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COMPLICAÇÕES NA ESTÉTICA LIVRO 01 2 Complicações na Estética SOBRE A FACULDADE Propósito Mudar a vida das pessoas para melhor. Missão Educar profissionais da saúde e negócios para fazer diferença no mercado e na vida. Visão Proporcionar educação de qualidade segmentos da Saúde, Estética, Bem- Estar e Negócios, tornando-se referência nos mercados regional, nacional e internacional. Valores Liderança: porque devemos liderar pessoas, atraindo seguidores e influenciando mentalidades e comportamentos de formas positiva e vencedora. Inovação: porque devemos ter a capacidade de agregar valor aos produtos da empresa, diferenciando nossos beneficiários no merca- do competitivo. Ética: porque devemos tratar as coisas com seriedade e em acordo com as regulamentações e legislações vigentes. Comprometimento: porque devemos construir e manter a confiança e os bons relacionamentos. Transparência: porque devemos sempre ser verdadeiros, sinceros e ca- pazes de justificar as nossas ações e decisões. 3 Complicações na Estética SUMÁRIO COMPLICAÇÕES COM MICROAGULHAMENTO ..................................................... 6 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7 COMPLICAÇÕES: COMO PROCEDER..................................................................... 8 Dor .............................................................................................................................. 8 Hiperpigmentação Pós-Inflamatória ........................................................................ 8 Acne ........................................................................................................................... 8 Hematoma .................................................................................................................. 9 Dermatite De Contato ................................................................................................ 9 Infecções Bacterianas ............................................................................................ 10 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 11 COMPLICAÇÕES COM TOXINA BOTULINICA (TB) .............................................. 12 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13 COMPLICAÇÕES ..................................................................................................... 15 1. As complicações decorrentes da injeção da TB ............................................ 15 Eritema E Edema ...................................................................................................... 15 Equimose .................................................................................................................. 15 Cefaleia E Náuseas ................................................................................................... 16 2. As complicações decorrentes do efeito da TB .............................................. 16 Assimetria.................................................................................................................. 16 Ptose Palpebral Severa ............................................................................................. 17 Logoftalmo, Diplopia E Síndrome Do Olho Seco ....................................................... 18 Ptose Superciliar ....................................................................................................... 18 Elevação Excessiva Da Cauda Do Supercílio ........................................................... 19 Acentuação Das Bolsas Gordurosas Em Pálpebras Inferiores ................................. 19 Agravamento Das Linhas Zigomáticas E Nasais ....................................................... 20 Ptose Do Lábio Superior ........................................................................................... 20 Incontinência Do Músculo Orbicular Da Boca ........................................................... 20 Alergia A Toxina Botulínica ....................................................................................... 21 TRATAMENTOS DAS COMPLICAÇÕES ................................................................ 22 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23 COMPLICAÇÕES COM PREENCHEDORES .......................................................... 24 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 25 4 Complicações na Estética PRÉ- TRATAMENTO: AVALIAÇÃO CLÍNICA E CONSENTIMENTO INFORMADO .................................................................................................................................. 26 Patologias ................................................................................................................ 26 Fármacos ................................................................................................................. 26 Contraindicações .................................................................................................... 27 Documentação fotográfica ..................................................................................... 27 Termo consentimento informado .......................................................................... 27 COMPLICAÇÕES ..................................................................................................... 27 INFLAMAÇÃO, HIPEREMIA, SENSIBILIDADE e HEMATOMAS ........................... 28 ERITEMA .................................................................................................................. 28 EDEMA ..................................................................................................................... 28 TINDALIZAÇÃO ....................................................................................................... 29 ATIVAÇÃO DA HERPES .......................................................................................... 30 INFECÇÃO ................................................................................................................ 31 HIPERSENSIBILIDADE AGUDA .............................................................................. 31 PROTUBERÂNCIAS ................................................................................................ 31 COMPLICAÇÕES VASCULARES ........................................................................... 32 NÓDULOS ................................................................................................................ 34 GRANULOMA ........................................................................................................... 35 INFECÇÃO ................................................................................................................ 36 BIOFILMES ............................................................................................................... 36 MIGRAÇÃO DE MATERIAL DO PREENCHIMENTO .............................................. 37 HIALURONIDASE .................................................................................................... 37 CONTRA-INDICAÇÕES DA HIALURONIDASE ...................................................... 38 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39 COMPLICAÇÕES COM PROCEDIMENTOESTÉTICO INJETÁVEL PARA MICROVASOS (PEIM) ..............................................................................................42 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 43 COMPLICAÇÕES: COMO TRATAR ........................................................................ 43 Hiperpgmentação Pós Peim ................................................................................... 43 Angiogênese ............................................................................................................ 45 Necrose Cutânea ..................................................................................................... 45 Dor ............................................................................................................................ 45 Edema ...................................................................................................................... 46 Tromboflebite Superficial ....................................................................................... 46 5 Complicações na Estética REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47 COMPLICAÇÕES EM MESOTERAPIA / INTRADERMOTERAPIA ......................... 48 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 54 6 Complicações na Estética COMPLICAÇÕES COM MICROAGULHAMENTO 7 Complicações na Estética INTRODUÇÃO Na década de 90, na Alemanha, surge a técnica de microagulhamento sob a marca Dermarroler™, somente em 2006 este procedimento começou a se difundir por todo o mundo. Trata-se de uma técnica que utiliza um rolo em forma de tambor pequeno com diversas agulhas finas (0,1mm de diâmetro) fixadas, feitos de aço inoxidável cirúrgico, em diferentes milímetros de comprimento (0,5 a 3,0 mm) posicionados paralelamente em várias fileiras (DODDABALLAPEER, 2009). O sistema roller provoca micro lesões na pele, gerando um processo inflamatório local e consequentemente aumentando a proliferação celular (principalmente dos fibroblastos) e o metabolismo celular deste tecido (derme e epiderme) (KLAYN; LIMANA; MOARES,2013). Esta técnica é utilizada para o tratamento de afecções dermatológicas (ex.: problemas de pigmentação, rugas, acne e cicatrizes), na terapia de indução de colágeno no rejuvenescimento facial e para veiculação de princípios ativos. Além da vantagem de causar poucos efeitos colaterais, a técnica tem baixo custo, cicatrização rápida e intervenção em áreas de difícil acesso. Como contra-indicações, pode-se citar a presença de lesões cancerígenas, cicatrizes hipertróficas e queloide, fototipos elevados, verrugas, hiperqueratose solar, psoríase, rosácea, herpes ou acne ativa, uso de anticoagulantes e corticoides, diabetes, gravidez, doença neuromuscular e distúrbios hemorrágicos (NEGRÃO, 2015). Algumas complicações podem surgir, como hiperpigmentação pós-inflamatória, cortes e arranhões na pele (quando mal utilizado), hematomas, edema, queloide (quando há predisposição) e acne. A técnica utilizada de forma inadequada, pode ocasionar quadros infecciosos. 8 Complicações na Estética COMPLICAÇÕES: COMO PROCEDER Dor A dor é comum pós procedimento. O anti-inflamatório deve ser evitado para obtenção de resultados efetivos, mas se a dor for persistente, pode ser tratada com analgésicos. Compressas frias e/ou calmantes. Se a dor persistir, utilizar anti-inflamatório não esteroidal. Hiperpigmentação Pós-Inflamatória O microagulhamento causa inflamação na pele, esta inflamação pode estimular a atividade dos melanócitos, liberando melanossomas (grânulos de pigmento) em abundância. Estes melanossomas contém tirosinase (uma enzima de pigmentação que começa a produção de melanina) e sintetizam melanina. Estimulados, os grânulos de pigmento em excesso escurecem e mudam a cor da área anteriormente tratada, permanecendo de forma persistente após a recuperação da ferida inicial. O tratamento das desordens hiperpigmentares é realizado à base de substâncias despigmentantes ou clareadoras da pele. Sabe-se que o tratamento da pele discrômica é difícil, pois muitos compostos efetivos no tratamento apresentam propriedades reatogênicas e podem, em certo caso, promover descamação. Observa-se também que o resultado satisfatório não é conseguido imediatamente, pois a despigmentação é gradual (GONCHOROSKIet al, 2005). Acne Pele com acne ativa possuem alta probabilidade de disseminação do processo inflamatório e de agentes infecciosos no restante da pele após microagulhamento, o que deve ser evitado para ser realizado o procedimento. 9 Complicações na Estética Na acne branda, gel de peróxido de benzoila (2%, 5% ou 10%), haja vista que os retinóides tópicos (tretinoína) são eficazes na acne comendônica e na papulopustulosa, mas exigem instruções detalhadas quanto aos aumentos gradativos da concentração: creme a 0,025% ou gel a 0,01%; creme a 0,05% ou gel a 0,025%; creme a 0,1%; solução a 0,05% menor concentração eficaz para manutenção. Ocorrendo uma melhora do quadro clinico após alguns meses (2 a 5) e pode demorar ainda mais nos pacientes com comedões não inflamados. Devendo-se aplicar retinóides tópicos á noite e antibióticos (sobre prescrição médica) e géis de peróxido de benzoíla tópicos durante o dia (UDA; WANCZINSKI, 2008). Hematoma Após microagulhamento mais profundo (2,0 e 2,5 mm), poderá ocorrer rompimento de pequenos vasos sanguíneos (capilares) e o acúmulo de sangue no local, podem originar hematomas. No local do hematoma observamos uma dor, um inchaço, além da coloração específica azulada-avermelhada-preta. O primeiro tratamento é aplicar gelo no local do trauma, durante 5 minutos em intervalos de uma hora. A maioria dos casos o hematoma reverte-se espontaneamente, mas alguns cremes e pomadas podem ser utilizados, pós 24h: cremes à base de arnica (planta), heparina ou polissulfato de mucopolissacarideo (Hirudoid®). Antiinflamatórios (AINES) como o ibuprofeno, para limitar a inflamação e a dor. Dermatite De Contato A dermatite de contato caracteriza-se por eritema, ardência e prurido nas primeiras semanas. A superfície cutânea torna-se suscetível aos irritantes tópicos, tais como perfumes, propilenoglicol, lanolina, produtos de limpeza, emolientes e pomadas. É importante verificar a existência de automedicação pelos pacientes, principalmente com fitoterápicos, e lembrá-los de evitar o uso de maquiagem nas primeiras duas semanas do PO. 10 Complicações na Estética Suspensão dos prováveis agentes irritantes, Realização de compressas frias, Administração de corticosteroides tópicos de média potência, não fluorados, Anti-histamínicos orais para alívio do prurido e das erupções cutâneas. Infecções Bacterianas O risco de infecções pós procedimento é mencionado na literatura com relevância por seu potencial para a formação de cicatrizes. As taxas de infecção são maiores em procedimentos realizados em toda a face do que naqueles realizados localmente. Os sinais de infecção bacteriana desenvolvem-se entre o 2º e o 10o dia pós procedimento e se manifestam como dor de aparecimento súbito ou persistente, prurido, áreas com eritema acentuado, secreção amarelada e fétida, pústulas e erosões com crostas. É indicado o uso de antibiótico nesses casos, mediante prescriçãomédica. 11 Complicações na Estética REFERÊNCIAS 1. KLAYN, A. P.,LIMANA M. D., MOAREAS L. R. S. Microagulhamento como agente potencializador da permeação de princípios ativos corporais no tratamento de lipodistrofia localizada: Estudo de casos, 2013. 2. NEGRÃO, M. C. P. Microagulhamento: bases fisiológicas e prática. CR8 Editora, 2015. 3. DODDABALLAPUR, Satish. Micronneding With Dermaroller. Journal of Cutaneus and Aesthetic Surgery. 2009; Jul-Dec; 2(2): 110–111. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2918341/?report=printable. Data de acesso: 24/05/2015 às 21h05min. 4. GONCHOROSKI, Danieli D.; CORREA, Giane M. Tratamento de hipercromia pós-inflamatória com diferentes formulações clareadoras. Rev. Inframa, v.17, n. 3/4. 2005. 5. UDA, C.F.; WANCZINSKI, B. J. Principais ativos empregados na farmácia Magistral para o tratamento tópico da Acne. Informa – Informativo Profissional do Conselho de Federal de Farmácia, Brasília, v.20, n.9/10, p.16- 25, set. 2008. 12 Complicações na Estética COMPLICAÇÕES COM TOXINA BOTULINICA (TB) 13 Complicações na Estética INTRODUÇÃO A utilização da toxina botulínica com finalidade estética iniciou-se na década de 90, quando Crruthers e Carruthers (1990) começaram a utilizar a toxina como tratamento coadjuvante das rugas glabelares, no “Meeting” da Sociedade Americana de Cirurgia Dermatológica realizado no Havai (20). Surgiram outros estudos clínicos posteriores, evidenciando a utilização da toxina botulínica tipo A como um método efetivo e seguro para o tratamento das rugas facias devido a hipercinese da musculatura facial (21,22,23). Sendo utilizada de forma adequada, a toxina botulínica possui várias propriedades farmacêuticas: inibe a liberação de acetilcolina em neurônios motores periféricos, diminuindo a atividade excessiva de músculos involuntários pelo bloqueio da liberação da liberação de acetilcolina nos neurônios motores; possui alta especificidade de ação e atividade em doses mínimas, apresentando alta margem de segurança e raros efeitos colaterais e, a prolongada durabilidade do efeito (24). Apesar dos efeitos adversos na utilização da toxina botulínica serem autolimitados, o aumento da sua aplicação nos procedimentos estéticos (93), elevou o número de complicações após procedimento. As complicações podem ser classificadas em leves ou severas, onde as leves incluem assimetrias, edemas, cefaleia leve, náuseas após aplicação, ptose palpebral, ptose das sobrancelhas, dor no sítio de aplicação, acentuação das bolsas gordurosas em pálpebras inferiores e leve queda de pálpebra inferior, e as severas, incluem diplopia, paralisia do músculo reto lateral do olho, ptose palpebral severa, logoftalmo, incompetência do músculo orbicular da boca, disfagia, alteração do timbre da voz, síndrome do olho seco, oftalmoplegia e cefaleia severa (93). Na maioria dos casos, o tratamento envolve intervenção dos sintomas de forma individualizada. Devendo ser sempre preenchido o Termo de Consentimento informado antes da toxina botulínica e realizada documentação fotográfica de forma criteriosa, como documento que lhe resguardará juridicamente. Algumas orientações são úteis para prevenir a ocorrência das complicações: Exame físico completo, observando toda a disposição das estruturas da face em repouso e durante o movimento; Fotografias prévias; 14 Complicações na Estética Marcação da região a ser tratada para evitar aplicações assimétricas; Técnica precisa de diluição e conservação correta; Injeção de volumes pequenos e concentrados; Aplicação com margem de 1cm da borda orbitária no tratamento das rugas próximas a essa região; Respeito às doses recomendadas para cada área e músculo; Técnica minuciosa de aplicação; Orientação do paciente para que permaneça em posição ortostática e não manipule a área tratada até 4h após a aplicação; Explicação detalhada e clara do procedimento e seus efeitos esperados (MAIO, 2011). Segundo revisão sistemática com meta-análise de efeitos adversos associados à aplicação de toxina botulínica na face, a ptose palpebral possui a maior ocorrência (Tabela 01) (ZAGUI, (MATAYOSHI e MOURA, 2008). Tabela 01.Frequência relativa dos efeitos adversos relacionados ao uso da toxina botulínica em 1003 pacientes nos 13 relatos de caso. 15 Complicações na Estética COMPLICAÇÕES A aplicação da TB pode trazer consigo alguns efeitos adversos e complicações decorrentes da injeção ou do produto. A maioria destas adversidades são consideradas leves e transitórias, mas causam preocupação e desconforto ao paciente (SPOSITO, 2004). 1. As complicações decorrentes da injeção da TB A injeção de qualquer substância na pele causa reações localizadas decorrentes do trauma. As mais comuns são eritema, dor e equimose (SANTOS, 2013; DAYAN, 2013). Eritema E Edema O eritema é a vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos e o edema é o acumulo de líquido no tecido. Esses estão associados ao trauma da própria injeção e ao volume de líquido do injetado. Quando as diluições de TB são maiores, o edema tende a ser proporcionalmente maior. Essas complicações regridem de forma espontânea na primeira hora, não havendo necessidade de qualquer tratamento. Em pacientes com flacidez associada, um edema vespertino pode ocorrer, cedendo com o decorrer do dia (SPOSITO, 2004). Equimose Equimoses decorrem de lesão a vasos sanguíneos por ocasião da injeção que por sua vez provoca hematomas (Figura 1). Algumas áreas da face são ricamente vascularizadas, favorecendo esse tipo de complicação. São mais comuns em pacientes com distúrbio de coagulação ou que ingeriram anti-inflamatórios derivados de ácido acetilsalicílico ou vitamina E. Na ocorrência de lesão vascular, a compressão da área por alguns minutos, sem maquiagem, é útil para auxiliar a hemostasia. A área com maior risco de ocorrer equimose é a região periorbitária, pois a pele é fina e os vasos sanguíneos são calibrosos e superficiais (MAIO, 2011; SORENSEN & URMAN, 2015). 16 Complicações na Estética Figura 1 – Demonstração do Hematoma periorbital. Hematoma grande na área periorbital em paciente usando ácido acetilsalicílico. Fonte: MAIO, 2011. Cefaleia E Náuseas Cefaleia e náuseas podem ser relatadas após a aplicação, mas tendem ser muito leves. Além do trauma da injeção, está relacionado ao estado de ansiedade antes e/ou durante o procedimento. Tem regressão espontânea, mas podem ser tratadas caso tragam muito desconforto. Em casos raros são intensas e duram dias (MAIO, 2011). 2. As complicações decorrentes do efeito da TB Assimetria A assimetria pode surgir após a aplicação da TB em quantidades ou pontos assimétricos na face. A assimetria fisiológica discreta é normal em todas as pessoas, quando esta é muito evidente a TB age corrigindo-a, no entanto, a TB deve ser aplicada de maneira simétrica (MAIO, 2011). Para corrigir as assimetrias decorrentes da aplicação da TB pode ser feito um retoque nos músculos responsáveis pela alteração depois de 30 dias (MAIO, 2011). 17 Complicações na Estética Ptose Palpebral Severa A ptose palpebral é a complicação mais temida e mais importante. Caracteriza- se por queda de 1 a 2 mm na pálpebra, obscurecendo o arco superior da íris (Figura 2). Ocorre em consequência de injeçãona glabela e fronte, pela difusão da TB ou pela injeção no septo orbital, paralisando o músculo levantador da pálpebra superior. Diluições muito altas, injeções muito próximas da borda orbital, massagens ou intensa manipulação da área depois da aplicação e maior difusão das preparações de TB são fatores que aumentam a possibilidade de ocorrência dessa complicação. Os sintomas aparecem após 7 a 10 dias da aplicação e tendem a ser leves. Além da queda da pálpebra os pacientes referem dificuldade para movimentá-las e sensação de peso quando os olhos estão abertos. Figura 2 – Demonstração da Ptose palpebral (b) após marcação errada (a). A B 18 Complicações na Estética Logoftalmo, Diplopia E Síndrome Do Olho Seco A dificuldade de oclusão das pálpebras (lagoftalmo) (Figura 3), em tratamentos de rugas periorbitárias, é causada quando se aplica doses muito altas sobre o músculo orbicular do olho, levando a uma difusão da TB. Outras alterações oculares também são relatadas como a diplopia, que se deve à paralisia dos músculos retos laterais caracterizando-se por visão dupla, síndrome do olho seco como consequente lagoftalmo e ação direta da TB na glândula lacrimal. Essas complicações podem ser evitadas com a aplicação da TB concentrada nos pontos marcados, respeitando a distância de segurança de 1cm da borda orbital durante a aplicação (SANTOS, 2013). Figura 2 – Demonstração da logoftalmo. Ptose Superciliar A ptose superciliar e a diminuição significativa da expressividade do terço superior da face decorrem da aplicação da TB na região frontal e superciliar. A movimentação e altura dos supercílios dependem de músculos depressores e levantadores localizados, respectivamente, na glabela e na região frontal. Em pacientes idosos, deve-se ter cautela no tratamento de rugas frontais pelo fato de que apresentam queda fisiológica da pálpebra superior e supercílio (MAIO, 2011). A ptose lateral do supercílio também deve ser mencionada como efeito indesejável, sendo mais visível, quando o paciente aciona a musculatura frontal para tentar levanta-lo. Para que esse efeito não aconteça, é importante aplicar a TB somente na região frontal de pacientes que tenham supercílio alto, também se sugere respeitar a área limite de 1cm acima do supercílio ou da ruga frontal mais inferior para as injeções (SPOSITO, 2004). 19 Complicações na Estética Elevação Excessiva Da Cauda Do Supercílio A elevação excessiva da cauda do supercílio ocorre principalmente em pessoas com musculatura frontal potente e supercílios naturalmente altos (Figura 3). Trata-se de um efeito indesejável e esteticamente desagradável principalmente em homens, pois atribui uma expressão afeminada. Ocorre por uma ação compensatória da porção lateral do músculo frontal quando toda a região central da testa e glabela estiver paralisada. A utilização da técnica adequadamente evita tal reação (SANTOS, 2013). Figura 3 –Elevação da cauda do supercílio. Elevação excessiva da cauda do supercílio após aplicação da TB. Fonte: MAIO, 2011. Acentuação Das Bolsas Gordurosas Em Pálpebras Inferiores Na região periorbitária as rugas não se devem apenas pela contração muscular excessiva, mas também pela flacidez cutânea e fotoenvelhecimento. Por essa razão, abolir totalmente a função muscular pode determinar apenas melhora parcial das rugas nessa região, além do risco de evidenciar ou agravar o aspecto flácido da pele da pálpebra inferior, especialmente em pessoas com grau acentuado de flacidez cutânea. Esses pacientes referem edema na pálpebra inferior ao amanhecer, que cedem espontaneamente durante o dia (SPOSITO, 2004). 20 Complicações na Estética Agravamento Das Linhas Zigomáticas E Nasais O agravamento das linhas zigomáticas acontece quando a aplicação na região periorbitária ultrapassa seus limites e atinge a musculatura zigomática, principalmente em pacientes com flacidez cutânea (SPOSITO, 2004). Já o agravamento das linhas nasais é observado após aplicação na glabela e/ou região periorbitária sendo conhecido como “sinal da toxina botulínica”. Pode ser facilmente corrigido com uma nova aplicação de TB exatamente no ponto de maior concentração das rugas, nas faces laterais da região nasal. Não se deve superdosar a TB pelo risco de paresia do músculo levantador do lábio superior que se insere nesse nível (MAIO, 2011). Ptose Do Lábio Superior A ptose do lábio superior (Figura 4) é decorrência da aplicação da TB na região infraorbitária ou malar para correção das rugas da pálpebra inferior, das rugas zigomáticas, da hipertrofia do músculo orbicular e também na região nasal para correção do “sinal da toxina botulínica”. Essa complicação é consequência de paresia ou paralisia do músculo levantador do lábio superior e/ou zigomático maior, principalmente quando se injeta grandes doses de TB nas áreas citadas (MAIO, 2011). Figura 4 – Demonstração de ptose do lábio superior. Incontinência Do Músculo Orbicular Da Boca A superdosagem no mento e nos depressores do ângulo da boca (Figura 5) também pode ocasionar dificuldade na movimentação do lábio inferior, além das alterações labiais inestéticas durante o sorriso. Essa complicação também pode causar prejuízo das funções da boca como mordedura involuntária da língua e a fala, 21 Complicações na Estética além de parestesia dos lábios, perda do desenho do filtro, dificuldade de movimentação da saliva na boca e perda de saliva durante a oratória (MAIO, 2011). Figura 5 – Demonstração de incontinência do músculo orbicular da boca. Alergia A Toxina Botulínica São incomuns os relatos de reação alérgica (Figura 6) relacionadas à aplicação incorreta de TB. Careta et al. relatam um caso de reação alérgica a toxina botulínica chinêsa do tipo A (CBTX-A; Prosigne, Lanzhou Institute of Produtos Biológicos, China), incomum, mas ainda assim evento adverso clinicamente importante associado ao seu uso. Realizar testes intradérmicos com o mesmo produto no antebraço direito injetando 0,1 mL de toxina. Administração de corticosteróides e anti-histamínicos para conter o efeito alergênico (Careta, Delgado e Patriota, 2015). Figura 6 – Fotografia do paciente feminino de 44 anos, 20 minutos após o procedimento. 22 Complicações na Estética TRATAMENTOS DAS COMPLICAÇÕES O edema pós aplicação da toxina botulínica pode eventualmente ser decorrente do volume de líquido injetado, regredindo de forma rápida e espontaneamente. Para o eritema, deve-se optar pela utilização de cosméticos. A ptose pode ser evitada com uma técnica correta e diluições adequadas do produto, diminuindo, assim, os riscos da ocorrência. Costuma ser leve, resolvendo-se em poucos dias e ocorrendo maioritariamente por erro de técnica e não de difusão do produto. A dificuldade de acomodação visual destaca-se em pacientes que utilizam a musculatura extrínseca dos olhos para a acomodação visual, especialmente indivíduos mais velhos e que não utilizam óculos de leitura, podendo ter dificuldades de acomodação e passando a necessitar do uso de lentes após a aplicação da toxina. Na eventualidade de aplicação no músculo errado, a antitoxina botulínica pode ser considerada para a injeção local, na mesma região o mais rápido possível e no máximo dentro de 21 horas, a fim de reduzir ou bloquear o efeito local da TBA. A antitoxina (Antitoxina Botulínica Trivalente (Eqüina) Tipos A, B e E) é uma proteína que apresenta risco significativo de efeitos colaterais sistêmicose imunizantes. Os riscos de seu uso devem ser considerados em relação aos resultados adversos esperados, quando da sua aplicação. O efeito da TBA pode ser potencializado por antibióticos aminoglicosídeos ou qualquer outra droga que interfira com a transmissão neuromuscular. Devem ser tomadas as devidas precauções quando esse produto for administrado em pacientes que estejam utilizando drogas dessa natureza (SPOSITO, 2004). A maioria das complicações causadas por TB são consideradas leves e transitórias, mas causam preocupação e desconforto ao paciente (SPOSITO, 2004). Em caso de complicação, sendo necessária uma possível intervenção pode-se utilizar: Biprofenid 150 mg (12/12h) ou prednisona 20 mg (12/12h) por 5 dias; Eletroterapia (ex.: Radiofrequência); Dimetilaminoetanol (DMAE) e Fototerapia (ex.: LED e Laser vermelho). 23 Complicações na Estética REFERÊNCIAS 1. Carruthers A, Carruthers J. Treatment of glabellar frown lines with C. botulinum: a exotoxin. J Dermatol Surg Oncol. 1992;18:17-21 2. Borodic GE, Cheney M, Mckenna, M. Contralateral injections of botulinum A toxin for the treatment of hemifacial spasm to achieve increase facial symmetry. Plast Reconstr Surg. 1992:90:972-9. 3. Carruthers A, Carruthers J. The use of botulinum toxin to treat glabella frown lines and other acial wrinkles. Cosmet Dermatol. 1994;7:11-5 4. Carruthers A, Carruthers J. Botulinum toxin A: history and current use in the upper face. Semin Cutan Med Surg. 2001;20:71-84. 5. Borodic GE, Johnson E, Goodnought M, Schantz E. Botulinum toxin therapy, immunologic resistence and problems with available materials. Neurology. 1996;46:26-9. 6. Ferreira MC, Salles AG, Gimenez RP, Soares MFD. Complications with the use of botulinum toxin type A in facial rejuvenation: report of 8 cases. Aesth Plast Surg. 2004;28:441-4. 7. Roberta Melissa Benetti Zagui1Suzana Matayoshi2Frederico Castelo. Adverse effects associated with facial application of botulinum toxin:a systematic review with meta-analysis. Arq Bras Oftalmol. 2008;71(6):894-901 8. SANTOS, Thiago José. Aplicação da toxina Botulínica em Dermatologia e estética e suas complicações: Revisão da Literatura. Trabalho de obtenção de título de pós-graduação em Dermatologia – Núcleo Alfenas, 2013. 9. SPOSITO, Maria Matilde de Mello. Toxina botulínica tipo A: propriedades farmacológicas e uso clínico. Acta Fisiátrica, v. 11, p. S7-S44, 2004. 10. Mariana Figueiroa Careta, PhD; Livia Delgado, MD; and Régia Patriota, PhD. Report of Allergic Reaction After Application of Botulinum Toxin. Aesthetic Surgery Journal 2015, Vol 35(5) NP102–NP105 24 Complicações na Estética COMPLICAÇÕES COM PREENCHEDORES 25 Complicações na Estética INTRODUÇÃO A utilização de preenchimentos semi-permanentes e permanentes exige precisão e responsabilidade dos profissionais que realizam procedimentos com estes insumos. Deve-se planejar de forma criteriosa os níveis de injeção e as áreas de melhor eficácia, assim como o dominar os possíveis tratamentos em caso de eventuais complicações (23). Materiais absorvíveis (Tabela 1) como o colágeno, o ácido hialurônico, o dextran, o ácido polilático e a hidroxiapatita são preenchimentos não permanentes. Essas substâncias são metabolizadas enzimaticamente ou removidas por fagocitose, havendo pouca reação histológica em um período de 3 a 24 meses, dependendo da quantidade de volume do material utilizado na técnica (23). Preenchimentos permanentes (Tabela 1) como a parafina, o silicone líquido, o Teflon® e as partículas de metacrilato ou Polimetilmetacrilato (PMMA) possuem características estruturais que impedem a sua fagocitose, formando eventualmente granulomas. Partículas e microesferas menores que 15 μm são geralmente absorvidas pelos linfonodos, enquanto que microesferas maiores são encapsulados com tecido fibroso e escapam da fagocitose (23). Tabela 1. Comparação entre preenchedores. 23 Visando a segurança das substâncias utilizadas na técnica de preenchimento de partes moles, empregadas para rugas e defeitos na pele, devem ser utilizados materiais com as seguintes características 24,25: 26 Complicações na Estética Seguro, biocompatível, estável após a implantação, não-migratório, resistente à fagocitose; Manter seu volume sem ser reabsorvido ou degradado; Induzir mínima reação de corpo estranho; Ser não-teratogênico, não-carcinogênico, não-infeccioso, não-tóxico e não- alergênico; Não requerer testes alergênicos prévios ao seu uso; Preferencialmente ser autólogo, não gerar dor ou desconforto, ser de baixo custo e apto à estocagem em temperatura ambiente. PRÉ- TRATAMENTO: AVALIAÇÃO CLÍNICA E CONSENTIMENTO INFORMADO Patologias Histórico de distúrbios hemorrágicos, herpes, doenças autoimunes, gravidez, alergias, tendência à formação de queloides e uso de medicamentos, tais como anticoagulantes (incluindo coumadin e anti-inflamatórios não esteroides) ou vitaminas/ suplementos fitoterápicos associados a sangramento prolongado. 8,9 Fármacos Medicamentos à base de ervas devem ser descontinuados entre sete e dez dias antes do procedimento visando reduzir o risco de hematomas. Em relação aos pacientes em uso de medicação anticoagulante, se o fármaco foi prescrito por período limitado de tempo, é prudente adiar o tratamento com preenchedores até que o primeiro possa ser interrompido. No entanto, se a medicação é prescrita por tempo indeterminado, a relação risco/benefício da interrupção desses medicamentos deve ser cuidadosamente avaliada.8,10 Procedimentos estéticos Analisar tipo de procedimentos estéticos anteriores, tipo de preen- chedores e reação alérgica prévia a preenchedores ou anestésicos. 27 Complicações na Estética Contraindicações Infecção ativa em área próxima (intraoral, envolvendo mucosas, dental ou mesmo sinusite), Processo inflamatório adjacente, Imunossupressão, Alergia aos componentes do preenchedor ou lidocaína, Gravidez e amamentação, A utilização de preenchedores semipermanentes ou temporários em área em que já há presença de preenchedores permanentes deve ser evitada devido ao risco de exacerbação ou estimulação da formação de nódulos, Documentação fotográfica Deve-se registrar a aparência dos pacientes antes do procedimento, para permitir melhor análise das áreas críticas específicas do paciente e eventuais assimetrias. Termo consentimento informado O paciente deve ler e assinar um termo de consentimento informado, e os dados contidos devem ser bem documentados. COMPLICAÇÕES 1. Reações precoces (poucos a vários dias) 28 Complicações na Estética INFLAMAÇÃO, HIPEREMIA, SENSIBILIDADE e HEMATOMAS São relacionadas apenas com a injeção e incluem inflamação local, hiperemia, sensibilidade e hematomas (Figura 1). Essas reações são influenciadas principalmente pelo calibre da agulha, pelas propriedades físico- químicas do próprio material e pela velocidade de injeção.14 A utilização de cânulas de ponta romba reduz o trauma intratecidual, podendo assim, diminuir o sangramento, hematomas e dor local pós procedimento. Figura 1. Evolução de reações precoces (inflmação, hiperemia, sensibilidade e hematoma) após preenchimento labial com AH. ERITEMA Pode ocorrer eritema transitório, principalmente se a massagem for realizada apóso procedimento. Se persistir, deve-se analisar possível hipersensibilidade ao material utilizado ou infecção. Anti-histamínicos e esteroides tópicos podem ajudar a minimizar a vermelhidão transitória. No caso de eritema persistente, utiliza-se tratamentos com luz, tais como LED e LIP.9 EDEMA Extremamente comum em preenchimentos, na grande maioria das vezes localizado e autolimitado. As áreas mais propensas são os lábios (Figura 2) e a região periorbital. A escolha correta do produto para a área de tratamento, bem como o plano correto de tratamento, ajuda a preveni-lo. 29 Complicações na Estética A aplicação de gelo, a elevação da cabeça, anti-histamínicos e prednisona orais, por curto espaço de tempo.9 Figura 2. Edema após preenchimento. TINDALIZAÇÃO O efeito Tyndall (Figura 3, 4) pode resultar de qualquer vestígio de hemossiderina após lesão vascular e/ou distorção visual de refração de luz através da pele causada pelo material de preenchimento, causada por injeção superficial do material de preenchimento 25 Massagem local, incisão e drenagem e, no caso de AH, hialuronidase (Hial) (Figura 1) são opções de tratamento. O uso de laser 1.064nm Q-switched também foi relatado.15 Figura 3. Tindalização em sulco nasojulgal direito após preenchimento com AH injetável e regressão completa após aplicação de hialuronidase. 9 30 Complicações na Estética Figura 4: Paciente no 15º dia pós procedimento: nodulação bilateral com tindalização infraorbitária a esquerda (A) após aplicação da hialuronidase (B), sem atrofia nem assimetria.8 A hidroxiapatita de cálcio deve ser colocada na camada subcutânea e pode apresentar migração se o produto for colocado superficialmente ou em áreas altamente móveis, como os lábios. Em caso de complicação com hidroxiapatita, deve-se injetar na lesão esteroides e soro fisiológico seguida por massagem, incisão e expressão ou remover cirurgicamente. ATIVAÇÃO DA HERPES Devido a resposta inflamatória após a injeção dérmica de preenchedores, há risco de ativação do herpes simples (Figura 5).17 Podem ser empregados 400mg de aciclovir três vezes ao dia durante dez dias ou 500mg de valaciclovir duas vezes ao dia durante sete dias, começando dois dias antes do procedimento.16 Figura 5. Evolução (A, B) de paciente com herpes simples após preenchimento labial com AH e após tratamento com aciclovir (C). A B C 31 Complicações na Estética INFECÇÃO As infecções que se apresentam precocemente possuem como sintomas: endurecimento, eritema, sensibilidade e prurido, respostas semelhantes as reações pós-procedimento. Com a evolução da infecção, apresentam-se nódulos flutuantes e sintomas sistêmicos (febre, calafrios). Geralmente, ss infecções cutâneas são normalmente causadas com a microbiota residente (Staphylococcus ou Streptococcus spp.), introduzida pela injeção. Após cultura microbiológica, deve-se introduzir antibioticoterapia adequada à cultura. Nesses casos pode ser necessário antibiótico alternativo. HIPERSENSIBILIDADE AGUDA As injeções de preenchedores podem desencadear reações de hipersensibilidade podendo variar de leve vermelhidão até a anafilaxia. A incidência de reação de hipersensibilidade relacionada ao AH é baixa, cerca de 0,6%, sendo a grande maioria das vezes transitória e resolvidas em até três semanas. Utiliza-se anti-histamínicos, anti-inflamatórios não esteroides (Aines), esteroides intralesionais ou sistêmicos, minociclina e hidroxicloroquina, assim como a hialuronidase para ajudar a remover o núcleo da inflamação.17 PROTUBERÂNCIAS Protuberâncias (Figura 6) geralmente são causadas por excesso de AH, injeção superficial de produto, áreas de pele fina (por exemplo, pálpebras) ou migração devido a movimento múscular (por exemplo, nos lábios).18 As opções de tratamento compreendem a aspiração, incisão e drenagem ou, no caso de AH, a remoção por injeção de hialuronidase. 32 Complicações na Estética Figura 6. Paciente apresentando nódulos em sulco nasojugal direito após preenchimento com ácido hialurônico injetável e regressão completa após aplicação de hialuronidase.9 Figura 7. Paciente apresentando sobrelevação em sulco nasolabial esuerdo após preenchimento com AH injetável e regressão completa após aplicação de hialuronidase.9 COMPLICAÇÕES VASCULARES Necrose causada por oclusão ou trauma vascular associados a lesões vasculares por preenchimento cutâneo gera grande preocupação entre profissionais da área. Os principais fatores de risco para injeção intra-arterial estão: 1. Áreas de alto risco (Figura 8, 9): Regiões próximas a artéria facial, a artéria angular ao longo do sulco nasolabial, nariz e glabela; 2. Grande volume injetado; 3. Material perfurocortante apropriado: pequenas agulhas cortantes são mais propensas a penetrar no lúmen vascular em comparação com agulhas de maior diâmetro e cânulas. 33 Complicações na Estética 4. Cicatrizes anteriores estabilizam e fixam as artérias no lugar, tornando-as mais fáceis de serem penetradas com agulhas; 5. Composição do material de preenchimento. A apresentação clínica típica subsequente à isquemia causada por preenchedores de AH é o branqueamento transitório (duração de segundos) seguido por hiperemia reativa (minutos), descoloração preta-azulada (dez minutos a horas), formação de bolhas (horas a dias), necrose e ulceração cutâneas (dias a semanas). 19 Figura 8. Complicações necrosantes após preenchimento de alto risco (nariz e glabela) com AH. Figura 9. Necrose por oclusão arterial. 1. Reações de início tardio (semanas a anos) 34 Complicações na Estética NÓDULOS Podem ocorrer presença de nódulos devido à má distribuição do material de preenchimento, à reação do produto (inflamação, hipersensibilidade ou reação granulomatosa) ou infecção.19 Possuem como características ser palpável e não visível, sendo observado logo após o procedimento ou vários meses depois (início tardio). Os nódulos podem ser assintomáticos ou inflamatórios e apresentar eritema, sensibilidade e inchaço, sendo chamados por alguns autores angry red bumps.12,17 Nódulos causados pela má distribuição do preenchedor (não inflamatórios): Esses nódulos podem resolver-se espontaneamente ou tornar-se permanentes, sendo recomendado injeção de soro fisiológico como tentativa de diluir o material ou procedimento cirúrgico (realizado somente por médicos) (Figura 10). 13,14 Nódulos inflamatórios: Utiliza-se antibioticoterapia, tais como claritromicina 500mg 12/12h e/ou tetraciclina, durante período de sete a dez dias. Se não houver melhora, biópsia por punchs, cultura microbiológica e antibióticos de uso prolongado devem ser considerados. 17 A hialuronidase também pode ser empregada nestes casos. Figura 10. Remoção cirúrgica de complicação tardia após preenchimento labial. 35 Complicações na Estética GRANULOMA O granuloma (Figura 11) possui patogênese desconhecida, sendo caracterizado por uma forma distinta de inflamação crônica que consiste em inflamação nodular ou mais prolongada, com macrófagos modificados (células epitelioides) e células multinucleadas. Clinicamente, os granulomas podem ser acompanhados por desconforto, edema persistente ou transitório, eritema e períodos de crises e regressões. O tratamento recomendado para granulomas é o esteroide intralesional comdosagem de 5-10mg/cc, repetida de acordo com a necessidade, entre quatro e seis semanas depois.9,12 No caso do AH, a injeção de hialuronidase é geralmente a melhor opção terapêutica. Massagem, esteroides orais (0,5-1mg/kg/dia até 60mg/dia), minociclina oral (propriedades anti-inflamatórias, imunomodulantes e antigranulomatosas), pulsed dye laser, bleomicina e 5-fluoracil intralesionais podem ser utilizados como ferramentas terapêuticas adicionais. 19 Figura 11. Complicações após preenchimento, sulco nasogeniano, com reação inflamatória granulomatosa por 1 ano. 36 Complicações na Estética INFECÇÃO A infecção tardia manifesta-se tipicamente como sensação de formigamento seguida de inchaço entre oito e 12 dias após a injeção. Patógenos da microbiota normal da pele são geralmente os responsáveis (ex.: S. Aureus), também são relatas na literatura infecção atípica por micobactérias. Utiliza-se como tratamento a antibiotiocoterapia adequeda de acordo com o patógeno envolvido. Figura 12. Infecção após preenchimento (micobactéria atípica) BIOFILMES O biofilme é uma matriz segregada por bactérias e que possui consistência firme semelhante a uma cola, resistente a antibióticos e à ação do sistema imune, formando um meio no qual outras bactérias se desenvolvem.13 São difíceis de tratar, podem ter relação com reações de início tardio da pele a materiais de preenchimento, tais como a inflamação granulomatosa, abcessos, infecção recorrente ou nódulos.10,12,13 A infecção ativa pode ser controlada com antibioticoterapia. O tratamento recomendado deve considerar associação de pelo menos dois antibióticos de largo espectro, tais como quinolona (ou seja, ciprofloxacinas) e macrólido de terceira geração (ou seja, claritromicina) durante até seis semanas.10,21 37 Complicações na Estética Uma vez que o risco de biofilme deve ser considerado em reações de início tardio, o uso de esteroides orais e anti-inflamatórios não hormonais deve ser evitado. MIGRAÇÃO DE MATERIAL DO PREENCHIMENTO A migração do preenchedor pode ocorrer precoce ou tardiamente, independente do tipo do material utilizado. Existem vários mecanismos citados pela literatura 18, 22 : Má técnica, Volume demasiado de material injetado, Realização da injeção sob pressão, Massageamento após a injeção, Atividade muscular, Gravidade, Deslocamento induzido por pressões (no caso de injeção de preenchimento adicional), Propagação linfática e intravascular (mais relacionadas a preenchedores permanentes). HIALURONIDASE A hialuronidase é enzima presente na derme e age por despolimerização do ácido hialurônico, é um componente da matriz extracelular que possui como principal função manter a adesão celular. A vista disso, esta enzima é vastamente utilizada no tratamento de complicações por AH, pois é responsável por diminuir a viscosidade intercelular e aumentar a permeabilidade e absorção dos tecidos, além de possuir baixa frequência de relatos de reações adversas (Gráfico 1). Em casos de complicações com injeção intra-arterial de ácido hialurônico, demonstra ser capaz de reduzir essa complicação, os pacientes já notam que os nódulos de ácido hialurônico começam a diminuir alguns minutos depois da injeção de hialuronidase, após uma hora e resolução total em 24 horas após evento isquêmico, sem ocorrer inflamação. Preenchedores injetados de forma errônea intra- 38 Complicações na Estética arterialmente causam dor, alteração de cor e necrose tecidual, assim sendo de grande importância a reversão deste quadro 4,5,6,7. O volume a ser injetado deve ser proporcional a quantidade de AH a ser corrigida, evitando- se altas doses numa única aplicação, pois há possibilidade de hidrólise do ácido hialurônico nativo, com resultado inestético e atrófico.1,3 Entretanto, utiliza-se quantidades equivalentes a 40U (0,1ml) por cm2 de área a ser corrigida, exclusivamente dentro dos nódulos do produto a ser diluído. Se ocorrer resultado insatisfatório, novas doses poderão ser oferecidas dentro de 10 a 15 dias. CONTRA-INDICAÇÕES DA HIALURONIDASE Incompatibilidade: Furosemida, epinefrina, benzodiazepínicos, heparina e fenitoína; Doses maiores de hialuronidase: Pacientes em uso de salicilatos, corticoides, estrogênios, hormônio adrenocorticotrópico e anti-histamínicos; Não deve ser injetada em áreas infectadas ou em vigência de processo inflamatório; Malignidade local e Classificada como categoria C na gestação.2,8 Gráfico 1: Frequência de eventos adversos após injeção de intradérmica de hialuronidase para correção de complicações de preenchedores a base de AH. 9 39 Complicações na Estética REFERÊNCIAS 1. Park TH, Seo SW, Kim JK, Chang CH. Clinical experience with hyaluronic acid- filler complications. J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2011;64(7):892-96. 2. Lee A, Grummer SE, Kriegel D, Marmur E. Hyaluronidase. Dermatol Surg. 2010;36(7):1071-77. 3. Neri SRNG, Addor FASA, Parada MB, Schalka S. 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Use of hyaluronidase in the treatment of granulomatous hyaluronic acid reactions or unwanted hyaluronic acid misplacement. Dermatol Surg. 2005;31(8 Pt 1):893-7. 40 Complicações na Estética 9. Simone Ramos Nogueira Guerra Neri1 Flávia Alvim Sant’Anna Addor2 Meire Brasil Parada3 Sergio Schalka4 The use of hyaluronidase in complications caused by hyaluronic acid for volumization of the face: a case report. Surg Cosmet Dermatol 2013;5(4):3646. 10. Laila Klotz de Almeida Balassiano1 Bruna Souza Felix Bravo2 Hyaluronidase: a necessity for any dermatologist applying injectable hyaluronic acid. Surg Cosmet Dermatol 2014;6(4):33843. 11. Luebberding S, Alexiades-Armenakas M. Safety of dermal fillers. J Drugs Dermatol. 2012;11(9):1053-8. 12. Hirsch RJ, Stier M. Complications of soft tissue augmentation. J Drugs Dermatol. 2008;7(9):841-5. 13. Winslow CP. The management of dermal filler complications. Facial Plast Surg. 2009;25(2):124-8. 14. Bailey SH, Cohen JL, Kenkel JM. 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Plast Reconstr Surg. 2008;121(5):1811-20. 28. Pereyra JM. Implantes faciais injetáveis. 2005 [Monografia para obtenção de Título de Especialista em Cirurgia Plástica]. Rio de Janeiro: Instituto de Pós- graduação Médica Carlos Chagas, Curso de Pós-graduação em Cirurgia Plástica Serviço Professor Ivo Pitanguy, Instituto Ivo Pitanguy; 2005. 46p. 42 Complicações na Estética COMPLICAÇÕES COM PROCEDIMENTOESTÉTICO INJETÁVEL PARA MICROVASOS (PEIM) 43 Complicações na Estética INTRODUÇÃO O princípio básico do PEIM é eliminar microvasos, com uma injeção de substância esclerosante no interior do vaso, provocando a destruição de sua camada endotelial, levando à fibrose daquele vaso, com o seu desaparecimento. O conhecimento das complicações é imprescindível para que o realizador do método possa evitá-las. Durante a anamnese deve-se investigar: Alergias; Tendência a hiperpigmentação (melasma gravídico, cicatrizes ou foliculites hiperpigmentadas, pele morena tipo III a IV ou pele amarela); Distúrbios de coagulações; Vasculite; Uso de contraceptivos orais; Reposição hormonal; Gravidez; Antibióticos (minociclina produz pigmentação pós escleroterapia por provável interferência na degradação da hemossiderina) e Distúrbios do metabolismo do ferro. COMPLICAÇÕES: COMO TRATAR Hiperpgmentação Pós Peim Normalmente as vasos de até 1- 2 mm têm parede muito fina e ao serem esclerosadas deixam pequeno volume de tecido necrótico que não gera um processo inflamatório suficiente para causar hipercromia. Além disso, outra possível causa para a hipercromia pós-inflamatória é o extravasamento da solução esclerosante. Drogas menos agressivas como glicose 75%, possuem menos risco de hipercromia quando injetadas fora do vaso. Caso ocorra hiperpigmentação, pode-se utilizar as seguintes fórmulas: Hidroquinona 5% Ac. Retinóico 0,1% Dexametasona 0,05% Creme não iônico 44 Complicações na Estética Hidroquinona 4% Ac. Glicólico 8% Ac. Glicirrízico 1% (antinflamatório ) Creme não iônico Arbutin 1% Antipolon 4% VCPMG 4% (vitamina C ) Creme não iônico Ac. Kójico 4% Ac. Fítico 1% Ac. Glicólico 8% Creme não iônico Estas formulas devem ser usadas 1 a 2 vezes por dia e deve-se evitar exposição à luz solar durante cerca de dois meses (tempo usualmente necessário para o clareamento das lesões). Figura 1. Hiperpigmentação pós PEIM com glicose. 45 Complicações na Estética Angiogênese Algumas vezes ao se realizar o PEIM nos deparamos, após alguns dias, com o aparecimento de novos vasinhos abundantes e mais finos que as inicialmente tratadas. Isso acontece, após a injeção de volumes excessivos de esclerosante, com pressão exagerada em uma punção, pode levar a uma inflamação perivascular extensa estimulando todo o processo de angiogênese com seu estado hipermetabólico. Utilizar pouco volume e menor pressão em cada punção e escolher criteriosamente os vasos a serem tratados. Necrose Cutânea O extravasamento da solução esclerosante também pode causar pequenas úlceras, mais traumáticas do que isquêmicas, sendo menos comum com o uso de glicoses nas diversas concentrações hipertônicas. Estas úlceras são menos severas, mas também podem deixar cicatrizes desagradáveis ou de lenta resolução. As úlceras superficiais podem ser tratadas com cremes para regeneração tecidual a base de vitamina A e D; Aloe Vera; óxido de zinco. Dor A tolerância à dor da escleroterapia é absolutamente variável de pessoa para pessoa. Naturalmente, por ser um processo invasivo, todo paciente acabará experimentando algum nível de dor. Esta dor pode ser reduzida escolhendo-se um esclerosante menos irritante, escolhendo-se agulhas mais finas (lembrar que soluções hipertônicas passam com mais dificuldade em agulhas muito finas– ex. glicose 75% com agulha 30G ½), resfriamento da pele com gelo, uso de analgésicos orais uma hora antes do tratamento (pouca valia). O uso de anestésicos tópicos como Emla e AneStop tem sido pouco útil devido às dificuldades técnicas (aplicar com 1 hora de antecedência, manter com curativo fechado, qual área a ser tratada) e pela 46 Complicações na Estética vasoconstricção que dificulta a punção e a escolha do vaso ideal a ser puncionado. Edema Uma das possíveis complicações pós PEIM é o edema dos membros inferiores que duram cerca de 2 a 7 dias. Pode ser causado por o grande número de microvasos numa mesma sessão e o uso de anestésico junto ao esclerosante (Figura 2). O tratamento do edema pode ser feito através de repouso, antinflamatórios, meia elástica. Figura 2. Edema após aplicação de glicose 70% com lidocaína. Tromboflebite Superficial A Tromboflebite pode estar relacionada com a técnica utilizada e a má avaliação em relação a indicação do vaso a ser esclerosado, não devemos tentar esclerose de vasos de grande calibre ou próximo com comunicação a vasos tronculares ou ainda a predisposição do paciente a trombose, flebite (vasculite; trombofilias; estado de hipercoabilidade em geral). Ocorre em média de 1 – 3 semanas após a injeção, ocorrendo um endurecimento, eriteme e uma maior sensibilidade dolorosa neste local. Podendo ser simples ou gerar complicações maiores com migração de coágulos até o sistema profundo ou até mesmo a veia perfuro-comunicante e com consequentemente embolia venosa pulmonar. Este tipo de intercorrência só deve ser tratada por médico. 47 Complicações na Estética REFERÊNCIAS Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível,em: URL: http://www.lava.med.br/livro 48 Complicações na EstéticaCOMPLICAÇÕES EM MESOTERAPIA / INTRADERMOTERAPIA 49 Complicações na Estética INTRODUÇÃO A técnica de intradermoterapia e um procedimento introduzido por Pistor, em 1958,1 e consiste na aplicação, diretamente na região a ser tratada, de injeções intradérmicas ou subcutâneas de substâncias farmacológicas muito diluídas. Esse método e capaz de estimular o tecido que recebe os medicamentos tanto pela ação da punctura quanto pela ação dos fármacos, e apregoa-se que sua vantagem é evitar o uso de medicação sistêmica. 1-3 Os pacientes que são selecionados para serem tratados com esta técnica, devem estar cientes dos complicadores esperados, mas que são transitórios, e que devem desaparecer nos dias seguintes, que são: 3, 4 Hematomas, Eritema, Dor local; Sensibilidade local; Ardor Edema; Nodulações. Figura 1: Eritema, edema, hematoma após aplicação de ativos. 50 Complicações na Estética Nas regiões com hematomas é indicado pomada de arnica ou pomadas à base de Heparina sódica, como Trombofob, Traumeel e Herudoid, pois são ótimas opções para remover o acúmulo de sangue da pele. Figura 2: Em A observa-se edema intenso e eritema após 90 minutos da aplicação de ativos na região abdominal. Em B nota-se região com hematoma intenso. A escolha da via de administração dos fármacos, e a execução correta da técnica, são essenciais para o sucesso do tratamento, e para evitar complicações. A deposição do ativo na camada errada do tecido ou grandes quantidades e concentrações erradas, poderão causar, em alguns casos, necrose tecidual. 5,6 Figura 3: Necrose tecidual em vários pontos após aplicação de dexosicolato de sódio. 51 Complicações na Estética A região necrosada consiste em células que sofreram lesões irreversíveis e representa um importante fator de risco para contaminação e proliferação bacteriana, além de servir como barreira ao processo de cicatrização. Assim, se houver crosta na região do tecido necrosado, é importante remove-la. 5,6 No tecido necrosado com feridas abertas, é importante que a higienização se dê com: Prontosan® Gel, seguido do uso de Dersani Hidrogel; É indicado o uso de antibióticos. Figura 4: Necrose tecidual após aplicação de ativos farmacológicos. Figura 5: Necrose tecidual após aplicação errada de dexosicolato de sódio. 52 Complicações na Estética Um dos relato sobre a técnica de intradermoterapia refere-se à infecção por Mycobacterium fortuitum, uma micobactéria atípica de crescimento rápido, que ocorre com mais frequência em complicações de lesão pós cirúrgica ou no local de uma lesão penetrante na pele, pequenos traumas por fragmentos ou prurido também podem induzir essas micobacterias na pele. 7,8 Este tipo de complicação se dá por mal higienização antes da aplicação injetável, ou ainda substâncias não estéreis. Os pacientes nestas condições deverão ser encaminhados à um médico especialista na área, já que o manejo clínico para as infecções exige meses de tratamento com drogas múltiplas e, geralmente, resulta em cicatrizes inestéticas. 7-12 Figura 6: Em A observa-se várias lesões de aparência nodular envolvendo os locais de injeção, distribuídas na porção superior das coxas. No corte histológico de biópsia de pele de pápula isolada em B, apresenta infiltrado granulomatoso da derme profunda e tecido subcutâneo, com diversos neutrófilos e necrose liquefativa. Uma outra característica relacionada à intradermoterapia refere-se não à técnica em si, mas aos ativos farmacológicos que compõe a mescla, que é a alergia ou reação de hipersensibilidade à algum componente da solução. 13,14 O processo alérgico é uma resposta imunológica exagerada, que se desenvolve após a exposição a um determinado antígeno (substância estranha ao nosso organismo) e que ocorre em indivíduos susceptíveis (geneticamente) e previamente sensibilizados. 3,6 Os sintomas neste tipo de reação são: edema intenso, rubor, eritema, coceira. 1-6 53 Complicações na Estética Como se usa concentração baixas dos compostos farmacológicos nas mesclas, a reação é branda, e reversível. Seu manejo clínico se dá: Uso oral de corticoides, ex: dexametasona, Antialérgicos, ex: Diprospan, Allegra D, prednisona. Figura 7: Resposta alérgica na face após intradermoterapia facial. 54 Complicações na Estética REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Fernanda Oliveira Camargo Herreros FOC, Moraes AM, Velho PENF. Mesotherapy: a bibliographical review. An Bras Dermatol. 2011;86(1):96- 101. 2. Pistor M. What is mesotherapy? Chir Dent Fr. 1976;46:59-60. 3. Tennstedt D, Lachapelle JM. Effets cutanés indesirables de la mésotherapie. Ann Dermatol Venereol. 1997;124:192-6. 4. Matarasso, A.; Pfeifer, T.M. Mesotherapy and Injection Lipolysis.Clinics in PlasticSurgery, [S.l.], v. 36, n. 2, p. 181- 192, 2009. 5. Rotunda, A.M. et al. Randomized double-blind clinical trial of subcutaneously injected deoxycholate versus a phosphatidylcholine– deoxycholate combination for the reduction of submental fat. Dermatol. Surg., v. 35, n. 1, p. 792- 803, 2009. 6. Rotunda, A.M.; Kolodney, M.S. Mesotherapy and phosphatidylcholine injections: Historical clarification and review. DermatologicSurgery, v. 32, n. 4, p. 465-480, 2006. 7. 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