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Disciplina: Obras Hidráulicas Aula 6: Macrodrenagem e medidas de controle de cheias Apresentação O município de Lauro de Freitas, na Bahia, bem como muitos outros municípios no Brasil vivem a mesma realidade — alagamentos em épocas de chuva. Mas, essa realidade não precisa ser um grande pesadelo. Atualmente, os sistemas de drenagem urbana são projetados de modo a aliar o conceito urbanístico da cidade com a necessidade das obras de infraestrutura relacionadas ao saneamento básico. O uso de reservatórios para controle de cheias e o alargamento de canais têm sido soluções inteligentes e congregam uma sinergia com o desenvolvimento das cidades, pois as intervenções estruturais não devem alterar significativamente o dia a dia da população, mas evitar que essas mudanças ocorram em forma de desastres ocasionados pelas enchentes e inundações. Objetivos Discutir os aspectos ligados ao projeto e dimensionamento hidráulico de macrodrenagem; Descrever os aspectos técnicos para a utilização de reservatórios para controle de cheias em ambientes urbanos. Análise dos sistemas de drenagem A macrodrenagem é tão importante quanto a microdrenagem, que estudamos na aula anterior, para a prevenção no controle de cheias de qualquer região. Ainda que a microdrenagem seja eficiente, se o sistema de macrodrenagem não estiver alinhado com esse objetivo, haverá danos diretos à sociedade, pois a presença dos grandes volumes de água concentrados nas cidades é um contraponto ao seu desenvolvimento urbano. Atualmente, a integração dos sistemas de drenagem com as questões de sustentabilidade têm permitido uma releitura das condições naturais de escoamento das bacias hidrográficas. O aumento na velocidade de escoamento e aumento na vazão são maus indicadores em um projeto de drenagem, pois sobrecarregam os corpos hídricos e não impedem que as enchentes e inundações ocorram. A análise criteriosa do dimensionamento dos sistemas de drenagem, assim como sua integração com o projeto urbanístico e o meio ambiente, se apresenta como o modo mais e�ciente de lidar com um tema tão atual e de grande importância no cenário nacional. Macrodrenagem A macrodrenagem inclui, além da microdrenagem, as galerias de grande porte (D >1,5m) e os corpos receptores, como canais. As obras de macrodrenagem retificam os cursos de água natural, de modo que se obedeça, sempre que possível, o caminhamento natural dos corpos hídricos, reduzindo o percurso a ser vencido pelo escoamento superficial e drenam áreas superiores a 2 km . A macrodrenagem não compreende apenas obras estruturais, mas também as não estruturais, já que a ideia principal é preservar as características das bacias que, associadas a períodos de recorrência da ordem de cem anos, precisam ser devidamente observadas. Os projetos de macrodrenagem são muito importantes, pois impactam diretamente na vida da população, em aspectos sociais, econômicos, financeiros e talvez o principal deles, o de saúde. Obras de macrodrenagem: Canal arti�cial a céu aberto que canaliza um rio Disponível em: Sinergia Engenharia <https://www.sinergiaengenharia.com.br/o-desa�o-da- drenagem-urbana/> . Acesso em: 06 ago. 2018. 2 Canal de contorno fechado Disponível em: Centro Norte Notícias <http://www.centronortenoticias.com.br/noticia-3791- prefeitura-inicia-construcao-de-macrodrenagem-na-lo- 15> . Acesso em: 06 ago. 2018. Canal sendo construído Disponível em: Sertaozinho <http://www.sertaozinho.sp.gov.br/conteudo/macrodrenagem- do-corrego-sul-trabalho-nos-emissarios-entra-em-nova- fase-na-segunda-feira-dia29.html#.WxLE-EgvzIU> . Acesso em: 06 ago. 2018. Saiba mais O dimensionamento dos sistemas de macrodrenagem leva em consideração a distribuição espaço-temporal da chuva na determinação de chuvas de projeto. Leia um exemplo de Dimensionamento do sistema de macrodrenagem <galeria/aula6/docs/dimensionamento-sistema-macrodrenagem.pdf> . Reservatórios para controle de cheias Psicinão do Pacaembu. Disponível em: Rede Água < https://redeagua.wordpress.com/2013/11/05/grupo-reaja- monitora-agua-do-piscinao-do-pacaembu/> . Acesso em: 06 ago. 2018. Com a finalidade de reduzir o efeito das enchentes em áreas urbanas, são construídos reservatórios para controle de cheias, que são estruturas preparadas para reter água, recuperando em parte, as características de armazenagem da bacia à qual pertence. O piscinão do Pacaembu, na zona Oeste da cidade de São Paulo, foi o primeiro a ser construído no Brasil e opera desde 1994, embora os reservatórios, como forma de controlar as enchentes na cidade de São Paulo, tenham sido sugeridos, pela primeira vez, em 1925, pelo engenheiro Saturnino de Brito. 01 Além de auxiliar no controle de cheias (até um certo limite de projeto), os reservatórios urbanos, em alguns casos, podem ser usados para tratar a poluição carregada pela água nas cidades, bem como adquirir funções paisagísticas para se integrar mais harmoniosamente ao ambiente urbano. 02 Assim, o dimensionamento do reservatório depende dos dados de chuva do local, para um dado tempo de recorrência, ou seja, um tempo em que esse volume de chuva pode, estatisticamente, ser igualado ou superado. 03 A forma como é projetado e construído o reservatório possui várias condicionantes que envolvem desde a área disponível para sua construção, como suas características geométricas. 04 A densidade de urbanização também é decisória nesse processo. Cada projeto é único em suas particularidades. Tudo isso vai influenciar na solução mais apropriada para concepção do reservatório. Tipos de reservatórios Os reservatórios podem ser classificados como online, que operam com o fluxo de água no mesmo nível do rio, e os o�ine, que ficam fora desse nível, só captam o excesso de água. Geralmente, os reservatórios offline são mais fundos do que o nível da via e requerem bombas para que água volte até ao rio. Os reservatórios podem ainda ser abertos ou fechados. Quando fechados tendem a ser enterrados, dispõem de grandes volumes e necessitam de bombeamento para seu esvaziamento. Quando abertos podem ser mais rasos e se comunicar diretamente com a rede de drenagem para descarregar, por gravidade, as águas que se acumulam. O fechamento do reservatório pode ser uma questão urbanística, da característica do terreno. O reservatório pode ser fundido à paisagem urbana, com oportunidade de revitalização de espaços degradados e em paisagens multifuncionais, agregando paisagismo, recreação e controle de cheias. Reservatório fechado da Praça Niterói na cidade do Rio de Janeiro, antes (imagem da esquerda) e depois (imagem da direita) da conclusão (Fontes: Rio.GOV <http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=5410719> e Cimento Itambé <http://www.cimentoitambe.com.br/obras-olimpicas-piscinoes/> . Acesso em: 06 ago. 2018). No estado do Rio de Janeiro, o órgão responsável por avaliar e validar os estudos e mapeamentos das áreas que estão sob risco contínuo de inundações é o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e este órgão tem, ainda, como atribuição desenvolver projetos e obras de prevenção e mitigação de inundações para todo o território fluminense. Comentário Essas atribuições estão consolidadas na Lei nº 6442 <http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/f25edae7e64db53b032564fe005262ef/fe 199938563da3e683257b640063cb6b?OpenDocument&Highlight=0,6442> , de 02/05/2013, que dispõe sobre a incorporação nos planos diretores dos municípios fluminenses dos documentos do estado do Rio de Janeiro sobre estudos e mapeamentos de áreas de risco. Essa integração com órgãos governamentais permite que seja feito o monitoramento das cidades e que se integre uma política que visa evitar os prejuízos associados à inundações, enchentes e alagamentos. Atividades 1. O projeto de reservatórios para controle de enchentesé único em suas particularidades e alguns fatores influenciarão na solução mais apropriada para concepção do reservatório. Além da densidade de urbanização ser decisória nesse processo, qual outra variável hidrológica que influencia no dimensionamento do reservatório para controle de cheias? a) Tempo de permanência. b) Tempo de referência. c) Tempo de conferência. d) Tempo de recorrência. e) Tempo de tolerância. 2. Apesar do Governo Federal ser responsável pelo repasse de verbas para um plano contínuo para o controle de cheias, cada estado é responsável por manter um órgão regulador para mapear e agir sobre esta questão. No estado do Rio de Janeiro, o órgão responsável por avaliar e validar os estudos e mapeamentos das áreas que estão sob risco contínuo de inundações é: a) Instituto Estadual do Combate às Cheias (Inecc). b) Instituto Estadual do Alarme contra Cheias (Ineac). c) Instituto Estadual do Ambiente Controlado (Ineac). d) Instituto Estadual de Estabilidade do Ambiente (Ineea). e) Instituto Estadual do Ambiente (Inea). 3. Nos projetos de microdrenagem é comum adotar períodos de retorno de 25 anos e em macrodrenagem são períodos de: a) 50 anos. b) 75 anos. c) 150 anos. d) 15 anos. e) 100 anos. 4. Um sistema de macrodrenagem está preparado para escoar uma vazão de 50,00 m3/s. Esta vazão corresponde a quantos litros por segundo? a) 5000 l/s. b) 500 l/s. c) 50 l/s. d) 50000 l/s. e) 500000 l/s. 5. Com a finalidade de reduzir o efeito das enchentes em áreas urbanas, os reservatórios para controle de cheias (conhecidos como piscinões) são estruturas que funcionam para detenção ou retenção de água. Esses reservatórios atuam na bacia hidrológica de uma região, redistribuindo os escoamentos no tempo e no espaço, com o objetivo de recuperar, em parte, as características de armazenagem dessa bacia. De acordo com suas características construtivas os reservatórios podem ser: a) Os reservatórios podem ser abertos ou fechados. Quando abertos tendem a ser enterrados, dispondo de pequenos volumes e não necessitam de bombeamento para seu esvaziamento. Quando fechados podem ser mais rasos e são cercados por muros, daí o nome reservatórios fechados. b) Os reservatórios podem ser abertos ou fechados. Quando abertos tendem a ser enterrados, com laje, dispondo de grandes volumes e não necessitam de bombeamento para seu esvaziamento. Quando fechados se assemelham a grandes piscinas e são cobertos por lonas, por isso o nome reservatórios fechados. c) Os reservatórios podem ser abertos ou fechados. Quando fechados tendem a ser enterrados, dispondo de grandes volumes e, geralmente, necessitam de bombeamento para seu esvaziamento. Quando abertos podem ser mais rasos e se comunicar diretamente com a rede de drenagem para descarregar por gravidade as águas que vão acumulando. d) Os reservatórios podem ser abertos ou fechados. Quando fechados tendem a ser enterrados, dispondo de grandes volumes, mas nunca necessitam de bombeamento para seu esvaziamento. Quando abertos podem ser mais rasos e dependem de bombas para se comunicar diretamente com a rede de drenagem para descarregar as águas que vão acumulando. e) Os reservatórios podem ser abertos ou fechados. Quando fechados tendem a ser enterrados, dispondo de grandes volumes e, geralmente, necessitam de bombeamento para seu esvaziamento. Quando abertos funcionam como piscinões, ou seja, área de lazer para os moradores da localidade ao seu redor. Referências AZEVEDO NETO, J.M. Manual de Hidráulica. 9.ed. São Paulo: Blucher 2015. HOUGHTALEN, R. J.; AKAN, A.O.; HWANG, N.H.C. Engenharia Hidráulica. 4.ed. São Paulo: Pearson, 2012. TOMAZ, P. Cálculos Hidrológicos e Hidráulicos. Livro Virtual. Disponível em Plinio Tomaz <http://pliniotomaz.com.br/livros-digitais/> Acesso em: 1 ago. 2018. Próximos Passos Portos; Hidráulica marítima e fluvial; Arranjo geral de portos. Explore mais Assista aos vídeos: <https://youtu.be/7QV-X8�IZU> ; <https://youtu.be/LuU6-LFSXG8> ; Entenda como serão os piscinões de prevenção à enchentes na Grande Tijuca <https://www.youtube.com/watch?v=6GZGlomWXhk> ; Piscinão Guamiranga <https://www.youtube.com/watch?v=0aGNjnRFgcQ> .
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