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ELABORAÇÃO DE ROTEIROS TURÍSTICOS AULA 3 Profª Daniella Pereira Barbosa 2 CONVERSA INICIAL Olá! Nesta aula, vamos tratar da primeira etapa dos aspectos práticos da elaboração de roteiros. Entenderemos quais os componentes necessários para construir um roteiro turístico com fins comerciais e como isso se diferencia dos roteiros destinados a atrair turistas para a visitação em determinada localidade ou atrativo. Ao final da aula, esperamos que você seja capaz de elencar os componentes indispensáveis à elaboração de um roteiro turístico e já consiga desenhar o esboço inicial de roteiros diversos, como os apresentados nos exemplos. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Você gosta de viajar? Para trabalhar com turismo, essa é uma condição indispensável, além do interesse em conhecer hábitos e culturas diferentes da nossa, seja dentro do próprio país, seja em outras partes do mundo. Imagine que teremos que fazer uma visita técnica, e o destino escolhido é Brasília. Para quem não conhece a capital federal, tudo será novidade; já para aqueles que visitaram esse destino (ou mesmo vivem ali), o desafio será olhar para a cidade com um pouco mais de curiosidade, a fim de identificar novas experiências que ela pode oferecer. Podemos nos perguntar: o que mais temos para visitar em Brasília, além dos prédios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer e o Lago Paranoá? A resposta vai depender do tipo de experiência que cada um quer vivenciar na cidade. Alguns vão se interessar mais pela história e pela arquitetura; outros, por política, e vão querer fazer o passeio guiado pelo Congresso Nacional. Há também quem deseje conhecer lugares alternativos na cidade, e ainda outros que vão focar um roteiro basicamente gastronômico pelos bares, cafés e restaurantes. Por isso, vamos iniciar nossa reflexão com o seguinte questionamento em mente: qual o tipo de roteiro turístico escolheríamos fazer em Brasília? 3 TEMA 1 – COMPONENTES E ELABORAÇÃO Começamos este tema com uma pergunta que também guiará nossos estudos: roteiro turístico e pacote turístico são sinônimos? Ou seja, têm o mesmo significado? A resposta correta é... não! Roteiro turístico e pacote turístico não são a mesma coisa. Isso tem que ficar bem claro, uma vez que serão pensados e desenvolvidos de forma distinta. Stefani (2014) lembra que um não depende do outro, porém os roteiros de turismo poderão ser comercializados em forma de pacote turístico. Antigamente, os roteiros turísticos eram comercializados basicamente em forma de pacotes turísticos, porém, com a diversificação dos produtos turísticos trazidos principalmente pelas oportunidades oferecidas pela internet, hoje isso acontece de forma avulsa. Posteriormente, trataremos, com mais detalhes, da elaboração de roteiros comerciais, mas aqui vamos conhecer as bases para a elaboração deste tipo de roteiro. Já estudamos a definição de roteiro turístico e sabemos que necessariamente ele prevê a realização de atividades em determinado destino. Segundo Stefani (2014), a contratação de alguns equipamentos e serviços é necessária para transformar esse roteiro em um pacote. Esses preços e serviços, cujos preços individuais somam o valor final do pacote de turismo a ser comercializado, são chamados de componentes. A autora explica que os pacotes incluem diversos tipos de serviços necessários à execução da viagem: meio de transporte, guias de turismo, hospedagem, seguro-viagem, serviços diversos de receptivo e outros. Esses pacotes podem ou não ter um roteiro turístico agregado, ou seja, o agente de turismo pode vender um pacote de viagem aos clientes com os serviços básicos (passagem aérea, hospedagem, traslado aeroporto/hotel/aeroporto e seguro- viagem, por exemplo), mas não incluir uma programação específica sobre o que visitarão no destino. Vale lembrar que todos os componentes de um pacote turístico devem ser analisados em função das características do roteiro de turismo e do público-alvo. Além disso, ressaltamos ainda que existem diversos prestadores de serviços para um mesmo componente do pacote, daí ganha importância o elaborador de roteiros turísticos ou agente de viagens, que vão analisar a melhor opção. 4 Em termos didáticos, podem ser considerados componentes de um pacote turístico todos os produtos e serviços vendidos aos passageiros por uma agência de viagens, conforme podemos observar no Quadro 1. Quadro 1 – Componentes mais comuns inclusos nos pacotes turísticos Meios de transporte Normalmente o local de origem e o destino da viagem definem o meio de transporte a ser utilizado, que pode ser avião, carro, barco, ônibus e outros. Pontos a serem considerados ao escolher o meio de transporte: distância a ser percorrida; tempo de deslocamento; duração total da viagem; relação custo-benefício, tendo em vista o número de pessoas que irão viajar juntas; e existência ou não de estacionamento nos locais de parada. Meios de hospedagem Verificar a classificação e as características dos meios de hospedagens disponíveis, os quais podem incluem pousadas, campings, hostels, resorts e hotéis de várias categorias. Alimentação Definir quais refeições estarão inclusas no pacote turístico. Verificar se/quais refeições estão inclusas na diária do meio de hospedagem, se há, no destino, restaurantes de comida típica que merecem uma visita. Em caso de utilizar transporte terrestre, pensar nos lanches servidos a bordo ou nos locais de parada para as refeições ao longo do trajeto. Guias de turismo Lembrar que, em algumas localidades, a contratação de um guia de turismo credenciado para acompanhar o passeio é obrigatória. Seguro de viagem A inclusão de um seguro de viagem é essencial para evitar gastos extras com saúde, acidentes e extravio de bagagens etc. Algumas seguradoras oferecem planos específicos a quem vai viajar para a prática de esportes ou para a Europa, por exemplo, que exige uma cobertura médica mínima de 30 mil euros em caso de doença ou acidente. Fonte: Adaptado de Stefani, 2014, p. 98-100. Vaz (2001) afirma que o roteiro turístico é a descrição das atividades programadas no pacote, dia por dia e período por período da viagem. Quando tratamos a elaboração de roteiros pela perspectiva das operadoras e agências de turismo, ou seja, com a finalidade de comercialização de um pacote turístico, essa descrição se encaixa perfeitamente. No entanto, é muito importante lembrar que a elaboração de roteiros pode ser vista também sob a ótica da oferta/destino, ou seja, com a finalidade de criar um produto que irá receber a visitação de turistas. Para Richter et al. (2016), é preciso que os roteiros turísticos criados para determinada região sejam suficientemente bem elaborados, objetivando um fluxo turístico contínuo. Ao se elaborar um roteiro para determinada localidade ou atrativo é preciso ter em mente alguns componentes, conforme indicado no Quadro 2. 5 Quadro 2 – Componentes na elaboração de roteiro a ser ofertado no destino Levantamento das ações necessárias para a implementação do roteiro turístico Identificar as carências da região em que será implantado o roteiro no que se refere à infraestrutura turística e de apoio ao turismo; qualificação dos equipamentos e serviços turísticos; capacitação específica e eventuais empecilhos para sua implantação, como aspectos legais, ambientais, políticos e sociais. Precificação e teste do roteiro turístico Essa fase é iniciada assim que as atividades do roteiro e os locais a serem visitados estiverem definidos.O preço de venda do roteiro acaba partindo na iniciativa privada. A precificação deve levar em consideração os custos de operacionalização, o lucro pretendido e a concorrência existente. Qualificação dos serviços turísticos Refere-se à capacidade do roteiro em atender às exigências e expectativas dos turistas. Para qualificar os serviços e os equipamentos, é preciso cadastrar, classificar e fiscalizar os prestadores de serviços turísticos. É uma medida importante para verificar se os padrões de qualidade estão sendo alcançados ou se os serviços necessitam de melhoria. Promoção e comercialização A iniciativa privada é a principal responsável pelas ações de promoção e comercialização no turismo. Mesmo assim, os órgãos governamentais apoiam o processo de roteirização (vamos ver isso em detalhes posteriormente), uma vez que a ampliação e a diversificação da oferta contribuem para o desenvolvimento turístico do país. Monitoria e avaliação Após a elaboração de um roteiro, a última etapa é o acompanhamento sistêmico e continuado da implementação dele, assim como seus eventos de monitoria e avaliação. Fonte: Adaptado de Stefani, 2014, p. 58-60. TEMA 2 – FORMATAÇÃO DE ROTEIROS TURÍSTICOS Agora que já sabemos os diferentes tipos de roteiros turísticos existentes e seus componentes, fica muito mais simples pensar na formatação de um roteiro turístico. A formatação nada mais é do que o processo de planejamento e elaboração de um roteiro, ou seja, o momento que você vai utilizar tudo o que aprendeu até o momento para tirar as ideias da cabeça e desenhar um roteiro turístico. Vale destacar que, ao pensar um roteiro turístico, é preciso ter em mente os seguintes pontos, de acordo com Stefani (2014): Público-alvo (a quem esse roteiro se destina); Objetivos (pode ser um roteiro com um tema generalista ou que desperte o interesse de determinado segmento de mercado); Atrativos, atrações e passeios (são os elementos-base do roteiro, o que de fato faz com que as pessoas tenham interesse em viajar para determinada localidade); Calendário (o planejamento de um roteiro deve levar em consideração as datas festivas, os feriados prolongados e as férias escolares, uma vez que 6 há um aumento no preço dos serviços turísticos nessas épocas, principalmente nos destinos de turismo de lazer); Duração da viagem, datas, locais de saída e chegada e horários (esses elementos devem ser considerados em função do objetivo, do calendário e do público-alvo do roteiro); Análise do itinerário (analisar os locais de interesse que serão visitados, tendo por base a distância da cidade de origem e a distância entre os atrativos); Facilidades para deficientes físicos (para possibilitar que pessoas com deficiência física participem do roteiro, é importante verificar se todos os atrativos e locais a serem visitados são acessíveis e preparados para recebê-las); Condições ambientais (acompanhar as condições climáticas e ambientais do destino que se pretende visitar na época da viagem); Documentação (a documentação definida por alguns países para permitir a entrada de estrangeiros pode ser um empecilho para a viagem; por isso, é muito importante estar atento à necessidade de visto e de certificado internacional de vacinação, à validade do passaporte e a outros documentos que podem ser exigidos). A seguir, você vai encontrar dois exemplos de roteiros turísticos já formatados. Um deles é um roteiro comercial, que entra como um dos componentes de um pacote turístico, e o outro, um roteiro ofertado pelo destino turístico. 2.1 Roteiro para Caldas Novas Quadro 3 – Roteiro turístico para Caldas Novas CALDAS NOVAS (GO) Por seu custo médio e completa infraestrutura hoteleira, esse é um roteiro que movimenta o turismo interno, atraindo o turista convencional, famílias e a turma da terceira idade. Público-alvo Família, casais, grupos de terceira idade, de poder aquisitivo médio. A maioria dos dias é livre para atividades independentes, o que barateia o pacote, pois economiza- se no custo do transporte e nos ingressos para as atrações. Solicitações Para esse tipo de pacote, não há a necessidade de solicitação específica, uma vez que há uma constante demanda. Muitos procuram o município de Caldas Novas, em Goiás, em busca de tratamento para doenças, como reumatismo e artrites, pelos benefícios das águas termais. A cidade possui o maior parque aquático termal do mundo, suas piscinas atingem temperaturas de 40 a 45 oC. Localização Inserir mapa da região no roteiro. (continua) 7 (continuação do Quadro 3) O pacote inclui - Transporte São Paulo/Caldas Novas/São Paulo em ônibus executivo com ar condicionado, serviço de bordo, TV e guia de turismo; - Hotel de primeira categoria; - Café da manhã americano e almoço (MAP); - Serviços grátis de guia para grupos (mínimo cinco pessoas) que organizarem passeios independentes. O pacote não inclui - Extras, bebidas e despesas pessoais como telefonemas, lavanderia etc. Duração Seis dias Detalhamento da viagem 1º dia: partida Embarque para Caldas Novas, com parada para almoço em churrascaria tradicional. Vegetarianos ou pessoas com algum tipo de restrição alimentar devem informar previamente para que as devidas providências sejam tomadas. A chegada em Caldas Novas está prevista para o início da noite. Check in1 e jantar no hotel. 2º dia: Caldas Novas Café da manhã no hotel. Dia livre para passeios pela cidade. Sugere-se relaxar da viagem nas piscinas termais do hotel, onde há almoço para os que desejarem. À noite, sessão opcional de vídeos sobre o poder terapêutico das águas termais. 3º dia: Caldas Novas Café da manhã no hotel. Saída para um city tour de aproximadamente duas horas, com parada para conhecer a Igreja Matriz e a famosa Praça dos Namorados. Retorno para almoço. Tarde e noite livres. Quem desejar ficar no hotel, pode contar com equipes de lazer e recreação. Os que saírem para comprar não devem perder a oportunidade de conhecer os famosos doces caseiros, queijos, licores e artesanatos da região. 4º dia: Caldas Novas Café da manhã no hotel. Dia inteiro livre. Sugerimos aproveitar nossas sugestões de passeios. Há um serviço de vans em frente ao hotel, que oferecem descontos de 20% para quem se identificar como participante da nossa excursão. Almoço no hotel para quem desejar. 5º dia: Caldas Novas Café da manhã no hotel. Dia inteiro livre. Sugerimos aproveitar nossas sugestões de passeios. Opção de excursão ao Rio Quente Resorts, não incluído no pacote. Os interessados devem fazer a reserva até a noite anterior. Saída do hotel às 8h, com retorno previsto no início da noite. 6º dia: retorno Café da manhã no hotel. Check out. Saída para São Paulo com chegada prevista para as 21h. Almoço no percurso. Opções de passeio para os dias livres Lago de Corumbá Um lago artificial que abastece a Hidrelétrica Corumbá I. É um dos pontos mais procurados de Caldas Novas, pois nele é permitida a prática de esportes aquáticos como jet ski e windsurf. Há também passeios de barco com música ao vivo. O lago fica a 10 km do centro de Caldas Novas. Lagoa Quente Local com infraestrutura para camping, com piscinas termais, quadras de areia e sauna. Ali, são encontradas as fontes termais mais quentes da região. Na nascente do Queima Ovo, a água atinge 57 ºC de temperatura. Lagoa Quente fica a 6 km do centro de Caldas Novas. Parque Estadual de Caldas Novas Para conhecer a natureza da região, é indispensável uma visita ao Parque, localizado entre Caldas Novas e o município de Rio Quente. É uma área de preservação ambiental ideal para caminhadas na natureza. Os aventureirospodem realizar a descida de boia pelas corredeiras do rio local. Balneário Municipal Oferece banhos de imersão em banheiras individuais. Após o banho, a dica é o chá de douradinho, com poderes terapêuticos. Rio Quente Resorts Oferece a opção de day use. Nele, o turista compra um ingresso e pode desfrutar toda a infraestrutura do local, que conta com complexos aquáticos, bares aquáticos e toboáguas gigantes, entre várias outras atividades. Fonte: Adaptado de Hollanda, 2004. 1 Atenção para as expressões destacadas neste roteiro. São termos já estudamos anteriormente. 8 2.2 Roteiro turístico Caminhos de Pedra Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, é um bom exemplo de como roteiros podem ser pensados por uma destinação turística com o objetivo de fomentar o fluxo turístico na região. O município formatou cinco roteiros temáticos, entre eles o “Caminhos de Pedra”, pensado com o objetivo de resgatar a herança cultural recebida dos imigrantes italianos. Trata-se de um museu vivo, no qual os descendentes desses imigrantes recebem os visitantes e lhes mostram a autenticidade e a originalidade da sua cultura, gastronomia e arquitetura. O caminho funciona 365 dias por ano, uma vez que o dia de folga de cada estabelecimento é alternado para que os turistas tenham sempre o que visitar na região. Para grupos acima de 15 pessoas, é necessário o agendamento prévio com cada estabelecimento. A rota pode ser percorrida de carro, bicicleta e van. É possível realizar o passeio sozinho ou na companhia de um guia de turismo2. Saiba mais Se você deseja conhecer em detalhes os atrativos que fazem parte do roteiro Caminhos de Pedra, a dica é acessar o site construído para orientar visitantes e turistas. Ali é possível encontrar dicas gastronômicas, mapas, agenda de eventos etc. O endereço é: <www.caminhosdepedra.org.br>. TEMA 3 – ROTEIROS TURÍSTICOS LOCAIS Já vimos que os roteiros podem ser definidos segundo o critério da dimensão, que se refere à sua abrangência espacial e geográfica (Bahl, 2004). Vamos, agora, analisar alguns exemplos de como isso se aplica. A primeira modalidade apresentada por Bahl diz respeito aos roteiros que geralmente podem ser visitados em apenas algumas horas ou em um único dia, entre os quais visitas e passeios guiados, city tours, sightseeings e passeios noturnos, como os pub crawls. Esse tipo de roteiro movimenta a economia local, e, na maioria das vezes, tanto turistas quanto moradores da localidade usufruem desse produto turístico. Podem ser atividades pagas ou gratuitas. 2 Em meados de 2016, percorremos, de bike, o caminho, a convite do portal Embarque na Viagem e registramos a experiência. Para quem tiver a curiosidade de saber mais sobre como visitar o caminho de bicicleta, clique no link: <http://www.embarquenaviagem.com/2016/05/27/entre- vinhos-e-pedaladas/>. Outro conteúdo interessante pode ser acessado em: <https://www.tanaminharota.com.br/roteiros/caminhos-de-pedra-bento-goncalves/>. 9 O Curitiba Free Walking é um exemplo interessante de roteiro local. Trata- se de um passeio gratuito que acontece todos os sábados, às 11h da manhã. Os guias voluntários esperam perto da escadaria do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade, e levam os interessados para fazer um tour a pé pelos pontos históricos do centro da cidade, contando fatos históricos, curiosidades e peculiaridades da capital paranaense. Saiba mais Para conhecer um pouco mais a respeito do Curitiba Free Walking, confira o site desse projeto. Ali, você vai encontrar a origem da iniciativa, como participar e dicas importantes para aproveitar o passeio. O endereço eletrônico é: <https://www.curitibafreewalking.com/>. TEMA 4 – ROTEIROS TURÍSTICOS NACIONAIS Como o próprio nome sugere, os roteiros turísticos nacionais acontecem dentro dos limites territoriais de um país. São formatados entre cidades, regiões ou até estados diferentes e executados basicamente no formato de excursão, viagens e circuitos (Bahl, 2004). No caso do Brasil, esses roteiros têm um papel importante no fomento do turístico interno, também chamado de turismo doméstico. Posteriormente, trataremos, de modo específico, sobre políticas de roteirização e regionalização do turismo em nosso país. Alguém já ouviu falar na Rota das Emoções? Esse é um exemplo de roteiro na Região Nordeste, que gera fluxo turístico em três estados: Maranhão, Piauí e Ceará. Criada em 2005, com o apoio do Sebrae, tem como principais atrativos as praias de Jericoacoara, Camocim e Barroquinha (Ceará), inclui as praias de Cajueiro da Praia, Luís Correia e o Delta do Parnaíba (Piauí) e também os Lençóis Maranhenses (Maranhão). Na Figura 2, é possível identificar essa rota. 10 Figura 2 – Rota das Emoções, no nordeste brasileiro Fonte: Sebrae, S.d. Saiba mais Para conhecer mais a respeito da Rota das Emoções, uma boa dica é conferir as informações disponíveis no site do Ministério do Turismo. O material traz dados bastante interessantes sobre os locais que fazem parte da rota, bem como as atrações ao longo do percurso. O endereço eletrônico é: <http://www.turismo.gov.br/ultimas-noticias/8019-rota-das- emo%C3%A7%C3%B5es-tr%C3%AAs-destinos-em-um-roteiro-plural-no- nordeste.html>. Segundo Gurgel (2019), a Rota das Emoções, formada por 14 destinos litorâneos do Ceará, Piauí e Maranhão, ganhou um novo trecho pavimentado entre dois municípios dos Lençóis Maranhenses: Barreirinhas e Paulino Neves. As cidades ficam no entorno do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses – que recebeu, em 2018, mais de 118 mil visitantes. A pavimentação do novo trecho, além de trazer mais conforto a motoristas e passageiros, também encurtará em 400 km o trajeto de cargas entre o Maranhão e os outros dois estados incluídos nesse destino turístico. TEMA 5 – ROTEIROS TURÍSTICOS INTERNACIONAIS Os roteiros internacionais são aqueles relacionados às viagens que acontecem de um país para outro, de um continente para outro. Bahl (2004) destaca a complexidade para a elaboração desse tipo de roteiro, uma vez que 11 muitas variáveis fazem parte do processo de planejamento de uma viagem internacional. O autor destaca que a transposição de fronteiras, a necessidade de passaporte e vistos, os procedimentos alfandegários, os regimes políticos vigentes, os acordos internacionais, a exigência de algumas vacinas para se viajar para determinadas localidades, a diversidade cultural, o câmbio de moedas e os idiomas são alguns dos aspectos que o profissional do turismo precisa estar atento ao elaborar um roteiro internacional (Bahl, 2004). Ainda segundo Bahl (2004), os roteiros internacionais podem ser divididos em continental (visita de um país a outro dentro do mesmo continente), intercontinentais (visita a países situados em continentes diferentes durante a mesma viagem) e volta ao mundo. Nas últimas décadas, o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o barateamento no custo das passagens aéreas internacionais e a formação de blocos econômicos – como a União Europeia, que permite a livre circulação de pessoas entre os países-membros, e o Mercosul, no qual não há obrigatoriedade de passaporte, ou seja, os cidadãos dos países que integram o acordo podem viajar portando apenas a cédula de identidade – contribuíram para maior circulação de turistas internacionais. Em 2018, a Organização Mundial do Turismo (OMT) divulgou que o número global de turistas aumentou6% em relação ao ano anterior, contabilizando 1,4 bilhão de pessoas viajando a turismo pelo mundo (Exame, 2019). Um bom exemplo de roteiro internacional são aqueles programados para levar grupos de jovens à Disney ou aqueles comercializados pelas grandes operadoras de turismo cujo destino é a Europa, que incluem visitas a vários países em uma mesma viagem. Curiosidade Passagem de volta ao mundo: você sabe o que é e como funciona? No canal Raquel Travel Tips, é possível encontrar mais detalhes a respeito dessa experiência e as principais informações. Acesse o vídeo e confira: <https://www.youtube.com/watch?v=1L0DT5imWkE>. 12 TROCANDO IDEIAS Vimos, em nossos estudos, exemplos de vários tipos de roteiros e como podem ser instrumentos importantes para o desenvolvimento turístico de uma localidade ou região, uma vez que contribuem para a manutenção do fluxo de turistas. Sugerimos a leitura do artigo acadêmico “Roteiros turísticos, itinerários memoriais: a Linha Turismo de Porto Alegre”, de autoria de Valdir Morigi, Luis Fernando Massoni e Luciana Miloni. Com base nele, discutiremos no fórum como os roteiros turísticos podem ser também instrumento de preservação da memória e da história de um destino e como seu papel ultrapassa o fomento da atividade turística propriamente dita. Ao longo da leitura procure entender o modo pelo qual a Linha Turismo de Porto Alegre funciona, como foi estruturada e qual a sua importância para o turismo na cidade. O texto está disponível em: <http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur/article/view/7092/5215>. NA PRÁTICA Para completar esta aula, vamos analisar um case de sucesso brasileiro, no qual empreendedores locais viram na elaboração de roteiros uma oportunidade de criar um negócio para lá de interessante. Você se lembra da ideia no início da aula de realizarmos uma viagem à capital federal? Pois bem, vamos consultar peritos no assunto, por meio do Experimente Brasília. Fonte: Experimente Brasília, S.d. 13 O Experimente Brasília se define como sendo um laboratório de turismo criativo, uma comunidade de especialistas locais que compartilham experiências autênticas. Você deve acessar o site dessa iniciativa – <https://www.experimentebrasilia.com.br/> – e conhecer os roteiros turísticos ofertados. Em seguida, escolha um dos roteiros e construa uma tabela com seus principais componentes, conforme segue. Roteiro escolhido: Que tipo de roteiro é esse? Público-alvo Objetivo do roteiro Meio de transporte Duração Valor por pessoa FINALIZANDO Nesta aula, trabalhamos os componentes de um roteiro turístico e trouxemos exemplos reais dos diferentes tipos de roteiros para que você pudesse ver como funcionam na prática. Para finalizar, vamos apresentar, no Quadro 4, um resumo das principais características dos roteiros estudados, lembrando que os roteiros comerciais não são citados no quadro, pois vamos estudá-los com mais detalhes posteriormente. Quadro 4 – Resumo das características de roteiros turísticos Roteiros turísticos Tipos Duração Características Locais Visitas guiadas Passeios City tour Sightseeing City tour night Algumas horas Dia inteiro Movimenta a economia local. Atende a turistas e a moradores locais. Nacionais Excursões Viagens Circuitos Variável Têm um papel importante no fomento do turístico interno, também chamado turismo doméstico. Internacionais Continentais Intercontinentais Volta ao mundo Variável Elaboração mais complexa, uma vez que muitas variáveis precisam ser levadas em consideração. 14 REFERÊNCIAS BAHL, M. Viagens e roteiros turísticos. Curitiba: Protexto, 2004. BENTO GONÇALVES. Rotas turísticas. Disponível em: <http://www.bentogon calves.rs.gov.br/turismo/roteiros-turisticos>. Acesso em: 6 out. 2019. CAMINHOS DE PEDRA. Disponível em: <http://www.caminhosdepedra.org.br/>. Acesso em: 6 out. 2019. CURITIBA FREE WALKING. Disponível em: <https://www.curitibafreewalking.c om/>. Acesso em: 6 out. 2019. EMBARQUE NA VIAGEM. Disponível em: <http://www.embarquenaviagem.co m/>. Acesso em: 6 out. 2019. EXPERIMENTE BRASÍLIA. Disponível em: <https://www.experimentebrasilia.co m.br/>. Acesso em: 6 out. 2019. GURGEL, G. Estrada ecológica encurta caminho na Rota das Emoções. Ministério do Turismo – Agência de Notícias do Turismo, 17 jan. 2019. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas- not%C3%ADcias/12290-estrada-ecol%C3%B3gica-encurta-caminho-na-rota- das-emo%C3%A7%C3%B5es.html>. Acesso em: 6 out. 2019. _____. Rota das emoções: três destinos em um roteiro plural no Nordeste. Ministério do Turismo: Agência de Notícias do Turismo, 28 jul. 2017. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/ultimas-noticias/8019-rota-das- emo%C3%A7%C3%B5es-tr%C3%AAs-destinos-em-um-roteiro-plural-no- nordeste.html>. Acesso em: 6 out. 2019. HOLLANDA, J. Turismo: operação e agenciamento. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004. NÚMERO de turistas internacionais aumentou 6% em 2018. Exame, 21 jan. 2019. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/economia/numero-de-turistas- internacionais-aumentou-6-em-2018/>. Acesso em: 6 out. 2019. RICHTER, M. et al. Elaboração de roteiros: volume único. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016. SILVA, G. T.; NOVO, C. B. M. C. Roteiro turístico. Manaus: CETAM, 2010. 15 STEFANI, C. Elaboração de roteiros turísticos: do planejamento a precificação. Curitiba: InterSaberes, 2014. VAZ, G. N. Marketing turístico: receptivo e emissivo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.
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