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Julia Sepulvida Turma: XXXIII 1 Semiologia Dor Introdução As doenças manifestam-se por sinais e sintomas que o paciente relata ou que o médico descobre ao fazer o exame clínico. Tradicionalmente, o termo sintoma designaria as sensações subjetivas anormais sentidas pelo paciente e que não podem ser vistas pelo médico (dor, má digestão, náuseas), enquanto sinais seriam as manifestações objetivas, reconhecíveis por meio de inspeção, palpação, percussão, ausculta ou outros (edema, cianose, tosse, presença de sangue na urina). Quando se dispõe de informação sobre os sintomas e sinais, vão criando-se possibilidades diagnosticas, o que permite ao médico progredir na maneira de se fazer perguntas, afastando ou reforçando hipóteses. → Esquema para análise sintomática ∙ Início: Deve ser registrado, tal como se foi súbito ou gradativo e fatores desencadeantes. ∙ Duração: complemento do inicio, relatar também se ocorre episodicamente. ∙ Localização ∙ Qualidade ∙ Intensidade: leve, moderada, intensa. ∙ Evolução: retratar a evolução, tais como tratamentos já efetuados e se foram eficientes ou não. ∙ Relação de dois ou mais sintomas entre si ∙ Fatores de melhora e piora ∙ Características do Sintoma Anatomia Funcional da Dor → Transdução Mecanismo de ação dos nociceptores, fenômeno que transforma um fenômeno nóxico (químico, físico, térmico) em potencial de ação. Os estímulos mecânicos e térmicos nóxicos, além de excitarem os nociceptores a eles sensíveis, promovem dano tecidual e vascular local, causando liberação ou formação de uma série de substâncias, tais como os íons hidrogênio e potássio, serotonina, histamina, cininas, leucotrienos, prostaglandinas e substância P, as quais, por sua vez, atuam nos nociceptores a elas sensíveis – fenômeno denominado transdução – por meio de três mecanismos distintos: ativação direta (potássio, hidrogênio, cininas, serotonina e histamina), sensibilização (cininas, prostaglandinas e substância P) e produção de extravasamento do plasma (substância P e cininas). A estimulação isolada de fibras A-delta cutâneas produz dor em pontada; De fibras C cutâneas produz dor em queimação; A de A-delta e C musculares, cãimbra. → Transmissão Conjunto de vias e mecanismos que permite que o impulso nervoso, originado ao nível dos nociceptores, seja conduzido para estruturas do sistema nervoso central relacionadas ao reconhecimento da dor. → Modulação Além de vias e centros responsáveis pela transmissão da dor, há centros e vias responsáveis por sua supressão. Curiosamente, as vias modulatórias são ativadas pelas próprias vias nociceptivas. Classificação Fisiopatológica da Dor A dor pode ser nociceptiva, neuropática, mista e psicogênica. Julia Sepulvida Turma: XXXIII 2 → Dor Nociceptiva Deve-se à ativação dos nociceptores e à transmissão dos impulsos aí gerados pelas vias nociceptivas até as regiões do sistema nervoso central, em que tais impulsos são interpretados. Exemplos de dor nociceptiva: - Neuralgia do Trigêmeo - Invasão neoplásica de ossos - Dor secundária a agressões externas (picada de abelha, fratura de um osso) - Dor visceral (apendicite, etc) → Dor Neuropatica Decorre de lesão ao sistema nervoso central ou periférico. Pode ser por afecções traumáticas, inflamatórias, vasculares, infecciosas, neoplásicas, degenerativas, desmielinizantes e iatrogênicas. A dor neuropática apresenta-se com pelo menos um dos seguintes elementos: constante, intermitente e evocado. Dor constante: quase 100% dos casos, disestesia, sensação anormal nunca antes experimentada pelo paciente. Dor intermitente: → Dor Mista É aquela que decorre dos dois mecanismos anteriores. Tipos de Dor → Dor Somática Superficial Tende a ser bem localizada e apresentar qualidade bem distinta (picada, pontada, sensação de rasgar, queimor), na dependência do estímulo aplicado. Sua intensidade varia e é geralmente proporcional à intensidade do estímulo. Decorre em geral de traumatismo, queimadura e processo inflamatório. → Dor Somatica Profunda Suas principais causas são: estiramento muscular, contração muscular isquêmica (exercício exaustivo prolongado), contusão, ruptura tendinosa e ligamentar, artrite e artrose. Possui localização imprecisa, sendo em geral descrita como dolorimento. Possui intensidade de leve a moderada. → Dor Visceral De modo geral, a dor visceral pode ser relacionada com as seguintes condições: comprometimento da própria víscera (dor visceral verdadeira), comprometimento secundário do peritônio ou da pleura parietal (dor somática profunda), irritação do diafragma ou do nervo frênico e reflexo viscerocutâneo (dor referida). → Dor Irradiada A dor sentida a distância de sua origem, porém obrigatoriamente em estruturas inervadas pela raiz nervosa ou nervo cuja estimulação é responsável pela dor. → Dor de Origem Central Alterações em determinadas regiões encefálicas, podem induzir a percepção de sensações desagradáveis, dentre elas a dor em diferentes regiões corporais. Este tipo de dor é comum após acidentes vasculares encefálicos. Características Semiológicas da Dor Todo paciente deve ser sistematicamente avaliado, levando-se em consideração as características semiológicas da dor: localização, irradiação, qualidade ou caráter, intensidade, duração, evolução, relação com funções orgânicas, fatores desencadeantes ou agravantes, fatores atenuantes e manifestações concomitantes. → Localização O paciente deve apontar com o dedo a região em que sente dor, pois se ele chega com o relato “dor na vesícula”, pode estar completamente equivocado. O médico deve Julia Sepulvida Turma: XXXIII 3 anotar em uma folha o nome do local utilizando a nomenclatura corporal padrão. → Irradiaçao A dor pode ser irradiada ou referida. Dor irradiada: pode surgir em decorrência do comprometimento de qualquer raiz nervosa. Dor referida: a causa e a fisiopatologia é diferente da dor irradiada, por exemplo, dor no apêndice: região epigástrica. → Qualidade ou caráter Classifica-se em: Dor evocada: só ocorre mediante alguma provocação ∙Alodinia: sensação desagradável, dolorosa, provocada pela estimulação tátil. ∙Hiperpatia: sensação desagradável, mais dolorosa que o usual. ∙Hiperalgesia: resposta exagerada aos estímulos aplicados em uma região que se apresenta com limiar de excitabilidade reduzida. Dor espontânea: pode ser constante ou intermitente. ∙Dor intermitente: ocorre episodicamente, sendo sua frequência e duração bastante variáveis. ∙Dor constante: é aquela que ocorre continuamente, podendo sua intensidade variar, mas sem nunca desaparecercompletamente. → Intensidade É um componente extremamente relevante da dor, possui escalas tais como ausência de dor, dor leve, dor moderada, dor intensa e dor insuportável (pior dor possível). → Duração Inicialmente, determina-se com a máxima precisão possível a data de início da dor. Em se tratando de uma dor contínua, a duração da dor é o tempo transcorrido entre seu início e o momento da anamnese. No caso de uma dor cíclica, interessa registrar a data e a duração de cada episódio doloroso. Dependendo de sua duração, pode ser classificada como dor aguda ou crônica. → Evolução Esta característica semiológica revela a trajetória da dor, desde o seu início até o momento da anamnese e, a partir daí, ao longo do acompanhamento do paciente. É também relevante definir a concomitância da atuação do fator causal e o início da dor. → Relação com Funcoes Organicas É avaliada considerando a localização da dor e os órgãos e estruturas situados na mesma região. → Fatores Agravantes São aqueles que desencadeiam a dor em sua ausência, ou a agravam em sua presença. → Fatores Atenuantes São aqueles que provocam o alívio da dor, seja distrações, medicamentos... → Manifestações Concomitantes São manifestações que por muitas vezes não ocorrem no mesmo lugar do fator desencadeante ou da queixa principal do paciente, mas que são causadas por ela. → Outras anotaçoes
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