso não houve rompimento, o 
aconselhado é aguardar, caso já tenha ocorrido o rompimento e o feto ainda não 
nasceu no intervalo de 2 horas – exceto equinos – é necessária a intervenção. 
2. Atonia uterina: ocorre quando não possui contração uterina na hora do parto. É 
necessária a intervenção farmacológica ou cirúrgica. Ou quando existe a força 
expulsiva, porém são improdutivas mesmo com o feto insinuado no canal do 
parto ou não. 
3. Intervalo longo entre os nascimentos: geralmente o intervalo de um feto para 
outro é de no máximo 2 horas. 
4. Via fetal seca: após longo tempo de rompimento das bolsas e o feto não ter 
conseguido nascer. 
5. Presença de odor fétido: indica sofrimento fetal. 
 
Em éguas e vacas, as principais manobras obstétricas utilizadas são: 
• Retropulsão – recolocar o feto para dentro do útero manualmente ou com 
instrumento, corrigir o posicionamento e trazer de volta ao canal do parto. 
Utilizar lubrificante. 
• Extensão – estender as partes (cabeça, pescoço e membros) que estão 
flexionadas. É possível utilizar o braço do operador, ganchos, correntes ou 
cordas, realizar a manobra com cuidado e lançar mão de lubrificantes e 
higienização, aproveitando-se da mobilidade e da direção das articulações. 
• Rotação – impor ao feto um giro sobre o seu eixo longitudinal com o intuito de 
corrigir distocia de posição. 
• Versão – alterar a apresentação transversa ou verticodorsal ou ventral para a 
apresentação longitudinal anterior ou posterior. 
• Tração – tracionar o feto quando devidamente insinuado utilizando mãos, 
correntes, ganchos e cordas, obedecendo-se a uma série de normas: 
instrumentos limpos, correntes e cordas sendo posicionadas em ossos longos e 
nunca em cima de articulações, e sempre alternando os membros. 
 
 
 
 
16 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
PARTO DISTÓCICO 
 
A distocia é a dificuldade do nascimento ou inabilidade materna em inserir o feto no 
canal do parto sem assistência. A causa da distocia pode ser de origem materna ou de 
origem fetal. As consequências da distocia são: 
• Morte fetal; 
• Diminuição da produção; 
• Redução da fertilidade - podendo levar a infertilidade; 
• Morte da fêmea. 
As distocias de origem materna são aquelas distocias em que o problema que originou 
está na mãe. Acomete todas as espécies, porém sãomais frequentes em ruminantes e 
cadelas por possuírem características anatômicas e fisiológicas que proporcionam a 
distocia – o formato da pelve de ruminantes vai influenciar na capacidade de ter um 
parto normal, e o uso de anticoncepcionais em cadelas e gatas, a administração de 
progestágenos desregula o eixo hipotalâmico hipofisário adrenal e o animal não 
desencadeia parto. Ruminantes e pequenos animais podem apresentar distocia 
relacionados a carência nutricional de cálcio e fósforo. 
As anomalias de pelve que podem influenciar nas distocias de origem materna: 
• Pelve juvenil – quando a pelve não acompanhou o desenvolvimento do animal 
adulto; 
• Luxação sacro-ilíaca – fraturas, problemas ósseos e de articulação na região de 
pelve podem dificultar o parto; 
• Fraturas pélvicas mal consolidadas – geralmente em cadelas e gatas que 
sofreram acidentes. 
Anomalias de vulva – não constitui um obstáculo pois é passível de realizar a correção 
por episiotomias ou outros procedimentos cirúrgicos: 
• Estreitamento por conta de cicatrizes – a partir de episiotomias em partos 
anteriores, laceração de vulva; 
• Tumores – a exemplo do TVT; 
• Edema excessivo; 
• Defeitos anatômicos – vulva mal posicionada ou deformada por depósito de 
gordura ou de pele; 
• Vulva infantil – o animal adulto que não teve desenvolvimento da vulva 
Anomalias vaginais: 
• Estenose do vestíbulo vaginal – em éguas, atenção com animais submetidas a 
correção por laceração perineal, pois ocasiona estenose do vestíbulo. Também 
em correção cirúrgica em éguas que apresentam quadros de pneumovagina; 
 
17 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
• Dilatação insuficiente do canal vaginal – em vacas, geralmente a causa de 
distocia de origem materna está relacionada com esse fator, pode estar 
relacionada com precocidade etária ou deficiências multifatoriais na fase 
preparatória; 
• Prolapso parcial ou total de vagina – pode estar relacionado com o tamanho do 
feto e a pressão exercida por ele no canal vaginal; 
• Edema exagerado – proporciona a oclusão do canal vaginal; 
• Cistos de retenção glandular; 
• Hematomas submucosos; 
• Tumores. 
Anomalias vaginais em cadelas: 
• Insuficiente dilatação vaginal relativa ou absoluta – ou seja, a fêmea não 
conseguiu dilatar o suficiente para que o feto em tamanho normal consiga sair 
ou o feto encontra-se em tamanho maior, a fêmea dilatou o que era normal 
para ela e mesmo assim não foi o suficiente para a expulsão do feto. Depende 
do porte, tamanho do filhote e número de partos. 
• Edema excessivo de mucosa; 
• Prolapso de vagina; 
• Tumores – principalmente TVT. 
Anomalias vaginais em gatas – não aceitam toque vaginal: 
• Difícil avaliar dilatação vaginal, mas geralmente não ocasiona obstáculo no parto. 
Anomalias de cérvice em vacas: 
• São propensas a apresentar dilatação insuficiente ou estreitamento do corpo 
uterino, relacionado com lesões cervicais que cicatrizam e dificultam a dilatação. 
• Manualmente é impossível abrir a cérvice da vaca 
em trabalho de parto. 
Em éguas, eventuais estreitamentos cervicais podem ser 
resolvidos manualmente. 
 
Outro problema de origem materna que pode causar distocias é a atonia uterina – 
incapacidade do útero em realizar a contração. A atonia pode ser primária, podendo ter 
diversas causas, não possui contração desde o início do parto; e secundária quando o 
animal já estava a muito tempo em trabalho de parto com contrações e os receptores e 
as fibras do miométrio entram em exaustão, parando de promover as contrações. 
Os fatores que levam a atonia uterina podem estar relacionados com: 
• Níveis baixos de ocitocina, estrógenos e/ou relaxina; 
• Animais muito obesos; 
• Hipocalcemia, hipomagnesemia, hipoglicemia; 
Feto vivo = cesariana 
Feto morto = fetotomia 
 
18 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
• Hidropsia dos envoltórios fetais – acúmulo de líquido exacerbado; 
• Gestação múltipla e prolongada; 
• Aplasia ou hipoplasia hipofisária fetal; 
• Degeneração do miométrio; 
• Ruptura uterina e do tendão pré-púbico; 
• Histerocele gravídica; 
• Reticulopericardite traumática; 
• Senilidade; 
• Debilidade; 
• Fatores hereditários em algumas cadelas. 
A hipertonia também pode causar distocia – contrações muito vigorosas, além do 
normal. Geralmente acomete equinos por conta do parto rápido, as contrações têm que 
ser muito fortes e rápidas para expulsar o feto. Pode levar a estresse e hipóxia fetal, 
ruptura e prolapso uterino, eventuais lacerações na via fetal mole, prolapso retal e de 
vesícula urinária por conta da pressão exercida. O tratamento para casos de hipertonia 
é tranquilizar/sedar/anestesia epidural, diminuindo as contrações. 
As distocias de origem fetal são ocasionadas por problemas no feto. Podem ser 
provocadas por: 
• Deficiência de corticoesteroides; 
• Tamanho do feto; 
• Gestação prolongada; 
• Defeitos como duplicação de membros e de cabeça; 
• Ascite, anasarca ou hidrocefalia – aumentando de tamanho; 
• Alterações na estática fetal. 
APRESENTAÇÕES DISTOCICAS: 
• Transversodorsal – o feto encontra-se com o 
dorso transversalmente voltado para o canal 
do parto, distribuindo membros posteriores, 
cabeça-pescoço e membros anteriores nos 
cornos uterinos. 
• Transversoventral – o feto encontra-se com 
o ventre transversalmente voltado para a via 
fetal e, na maioria das situações, com os 
quatro membros insinuados no canal do 
parto. 
• Verticodorsal – o feto encontra-se em flexão 
máxima para a curvatura maior e o fundo do 
útero, com o dorso verticalmente direcionado 
para a via fetal. 
• Verticoventral – o feto encontra-se de costas 
para a curvatura maior e o fundo do útero, 
 
19 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
com o ventre verticalmente direcionado para a via fetal. Pode haver extensão 
ou flexão de membros, cabeça e pescoço. 
 ATITUDES DISTOCICAS – geralmente são atitudes flexionadas: 
• Cabeça e pescoço – os desvios podem 
ser esternal, lateral direito e esquerdo, 
dorsal e flexão da articulação atlanto-
occipital. 
• Membros anteriores – flexão dos 
membros sobre a nuca, que são 
responsáveis por lacerações perineais 
simples ou graves e pelas fístulas 
retrovaginais, flexão da articulação 
cárpica e flexão das articulações 
escapuloumeral e umerorradial. 
• Membros posteriores – flexão da 
articulação társica e flexão da articulação 
coxofemoral. 
 
O sucesso das manobras obstétricas vai depender da espécie, tempo de evolução do 
parto, viabilidade fetal, o grau de dilatação das vias fetais dura e mole, características 
espécie-específica do parto, equipamentos disponíveis, local de execução do 
procedimento e o preparo do pessoal de apoio. 
Cadelas e gatas é possível realizar pequenas correções com manipulação digital com 
auxílio ou não do fórceps. Para realizar intervenções em grandes animais são necessárias 
uma rigorosa higienização da mucosa do períneo, dos membros posteriores e de cauda, 
devida proteção do obstetra, água em abundância, lubrificante, correntes, cordas e 
ganchos, e realizar o exame obstétrico. 
EXAME OBSTÉTRICO – realizar a avaliação de seguintes pontos: 
• Estática fetal; 
• Viabilidade fetal; 
• Presença de rigor mortis; 
• Presença de resposta contrátil; 
• Grau de lubrificação; 
• Dilatação do canal do parto; 
• Tamanho do concepto. 
Alguns fatores dificultam a correção obstétrica que são eles: fetos em posição 
transversal, monstruosidades fetais, posições inferiores, apresentações posteriores com 
flexão bilateral da articulaçãocoxofemoral. 
 
 
20 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
FETOTOMIA 
 
Consiste na fragmentação do feto morto no interior do útero, utilizando-se de 
equipamento específico e removendo secções correspondentes. Empregado em vacas 
e éguas. Pode ser total ou parcial, com o animal em estação ou em decúbito. Existem 
duas técnicas descritas, a transcutânea tradicional ou subcutânea, utilizando a espátula 
de Keller, objetivando desestruturação (desarticulação) do esqueleto com a 
consequente redução de volume, possibilitando a sua extração do útero. 
Antes de iniciar o procedimento, é preciso certificar-se da relação do material 
necessário, da adequação do local, do vestuário, do grau de conhecimento e 
familiarização do pessoal que irá auxiliar, da necessidade do protocolo anestésico 
(geralmente é feita a epidural), água e mucilagem em abundância. 
A constatação da morte fetal se dá pelo teste de reflexo digital ou reflexo de sucção, 
caso o feto esteja em apresentação posterior, lança-se mão do teste de reflexo anal, ou 
pode-se palpar o pulso do cordão umbilical. 
Para a realização da fetotomia utiliza-
se o fetótomo com fio serra de aço de 
no mínimo 6 metros. O equipamento 
possibilita a execução de cortes 
transversais, longitudinais e diagonais voltado para frente ou para trás. 
As indicações para a realização da fetotomia são nos seguintes casos: 
• Feto preferencialmente morto; 
• Na vigência de fetos absolutos ou relativos grandes; 
• Fetos enfisematosos; 
• Monstruosidades fetais; 
• Fetos que sofreram graves mutilações durante a tentativa de tração; 
• Distocias de impossível correção; 
• Casos de adiantada putrefação. 
Contraindicações: 
• Estreitamento das vias fetais; 
• Casos de ruptura uterina; 
• Graves lacerações vaginais; 
• Casos de hemorragias profusas; 
• Concepto vivo; 
• Doenças graves na fêmea – toxemia ou septicemia. 
A técnica é semelhante para vacas e éguas. Para éguas raramente é necessária a 
execução total. Após o procedimento realizar um rigoroso exame obstétrico para saber 
se for retirado todo o produto ou se houve lesão uterina. Realizar a lavagem uterina com 
 
21 APOSTILA DE OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA - Por: Érica Barboza 
água aquecida em abundância. Sempre realizar antibioticoterapia sistêmica – em vacas, 
pode-se realizar infusão uterina com antibiótico. Reposição hidroeletrolítica 
endovenosa, principalmente em éguas. Nas éguas, realiza-se lavagem uterina duas 
vezes ao dia sob rigorosa condição higiênica. Terapia preventiva para laminite. 
Os cortes mal executados e aqueles realizados sobre o tórax deixam expostas pontas 
ósseas cortante ou de alta capacidade perfurante. Sua remoção exige cuidado e devida 
proteção do genital. 
COMPLICAÇÕES DA FETOTOMIA: 
• Perfurações uterina; 
• Secção da bifurcação da via fetal mole; 
• Hematomas no canal vaginal; 
• Lesões da via fetal mole. 
É necessário que o ambiente onde irá ser realizada a fetotomia esteja limpo, a decisão 
de realizar o procedimento tem que ser tomada rapidamente, pois quanto mais tempo 
se passar o prognóstico tende a piorar. Trabalhar de forma rápida, utilizar muito 
lubrificante, tranquilizar o paciente que se apresenta agitado, posicionar o paciente 
adequadamente, por fim, realizar a anestesia epidural. 
Os cortes passíveis de serem realizados na técnica de fetotomia total clássica:

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