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Análise da Família de Kambili em Hibisco Roxo

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PERGUNTA 1
Leia o trecho a seguir, extraído do artigo Psicologia da literatura e psicologia na literatura, de Rosemary Conceição dos Santos et al. A seguir, responda ao que se pede. 
  
Considerando que o comportamento resulta dessa interação organismo-ambiente, Leite entende que a psicologia atual deve ter, portanto, recursos para explicar duas formas de comportamento que interessam diretamente à literatura, que são, o pensamento criador e a leitura de obra literária. Examinar a adequação da psicologia para explicar esses dois comportamentos é lançar luz sobre como se realiza, e concretiza, a tentativa de tanto o psicólogo quanto o ficcionista apresentar a descrição convincente de uma pessoa e de um personagem.
SANTOS, Rosemary Conceição dos; SANTOS, João Camilo dos; SILVA, José Aparecido da. Psicologia da literatura e psicologia na literatura. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 26, n. 2, p. 767-780, jun. 2018 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2018000200009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 24 ago. 2019. http://dx.doi.org/10.9788/TP2018.2-09Pt>.
 
Levando em consideração os seus conhecimentos a respeito das diversas teorias de psicologia aplicáveis à crítica literária, assinale a alternativa que corresponde ao ramo da psicologia elaborado no texto.
	
	
	Psicanálise.
	
	
	Gestalt.
	
	
	Psicologia Social.
	
	
	Psicologia Clínica.
	
	
	Psicologia Analítica.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 2
Leia os textos a seguir. 
  
- Você tem Panadol, Mama? 
- Está com cólica, abia? 
- Estou. E meu estômago está vazio também. 
Mama olhou para o relógio de parede, presente de uma instituição de caridade para a qual Papa fizera uma doação. Era um relógio oval com o nome de Papa escrito com letras douradas. 
Eram 7:37. O jejum da Eucaristia exige que os fiéis não comam nada sólido uma hora antes da missa. Nunca quebrávamos o jejum da Eucaristia; a mesa do café já estava posta, com xícaras e tigelas de cereal colocadas lado a lado, mas só comeríamos quando voltássemos para casa. 
- Coma alguns flocos de milho, rápido - disse Mama, quase sussurrando. - Vai precisar colocar alguma coisa no estômago para segurar o Panadol. 
Jaja pegou a caixa de papelão que havia em cima da mesa, colocou um pouco de cereal numa tigela, juntou leite em pó e açúcar usando uma colher de chá e acrescentou água. 
(...) Comecei a engolir o cereal, de pé mesmo. Mama me deu as cápsulas de Panadol, ainda envoltas em papel laminado, que fez ruído ao ser rasgado. Jaja não colocara muito cereal na tigela, e eu já estava quase terminando de comer quando a porta se abriu e Papa entrou na sala. 
(...) Quando ele viu a tigela em minha mão, baixei os olhos, observei os poucos flocos moles flutuando em meio às bolhas de leite e me perguntei como Papa conseguira subir a escada tão silenciosamente. 
- O que você está fazendo, Kambili? 
Engoli em seco. 
- Eu... eu... 
- Está comendo dez minutos antes da missa? Dez minutos? 
- Ela ficou menstruada e está com cólica... - explicou Mama. 
Jaja a interrompeu. 
- Fui eu que mandei Kambili comer antes de tomar Panadol, Papa. Eu preparei o cereal para ela. 
- Será que o demônio pediu para você fazer o trabalho dele? - disse Papa, com as palavras em igbo saindo de sua boca numa torrente. - Será que o demônio armou uma tenda dentro da minha casa? Ele se virou para Mama. - Você ficou aí, vendo Kambili profanar o jejum da Eucaristia, maka nnídi? 
Papa tirou o cinto devagar. Era um cinto pesado feito de camadas de couro marrom com uma fivela discreta coberta do mesmo material. Ele bateu em Jaja primeiro, no ombro. Mama ergueu as mãos e recebeu um golpe na parte superior do braço, que estava coberta pela manga bufante de lantejoulas da blusa que ela usava para ir à igreja. 
Larguei a tigela sobre a mesa um segundo antes de o cinto me atingir nas costas.
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. Disponível em: <http://lehaf.paginas.ufsc.br/files/2016/03/Hibisco-Roxo-Chimamanda-Ngozi-Adichie.pdf>. Acesso em 26 ago. 2018.
 
Ambientado entre os anos 70 e 80, o romance retrata uma Nigéria recém emancipada e profundamente marcada pela instabilidade política e pelos conflitos internos advindos da necessidade pós independência de estabelecer um governo destacado da metrópole. No centro de tamanha instabilidade social e política, está a família de Kambili Achike, a jovem narradora do romance. Na narrativa, o lar de Kambili funciona como microcosmos da sociedade em que está inserido, aonde a presença tirânica de Eugene (pai de Kambili), bem como a forma com que este nega os valores da cultura africana e supervaloriza elementos historicamente herdados da metrópole inglesa, contribuem na construção de um ambiente cerceador e hostil que serve como parâmetro de análise, também, a partir da relação entre Eugene e o resto de sua família (a mãe, Beatrice, e o irmão, Jaja), da forma com que o colonizador europeu erradicou valores culturais da Nigéria, substituindo-os por valores que considerava mais corretos: os seus próprios.
LOPES, Melissa Mota. Relações de gênero em Hibisco Roxo: O homem branco como paradigma. 2017. 49 f. Monografia (Especialização) - Curso de Letras, Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/19931/1/2017_MelissaMotaLopes_tcc.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2019.
 
A respeito do que se afirma no trecho em destaque da monografia, bem como as relações entre a obra de Chimamanda Ngozi Adiche e a crítica, do ponto de vista das influências do âmbito social na subjetividade das personagens, assinale a alternativa correta.
 
	
	
	No trecho destacado de Hibisco roxo são poucas as marcas de embranquecimento cultural - segundo terminologia utilizada por Mota Lopes - da família da família, a despeito do que o trecho da monografia sugere..
	
	
	A questão linguística, de que Nascimento Batista em citação na monografia de Mota Lopes se refere, está melhor representada no excerto de Hibisco roxo no momento em que Kambili opta por pedir um medicamento, fabricado na Europa e não uma planta medicinal típica.
	
	
	Questões relacionadas à raça são praticamente nulas neste trecho de Hibisco Roxo.
	
	
	A religião católica circunda todo o trecho destacado de Hibisco roxo, uma vez que a motivação do conflito narrado é a quebra de um jejum que antecede o ato religioso. Toda a argumentação de Eugene, depois, no momento da aplicação da violência doméstica, é fomentada e baseada em preceitos religiosos.
	
	
	Ao contrário do que o texto crítico de Mota Lopes propõe, não é possível encontrar marcas da colonização no texto de Chimamanda Ngozi Adiche, uma vez que o processo de colonização e o texto estão situados em momentos históricos completamente diferentes.
0,25 pontos   
PERGUNTA 3
O trecho a seguir foi retirado do ensaio de Juliana Fausto, Terranos e poetas: o “povo de Gaia” como “povo que falta” e é de autoria de Ted Hughes. Nele, o autor descreve como foi o processo criativo de seu conhecido poema The Thought-Fox. Leia-o e, depois, responda ao que se pede. 
  
  
Comecei a sonhar. Sonhei que não tinha deixado minha mesa e ainda estava sentado ali, debruçado sobre a folha de papel pautado iluminado pela luminária, encarando as mesmas poucas linhas no alto. De repente minha atenção foi atraída para a porta. Achei que tinha ouvido algo ali. Enquanto esperava, escutando, vi que a porta se abria lentamente. Então uma cabeça apareceu no canto da porta. Era mais ou menos da mesma altura de uma cabeça humana, mas claramente a cabeça de uma raposa, apesar de a luz ali estar fraca. 
A porta abriu-se toda e pela pequena escada e através do quarto em direção a mim veio uma figura que era ao mesmo tempo um homem magricelo e uma raposa andando ereta nas patas traseiras. Era uma raposa, mas do tamanho de um lobo. À medida que se aproximava e vinha para a luz, eu vi que seu corpo e seus membros haviam acabadode sair de um forno. Cada polegada estava tostada, ardendo, carbonizada, partida e sangrando. Seus olhos, que estavam no nível dos meus onde eu sentava, incandesciam com a intensidade da dor. Veio até parar ao meu lado. Então abriu a mão – uma mão humana, como eu agora via, mas queimada e sangrando como todo o resto –, palma da mão para baixo no espaço branco de minha folha. Ao mesmo tempo disse: ‘Pare com isso. Você está nos destruindo.’ Então, enquanto levantava a mão, eu vi a pegada de sangue [blood-print], como um tipo de quiromante, com todas as linhas e vincos em sangue molhado e resplandecente na página. 
Acordei imediatamente. A impressão de realidade era tão total que me levantei da cama para olhar os papéis em minha mesa, bem certo de que veria a pegada de sangue ali na página. 
 
FAUSTO, Juliana. Terranos e poetas: O "povo de gaia" como o "povo que falta". Revista Landa, Santa Catarina, v. 2, n. 1, p.166-181, jan. 2013. Disponível em: <http://www.revistalanda.ufsc.br/PDFs/vol2n1/Juliana%20Fausto%20Terranos%20e%20poetas.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2019.
 
Leia as afirmações a seguir a respeito do texto de Ted Hughes e assinale a alternativa em que todas estão corretas.
 
Há uma certa ficcionalização da experiência criativa por parte do autor - que não exclui de maneira alguma a importância e força de seu texto - mas sim, agrega significado ao processo narrado.
O texto aponta um aspecto muito definidor da criação literária: a mimese do sentimento ou da dor do outro.
Inúmeras possibilidades sobre o que, afinal de contas, representa a raposa carbonizada do sonho de Hughes, poderiam ser levantadas, mas o foco do texto, a despeito do que ele mesmo afirma, não está no que a raposa representa e sim, no que ela, o outro, diz.
 
	
	
	Apenas a I.
	
	
	Apenas a II.
	
	
	Apenas a III.
	
	
	Apenas I e III.
	
	
	I, II e III.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 4
Leia o texto a seguir, de Christophe Dejours e responde ao que se pede. 
  
“A sexualidade e as pulsões são amorais e egocêntricas. Em outras palavras, a referência à sexualidade não é neutra axiologicamente. A antropologia freudiana sugere, portanto, que as pulsões não conduzem o ser humano para a vida em sociedade, nem para a vida conjunta e para a solidariedade. As pulsões sexuais engendram, antes, o egoísmo e a rivalidade entre os seres humanos para gozar os prazeres terrestres, levando ao ódio, à violência e à morte na luta pela possessão dos objetos de prazer. 
Se, contudo, os seres humanos fazem sociedade, não é por causa de suas pulsões sexuais, mas por causa da necessidade. Não é por desejo, mas por obrigação. A resposta de Freud consiste em reconhecer que a sociedade não seria possível sem alguma modificação, desvio, ou mesmo amputação das metas pulsionais; além de recorrer à inibição quanto à meta sexual, à reversão contra a própria pessoa, à reversão em seu oposto, ao recalque, à sublimação. Ademais, Freud sustenta que a própria cultura é construída sobre a renúncia à satisfação sexual da pulsão, ou seja, sobre o sacrifício da pulsão.
DISSONÂNCIA REVISTA DE TEORIA CRÍTICA. Campinas: Unicamp, v. 1, n. 1, 2017 (adaptado).
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto, de acordo com os seus conhecimentos.
	
	
	Crítica feminista.
	
	
	Estética da recepção.
	
	
	Hermenêutica.
	
	
	Psicanálise.
	
	
	Materialismo.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 5
O poema a seguir é de autoria de Fernando Pessoa, poeta português conhecido por sua vasta produção heteronímica. Leia-o e, depois, responda ao que se pede.
  
AUTOPSICOGRAFIA 
  
O poeta é um fingidor, 
Finge tão completamente, 
Que chega a fingir que é dor, 
A dor que deveras sente. 
  
E os que lêem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só as que eles não têm. 
  
E assim nas calhas da roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração.
PESSOA, Fernando. Autopsicografia. In: PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Lisboa: Ática, 1981.
 
A partir da leitura do poema, assinale a alternativa correta.
	
	
	O título do poema nos leva a uma interpretação de que o espírito de Alberto Caieiro, principal heterônimo de Fernando Pessoa, já incorporava no poeta antes mesmo deste assumir a heteronímia.
	
	
	O poema anuncia o processo de despersonalização do sujeito poeta enquanto um fingidor, capaz de fingir sentimentos que não existiram.
	
	
	O poeta evidencia no poema que não age de modo pensado, psicografando sentimentos que, depois, serão experienciados pelo leitor.
	
	
	O poema aponta para um aspecto psicológico muito fortemente ligado à psicologia clínica, equiparando o fazer literário a uma forma de expressar as angústias, por parte do autor, para que os leitores possam saber a dor que ele sente.
	
	
	O pacto velado entre autor e leitor se dá de forma tão brilhante neste poema de forma que o leitor, em uma segunda leitura, não consegue diferenciar o que ficção e o que é realidade.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 6
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede. 
  
Essa universalidade do teor lírico, contudo, é essencialmente social. Só entende aquilo que o poema diz quem escuta, em sua solidão, a voz da humanidade; mais ainda, a própria solidão da palavra lírica é pré-traçada pela sociedade individualista e, em última análise, atomística, assim como, inversamente, sua capacidade de criar vínculos universais (allgemeine Verbindlichkcit) vive da densidade de sua individuação. Por isso mesmo, o pensar sobre a obra de arte está autorizado e comprometido a perguntar concretamente pelo teor social, a não se satisfazer com o vago sentimento de algo universal e abrangente.
ADORNO, Theodor W.. Notas de Literatura I. São Paulo: Editora 34, 2003. Grifo nosso.
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
	
	
	Fenomenologia.
	
	
	Formalismo Russo.
	
	
	Neo-crítica.
	
	
	Semiótica.
	
	
	Materialismo.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 7
Leia o trecho a seguir. 
  
Foi decepcionante não ter trazido para casa, à noite, alguma afirmação importante, algum fato autêntico. As mulheres são mais pobres do que os homens por causa. . . disto ou daquilo. (...) Melhor seria cerrar as cortinas, deixar as distrações do lado de fora, acender o abajur, abreviar a pesquisa e pedir ao historiador, que registra não opiniões, mas fatos, para descrever sob que condições viviam as mulheres, não em todas as épocas mas, na Inglaterra, digamos, na época de Elizabeth. 
Pois é um enigma perene a razão por que nenhuma mulher escreveu uma só palavra daquela extraordinária literatura, quando um em cada dois homens, parece, era dotado para a canção ou o soneto. Quais eram as condições em que viviam as mulheres? (...)
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Círculo do Livro S.a, 1928. 141 p. Disponível em: <https://iedamagri.files.wordpress.com/2014/07/uma-hipotc3a9tica-irmc3a3-de-shakespeare-um-teto-todo-seu.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2019. Grifo nosso.
 
Considerada uma das primeiras autoras feministas de importância, Virginia Woolf, no ensaio Um teto todo seu, palestra a respeito da relação entre “mulher” e “ficção”. Seus procedimentos para tal envolvem a quebra do gênero ensaio neste texto de auto-ficção das experiências - mas que, como todo ensaio, é pautado em dados empíricos e científicos. O livro é um marco na crítica literária feminista e está na ementa de cursos de literatura mundialmente reconhecidos. 
 
Pensando a respeito das correntes críticas já estudadas até aqui e no trecho em destaque acima, assinale a alternativa correta.
	
	
	New criticism e crítica feminista são dois movimentos literários que andam de mãos dadas, por assim dizer. Ao recusar o biografismo e o historicismo na análise do objeto escrito, o New criticism corrobora com a crítica feminista na medida em que a leitura aproximadadas obras valoriza o gênero feminino em si.
	
	
	É intrínseca à crítica feminista a imaterialidade de seus postulados, uma vez que todo o argumento feminista baseia-se em observações isoladas, sem qualquer comprovação histórica. Justamente por este motivo, fenomenologia e teoria da recepção são duas metodologias que não encontram na crítica feminista correlações.
	
	
	Enquanto corrente teórica que baseia suas observações no comportamento do gênero feminino na literatura - tanto da perspectiva da representação, quanto da perspectiva da autoria - interessa à crítica feminista manter intersecções com o pós-estruturalismo, fenomenologia e materialismo.
	
	
	Não cabe à teoria semiótica a análise dos signos linguísticos a partir de um viés feminista, uma vez que a pauta associada ao gênero feminino possui caráter estritamente metafísico.
	
	
	A análise das estruturas que compõem a obra literária e a crítica feminista não têm relação alguma, visto que não cabe à crítica feminista procurar por estruturas linguísticas nos textos que comprovem os argumentos sócio-políticos de sua teoria.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 8
Leia o trecho a seguir, retirado do livro de Carl Gustav Jung, O espírito na arte e na ciência e, em seguida, responda ao que se pede. 
  
“(...) Nestes últimos tempos vimos várias vezes obras de arte poéticas serem interpretadas de um modo que correspondia justamente a esta redução a estágios mais elementares. Poderíamos talvez atribuir as condições de criação artística, o assunto e seu tratamento individual, às relações pessoais do poeta com seus pais, mas isto não contribuiria em nada para a compreensão de sua arte. Pode-se fazer a mesma redução em todos os outros possíveis casos, também nos casos de distúrbios patológicos. (...) Naturalmente, todos tiveram pais e todos têm um pretenso complexo de pai e mãe; todos possuem sexualidade e por isso, também, certas dificuldades típicas e outras, comuns ao ser humano. Um poeta pode ter sido influenciado mais pela relação com o pai, outro, pela ligação com a mãe e finalmente um terceiro pode demonstrar, através de suas obras, traços inconfundíveis de repressão sexual (...). E assim, nada de específico se apurou para o julgamento de uma obra de arte. (...) 
JUNG, Carl Gustav. O espírito na arte e na ciência. São Paulo: Vozes, 1985. 
  
Com base em sua leitura de Jung e conhecimentos anteriores, assinale a alternativa verdadeira sobre o que se pode afirmar a respeito da Psicologia Analítica.
	
	
	Obra de arte e psicologia analítica têm uma relação dialética não redutiva.
	
	
	A Psicologia Analítica defende a interpretação da obra literária a partir da observação da figura paterna.
	
	
	Jung discorda de Freud principalmente porque o pai da psicanálise propunha uma visão de intertexto entre arte e psicologia, sendo que para Jung o correto seria buscar uma explicação psicológica para o fenômeno artístico, explicando-o.
	
	
	Entender como funcionava a relação entre um poeta e seus pais, bem como as pulsões sexuais deste mesmo poeta é, para Jung, fundamental.
	
	
	O sentido de uma obra só se dá, na psicologia analítica, através da observação dos comportamentos humanos.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 9
Leia o trecho a seguir, retirado do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e, em seguida, leia o trecho do artigo A alma exterior em Machado de Assis: um olhar psicanalítico de Lívia Mesquita de Sousa e Terezinha Camargo Viana. 
  
“— Vem cá, Eugênia, disse ela, cumprimenta o Dr. Brás Cubas, filho do Sr. Cubas; veio da Europa. 
E voltando-se para mim: — Minha filha Eugênia. 
Eugênia, a flor da moita, mal respondeu ao gesto de cortesia que lhe fiz; olhou-me admirada e acanhada, e lentamente se aproximou da cadeira da mãe. A mãe arranjou-lhe uma das tranças do cabelo, cuja ponta se desmanchara. — Ah! travessa! dizia. Não imagina, doutor, o que isto é... E beijou-a com tão expansiva ternura que me comoveu um pouco; lembrou-me minha mãe, e, — direi tudo, — tive umas cócegas de ser pai. 
— Travessa? disse eu. Pois já não está em idade própria, ao que parece. 
— Quantos lhe dá? 
— Dezessete. 
— Menos um. 
— Dezesseis. Pois então! é uma moça. 
Não pôde Eugênia encobrir a satisfação que sentia com esta minha palavra, mas emendou-se logo, e ficou como dantes, ereta, fria e muda. Em verdade, parecia ainda mais mulher do que era; seria criança nos seus folgares de moça; mas assim quieta, impassível, tinha a compostura da mulher casada. Talvez essa circunstância lhe diminuía um pouco da graça virginal. Depressa nos familiarizamos; a mãe fazia-lhe grandes elogios, eu escutava-os de boa sombra, e ela sorria com os olhos fúlgidos, como se lá dentro do cérebro lhe estivesse a voar uma borboletinha de asas de ouro e olhos de diamante…
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
 
Na constituição do eu está presente de modo fundamental o outro. Antes mesmo do nascimento de uma criança, esse outro já fornece elementos para a construção de sua subjetividade. E ao longo da vida, manterão uma constante e permanente relação. É nesse sentido que Freud (1921/1981c, p. 2563) diz que toda psicologia é social, pois ‘na vida anímica individual aparece integrado sempre, efetivamente, ‘o outro’, como modelo, objeto, auxiliar ou adversário’.
(...) 
A grande capacidade de observação e crítica é que possibilita uma produção literária capaz de ver que, em se tratando de ser humano, a sociedade e o indivíduo se formam em uma relação permanente e dialética. A noção de alma exterior tem o potencial de trazer à discussão a articulação entre as relações sociais e a subjetividade.
SOUSA, Lívia Mesquita de; VIANA, Terezinha Camargo. A Alma Exterior em Machado de Assis: um olhar psicanalítico. Revista Mal-estar e Subjetividade, Fortaleza, v. 11, n. 3, p.1083-1111, set. 2011.
 
No artigo, elabora-se uma questão central em toda a obra da maturidade de Machado de Assis: o lugar do sujeito na sociedade. Com base em seus conhecimentos e na leitura destes trechos, assinale a alternativa correta.
	
	
	O trecho “Era isso no corpo; não era outra coisa no espírito. Idéias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora, e não sei se alguma outra coisa;” revela uma das principais características da obra de Machado de Assis expostas no artigo, que é a qualidade de compreender a alma das pessoas de uma vista externa.
	
	
	O olhar observador da sociedade, de Machado de Assis, está bem representado no trecho “Ora aconteceu, que, oito dias depois, como eu estivesse no caminho de Damasco, ouvi uma voz misteriosa, que me sussurrou as palavras da Escritura (At. IX, 7): “Levanta-te, e entra na cidade”.
	
	
	O conhecido episódio da Flor da Moita, exposto no trecho em grifo, pode ser considerado como uma representação da questão do peso dos entraves sociais e da ascensão social para a formação da subjetividade, uma vez que Brás, enquanto personagem e narrador “eu” como testemunha, dá mais valor à deficiência de Eugênia do que às suas qualidades.
	
	
	A questão do peso da ascensão social para o indivíduo está bem representada no trecho “Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os santos do Céu que eu era obrigado a descer, mas que não deixava de lhe querer e muito; tudo hipérboles frias, que ela escutou sem dizer nada”.
	
	
	O episódio da Flor da Moita é uma excelente representação da sensibilidade criativa de Machado de Assis em compreender os aspectos psicológicos das personagens femininas em suas angústias e dores, bem como em considerá-las em grande apreço, ao contrário da ordem vigente na época.
 
0,25 pontos   
PERGUNTA 10
Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede. 
  
“O descentramento do sujeito anunciado (...) rompe com a concepção de um ser humano essencialista e universal compreendido pelos estruturalistas e permite pensar nas mais variadas formas de experiências vivenciadas em diferentescontextos, por diferentes indivíduos. Nesse sentido, compreende-se que (...) ‘[...] reafirma a importância da estrutura, não na constituição do Sujeito, mas sim na determinação das diferentes posições de sujeito, que emergem nos momentos de tomada de decisão’ (PEREIRA, 2010, p. 422). 
“[...] as teorias pós-críticas não limitam a análise do poder ao campo das relações econômicas do capitalismo. Com as teorias pós-críticas, o mapa do poder é ampliado para incluir os processos de dominação centrados na raça, etnia, no gênero e na sexualidade” (SILVA, 2005b, p. 149). 
Já Michel Foucault (1996), durante uma aula inaugural no Colégio da França, destaca que, intrínseco ao discurso, estão em jogo o desejo e o poder. “O discurso verdadeiro, que a necessidade de sua forma liberta do desejo e libera do poder, não pode reconhecer a vontade de verdade que o atravessa; e a vontade de verdade, essa que se impõe a nós há bastante tempo, é tal que a verdade que ela quer não pode deixar de mascará-la” (p. 20).
Revista Conhecimento Online, Novo Hamburgo, v. 1, p. 36-44, mar. 2017. ISSN 2176-8501. Disponível em: <https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistaconhecimentoonline/article/view/460/1852>. Acesso em: 19 aug. 2019. Grifo nosso.
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
	
	
	Semiótica.
	
	
	Pós-estruturalismo.
	
	
	Estruturalismo.
	
	
	Materialismo.
	
	
	Fenomenologia.

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