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DIABETES Profª Angela Ilha Coordenadora de Nutrição- FAL Especialista em Doenças Crônicas Degenerativas-HIAE Mestre em Ciências pela FMUSP angela.ilha@estacio.br Introdução Hiperglicemia crônica, associada a distúrbios metabólicos dos carboidratos, lipídios e proteínas. • O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. • O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). • A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes. Introdução • Diabete Melito (DM) é uma doença tão antiga quanto a própria humanidade. • A palavra diabete vem do termo grego “diabeinein” que significa “fluir através de um sifão”. Tudo que líquido que entrava, logo saíam. • 1550 a.C. – descrevia como quadro de poliúria, polidipsia e perda de peso e fatal • Sabor doce da urina, que atraia formiga e outros insetos, foi observado por médicos indianos • Século XIX o francês Claude Bernard, descobriu a relação de açúcar x fígado (glicogênio) Histórico • 1869, Paul Langerhans, em Berlim, descreve a presença de pequenos grupamentos de células no pâncreas que hoje são conhecidas como ilhotas de Langerhans. • 1889, removeram o pâncreas de um cão para verificar a importância do órgão e obteve os mesmos sintomas do diabetes. • 1921, Frederik Banting e seu assistente Charles Best, da Universidade de Toronto, descobriram a INSULINA. Experiência com cães pacreatectomizado x saudáveis Histórico • 1922, Elliot Joslin, de Boston, foi o primeiro a tratar diabéticos com insulina. • 1950 a 1980- a tecnologia do DNA, possibilitou o desenvolvimento de insulina humanizada, através de engenharia genética. Até então era usada a insulina de suínos. • Hoje são utilizados diversos tipos de insulinas com injeções múltiplas diárias ou infusão contínua (DM1) e antidiabéticos orais para o tratamento da doença (DM2) • A insulina inalável está sendo implantada nos tratamentos mais recentes Histórico Prevalência Mundial Prevalência no Brasil Perspectiva da Saúde Pública • O DM está dentre as 7 causas principais de óbito na maioria dos países • As complicações cardiovasculares são importante causa de morbidade e mortalidade. Isso determina que o impacto do DM2 seja subestimado pelos atestados de óbito •O DM é a causa mais comum de cegueira em adultos, além de ser causa comum de insuficiência renal e de amputações Resulta em incapacidades, redução da expectativa de vida e enormes custos de saúde para qualquer sociedade. Pâncreas Pâncreas Cabeça do pâncreas INSULINA B1 Polipeptídeo: 51aa 2 cadeias peptídicas (A e B) + pontes dissulfeto Biossíntese da Insulina Insulina -/\/\/\/\ Gene transcrição RNA m tradução Pré-pró-insulina Pró-insulinaS S S S S S Peptídeo C S S S S S S A B Insulina RE Golgi Núcleo + Mecanismo de Ação β β α α In In In glico se Meio Extracelular Meio Intracelular PP P PP PP P IRS-1 PP GLUT4 - GSK-3 Glicogênio sintase inativa Glicogênio sintase ativa Síntese de glicogênio p70S6K Síntese de proteínas PI3-quinase PI PI3-P PI3,4-P2 PI3,4,5-P3 PKC atípicaPDK-1 Akt Fatores de Risco para DM Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes •Tipo 1: destruição da célula beta, geralmente ocasionando deficiência absoluta de insulina, de natureza auto-imune ou idiopática. • Tipo 2: varia de uma predominância de resistência insulínica com relativa deficiência de insulina a um defeito predominantemente secretório, com ou sem resistência insulínica. Diabetes tipo 1 Fenômenos: • autoimunes • inflamatórios • infecciosos (ex: virus coxsakie) Lesão das células das ilhotas de Langerhans Secreção de insulina diminuída ou abolida Hiperglicemia Frequência: 0,5 -1,0 % na população 10% entre diabéticos Diabetes tipo 2 Resistência à insulina Hiperinsulinemia Diminuição da secreção insulínica Diabetes mellitus Intolerância à glicose Fatores de Risco para DM Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes • História Familiar de DM (pais, filhos e irmãos) • Excesso de peso • Sedentarismo • Doença Arterial Coronariana • Uso de medicação hiperglicemiante (cortiscoteróide, beta- bloqueadores, etc) • HDL-C baixo ou triglicérides elevados • Hipertensão arterial • Diabetes gestacional prévio Resistência Insulínica Herança Genética Dislipidemia Obesidade Visceral Sedentarismo HAS Tipos Diagnóstico Laboratorial e Monitorização do Diabetes •Glicemia de jejum • Glicemia Pós-sobrecarga de glicose • Glicemia Pós-prandial • Glicosúria • Hemoglobina Glicosilada Diagnóstico para DM Diagnóstico Complicações Agudas 1. Cetoacidose Diabética Insuficiência de insulina Hiperglicemia + glicosúria Aumento da quebra celular de gordura e proteína Formação de corpos cetônicos 2. Hipoglicemia • Uso de medicação acima do necessário • Insuficiência alimentar Manifestações adrenérgicas: taquicardia, hipertensão e sudorese 3. Hiperglicemia Manifestações neuroglicopênicas: Alterações do nível de consciência até o coma Complicações Crônicas •Hiperglicemia • Formação de produtos avançados de glicosilação- AGE • Acúmulo de sorbitol e frutose (alteração na célula nervosa). • Dislipidemias • Outros Complicações Crônicas Microvasculares Dependente do controle glicêmico Lesões de pequenos vasos em todos do órgãos, principalmente coração, cérebro e membros inferiores ALTERAÇÕES OCULARES • Catarata (Depósito de proteínas glicadas no cristalino) • Glaucoma • Retinopatia diabética (estreitamento de vasos) NEFROPATICA DIABÉTICA •Endurecimento de artéria, Deterioração de glomérulos •Dependente do controle glicêmico e da pressão arterial • Microalbuminúria proteinúria (até 15/hora - normal) • Insuficiência renal Complicações Crônicas Macrovasculares DISLIPIDEMIA E DIABETES •Dependente do controle glicêmico • Deficiência da ação da lipase lipoprotéica • Maior produção de VLDL • Glicosilação das LDL e apolipoproteínas CORONARIOPATIA NO DIABÉTICO •Infarto sem dor (neuropatia) • Obstrução de grandes e pequenos vasos • Evolução com maior número e gravidade de complicações Complicações Neurológicas Neuropatia sensitivo-motora alteração na sensibilidade câimbra (alteração osmolar da célula nervosa) formigamento distúrbios motores infarto sem dor •Distúrbios gastrointestinais atonia gástrica diarreia alt. colonização bacteriana • Bexiga neurogênica • Impotência sexual Tratamento Medicamentoso AGENTES ANTIDIABÉTICOS São fármacos que tem a finalidade de baixar a glicemia e mantê-la normal (jejum < 100 mg/dl e pós-prandial < 140 mg/dl). - Aumento do suprimento insulínico, os chamados secretagogos de insulina - Aumento da ação insulínica, também conhecidos como sensibilizadores da insulina - Inibidores da absorção rápida de carboidratos,pois atuam retardando a sua absorção Podem ser necessárias as associações de agente hipoglicemiante oral com a insulina para os pacientes com a patologia por longo período de tempo. Os principais grupos de agentes hipoglicemiantes orais são: Sulfoniluréias, Biguanidas, Inibidores da alfa-glicosidase, Tiazolidinadionas, D1erivados da D- fenilalanina e Inibidores da enzima DPP-4 (dipeptidilpeptidase). Insulina • As injeções de insulina têm percorrido um longo trajeto, desde que passaram a ser usadas no tratamento do diabetes, em 1920. Quase toda insulina comercializada atualmente é conhecida como insulina humana. Desenvolvida por cientistas em laboratório, a partir da tecnologia de DNA recombinante, ela se assemelha muito com o hormônio produzido pelo pâncreas. O pâncreas fabrica dois tipos de insulina: • Gotas contínuas, conhecidas como insulina basal, que permanecem em níveis baixos no sangue o tempo todo • Grandes quantidades de insulina, chamadas de bolus, que são liberadas quando há aumento de açúcar no sangue, geralmente após as refeições As insulinas de ação rápida encontradas nas farmácias proporcionam ação semelhante à bolus, necessária após as refeições. Já as injeções de insulina de ação intermediária e lenta imitam o fornecimento basal natural do corpo. Como agem as insulinas refeições e fe it o d a i n s u lin a café almoço jantar insulína ultra-rápida insulina Glardina insulina NPH Caneta aplicador Seringa de 100 U Insulina inalável Tratamento • DIETA - adequação alimentar • ATIVIDADE FÍSICA • DROGAS * MUDANÇA COMPORTAMENTAL Objetivos da terapia nutricional Atingir o melhor controle glicêmico possível Tratamento individualizado Fornecer quantidades adequadas de calorias Proporcionar uma alimentação saudável, que contenha carboidrato, proteína e gordura. Terapia nutricional no DM Elaborar um plano alimentar individualizado e nutricionalmente adequado que contribua para diminuir as complicações a curto e longo prazo Journal of American College of Nutrition,1999 ALTERAÇÕES NAS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA DIABÉTICOS 1921 1970 1990 Carboidratos (%Kcal) 20 45 55 Proteínas (% Kcal) 10 20 15 Gorduras (% Kcal) 70 35 30 Saturada (g/dia) 87 35 26 Colesterol (mg/dia) 1060 550 200 Fibras (g/dia) 8 20 30 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS CARBOIDRATOS 50-55% do VCT LÍPIDES Até 30% do VCT PROTEÍNAS 10 - 15% do VCT FIBRAS 20-35g/dia Vitaminas e minerais: Não há necessidade de suplementação. V.C.T.: Adequado para adquirir ou manter peso ideal. American Diabetes Association, 1998 Carboidratos MONOSSACARÍDEOS: Glicose, frutose. DISSACARÍDEOS: Sacarose, maltose, lactose. POLISSACARÍDEOS: Amido, dextrina, celulose, glicogênio. Ingestão fracionada Ingestão juntamente com carboidratos complexos CONSIDERAR: Bom controle glicêmico dos pacientes Grau de conhecimento dos pacientes sobre os tipos de carboidratos Adesão ao tratamento Ingestão de açúcar pelo Diabetíco British Diabetes Association, 1997 American Diabetes Association, 2000 1. HIPERTRIGLICERIDEMIA 2. HIPOGLICEMIA: ÁLCOOL DESIDROGENASE INIBE A NEOGLICOGÊNESE ALTO TEOR CALÓRICO (7Kcal/g) PROIBIR O USO: HISTÓRIA DE ABUSO DE ÁLCOOL GRAVIDEZ PANCREATITE DISLIPIDEMIAS NEUROPATIA UTILIZAÇÃO DE ÁLCOOL NO DIABETES Clinical Practice Recommendations American Diabetes Associations, 2000 Proteínas Redução de ingestão protéica (abaixo de 0,8g/Kg - RDA) previne a ocorrência de nefropatias? Em que momento indica-se a redução de proteínas? “Até o momento, o consenso geral aceito é a prescrição de ingestão protéica de acordo com o recomendado para indivíduos normais (0,8g/Kg). Entretanto, para diabéticos com queda de filtração glomerular, recomenda-se a ingestão de 0,6g/Kg.” American Diabetes Association Clinical Practice Recommendations, 2000 Lipídios Gordura total 25% - 35% do VCT Ácidos graxos saturados < 7% do VCT Ácidos graxos poliinsaturados < 10% do VCT Ácidos graxos monoinsaturados < 20% do VCT Colesterol < 200 mg/dia “National Cholesterol Education Program” 2001 • TRIGLICÉRIDES (98%) • FOSFOLÍPIDES, MONOGLICERÍDEOS e Diglicerídeos (1-2%) • ESTERÓIS: colesterol e fitoesteróis Diferenças no Tratamento TRADICIONAL • Doses fixas de insulina R ou UR • Pouca flexibilidade na alimentação (necessária consistência no consumo de carboidratos) CONTAGEM DE CARBOIDRATOS • Doses variáveis de insulina R ou UR • Maior flexibilidade na alimentação Alteração da Glicemia G L IC E M IA x 2 x 3 x Fontes de Carboidratos Açúcar, mel, doces Pães, biscoitos, arroz, macarrão, Grãos integrais, leguminosas, frutas, vegetais (batata, cenoura, milho verde) Leite, iogurte Quanto de Carboidratos 45-65% VCT – CARBOIDRATOS 10-35% VCT – PROTEÍNAS 20-35% VCT - GORDURAS Dieta 2000kcal 60% carboidratos = 1200kcal de CHO Dividido por 4 = 300g Café Lanche Almoço Lanche Jantar Lanche EXEMPLO: DM1, 70kg 20g 20g60g 20g90g 90g Exemplo de contagem de CHO Café da manha Quantidade CHO Pão francês 1 unidade 28 g Queijo prato 1 fatia 0 g Leite desn. 240ml 12 g Café 2 col chá 0 g Banana prata 1 uni média 10g Total 50 g /15 = 3,33 Total de insulina aplicada 3 U Tratamento da hipoglicemia • Tratamento: 15 a 20 g de glicose ou de quaisquer formas de CHOs contendo glicose, como: • Ingestão concomitante de gorduras (copo de leite ou um chocolate): pode retardar a normalização da glicemia • A resposta ao tratamento deve ser aparente em 10 a 20 minutos • Medir novamente a glicemia após 15 minutos, uma vez que pode ser necessário tratamento adicional 1 colher de sopa de açúcar 1 colher de sopa de mel 150ml de refrigerante comum ou suco de laranja ADA, 2008 Cuidados Importantes Observar atentamente as medidas caseiras e o porcionamento que o paciente está fazendo Paciente deve fazer diário alimentar e anotar doses de insulina aplicados e se houve correção - SEMPRE Orientar a importância do consumo diário de CHO. Nunca fazer dietas restritivas Se comer só gordura ou proteína não precisa aplicar insulina? Não é recomendado Aumento da glicemia em um tempo maior Churrasco: cada 90g a mais deve ser contado 15g Cuidados Importantes Hipoglicemia: ingerir 15g de cho simples e verificar a glicemia em 15 min, caso não melhore, repita a operação Lanches não cobertos por insulina – não passar de 15g Manter um padrão de quantidades de cho nas refeições, definir isso com a nutricionista Álcool até 2 doses/ sem – não contar como CHO Atividade física A prática de atividade física requer alterações no esquema de aplicação de insulina, uma vez que o exercício promove aumento da captação de glicose, podendo ocasionar hipoglicemia. Indivíduos que praticam atividade física planejada após uma refeição podem ser orientados a reduzir a dose de insulina pré-prandial para prevenir hipoglicemia Adicionar CHO se glicemia pré-exercício < 100 mg/dL ADA, 2014 Índice Glicêmico Variação sistemática da resposta pós prandial da glicose e da insulina com o consumo de carboidratos. Aumento da glicose após 2h de ingestão de alimentos (porção de 50g de carboidratos) Resposta de um alimento referência (glicose ou pão) Índice Glicêmico Tabela de IG Alimento IGAll-bran 30 Flocos de milho 77 espaguete 38 Pão de centeio integral 41 Batata cozida 88 Batata frita 75 amendoim 14 Suco de laranja 52 Maçã média 38 Alimento IG chocolate 44 pêra 38 fandagos 42 banana 52 abacaxi 66 croissant 67 beterraba 64 Bolo de banana 47 waffles 76 (Foster-Powel K. Am J. Clin Nutr, 2002) Índice Glicêmico Uso de Índice e Carga Glicêmica fornece benefício adicional modesto. ADA, 2007 Conclusão “ Olhando para estes estudos e outros publicados, devemos nos concentrar na educação alimentar , optando por alimentos ricos em fibras, dispensando o uso da carga ou o índice glicêmico. Existem evidências excelentes de que a ingestão recomendada de frutas, vegetais e grãos contribuem com a boa saúde da população” Xavier Pi-Sunyer. Diabetes Care, 2005 Tratamento Dietético A regularidade no comparecimento às consultas e o reforço contínuo do conhecimento sobre a sua dieta, é fundamental para o controle do diabetes. Há 45 anos, nossa vida é transformar a sua. Obrigado.
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