Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clique para editar o estilo do título mestre Clique para editar o estilo do subtítulo mestre * * * Poema * * * Poema x Poesia Poema está ligado à forma, é um texto em verso. * * * Poema x Poesia Poesia está ligada à temática, não é necessariamente um texto, mas tudo (paisagens, imagens, textos) que remetem a sentimentos, sensações, emoções. * * * Verso e estrofe O Último Poema Manuel Bandeira Assim eu quereria o meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação * * * Verso Verso é uma sucessão de sílabas que integram em geral uma linha do poema No poema de Manoel Bandeira apresentado há seis versos * * * Estrofe Estrofe é um agrupamento de versos No poema exposto anteriormente, há uma única estrofe * * * De acordo com o número de versos por estrofe, podemos ter um: * * * Dístico (dois versos por estrofe); Terceto (três versos); Quadra ou quarteto (quatro versos); Quintilha ( cinco versos); * * * Sexteto ou sextilha (seis versos); Sétima ou septilha (sete versos); Oitava (oito versos); Nona (nove versos); Décima (dez versos). * * * Formas fixas Uma das composições de forma fixa mais conhecidas é o soneto; No soneto os versos são agrupados em duas quadras e dois tercetos. * * * Veja alguns sonetos Soneto do Amor Total Vinicius de Moraes Amo-te tanto meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te enfim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. * * * Soneto de Fidelidade Vinicius de Moraes De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa dizer do meu amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. * * * Soneto de separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Vinícius de Moraes * * * Métrica A métrica é a medida dos versos, o número de sílabas poéticas apresentadas pelos versos. A divisão dos versos em sílabas poéticas é chamado de escansão. * * * Métrica A escansão poética tem por base a oralidade, então obedece a princípios diferentes da divisão silábica gramatical: as vogais átonas são agrupadas numa única sílaba, e a contagem silábica deve ser feita até a última tônica de cada verso. * * * Métrica Que/ mes/mo em/ fa/ce/ do/ mai/or/ en/can/to Soneto da fidelidade (trecho) Vinicius de Moraes * * * Ritmo O ritmo do poema é determinado pela alternância de sílabas acentuadas e não acentuadas, pela maior ou menor intensidade das sílabas ao serem pronunciadas. * * * Rima A rima é baseada na semelhança sonora de palavras. E pode ser externa, quando a rima ocorre no final dos versos, ou interna, quando a rima se dá no interior dos versos. * * * A rima é obrigatória? Na poesia moderna, a rima não é tão cobrada em poemas como já foi em outras épocas. Portanto, a rima pode ou não ser empregada. * * * Rima As rimas externas classificam-se como: Intercaladas (ABBA); Versos Íntimos (trecho) Augusto dos Anjos Vês! Ninguém assistiu ao formidável (A) Enterro de tua última quimera. (B) Somente a Ingratidão - esta pantera – (B) Foi tua companheira inseparável! (A) Acostuma-te à lama que te espera! (B) O Homem, que, nesta terra miserável,(A) Ora, entre feras, sente inevitável (A) Necessidade de também ser fera.(B) * * * Alternadas (ABAB); Soneto da separação (trecho) Vinicius de Moraes De repente da calma fez-se o vento (A) Que dos olhos desfez a última chama (B) E da paixão fez-se o pressentimento (A) E do momento imóvel fez-se o drama. (B) * * * Emparelhadas (AABB). Fim (Letícia Cordeiro) O amor acabou (A) A vida desmoronou (A) Meu coração partiu (B) Você me feriu (B) * * * Verso branco Os versos que não possuem rima são chamados de versos brancos. * * * Neologismo Manuel Bandeira Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo Teadoro, Teodora. * * * Rima Sobre os versos brancos, veja o que escreveu Patativa do Assaré, famoso poeta nordestino: * * * Aos poetas clássicos (trecho) Patativa do Assaré (...) tem sabô a leitura, Parece uma noite iscura Sem istrela e sem luá. Se um dotô me perguntá Se o verso sem rima presta, Calado eu não vou ficá, A minha resposta é esta: — Sem a rima, a poesia Perde arguma simpatia E uma parte do primô; Não merece munta parma, É como o corpo sem arma E o coração sem amô. Meu caro amigo poeta, Qui faz poesia branca, Não me chame de pateta Por esta opinião franca. Nasci entre a natureza, Sempre adorando as beleza Das obra do Criadô, Uvindo o vento na serva E vendo no campo a reva Pintadinha de fulô. Sou um caboco rocêro, Sem letra e sem istrução; O meu verso tem o chêro Da poêra do sertão; Vivo nesta solidade Bem destante da cidade Onde a ciença guverna. Tudo meu é naturá, Não sou capaz de gostá Da poesia moderna. Deste jeito Deus me quis E assim eu me sinto bem; Me considero feliz Sem nunca invejá quem tem Profundo conhecimento. Ou ligêro como o vento Ou divagá como a lesma, Tudo sofre a mesma prova, Vai batê na fria cova; Esta vida é sempre a mesma. O texto acima foi extraído de livreto de cordel de mesmo título, sem dados para identificação. * * * Poema concreto O poema também pode explorar o recurso visual. Isso ocorre quando o poeta organiza os versos de modo incomum a fim de mostrar o formato de alguma coisa, ou explorar as letras criando novos sentidos. * * * Imagem (Arnaldo Antunes) Palavra Paisagem Cinema Cena Cor Corpo Luz Vulto Alvo Céu Célula Detalhe Imagem Olho Lê Contempla Assiste Vê Enxerga Observa Vislumbra Avista Mira Admira Examina Nota Fita Olha * * * Devolva-me (Sônia Godoy) AS AS AS retirado de www.recantodasletras.com.br/visualizar* * * Escrito por Sandra Mamede retirado de retirado de www.recantodasletras.com.br/visualizar v i v a m o s como o s g a n s o s * * * Outros recursos sonoros Aliteração: repetição constante de um mesmo fonema consonantal Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos vilões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas Cruz e Sousa. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1982 * * * Assonância:repetição constante de um mesmo fonema vocálico A onda (Manuel Bandeira) a onda anda aonde anda a onda? a onda ainda ainda onda ainda anda aonde? aonde? a onda a onda * * * Paranomásia: emprego de palavras semelhantes na forma ou no som, mas com sentidos diferentes, próximas umas das outras Como um eco que vem na aragem A esturgir, rugir e mugir, O lamento das quedas d´água! (Manuel Bandeira) * * * Esta exposição tem por base referencial o livro de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães: Português Linguagens (literatura- produção de texto – gramática) volume1, da Editora Atual, editado em 2004.
Compartilhar