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Atualização em Enfermagem Oncológica

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Com certificado 
online 
180 horas Atualização em 
Enfermagem Oncológica 
Naanda Kaanna Matos de 
Souza 
 
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Atualização em 
Enfermagem Oncológica 
Naanda Kaanna Matos de 
Souza 
180 horas 
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online 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
PRINCÍPIOS DA ONCOLOGIA ...................................................................................... 5 
1.1 EPIDEMIOLOGIA DOS TUMORES .................................................................... 6 
1.2 FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO CÂNCER ......................................... 6 
1.3. FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER ........................................................................ 7 
1.3.1 Oncogenes ............................................................................................................ 7 
1.3.2 Genes Supressores de Tumor ............................................................................... 8 
1.3.3 Genes de Reparo Do DNA ................................................................................... 8 
1.3.4 Carcinogênese ....................................................................................................... 9 
1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS TUMORES .................................................................. 10 
ÉTICA E BIOÉTICA EM ONCOLOGIA ...................................................................... 12 
AÇÕES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA NO CONTROLE DO 
CÂNCER ............................................................................................................................ 15 
3.1 REDES DE ATENÇÃO ....................................................................................... 15 
3.2 REDES DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA ............................................................ 16 
3.3 RASTREAMENTO E AÇÕES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA CONTROLE DO 
CÂNCER ......................................................................................................................... 19 
3.3.1 Alimentação ........................................................................................................ 21 
3.3.2 Tabaco ................................................................................................................ 23 
3.3.3 Radiação Ultravioleta ......................................................................................... 24 
3.3.4 Agentes Infecciosos ............................................................................................ 27 
3.4 AÇÕES DE PREVENÇÃO SECUNDÁRIA E DETECÇÃO PRECOCE NO 
CONTROLE DO CÂNCER ............................................................................................ 30 
3.5 DESAFIOS NO CONTROLE DO CÂNCER ...................................................... 31 
SEGURANÇA DO PACIENTE EM ONCOLOGIA ..................................................... 35 
4.1 PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA DO PACIENTE ....................... 36 
4.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 37 
4.1.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 37 
TRATAMENTOS I ........................................................................................................... 41 
5.1 CIRURGIAS ONCOLÓGICAS ........................................................................... 41 
5.1.1 Cirurgia Diagnóstica ........................................................................................... 42 
5.1.2 Cirurgia como Tratamento Primário................................................................... 42 
5.1.3 Cirurgia Profilática ............................................................................................. 42 
5.1.4 Cirurgia Paliativa ................................................................................................ 42 
5.1.5 Cirurgia Reconstrutora ....................................................................................... 42 
5.2 TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA ............................................................ 43 
5.2.1 Etapas ............................................................................................................ 45 
TRATAMENTOS II .......................................................................................................... 48 
6.1 QUIMIOTERAPIA ............................................................................................... 48 
6.1.1 Classificação dos Fármacos Quimioterápicos .................................................... 49 
6.1.2 Finalidades da Quimioterapia Antineoplásica e Vias de Administração ........... 51 
6.1.3 Efeitos Adversos da Terapia Antineoplásica ...................................................... 53 
6.1.3 Cateter Port-a-Cath ............................................................................................. 55 
TRATAMENTOS III ........................................................................................................ 57 
 
 
 
7.1 RADIOTERAPIA ................................................................................................. 57 
7.2 BIOTERAPIA ....................................................................................................... 58 
MEDIDAS DE SUPORTE ................................................................................................ 61 
8.1 PSICO-ONCOLOGIA .......................................................................................... 61 
8.1.1 Comunicação de Más Notícias ........................................................................... 61 
8.2 ANSIEDADE, DEPRESSÃO E SUICÍDIO ......................................................... 62 
8.2.1 Ansiedade ........................................................................................................... 62 
8.2.2 Depressão ........................................................................................................... 62 
8.2.3 Suicídio ............................................................................................................... 63 
8.3 SUPORTE DA DOR ............................................................................................ 63 
8.3.1 Acessar a Qualidade da Dor ............................................................................... 64 
8.4 MEDICAMENTOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA DOR ONCOLÓGICA
 66 
8.4.1 Analgésicos não Opioides .................................................................................. 66 
8.4.2 Opioides .............................................................................................................. 67 
8.5. MEDICAMENTOS ADJUVANTES ................................................................... 70 
SITUAÇÕES CRÍTICAS E EMERGÊNCIASONCOLÓGICAS ............................... 72 
9.1 SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR ........................................................ 72 
9.2 COMPRESSÃO MEDULAR ............................................................................... 73 
9.3 SÍNDROME DA LISE TUMORAL ..................................................................... 74 
9.4 HEMORRAGIAS ................................................................................................. 74 
CUIDADOS PALIATIVOS E ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COM CÂNCER 
TERMINAL ....................................................................................................................... 75 
10.1 ÚLTIMAS HORAS .............................................................................................. 79 
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 81 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 85 
 
 
 
 
 
 
Unidade 1 – Princípios da Oncologia 
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5 
01 
PRINCÍPIOS DA ONCOLOGIA 
 
 
 
 
O câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças, tendo como 
característica em comum o crescimento desordenado de células e a facilidade de invasão 
para outros tecidos e órgãos (INCA, 2012). 
A palavra câncer vem do grego “carcinos” que significa caranguejo, denominado 
assim pelo seu caráter invasivo, assemelhando-se às patas de um caranguejo (FIGURA 
1). Em 500 a.C, Hipócrates já escrevia registros relacionados ao câncer e definindo-o 
como uma doença de mau prognóstico (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). 
FIGURA 1 – Comparação entre um caranguejo e um tumor maligno (GOOGLE 
IMAGENS, 2017) 
 
 
 
Atualização em Enfermagem Oncologia 
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6 
 
 
1.1 EPIDEMIOLOGIA DOS TUMORES 
O câncer é uma doença crônica, considerada um problema de saúde pública, segunda 
causa de morte entre adultos, ficando atrás somente das doenças cardiovasculares, e 
primeira causa de morte por doenças em crianças. Mais de 7 milhões de pessoas 
morrem de câncer anualmente no mundo. 
Os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama 
(1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais 
frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago 
(8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores frequências encontradas foram mama 
(25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago (4,8%) 
(INCA, 2010). 
A estimativa para o Brasil, biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 
600 mil casos novos de câncer. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma 
(aproximadamente 180 mil casos novos), ocorrerão cerca de 420 mil casos novos de 
câncer (INCA, 2010). 
 
 
1.2 FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO CÂNCER 
As neoplasias são multicausais, ou seja, dependem de vários fatores, podem ser 
relacionadas ao estilo de vida, à cultura e ao tipo de exposição aos fatores ambientais 
que contribuem para os danos aos genes específicos, a longo prazo, para a doença. A 
causa da maioria dos cânceres (cerca de 80%) está ligada ao estilo de vida e à exposição 
a fatores de risco. As causas das lesões genéticas e transformações neoplásicas são 
categorizadas em quatro grupos: Fatores virais, fatores químicos, fatores físicos e 
hereditariedade (Instituto Oncoguia, 2017; INCA, 2017). 
Fatores virais - O câncer pode ser originado a partir de uma infecção viral que 
causa danos ao RNA ou DNA. Dentre os vírus de RNA, os principais causadores de 
neoplasias são: o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e o vírus da leucemia de 
células T humanas. Quanto aos vírus de DNA, os principais são: vírus Epstein-Barr, 
papilomavírus e o vírus da hepatite B (HBV). 
Fatores químicos – A origem química de neoplasias em humanos foi conhecida 
por meio de observação de cânceres não usuais em determinados grupos que exerciam 
ocupações em comum. Dentre fatores químicos associados às neoplasias, pode-se citar: 
o fumo, ocupações em indústrias de borracha, têxteis e de couro, degradação de 
produtos que geram gás radioativo, altos níveis de vapor de óleo de cozinha, interação 
de cloro com produtos químicos orgânicos encontrados em água contaminada. 
Unidade 1 – Princípios da Oncologia 
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7 
Fatores físicos – Existem três agentes físicos principais que causam câncer em 
humanos: radiação ionizante, radiação ultravioleta e exposição ao asbesto. Ao contrário 
da exposição à radiação ultravioleta, é possível gerar uma célula tumoral somente com 
uma única exposição à radiação ionizante, a depender da intensidade desta. 
Hereditariedade – Evidência científicas mostram que grande número de tumores 
malignos não ocorre somente por influências ambientais, mas também por 
predisposição hereditária. Por exemplo, o câncer de pulmão, na maioria das vezes, é 
relacionado ao uso de tabaco, porém a mortalidade por este câncer é quatro vezes maior 
em pessoas que não fumam e com histórico familiar de câncer de pulmão, do que em 
pessoas que não fumam e sem histórico deste câncer. 
 
 
1.3. FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER 
A formação de células neoplásicas (células novas diferentes das de seu tecido de 
origem) ocorre pela modificação genética através de um dano nas bases de Ácido 
desoxirribonucleico – DNA. Para que isto ocorra, é necessário o estímulo de algum/s 
fator/es, como por exemplo o fumo, raios ultravioletas (UVA, UVB, UVC), alguns 
alimentos, alguns vírus, ou até mesmo herança genética. 
O crescimento e a divisão celular são processos cuidadosamente controlados que 
dependem da interação precisa de múltiplos fatores reguladores. Entretanto, na 
neoplasia, a nova célula não obedece às leis do crescimento em virtude das perdas de 
restrições fisiológicas ao crescimento e à divisão celular, perdendo completamente sua 
função no organismo (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). 
Alguns genes estão envolvidos no desenvolvimento do câncer, sendo estes: 
oncogenes, genes supressores de tumor e genes de reparo do DNA (SPENCE; 
JOHNSON, 2001). 
 
1.3.1 Oncogenes 
Antes de tudo, é importante compreender que o corpo humano possui os proto-
oncogenes, que são genes responsáveis pelo comando do crescimento e divisão celular, 
sendo eles os fatores de crescimento, os receptores de fator de crescimento, os 
transdutores intracelulares e os fatores de transcrição da célula (CONTRAN et al, 2000). 
Os fatores de crescimento regulam a proliferação celular, dando estímulos 
negativos ou positivos para esse crescimento. Esses fatores são retransmitidos para o 
núcleo celular por meio de interação entre o fator de crescimento e o receptor de fator 
de crescimento que ativam vias de transdução intracelulares. Os transdutores 
intracelulares transmitem o sinal para o núcleo, onde é ativado o fator de transcrição da 
célula, e a célula entende assim que deve se dividir, ou, em caso de erro, entrar em 
apoptose (FIGURA 1.1) (CONTRAN et al, 2000). 
 
Atualização em Enfermagem Oncologia 
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8 
FIGURA 2 – Via de sinalização molecular 
 
Oncogene é a denominação que designa aqueles genes que de alguma forma 
estão relacionados com o desenvolvimento de neoplasias malignas, são derivados da 
ativação dos proto-oncogenes que por algum estímulo, passam a transmitir a mensagem 
para o crescimento celular de forma exacerbada (CONTRAN et al, 2000). 
 
1.3.2 Genes Supressores de Tumor 
Os genes supressores de tumor são genes normais que: 
 Retardam a divisão celular; 
 Reparam erros do DNA ou; 
 Indicam quando as células devem morrer (apoptose) 
Se houver inativação por algum motivo dos genes supressores de tumor, as 
células podem se desenvolver fora de controle, o que pode levar ao câncer. O gene p53 
é o gene supressor de tumor mais estudado, pois cerca de 50% dos tumores têm uma 
mutação deste gene (SPENCE; JOHNSON, 2001). 
 
1.3.3 Genes de Reparo Do DNA 
As células normais possuem a habilidade de reparar danos no DNA e prevenir mutações 
de genes, os quais regulam o crescimento da célula e apoptose. Esses genes atuam 
reparando possíveis erros que possam acometer o DNA da célula. Nos casos em que o 
gene não consegue corrigir o DNA, a célula deve entrar em apoptose. Quando há 
Unidade 1 – Princípios da Oncologia 
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9 
alguma alteração nesses genes, não havendo a restauração do DNA da célula mutada, 
pode levar ao câncer (OTTO, 2002). 
Em síntese, o câncer ocorre quando mutações alteram o controle do crescimento 
em células normais, diretamente, provocando crescimento celular, ou, indiretamente, 
impedindo os mecanismos normais que restringem a divisão celular. 
 
1.3.4 Carcinogênese 
A carcinogênese é o processo de formação do câncer que ocorre de forma lenta. Pode 
levar anos para que uma célula mutada dê origem a um tumor visível. Esse processo 
pode ser dividido didaticamente em três fases (SPENCE; JOHNSON, 2001): 
 Iniciação 
 Promoção 
 Progressão 
Iniciação - É o primeiro passo para o desenvolvimento neoplásico. É neste 
estágio que o DNA da célula sofre a agressão pelos agentes carcinógenos iniciadores. 
Nesta fase as células estão geneticamente alteradas 
Promoção - Neste segundo estágio, as células iniciadas sofrem a ação agentes 
carcinógenos promotores. A célula é transformada em maligna de forma lenta e gradual, 
com exposição contínua a esses agentes. 
Progressão – Caracteriza-se pela multiplicação desordenada e irreversível das 
células alteradas. Nesta fase o câncer já está instalado, evoluindo até a manifestação das 
primeiras manifestações clínicas 
*** Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são 
chamados agentes oncoaceleradores ou carcinógenos. O fumo é um agente carcinógeno 
completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da carcinogênese 
(MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). 
As células neoplásicas assumem características que não obedecem às leis 
fisiológicas de crescimento e multiplicação. Modificam-se até perder a coesão e 
invadirem tecidos, agindo sobre as matrizes e rompendo as barreiras teciduais; além 
disso, são dotadas de movimentos e deslocam-se como amebas (MOHALLEM; 
RODRIGUES, 2007). 
Com todas essas características, essas células possuem a capacidade de invasão e 
de deslocarem-se para outros órgãos entrando na corrente sanguínea, o que chamamos 
de metástase (CONTRAN et al, 2000). 
 
 
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10 
 
1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS TUMORES 
Tumor é o aumento do volume dos tecidos que pode, inclusive, não ser provocado por 
uma proliferação neoplásica verdadeira. A cla0ssificação para os tumores mais utilizada 
leva em consideração o comportamento biológico e a histogênese (QUADRO 1). 
QUADRO 1 – Diferenças entre tumores benignos e malignos 
Critérios Benignos Malignos 
Encapsulaç
ão 
Presença frequente Geralmente ausente 
Cresciment
o 
Lento, expansivo e bem 
delimitado 
Rápido, infiltrativo e 
com delimitação imprecisa 
Morfologia Reproduz o aspecto do 
tecido de origem 
Caracteres diferentes do 
tecido de origem 
Mitoses Raras e típicas Frequentes e atípicas 
Antigenicid
ade 
Ausente Presente, embora 
geralmente fraca 
Metástases Não ocorrem Frequentes 
 
Quanto à nomenclatura dos tumores, depende do tecido que lhes deu origem. 
Como ectoderma (tecidos de revestimento externo, glândulas e sistema nervoso), 
mesênquima (ósseo, muscular, vascular e seroso) ou endoderma (epitélio de 
revestimento interno – glândulas). 
Quando o tumor é benigno, via de regra a nomenclatura do tumor dar-se-á pelo 
nome do tecido que o compõe, acompanhado do sufixo OMA, ex.: condroma (tumor 
benigno do tecido cartilaginoso), lipoma (tumor benigno do tecido gorduroso). 
Se o tumor for maligno e originado da ectoderma e/ou endoderma, chama-se 
CARCINOMA e se o tumor for glandular. ADENOCARCINOMA, ex.: carcinoma 
basocelular da face, adenocarcinoma de ovário. Se o tumor for originado do tecido 
mesenquimal (conjuntivo), utiliza-se o NOME DO TECIDO acompanhado de 
SARCOMA, ex.: condrossarcoma, lipossarcoma. 
Existem ainda algumas exceções aos tumores malignos, como os tumores de 
células blásticas, que são chamados de BLASTOMAS, ex.: neuroblastoma, 
retinoblastoma e osteoblastomas. Ainda existem os epônimos, que são aqueles que 
recebem o nome do cientista que os descobriu, como Sarcoma de Kaposi, o Tumor de 
Wilms e o Linfoma de Hodgkin. 
Unidade 1 – Princípios da Oncologia 
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11 
Quanto à graduação histológica dos tumores, esta baseia-se na diferenciação 
citológica das células tumorais e no número de mitoses em bem diferenciado, 
moderadamente diferenciado e pouco diferenciado. Quanto melhor diferenciado, mais 
próximo ao tecido de origem são as células neoplásicas, ou seja, melhor o prognóstico. 
Em relação ao estadiamento, embora existam diversos sistemas para tal fim, o 
mais recomendado universalmente é o sistema TNM da União Internacional Contra o 
Câncer (UICC). Esse sistema classifica basicamente pela anatomia do tumor (INCA, 
2017). 
Três aspectos são levados em consideração: extensão local do tumor; presença 
ou ausência de metástases em linfonodos regionais e; presença ou ausência de 
metástases a distância. 
 T – Refere-se ao tumor primário, podendo ser TX (sem condições de avaliação), 
T0 (ausência de tumor) ou T1 a T4 (a depender do tamanho e extensão do tumor, 
sendo 1 a menor extensão possível e 4 a maior extensão possível) 
 N – Refere-se aos linfonodos, seguem o mesmo raciocínio do T, podendo ser 
NX, N0 ou N1 a N4 (envolvimento progressivo dos linfonodos regionais). 
 M – Refere-se a metástases, podendo ser MX (sem condições de avaliação), M0 
(ausência de metástase) ou M1 (presença de metástase). 
Por exemplo, uma classificação T1NXM0, quer dizer que há um tumor primário 
de pequena extensão, com impossibilidade de avaliação do linfonodo (por algummotivo) e sem metástase. 
 
 
Atualização em Enfermagem Oncologia 
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12 
02 
ÉTICA E BIOÉTICA EM ONCOLOGIA 
 
 
 
 
O termo ética tem origem grega, da palavra ethos, podendo indicar tanto costume, como 
também caráter, índole natural ou temperamento. Porém, a partir, principalmente, do 
século XX, a ética e a filosofia contemporâneas, ao contrário dos períodos anteriores, 
não mais utilizam a noção de critérios universais para definir significados práticos ou 
estabelecer limites e exigências éticas. Não há nessa posição um conceito universal de, 
por exemplo, verdade, bom e justo, ou mesmo de um referencial moral universal. A 
ética contemporânea procura por meio do diálogo e do debate racional dos problemas e 
situações, encontrar um ponto comum que atenda às diversas culturas e sociedades em 
igual nível de consideração (SCHRAMM et al, 2000; SCHRAMM, 2001). 
A abordagem ética contemporânea é fruto de uma sociedade democrática, a qual 
caracteriza-se por possuir uma ética que aceita e respeita a diversidade de perspectivas, 
posturas e valores, bem como não privilegia, a princípio, nenhum enfoque ou visão 
cultural. É uma abordagem que se afasta das conotações das morais religiosas, embora 
respeite e leve em consideração o estudo e a reflexão de inúmeros grupos envolvidos 
nesse campo (SCHRAMM et al, 2000; SCHRAMM, 2001). 
Com acontecimento dentro, principalmente, da ciência e pesquisas das ciências 
médicas com seres humanos, surge a bioética, uma ética aplicada aos problemas da vida 
e da saúde. No caso da assistência oncológica, apontam-se os desafios de considerar o 
câncer como problema de saúde pública e as demandas do cuidado paliativo (INCA, 
2008). 
Os profissionais de saúde vivem num contexto histórico e gerencial, no qual não 
faltam problemas ligados ao mau planejamento de políticas, precariedade de verbas, 
recursos finitos e omissão da autoridade institucional e de alguns profissionais. Neste 
contexto, alguns dilemas bioéticos que devem ser discutidos são (INCA, 2008): 
 Não existem condutas universais únicas que anulem a visão individual. 
 Comunicação acerca do diagnóstico e prognóstico real do paciente. 
Unidade 2 – Ética e Bioética em Oncologia 
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13 
 Fatores relacionados à organização das instituições, que muitas vezes o 
cumprimento de metas exigidas pelos serviços vai de encontro com o desejo de 
realização profissional. 
 Escassez de recursos humanos na assistência à saúde, sendo que em oncologia, 
pela complexidade e especificidade, há uma necessidade de aprimoramento dos 
profissionais. 
 Escassez de recursos materiais talvez seja uma das principais causas de geração 
de conflitos, caracterizando-se pelo comportamento de desrespeito ao paciente e 
aos profissionais de saúde. Muitas vezes os recursos sendo limitados, 
demandando o estabelecimento de prioridades com critérios explícitos, tais 
como: efetividade, eficiência, eficácia, equidade. 
 Condução da dor com drogas opioides. Este é considerado um importante 
problema bioético dentro da oncologia, um dos motivos é o fato de os 
profissionais muitas vezes terem receio em prescrever estas medicações 
principalmente pelos efeitos que trazem. 
 Eutanásia, distanásia e ortotanásia. No Brasil, a eutanásia é considerada um 
homicídio do ponto de vista jurídico-penal, portanto ilegal e antiético. A 
distanásia é definida como a extensão exagerada e sem sentido do processo de 
morte, como a utilização terapias fúteis para a fase a qual está o paciente. A 
ortotanásia é o ato de deixar que a pessoa morra naturalmente, sem intervenções 
fúteis, muito menos interrompendo o percurso natural da vida. 
 A pesquisa em oncologia apresenta-se como um dilema bioético por vários 
conflitos que estão envolvidos, como: falta de recursos do governo em manter 
pesquisas, pressão mercadológica das empresas farmacológicas, pacientes com 
visão leiga e passional. Os profissionais que lidam com essas questões têm as 
decisões mais sofridas. Além disso a realização de pesquisas clínicas em 
pacientes sem possibilidade de cura tem sido a justificativa médica para referir 
tardiamente os pacientes para os cuidados paliativos. 
 Gastos financeiros com pacientes fora de possibilidade de cura, que deveriam ser 
educados para renunciar procedimentos mais onerosos e que não irão salvar sua 
vida. É importante analisar as chances de sucesso no oferecimento de um 
tratamento, podendo este ser fútil e resultar em desperdício de recursos. 
Assim, deve-se reconhecer os direitos da pessoa com câncer, sendo estes 
(SCHRAMM, 2001): 
 Direito à autonomia 
 Direito de autodeterminação 
 Direito de tomar decisões 
 Direito a informação 
 
Atualização em Enfermagem Oncologia 
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14 
 Direito de negar consentimento a qualquer tratamento 
 Direito de respeito à sua privacidade 
 Direito de não interferência e de não intromissão 
 Direito de não ser submetido a tratamento desumano e cruel 
 Direito de opção pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável 
 Direito de respeito à sua dignidade 
Neste sentido, torna-se importante compreender que a condução de tais dilemas 
não depende de decisões necessariamente certas ou erradas, mas de prudência. É 
necessário esclarecer o paciente, para que este possa tomar suas decisões de optar ou 
não por se submeter ou não à terapêutica proposta.
Unidade 3 – Ações de Prevenção Primária e Secundária no Controle do Câncer 
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15 
03 
AÇÕES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA E 
SECUNDÁRIA NO CONTROLE DO 
CÂNCER 
 
 
 
 
Como visto anteriormente, as neoplasias são relacionadas ao estilo de vida, à cultura e 
ao tipo de exposição aos fatores ambientais que contribuem para os danos aos genes 
específicos, a longo prazo, para a doença. 
O câncer apresenta uma grande importância epidemiológica, representando a 
segunda causa de morte no Brasil, com uma incidência média de 420 mil casos de 
câncer exceto câncer de pele não melanoma. Nesse sentido, é considerado um problema 
de saúde pública. 
O Plano de Ações e Estratégias para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não 
Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 traz como tópico estratégias de manejo 
para o câncer. A partir da criação desse plano, a Portaria GM/MS nº 874/2013 Política 
Nacional para o Controle do Câncer vem para reorientar o modelo de atenção às pessoas 
com câncer. 
 
 
3.1 REDES DE ATENÇÃO 
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos organizativos de ações e serviços de 
saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de 
apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado 
(Ministério da Saúde, 2010 – portaria nº 4.279, de 30/12/2010). 
 
Atualização em Enfermagem Oncologia 
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16 
A implementação das RAS aponta para uma maior eficácia na produção de 
saúde, melhoria na eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional, e 
contribui para o avanço do processo de efetivação do SUS. 
A transição entre o ideário de um sistema integrado de saúde conformado em 
redes e a sua concretização passam pela construção permanente nos territórios, que 
permita conhecer o real valor de uma proposta de inovação na organização e na gestão 
do sistema de saúde. 
A atual grande diretriz da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) para o período 
de 2011 a 2014 é a implantação das RAS, sendo sua gestora no âmbito federal. 
No dia 30 de dezembro de 2010, o Documento de Referência contendo as 
“Diretrizes para a organização das RAS no âmbito do SUS” foi oficializado por meio da 
Portaria GM/MS nº 4.279, publicada no Diário Oficial de 31/12/2010. Este documento 
havia sido aprovado pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT) no dia 16 de 
dezembro. 
Para assegurar resolutividade na rede de atenção, alguns fundamentos precisam 
ser considerados: economia de escala, qualidade, suficiência, acesso e disponibilidade 
de recursos. 
 
 
3.2 REDES DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA 
A rede de atenção oncológica foi criada pelo Ministério da Saúde devendo ser instalada 
em todas as unidades federadas, tendo como objetivos a geração, disseminação, 
articulação e implantação de políticas e ações de atenção oncológica, devendo 
compreender projetos, instituições e pessoas interessadas na viabilização de estratégias 
de âmbito nacional, regional ou local que venham a contribuir para a consolidação de 
um sistema de saúde equitativo e eficaz. 
A Política Nacional de Atenção Oncológica garante o atendimento integral a 
qualquer doente com câncer, por meio das Unidades de Assistência de Alta 
Complexidade em Oncologia (UNACON) e dos Centros de Assistência de Alta 
Complexidade em Oncologia (CACON), estes serviços oferecem assistência integral e 
especializada a seus pacientes, abrangendo sete modalidades integradas: diagnóstico, 
radioterapia, quimioterapia, cirurgia oncológica, reabilitação, medidas de suporte e 
cuidados paliativos. 
A partir da aprovação desta portaria pela CIT ficam revogadas as normativas 
anteriores, que regulamentavam a atenção oncológica, portaria nº. 3535/1998, nº. 
1478/1999 e nº. 1289/2002. 
A portaria do Ministro da Saúde define que a Política Nacional de Atenção 
Oncológica deve ser constituída a partir dos seguintes componentes fundamentais: 
1. Promoção e Vigilância em Saúde; 
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17 
2. Atenção Básica; 
3. Média complexidade; 
4. Alta complexidade; 
5. Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia; 
6. Plano de Controle do tabagismo e outros Fatores de Risco, do Câncer do Colo 
do Útero e da Mama; 
7. Regulamentação suplementar e complementar; 
8. Regulação, fiscalização, controle e avaliação; 
9. Sistema de Informação; 
10. Diretrizes Nacionais para a Atenção Oncológica 
11. Avaliação Tecnológica 
12. Educação permanente e capacitação 
13. Pesquisa sobre o câncer. 
 
A portaria da SAS/MS define que a rede de atenção oncológica será composta 
por: Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, os Centros de 
Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) e os Centros de Referência 
de Alta Complexidade em Oncologia. 
Entende-se por Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia o 
hospital que possua condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos 
humanos adequados à prestação de assistência especializada de alta complexidade para 
o diagnóstico definitivo e tratamento dos cânceres mais prevalentes no Brasil. 
Entende-se por Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia 
(CACON) o hospital que possua as condições técnicas, instalações físicas, 
equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência especializada de 
alta complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento de todos os tipos de 
câncer. 
Entende-se por Centro de Referência de Alta Complexidade em Oncologia um 
CACON que exerça o papel auxiliar, de caráter técnico, ao Gestor do SUS nas políticas 
de Atenção Oncológica e que possua os seguintes atributos: 
I. Ser Hospital de Ensino, certificado pelo Ministério da Saúde e Ministério da 
Educação, de acordo com a Portaria Interministerial MEC/MS nº. 1.000, de 15 
de abril de 2004; 
II. Ter uma base territorial de atuação, conforme os seguintes parâmetros: 
 
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18 
01 Centro de Referência para até 12.000 casos novos anuais 
02 Centros de Referência para >12.000 - 24.000 casos novos anuais 
03 Centros de Referência para >24.000 - 48.000 casos novos anuais 
04 Centros de Referência para > 48.000 - 96.000 casos novos anuais 
05 Centros de Referência para > 96.000 casos novos anuais. 
As Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia podem prestar 
atendimento nos serviços abaixo descritos: 
I. Serviço de Cirurgia Oncológica; 
II. Serviço de Oncologia Clínica; 
III. Serviço de Radioterapia; 
IV. Serviço de Hematologia; 
V. Serviço de Oncologia Pediátrica. 
Um hospital, para ser credenciado como Unidade de Assistência de Alta 
Complexidade em Oncologia deverá obrigatoriamente contar com, no mínimo, Serviço 
de Cirurgia Oncológica e Serviço de Oncologia Clínica. 
Os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) 
devem prestar atendimento em todos os serviços abaixo descritos: 
I. Serviço de Cirurgia Oncológica; 
II. Serviço de Oncologia Clínica; 
III. Serviço de Radioterapia; e 
IV. Serviço de Hematologia. 
Um hospital, para ser credenciado como Centro de Assistência de Alta 
Complexidade em Oncologia deverá obrigatoriamente contar com atendimento em 
todos os serviços descritos acima e atender os respectivos requisitos especificados na 
Portaria. 
Além desses serviços, o hospital credenciado como Centro de Assistência de 
Alta Complexidade em Oncologia poderá, de acordo com a necessidade estabelecida 
pelo respectivo Gestor do SUS, contar com atendimento em Serviço de Oncologia 
Pediátrica. 
 
 
Unidade 3 – Ações de Prevenção Primária e Secundária no Controle do Câncer 
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19 
3.3 RASTREAMENTO E AÇÕES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
CONTROLE DO CÂNCER 
O rastreamento (screening) é o exame de pessoas assintomáticas utilizado para 
classifica-las como passíveis ou não passíveis de ter uma enfermidade objeto do 
rastreamento. 
Diz-se que há um programa de rastreamento populacional de câncer quando há 
iniciativa de busca ativa da população-alvo pelo programa, podendo ser definido como 
o exame de pessoas assintomáticas pertencentes a determinados grupos populacionais, 
através de ações organizadas, com a finalidade de identificar lesões precursorasou 
cancerígenas em estado inicial. Os indivíduos identificados como positivos ao 
rastreamento são submetidos, então, à investigação diagnóstica para confirmar ou 
afastar a doença investigada. 
Para que o procedimento de rastreamento populacional seja aplicável, é 
necessário que: 
 A enfermidade seja um problema de saúde pública prioritário, isto é, deve ter 
morbidade e mortalidade elevadas e ser passível de prevenção e controle. 
 O processo saúde-doença seja bem conhecido. 
 A doença tenha fase pré-clínica detectável e seja curável, quando tratada nesta 
fase. 
 Exista um exame de execução simples, seguro, não-invasivo, barato, de 
sensibilidade e especificidade comprovadas e de fácil aceitação pela população e 
pela comunidade + científica. 
 Tenha garantia de acesso ao tratamento adequado. 
No começo de um programa de rastreamento, são encontradas tanto lesões 
iniciais, como lesões avançadas da doença. Ao longo do tempo, o número dos casos 
detectados em fase inicial ou pré-clínica continuam sendo identificados, porém haverá 
uma redução dos casos em fase avançada. 
Quanto aos fatores de risco, estes são definidos como qualquer coisa que 
aumenta o risco de um indivíduo desenvolver uma determinada doença ou sofrer um 
determinado agravo. Exemplo: uso de tabaco. 
De maneira oposta, os fatores de proteção são aqueles que reduzem esse risco. 
Exemplo: ingestão diária de pelo menos cinco porções de frutas, legumes e verduras. 
FIGURA 3 – Fonte: Google imagens 
 
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20 
 
O câncer é uma doença genética cujo processo tem início com um dano a um 
gen ou a um grupo de genes de uma célula e progride quando todos os mecanismos do 
complexo sistema imunológico de reparação ou destruição celular falham. 
A pesquisa relacionada aos fatores que podem contribuir para o 
desenvolvimento de um câncer permitiu identificar, até o momento, um conjunto de 
fatores de natureza intrínseca e extrínseca. 
Como exemplos de fatores de risco intrínsecos estão a idade, o gênero, a etnia ou 
raça, e a herança genética. Já no grupo de fatores de risco extrínsecos, diversos já foram 
identificados, como o uso de tabaco e álcool, hábitos alimentares inadequados, 
inatividade física, agentes infecciosos, radiação ultravioleta, exposições ocupacionais, 
poluição ambiental, radiação ionizante, alimentos contaminados, obesidade e situação 
socioeconômica. Há ainda na lista o uso de drogas hormonais, fatores reprodutivos e a 
imunossupressão. Essa exposição é cumulativa no tempo e, portanto, o risco de câncer 
aumenta com a idade. Mas é a interação entre os fatores intrínsecos e extrínsecos que 
vai determinar o risco individual de câncer. 
Baseados em estilos de vida e em fatores associados ao nível de 
desenvolvimento econômico, político e social de uma comunidade, os fatores de risco 
ambientais variam de forma significativa no mundo e incluem ainda como causas 
componentes as condições climáticas e outras características do ambiente. 
A boa notícia é que parte desses fatores ambientais depende do comportamento 
do indivíduo, que pode ser modificado, reduzindo o risco de desenvolver um câncer. 
Algumas dessas mudanças dependem tão somente do indivíduo, enquanto que outras 
requerem alterações em nível populacional e comunitário. Um exemplo de uma 
modificação em nível individual é a interrupção do uso do tabaco e, em nível 
comunitário, a introdução de uma vacina para o controle de um agente infeccioso 
associado com o desenvolvimento do câncer, como o vírus da hepatite B. 
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21 
A partir da premissa de que é possível modificar o risco de desenvolvimento do 
câncer, estima-se hoje que cerca de 30% de todas as neoplasias podem ser prevenidas. 
Nos Estados Unidos, estimasse que pelo menos dois terços das mortes por câncer estão 
relacionadas com apenas quatro fatores: uso do tabaco, alimentação, obesidade e 
inatividade física. E todos eles podem ser modificados. 
As modificações dependem, portanto, de mudanças no estilo de vida individual, 
do desenvolvimento de ações e regulamentações governamentais, de mudanças culturais 
na sociedade e dos resultados de novas pesquisas. Sob essa perspectiva, os fatores de 
risco para o câncer são hoje classificados segundo a possibilidade de modificação. 
As evidências científicas que demonstram a relação dos fatores de risco 
mencionados com os cânceres e algumas outras doenças serão descritas a seguir. 
 
3.3.1 Alimentação 
De acordo com especialistas, aproximadamente 25% de todas as mortes por câncer são 
causadas pela alimentação inadequada e obesidade. A alimentação influencia o risco de 
câncer de várias localidades, incluindo cólon, estômago, boca, esôfago e mama. 
A relação entre câncer e fatores alimentares é complexa. A alimentação é 
composta por diversos tipos de alimentos, nutrientes e substâncias químicas que 
interferem no risco de câncer. 
Outros fatores alimentares como o método de preparo e conservação do 
alimento, o tamanho das porções consumidas e o equilíbrio calórico também contribuem 
para o risco. 
A evidência científica tem demonstrado que frutas, legumes e verduras (FLV) 
conferem grande proteção contra o câncer, principalmente os de boca, faringe, laringe, 
esôfago, estômago, pulmão, pâncreas e próstata. O consumo destes alimentos pode 
contribuir para a redução de 5% a 12% dos casos de câncer. 
FLV são alimentos ricos em vitaminas e minerais e excelente fonte de fibras. 
Além das vitaminas e minerais que ajudam a manter o corpo saudável e a fortalecer o 
sistema imunológico, eles também são fontes de substâncias fitoquímicas, que são 
compostos biologicamente ativos, que ajudam a proteger o corpo dos danos que podem 
levar ao câncer. Mas é necessário que essas substâncias estejam em combinações 
equilibradas para reduzir o risco de câncer de forma eficaz. Existem fortes evidências de 
que os nutrientes das FLV não conferem o mesmo efeito protetor quando consumidos 
na forma de suplementos vitamínicos e minerais. Pelo contrário, altas doses desses 
suplementos podem ter um efeito prejudicial. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo diário de pelo 
menos cinco porções de FLV – em torno de 400 g por dia. Esses alimentos contêm um 
baixo teor calórico e ajudam a manter um peso corporal saudável, reduzindo o risco de 
câncer e outras doenças crônicas associadas à obesidade. Frutas, legumes e verduras de 
 
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22 
diferentes cores contêm diferentes nutrientes, que em seu conjunto, conferem maior 
proteção (WHO, 2014). 
FIGURA 4 – Relação entre atividade física e fatores dietéticos e câncer 
 
Outra substância alimentar que protege contra o câncer é a fibra. Alimentos ricos 
em fibras, como frutas, vegetais e cereais integrais podem reduzir o risco de câncer de 
intestino. Indivíduos que consomem mais fibras têm um risco até 40% menor quando 
comparados com pessoas que comem menos. Não se sabe exatamente como a fibra 
protegecontra o câncer, mas uma explicação é que elas aumentam o trânsito intestinal, 
reduzindo o tempo em que substâncias químicas presentes nas fezes ficam em contato 
com o intestino. 
Apesar de ser um componente necessário na nossa alimentação, a gordura 
contribui para a obesidade devido à sua alta densidade energética (quantidade de 
calorias por peso de alimento), aumentando, assim, o risco dos cânceres associados à 
obesidade. Mas não é só a gordura que contribui para o ganho de peso. Alimentos 
industrializados frequentemente contêm grandes quantidades de gordura e açúcares, e 
tendem a ter alta densidade energética. 
O consumo de carne vermelha ou processada (salsicha, presunto, salame etc.) em 
níveis elevados pode aumentar o risco de câncer de intestino e possivelmente de 
estômago e pâncreas. 
Com frequência, carnes vermelhas e processadas contêm nitritos e nitratos. No 
intestino, os nitritos são convertidos em nitrosaminas, que são compostos 
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23 
carcinogênicos. O método de preparo dos alimentos também afeta o risco de câncer. 
Preparar carne com métodos que utilizam altas temperaturas, como fritar ou fazer 
churrascos, produz substâncias químicas chamadas aminas heterocíclicas. Essas aminas 
podem danificar o DNA e aumentar o risco de câncer. 
Outros fatores alimentares associados ao câncer incluem alimentos salgados 
(carne de sol, charque e peixes salgados), que aumentam os riscos de câncer de 
estômago e nasofaringe, e o consumo de alimentos contaminados por aflatoxinas (que 
podem estar presentes em grãos e cereais mofados), que por sua vez, estão associados 
com o câncer de fígado. 
O Fundo Mundial de Pesquisa sobre Câncer (World Câncer Research Fund - 
WCRF), em seu relatório Alimentos, Nutrição, Atividade Física e Prevenção do Câncer, 
publicado em novembro de 2007, apresentou uma lista de recomendações que envolvem 
escolhas alimentares e de estilo de vida que afetam o risco de câncer. 
 
3.3.2 Tabaco 
O tabagismo é amplamente reconhecido hoje como doença crônica gerada pela 
dependência da nicotina, estando por isso inserido na Classificação Internacional de 
Doenças (CID10) da OMS: o usuário de produtos de tabaco é exposto continuamente a 
mais de 4 mil substâncias tóxicas, muitas delas cancerígenas. Esta exposição faz do 
tabagismo o mais importante fator de risco isolado de doenças graves e fatais. 
FIGURA 5 – Fatores de risco para o câncer 
 
 
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24 
Os fumantes correm risco muito mais elevado de adoecer por câncer e outras 
doenças crônicas do que os não-fumantes. Principal causa isolada evitável de câncer, 
além de câncer de pulmão, o tabagismo é também fator de risco para câncer de laringe, 
pâncreas, fígado, bexiga, rim, leucemia mieloide e, associado ao consumo de álcool, de 
câncer de cavidade oral e esôfago. 
Entre todos os cânceres, o de pulmão está mais fortemente associado ao 
consumo de tabaco, e o risco de ocorrência e morte aumenta quanto maior a intensidade 
da exposição. A mortalidade por câncer de pulmão entre fumantes é cerca de 15 vezes 
maior do que entre pessoas que nunca fumaram na vida, enquanto entre ex.: fumantes é 
cerca de 4 vezes maior. Fumantes de 1 a 14 cigarros, 15 a 24 cigarros e mais de 25 
cigarros têm, respectivamente, risco 8, 14 e 24 vezes maior de morte por este tipo de 
câncer do que pessoas que nunca fumaram. A cessação de fumar reduz 
consideravelmente o risco de morte por causas associadas ao tabaco, aumentando em 9 
anos a sobrevida média de uma população. O tabagismo é também uma das principais 
causas de mortalidade precoce por doenças isquêmicas do coração, doença cérebro- 
vascular e doença pulmonar obstrutiva crônica. Com o câncer, as doenças isquêmicas e 
respiratórias são as principais causas de mortalidade no Brasil. 
O percentual de fumantes em nosso país diminuiu nos últimos 15 anos, 
provavelmente como reflexo das políticas públicas de controle do tabaco. No entanto, a 
par das heterogeneidades regionais, ainda temos cerca de 22 milhões de fumantes no 
país. 
Além dos riscos para os fumantes, as pesquisas rapidamente acumularam 
evidências, a partir da década de 80, de que o tabagismo passivo é causa de doenças, 
inclusive câncer de pulmão e infarto, em não fumantes; de que os filhos de pais 
fumantes, quando comparados aos filhos de não-fumantes, apresentam maior frequência 
de infecções e outros problemas respiratórios e taxas ligeiramente menores de aumento 
da função pulmonar à medida que o pulmão amadurece; e que a simples separação de 
fumantes e não-fumantes num mesmo espaço pode reduzir, mas não eliminar, a 
exposição de não-fumantes à poluição tabagística ambiental. 
Estudos recentes mostram que, entre não-fumantes cronicamente expostos à 
fumaça do tabaco nos ambientes, o risco de câncer de pulmão é 30% maior do que entre 
os não-fumantes não-expostos – e também apresentam risco 24% maior de 
desenvolverem doenças cardiovasculares. 
Mulheres e crianças são o grupo de maior risco na exposição passiva em 
ambiente doméstico. Também há risco na exposição em ambiente de trabalho, onde a 
maioria dos trabalhadores não é protegida da exposição involuntária da fumaça do 
tabaco pela regulamentação de segurança e saúde, o que levou a OMS a considerar a 
exposição à fumaça do tabaco fator de risco ocupacional. 
 
3.3.3 Radiação Ultravioleta 
A exposição à radiação ultravioleta (UV) proveniente do Sol é considerada a principal 
causa de câncer de pele tipo melanoma e não-melanoma. Aproximadamente 5% de toda 
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25 
a radiação solar incidente na superfície da Terra provêm de raios ultravioletas. Os raios 
UV são uma forma de energia invisível emitida pelo Sol e são classificados de acordo 
com o comprimento da onda em UVA (400 – 315 nm), UVB (315 – 280 nm) e UVC 
(280 – 100 nm). São os raios UVA e UVB que afetam a pele. Os raios UVC são 
absorvidos pelo oxigênio e o ozônio, e não penetram na nossa atmosfera (INSTITUTO 
ONCOGUIA, 2017). 
A maior parte da radiação UV que chega à superfície da Terra é do tipo UVA. 
Esses raios penetram profundamente na pele e estão relacionados principalmente ao 
envelhecimento celular, podendo contribuir também para o desenvolvimento do câncer 
de pele. Os raios UVB penetram na epiderme e são os principais responsáveis pelos 
danos diretos ao DNA. Se o DNA dos genes que controlam o crescimento celular é 
afetado, o resultado pode ser um câncer de pele. Eles também são os raios que 
provocam as queimaduras de Sol. São os raios mais fortes, que mais danificam e mais 
comuns entre 10 e 16 horas. 
FIGURA 6 – Percentual de indivíduos adultos que usam proteção à radiação 
solar 
 
A intensidade da radiação solar varia em função de fatores como a localização 
geográfica (latitude), hora do dia, estação do ano e condição climática, entre outros. O 
Índice Ultravioleta (IUV) é uma medida dessa intensidade e é apresentado para uma 
condição decéu claro na ausência de nuvens, representando máxima intensidade de 
radiação. A Organização Mundial da Saúde classifica esse índice em cinco categorias, 
de acordo com a intensidade (FIGURA 7). 
FIGURA 7 – Índices de raios ultravioletas 
 
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26 
 
Os fatores de risco para câncer de pele melanoma e não-melanoma envolvem 
tanto as características individuais quanto fatores ambientais, incluindo o tipo de pele e 
fenótipo, propensão a queimaduras e inabilidade para bronzear, história familiar de 
câncer de pele, nível de exposição intermitente e cumulativa ao longo da vida. 
Embora as pessoas de pele mais clara estejam mais propensas aos danos do Sol, 
por se queimarem mais facilmente, as pessoas de pele escura também podem ser 
afetadas, sendo que, nesse grupo, frequentemente o câncer de pele é detectado em 
estágios mais avançados. As queimaduras de Sol aumentam o risco de câncer de pele, 
principalmente melanoma. Mas a exposição aos raios UV pode elevar o risco de câncer 
de pele, mesmo sem causar queimaduras. 
A exposição cumulativa e excessiva nos primeiros 10 a 20 anos de vida aumenta 
muito o risco de desenvolvimento de câncer de pele, mostrando ser a infância uma fase 
particularmente vulnerável aos efeitos nocivos do Sol. 
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) estima que pelo menos 
80% dos cânceres de pele sejam causados pela exposição ao Sol. O câncer de pele não-
melanoma é o tipo de câncer mais frequente: cerca de 2 a 3 milhões são diagnosticados 
a cada ano em todo o mundo, mas raramente são fatais e podem ser removidos 
cirurgicamente. No Brasil, este também é o tipo de câncer mais frequente. De acordo 
com o Instituto Nacional de Câncer, para 2008, foram estimados 115.010 casos novos, 
sendo 55.890 entre homens e 59.120 entre mulheres. O Brasil é um país de dimensão 
continental, com área superior a 8,5 milhões de Km2, localizado entre os paralelos 5º N 
e 34º S, com índices de radiação UVA e UVB que variam muito de uma região para 
outra. 
A distribuição fenotípica brasileira apresenta uma grande heterogeneidade ao 
longo das latitudes do território brasileiro, chegando a 89% de população de raça branca 
nas áreas urbanas do Estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, devido à forte 
presença de imigração europeia (alemães, poloneses, italianos), e caindo a 28% nas 
áreas urbanas do Estado do Amazonas e Pará. 
Pele clara associada a uma ocupação que exponha o indivíduo à radiação solar 
por muitas horas pode aumentar em muito o risco de desenvolvimento do câncer de 
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27 
pele. É o caso dos trabalhadores agrícolas em colônias de origem europeia do sul do 
Brasil. 
 
3.3.4 Agentes Infecciosos 
Atualmente, há evidências suficientes de que alguns tipos de vírus, bactérias e parasitas 
associados a infecções crônicas estão envolvidos no processo de desenvolvimento do 
câncer (MOHALEM, 2007). 
Embora de pouco conhecimento por parte da população, as infecções estão entre 
as principais causas de câncer, superadas apenas pelo tabagismo e alimentação 
inadequada. No mundo, estima-se que cerca de 18% dos casos de câncer estejam 
associados a agentes infecciosos. Em países desenvolvidos, este valor é de cerca de 7% 
e em países em desenvolvimento esta proporção chega a quase 25% (INCA, 2017). 
Certas infecções podem provocar alterações, que, de uma forma direta ou 
indireta, podem levar ao desenvolvimento do câncer. Isso pode acontecer devido a uma 
inflamação crônica causada por alguma infecção ou por um agente infeccioso (como um 
vírus), que pode alterar o comportamento das células infectadas. Infecções que 
comprometem o sistema imunológico (como o HIV) também aumentam risco de câncer, 
por diminuírem a capacidade de defesa do nosso organismo. 
Apesar de alguns dos agentes infecciosos associados ao desenvolvimento de 
câncer serem bastante comuns, apenas algumas pessoas desenvolvem a doença. Isto 
porque é necessário que esteja presente um conjunto de fatores, juntamente com a 
infecção, para transformar as células normais em cancerosas. Entre os fatores mais 
importantes neste processo estão a duração e a gravidade da infecção. Fatores como a 
má-alimentação ou outros, que comprometem a saúde, também desempenham papel 
importante no aumento do risco. 
Entre os principais agentes envolvidos, destaca-se o Papilomavírus humano 
(HPV), Helicobacter pylori, os vírus das hepatites B e C. O quadro a seguir apresenta os 
principais agentes, cuja evidência de potencial carcinogênico é considerada convincente 
pela International Agency for Research on Câncer (IARC). Outros agentes de menor 
importância são o Schistossoma haematobium, o vírus T-linfotrópico humano tipo I 
(HTLV I) e os parasitas hepáticos Clonirchis sinensis e Opisthornis viverrin. O primeiro 
é associado ao câncer de bexiga em 3% dos casos, enquanto O. viverrin é considerado 
responsável por 0,4% dos cânceres de fígado. Para o C. sinensis, as evidências não são 
consideradas suficientes. 
 
 
 
 
 
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FIGURA8: Principais infecções associadas ao câncer 
 
O Papilomavírus humano (HPV) é um vírus sexualmente transmissível que está 
associado a diversos tipos de câncer. Atualmente são aceitas pela IARC as evidências 
do potencial carcinogênico de alguns tipos de HPV – como os HPV 16, 18, 33, 35, 39, 
45, 51, 52, 56, 58, 59 ou 66 – que podem causar câncer cervical. Os tipos de DNA virais 
mais prevalentes em mulheres com carcinoma no colo do útero são o 16 e o 18, 
associados a 70% destes cânceres. 
O HPV é considerado o agente infeccioso mais importante no desenvolvimento 
do câncer. A ele se atribuem 100% dos casos de câncer do colo do útero e 5,2% do total 
de casos de câncer no mundo para ambos os sexos. No Brasil, essa proporção é de 4,1%. 
Embora de ocorrência menos frequente, cânceres de outras localizações ano-genitais, 
como vagina, vulva, pênis e ânus, bem como de boca e de orofaringe, também são 
associados à infecção pelo HPV. 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 9 – Prevalência de HPV estimada em estudos brasileiros 
 
O Helicobacter pylori é uma bactéria que infecta o estômago. Isolada pela 
primeira vez em 1982, a partir de cultura de biópsia gástrica, a bactéria H. pylori produz 
uma resposta inflamatória na mucosa que está associada ao desenvolvimento de gastrite 
e úlcera péptica. Atualmente, o papel do H. pylori no desenvolvimento do câncer de 
estômago está bem estabelecido e desde 1994 a bactéria é classificada como 
carcinogênica, sendo associada ao desenvolvimento do carcinoma e do linfoma gástrico. 
Estima-seque a proporção de casos de câncer atribuíveis ao H. pylori na população dos 
países em desenvolvimento corresponda a 78% dos casos localizados em porções fora 
da cárdia. 
Estudos indicam que tanto o HBV quanto o HCV são responsáveis pela maioria 
dos carcinomas das células do fígado. Em países em desenvolvimento, o HBV é 
responsável por 58,8% destes cânceres, e o HCV, por 33,4%. Nos casos de infecção 
associada (HBV + HCV), ocorre um efeito aditivo e a resultante passa a ser a soma das 
frações atribuídas a cada vírus. 
As evidências do potencial carcinogênico do Vírus Epstein-Barr (EB) são 
consideradas conclusivas. Os tumores associados a estes vírus ocorrem 
predominantemente nos países em desenvolvimento, principalmente na África 
Subsaariana, onde 85% dos Linfomas de Burkitt são causados por ele. Em relação ao 
carcinoma de nasofaringe, embora fatores alimentares sejam considerados importantes 
fatores de risco, quase todos os tumores ocorrem em consequência da infecção pelo EB. 
Para os linfomas de Hodgkin, a associação a este vírus parece depender da idade: a 
proporção de casos positivos é maior em crianças e em idades mais avançadas do que 
em adultos jovens. Nos países em desenvolvimento, a proporção de casos atribuíveis ao 
Epstein-Barr representa quase 50% dos casos. 
 
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Dois tipos de câncer são frequentemente associados à infecção pelo HIV: o 
Sarcoma de Kaposi e o linfoma não-Hodgkin. Todos os casos de Sarcoma de Kaposi 
são atribuíveis ao HHV8/HIV. 
Os cânceres associados a infecções não afetam os diversos grupos sociais de 
forma semelhante. As condições inadequadas de vida e saúde, presentes em boa parte 
dos países em desenvolvimento, aumentam a probabilidade de desenvolvimento deste 
tipo de câncer. 
Além das melhorias das condições de vida e saúde, e considerando a magnitude 
da ocorrência de cânceres associados a processos infecciosos, a implementação de ações 
que visam à adoção de medidas concretas como não compartilhar agulhas, praticar sexo 
seguro e realizar regularmente o exame preventivo (para as mulheres), reduziriam a 
ocorrência de algumas dessas infecções. Mais recentemente, o desenvolvimento de 
vacinas contra o vírus da hepatite B e do HPV tem demonstrado que estas podem ser um 
instrumento poderoso na prevenção desses cânceres, principalmente em países em 
desenvolvimento. 
 
 
3.4 AÇÕES DE PREVENÇÃO SECUNDÁRIA E DETECÇÃO 
PRECOCE NO CONTROLE DO CÂNCER 
O diagnóstico precoce é o procedimento utilizado na tentativa de se descobrir o 
mais cedo possível uma doença, através dos sintomas e/ou sinais clínicos que o paciente 
apresente, principalmente quando associados à presença de fatores de risco (INCA, 
2008). 
Nesse caso, o enfermeiro pode aplicar, em sua prática assistencial, seus 
conhecimentos sobre os fatores de risco para o câncer, bem como sobre medidas de 
prevenção. Deve ainda informar sobre os sinais e sintomas de alerta para o câncer que 
podem levantar, com isso, suspeita diagnóstica e orientar e encaminhar os pacientes aos 
serviços de saúde. As pessoas informadas passam então a procurar uma unidade de 
saúde para investigação e, caso haja confirmação diagnóstica, para tratamento. 
FIGURA 10 – Sinais de alarme para o câncer 
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31 
 
 
 
3.5 DESAFIOS NO CONTROLE DO CÂNCER 
A tendência de crescimento de câncer no Brasil é inquestionável. A diferença no risco 
absoluto e na sobrevida por câncer existe entre as diversas regiões brasileiras e, se não 
houver uma intervenção maciça no controle, esta diferença será maior ainda em termos 
de acesso aos serviços adequados para tratamento dos pacientes com câncer (INCA, 
2008). 
Um grande desafio diante do país é a minimização das disparidades na 
ocorrência de câncer em todas as localidades e em todos os estratos sociais. Em teoria, 
as soluções para enfrentar a disparidade podem ser objetivas a partir de melhora na 
educação e na comunicação, com mais investimento econômico para aumento do acesso 
ao cuidado em todos os níveis. No entanto, para que isto seja alcançado é necessário um 
esforço na organização do SUS, com participação efetiva da sociedade na construção de 
uma rede ampla e dinâmica que tenha como objetivo principal o controle do câncer 
(INCA, 2008; INCA, 2012). 
Em se tratando de países com recursos limitados, como o Brasil, em que 
indiretamente competem outros graves problemas de saúde pública, a definição de 
prioridades deveria ser o primeiro passo do plano de controle do câncer. Estas 
prioridades devem ser traçadas não apenas em função do peso que representam no perfil 
epidemiológico de uma população, mas, sobretudo, porque são medidas de intervenção 
com custo- efetividade já comprovado e que certamente terão impacto na mortalidade, 
incidência ou qualidade de vida. 
Nesta perspectiva é que tornaram prioridades de saúde pública, pelo governo 
brasileiro, o controle dos cânceres de colo do útero e da mama e o controle do 
tabagismo. Em toda a área de prevenção, deve ser estimulada a abordagem 
multissetorial para promoção de modos de vida e ambientes saudáveis. 
 
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Sugere-se que a implementação efetiva da prevenção de câncer em diferentes 
níveis seja parte do controle de câncer e da prevenção de doenças crônicas e outros 
problemas relacionados, o que implica que o processo necessariamente considere as 
inter-relações entre fatores de risco e proteção para doenças crônicas. Os agentes e as 
condições de maior potencial de risco para câncer têm pesos diferentes de região para 
região, o que torna imprescindível, no planejamento das ações de prevenção, a 
caracterização da realidade local (INCA, 2012). 
As estratégias de comunicação devem assegurar que as medidas propostas sejam 
bem planejadas, com estímulo a formas socializantes na adoção de comportamentos 
saudáveis. A parceria com movimentos sociais organizados é crucial para a adesão e a 
reformulação contínua dos processos de comunicação, educação e defesa da causa – a 
chamada advocacy. A construção de uma rede de atenção ao câncer, que tem por 
finalidade gerar, disseminar, articular e executar políticas e ações de atenção 
oncológica, deve incluir não apenas gestores e profissionais das diversas áreas e setores 
envolvidos, mas também universidades e centros de pesquisa, as sociedades científicas e 
toda a sociedade civil organizada (INSTITUTO ONCOGUIA, 2017). 
Com isto é possível a união de projetos, instituições e pessoas interessadas em 
estratégias de âmbito nacional, regional ou local que contribuam para a consolidação de 
um sistema de saúde equitativo e eficaz com forte participação social. 
A veiculação de informação em todos os campos, incluindo na saúde, é sem 
dúvida crescente, com a ampliação do acesso à internet. No entanto, nem sempre este 
veículo assegura qualidade de conteúdo: muitas vezes é de confiabilidade variável, 
cabendo a profissionais de saúde e educação estabelecerem formasprecisas de informar 
a população dos riscos para o câncer e demais doenças crônicas. É preciso entender que 
interações entre comunicação de risco, motivação e mudança de comportamento são 
complexas e ainda pouco entendidas. 
As condições que determinam o comportamento dos indivíduos são subjetivas, 
não-mensuráveis. Muitas vezes as intervenções preventivas podem dar certo em alguns 
lugares e não em outros. A interpretação da informação transmitida pode variar em 
função da escolaridade, de fatores culturais, emocionais e sociais. Justamente por isso, o 
trabalho integrado entre educação e saúde é o primeiro passo para a efetividade da 
política de prevenção. 
No Brasil, o critério de integralidade do SUS já vem permitindo que as ações 
sejam planejadas de forma transversal, o que implica multidisciplinaridade de ações, ao 
mesmo tempo em que se investe no trabalho intersetorial. Em relação à prevenção 
secundária, o rastreamento deve privilegiar os cânceres cuja ocorrência pode ser 
modificada a médio e longo prazo, como é o de colo do útero, mama e cólon e reto. Para 
os demais tipos, enquanto não houver testes de detecção precoce eficientes, deve-se 
priorizar o monitoramento de grupos populacionais de maior risco pela história familiar 
ou por condições especiais de saúde. A tomada de decisão em estratégias de 
rastreamento populacional deve levar em conta os recursos necessários, as condições 
dos serviços de saúde e as implicações das questões éticas – inclusive a decisão de não 
se rastrear (INCA, 2008). 
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A decisão pelo rastreamento populacional pode representar a peça-chave mais 
desafiante para os serviços de saúde. Apenas a partir de um plano estruturado com ações 
qualificadas e sistema de referência e contra referência ampla podem ser alcançadas as 
metas propostas. O rastreamento só se torna eficiente quando, de fato, as pessoas 
rastreadas podem se beneficiar do diagnóstico precoce e com isso alterar sua 
possibilidade de cura. 
Nas estratégias de prevenção de câncer do colo do útero, a chegada ao mercado 
da vacina anti-HPV abre novas perspectivas de eliminação do risco de infecção por 
alguns subtipos deste vírus, responsáveis por 75% dos casos de carcinoma. A discussão 
de incorporação da vacina pelo SUS merece assim ser encarada como prioritária, e deve 
levar em conta que alguns passos precisam ser percorridos até que se definam as regras 
para que a vacina seja incluída no calendário nacional de imunizações. 
Estes passos exigem estudos sobre a distribuição da prevalência de infecção dos 
diferentes subtipos de HPV em diferentes regiões do país. É importante salientar que, 
instituída a vacinação anti-HPV, o rastreamento convencional com base no exame 
Papanicolau deve ser mantido mesmo entre meninas vacinadas: o efeito em longo prazo 
da vacina ainda é desconhecido, não só em relação ao tempo de proteção conferido, mas 
também quanto ao comportamento dos subtipos do vírus não incluídos na vacina 
(INCA, 2017). 
Precisamos evoluir nos sistemas de informação, integrando os registros de 
câncer aos outros sistemas existentes no SUS, garantindo o monitoramento, a regulação 
e a avaliação das condições de saúde dos pacientes e os resultados alcançados. A 
vigilância do câncer deve ser consolidada e aprimorada pelo aumento da cobertura, da 
qualidade e da disseminação das informações para os profissionais e para a sociedade, 
permitindo o monitoramento das diversas condições de risco relacionadas à ocorrência 
do câncer. Além de permitir que se conheça a distribuição de risco no país, o 
acompanhamento contínuo das informações geradas neste sistema integrado tornará 
possível a avaliação direta, de grande interesse para gestores de saúde. No caso dos 
registros de base hospitalar pode ser avaliada a qualidade da assistência e, no caso dos 
de base populacional, de uma forma mais ampla, podem ser feitas comparações com 
outras regiões do mundo em relação à sobrevida dos pacientes. 
Os avanços no tratamento (cirurgia, radioterapia e quimioterapia), com certeza, 
têm sido responsáveis em países desenvolvidos pela redução da mortalidade dos 
principais tipos de câncer. A prioridade do tratamento deve estar ligada à detecção 
precoce, com foco em cânceres de grande potencial de cura e o estabelecimento de 
padrões de cuidado segundo prioridades e diferentes fontes de recurso. 
Com certeza, o acúmulo exponencial de conhecimento produzido nos campos da 
biologia molecular e da genética, especialmente com o sequenciamento genômico, vai 
permitir, em futuro próximo, a determinação de variantes genéticas que se relacionam 
aos riscos de diversos tipos de câncer. Para que isto se torne uma ferramenta importante 
no controle do câncer é necessário o estímulo a estudos que confiram a consistência dos 
resultados encontrados com desenhos cuidadosos e melhores estimativas de associação. 
Assim, será possível compreender a patogênese e avançar no desenvolvimento 
de fármacos com intervenções mais individualizadas. Grandes benefícios serão 
 
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possíveis para melhora do tratamento do câncer. A grande questão é que isso tudo 
aconteça sem que cresçam as diferenças que já marcam hoje o acesso a terapias mais 
eficazes. 
É necessário ainda o estabelecimento da lógica da rede de pesquisa oncológica 
em âmbito nacional, na busca de grupos emergentes em regiões cuja pesquisa em câncer 
seja incipiente, permitindo-se o envolvimento da massa crítica nacional de 
pesquisadores em saúde na problemática do câncer. 
Cobertura assistencial, avanços tecnológicos, qualidade da atenção ao câncer, 
ampliação das medidas de controle: todas e cada uma dessas iniciativas dependem de 
esforços redobrados na área de formação de recursos humanos e de educação 
permanente, orientados pela articulação sinérgica entre gestão do SUS e instituições 
formadoras. 
Por fim, o grande desafio está no campo da mobilização social. Como garantir a 
articulação de políticas de saúde com políticas de educação, rompendo preconceitos e 
quebrando o paradigma de que o câncer é sinônimo de morte? 
A difusão de experiências bem-sucedidas, com engajamento de voluntariado e 
captação de recursos por ações integradas, é essencial para que alcancemos os objetivos 
propostos e para a sustentabilidade das estratégias de mobilização que visam a redução 
dos casos e óbitos por câncer e para a efetiva melhora da qualidade de vida dos 
pacientes.
Unidade 4 – Segurança do Paciente em Oncologia 
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35 
04 
SEGURANÇA DO PACIENTE EM 
ONCOLOGIA 
 
 
 
 
Para melhor compreensão acerca da segurança do paciente, faz-se importante conhecer 
alguns termos: 
 Incidente: é um evento ou circunstância que poderia resultar, ou resultou, em 
dano desnecessário para o doente. 
 Evento adverso: é um incidente que resulta em dano para o doente. 
 Erro: é a falha na execução de uma ação planejada de acordo com o desejado ou 
o desenvolvimento incorreto de um plano. 
 Dano: implica

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