Buscar

licenciaturas_em_foco

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 253 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 253 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 253 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LICENCIATURAS em foco
LICENCIATURAS EM FOCO
UNIASSELVI 2016
Organização
Ana Clarisse Alencar Barbosa
Fábio Roberto Tavares
 
Autoria
Clara Aniele Schley
Jean Carlos Morell
Patrícia Cesário Pereira Offial
Reitor da Uniasselvi
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação
Matheus Cristi
Capa
Djenifer Luana Kloehn
Revisão Final
José Roberto Rodrigues
Marcio Kisner
Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
LICENCIATURAS em foco
Ficha catalográfica 
Elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – UNIASSELVI – Indaial.
370
S339l Schley; Clara Aniele 
Licenciaturas em foco/ Clara Aniele Schley; Jean Carlos Morell; 
Patrícia Cesário Pereira Offial : UNIASSELVI, 2016.
 
 243 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-997-8
 
 1.Educação.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
LICENCIATURAS em foco
LICENCIATURAS em foco
------------------ [ APRESENTAÇÃO LICENCIATURAS EM FOCO ] ------------------
Pesquisas atuais destacam a relevância da educação como fator da 
diversidade, da inclusão, da paz, e da solidariedade. Sabemos que muitos dos 
nossos alunos provêm de situações sociais e familiares adversas e caóticas, e que 
acabam por reproduzir na escola aquilo que vivem em seus lares. Na grande maioria 
das vezes, os pais estão distantes da vida escolar de seus filhos e a escola se vê 
só e incapaz de resolver todos os conflitos que a assolam. 
Uma educação que valoriza a diversidade surge como uma alternativa para 
que possamos buscar respostas para as problemáticas existentes no cotidiano 
escolar. Muito embora a Declaração dos Direitos Humanos tenha sido aprovada 
em 1948, os estudos acerca dos seus encaminhamentos continuam mais atuais do 
que nunca, tendo em vista a premência de provocar discussões e estudos sobre a 
temática. Principalmente no que diz respeito ao preconceito em seus mais variados 
contextos.
Ao entender que a escola é promotora de mudança para o indivíduo, que traz 
em si a profundeza dessa modificação, por meio de seus potenciais, é fundamental 
valorizá-lo, respeitá-lo em suas diferenças com base numa educação cidadã.
Para abranger melhor o tema em discussão, apresentaremos debates 
em torno da educação e diversidade, contidas na unidade 1; sobre as políticas 
educacionais na unidade 2; e ao final, uma discussão sobre as metodologias de 
ensino para educação básica e as tecnologias da informação, explanadas na 
unidade 3.
Atende para as questões Enade no final de cada tópico em discussão e 
exercite seus conhecimentos. 
Boa leitura!
LICENCIATURAS em foco
SUMÁRIO
UNIDADE 1: EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE .................................................. 1
TÓPICO 1 - DIVERSIDADE E OS DESAFIOS ATUAIS .................................. 3
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 3
2 DIVERSIDADE UMA PROBLEMÁTICA: DO INDIVIDUALISMO À
 COLETIVIDADE E SUAS INTERFACES ...................................................... 3
2.1 EDUCAÇÃO, POLÍTICA E O DIREITO À IGUALDADE ............................. 6
3 CULTURA E PRECONCEITO: UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL ................... 11
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 17
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................. 21
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 22
TÓPICO 2 - EDUCAÇÃO INTERCULTURAL .................................................. 25
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 25
2 EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS ................................... 25
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................. 43
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 44
TÓPICO 3 - EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL .................................... 47
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 47
2 TRÊS CONCEITOS NO ENTORNO DO EMARANHADO PESSOAL
 E PROFISSIONAL: EDUCAÇÃO FORMAL/INFORMAL/NÃO FORMAL ... 47
2.1 EDUCAÇÃO: FORMAL/INFORMAL/NÃO FORMAL .................................. 49
3 EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL: INTERPENETRAÇÃO
 NA PRÁTICA DOCENTE .............................................................................. 52
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 58
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................. 60
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 61
LICENCIATURAS em foco
UNIDADE 2: POLÍTICAS EDUCACIONAIS .................................................... 65
TÓPICO 1 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA ............................................................. 67
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 67
2 COMUNIDADE ESCOLAR E A POLÍTICA DE INCLUSÃO ......................... 67
3 OS EDUCADORES E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA ...................................... 79
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 84
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................. 87
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 88
TÓPICO 2 – PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA DIVERSIDADE
 E NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS .................... 91
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 91
2 APRENDIZAGEM NUMA CONCEPÇÃO INCLUSIVA:
 ESTRATÉGIAS DE RESPOSTAS À DIVERSIDADE ................................... 91
3 A AVALIAÇÃO E OS DESAFIOS NA DIVERSIDADE
 E NECESSIDADES ESPECIAIS................................................................... 96
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 99
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................. 102
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 103
TÓPICO 3 – POLÍTICAS EDUCACIONAIS: LDB, PPP, PNE ......................... 107
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 107
2 LEI DE DIRETRIZES E BASES – LDB - UM POUCO
 DE SUA HISTÓRIA ....................................................................................... 107
2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – ARTIGO 205 ............................... 107
2.2 A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL .......................................................... 109
2.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES - LDB ....................................................... 111
3 UM POUCO DE HISTÓRIA ........................................................................... 116
4 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO - PPP ............................................... 117
4.1 O PPP COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO DA COMUNIDADE
 E DE INTERVENÇÃO NA REALIDADE ESCOLAR ...................................120
4 PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO - PNE ................................................ 123
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 125
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................. 127
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 128
LICENCIATURAS em foco
UNIDADE 3: METODOLOGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ....... 131
TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE ENSINO
 NA EDUCAÇÃO BÁSICA ........................................................... 133
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 133
2 A FILOSOFIA, A TECNOLOGIA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR ........ 133
3 FORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIZAÇÃO ........................................... 138
4 LINGUAGEM DE ENSINO, DIDÁTICA E TECNOLOGIA ............................ 141
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 150
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................. 156
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 157
TÓPICO 2 – CONHECIMENTO, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO .................... 163
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 163
2 A CIBERCULTURA E OS DESAFIOS SOCIAIS DO ENSINO ..................... 163
2.1 DEBATENDO A QUESTÃO DO ENADE .................................................... 168
3 LINGUAGEM E TECNOLOGIA .................................................................... 171
4 A INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO AMBIENTE ESCOLAR ....... 173
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................... 181
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................. 186
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 187
TÓPICO 3 – DIFERENTES TICS APLICADAS À EDUCAÇÃO ..................... 191
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 191
2 DISCUTINDO PROJETOS E IMPLEMENTANDO IDEIAS ........................... 191
2.1 ELABORAÇÃO DE VÍDEOS ...................................................................... 194
2.2 O PORTAL DO DOMÍNIO PÚBLICO .......................................................... 196
2.3 OS BLOGS COMO UMA POSSÍVEL FONTE DE ESTUDO ...................... 197
2.4 GEOGRAFIA VISUAL ................................................................................. 199
2.5 O FLIGHT RADAR ..................................................................................... 200
2.6 O INSTITUTO TEAR .................................................................................. 202
2.7 INSTITUTO PAULO FREIRE ..................................................................... 203
2.8 PORTAL DA TV ESCOLA ........................................................................... 204
2.9 PORTAL DA MATEMÁTICA ........................................................................ 205
2.10 CLUBES DE MATEMÁTICA DA OBMEP ................................................. 207
2.11 PORTAL DA LÍNGUA PORTUGUESA ...................................................... 208
LICENCIATURAS em foco
2.12 PORTAL DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS -
 LÍNGUA ESTRANGEIRA .......................................................................... 209
2.13 BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL ........................................................... 210
2.14 TRABALHANDO COM MAPAS ................................................................ 211
2.15 AS PINTURAS HISTÓRICAS ................................................................... 216
2.16 O PROJETO DE RÁDIO NA ESCOLA ..................................................... 218
2.17 PODCAST ................................................................................................ 224
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................. 227
AUTOATIVIDADE ............................................................................................ 228
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 233
LICENCIATURAS em foco
LICENCIATURAS em foco
1
UNIDADE 1
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
• Compreender a diversidade e seus desafios no contexto atual.
• Refletir sobre o papel da educação para a transformação humana.
• Entender a educação formal e não formal e a interpenetração na prática 
docente.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles você 
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 - DIVERSIDADE E OS DESAFIOS ATUAIS
TÓPICO 2 - EDUCAÇÃO INTERCULTURAL
TÓPICO 3 - EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL
LICENCIATURAS em foco
2
LICENCIATURAS em foco
3
------ [ TÓPICO 1 - DIVERSIDADE E OS DESAFIOS ATUAIS ] ------ 
1 INTRODUÇÃO
No trabalho intelectual sério e crítico não existem “inícios 
absolutos” e poucas são as continuidades inquebrantáveis. 
Não basta o interminável desdobramento da tradição, tão 
caro à história das ideias, tampouco o absolutismo da “ruptura 
epistemológica” (...) O que importa são as rupturas significativas 
- em que velhas correstes de pensamento são rompidas, velhas 
constelações deslocadas, e elementos novos e velhos são 
reagrupados ao redor de uma nova gama de premissas e temas 
(HALL, 2003, p. 123).
No argumento do autor, devemos elevar nosso pensamento crítico frente às 
novas temáticas que causam certa ruptura na sociedade. Uma postura ingênua ou 
cética diante de situações novas, seja o nascimento de um paradigma ou rompimento 
de tradições, pode levar ao engessamento dos velhos conceitos. Devemos aprender 
a enxergar o mundo com olhar de pesquisador, buscando entender o presente, o 
passado e as novas tendências. Diante disso, acenamos para a importância de você 
compreender a diversidade no atual contexto social e suas ramificações presentes 
também no espaço educativo. Para tanto, abordaremos temas e pesquisas que 
envolvem os desafios da diversidade, como forma de ampliação de culturas, sendo 
também uma problemática social, quando não compreendida.
2 DIVERSIDADE UMA PROBLEMÁTICA: DO INDIVIDUALISMO À COLETIVIDADE 
E SUAS INTERFACES
Para compreendermos o que é diversidade, convidamos você a contemplar o 
mundo à sua volta. O que vê? A começar pelas plantas, uma variedade de tamanhos, 
cores e formas, cada uma delas com sua função, com seu cheiro característico, que 
despertam os diferentes sentidos daqueles que os percebem, pois, a percepção 
é subjetiva. 
LICENCIATURAS em foco
4
FIGURA 1 - DIVERSIDADE
FONTE: Disponível em: <http://www.trilogiacontemporanea.com.br/>. 
Acesso em: 9 maio 2016.
De norte a sul de nosso país encontramos riquezas imensuráveis da 
biodiversidade, contidas não só na vegetação, ou animais dos mais comuns aos 
mais raros, como ainda na face de cada pessoa. Rostos que revelam os diferentes 
tipos de sentimentos contidos no desenhar de seus traços, na expressão corporal, 
que de alguma maneira demonstram uma identidade própria. 
A individualidade expressa por cada um, ou seja, a sua forma de 
ser, de aprender, de representar e utilizar o conhecimento, resulta 
de sua história e dos valores culturais nos quais o indivíduo 
está imerso. A cultura e o contexto oferecem os símbolos, os 
produtos simbólicos, os diferentes sistemas simbólicos que se 
conectam com o sistema nervoso do indivíduo no momento da 
aprendizagem. Assim, cadapalavra, frase ou história, vistas 
como entidades simbólicas, são interpretadas e reconhecidas de 
acordo com seus significados existentes na cultura (MORAES, 
2010, p. 178).
Valorizamos as diferentes culturas, contidas não somente num determinado 
grupo social, mas pertencente a cada indivíduo. Cada ser, com suas particularidades, 
entende o mundo por meio de seus contextos. Cada qual com sua história, com sua 
identidade, formando uma consciência coletiva que podemos chamar de sociedade.
LICENCIATURAS em foco
5
Falar de diversidade envolve também entender as multiculturas, que vêm 
se tornando cada vez mais comuns na constituição das atuais sociedades. Para 
esclarecer como se formam essas multiculturas, podemos citar os imigrantes que 
colonizaram as regiões brasileiras. Também um exemplo recente que ocorreu no ano 
de 2010, a imigração de alguns haitianos ao Brasil após sofrerem com um terremoto 
em seu país, uma tragédia que deixou 150 mil mortos e muitos em estado de total 
pobreza. O governo brasileiro, com o apoio das empresas, ofereceu trabalho e os 
mesmos direitos que cidadãos brasileiros possuem, garantindo o acesso à saúde e 
ao ensino. Esse acolhimento envolveu não só recebê-los fisicamente no espaço 
concedido, como também envolvê-los em nossa cultura, todavia, há uma adaptação 
de ambas as partes que deverá ser construída com o tempo.
Outro exemplo da constituição das multiculturas vem ocorrendo na 
Alemanha. O país concedeu a entrada de imigrantes da Síria, África e Oriente 
Médio, refugiados da guerra, que de um lado abrigou as pessoas vítimas desse 
sofrimento e, de outro, causou problemas, aumentando a violência no seu próprio 
país, pois não se pensou numa política para essa integração. 
A partir desses exemplos, queremos que você entenda a diferença entre 
multicultural e multiculturalismo, pois são termos que envolvem as discussões 
pertinentes à diversidade e que divergem de acordo com a concepção de cada autor.
Multicultural, segundo Hall (2003, p. 50), é um termo qualitativo e:
Descreve as características sociais e os problemas de 
governabilidade apresentados por qualquer sociedade na qual 
diferentes comunidades culturais convivem e tentam construir 
uma vida em comum, ao mesmo tempo em que retêm algo de 
sua identidade “original”. 
Ambos os exemplos dos países acima citados trazem a integração de países 
e culturas diferentes, que é a ideia de sociedades multiculturais. No entanto, essa 
prática deve estar acompanhada de ações e estratégias políticas que apoiem na 
prática toda essa diversidade, a isso chamamos de multiculturalismo. 
Em contrapartida, o termo “multiculturalismo” é substantivo. Refere-se às 
estratégias e às políticas adotadas para governar ou administrar problemas de 
diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais.
LICENCIATURAS em foco
6
Perceba que a complexidade da diversidade absorve vários fatores, entre 
eles a formação da identidade do indivíduo, ou de um determinado grupo e a sua 
expressão coletiva. Nesse sentido, acendemos uma discussão para abrangermos a 
diversidade, não só no contexto das diferenças, mas num conjunto que desenha todo 
esse cenário intercultural, anunciado no sistema educativo, político e governamental, 
sendo os desafios atuais da sociedade.
2.1 EDUCAÇÃO, POLÍTICA E O DIREITO À IGUALDADE
Pautados nos direitos humanos, entendemos que todos têm o direito à 
educação. A partir daí enfrentamos um desafio. Quem são todos? Ora, todos 
são todos, independentemente de questões relativas à etnicidade, ao gênero, à 
religião, entre outros. Então, devemos saber lidar com as diferenças em sala de 
aula, respeitando o individualismo de cada sujeito sem torná-lo diferente, não é? 
No entanto, eis o grande desafio, entender o sujeito em seu processo individual e 
coletivo ao mesmo tempo. E ainda, como ensinar considerando as diferentes formas 
de aprender, representar e utilizar o conhecimento, sem enxergar os indivíduos 
como uma coletividade social?
Como, então, pensar numa educação centrada apenas 
no indivíduo sem levar em consideração as relações e as 
interconexões recíprocas que ocorrem entre os diferentes 
sujeitos? (...) Piaget, Paulo Freire, Gardner e Papert são 
unânimes em reconhecer que o conhecimento decorre das 
interações produzidas entre o sujeito e o objeto, de uma 
interação solidária entre ambos, que se constrói por força da 
ação do sujeito sobre o meio físico e social e pela repercussão 
dessa ação sobre o sujeito. Reconhecem a existência de uma 
dimensão individual e, ao mesmo tempo, coletiva, dinâmica, 
sistêmica e aberta entre sujeito e objeto e sujeitos entre si 
(MORAES, 2010, p. 161).
Os pensadores, citados por Moraes (2010), pugnam pelo entendimento do 
sujeito ser entendido na ambiguidade do individual e do coletivo, respeitando as 
formas diferentes que se expressam nos contextos e de como se aglutinam nos 
grupos de convívio formando uma consciência coletiva. O que representam essas 
diferenças para a sociedade? Veremos o que nos diz Santos (1999, p. 26):
LICENCIATURAS em foco
7
Nos planos econômico, social, político e das relações pessoais, 
"diferença" tem significado, em nosso país, quase sempre de 
"desigualdade"; ou mais exatamente: as diferenças étnicas, 
culturais, fenotípicas, serviram de marcas entre desiguais 
sociais. No plano da cultura, porém, a aplicação dessa 
equivalência (diferença = desigualdade) confunde os partidários 
da "democracia", levando-os a postular o fim das diferenças 
como garantia de igualdade. Eis o que pensaria um "democrata" 
bem-intencionado: "nossos alunos serão iguais a nós quando 
não forem diferentes”. 
A partir dessa reflexão, podemos conjeturar que a problemática da 
diversidade não está relacionada às diferenças, mas à desigualdade e à exclusão. 
Nesse sentido, “(...) temos o direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza, 
temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza” 
(SANTOS, 1999, p. 62). O autor alerta para a necessidade do reconhecimento à 
diferença, como parte essencial da singularidade humana, não abrindo mão da 
igualdade de direitos e condições.
Essa complexidade que envolve cultura e educação vem sendo debatida 
por Hall (2003, p. 43), quando afirma que a cultura não apenas é herança, mas uma 
construção coletiva em processo.
A cultura é uma produção. Tem sua matéria-prima, seus recursos, 
seu “trabalho produtivo”. Depende de um conhecimento da 
tradição enquanto “o mesmo em mutação” e de um conjunto 
efetivo de genealogias. Mas o que esse “desvio através de seus 
passados” faz é nos capacitar através da cultura, a nos produzir 
a nós mesmos de novo, como novos tipos de sujeitos. Portanto, 
não é uma questão do que as tradições fazem de nós, mas 
daquilo que nós fazemos de nossas tradições. Paradoxalmente, 
nossas identidades culturais, em qualquer forma acabada, estão 
à nossa frente. A cultura não é uma questão de ontologia, de 
ser, mas de se tornar. 
Conforme o pensamento do autor, podemos dizer que a diversidade cultural 
no contexto escolar deve ser compreendida pelo mesmo viés, vinculado a tradições, 
porém, em processo de transformação na ação coletiva, ou seja, o aprendiz deve 
ser respeitado pela bagagem cultural que traz, mas no contato com o outro haverá 
novas formas de entender o mundo, criando laços culturais, ampliando significados 
de vida. E é esse o grande desafio do educador ao estar à frente das diferentes 
LICENCIATURAS em foco
8
identidades, lidando com sua coletividade. 
Quando Habermas (1983, p. 22) discute que “ninguém pode edificar a sua 
própria identidade independentemente das identificações que os outros fazem dele”, 
nos reforça que somos construídos por uma coletividade, e com isso devemos cuidar 
para que essa coletividade não sufoque ou discrimine um específico indivíduo.É isso que acontece quando entra num grupo “homogêneo” alguém com 
características - sejam elas físicas ou culturais - diferentes. No caso de ser em 
ambiente escolar, deve o educador saber lidar com essa situação, não permitindo 
que rótulos ou discriminações façam parte de um grupo em formação. Os valores 
como a ética e o respeito ao próximo devem ser eixo norteador no sentido de 
combater ações discriminatórias, bem como colaborar para a formação cidadã do 
sujeito. Eis que surge aqui outro desafio da diversidade, o de educar para a cidadania 
num ambiente plural que é a escola. Como formar cidadãos que zelam pelos seus 
direitos e deveres, que contribuem para uma sociedade justa e equilibrada, num 
mundo globalizado?
Educar para a cidadania global requer a compreensão da multiculturalidade, 
o reconhecimento da interdependência com o meio ambiente e a criação de espaço 
para o consenso entre os diferentes segmentos da sociedade. Nesse sentido, a 
escola deve preocupar-se em “(...) educar para a diversidade dos outros, saber que 
somos diferentes e que cada um tem o direito de ser diferente, único e singular, o 
que exige um aprofundamento no respeito pelo outro e na compreensão do outro” 
(MORAES, 2010, p. 225).
Nesse contexto, Taylor (1994, p. 58) esclarece que: 
(...) um indivíduo ou um grupo de pessoas podem sofrer um 
verdadeiro dano, uma autêntica deformação se a gente ou a 
sociedade que os rodeiam lhes mostram como reflexo uma 
imagem limitada, degradante, depreciada sobre ele. (...) a 
projeção sobre o outro de uma imagem inferior ou humilhante 
pode deformar e oprimir até o ponto em que essa imagem seja 
internalizada.
Para você entender melhor o que quer dizer essa projeção de imagem e 
os danos que ela poderá causar a alguém ou a um grupo, analise a seguir o que 
LICENCIATURAS em foco
9
expressa a pesquisa desenvolvida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas 
(FIPE), no ano de 2009, apontando o percentual de respondentes com algum nível 
de preconceito:
GRÁFICO 1 - ABRANGÊNCIA DA ATITUDE PRECONCEITUOSA
FONTE: Brasil (2009)
De acordo com esta instituição de pesquisa, o preconceito e as práticas 
discriminatórias ocorrem no ambiente escolar, e envolvem não só alunos, como 
todos os atores que dele fazem parte. Nesse aspecto, cabe refletir que, se o 
preconceito se instaura na consciência dos próprios professores ou funcionários de 
uma determinada escola, como educar para a diversidade, se as práticas divergem 
da teoria? 
As pessoas não assumem que são preconceituosas. Contudo, 
estão predispostas a manter distância social de outros grupos. 
Seria oportuno iniciar e potencializar um processo de mudança 
no ambiente escolar para promover a diversidade por meio de 
um plano, envolvendo: 
• Ações para disseminação de informações (condição necessária, 
mas não suficiente para a promoção de mudanças). 
• Ações específicas e pontuais que visem à mudança de 
comportamento. 
• Principalmente, no longo prazo, ações para a mudança de 
valores dos agentes escolares em relação ao preconceito e à 
discriminação (BRASIL, 2009, s.p.)
LICENCIATURAS em foco
10
De acordo com o resultado e a conclusão da pesquisa apresentada pela 
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas em 2009, as pessoas não se julgam 
preconceituosas, mas suas ações representam a discriminação. É o exemplo 
de quem diz “não tenho nada contra, porém não quero contato”. Essa questão é 
muito complexa, pois envolve a subjetividade do indivíduo. Alguns acham que tal 
comportamento não define uma prática discriminatória, já outros julgam que sim. 
Cabe refletirmos que, à medida que nos afastamos dessas pessoas socialmente 
não aceitas, entramos no círculo do preconceito e da discriminação, embora que 
muitos não concordem.
Verifiquem agora como os próprios professores vêm sofrendo ações 
discriminatórias quanto ao seu conhecimento de acordo com suas características:
GRÁFICO 2 - ÍNDICE DE CONHECIMENTO DE PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS 
COM PROFESSORES (ESCALA VARIA ENTRE 0 E 100)
FONTE: Brasil (2009)
Como você pode analisar, as pessoas dentro da própria escola acabam 
julgando, ou nivelando o grau de conhecimento do professor de acordo com sua 
cor, etnia, poder aquisitivo, sexualidade, gênero, condição física e de moradia. O 
preconceito maior se expressa no professor negro, pobre ou homossexual. Não 
consideram seu grau de estudo, formação, empenho, leituras, entre outros, mas 
julgam pelas características, na maior parte, física.
LICENCIATURAS em foco
11
Percebam a seguir como este quadro se altera: quando se trata de 
funcionários, o grau de conhecimento de práticas discriminatórias sofridas por 
funcionários se expressa um pouco diferente, analisem:
GRÁFICO 3 - ÍNDICE DE CONHECIMENTO DE PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS 
COM FUNCIONÁRIOS (ESCALA VARIA ENTRE 0 E 100)
FONTE: Brasil (2009)
3 CULTURA E PRECONCEITO: UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL 
Pode-se considerar que uma forma de discriminação já ocorria desde 
os tempos primórdios, época em que os indivíduos lutavam apenas pela sua 
sobrevivência. Você já deve ter ouvido a expressão “os melhores sobrevivem”. 
Nossos antepassados necessitavam batalhar pelo seu próprio alimento, enfrentando 
uma série de perigos na natureza. Confrontavam-se com animais selvagens, com 
oscilação do tempo, frio, calor, tempestades, chuvas, sem os recursos que hoje 
possuímos para nos protegermos. Em busca do sustento, pessoas com algum tipo 
de defiência, acabavam fazendo longas caminhadas pois não eram aceitos pelos 
grupos de convívio, esses eram abandonados ou mesmo mortos.
Neste caso, o gráfico aponta para maior índice de preconceito e práticas 
discriminatórias com idosos, homossexuais e mulheres. No entanto, não é tão 
simples compreendermos as razões pelas quais os preconceitos concorrem para 
ações discriminatórias, devemos antes entender a raiz dessa problemática.
LICENCIATURAS em foco
12
Perceba que esta ação é um tipo de preconceito primário, pois por uma 
questão de sobrevivência, o ser humano não tinha valor, ele era apenas o caçador.
Lembramos também dos escravos na antiga Grécia, numa época em 
que só tinha prestígio quem vivia no ócio, quem exercia o trabalho braçal não era 
considerado um cidadão. Mais tarde, esse preconceito se propagou por uma 
questão de estética e poder e não só por uma questão de sobrevivência.
Academico(a), você já ouviu falar da “raça ariana”?
Esse termo surgiu dos termos “indo-germânico” e “indo-europeu”, 
substituídos depois por ariano, fundamentado no evento de os povos que invadiram a 
Índia e cuja língua era o sânscrito se chamarem “árias” (COMAS, 1960). Acompanhe 
a explicação da discriminação a partir da suposta raça ariana:
QUADRO 1 - RAÇA ARIANA E O PRECONCEITO
FONTE: Comas (1960, p. 38)
Hitler pensava que a superioridade ariana estava sendo 
ameaçada por casamentos mistos. Se isto acontecesse, 
acreditava que a maior civilização do mundo poderia 
desaparecer em virtude do processo de miscigenação. Ainda que 
soubesse que outras raças/etnias iriam resistir a esse processo, 
acreditava que cabia aos arianos o dever de controlar o mundo, 
o que comprovaria sua tese racista e preconceituosa. Isto seria 
LICENCIATURAS em foco
13
difícil e a força teria que ser utilizada, mas poderia acontecer 
(MACHADO, 2009, s.p.)
Vejam que o preconceito e a discriminação foram ao ponto de envolver a 
economia, afastando os judeus dos negócios, conforme representa a foto a seguir:
FIGURA 2 - PRECONCEITO AO JUDEU EM DEFESA À RAÇA ARIANA
FONTE: Machado (2009, s.p.) 
Entendam que os desafios atuais da diversidade têm raízes no passado, 
por isso é uma questão de consciência coletiva. Nesse sentido, quando se trata 
de diversidade, há uma ampla compreensão que abarca estudos mais complexos 
para circundar maior entendimento do assunto. Compete aqui não se estender,mas 
apresentar significados dos estudos que envolvem este tema, segundo o quadro 
a seguir:
LICENCIATURAS em foco
14
QUADRO 2 - CONTEXTOS DA DIVERSIDADE
Aculturação Globalização Multiculturalismo Aldeia global
O processo de 
aculturação se 
dá pelo contato 
de duas ou mais 
matrizes culturais 
diferentes, isto 
é, pela interação 
social entre 
grupos de culturas 
diferentes, sendo 
que todos, ou 
um deles, sofrem 
mudanças, tendo 
como resultado 
uma nova cultura 
(RIBEIRO, 2016, 
s.p.)
A globalização 
entendida como um 
processo histórico, 
simultaneamente 
social, econômico, 
político e cultural, 
no qual se 
movimentam 
indivíduos, povos 
e governos, 
sociedades e 
culturas, línguas e 
religiões, nações 
e continentes, 
formas de espaço e 
possibilidades dos 
tempos (FEITOSA 
2016, s.p.)
O multiculturalismo 
surge das 
lutas pelo 
reconhecimento de 
outras formas de 
saberes, diferentes 
e silenciadas ao 
longo da história 
e a cada dia 
mais suprimidas 
pelo processo 
de globalização 
hegemônica 
(KRETZMANN, 
2007, p. 11)
Aldeia global 
quer dizer que 
o progresso 
tecnológico está 
reduzindo todo o 
planeta à situação 
de uma aldeia, 
ou seja, que as 
pessoas têm a 
possibilidade de 
se intercomunicar 
diretamente umas 
com as outras, 
independentemente 
da distância (SILVA 
e ALVARENGA, 
2019, p. 140)
FONTE: Adaptado de Ribeiro (2016), Feitosa (2016), Kretzmann (2007), Silva e Alvarenga (2009).
O processo de aculturação não significa abandono de uma cultura em 
detrimento a outra, mas o acolhimento da outra cultura como parte de seu contexto 
cultural. Vimos muito isso na culinária oriental trazida ao Brasil, nas comidas 
típicas de outros países ou regiões brasileiras que contribuem com suas músicas, 
vestuários, danças, entre outros.
A globalização envolve um contexto mundial com propósito de expandir 
a questão econômica, política, social, cultural e tecnológica. A comunicação 
tecnológica foi o alvo de toda essa expansão. 
Já o termo multiculturalismo carece de mais aprofundamento para sua 
elucidação, pois seu significado ainda vem causando distorções entre alguns 
LICENCIATURAS em foco
15
teóricos. Diante disso, traremos o conceituado autor deste assunto, Hall (2003, p. 
50), que nos esclarece, sustentando que:
Pode ser útil fazer aqui uma distinção entre o “multicultural” 
e o “multiculturalismo”. Multicultural é um termo qualificativo. 
Descreve as características sociais e os problemas de 
governabilidade apresentados por qualquer sociedade na 
qual diferentes comunidades culturais convivem e tentam 
construir uma vida em comum, ao mesmo tempo que que retêm 
algo de sua identidade “original”. Em contrapartida, o termo 
“multiculturalismo” é substantivo. Refere-se às estratégias e 
às políticas adotadas para governar ou administrar problemas 
de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades 
multiculturais. (...) Ambos os termos são hoje interdependentes, 
de tal forma que é praticamente impossível separá-los. Contudo, 
o “multiculralismo” apresenta algumas dificuldades específicas.
De acordo com o autor, a multicultura refere-se a diferentes grupos sociais, 
enquanto que o multiculturalismo denota estratégias políticas para lidar com 
problemas sociais específicos. Nesse sentido, Hall (2003) sugere diferentes tipos 
de multiculturalismo, uma vez que há diferentes grupos sociais e seus mais variados 
problemas. O autor classificou ainda seis tipos de multiculturalismo, cada um com 
sua concepção, são eles:
LICENCIATURAS em foco
16
QUADRO 3 - DIFERENTES CONCEPÇÕES DE MULTICULTURALISMO
Multiculturalismo
Conservador
Multiculturalismo
Crítico ou 
Revolucionário
Multiculturalismo
Liberal
Pugna pela assimilação 
da diferença às 
tradições e aos 
costumes da maioria.
Prioriza o poder, o 
privilégio, a hierarquia 
das opressões e 
os movimentos de 
resistência.
Integra os diferentes 
grupos culturais o mais 
rápido possível a uma 
sociedade majoritária, 
numa concepção de 
cidadania individual e 
universal.
Multiculturalismo
Pluralista
Multiculturalismo
Comercial
Multiculturalismo
Corporativo
Assegura as diferenças 
grupais em termos 
culturais e concede 
direitos de grupo 
distintos a diferentes 
comunidades dentro de 
uma certa ordem política 
comunitária. 
Parte do pressuposto 
de que se as diferenças 
entre pessoas numa 
comunidade são 
reconhecidas, não 
haverá mais problemas 
no consumo privado
Foca na solução dos 
problemas culturais da 
minoria, atendendo aos 
interesses do centro.
FONTE: Adaptado de Hall (2003)
Hall (2003) apontou em seus estudos as divergentes posições e concepções 
que vêm provocando grandes discussões entre teóricos quando se trata do 
multiculturalismo. Por hora, cabe compreendermos que o termo multiculturalismo 
expressa um conceito amplo e complexo dos problemas atuais da diversidade. 
Passamos agora a entender o conceito de aldeia global, que, como visto 
no Quadro 1, representa o encurtamento da distância entre pessoas pelos meios 
tecnológicos. Toda essa globalização, trazida pelas mídias, tem um propósito bem 
acentuado quando se trata de capitalismo, criticamente debatida a seguir:
LICENCIATURAS em foco
17
Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a 
difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. 
A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para 
aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a 
noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo 
houvesse se tornado, para todos, ao alcance da mão. Um 
mercado avassalador dito global é apresentado como capaz 
de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças 
locais são aprofundadas. Há uma busca de uniformidade, 
ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se torna 
menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania 
verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo 
é estimulado (SANTOS, 2000, p.9).
A “aldeia global” é uma das problemáticas da diversidade cultural, uma 
vez que tem a tendência de aglutinar e homogeneizar modos de ser e entender o 
mundo. De acordo com Santos (2000), há interesses fortemente econômicos ao 
consumo de recursos tecnológicos que vendem a ideia de aproximação, mas que 
na realidade é uma outra forma de exclusão, uma vez que ainda não é a maioria 
que tem o acesso tecnológico. 
Vamos refletir agora sobre uma questão ENADE de 2008, que trata de uma 
das problemáticas da diversidade, a educação escolar e a desigualdade social.
------ [LEITURA COMPLEMENTAR] ------ 
QUESTÃO ENADE 2008
A relação entre educação escolar e desigualdade social vem sendo 
estudada pela Sociologia há mais de um século. Diferentes autores e diversas 
correntes de pensamento explicam os complexos mecanismos dessa relação. 
Mesmo considerando as grandes diferenças existentes entre países e épocas, a 
escolarização progressiva da população:
(A) Vem acompanhada de um aumento das exigências educacionais do 
mercado de trabalho.
(B) Garante empregabilidade compatível com o nível de instrução. 
(C) Proporciona acesso ao mercado de trabalho devido à diminuição da 
competitividade. 
LICENCIATURAS em foco
18
(D) Está relacionada às crises econômicas e favorece o desemprego.
(E) Gera equanimidade entre segmentos sociais e diminuição de conflitos 
culturais. 
Tipo de questão: escolha simples, com indicação da alternativa correta. 
Alternativa correta: A 
Comentários: 
Talvez aquilo que melhor defina a Sociologia da Educação como campo de 
conhecimento seja a relação entre a ação dos dispositivos e aparatos educacionais 
e as transformações da sociedade. A escola,sem dúvida, é a principal forma de 
institucionalização desse processo, atuando diretamente na formação individual 
e coletiva e articulando estratégias de ensino, instrução, formação, socialização 
e capacitação, entre tantos outros. Desde seu surgimento como disciplina, em 
meados do século XIX, no âmbito da sociedade europeia, um dos principais focos da 
Sociologia da Educação é a análise da implicação da educação escolar na produção, 
reprodução ou superação das desigualdades sociais e culturais da população. 
O enunciado da questão destaca esse aspecto, chamando a atenção 
para o fato de que diferentes correntes de pensamento, através da expressão de 
inumeráveis intelectuais, se preocupam com a investigação dos diferentes níveis, 
formas e naturezas dessa implicação. Cada um, orientado pela particularidade 
dos seus componentes teóricos e compreensivos acerca da realidade, formula 
suas explicações. Entretanto, a raiz da questão dá destaque para a ideia de que 
há unanimidade entre eles, a despeito de suas diferenças. A partícula “mesmo”, no 
início do período, suplanta o fator condicionante no sentido de significar “ainda que”, 
ou seja, no sentido de que, para além das diferenças geográficas e históricas que 
contingenciam os postulados teóricos, algo há em comum entre eles. 
O foco proposto, como elemento de referência para esse ponto em comum, 
é apresentado na segunda oração da frase, “a escolarização progressiva da 
população”, a partir do que é solicitado ao respondente que complete o pensamento. 
LICENCIATURAS em foco
19
A alternativa A é a única que se atém a um dado de realidade factível e, 
portanto, é a alternativa correta. Seu tom é prosaico e despretensioso, redundando 
em uma constatação óbvia e aparentemente sem importância. Há uma relação de 
continuidade, embora não determinista: “a escolarização progressiva da população 
vem acompanhada de um aumento das exigências educacionais do mercado de 
trabalho” e não postula o que vem antes ou depois, o que determina o que. A 
expressão “vem acompanhada” indica uma condição de indissociabilidade entre 
as premissas, ou seja, afirma que uma coisa (a escolarização progressiva) vem 
acompanhada da outra (o aumento das exigências educacionais). Por vezes, 
o aumento da complexidade no mundo do trabalho faz aumentar as exigências 
educacionais para seu acesso e, em consequência, isso demanda um aumento da 
escolarização da população; por vezes, é a escolarização progressiva da população 
que vai empurrar o nível de exigência do mercado de trabalho. 
A segunda alternativa tenta forçar uma conclusão improvável, uma vez que a 
garantia da empregabilidade não deriva do aumento da escolaridade da população. 
De certa forma, considerando o argumento já destacado na alternativa anterior, 
até poderíamos dizer que esse aumento de escolarização vai fazer aumentar as 
exigências do mercado e exigir progressiva compatibilidade com o nível de instrução. 
No entanto, não é verdade que garanta empregabilidade em alguma instância. 
A alternativa (C) faz uma afirmação incorreta quando aponta a “diminuição 
da competitividade” como correlata à “escolarização progressiva da população”. 
Bem ao contrário: o aumento da escolarização aumenta a competitividade ao 
possibilitar acesso ao mercado de trabalho a cada vez mais pessoas com nível 
elevado de escolarização. 
A quarta alternativa sugere dois aspectos que, embora relacionados 
entre si (as crises econômicas e o desemprego), não têm correspondência com 
a premissa inicial (a escolarização progressiva da população). Ao contrário, de 
modo geral é factível considerar que o aumento da escolaridade é um fator que 
favorece a autonomia laboral da população, independente das condições de oferta 
de empregos (aqui entendidos como postos formais de trabalho). As condições de 
empregabilidade mantêm relações de dependência com inúmeros outros fatores 
que não apenas as condições objetivas da qualificação profissional do trabalhador. 
LICENCIATURAS em foco
20
De modo geral, as crises econômicas e o desemprego andam juntos, mas não há 
nenhuma relação evidente entre elas e a escolarização progressiva da população.
Por fim, a última alternativa peca pela associação de duas assertivas que 
não mantêm correlação entre si (a equanimidade entre os segmentos sociais e a 
diminuição dos conflitos culturais) e pela pretensão de associá-las à escolaridade. 
Muito embora se pretenda que a escolarização progressiva contribua para a 
diminuição da desigualdade social através da equiparação das condições de acesso 
da população às mesmas benesses sociais, sabemos que isso não representa a 
equalização social idealizada.
 A escolarização progressiva da sociedade proporciona, talvez, uma relativa 
equilibração em termos do repertório das pessoas no nível do conhecimento 
disciplinar processado no âmbito da escola. Podemos até mesmo considerar que a 
escola viabiliza acesso às noções e às habilidades necessárias para o exercício de 
competências laborais que permitem, em consequência, a geração das condições 
materiais necessárias para o aumento da qualidade de vida. Não podemos dizer 
que isso significa “equanimidade entre segmentos sociais”. Igualmente, não 
podemos afirmar que os conflitos culturais têm relação direta com a escolarização: 
as diferenças culturais existem antes e para além da homogeneização pretendida 
pela escolarização. Ainda que o aumento da escolaridade pretenda um aumento 
dos níveis de compreensão acerca da diversidade cultural e, dessa maneira, resulte 
em uma ampliação do espectro de tolerância, não existe uma condição automática 
e necessária de correspondência entre uma coisa e outra.
FONTE: Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/enade/pedagogia2008.pdf>. Acesso em: 18 
jul. 2016.
LICENCIATURAS em foco
21
------ [RESUMO DO TÓPICO 1] ------ 
Este tópico apresentou as seguintes reflexões:
• Independente de questões relativas à etnicidade, ao gênero e à religiosidade, todo 
sujeito tem o direito à educação e ao respeito às suas diferenças.
• Os desafios atuais da diversidade têm raízes no passado, por isso é uma questão de 
consciência coletiva. As pessoas não assumem que são preconceituosas. Contudo, 
estão predispostas a manter distância social de outros grupos.
• A cultura não apenas é herança, mas uma construção coletiva em processo.
• As multiculturas envolvem os problemas de governabilidade apresentados por 
qualquer sociedade na qual diferentes comunidades culturais convivem.
• O processo de aculturação não significa abandono de uma cultura em detrimento 
a outra, mas o acolhimento da outra cultura como parte de seu contexto cultural.
• A globalização envolve um contexto mundial com propósito de expandir a questão 
econômica, política, social, cultural e tecnológica. A comunicação tecnológica foi o 
alvo de toda essa expansão. 
• O multiculturalismo refere-se às estratégias e às políticas adotadas para governar 
ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades 
multiculturais.
LICENCIATURAS em foco
22
AUT
OAT
IVID
ADE �
1- QUESTÃO ENADE PEDAGOGIA 2014
Da visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania fundamentado no 
reconhecimento das diferenças e na participação dos sujeitos, decorre uma 
identificação dos mecanismos e processos de hierarquização que operam na 
regulação e produção de desigualdades. Essa problematização explicita os 
processos normativos de distinção dos alunos em ração de características 
intelectuais, físicas, culturais, sociais e linguísticas, estruturantes do modelo 
tradicional de educação escolar.
BRASIL, MEC. Política nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva, 2008, p. 6 (adaptado)
As questões suscitadas no texto ratificam a necessidade de novas posturas 
docentes, de modo a atender a diversidade humanapresente na escola. 
Nesse sentido, no que diz respeito a seu fazer docente frente aos alunos, o 
professor deve
I. desenvolver atividades que valorizem o conhecimento historicamente 
elaborado pela humanidade e aplicar avaliações criteriosas com o fim de 
aferir, em conceitos ou notas, o desempeno dos alunos.
II. instigar ou compartilhar as informações e a busca pelo conhecimento 
de forma coletiva, por meio de relações respeitosas acerca dos diversos 
posicionamentos dos alunos, promovendo o acesso às inovações tecnológicas.
III. planejar ações pedagógicas extraescolares, visando ao convívio com a 
diversidade; selecionar e organizar os grupos, a fim de evitar conflitos.
IV. realizar práticas avaliativas que evidenciem as habilidades e competências 
dos alunos, instigando esforços individuais para que cada um possa melhorar 
o desempenho escolar.
V. utilizar recursos didáticos diversificados, que busquem atender a necessidade 
de todos e de cada um dos alunos, valorizando o respeito individual e coletivo.
LICENCIATURAS em foco
23
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) II e V.
C) II, III e IV.
D) I, II, IV e V.
(E) I, III, IV e V.
FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/
enade/provas/2014/36_pedagogia.pdf> Acesso em: 4 jun. 2016.
Resposta correta: Letra B.
LICENCIATURAS em foco
24
LICENCIATURAS em foco
25
------ [ TÓPICO 2 - EDUCAÇÃO INTERCULTURAL] ------ 
1 INTRODUÇÃO
A perspectiva intercultural surge da necessidade de dar um novo rumo ao 
que propõe o monoculturalismo, que defende a ideia do compartilhamento dos 
povos em uma mesma cultura e do multiculturalismo, a qual entende as diversas 
culturas, porém só as considera se forem necessárias à coletividade. Tanto o 
monoculturalismo quanto o multiculturalismo compartilham visões que, para os 
defensores da concepção intercultural, podem gerar mais exclusões. Nesse sentido, 
a perspectiva intercultural emerge da complexidade de atuar nos conflitos entre 
essas duas visões e promover relações das identidades sociais e suas diferenças, 
como também dar base para que estas relações sejam recíprocas e estabeleçam 
um grau de criticidade e solidariedade.
Nessa esteira direcionaremos os debates a seguir, procurando entender 
as relações étnico-raciais.
2 EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS 
A diversidade abrange um olhar sobre as diferenças e suas ressignificações 
na prática escolar. Sobre esse contexto, há muitas questões não resolvidas que 
trazem significativos problemas de ordem social, política e econômica, como, por 
exemplo, a discriminação racial, a xenofobia, a intolerância correlata, podendo gerar 
no ambiente escolar uma série de problemas, como o bullying, a violência verbal, 
a física, as dificuldades de aprendizagem, a baixa autoestima, os problemas de 
relacionamento, entre outros.
Todavia, não é de hoje que vem se tentando conscientizar sobre os direitos 
humanos, sobretudo aos mais fragilizados.
Lembrando a Resolução 1997/74, de 18 de abril de 1997, 
da Comissão de Direitos Humanos, a Resolução 52/111, de 
12 de dezembro, da Assembleia Geral, e as subsequentes 
LICENCIATURAS em foco
26
resoluções daqueles órgãos concernentes à convocação da 
Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, 
Xenofobia e Intolerância Correlata e lembrando, também, 
as duas Conferências Mundiais de Combate ao Racismo e 
à Discriminação Racial, ocorridas em Genebra em 1978 e 
1983, respectivamente; observando com grande preocupação 
que, a despeito dos esforços da comunidade internacional, 
os principais objetivos das três Décadas de Combate ao 
Racismo e à Discriminação Racial não foram alcançados e 
que um número incontável de seres humanos continuam, até 
o presente momento, a serem vítimas de várias formas de 
racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata 
(...) (BRASIL, 2001).
A discriminação cultural e racial não é uma problemática atual, ela nos 
acompanha na história e, conforme historiadores, surgiu de interpretações 
deturpadas com a finalidade de manipular opinião e justificar a escravidão. Como 
é o caso da interpretação da teoria de Charles Darwin (1809-1882).
(...) principalmente entre as nações europeias do final do 
século XIX e início do século XX, que recorreram às teorias 
evolucionistas para justificar a nova expropriação no continente 
africano, através do Imperialismo. Os indivíduos envolvidos 
nesse neocolonialismo carregaram o pensamento de Darwin 
com valores morais e passaram a associar as características 
físicas e intelectuais dos negros numa escala evolutiva, na qual 
estavam na base e os brancos no topo do processo evolutivo 
(TEIXEIRA, CAMPOS, GOELZER, 2014, s.p). 
O princípio da colonização africana e o descobrimento da América e do 
caminho para as Índias pelo Pacífico abriram margem para preconceitos de raça e 
cor. No Brasil, o sistema de escravidão enraizou uma cultura de discriminação de 
raças, que até hoje respinga na sociedade, mesmo após a abolição dos escravos.
A Lei Áurea de 1888, em 13 de maio, limitou-se em apenas libertar os 
escravos, sem amparo e sem sustento, pois eles não tinham para onde ir e muito 
menos um trabalho, sendo que alguns até regressavam às grandes fazendas, pois 
não dispunham do básico para viver. 
LICENCIATURAS em foco
27
FIGURA 3 - ESCRAVOS LIBERTOS
FONTE: Disponível em: <http://migre.me/u2wqn>. Acesso em: 25 jul. 2016.
Percebam que a ausência de uma política que valorizasse o futuro dos 
negros escravos ocasionou sérios problemas, que se refletem até os dias atuais. 
Esses escravos não tinham para onde ir, passando assim a ocupar locais de risco, 
sofrendo fome, discriminação e violência. 
(...) após a assinatura da Lei Áurea, não houve uma orientação 
destinada a integrar os negros às novas regras de uma socie-
dade baseada no trabalho assalariado. Esta é uma história de 
tragédias, descaso, preconceitos, injustiças e dor. Uma 
chaga que o Brasil carrega até os dias de hoje (MARINGONI, 
2011, s.p).
Hoje estamos colhendo os frutos da estrutura política de uma época em 
que os direitos humanos não estavam em pauta. O mais alarmante é que pesquisa 
desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2011, 
ressalta que a discriminação para com o negro aqui no Brasil é du plamente sofrida, 
por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Se já não bastasse o 
preconceito da cor, ainda precisam conviver com o preconceito por sua situação 
econômica, fato este que só aumenta as desigualdades sociais no país.
Estudo desenvolvido por Ciconello (2008) aponta que as desigualdades 
sociais partem principalmente da discriminação racial.
LICENCIATURAS em foco
28
Essas desigualdades são resultado não somente da dis-
criminação ocorrida no passado, mas também de um processo 
ativo de preconceitos e estereótipos raciais que legitimam, 
quotidianamente, procedimentos discrimina tórios (CICONELLO, 
2008, p. 13).
Você acredita que é possível erradicar a discrepância social aqui no Brasil? 
Algumas ações indicam que isso é possível. Essa cultura discriminatória vem sendo 
combatida não só aqui no Brasil, como em todo o mundo.
Medidas estão sendo tomadas com o objetivo de resgatar valores e culturas 
perdidos por práticas discriminatórias; exemplo disso é a Lei n. 9.394, Art. 26-A, de 
20 de dezembro de 1996.
Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais 
e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e 
Cultura Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste 
artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a 
luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na 
formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do 
povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentesà História do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro -Brasileira 
serão ministrados no âmbito de todo o currí culo escolar, em es-
pecial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História 
Brasileiras (BRASIL, 2003).
Como você viu, há amparo na lei, que tenta, de alguma forma, trazer esses 
conhecimentos que fizeram parte um dia da vida de nossos antepassados, com o 
intuito de resgatar a cultura, pois é considerado um patrimônio da história mundial. 
A valorização desta cultura é uma questão de inclusão, de ética e compromisso 
com gerações castigadas pela discriminação. Por conta disso, há programas 
desenvolvidos pelo governo que tentam suprir essa “deficiência” nas escolas. O 
Programa Ética e Cidadania, construindo valores na escola e na sociedade, é um 
Programa de Desenvolvimento Profissional Continuado desenvolvido pelo MEC, 
que tem por objetivo criar subsídios para um trabalho voltado à democracia, à ética, 
à cidadania e à justiça.
LICENCIATURAS em foco
29
Para isso, propõe a criação dos Fóruns Escolares de Ética e 
de Cidadania nas escolas, nos municípios e nos estados, e 
buscará instrumentalizar a ação dos profissionais da educação 
envolvidos em sua implementação nas escolas participantes, por 
meio de recursos didáticos e materiais pedagógicos adequados 
(BRASIL, 2007, p. 4).
Esses programas defendem a reeducação de uma sociedade mais justa e 
democrática. No entanto, é preciso entender que os programas por si só não educam, 
muito menos alteram práticas discriminatórias. Somos nós, os envolvidos com a 
educação, em parceria com as políticas públicas, que acionamos os programas.
Uma pesquisa relevante para este estudo, promovida pelo Ministério da 
Educação (MEC) por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetiza-
ção e Diversidade (SACAD) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira, é a Pesquisa Nacional “Diversidade na Escola Sumário 
Executivo”, que objetivou responder o que já se cogitava nas comunidades, a 
respeito da discriminação e sua relação com o desempenho escolar dos alunos. 
Os resultados demonstraram que nas escolas em que há práticas preconceituosas 
e discriminatórias há maior tendência para o baixo rendimento escolar. De acordo 
com Brasil (2009, p. 12):
A literatura e experiências mostram que a mudança desse 
ambiente discriminatório marcadamente dissi mulado leva mui-
tos e muitos anos, possivelmente até gerações. No entanto, é 
preciso iniciar e potencializar esse processo por meio de ações 
corajosas, envolvendo disseminação de informações (condição 
necessária, mas não suficiente para a promoção de mudanças), 
reali zação de ações específicas e pontuais, implementação de 
planos que visem à mudança de comportamento e, principalmen-
te, a longo prazo, ações que promovam a mudança de atitudes 
dos agentes escolares em relação à percepção da diversidade.
A partir dessa pesquisa, ponderamos sobre a responsabilidade da escola 
de reconhecer e valorizar os sujeitos negados, tornando possível o respeito às 
diferenças. Todavia, o desafio de articular currículos e conteúdos a uma prática para 
a diversidade pode parecer uma tarefa complexa para alguns professores. Nesse 
sentido, esclarece Candau (2011, p. 342):
Esta tarefa passa por processos de diálogo entre diferentes 
LICENCIATURAS em foco
30
conhecimentos e saberes, a utilização de pluralidade de lingua-
gens, estratégias pedagógicas e recursos didáticos, a promoção 
de dispositivos de diferenciação pedagógica e o combate a toda 
forma de preconceito e discriminação no contexto escolar.
A inclusão como prática que valoriza a diversidade dos saberes é ainda 
uma conquista. Para alcançá-la é necessário alterar os currículos, capacitar os 
professores e todos os envolvidos com a educação, inclusive os pais e a comunidade, 
pois é preciso romper o preconceito instaurado na sociedade, e esse é um desafio 
de todos e para todos. 
Nesse contexto, uma das questões desenvolvida para o ENADE (Exame 
Nacional de Desempenho de Estudante) de 2014 para o curso de Pedagogia aborda 
o tema em discussão, a qual demonstra a preocupação do Estado em envolver 
no currículo da Educação Básica estudos sobre uma cultura bastante fragilizada.
ENADE PEDAGOGIA 2014
A Educação Básica, por constituir um momento privilegiado em que a 
igualdade cruza com a equidade, tomou a si a finalização legal do atendimento 
a determinados grupos sociais, como pessoas portadoras de necessidades 
educacionais especiais e os afrodescendentes, que devem ser sujeitos de uma 
desconstrução de estereótipos, preconceitos e discriminações, tanto pelo papel 
do socializador da escola quanto pelo seu papel de ensino-aprendizagem do 
conhecimento científico. 
FONTE: CURY, C. R. J. A educação básica como direito. Caderno de Pesquisa, v. 38, n. 134, 
maio/ago. 2008, p. 300 (adaptado). 
O texto acima confirma o que preconiza a Lei nº 10.639/2003, a qual 
altera o art. 26 da Lei nº 9.394/1996 (LDB) no que se refere aos conteúdos 
curriculares para a Educação Básica. Tomando como referência o texto 
apresentado e o conteúdo da Lei nº 10.639/2003, avalie as afirmações a seguir:
I. O ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena deve 
fazer parte do cotidiano das escolas de maneira articulada 
com as disciplinas ofertadas.
LICENCIATURAS em foco
31
II. Os estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, 
públicos e privados, conforme previsto na Lei nº 10.639/2003, 
devem priorizar o estudo da história e da cultura afro-
brasileira e indígena na áreas de educação artística e 
geografia.
III. No ensino de história e de cultura afro-brasileira e indígena 
devem ser incluídos, entre outros aspectos, conhecimentos 
relativos à cultura negra brasileira e ao papel do negro na 
formação da sociedade nacional.
IV. No ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena 
deve-se destacar a contribuição dos negros nas áreas social, 
econômica e política de história do Brasil.
É correto apenas o que se afirma em:
A I.
B II e IV.
C I, II e III.
D I, III e IV.
E II, III e IV.
Resposta correta: D
FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2014/36_
pedagogia.pdf>. Acesso em: 13 maio 2016.
RESPOSTA COMENTADA PROVA ENADE: Acesse agora mesmo com seu 
smartphone através do QrCode e aproveite o vídeo da questão:
LICENCIATURAS em foco
32
Conforme apontam as opções I, II e IV, podemos perceber que há um olhar 
atencioso por parte das políticas públicas em educação, no respeito à diversidade em 
seu conceito amplo. Essa preocupação faz surgir também novas leis e programas 
que atendem essa problemática abrigada de preconceitos, discriminações e 
agressões a um povo oprimido, seja por uma característica cultural, física, linguística 
ou de gênero. Constatado na Lei nº 13.005 do Art. 2º, inciso III, no qual estabelece 
a eliminação das desigualdades no âmbito educativo, promovendo a cidadania 
e a erradicação da discriminação. Consta também neste mesmo artigo, inciso X, 
a ascensão dos princípios na valorização aos direitos humanos, no que tange à 
diversidade e à sustentabilidade socioambiental. Na continuidade da análise da 
Lei, rege o artigo 7 que:
§ 4º Haverá regime de colaboração específico para a imple-
mentação de modalidades de educação escolar que necessitem 
considerar territórios étnico-educacionais e a utilização de estra-
tégias que levem em conta as identidades e as especificidades 
socioculturais e linguísticas de cada comunidade envolvida, 
assegurada a consulta prévia e informada a essa comunidade 
(BRASIL, 2014, p. 46)
A preocupação também se estende à população isolada, como se confirma 
no Artigo 8, inciso II, no qual institui o atendimento às demandas específicas do povo 
do campo e dos grupos indígenas e quilombolas, assegurando odireito à educação 
e a diversidade cultural. Nesse sentido, a miscigenação humana vem sendo pauta 
de constantes debates e os conceitos sobre o assunto se ressignificam em função 
das ideias dos diferentes autores quanto à noção de raça e diferenças raciais. 
Pesquisas educacionais têm demonstrado quanta influência exerce a 
questão do preconceito entre gêneros e raças no desempenho escolar, bem como 
na formação da identidade. Diante dessa realidade, torna-se imprescindível o 
cuidado com a postura do profis sional da educação, em especial aquele que está 
diariamente com o aluno, colaborando (positivamente ou não) para a construção 
de sua identidade. Essa identidade implica uma relação com as diferenças.
Práticas que valorizem a diversidade, com respeito à identidade de cada 
sujeito, representam um trabalho pautado numa concepção de valores humanos, que 
LICENCIATURAS em foco
33
prima pela cidadania, em busca do respeito às etnias e suas diferenças culturais; 
as diferenças sociais e econômicas. Portanto, não é suficiente falar do respeito 
se nas atitudes é manifestado o preconceito. O docente e todo o ambiente 
educativo precisam conscientizar-se para que a ação esteja coerente com o 
discurso. Nesse sentido, devemos compreender, segundo Mantoan (2003, p. 53):
A escola, para muitos alunos, é o único espaço de acesso aos 
conhecimentos. É o lugar que vai proporcionar-lhes condições 
de se desenvolverem e de se tornarem cida dãos, alguém com 
uma identidade sociocultural que lhes conferirá oportunidades 
de ser e de viver dignamente.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais consta que “para viver democrati-
camente em uma sociedade plural, é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas 
que a constituem” (BRASIL, 1997, p. 27). Os PCN trazem a seguinte informação a 
respeito da pluralidade cultural:
A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, 
como por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migra-
ções colocam em contato grupos dife renciados. [...] O grande 
desafio da escola é investir na superação da discriminação e dar 
a conhecer a riqueza representada pela diversidade etnocultural 
que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando 
a traje tória particular dos grupos que compõem a sociedade. 
Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo, de apren-
der a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as 
diferentes formas de expressão cultural (BRASIL, 1997, p. 27).
Conferimos também que a Lei nº 13.005, a qual aprova o novo PNE (Plano 
Nacional de Educação), prevê metas e estratégias para o período de 2014/24, que 
têm impacto no cumprimento de ações que envolvem a valorização da diversidade 
nos aspectos culturais, sociais, pautados nos direitos humanos. A partir daí, 
conforme consta na meta 7 deste mesmo plano, buscam a promoção da qualidade 
da educação, com avanço do andamento escolar e na aprendizagem, atingindo as 
consequentes médias nacionais para o Ideb: 
LICENCIATURAS em foco
34
QUADRO 4 - MÉDIAS NACIONAIS PARA O IDEB (META 7 DO PNE)
IDEB 2015 2017 2019 2021
Anos iniciais 
do Ensino 
Fundamental
5,2 5,5 5,7 6,0
Anos finais 
do Ensino 
Fundamental
4,7 5,0 5,2
5,5
Ensino Médio 4,3 4,7 5,0
5,2
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/pne-meta-7-691920.
shtml>. Acesso em: 14 maio 2016
Para atingir tal meta, pontuou-se a necessidade de estabelecer estratégias, 
sendo que apresentaremos no decorrer deste tópico somente as que estão 
relacionadas à diversidade:
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, 
diretrizes pedagógicas para a Educação Básica e a base nacional 
comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem 
e desenvolvimento dos alunos para cada ano do Ensino Funda-
mental e Médio, respeitada a diversidade regional, estadual 
e local (OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, s.p., grifos nossos).
Conforme destacamos na estratégia acima, há o reconhecimento de que 
para elevar os índices educativos é necessário o respeito à diversidade, seja ela 
regional, estadual ou local, pois a diferença de regiões ou mesmo municípios 
implica variações linguísticas, de contextos sociais e modos de vida diferenciados. 
Entretanto, é o fazer de cada professor em sua sala de aula que proverá essa 
ação em prol da qualidade e igualdade na educação. Cabendo ainda ao professor 
compreender que:
A cultura de um povo envolve seus modos de viver, seus siste-
mas de valores e crenças, seus instrumentos de trabalho, seus 
tipos de organização social, seja ela familiar, econômica, edu-
LICENCIATURAS em foco
35
cacional, trabalhista, institucional, política ou religiosa, além de 
todas as dimensões éticas e estéticas, bem como seus modos 
de pensar e fazer (MORAES, 2010, p. 121).
Para tanto, os projetos educacionais devem apresentar uma perspectiva 
inclusiva, que direcione o aprendiz a evoluir com a correspondência dos diferentes 
saberes e culturas.
Conforme o Observatório do PNE (2013, s.p.), “desenvolver indicadores 
específicos de avaliação da qualidade da educação especial, bem como da qualidade 
da educação bilíngue para surdos”, é uma estratégia pautada nos direitos humanos, 
que defende a educação para todos. No vislumbre da qualidade, devemos ter em 
mente que o desafio é grande e necessita do apoio não somente do governo e 
atores educativos, mas dos docentes e comunidade envolvida.
7.13) garantir transporte gratuito para todos os estudantes 
da educação do campo na faixa etária da educação escolar 
obrigatória, mediante renovação e padronização integral da frota 
de veículos, de acordo com especificações definidas pelo Insti-
tuto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO 
-, e financiamento compartilhado, com participação da União 
proporcional às necessidades dos entes federados, visando a 
reduzir a evasão escolar e o tempo médio de deslocamento a 
partir de cada situação local (OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, 
s.p., grifos nossos).
Essa ação colabora para, além do acesso ao estudante do campo à 
educação, a valorização de uma cultura do campo, aproximando os contextos 
sociais, promovendo a diversidade como forma de aprendizagem e integração de 
culturas. Assim, segundo o Observatório do PNE (2013, s.p.), deve-se “desenvolver 
pesquisas de modelos alternativos de atendimento escolar para a população do 
campo que considerem as especificidades locais e as boas práticas nacionais e 
internacionais”.
Ao reintegrar a população do campo, deve-se dispor de estratégias que 
valorizem o seu contexto, considerando as condições locais, com base numa 
perspectiva inclusiva. Todavia, é necessário aprender a aprender, tanto a população 
do campo quanto a urbana, numa relação intercultural.
LICENCIATURAS em foco
36
É preciso colocar o conhecimento à disposição do maior nú-
mero possível de pessoas, criando um ambiente que seja não 
só de comunicação, mas que também atue como ferramenta 
instigadora, que colabore para uma reflexão crítica, para o 
desenvolvimento da pesquisa, que facilite uma aprendizagem 
contínua, permanente e autônoma. (MORAES, 2010, p. 121).
Trazer aos conteúdos escolares a cultura indígena e afro-brasileira é 
permitir o reconhecimento da nossa própria história, valorizando nosso passado, 
compreendendo nosso presente, buscando assim contribuir para uma sociedade 
inclusiva e mais humana.
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a his-
tória e as culturas afro-brasileira e indígena e implementar 
ações educacionais, nos termos das Leis n. 10.639, de 9 de 
janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008, asseguran-
do-se a implementação das respectivas diretrizes curriculares 
nacionais, por meio de ações colaborativas com fóruns de 
educação para a diversidade étnico-racial, conselhos escolares, 
equipes pedagógicase a sociedade civil (OBSERVATÓRIO DO 
PNE, 2013, s.p., grifos nossos).
Nesse sentido, o combate à discriminação começa por uma educação 
consciente e crítica. Para tanto, é necessário o entendimento global de nossa história, 
que por muitos anos foi camuflada sutilmente pelos livros didáticos de uma época. 
Hoje, com a globalização tecnológica, a informação corre numa velocidade em tempo 
real. O que acontece neste instante o mundo recebe em questão de um estalar de 
dedos. É por isso que formar cidadãos críticos frente a essa nova era tecnológica 
é tão necessário quanto urgente, pois se antes conhecíamos a história pelos livros 
didáticos, pelo contexto, muitas vezes limitados do autor, hoje se conhece pelas 
mídias e, sendo assim, há muita informação distorcida, manipulada e questionável. 
7.26) consolidar a educação escolar no campo de popula-
ções tradicionais, de populações itinerantes e de comuni-
dades indígenas e quilombolas, respeitando a articulação 
entre os ambientes escolares e comunitários e garantindo: 
o desenvolvimento sustentável e preservação da identidade 
cultural; a participação da comunidade na definição do mo-
delo de organização pedagógica e de gestão das instituições, 
consideradas as práticas socioculturais e as formas particula-
res de organização do tempo; a oferta bilíngue na educação 
infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em língua 
materna das comunidades indígenas e em língua portuguesa; 
LICENCIATURAS em foco
37
a reestruturação e a aquisição de equipamentos; a oferta de 
programas para a formação inicial e continuada de profissio-
nais da educação; e o atendimento em educação especial. 
(OBSERVATÓRIO DO PNE, 2013, s.p., grifos nossos).
Implementar uma política de inclusão é muito mais que permitir o acesso 
aos sujeitos negados, é pensar e estruturar condições para que essa inclusão saia 
do papel e verdadeiramente se aplique. Para tanto, esta estratégia preconiza o 
respeito à rotina da população tanto do campo, quanto indígena e quilombolas, 
organizando situações de aprendizagem que se articulem junto às culturas dessas 
comunidades, desde a estruturação física até a pedagógica, atendendo assim à 
diversidade.
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas espe-
cíficas para educação escolar para as escolas do campo e 
para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os 
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunida-
des e considerando o fortalecimento das práticas socioculturais 
e da língua materna de cada comunidade indígena, produzindo 
e disponibilizando materiais didáticos específicos, inclusive 
para os alunos com deficiência (OBSERVATÓRIO DO PNE, 
2013, s.p., grifos nossos).
Esta estratégia enfatiza uma educação sensível aos contextos de cada 
cultura, suas especificidades e demandas. Valoriza práticas que fortalecem a 
língua materna, que por muitos anos foi desvalorizada por conta de um sistema de 
currículo único e desarticulado da realidade. Hoje corre-se atrás dos prejuízos que 
um sistema educativo trouxe para comunidades mais fragilizadas. É preciso elevar 
a qualidade conforme a meta 7 estabelece, porém:
As políticas e as estratégias adotadas voltadas para melhorias 
da qualidade educativa devem estar estritamente adaptadas 
ao contexto local, serem flexíveis no sentido de incorporar as 
mudanças necessárias requeridas pelo contexto e pela cultura 
local. A busca da qualidade educativa envolve a existência de 
processos que facilitem os mais diferentes diálogos, não apenas 
entre alunos, professores e comunidade escolar, mas também 
o diálogo do homem e da mulher com o seu contexto, com a 
sua realidade, com a cultura rica em sistemas simbólicos. É a 
qualidade do diálogo entre o sujeito e o seu mundo que o torna 
um sujeito histórico (MORAES, 2010, p.196).
LICENCIATURAS em foco
38
Acompanhe a seguir a leitura complementar que trata dos desafios de uma 
educação intercultural, pautada nos direitos humanos: 
------ [LEITURA COMPLEMENTAR] ------ 
EDUCAÇÃO INTERCULTURAL E DIREITOS HUMANOS: 
CONSTRUINDO CAMINHOS 
Estamos, como educadores, desafiados a promover processos de 
desconstrução e de desnaturalização de preconceitos e discriminações que 
impregnam, muitas vezes, com caráter difuso, fluido e sutil, as relações sociais e 
educacionais que configuram os contextos em que vivemos.
A naturalização é um componente que faz em grande parte invisível e 
especialmente complexa esta problemática, que invade e povoa nossos imaginários 
individuais e sociais com relação aos diferentes grupos socioculturais. Trata-se de 
questionar esta realidade. Também é fundamental desvelar e questionar os sentidos 
de igualdade e diferença que permeiam os discursos educativos. Outro aspecto 
imprescindível é problematizar o caráter monocultural e o etnocentrismo que, 
explícita ou implicitamente, estão presentes na escola e impregnam os currículos 
escolares. Perguntar-nos pelos critérios utilizados para selecionar e justificar os 
conteúdos escolares. 
Desestabilizar a pretensa “universalidade” dos conhecimentos, valores e 
práticas que configuram as ações educativas e promover o diálogo entre diversos 
conhecimentos e saberes. Estamos desafiados também a reconhecer e a valorizar 
as diferenças culturais, os diversos saberes e práticas, e a afirmar sua relação com 
o direito à educação de todos. Reconstruir o que consideramos “comum” a todos 
e todas, garantindo que nele os diferentes sujeitos socioculturais se reconheçam, 
possibilitando assim que a igualdade se explicite nas diferenças que são assumidas 
como comum referência, rompendo dessa forma com o caráter monocultural da 
cultura escolar. Outro aspecto que consideramos fundamental se relaciona com 
o resgate dos processos de construção das identidades culturais, tanto no nível 
pessoal como coletivo.
LICENCIATURAS em foco
39
Um elemento importante nesta perspectiva são as histórias de vida dos 
sujeitos e das diferentes comunidades socioculturais. É importante que se opere com 
um conceito dinâmico e histórico de cultura, capaz de integrar as raízes históricas 
e as novas configurações, evitando-se uma visão das culturas como universos 
fechados e em busca do “puro”, do “autêntico” e do “genuíno”, como uma essência 
preestabelecida e um dado que não está em contínuo movimento. 
Um último núcleo de desafios que gostaria de assinalar tem como eixo 
fundamental promover experiências de interação sistemática com os “outros”. 
Para sermos capazes de relativizar nossa própria maneira de situarmo-nos diante 
do mundo e atribuir-lhe sentido, é necessário que experimentemos uma intensa 
interação com diferentes modos de viver e se expressar. Não se trata de momentos 
pontuais, mas da capacidade de desenvolver projetos que suponham uma dinâmica 
sistemática de diálogo e construção conjunta entre diferentes pessoas e/ou grupos 
de diversas procedências sociais, étnicas, religiosas, culturais etc. 
Também estamos chamados a favorecer processos de “empoderamento”, 
tendo como ponto de partida liberar a possibilidade, o poder, a potência que cada 
pessoa tem para que possa ser sujeito de sua vida e ator social. O “empoderamento” 
tem também uma dimensão coletiva, apoia grupos sociais minoritários, 
discriminados, marginalizados etc., favorecendo sua organização e participação 
ativa em movimentos da sociedade civil. 
As ações afirmativas são estratégias que se situam nesta perspectiva. 
Visam a melhores condições de vida para os grupos marginalizados, à superação 
do racismo, da discriminação de gênero, de orientação sexual e religiosa, assim 
como das desigualdades sociais.
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v33n118/v33n118a15.pdf> Acesso em: 5 jun. 
2016.
LICENCIATURAS em foco
40
DIC
AS!
Literatura afro-brasileira 
Literaturas que valorizam a diversidade étnica e cultural

Outros materiais