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CRÉDITO TRIBUTÁRIO O crédito tributário consiste em “um vínculo jurídico obrigacional, que une Estado e contribuinte em uma relação jurídica, diante da qual, o primeiro tem direito de exigir do segundo o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária”, de forma que representa o momento de exigibilidade da relação jurídico-tributária (SABBAG, 2014, p. 789). O Código Tributário Nacional (CTN) traz disposições gerais sobre o crédito tributário em seus arts. 139 a 141. O art. 139 preceitua que “crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta”. Segundo Regina Helena Costa (2014, p. 234), “a dicção do Código não é técnica, porquanto sugere que o crédito nasce em consequência da obrigação, quando, em verdade, o crédito, aliado ao débito, consubstancia a própria obrigação”. A autora explica, ainda, que “no entanto, assim o afirma porque, na concepção adotada pelo legislador, o crédito tributário somente ‘nasce’ após sua constituição pelo lançamento”, ou seja, sem o lançamento não surgiria o crédito tributário. Antes de adentrar nesse mérito, cumpre-se ressaltar que, ocorrido o fato gerador, consequência da concretização da hipótese de incidência tributária - até então abstrata no plano fático - e definidos os seus Elementos Materiais, será possível a exigência do crédito tributário, com a então obrigação tributária e a decorrência do crédito tributário após o seu lançamento, consoante o art. 142, CTN. Os Elementos Materiais do Crédito Tributário, por sua vez, são compostos por dois critérios: 1. Critérios Quantitativos: alíquota, base de cálculo e o montante do tributo; 2. Critérios Pessoais: identificação do sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor) Devem ser definidos com precisão para dar liquidez e certeza para a obrigação, em especial: o montante do tributo ou penalidade pecuniária; o devedor e o credor; e o prazo para o pagamento. É necessário, ainda, que sejam avaliados em conjunto, para que ocorra o lançamento Com base na tese adotada pelo CTN e pelo doutrinador Rui Alexandre (2014, p. 357), o art. 142 alude que “compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível”. Logo, visualiza-se a seguinte operação: hipótese de incidência tributária + fato gerador = obrigação tributária + lançamento = crédito tributário. Isto é, para o referido Diploma, “o crédito tributário somente surgiria após o lançamento, portanto, em seguida ao surgimento da obrigação tributária”. No entanto, há entendimento contrário pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pela doutrina renomada, cuja compreensão consiste no surgimento conjunto da obrigação tributária e do crédito tributário, ou seja, estes “nascem” simultaneamente, mas, ainda assim, deve-se verificar com exatidão sua liquidez e certeza, observando os elementos materiais, assim como o prazo do pagamento. O STJ e a doutrina bem conceituada se valem, então, da soma da hipótese de incidência tributária com o fato gerador, que tem como resultado o nascimento da obrigação tributária e do crédito tributário. Com o respectivo lançamento, trazendo consigo a liquidez e certeza, nas palavras de Eduardo Sabbag (2014, p. 790), é “capaz de conferir ao Fisco a percepção do importe tributário a que tem direito, em face da ocorrência do fato gerador que o antecede”. Diante disso, o credor, ora sujeito ativo da relação jurídico tributária, pode exigir a cobrança, em primeiro momento administrativa, ou exercitar a cobrança judicial, em uma possível frustração daquela. Além disso, vale mencionar que o lançamento possui modalidades previstas na Seção II, dos arts. 147 a 150, CTN, a saber: a. Direto, de ofício ou ex officio (art. 149,I, CTN), realizado pelo Fisco, por intermédio de autoridade administrativa, ocorrendo ordinariamente nos casos onde a lei o determina, a exemplo do IPTU e IPVA. É dividida em duas formas pela doutrina: ex ofício, visto que se refere ao lançamento do valor devido e não recolhido e as penalidades pecuniárias; e de direito, relativa ao valor do tributo devido, sem as penalidades; b. Misto ou por declaração (art. 147, CTN), realizado com base na declaração do sujeito passivo da obrigação correspondente àquela, de natureza mista, posto que há participação tanto do contribuinte quanto do fisco para realização da composição dos valores devidos; c. Por homologação ou autolançamento (art. 150, CTN), decorrente do auxílio do contribuinte prestado ao Fisco na atividade do lançamento, recolhendo tributo, antes de qualquer providência tomada pela Administração. Importante mencionar que, por ser ato homologatório, não cabe ao fisco alterar os procedimentos realizados, apenas cabe a ele a verificar a regularidade e aceitar o que foi realizado pelo contribuinte. Também são espécies da constituição definitiva do crédito tributário a realização de depósito judicial para discutir a cobrança do crédito tributário e o parcelamento (modalidade de pagamento do crédito vencido ou não, em determinado número de parcelas ou prestações). A respeito do lançamento por homologação prevista pelo art. 150, CTN, a Súmula nº 436 do STJ interpreta: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”. Ainda, através do art. 142, CTN, consta-se as funções ou finalidades do lançamento, alguns já mencionados, estudados pela doutrina: verificar a ocorrência do fato gerador; determinar a matéria tributável; calcular o montante do tributo devido; identificar o sujeito passivo; propor, se for o caso, a aplicação da penalidade cabível (SABBAG, 2014, p. 790). Há grandes discussões a respeito de sua natureza, a exemplo das indagações se é ato ou procedimento administrativo, se é ato constitutivo ou declaratório, bem como acerca de sua atividade vinculada ou discricionária. Vejamos: O art. 142, caput, CTN, menciona que o lançamento é “procedimento administrativo”, que consiste no conjunto de atos administrativos, lógica e cronologicamente ordenados, tendentes à prática de um ato final (COSTA, 2014, p. 236). Entende-se por “ato administrativo” o ato jurídico exercido pela Administração Pública. Há quem discorde do próprio CTN ao assentir que o lançamento é ato administrativo, e não um conjunto deste. Porém, a doutrina majoritária adota a importância do “momento em que se individualiza o crédito, o que se dá em um ato, propriamente dito” (SABBAG, 2014, p. 792). Ainda sob análise do art. 142, caput, CTN, o artigo sugere natureza mista, tendo em vista que apresenta dupla natureza, pois declara a existência da obrigação tributária e constitui definitivamente o crédito tributário. De acordo com o parágrafo único do referido artigo, “a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional”. Deste modo, a autoridade administrativa tem o dever de lançar e a obrigação em cobrar, demonstradas a vinculação e a obrigatoriedade, como determina a lei. Pela leitura do mesmo artigo, o CTN determina competência exclusiva para lançar à autoridade administrativa (“compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento”), ficando a cargo da Lei do ente tributante. Como é competência privativa, não admite-se a delegação de atribuição. Sabbag (2014, p. 793) exemplifica algumas identificações: a. União: auditor fiscal da receita federal; b. Estados e Distrito Federal: agente-fiscal de rendas ou equivalente;c. Municípios e Distrito Federal: auditor fiscal do município ou equivalente. No que tange o impedimento de atribuição, se tem como exemplo a Súmula Vinculante nº 53, que compreende: “A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados”, haja vista que o art. 879 da Consolidação das Leis do Trabalho prescreve que o Juiz, contando com o auxílio dos órgãos de apoio, precederá a intimação da União sobre contas, com prazo para manifestar-se em 10 dias. Estas (intimação e manifestação) representam o lançamento por homologação, que poderá ser tácita ou expressa. Logo, o juiz trabalhista não possui competência para atribuição, já que é ato privativo da autoridade administrativa, como especificado acima. O Código Tributário Nacional prevê os efeitos retroativos do lançamento pelo seu art. 144: “Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.” Alexandre (2014, p. 361) leciona que quando a obrigação tributária refere- se a uma penalidade pecuniária, isto é, multa, aplica-se a retroatividade mais favorável ao infrator, utilizando a lei mais branda em vigência entre a data do fato gerador e a data do lançamento ou a mais favorável surgida posteriormente, salvo se houver coisa julgada ou extinção do crédito. O autor explica, também, que quando a obrigação tributária referir-se a um tributo, é incumbida à autoridade competente a aplicação da legislação vigente no momento da ocorrência do respectivo fato gerador, mesmo que aquela tenha sido alterada ou revogada. Alexandre (2014, p. 361) afirma que “não poderia ser diferente, pois no lançamento apenas se declara a ocorrência de um fato gerador, tornando líquido e certo o objeto de uma obrigação já existente, constituindo-se o crédito tributário”. A respeito da legislação aplicável, o CTN trata de duas espécies: 1. Formal (§1º, art. 144, CTN): estipula critérios de apuração para o lançamento, tais como, competência para lançar; documentos; início dos procedimentos; prazo para a conclusão das atividades; 2. Material (caput do art. 144, CTN): estipula regra de aplicação do lançamento ao momento da ocorrência do fato gerador. No que concerne ao seu §2º, o fragmento textual normativo faz referência ao caput do art. 144, que possui aplicabilidade imediata, em virtude de sua legislação formal. No que diz respeito aos “tributos lançados por períodos certos de tempo”, Costa (2014, p. 240) são exemplificados pelos impostos relacionados a propriedade, como IPTU, IPVA e ITR, em que o fato tributado é permanecente, sendo necessário a intervenção legal para definição de data em que o fato gerador se considera ocorrido, permitindo a aplicação da legislação material neste ponto. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Prevista pelos arts. 151 a 155-A, do Código Tributário Nacional, a suspensão do crédito tributário é modalidade de suspender medidas de cobrança exigidas pelo Fisco, quando do crédito tributário, já constituído, líquido, certo e exigível. Em outras palavras, a exigibilidade do crédito tributário determina que o devedor, ora sujeito passivo da relação jurídico-tributária, cumpra com a obrigação, sob pena de a Administração Pública recorrer aos meios executivos para recebimento do montante devido. Com a suspensão da exigibilidade do crédito, suspende-se a exigibilidade do débito, em caráter provisório, não importando na desconstituição do crédito tributário. A suspensão deve ter interpretação literal, de forma que não há o que se falar em alargar seu entendimento, consoante o art. 111, I, CTN, que prescreve: “Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;” O art. 151, CTN, por sua vez, traz consigo o rol exaustivo das modalidades de suspensão, não lhe cabendo outras formas de suspensão. Dispõe: “Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento.” Na hipótese de suspensão prévia, não impedirá o lançamento, no entanto, impedirá a cobrança do respectivo crédito. Já na hipótese de suspensão posterior, com o crédito já lançado, suspenderá sua respectiva exigibilidade. Ambas impedem a propositura de execução fiscal. A moratória (arts. 152 a 155, CTN) implica na prorrogação do prazo ou a outorga de novo prazo (COSTA, 2014, p. 254) para pagamento do tributo, podendo ser concedida somente diante de situações que dificultem o recolhimento deste, decorrentes de causas naturais, econômicas ou sociais. Pode ser concedido em caráter geral (art. 152, I, CTN), direta e genérica, por meio de Lei, e uma vez revogada, seus efeitos param de ser reconhecidos aos beneficiários; ou em caráter individual (art. 152, II, CTN), nesta hipótese, por meio de Ato Declaratório pela autoridade administrativa, desde que cumpridos os requisitos previstos em Lei, e quando preenchidos, poderá não ser revogada. Em posição contrária, Rui Alexandre (2014, p. 401) diz que, como o caráter geral é concedido por lei, logo é um ato administrativo, portanto, irrevogável. Atenta-se ao fato do art. 155, CTN, ao prescrever que a “moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogada de ofício”, refere-se àqueles que ainda não cumpriram os requisitos antes da revogação da lei. Além disso, quando se fala em revogação da moratória em caso de não cumprimento dos requisitos, cumpre-se destacar a aplicação do instituto da cassação, uma vez que o interessado não satisfez ou deixou de satisfazer as condições após a concessão da moratória, aplicando-se, ainda, o acréscimo de juros de mora. O depósito mencionado no inciso II, art. 151, CTN, só suspende a exigibilidade do crédito tributário se for realizado integralmente e em dinheiro (Súmula/STJ nº 112) do seu montante desejado pelo Fisco. Pode ser feito pela via judicial ou pela via administrativa, contudo, é mais comum pela primeira. Rui Alexandre (2014, p. 386) ensina que depósito trata-se de um “direito subjetivo do contribuinte que não pode ter seu exercício obstado pela Fazenda Pública”, tendo em vista que o sujeito passivo poderá impugnar o lançamento, caso não concorde, no entanto, deve ser realizado o depósito sobre o montante exigido pelo Fisco, e não a diferença que entende ser devida por aquele. É direcionado a um determinado débito, encerrando-se a lide, é possível seu levantamento pelo contribuinte vitorioso, conforme entendimento do STJ. Por outro lado, vencido o contribuinte, converte-se o depósito em renda aos cofres públicos, procedendo à extinção do crédito O inciso III, art. 155, CTN, prevê reclamações e recursos administrativos como forma de suspensão,que asseguram o direito à ampla defesa e ao contraditório para impugnação das exigências fiscais. A reclamação é um direito de todos de peticionar junto à Administração, portanto, dirigida à autoridade que praticou o ato; enquanto o recurso é dirigida a um colegiado de 2º grau, possível somente se houver lei para tanto. Possui duas espécies: I. Próprio: recurso dirigido a autoridade superior do mesmo órgão; II. Impróprio: recurso dirigido a órgão diverso daquele que praticou o ato. Em relação à concessão de liminar ou tutela antecipada, é prevista para o mandado de segurança e, também, era a única modalidade suspensiva prevista pelo Código Tributário Nacional. Todavia, com o advento da Lei Complementar nº 104/2001, foi acrescentada a possibilidade de sua aplicação para ações ordinárias (sendo necessário que o pedido seja específico nesse sentido), assim como foram acrescentadas as outras causas suspensivas ao art. 151, CTN (SABBAG, 2014, p. 886). O inciso VI, art. 155, CTN, prevê como causa suspensiva do crédito tributário o parcelamento, concedido somente mediante lei, que visa o recolhimento de tributos inadimplidos pelo contribuinte, que por sua vez coopera com o Fisco ao pagá-los em prestações. Parte da doutrina e o próprio STJ (SABBAG, 2014, p. 889) a compara com a moratória, inclusive citando-a como espécie daquela, porém, o que os diferencia é que o parcelamento é simples técnica de política fiscal de arrecadação que ignora a comprovação de dificuldade o recolhimento dos tributos, enquanto a moratória depende da ocorrência de situações naturais, econômicas e sociais que dificultem o recolhimento, como já comentado. O parcelamento ocorre somente por meio de lei; em contrapartida, a moratória é concedida por meio de ato declaratório (quando em caráter individual) e por meio de lei (quando em caráter geral). Segundo Regina Helena Costa (2014, p. 262), a moratória pode se dar mediante execução unitária ou parcelada, o parcelamento, somente desta última forma. Nesse raciocínio, é oportuno dizer que o § 2º, art. 155-A, CTN, faz menção à aplicação subsidiária das disposições da moratória ao parcelamento. Vale dizer que a mera suspensão do crédito tributário por intermédio do parcelamento não exclui a penalidade, como a incidência de juros e multas, de acordo com o §1º, art. 155-A, CTN. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O art. 156, do Código Tributário Nacional, detalha as causas extintivas do crédito tributário. Há grande discussão quanto à natureza deste artigo, pois alguns estudiosos consideram o rol exemplificativo, outros o consideram taxativo. Seguindo o art. 141, CTN, o a lista é taxativa, pois afirma expressamente que as causas extintivas, assim como as suspensivas, só serão permitidas nas hipóteses especificadas pelo Diploma Tributário: “Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.” (grifo nosso) Logo, extinguem o crédito tributário, de acordo com o rol taxativo do art. 156, CTN: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei O pagamento é modalidade mais usual de extinção das obrigações, disciplinado pelo arts. 157 a 164, CTN. O art. 162, I, CTN, determina a realização do pagamento em dinheiro (moeda corrente nacional). O inciso I, do referido artigo também menciona que o pagamento é efetuado em cheque e vale postal; e o inciso II, em estampilha, papel selado ou processo mecânico, nos casos previstos em lei. Insta salientar que, conforme disposição do art. 157, CTN, “a imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário”. O crédito tributário é composto do valor do tributo e de seus consectários (correção monetária, juros moratórios e multa) (COSTA, 2014, p. 266). Consequentemente, apenas o pagamento da sanção pecuniária não implica na extinção do débito. A respeito da incidência de juros de mora e multa de mora, é previsto legalmente que os juros de mora incidem somente a partir do primeiro dia do mês seguinte à data do vencimento do débito. Quanto à multa de mora, sua incidência ocorre a partir do dia seguinte ao vencimento. Por exemplo: vencimento ocorre no dia 10/01. Os juros correm a partir do dia 1º/02, e a multa, a partir do dia 11/01. A compensação, disciplinada pelo art. 170, CTN, passa a existir quando, em uma relação jurídica-tributária, as pessoas envolvidas são credoras e devedoras uma da outra, concomitantemente. Ou seja, a compensação é nada mais que dívidas recíprocas. Para que surta efeito no âmbito tributário, a lei determinará suas regras. O atual Código Civil Brasileiro prevê a compensação a partir do art. 368 e seguintes, e previa, ainda, uma forma de compensação de créditos tributários, no que concerne às dívidas fiscais e parafiscais, em seu art. 374, revogado pela Lei 10.677/03. O STJ entende que a modalidade da compensação não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória (Súmula nº 212), e abrange o mandado de segurança como ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária (Súmula nº 213), mas não aceita nessa mesma ação a convalidação da modalidade em pauta pelo contribuinte (Súmula nº 460). A transação, firmada pelo art. 171, CTN, é o negócio jurídico em que as partes realizam concessões mútuas, visando extinguir obrigações. O art. 172, CTN, prevê o instituto da remissão, caracterizada pela dispensa da dívida feita pelo credor em benefício do devedor. Não deve ser confundida com anistia (modalidade de exclusão do crédito tributário) e com remição, que possui significado diverso. Outra modalidade de extinção se dá pela conversão do depósito em renda, resultante do depósito judicial, citado como modalidade de suspensão do crédito tributário. Vencido o contribuinte, haverá a conversão do depósito em renda, destinado aos cofres públicos, e, consequentemente, a extinção do crédito tributário, de acordo com o art. 156, VI, CTN. No que se trata em tributos federais, o Superior Tribunal Federal (STF) tomou seu posicionamento através da Súmula Vinculante nº 28 acerca dos valores depositados em favor dos entes públicos: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário”. No que diz respeito ao pagamento antecipado e a homologação do lançamento, como já mencionado, o lançamento do crédito tributário por meio homologatório dá resolução aos efeitos do crédito tributário, extinguindo-o. O art. 150, §4º, CTN, diz que, passado os cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador do tributo, sem que a Fazenda Pública se pronuncie dentro desse prazo, considera-se homologado o lançamento e, por conseguinte, sua extinção. Isto é, a administração fazendária perde seu direito de lançar e extingue definitivamente o débito, nos termos do art. 156, VII, CTN, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Quanto à consignação em pagamento, é realizada por meio processualque permite que o sujeito passivo exerça seu direito de pagar o tributo, em consonância com o art. 164, CTN, nos casos de recusa de recebimento do valor pela administração fazendária, ou, exigência de pagamento de outro tributo ou penalidade para o seu recebimento; exigência do crédito por mais de um ente tributante, etc. Cumpre-se ressaltar que a ação consignatória, quando do depósito judicial, não representará causa extintiva, mas suspensiva do crédito tributário. A decisão administrativa irrefutável refere-se às decisões administrativas favoráveis ao contribuinte, com a consequente extinção do crédito tributário. Caso haja derrota do contribuinte, o contribuinte poderá recorrer à via judicial para pleitear seu direito. Já a decisão judicial passada em julgado ocorre de maneira semelhante à decisão administrativa na hipótese de vitória do contribuinte em demanda que discute a validade do crédito tributário. Transitado em julgado, extingue-se o crédito tributário. A dação em pagamento, por sua vez, é o acordo entre credor e devedor, através do qual consente em receber prestação diversa da que lhe é devida. No Código Tributário Nacional é admitida essa espécie de extinção de crédito tributário, contanto que a pecúnia seja substituída por bens imóveis, vedada a dação em pagamento de bens móveis. A extinção do crédito tributário também pode ser causa da decadência e da prescrição, que passam pelos institutos do direito potestativo e da pretensão de direito, respectivamente. O primeiro versa sobre a constituição definitiva de seu crédito, que deve ser limitado no tempo em virtude da decadência, que corresponde à extinção do direito de lançar. O segundo é expressado pelo não cumprimento do direito do Estado de recolher seu crédito pelo contribuinte, surge uma pretensão de direito, que tem seu início com a constituição definitiva do crédito tributário, limitada no tempo em razão da prescrição, ou seja, o Estado perde o direito de ação ante o seu não exercício no tempo certo. Essa pretensão de direito pode apresentar o caráter positivo (dar ou fazer) ou caráter negativo (não fazer). A decadência está prevista pelo art. 173, CTN e a prescrição, pelo art. 174, CTN. Em regra, o decurso do prazo para constituir e/ou para cobrar o crédito tributário é de cinco anos. Há três regras para a forma de contagem do prazo decadencial: 1ª regra: art. 173, I, CTN – decurso do prazo em 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado 2ª regra: parágrafo único do art. 173, CTN – o texto normativo alude à antecipação do termo inicial do prazo “quando o Fisco, antes de primeiro de janeiro do exercício seguinte, notifica o contribuinte ‘de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento’”. Por essa regra, o prazo decadencial se iniciará a partir do momento em que o sujeito é notificado de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. 3ª regra: art. 173, II, CTN - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. É aplicada aos casos concretos nos quais há decisão administrativa em recurso do contribuinte reconhecendo erro formal, como cerceamento de defesa autoridade incompetente para realizar o lançamento. Nessa hipótese, o Fisco tem direito a novo prazo de 5 anos para lançar novamente o crédito tributário. O STJ alude que o prazo decadencial deve ser de 5 anos, modificando a contagem do prazo a depender da atuação do contribuinte, caso a caso. A fim de pacificar entendimento, a Súmula nº 555 esclarece: “Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa” A prescrição, disciplinada pelo art. 174, CTN, corresponde à perda do direito do Fisco (poder-dever) de propor a ação de execução fiscal do crédito tributário constituído. “Art. 174: A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.” São causas interruptivas da prescrição as hipóteses previstas pelo seu parágrafo único: protesto judicial; por qualquer ato judicial que constituía em mora o devedor; por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. De outra banda, são causas de suspensão aquelas previstas pelo art. 151, CTN; a garantia do juízo da execução fiscal; art. 2º, § 3º, da Lei nº 6.830/80, a qual diz que “suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo”; art. 40, desta Lei, a qual determina suspensão da ação de execução pelo prazo de 1 ano, caso não haja a localização do devedor ou bens suficientes para garantir o juízo. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O Diploma Tributário atribui em seu art. 175, dois meios que consistem na inviabilidade de sua constituição: a isenção e a anistia. São institutos desoneram o contribuinte dos deveres patrimoniais, atingindo-se o tributo. Mesmo com a ocorrência do fato gerador e a obrigação tributária, não haverá lançamento e, consequentemente, não haverá o crédito tributário (SABBAG, 2014, p. 920). O instituto da isenção (arts. 176 a 179, CTN) é a dispensa legal do pagamento de tributos. Cabe frisar que há críticas quanto ao termo “exclusão”, pois, segundo a doutrina, a isenção deveria ser considerada como uma causa extintiva do crédito tributário, visto que a isenção não é causa de não incidência tributária. No mais, o art. 176, CTN, consagra a concessão da isenção por meio de lei, além de permitir sua aplicação a regiões específicas do País. O art. 177, CTN, aponta que, salvo disposição em lei em contrário, a isenção não abrange taxas e contribuições de melhorias, e tributos instituídos posteriormente à sua concessão. A isenção, seguindo a premissa do CTN, possibilita sua revogação ou modificação, a qualquer tempo, da isenção não onerosa (ALEXANDRE, 2014, p. 484). Nesse sentido, o STF tomou posição através da Súmula nº 544: “Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas”. Isto posto, as isenções não dotadas de onerosidade não tem necessidade de respeitar o princípio da anterioridade, devendo o tributo ser imediatamente exigível (SABBAG, 2014, p. 930), o que tem causado debates na doutrina e na jurisprudência. Contudo, a 1ª Turma do STF (RE 564225) consolidou posicionamento contrário, entendendo que a revogação de isenção submete-se ao princípio da anterioridade. O instituto da anistia está previsto nos arts. 180 a 182, CTN. Abrange exclusivamente o campo das infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, dispensando o pagamento de multas, além da inaplicabilidade de sanção. Assim como a isenção, a anistia também sofre críticas por ser causa excludente e não extintiva do crédito tributário. De acordo com o art. 180, CTN, a anistia não é aplicada a quem age dolosamente, nas hipóteses dos incisos I e II. “Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.” Conforme disposto pelo art. 181, a anistia pode ser concedida de maneira geral ou limitada. Nesse último caso,a forma limitada abrange, por exemplo, a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; pode ser concedida sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa (exemplo: entrega da declaração do Imposto de Renda); entre outros casos previstos no referido artigo. Por fim, o art. 182, CTN, aponta a necessidade de despacho da autoridade na hipótese de a anistia ser concedida em caráter individual para sua efetivação, observando o preenchimento de requisitos previstos em lei. No que couber, aplica- se o art. 155, CTN.
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