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08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 1/10 Mediação de Con�itos Aula 7: Ferramentas da Mediação INTRODUÇÃO Esclareçamos a seguinte questão: Por que o termo “ferramentas”? Caixa de Ferramentas, segundo Almeida (2014), é uma metáfora usualmente empregada na prática da mediação para designar o conjunto de técnicas e procedimentos utilizados na dinâmica desse processo. Um dos maiores desa�os para a mediação é trabalhar desarmando as defesas e as acusações das partes, buscando a cooperação entre elas e o caminho para uma solução conjunta. Para estimular o processo e construir o entendimento recíproco, utilizamos essas ferramentas. Vamos lá! OBJETIVOS 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 2/10 De�nir algumas ferramentas da mediação; Observar a aplicação dessas ferramentas nos diferentes momentos da mediação; Reconhecer a e�cácia dessa aplicação para a resolução do con�ito. 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 3/10 FERRAMENTAS DA MEDIAÇÃO Fonte da Imagem: PODIS / Shutterstock Como uma prática que visa favorecer o diálogo, a mediação de con�itos utiliza várias ferramentas, para permitir que os mediandos consigam realizar uma dinâmica pautada na comunicação, favorecendo as suas relações. Essas ferramentas são importantes tanto para a construção do rapport (glossário) como para a melhora do diálogo entre os mediandos, sendo este o principal objetivo do trabalho na mediação. É importante reforçar que as ferramentas são utilizadas durante todo o processo de mediação, sendo fundamental para o mediador o seu conhecimento e a sua aplicação nos diferentes momentos do processo. A seguir, conheceremos algumas dessas ferramentas. RECONTEXTUALIZAÇÃO OU PARAFRASEIO A recontextualização consiste em uma técnica em que o mediador irá estimular as partes a perceberem determinado contexto a partir de outra perspectiva. Esse trabalho consiste em estimular a pessoa a considerar ou entender certo comportamento, expressão, interesse ou situação, de forma mais positiva, para que se possa trabalhar soluções também positivas para aquela questão. O sentido original da fala é mantido e podem ser utilizadas palavras ou expressões do discurso dos mediandos. O mediador chamará a atenção para aspectos importantes e signi�cativos das falas dos mediandos, levando-os a uma nova escuta. O parafraseio possibilita que o autor da fala escute o que disse, novamente, podendo reorganizá-la ou con�rmá-la. O ouvinte tem a oportunidade de escutar o que foi falado pela outra parte, de forma imparcial, através do mediador, sem as emoções e as cargas negativas que �zeram parte da fala original. O ouvinte pode, então, ampliar a sua escuta. Além disso, os mediandos terão a oportunidade de escutar a fala, através do mediador, como uma possibilidade de re�exão. Vejamos alguns exemplos... 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 4/10 AUDIÇÃO DE PROPOSTAS IMPLÍCITAS Encontramos, em uma mediação, as partes com bastante di�culdade de se comunicar de uma forma neutra. Normalmente, estão exaltadas. Isso gera uma comunicação inadequada e, muitas vezes, elas podem propor soluções mesmo sem perceber. O mediador deve identi�car essas propostas para os mediandos a �m de que eles possam construir uma solução consensual. Vejamos um exemplo: AFAGO OU REFORÇO POSITIVO O afago é uma resposta positiva do mediador a um comportamento produtivo das partes ou dos advogados, se for uma mediação que conte com a presença desses pro�ssionais. Essa atitude é uma forma de estimular as partes ou os advogados a continuarem a ter uma atitude positiva frente à mediação. Muitas vezes, pode-se demonstrar o afago através de uma expressão facial ou uma linguagem corporal. O mediador deve sempre tomar cuidado para que o afago seja natural, porque, de outra forma, poderia não ser compreendido pelas partes. O mediador pode dizer, por exemplo: “Estamos avançando na mediação. Estão sendo muito produtivas as opções que vocês estão trazendo”. Fonte: Macrovector / Shutterstock Fonte: Macrovector / Shutterstock 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 5/10 SESSÕES PRIVADAS OU INDIVIDUAIS OU CAUCUS Fonte da Imagem: Macrovector / Shutterstock As sessões privadas são encontros realizados entre o mediador e cada uma das partes, sem que a outra esteja presente. É utilizada com as duas partes, com igual tempo para ambas. Os objetivos são diversos: Permitir a expressão de sentimentos, sem aumentar o con�ito; Eliminar uma comunicação não produtiva; Identi�car e esclarecer questões; Evitar reações que di�cultem o acordo; Aplicar a técnica de inversão de papéis (que veremos mais adiante, nesta aula); Evitar comprometimentos prematuros com soluções ou propostas; Explorar algum desequilíbrio de poder; Trabalhar habilidades de negociação com as partes; Examinar alternativas; Quebrar impasses; Avaliar as propostas da sessão conjunta com cada parte; Evitar situações inadequadas à mediação. INVERSÃO DE PAPÉIS Fonte: Dooder / Shutterstock 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 6/10 Fonte da Imagem: etraveler / Shutterstock É uma técnica para desenvolver a empatia entre as partes. Cada um deve perceber o contexto sob a perspectiva do outro. Recomenda-se, em geral, que essa técnica seja utilizada em sessões privadas. Além disso, o mediador deve avisar às partes que é uma técnica e que será aplicada com a outra parte também. Muitas vezes, as partes sentem constrangimento pelo fato de estarem em con�ito e tendem a colocar a culpa ou a responsabilidade no outro. Por isso, a técnica da inversão de papéis serve para que cada um se coloque no lugar do outro, percebendo o contexto no qual se encontra inserido e a visão que possui a respeito do con�ito. Por exemplo, o mediador fala para uma das partes em um con�ito entre consumidor e comerciante: “O senhor, apesar de ter seu comércio, também é consumidor. Vou aplicar, agora, uma técnica da mediação chamada de inversão de papéis, que será utilizada com a outra parte também. Pergunto: “como você gostaria de ser tratado como consumidor, no caso da devolução de um produto com defeito?”. GERAÇÃO DE OPÇÕES Como já sabemos, o mediador não apresenta soluções, mas estimula as partes a criá-las. Elas devem aprender a buscar opções sozinhas, já que a mediação tem um papel educativo e, em novas situações con�ituosas, elas tenderão a buscar suas próprias soluções. O mediador deverá realizar perguntas que ajudem as partes a pensar em soluções conjuntas. O importante é que elas gerem o maior número de opções. Uma outra questão muito importante é levar uma parte a pensar nos interesses da outra, ou seja, em alguma sugestão que pudesse ser dada e aceita pela outra parte. Com essa ferramenta, o mediador anima a criatividade das partes e incentiva sua imaginação, fazendo com que elas pensem em algo novo e não �quem presas às perspectivas antigas, que não deram certo. O mediador poderia perguntar, por exemplo: “O que você pode fazer para ajudar a resolver esta situação?” “Para você, o que poderia funcionar como solução?” NORMALIZAÇÃO 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a…7/10 Fonte da Imagem: jesadaphorn / Shutterstock Sabemos que o con�ito é uma característica natural de qualquer relação. No entanto, as partes se sentem constrangidas, principalmente, quando o con�ito está na Justiça. E, assim, a culpa tem de ser de alguém. Nesse caso, é importante que o mediador não permita que as partes se culpem nem se sintam constrangidas. Dessa forma, o mediador irá normalizar o con�ito e fazer com que as partes a percebam que o problema pode levá-las à construção de uma melhora em sua relação. Podemos perceber essa ação do mediador na situação de con�ito entre um ex-casal que discute sobre a guarda dos �lhos, exempli�cada na imagem. ORGANIZAÇÃO DE QUESTÕES E INTERESSES Já vimos essa técnica na aula 5, mas é sempre bom relembrar. As partes, em geral, perdem o foco em situações de disputa, deixando de lado as questões que são importantes para a solução da mediação. O mediador, nesses casos, deve estabelecer uma relação com as questões a serem trabalhadas e os interesses reais das partes. Na mediação, é fundamental a identi�cação de interesses reais. Isso ocorre porque, quando as pessoas se expressam em um con�ito, estão colocando as suas posições ou interesses aparentes. Por trás destes, há os interesses reais. Por exemplo, quando uma mãe diz para sua �lha que não quer que ela chegue em casa tarde (posição), podemos presumir que ela está preocupada com a segurança da �lha (interesse real). VALIDAÇÃO DE SENTIMENTOS Fonte da Imagem: jesadaphorn / Shutterstock Essa técnica consiste em identi�car os sentimentos que foram desenvolvidos em razão do con�ito e trabalhá-los como uma consequência natural. O mediador acolherá e legitimará um comportamento considerado como negativo, identi�cando nele o que há de positivo: uma necessidade não atendida. 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 8/10 William Ury (2007), em sua obra “O poder do não positivo”, demonstra que, por trás de cada “não”, há um “sim” subjacente. Quanto mais importante o valor defendido, mais forte será o “não”. É a partir de uma escuta ativa (que veremos adiante) que o mediador poderá identi�car e trazer esse valor para a mediação. A validação de sentimentos, na mediação, será realizada de forma a acolher o valor defendido e nunca deve ter um caráter de repreensão. Por exemplo, um mediador diz para as partes que estão se expressando de forma irritada e interrompendo uma a outra: “Entendo que ambos estão irritados porque querem resolver esta situação. Ao mesmo tempo, não vejo como essa forma de comunicação pode ajudar a construirmos uma solução que seja aceitável para vocês. Posso contar com a colaboração de vocês?" ESCUTA ATIVA Uma escuta de qualidade, e não apenas o fato de ouvir, é fundamental para a mediação. A escuta ativa requer que o mediador tenha uma participação efetiva no diálogo. Ela implica algumas questões: ESCUTAR COM CURIOSIDADE GENUÍNA O mediador deve procurar escutar para conhecer o con�ito sob o ponto de vista dos mediandos e não para estabelecer pressuposições. Cada con�ito e cada pessoa são únicos. O relato das partes deve ser ouvido pelo mediador sem preconceitos e pré-julgamentos. Ele deve se colocar no lugar de quem fala para entender o seu ponto de vista; ESTIMULAR A FALA DOS MEDIANDOS O mediador deve demonstrar interesse por qualquer tipo de comunicação, seja verbal ou não verbal. Deve realizar perguntas para o desenvolvimento do diálogo; permitir que o mediando se expresse sem interrupções; utilizar marcadores de escuta, como “compreendo”, “entendo”; PERCEBER A DINÂMICA E O CONTEÚDO DA COMUNICAÇÃO COMO UM TODO O que é dito e não dito, a forma como é dito, os efeitos do que é dito e a comunicação não verbal; CONFIRMAR O ENTENDIMENTO Con�rmar o entendimento daquilo que o mediando falou, através dos resumos de suas falas. Estes irão comprovar que o mediador escutou e compreendeu, além de permitir ao mediando con�rmar ou corrigir a compreensão do mediador. A escuta ativa legitima os mediandos e faz com que eles se sintam verdadeiramente compreendidos e considerados nas questões que trazem para a mediação. Isso os ajuda a saírem de suas posições rígidas e a con�arem no processo do diálogo. A mediação é, pois, o lugar para que eles trabalhem o con�ito. É através dessa escuta que as partes irão encontrar, entender e incluir a perspectiva do outro, mantendo as suas, sem se sentirem ameaçadas. Saiba mais! , Conheça mais algumas ferramentas da mediação aqui (galeria/aula7/docs/a07_t13.pdf). Qual é o objetivo da sessão privada, denominada de Caucus (glossário)? Dar oportunidade para a parte, com o auxílio do mediador, rever sua posição em relação ao con�ito, decidindo a solução para o litígio. Dar oportunidade para a parte desabafar e rever, com o auxílio do mediador, sua posição em relação ao con�ito, estabelecendo uma estratégia de convencimento da outra parte. Dar oportunidade para a parte desabafar, abrandar as emoções decorrentes da vivência do con�ito e rever sua posição em relação ao con�ito, avaliando as propostas do mediador. Dar oportunidade para a parte desabafar, abrandar as emoções decorrentes da vivência do con�ito e esclarecer alguma questão. Dar oportunidade para a parte conversar com o medidor, buscando deste soluções para a resolução do con�ito. 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07a… 9/10 Justi�cativa Glossário RAPPORT Relação de con�ança que permite que os mediandos se sintam seguros e integrados no processo de mediação e com o mediador. CACAUS “A origem da palavra caucus é controversa, entretanto, é geralmente aceito que provenha do algonquim, cau´-cau-as´u (‘conselho’). E, provavelmente, foi introduzida no jargão político pela Tammany Hall, uma associação de políticos do Partido Democrata de New York conhecida pelo uso de termos de origem indígena. Outras fontes a�rmam que o termo deriva do Latim medieval caucus (‘tigela de beber’), ligando-o ao Caucus Club, que existia em Boston à época colonial. Nos Estados Unidos da América, designa-se por caucus “o sistema de eleger delegados em dois estados (Iowa e Nevada), na etapa das eleições primárias ou preliminares, na qual cada partido decide quem irá receber a nomeação desse partido para a presidência“. 08/11/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2483236&courseId=669&classId=1224437&topicId=765557&p0=03c7c0ace395d80182db07… 10/10 Fonte: Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Caucus).
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