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Resumo: Matéria que trata dos descontos salariais. Origem: FEDERAL Qualificações: Trabalhista Número: 23/2019 Descontos Salariais Data de publicação: 04/06/2019 SUMÁRIO 1. Introdução 2. Folha de Pagamento 3. Descontos Permitidos 4. Dano Causado 5. Descontos no Salário Limite 5.1. Rescisão do contrato de trabalho 6. SalárioUtilidade 6.1. Definição de salárioutilidade 6.2. Bens fornecidos não considerados como salárioutilidade 6.3. Incorporação ao salário 6.4. Alimentação Desconto 6.5. Habitação Desconto 7. Descontos Salariais Obrigatórios 7.1. Previdência social 7.2. Imposto de renda na fonte 7.3. Contribuição sindical, assistencial e confederativa 8. ValeTransporte 9. Pensão Alimentícia 1. INTRODUÇÃO O Princípio da Intangibilidade Salarial assegura a irredutibilidade salarial e visa garantir ao trabalhador perceber a contraprestação pelo seu trabalho, de maneira estável, não sujeita às oscilações da economia e às instabilidades do mercado e, assegura, de forma extensiva, a satisfação de um conjunto, ainda que eventualmente mínima, de suas necessidades, entre as quais a alimentação. A Constituição Federal em seus incisos VI e X do art. 7º asseguram ao trabalhador irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo e proteção do salário na forma da lei, constituindo crime a sua retenção dolosa. No direito do trabalho o salário tem natureza alimentar, de modo que fica limitado a possibilidade de descontos considerados abusivos feitos pelo empregador, pois, não pode o trabalhador participar dos riscos da atividade econômica, quer por meio da redução direta do valor nominal de seu salário bem como de sua remuneração; quer por meio da redução de jornada de trabalho, tarefa ou alteração de critério na apuração de valores que compõe a sua remuneração, salvo se decorrente de convenção ou acordo coletivo de trabalho. Para um melhor entendimento, se faz necessário a distinção entre salário e remuneração. Salário é a contraprestação pelo serviço prestado pelo empregado ao empregador, não podendo ser inferior ao salário mínimo, salário profissional ou ao piso salarial ou regional. A remuneração é a contraprestação paga ao empregado, seja em pecúnia, em utilidades, integrando a remuneração, além do salário pactuado, comissões, percentagens, gratificações, gorjetas, diárias para viagem que excedam 50% do salário percebido pelo empregado, mais as gorjetas que receber, ainda que recebidas de terceiros, ou seja, remuneração é a soma de todas as parcelas que compõem o vencimento do trabalhador, tais como: o saláriobásico, horas extras, gratificações, comissões, abonos, gorjetas, prêmios, etc. Nesse sentido o art. 457 da CLT, alterado pela Lei nº 13.419/17, dispõe: "Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 1 de 8 § 2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% do salário percebido pelo empregado. § 3º Considerase gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. § 4º A gorjeta mencionada no § 3º não constitui receita própria dos empregadores, destinase aos trabalhadores e será distribuída segundo critérios de custeio e de rateio definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho. § 5º Inexistindo previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, os critérios de rateio e distribuição da gorjeta e os percentuais de retenção previstos nos §§ 6º e 7º deste artigo serão definidos em assembléia geral dos trabalhadores, na forma do art. 612 desta Consolidação. § 6º As empresas que cobrarem a gorjeta de que trata o § 3º deverão: I para as empresas inscritas em regime de tributação federal diferenciado, lançála na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 20% (vinte por cento) da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor do trabalhador; II para as empresas não inscritas em regime de tributação federal diferenciado, lançála na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 33% (trinta e três por cento) da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor do trabalhador; III anotar na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no contracheque de seus empregados o salário contratual fixo e o percentual percebido a título de gorjeta". 2. FOLHA DE PAGAMENTO A folha de pagamento é um documento de emissão obrigatória, inexistindo modelo oficial, podendo ser adotado o leiaute de acordo com as necessidades de cada empresa, desde que contenha as informações legais, que será verificada pela fiscalização trabalhista e previdenciária. Nos termos do caput e inciso I do art. 32 da Lei nº 8.212/91, a empresa ou pessoa equiparada deverá elaborar folha de pagamento mensal da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, de forma coletiva por estabelecimento, por obra de construção civil e por tomador de serviços, com a correspondente totalização e resumo geral, nela constando: a) discriminados o nome de cada segurado e respectivo cargo, função ou serviço prestado; b) agrupados por categoria, os segurados empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual; c) identificados os nomes das seguradas em gozo de saláriomaternidade; d) destacadas as parcelas integrantes e as não integrantes da remuneração e os descontos legais; e) indicado o número de cotas de saláriofamília atribuídas a cada segurado empregado ou ao trabalhador avulso. 3. DESCONTOS PERMITIDOS O caput do art. 462 da CLT proíbe o empregador de efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, exceto quando resultante de adiantamentos, dispositivo de lei, contrato coletivo ou determinação judicial como, por exemplo, o pagamento de pensão alimentícia. Entretanto, se a empresa tiver autorização prévia e por escrito do empregado, é possível o desconto salarial, quando em benefício do empregado e dos seus dependentes, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médicohospitalar, de seguro, de previdência privada ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativa associativa dos seus trabalhadores, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico, conforme entendimento da Justiça do Trabalho, firmado por meio da Súmula TST nº 342, a seguir transcrita: "Súmula TST nº 342 Descontos Salariais Art. 462 da CLT Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médicohospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativa associativa dos seus trabalhadores, em seu benefício e dos seus dependentes, não afrontam o disposto pelo art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico". De acordo com os §§ 2º e 3º do art. 462 da CLT, a empresaque mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços destinados a proporcionarlhes prestações in natura está proibida de exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados utilizemse do armazém ou dos serviços. Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela empresa, é lícito à autoridade competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 2 de 8 razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício dos empregados. 4. DANO CAUSADO Na hipótese de dano causado pelo empregado ao empregador, o desconto somente será lícito se esta possibilidade tiver sido acordada entre as partes ou na ocorrência de dolo do empregado. Assim, quando o dano causado pelo trabalhador for decorrente de dolo, ou seja, este tenha tido a intenção de causálo, será lícito o desconto ainda que inexista previsão contratual. Entretanto, quando o dano for decorrente de culpa (o empregado não tinha a intenção de cometêlo), somente será possível ao empregador efetuar o desconto se prevista no contrato de trabalho esta possibilidade (art. 462, § 1º, da CLT). Diante disso, quando da admissão do empregado, tornase conveniente a inserção de cláusula no seu contrato de trabalho que permita esse tipo de desconto salarial. Referida cláusula pode, por exemplo, ter a seguinte redação: "Além dos descontos previstos em lei, reservase a empregadora ao direito de descontar do empregado as importâncias correspondentes aos danos causados por ele". Por outro lado, tendo em vista que o DecretoLei nº 229/67 deu nova redação aos arts. 611 a 625 da CLT, que tratavam do contrato coletivo e, atualmente, versam sobre o acordo e a convenção coletiva, o doutrinador Sérgio Pinto Martins, entende que, tais descontos podem ser fixados em normas coletivas. 5. DESCONTOS NO SALÁRIO LIMITE A legislação não estabelece, de forma clara, limite para desconto do empregado. Contudo, por analogia, orientamos seja aplicada a Lei nº 10.820/03, que instituiu os procedimentos para autorização de desconto em folha de pagamento dos valores referentes ao pagamento das prestações de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil a empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A referida lei estabelece que o desconto no salário não poderá exceder a 30% da remuneração disponível. 5.1. Rescisão do Contrato de Trabalho Em se tratando de rescisão contratual, qualquer compensação no pagamento das verbas rescisórias não poderá exceder ao equivalente a um mês de remuneração do empregado, conforme o art. 477, § 5º, da CLT. Alguns doutrinadores, para efeito da referida compensação por remuneração, defendem que deve ser entendido não apenas o salário, mais as gorjetas, conforme previsto no art. 457 da CLT (veja item 1 deste trabalho). 6. SALÁRIOUTILIDADE A legislação trabalhista permite que parte do salário do empregado seja pago em utilidades, que pode ser em bens ou serviços, lembrando que o fornecimento de utilidades visa satisfazer as necessidades do trabalhador. 6.1. Definição de SalárioUtilidade Salárioutilidade também conhecido como salário in natura é o valor que a empresa paga em bens ou serviços a seus empregados pela contraprestação dos serviços. De acordo com o art. 458 da CLT, além do pagamento em dinheiro, compreendemse no salário, para todos os efeitos legais, alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa por força do contrato ou do costume fornecer habitualmente ao empregado. Não será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. 6.2. Bens Fornecidos Não Considerados como SalárioUtilidade Não são considerados como salárioutilidade os bens fornecidos como instrumento de trabalho para atender as necessidades do serviço, como vestuário, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado que são utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço. Damos também como exemplo a habitação fornecida para os que prestam serviços em frentes de trabalho distantes dos centros urbanos, a alimentação fornecida aos empregados que trabalham em plataforma de petróleo e o transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público regular.Nota Cenofisco: Transcrevemos a seguir a Orientação Jurisprudencial SDI nº 131 e a Súmula TST nº 367: "Orientação Jurisprudencial nº 131 Vantagem 'in natura'. Hipóteses em que não integra o salário. (Inserida em 20.04.1998. Ratificada pelo T. Pleno em 07.12.2000. Cancelada em decorrência de sua conversão na Súmula nº 367 Res. 129/2005, DJ 20.04.2005) A habitação e a energia elétrica fornecidas pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial". "Súmula TST nº 367 Utilidades 'In Natura'. Habitação. Energia Elétrica. Veículo. Cigarro. Não Integração ao Salário. (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 24, 131 e 246 da SBDI1) Res. 129/2005 DJ 20.04.2005) I A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 3 de 8 trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. (ex OJs nº 131 Inserida em 20.04.1998 e ratificada pelo Tribunal Pleno em 07.12.2000 e nº 246 Inserida em 20.06.2001) II O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde. (exOJ nº 24 Inserida em 29.03.1996)". 6.3. Incorporação ao Salário A legislação determina que além do pagamento em dinheiro, incorporase à remuneração a utilidade fornecida ao empregado, sendo que irá repercutir diretamente nos direitos decorrentes do contrato de trabalho. Assim, a utilidade fornecida deverá integrar a remuneração para fins de pagamento dos direitos do empregado, como férias, 13º salário, avisoprévio, indenizações por tempo de serviço, quando for o caso, dentre outros, sendo que a incorporação será com base no valor da utilidade. 6.4. Alimentação Desconto O § 3º do art. 458 da CLT estabelece que a alimentação fornecida como salárioutilidade deverá atender aos fins que se destina e não pode exceder a 20% do salário contratual, quando a empresa não for inscrita no PAT. A jurisprudência tem entendido que o valerefeição integra o salário do empregado pelo valor total, deduzindo da parte que venha a ser descontada do mesmo, salvo se a empresa for inscrita no PAT. Exemplo: A empresa forneceu no mês o valor total de valerefeição de R$ 340,00, sabendo que o empregado tem um salário fixo de R$ 1.500,00. Salário do empregado: R$ 1.500,00 x 20% = R$ 300,00 (desconto máximo permitido) Valor Total do ValeRefeição = R$ 340,00 Parcela Descontada do Empregado = R$ 50,00 Valor que integrará o Salário do Empregado = R$ 340,00 R$ 50,00 = R$ 290,00 A alimentação fornecida por intermédio do Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT) não se constitui em utilidade, não tendo natureza salarial, não se incorporando à remuneração para qualquer efeito legal. Caso o empregador faça a opção pelo PAT, a empresa poderá descontar do salário do empregado até 20% do custo da alimentação.Nota Cenofisco: Transcrevemos a seguir a Súmula TST 241 e a Orientação Jurisprudencial SDI nº 133: "Súmula TST 241 SalárioUtilidade Alimentação O vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, tem caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para to dos os efeitos legais (Res.15/85, DJ 09/12/85)". "Orientação Jurisprudencial SDI nº 133 Ajuda Alimentação PAT Lei nº 6.321/76 Não Integração ao Salário A ajuda alimentação fornecida por empresa participante do programa de alimentação ao trabalhador, instituído pela Lei nº 6.321/1976, não tem caráter salarial. Portanto, não integra o salário para nenhum efeito legal (Inserido em 27/11/98)". 6.5. Habitação Desconto Em se tratando de habitação fornecida ao empregado, desde que não seja indispensável ao trabalho, será constituído como salário utilidade, sendo que o seu valor, para desconto, não poderá exceder a 25% do salário contratual nos termos do § 3º do art. 458 da CLT. Tratandose de habitação coletiva, o valor do salárioutilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de ocupantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. 7. DESCONTOS SALARIAIS OBRIGATÓRIOS O art. 462 da CLT, já citado anteriormente, define bem que é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, exceto quando este resultar de adiantamentos de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Isto posto, salientamos que o empregador não pode efetuar desconto nos salários do empregado, exceto nas seguintes hipóteses: a) adiantamentos salariais (salários pagos antecipadamente); b) dispositivos de lei (obrigações conferidas ao empregador, tais como: contribuição previdenciária; contribuição sindical; Imposto de Renda na Fonte; pensão alimentícia, desde que determinada a respectiva dedução pelo Poder Judiciário; não concessão de avisoprévio pelo empregado; antecipação da primeira parcela do 13º salário; dívida ou responsabilidade 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 4 de 8 contraída pelo empregado com a seguridade social, desde que por ela requisitada; faltas legais ao serviço); c) contrato coletivo (aqueles estipulados em convenção ou acordo coletivo, por exemplo, a contribuição assistencial); d) danos causados pelo empregado (quando a possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado). Destacamos, nos subtópicos a seguir, alguns descontos salariais obrigatórios. 7.1. Previdência Social Cabe aos empregadores o desconto relativo às contribuições previdenciárias de seus empregados, mediante a aplicação das alíquotas previstas na tabela de INSS, incidente sobre o salário de contribuição de cada um. 7.2. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE Sobre as remunerações pagas aos empregados há incidência do Imposto de Renda na Fonte, mediante aplicação das alíquotas progressivas, observando tabela oficialmente divulgada. 7.3. Contribuição Sindical, Assistencial e Confederativa A associação profissional ou sindical independe de autorização do Estado, portanto, são vedadas a interferência e a intervenção na organização sindical ao Poder Público, conforme os arts. 5º, XVIII, e 8º, caput e inciso I, da Constituição Federal. Embora a Constituição Federal tenha determinado a autonomia da organização sindical, ficou mantido o sistema de unicidade sindical e a Contribuição Sindical obrigatória prevista em lei, descontada em folha, destinada ao custeio do sistema confederativo da representação sindical (art. 8º, inciso IV, da Constituição Federal). Salientamos que compete, exclusivamente, à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. Sendo assim, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefícios destes, de sistemas de previdência e assistência social. 7.3.1. Distinção entre Contribuição Assistencial, Confederativa e Associativa Nos termos do art. 579A da CLT, acrescido pela Medida Provisória nº 873/19 podem ser exigidas somente dos filiados ao sindicato: a) a contribuição confederativa de que trata o inciso IV do caput do art. 8º da Constituição; b) a mensalidade sindical; e c) as demais contribuições sindicais, incluídas aquelas instituídas pelo estatuto do sindicato ou por negociação coletiva. A contribuição sindical possuía natureza tributária, sendo recolhida compulsoriamente pelos empregadores no mês de abril de cada ano. Ressaltase que ninguém é obrigado a filiarse ao sindicato, mas todos os trabalhadores que pertencem a uma determinada categoria estão obrigados, até 10/11/2017, a contribuir anualmente. Nesse sentido, a contribuição sindical foi devida por todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica ou profissional ou profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão. Na inexistência dessa categoria, o recolhimento era feito à federação correspondente à mesma categoria econômica ou profissional. Com a publicação da Lei nº 13.467/17, em vigor desde 11/11/2017, foram alterados, dentre outros, os arts. 545, caput, 578, 579, 582, caput, 583, caput, 587 e 602, caput, da CLT, para dispor que, os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida na CLT, desde que prévia e expressamente autorizadas. Observase que o desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 da CLT. Sendo assim, os empregadores estarão obrigados ao desconto desde que autorizado prévia e expressamente, pelo empregado, de uma só vez, da folha de pagamento referente ao mês de março de seus empregados, da contribuição sindical por estes devida aos respectivos sindicatos. 7.3.2. Medida Provisória nº 873/19 Alterações Foi publicada a Medida Provisória nº 873/19 (DOU de 01/03/2019 Edição Extra) que altera a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo DecretoLei nº 5.452/43, para dispor sobre a contribuição sindical. Assim, as contribuições facultativas ou as mensalidades devidas ao sindicato, previstas no estatuto da entidade ou em norma coletiva, independentemente de sua nomenclatura, serão recolhidas, cobradas e pagas na forma a seguir. 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 5 de 8 As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão recolhidas, pagas, sob a denominação de contribuição sindical, desde que prévia, voluntária, individual e expressamente autorizadas pelo empregado. O requerimento de pagamento da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e voluntária do empregado que participar de determinada categoria econômica ou profissional ou de profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, na inexistência do sindicato, em conformidade o disposto no art. 591 da CLT. A referida autorização prévia do empregado deve ser individual, expressa e por escrito, não admitidas a autorização tácita ou a substituição dos requisitos estabelecidos para a cobrança por requerimento de oposição. É nula a regra ou a cláusula normativa que fixar a compulsoriedade ou a obrigatoriedade de recolhimento a empregados ou empregadores, ainda que referendada por negociação coletiva, assembleiageral ou outro meio previsto no estatuto da entidade. A contribuição dos empregados que autorizarem, prévia e expressamente, o recolhimento da contribuiçãosindical será feita exclusivamente por meio de boleto bancário ou equivalente eletrônico, que será encaminhado obrigatoriamente à residência do empregado ou, na hipótese de impossibilidade de recebimento, à sede da empresa. É vedado o envio de boleto ou equivalente à residência do empregado ou à sede da empresa, na hipótese de inexistência de autorização prévia e expressa do empregado. A Medida Provisória nº 873/19 entrou em vigor na data de sua publicação, ou seja, em 01/03/2019. 7.3.3. Contribuição Sindical Valor Nos termos do art. 582 da CLT, alterado pela Medida Provisória nº 873/19, a contribuição dos empregados que autorizarem, prévia e expressamente, o recolhimento da contribuição sindical será feita exclusivamente por meio de boleto bancário ou equivalente eletrônico, que será encaminhado obrigatoriamente à residência do empregado ou, na hipótese de impossibilidade de recebimento, à sede da empresa. A inobservância ao disposto neste item ensejará a aplicação multas, conforme o disposto no art. 598 da CLT. É vedado o envio de boleto ou equivalente à residência do empregado ou à sede da empresa, na hipótese de inexistência de autorização prévia e expressa do empregado. Para fins da contribuição sindical, considerase um dia de trabalho o equivalente a: a) uma jornada normal de trabalho, na hipótese de o pagamento ao empregado ser feito por unidade de tempo; ou b) 1/30 da quantia percebida no mês anterior, na hipótese de a remuneração ser paga por tarefa, empreitada ou comissão. Na hipótese de pagamento do salário em utilidades, ou nos casos em que o empregado receba, habitualmente, gorjetas, a contribuição sindical corresponderá a 1/30 da importância que tiver servido de base, no mês de janeiro, para a contribuição do empregado à Previdência Social. 8. VALETRANSPORTE Os arts. 1º e 4º da Lei nº 7.418/85, regulamentada pelo Decreto nº 95.247/87, determinam que é dever do empregador antecipar o vale transporte ao trabalhador para efetiva utilização em despesas de deslocamento residênciatrabalho e viceversa, por meio de transporte que melhor se adequar, desde que seja público ou com características de tal. A citada legislação prevê ainda que o benefício concedido nas condições e limites definidos na lei, no que se refere à contribuição do empregador, não tem natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos legais e não constitui base de incidência de contribuição ao INSS ou ao FGTS. O art. 5º do Decreto nº 95.247/87, por sua vez, dispõe que é vedado ao empregador substituir o valetransporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, salvo no caso de falta ou insuficiência de estoque necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema, hipótese em que o beneficiário será ressarcido pelo empregador da parcela correspondente, na folha de pagamento imediata, quando tiver efetuado, por conta própria, a despesa para seu deslocamento. Diante do exposto anteriormente, havendo a concessão do valetransporte em dinheiro, ainda que previsto em documento coletivo da categoria, o mesmo deverá ser lançado na folha de pagamento, integrando o salário do empregado para todos os efeitos legais (férias, 13º salário, etc.), bem como constitui como base de cálculo da contribuição previdenciária e FGTS. Por outro lado, com a publicação do Ato Declaratório nº 1, de 20/10/2000 (DOU de 20/11/2000), a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) aprovou 11 Precedentes Administrativos, cujo conteúdo normativo deverá orientar a ação dos AuditoresFiscais do Trabalho, no exercício de suas atribuições, tendo a mesma conotação que as Súmulas têm no âmbito do Poder Judiciário, ou seja, a de uniformizar o posicionamento adotado no decorrer da ação fiscal, evitando, assim, atitudes e posturas divergentes da Administração Pública Federal. Relativamente ao valetransporte pago em dinheiro, postura adotada por um grande número de empresas, a questão foi objeto de normalização pelo Precedente Administrativo nº 3, cujo teor transcrevemos a seguir: 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 6 de 8 "Precedente Administrativo nº 3 FGTS. ValeTransporte. Falta de Recolhimento do Percentual de 8% sobre Parte da Remuneração Devida. O vale transporte não terá natureza salarial, não se incorporará à remuneração para quaisquer efeitos e tampouco constituirá base de incidência do FGTS, desde que fornecido de acordo com o disposto na Lei nº 7.418/85, art. 2º, II". Dessa forma, o valetransporte pago em dinheiro tem natureza salarial e repercussão no FGTS. O valetransporte será custeado: a) pelo beneficiário, na parcela equivalente a 6% de seu salário básico ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens; e b) pelo empregador, no que exceder à parcela referida no item anterior. A concessão do valetransporte autorizará o empregador a descontar mensalmente, do beneficiário que exercer o respectivo direito, o valor da parcela de até 6% de seu salário, cujo desconto será proporcional à quantidade de valestransporte concedida para o período a que se refere o salário ou o vencimento e por ocasião de seu pagamento, salvo estipulação em contrário, em convenção ou acordo coletivo de trabalho que favoreça o beneficiário. Caso a despesa com o deslocamento do beneficiário seja inferior a 6% do salário básico ou vencimento, o empregado poderá optar pelo recebimento antecipado do valetransporte, cujo valor será integralmente descontado por ocasião do pagamento do respectivo salário ou vencimento. A base de cálculo para determinação da parcela a cargo do beneficiário será: a) o salário básico ou o vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens; e b) o montante recebido no período, para os trabalhadores remunerados por tarefa, serviço feito ou quando se tratar de remuneração constituída de comissões, percentagens, gratificações, gorjetas ou equivalentes. Isto posto, a base de cálculo é o seu salário fixo, excluída as horas extras, DSR, triênio, etc. No tocante ao empregado horista, esclarecemos que a base de cálculo, para desconto do valetransporte, será as horas efetivamente trabalhadas, acrescidas do DSR do mês. A legislação determina a obrigatoriedade de a empresa conceder o valetransporte ao empregado com a finalidade de custear parte das despesas decorrentes do respectivo deslocamento residênciatrabalho e viceversa, desde que tal deslocamento seja efetuado com a utilização de qualquer meio de transporte coletivo regular, não tendo, contudo, o legislador fixado nenhum limite, mínimo ou máximo, de distância entre o local de trabalho e a residência para a concessão obrigatória deste benefício. Isto posto, a doutrina trabalhista entende que, o empregado que deixar de comparecer ao trabalho, ainda que justificadamente, (por exemplo como no caso de licença paternidade, auxíliodoença, etc.) poderá a empresa, no mês seguinte, fornecer uma quantidade menor de valetransporte, pois pressupõese que houve uma sobra, haja vista que o mesmo não os utilizou para a finalidade que se destina, que é o deslocamento residênciatrabalho e viceversa. Para o exercício do direito ao valetransporte, o empregado informará ao empregador, por escrito, os seguintes dados: seu endereço residencial; os serviços e os meios de transporte mais adequados ao seu deslocamento residênciatrabalho e viceversa; que se compromete a utilizar o valetransporte exclusivamente para o deslocamento residênciatrabalho e viceversa. As informações mencionadas anteriormente deverão ser atualizadas anualmente ou sempre que ocorrer alteração dos dados informados, sob pena de suspensão do benefício até o cumprimento dessa vigência. Podendo o empregado informar ao empregador o preço unitário das tarifas cobradas em cada um dos meios de transporte utilizados. 9. PENSÃO ALIMENTÍCIA A pensão alimentícia é obrigação de natureza civil, estabelecidapara suprir as necessidades de subsistência dos dependentes do empregado, não se vinculando às disposições da legislação trabalhista. Muito embora não haja previsão expressa na legislação trabalhista, o procedimento usualmente adotado pelo Poder Judiciário consiste em enviar ofício à empresa, por meio do qual esta fica obrigada a efetuar, por ocasião do pagamento do salário do empregado e mediante lançamento em folha de pagamento, o desconto, a título de pensão alimentícia, do valor pactuado no processo de separação judicial. Importante frisar que o percentual e a base de cálculo a serem utilizados para o desconto do valor da pensão alimentícia (exemplo: horas extras, adicionais, etc.) são definidos no processo judicial, restando à empresa cumprir o que foi acordado entre as partes (excônjuges), observandose que o valor da prestação, normalmente, corresponde a um percentual calculado sobre os rendimentos líquidos do trabalhador. Para efetuar o desconto do valor da pensão alimentícia no salário contratual do empregado, bem como das férias, a empresa deverá 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 7 de 8 cumprir a determinação contida na própria certidão expedida pelo juiz de direito, sendo esse desconto executado independentemente de autorização do empregado, nos termos do caput do art. 462 da CLT. Se a ordem judicial estabelecer que o percentual fixado incide sobre os rendimentos líquidos do trabalhador, a empresa deverá considerar, como base de cálculo, o salário contratual do empregado já deduzidos os encargos sociais sobre ele incidentes, ou seja, imposto de renda e contribuição previdenciária, predominando o entendimento de que, no mês de março, também deverá ser deduzido, para fins de cálculo, o valor da contribuição sindical descontada do empregado. 10. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO UTILIZAÇÃO DO FGTS COMO GARANTIA A Lei nº 13.313, de 14/07/2016 (DOU de 15/07/2016) altera, dentre outras, a Lei nº 10.820/03, que dispõe sobre a autorização para desconto de prestações em folha de pagamento, e dá outras providências. Assim, nas operações de crédito consignado, o empregado poderá oferecer em garantia, de forma irrevogável e irretratável, até 10% do saldo de sua conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e até 100% do valor da multa paga pelo empregador, em caso de despedida sem justa causa ou de despedida por culpa recíproca ou força maior, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 18 da Lei nº 8.036/90. A referida garantia só poderá ser acionada na ocorrência de despedida sem justa causa, inclusive a indireta, ou de despedida por culpa recíproca ou força maior, não se aplicando, nesse caso, o disposto no § 2º do art. 2º da Lei nº 8.036/90, transcrito a seguir: "........................................... Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de modo a assegurar a cobertura de suas obrigações. ........................................... § 2º As contas vinculadas em nome dos trabalhadores são absolutamente impenhoráveis. ........................................" O Conselho Curador do FGTS poderá definir o número máximo de parcelas e a taxa máxima mensal de juros a ser cobrada pelas instituições consignatárias nas operações de crédito consignado anteriormente. Cabe, ainda, ao agente operador do FGTS definir os procedimentos operacionais necessários à execução. A Medida Provisória nº 719/16 entrou em vigor na data de sua publicação, ou seja, 30/03/2016. 13/11/2019 Arquivo gerado em 13/11/2019 Página 8 de 8
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