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IMUNODEFICIÊNCIAS SECUNDÁRIAS - HIV

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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
As imunodeficiências secundárias são causadas por agentes externos, sendo a principal 
causa a infecção pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Hoje, o HIV é uma 
pandemia, sendo que mais de 70% das infecções se concentram no continente africano, 
apesar da taxa de infecção estar caindo. O vírus HIV-1 é o mais disseminado (vírus 
mutante do chimpanzé). 
O Sul do Brasil é o estado com maior número de habitantes infectados por HIV. Temos 
cerca de 10mil mortes por ano no país. De 2005 a 2014 aumentou o número de jovens 
(15-19anos) com HIV aqui no país, indicando que a incidência está aumentando ao 
contrário do que está ocorrendo no mundo. 
➢ O VÍRUS HIV 
O HIV faz parte da família Retrovírus pois possui RNA como material genético 
(transcriptase reversa). Ele paralisa células do SI, principalmente o Linfócito T CD4 
(maestro) e macrófagos. Inicialmente o vírus tem que fazer uma ligação com as células 
linfoides para poder infectar e essa ligação necessita de co-receptores CD4. Assim, há 
uma mutação muito comum na Suécia onde 5% da população não possui esse co-
receptor, sendo naturalmente imunes ao HIV por impedir a entrada dele na célula. 
Depois de entrar na célula, o HIV faz com que os linfócitos T CD4 produzam mais carga 
viral e eliminam para o meio novas partículas virais, que irão infectar outras células 
imunes. 
A infecção por HIV tem fases (vermelho): disseminação viral, latência e sintomas. Logo 
após a infecção temos a Síndrome Retroviral Aguda, que representa um aumento 
exponencial da carga viral no nosso organismo por disseminação viral (ciclo lítico). 
Depois de semanas a carga viral cai e entramos em uma fase de manutenção dessa 
carga viral mais baixa, chamada fase de Latência Clínica. Nessa fase não há sintomas 
e pode durar anos. 
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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Depois a carga viral vai aumentando até que aumenta de modo abrupto novamente, 
surgindo os primeiro sintomas (fase de Sintomatologia), aparecem as infecções 
oportunistas e pode causar morte. 
Em relação ao número de linfócitos T CD4 durante essas fases (azul), temos um 
declínio rápido do número logo após a infecção, na fase de Síndrome Retroviral 
Aguda. O número volta a aumentar um pouquinho no início da Latência Clínica, pois 
a carga viral está baixa. Depois, o número de linfócitos T CD4 cai gradualmente, até a 
morte. 
• TRANSMISSÃO E FISIOPATOLOGIA 
O HIV pode ser transmitido de várias formas, sendo o sexo anal desprotegido a forma 
de maior risco. Outras formas são: uso compartilhado de seringas por usuários de 
drogas, contato com fluidos e sangue, sexo vaginal sem proteção, transfusão 
sanguínea, sexo oral desprotegido e transmissão vertical durante o nascimento. 
Para que ocorra a infecção o epitélio de revestimento das mucosas (epiderme, 
epitélio do reto, epitélio vaginal) deve estar danificado, permitindo a penetração do 
vírus. O HIV é então captado pelas células APC e apresentado para os linfócitos T, 
onde é amor pela primeira vista. O vírus então infecta o linfócito T CD4 e macrófagos, 
se disseminando para todo o corpo por meio da circulação linfática. 
O sexo anal é perigoso pois o epitélio dessa parte final do intestino não é lubrificado 
(não é especializado para o ato sexual), então a fricção que ocorre durante o ato causa 
microlesões nessa parede, permitindo a entrada do vírus. No sexo vaginal a chance de 
contair HIV é menor porque há lubrificação da parede, já que é especializado para o ato 
sexual. 
Assim, quando há a infecção dos linfócitos T CD4 essas células ficam desorientadas e 
não exercem sua função de proteger o organismo. Com isso, elas não ativam os 
linfócitos B, diminuindo a quantidade de anticorpos (hipogamaglobulinemia – pode ter 
problemas de autoimunidade). Os linfócitos T CD4 infectados por HIV também modulam 
negativamente o MHC-I, impedindo que os linfócitos T CD8 (citotóxicos) lise as células 
com vírus. 
Essa modulação negativa no MHC-I também dificulta o processamento de antígenos 
microbianos externos pelas APC’s, aumentando as chances de infecções bacterianas e 
fúngicas graves (infecções oportunistas). Quando isso ocorre na criança e não tem 
tratamento, há uma predsposição maior a sepses, pneumonia e meningite. 
Ocorre também apoptose de linfócitos TCD4 e CD8 por ativação imunológica (não 
entendi muito bem), diminuindo muito o número dessas células e causando a 
imunossupressão característica da AIDS. Há também desregulação na produção de 
citocinas (deficiência de IL-2). 
- Mecanismos de Evasão Imune do HIV: Replicação viral persistente apesar da 
resposta vigorosa; variação de epítopos; redução da expressão de receptores MHC; 
exaustão clonal de CD8; se esconde em “santuários”; ligação a células dendríticas; 
infecção dos linfócitos T de memória. 
➢ HIV EM CRIANÇAS 
Diagnosticamos uma infecção por HIV em crianças menores de 18 meses por meio do 
acompanhamento intraútero, do pré-natal, do histórico materno e da existência ou não 
Branda
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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
de infecções recorrentes. Após os 
18 meses podemos fazer um 
diagnóstico sorológico (detecção de 
anticorpos) e virológico (isolamento 
viral em cultura). 
Os sinais precoces de infecção por 
HIV nas crianças são infecções 
recorrentes nas vias aéreas 
superiores, aumento dos 
linfonodos/fígado/baço, 
pneumonias de repetição, diarreias 
recorrentes etc (imagem). Mas o 
principal sinal que vemos em 
crianças HIV + é a desnutrição 
(pernas, pescoço e braços finos e 
abdomen desproporcional). 
A DESNUTRIÇÃO característica é 
causada pela diminuição da ingestão de alimentos, 
pela perda de nutrientes (infecções oportunistas que 
causam diarreias) e pelo hipermetabolismo 
desencadeado pela inflamação. Essa desnutrição é 
muito perigosa pois causa retardo de crescimento. 
Conforme a gravidade dos sintomas que a criança 
apresenta podemos classificar clinicamente essa 
infecção em categorias N, A, B ou C. A categoria N 
é assintomática, com apenas um sintoma. A 
categoria A tem sintomas leves, como 
linfoadenopatia, hepatomegalia, esplenomegalia, dermatite, aumento das parótidas, 
otite/sinusite de repetição. 
A categoria B compreende casos moderados, com sintomas mais complexos como 
anemia/neutropenia/trombocitopenia, bacteremia/sepse/meningite bacteriana, 
miocardiopatia, diarréias crônicas ou recorrentes, hepatites, herpes zoster, nefropatia, 
febre persistente, toxoplasmose, tuberculose pulmonar etc. 
Já a categoria C possui os casos graves, com sintomas bem problemáticos, como 
infecções bacterianas graves/múltiplas/recorrentes, candidíase no 
esôfago/traquéia/pulmão, encefalopatia, histoplasmose, sarcoma de Kaposi, linfomas, 
sepse recorrente por salmonella, etc. 
Como as crianças com HIV estão imunossuprimidas 
mais ainda (porque já são imunossuprimidas 
naturalmente), ocorre muita herpes, complicações 
da vacina BCG (ferida no local, com inchaço do 
linfonodo axilar), dermatofitose e candidíase oral. 
O pulmão e coração são muito afetados, sendo 
comum apresentar pneumonias, tuberculoses e 
endocardites. Podem apresentar neurotuberculose, 
linfomas do SNC e neurotoxoplasmose, nos casos 
mais graves. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
A classificação da infecção por HIV também pode ser feita de acordo com a alteração 
imunológica, ou seja, conforme o número de linfócitos T CD4 que a criança HIV + tem. 
 
 
 
Podemos classificar a infecção por HIV também pelos sintomas clínicos (Classificação 
clínica-imunológica), considerando a ausência ou presençados sinais observados 
pelo médico. 
 
-Efeitos Clínicos e Psicossociais do HIV: a infecção por HIV traz consigo efeitos 
negativos no organismo devido ao uso de medicamentos (coquetéis – Efeitos da 
toxicidade farmacológica), efeitos na qualidade de vida do paciente e aumenta o risco 
de comorbidades relacionadas ao HIV. O efeito na esfera psicossocial está na baixa 
qualidade de vida, sendo que as crianças são as que mais sentem: preconceito nas 
escolas e creches por falta de conhecimento sobre a doença, o estigma que elas 
carregam, perda de oportunidades em escolas melhores pelo preconceito dos pais e 
diretores etc. 
 
 
 
Branda
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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
➢ TRATAMENTO ATUAL PARA O HIV 
O tratamento para o HIV sempre necessitou de várias drogas, sendo chamado de 
coquetel. Atualmente temos 1 comprimido apenas que consegue suprir todas as 
necessidades do paciente infectado. 
Os diferentes medicamentos inibem diferentes fases do ciclo vital do vírus, diminuindo 
a carga viral e aumentando o número de linfócitos T CD4 viáveis – chamados 
medicamentos Antirretrovirais. Não temos nenhum remédio que cure o HIV, ou seja, 
que reduza a carga viral a zero, apesar de ter casos conhecidos de pessoas imunes ao 
vírus após receber um transplante de medula óssea (Timothy Brown – recebeu a medula 
óssea de uma pessoa que sofreu mutação e ficou naturalmente resistente ao HIV – 
paciente com deleção no receptor CCR5). 
 
A Terapia Antirretroviral Combinada (TARC) consiste num conjunto de 
medicamentos antirretrovirais usados em conjunto ou não, os famosos coquitéis. Eles 
agem em diversos alvos, inibindo a entrada do vírus em novas células, inibindo a 
transcriptase reversa, inibindo proteases ou inibindo integrases. 
 
A TARC tem como objetivos: 1)Controle efetivo da replicação viral; 
2)Preservação/restauração da integridade do Sistema Imune; 
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3)Postergação/atenuação das consequências da infecção; 4)Aumento da sobrevida e 
da qualidade de vida do paciente. 
Os efeitos dessa terapia são muito bons, vemos que ao longo de meses os pacientes 
que fizeram a TARC apresentaram aumento da porcentagem de linfócitos T CD4, 
com posterior estabilização. 
Infelizmente a TARC também tem limitações. São elas a falta de adesão ao tratamento 
(uso de mais de 1 cp várias vezes ao dia), a variabilidade farmacocinética em pediatria, 
os efeitos adversos e intolerância, e a resistência aos retrovirais (vírus desenvolve 
resistência). 
Assim, os principais obstáculos para controlarmos e curarmos de fato o HIV são a 
latência do vírus (fica muito tempo assintomático), as mutações que esse vírus possui, 
dificultando o tratamento, “santuários” com difícil acesso (vírus fica escondido) etc. 
➢ PREP E PEP 
A PEP – Profilaxia Pós-Exposição – é o uso de medicamentos antiretrovirais por 
pessoas após terem tido um possível contato com o vírus HIV em situações como: 
violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com 
rompimento da camisinha), acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes 
ou em contato direto com material biológico). Para funcionar, a PEP deve ser iniciada 
logo após a exposição de risco, em até 72 horas; e deve ser tomada por 28 dias. Você 
deve procurar imediatamente um serviço de saúde que realize atendimento de PEP 
assim que julgar ter estado em uma situação de contato com o HIV. É importante 
observar que a PEP não serve como substituta à camisinha (“pílula do dia seguinte para 
aids”). 
Já a PrEP – Profilaxia Pré-Exposição ao HIV – é o uso preventivo de medicamentos 
antes da exposição ao vírus do HIV, reduzindo a probabilidade da pessoa se infectar 
com vírus. A PrEP, deve ser utilizada se você acha que pode ter alto risco para adquirir 
o HIV. Ex.: Truvada (“anticoncepcional da aids” - nome comercial da combinação de 
tenofovir e entricitabina). 
A PrEP não é para todos e também não é uma profilaxia de emergência, como é a PEP. 
Os públicos prioritários para PrEP são as populações-chave, que concentram a maior 
número de casos de HIV no país: gays e outros homens que fazem sexo com homens 
(HSH); pessoas trans; trabalhadores/as do sexo e parcerias sorodiferentes (quando 
uma pessoa está infectada pelo HIV e a outra não).

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