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Responsabilidade Civil

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Conceito de responsabilidade
A palavra responsabilidade é de origem latina e proveniente da raiz do verbo:
respondere = responder
Etimologicamente, significa: indicar alguém como garantidor de alguma coisa.
O ordenamento jurídico tem como principal objetivo o de proteger o lícito e reprimir o ilícito (San Tiago Dantas), reprimindo a conduta ilícita e tutelando a atividade do homem que se comporta de acordo com o direito.
 
Dever Jurídico originário e sucessivo
Para atingir o objetivo de uma conduta social reta, proba, o direito estabelece regras que podem ser positivas (dar e fazer) e negativas (não fazer), consubstanciando-se, assim, em um dever jurídico.
Sendo assim, dever jurídico é uma conduta externa de uma pessoa imposta pelo direito positivo (lei) por exigência da convivência social. Divide-se o dever jurídico em:
Originário: o de não lesar ninguém.
Sucessivo: caso haja a lesão cria-se a partir deste a obrigação de repará-lo.
Previsões normativas
Temos, in casu, as seguintes previsões normativas pertinentes à responsabilidade civil:
Constituição Federal de 1988 – art. 5, V e X e outros;
Lei 10.406 de 2002 – artigos 927 ao 954 e outros.
Quadro gráfico da responsabilidade civil
Pelo gráfico a seguir, temos uma visão geral da responsabilidade civil em conjunto com os seus elementos:
Responsabilidade Civil – art. 927 da Lei 10.406 de 2002:
 
 Elementos da responsabilidade civil
Considerando o estudado, iremos pormenorizar os elementos da responsabilidade civil:
Ato ilícito
É a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade.
Sua expressa previsão está nos artigos 186 e 187 da Lei 10.406 de 2002:
Título III - Dos Atos Ilícitos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Nexo Causal
Temos no nexo causal um dos pontos mais importantes da responsabilidade civil. Pois é justamente o ponto que irá convergir o ato ilícito e o dano. Sem os quais inexistirá a responsabilidade civil.
Sua previsão legal é o da Lei 13.105 de 2015, principalmente, mas não exclusivamente em seus artigos 319, 320 e 373:
Art. 319. A petição inicial indicará: (...)
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Existe imposição normativa ao autor que, à título de peticionamento, indique e instrua a petição inicial para a caracterização do seu direito na ação típica de responsabilidade civil. E, em sede de contestação, incumbirá ao reú que prove a ausência de direitos do autor.
Dano
É a consequência do ato ilícito.
Configurado deforma típicao dano pode ser, por exemplo moral material, imagem etc. Ou de forma atípica, dano pela perda de uma chance, dano reflexo etc.
Sua principal fundamentação é o art. 944 da Lei 10.406 de 2002:
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Conceito de ato ilícito
	
	Conceito de ato Ilícito
Ato ilícito é a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à incolumidade.
	
	
Previsões normativas
Considerando o tema, temos nos artigos 186, 187 e 188 da Lei 10.406 de 2002, a previsão legal pertinente ao tema.
TÍTULO III - DOS ATOS ILÍCITOS
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Tipos de atos ilícitos
Diante da ideia que está presente nos termos do art. 927 da mesma lei, verbis:
Título IX - Da Responsabilidade Civil
Capítulo I - Da Obrigação de Indenizar
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Para o tema, necessitamos da conjugação de tais fundamentações para termos, ainda que de forma estrita, um sentido mais ajustado do ato ilícito.
Primeiro, como alguém indenizará outrem através da responsabilidade pelo fato do ato ser considerado como ilícito?
Segundo, qual o conceito do ato ilícito?
Tais questões serão resolvidas com o entendimento do Título III da Lei 10.406 de 2002 (Código Civil). Pois a responsabilidade civil depende, entre outros (nexo causal e dano), saber justamente o que vem a ser o ato ilícito e seus desdobramentos.
Ato ilícito gênero (ou puro)
Prevê o art. 186 da Lei 10.406 de 2002:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Tal fundamento gera a responsabilidade civil. É, em regra, o elencado para qualificar o ato ilícito. Decorre de uma conduta humana (comitiva ou omissiva), eivada de culpa (lato sensu), a qual se faz contrária ao ordenamento jurídico (ilicitude), e que causou dano à outrem.
Destaca-se que a conduta humana não exime a pessoa não humana (pessoa jurídica). Ocorre que a pessoa jurídica é uma ficção que resulta da volição humana.
De fato, a situação concreta de reparação civil, tem como ponto comum o cenário criado com o preenchimento de sua tipificação.
 Vamos fazer uma digressão nesta importante fundamentação:
Ato ilícito espécie (ou equiparado)
Diferentemente do ato ilícito gênero (ou puro), em que a conduta por si é qualificada como ilícita, no ato ilícito espécie (ou equiparado) o agente que causa o dano é parte legítima para o exercício do direito. Que poderia ser exercido sem nenhum tipo de impedimento. Entretanto, ao exercê-lo, ultrapassa os limites tácitos impostos pela lei, no que tange ao seu exercício.
Vamos à leitura de sua fundamentação o art. 187 da Lei 10.406 de 2002:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Um exemplo simples, e capaz de ilustrar a situação narrada, é o caso do desrespeito ao direito de vizinhança.
O sujeito que está ouvindo músicas em sua residência não comete nenhuma ilicitude, aliás, está ele legitimado à exercer tal ato, posto que não há qualquer previsão legal que o impeça de realizar esta atividade.
Temos portanto, um ato plenamente lícito.
Porém, se este mesmo sujeito pretenda ouvir suas músicas em volume exageradamente alto, em horário impróprio, ele deixou de exercer um ato lícito, pois o modo o qual está executando o
ato o torna inadequado.
Assim, a situação mencionada não se amolda como um ato ilícito puro, preconizado no artigo 186, CC, mas sim no ato ilícito equiparado, pois, o agente, praticou seu direito de maneira manifestamente abusiva, capaz de ser considerada intolerável à vizinhança no que se diz respeito à boa-fé, à moralidade, à harmonia nas relações humanas, etc.
Tal qual como no ato ilícito gênero, passemos a sua análise:
	
	Também comete ato ilícito (...):
	
	
	
	É equiparado ao ato ilícito do art. 186.
	
	(...) o titular de um direito (...):
	
	
	
	Legitimidade ativa para o pleno exercício de algo que lhe seja garantido pelo direito.
	
	(...) que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social (...):
	
	
	
	Ultrapassa os limites da razoabilidade econômica (cobrança vexatória) ou social (uso desmesurado do conhecimento técnico sobre algo).
	
	(...) pela boa-fé (...):
	
	
	
	Confiança na realização contratual Ausência de desconfiança na relação extracontratual
	
	(...) pelos bons costumes (...):
	
	
	
	Aquilo que a sociedade entende como moralmente correto. Aplicável ao tempo, lugar e pessoa.
	
OBS: Enunciados da Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos do Conselho da Justiça Federal:
37 – Art. 187: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.
412 – Art. 187: As diversas hipóteses de exercício inadmissível de uma situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e venire contra factum proprium, são concreções da boa-fé objetiva.
Tais institutos serão utilizados para suprir lacunas dos deveres implícitos nos contratos.
413 – Art. 187: Os bons costumes previstos no art. 187 do CC possuem natureza subjetiva, destinada ao controle da moralidade social de determinada época, e objetiva, para permitir a sindicância da violação dos negócios jurídicos em questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva.
414 – Art. 187: A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tem fundamento constitucional nos princípios da solidariedade, devido processo legal e proteção da confiança, e aplica-se a todos os ramos do direito
A imperícia no cenário do ato ilícito
Questão que merece uma indagação é a que diz respeito à ausência da expressão imperícia como tipificador do ato ilícito no art. 186 da Lei 10.406.
A imperícia, então, seria causa de não tipificação do ato ilícito?
Cremos que não! Pois o legislador assim não o desejou. E o profissional do Direito não pode criar texto no lugar em que este inexiste. Entretanto, isto não significa que a imperícia não gere responsabilidade civil.
A imperícia no cenário do ato ilícito
Tanto que no art. 951 da Lei 10.406 de 2002 temos:
Lei 10.406 de 2002:
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado.
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, 
quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado.
Excludentes de ilicitude
A excludente de ilicitude (diversa de excludente de responsabilidade) visa suprimir a tipificação do primeiro dos requisitos da responsabilidade civil, o ato ilícito. Neste tipo, a conduta ilícita tem uma justificativa que permite, justamente, a sua exclusão.
Neste tema, abordaremos a exclusão do item que dá o início à responsabilidade civil, atentemos ao caput do art. 188, verbis:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
Logo, em havendo o enquadramento da conduta do agente ao qual se pretende enquadrar a responsabilidade, temos as excludentes das ilicitudes apontadas em seus incisos, vamos apresentá-las:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Após a sua apresentação, vamos estudá-las de forma pormenorizada.
Estado de necessidade
Estrito cumprimento do dever legal
O agente que tem o dever proveniente da lei como obrigação de agir, não responderá pelos atos praticados, ainda que constituam um ilícito. Pois o estrito cumprimento de dever legal constitui outra espécie de excludente de ilicitude, ou causa justificante.
Para tal tipificação é necessário que o agente atue dentro da sua esfera de atribuição. E que também não atue de forma abusiva. Pois a incompetência judicial e a abusividade do dever de agir não gerarão tal excludente.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
Estado de necessidade
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui o sacrifício de um bem jurídico protegido, visando salvar de perigo atual e inevitável direito próprio do agente ou de terceiro - desde que no momento da ação não seja exigido do agente uma conduta menos lesiva.
A conduta deve ser proporcional ao evento, de maneira que não se ultrapasse um limite considerado razoável. O bem tutelado que é deteriorado, destruído ou removido deve ser inferior em relação ao que é salvo.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Legítima defesa
O conceito de legítima defesa está baseado no fato de que os agentes que têm o dever legal de atuar não podem estar presentes em todos os lugares protegendo os direitos dos indivíduos.
Nesse tipo, o agente pode, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiro. Nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com moderação.
Logo, tal excludente deve ser de tal forma que a incolumidade daquele que está em perigo se utiliza de todos os meios necessário para salvaguardá-lo.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
VOCÊ SABIA?
A legítima defesa ocorre quando, para defender um bem jurídico (no caso acima, a vida), a pessoa faz algo que, em outras circunstâncias, seria considerado um delito. Por exemplo, a legítima defesa ocorre quando alguém, para se proteger, atira no criminoso que o ameaçava com uma arma. Se você atira em alguém em uma situação normal, você cometeu um crime (homicídio), mas se você atira em um criminoso que apontava uma arma contra você, não há o crime, pois você estava protegendo um bem jurídico (sua vida) que estava no mesmo (ou maior) nível do que o bem jurídico ofendido (a vida do outro).
Essa relação entre os bens jurídicos protegido e ofendido é importante. Você não pode alegar legítima defesa se você mata para proteger seu patrimônio durante um furto. Neste caso, o bem jurídico protegido (seu patrimônio) é menos importante que o bem jurídico ofendido (a vida do criminoso). Neste exemplo, se o bandido nao colocou sua vida em perigo, não há legítima defesa pois há uma desproporcionalidade negativa entre o que você ofende (tirar a vida de alguém) e o que você pretende proteger (seu
patrimônio).
Conceito de nexo causal
O nexo causal é, também, nominado de nexo de causalidade, nexo etiológico ou relação de causalidade das leis naturais.
Devemos raciocinar que o nexo causal é o liame que une a conduta do agente ao dano.
É por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador do dano. Trata-se de um elemento indispensável.
Destacamos que a responsabilidade dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal.
Se a vítima do dano não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há com ser indenizada.
Sendo assim, para que ocorra obrigação de indenizar, é preciso que se demonstre a relação entre a ação (ou omissão) do agente  e o dano.
Sem que se estabeleça esse vínculo de causa e efeito, o Estado Juiz não pode julgar um pedido procedente em sede de uma ação de responsabilidade civil.
Para tanto, ainda que inexista de maneira típica, em sede de responsabilidade civil, uma expressa previsão legal, vemos nos termos do art. 13 do CP uma fundamentação por analogia, como se lê:
Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – CP:
TÍTULO II - Do Crime
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
O art. 403 do CC, na seara civil, capitulada não em sede de responsabilidade civil, mas em sede de perdas e danos (Capítulo III), temos a tipificação para o estabelecimento do nexo causal, in verbis: Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. Ainda que não reflita diretamente como fundamentação, temos no art. 373 do CPC a lógica necessária ao seu entendimento, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Podemos concluir que a prova é o centro que une o fato ao dano. Caso não ocorra a sua demonstração, inexiste relação de causalidade e, por consequência, obrigação de indenizar. Como consequência, em havendo o estabelecimento do nexo causal, passamos a observar a extensão do dano. Notas: Seara jurídica: Campo, extensão jurídica
Teorias
A seguir, apresentaremos duas teorias que justificam o estabelecimento do nexo causal.
A maioria doutrinária entende como principal a chamada “teoria da causa adequada”. 
Mas não podemos deixar de apresentar a teoria da equivalência da causa. Minimamente para estabelecer um entendimento, como se lê.
Teoria da equivalência da causa - conditio sine qua non - Direito Penal
Como o próprio nome diz, essa teoria não faz distinção entre:
causa – aquilo de que uma coisa depende quanto à existência – e;
condição – o que permite à causa produzir seus efeitos positivos ou negativos.
Se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têm o mesmo valor, a mesma relevância, todas se equivalem.
Causa é a ação ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, sem distinção da maior ou menor relevância que cada uma teve. Por isso, essa teoria é também chamada de conditio sine qua non, ou da equivalência das condições.
VOCÊ SABIA?
Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente essa condição, por meio de um processo hipotético. Se o resultado desaparecer, a condição é causa, mas se persistir, não o será. Destarte, condição é todo antecedente que não pode ser eliminado mentalmente sem que venha ausentar-se o efeito.
Critica-se essa teoria pelo fato de conduzir a um exagero da causalidade e a uma regressão infinita do nexo causal. Por ela, teria que se indenizar a vítima de atropelamento, não apenas quem dirigia o veículo, mas, também, a concessionária que vendeu o bem, a montadora que produziu o mesmo e, assim, sucessivamente.
Por esta teoria equivalem-se as causas, estabelecendo que todas as circunstâncias que concorreram para o dano se equivalem das causas que efetivamente produziram efeitos capazes de gerar o evento. Pouco importando se há uma condição preexistente, concomitante ou superveniente.
Teoria da causalidade adequada - Direito Civil
	Por esta teoria, a causa é não apenas o antecedente necessário à causação do evento, mas, também, adequado à produção do resultado. Nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for a mais apropriada a produzir o evento. Aquela que colaborou de forma preponderante e mais apropriada para o evento.
	
	A situação tem como revés em saber, exatamente, quem, entre as várias condições ser a mais adequada. Tem-se por praxe considerar, como já descrito, aquela que, de acordo com a experiência comum, for a mais idônea para gerar o evento. Não se limita que a causa seja condição preponderante para o prejuízo, é preciso, ainda que o fato constitua, no caso concreto, uma causa adequada e eficiente para a causação do dano.
	
	Assim, por exemplo, se um agente de viagens retém, de forma desnecessária e ilícita, um passageiro, impedindo-o de embarcar em um determinado navio e, por consequência, embarca-o em um segundo, que vem a afundar, esta retenção, por mais que seja ilícita, não é a causa para o desastre. Por mais que o primeiro barco tenha chegado incólume ao seu destino (diferente do segundo).
Teoria da causalidade adequada - Direito Civil A doutrina assim deverá correlacionar de forma adequada o fato e o dano (nexo de causalidade) de forma a atribuir de forma legítima causa e efeito. Deverá o Estado Juiz, no caso concreto, ir ao momento da conduta que foi capaz de produzir o evento danoso, colocando-se no lugar do causador (agente) e com base nas provas apresentadas, regras de experiência e condições particulares estabelecer seu juízo de forma consciente sobre a legítima causa do evento e seu responsável. Nossos doutrinadores entendem que, enquanto a teoria da equivalência prepondera na esfera penal, a da causalidade se adequou à civil. Por consequência, não apenas as condições que concorrem para o evento são capazes para se atribuir responsabilização (como na esfera penal), mas sim aquela que, dentre as demais, seja capaz de ser a causa mais adequada (preponderante) a ocasionar concretamente o resultado e por consequência o dano. Sendo assim, e de forma mais simples, basta observarmos as palavras do Desembargador Roberto de Abreu e Silva em seu insuperável A Falta Contra a Legalidade Constitucional, pág. 162 , 163. “A Teoria da causalidade adequada conduz à verificação se os fatos ocorreram em condições normais ou extraordinárias. Essa consubstanciase na previsibilidade humana do acontecimento. Atropelamento de um pedestre na calçada por derrapagem ou defeito mecânico do automóvel, por ser de previsibilidade humana, implica a responsabilidade civil. O mesmo fenômeno não ocorre se a vítima, inopinadamente, atravessa pista de rolamento de veículos, causando seu próprio atropelamento.” Notas: Nexo de causalidade: Elo que une os fatos a ação antijurídica do lesante ao resultado causando o dano proibido pela lei.
Causalidade na omissão
A relevância do instituto encontra sua justificativa, conforme Cavalieri Filho (fl. 63) que: “...embora a omissão não dê causa a nenhum resultado, não desencadeie qualquer nexo causal, pode ser causa para não impedir o resultado.”
A omissão não gera o dano propriamente dito. Mas, é relevante se considerarmos a conduta do agente causador no que tange o seu comportamento. Pois, a omissão somente será relevante quando o agente tiver o dever legal de agir e assim mesmo não o fizer. Fora isso, se não há o já citado dever legal não haverá implicância no nexo de causalidade.
Causalidade na omissão
 Para tanto, colacionamos uma fundamentação com fins de dar ar de legalidade ao tema: Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - CP: TÍTULO II - Do Crime
- Relação de causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente Art. 13 (...) § 1° - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Relevância da omissão Art. 13 (...) § 2° - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: (...) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Concausas
É uma outra causa que, aliando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia nem interrompe o processo causal, apenas o reforça.
Exemplo: o dever de manutenção de um veículo é a causa geral do evento danoso, que é a derrapagem por pneu careca e posterior abalroamento no veículo de um terceiro. .
Múltiplas podem ser as causas que geram a responsabilização, mas a responsabilidade deve ser atribuída apenas a quem efetivamente a causou.
Causa preexistente
Causa superveniente
Causa concomitante
Causa preexistente
É o evento que já existia quando da conduta ilícita do causador do evento danoso.
É própria do evento, sendo pura consequência da inobservância de um dever de cuidar de seu agente. É a origem, razão ou motivo simultâneo a outro, causa simultânea, e uma concorrência causal.
Exemplo: uma pessoa em cárcere privado que toma um susto com o disparo de uma arma de fogo. Entretanto, ela já tinha um problema cardíaco que é a legítima causa do evento morte da vítima.
Destaca-se que o agente causador responde pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou e desencadeou o evento e, por consequência, o dano.
Causa superveniente
É semelhante à preexistente. Ocorre após o seu desencadeamento, e apesar de concorrer para o agravamento do dano, em nada favorece o seu causador, muito menos o desfecho do evento.
Exemplo: a demora no atendimento de uma vítima de atropelamento que teve como causa a hemorragia oriunda deste mesmo evento. 
A sua relevância só fará diferencial se por si só for capaz de mudar o nexo causal existente, sendo, por consequência o efetivo causador do evento, desse modo, um novo nexo de causalidade. 
Exemplo: no mesmo caso retrocitado, em que se constata a demora no atendimento por consequência da demora no acionamento em que a vítima poderia ter sido salva.
Causa concomitante
Esta concausa por si só é capaz de acarretar o resultado, como por exemplo: em um parto, a mãe vem a sofrer um aneurisma cerebral que em nada tem com o evento parto. 
Ajuizada, a ação competente foi reformada por não ter nexo de causalidade com o evento parto, não obstante ter sido concomitante com o mesmo.
Causas de exclusão de nexo de causalidade são as impossibilidades supervenientes do cumprimento da obrigação que não pode ser imputável ao devedor ou ao agente. 
Sendo assim, alguém não pode responder por um resultado a que não tenha dado causa. Logo, ausente como causa de exclusão da causalidade não há que se falar em responsabilidade.
Fato exclusivo da vítima
Para a isenção de responsabilidade do pretenso autor, basta que a vítima tenha colaborado de forma decisiva para o evento danoso. Logo, o comportamento da vítima é que determina a exclusão da responsabilidade.
Exemplo : Uma pessoa que atravessa uma avenida pela pista, ao invés de utilizar a passagem de pedestres (passarela).
Nesse exemplo, pode-se observar que fica eliminado a causalidade em relação ao terceiro interveniente no evento (aquele a quem se imputaria responsabilidade).
Fato exclusivo da vítima 
Para tanto, lemos o art. 945 do CC, com sua devida interpretação: Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Destaca-se a Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, CDC nas excludentes de responsabilidade. Art. 12. (...) § 3° - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14- ...(..) § 3° - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Fato de terceiro
O terceiro é, segundo definição de Aguiar Dias, qualquer pessoa além da vítima e do responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e o lesado. Pois, não raro acontece que o ato de terceiro é a causa exclusiva do evento, afastando qualquer relação de causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima.
É o endereçamento errado da ação. A atribuição no polo passivo de forma errônea.
Fato de terceiro 
Para tanto, lemos o art. 930 do CC, com sua devida interpretação: Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Destaca-se a Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, CDC nas excludentes de responsabilidade. Art. 12. (...) § 3° - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14- ...(..) § 3° - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
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Caso fortuito e força maior
Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, a sua diferença. Entretanto, o ponto central é que tanto um como o outro estão fora dos limites da culpa. Fala-se neles quando se trata de acontecimento que escapa toda diligência, inteiramente estranho à vontade do causador.
Caso fortuito e força maior
Tradicionalmente causo forfuito são cláusulas de exoneração devidas a atos humanos (revolução, guerras, greve).
Enquanto a força maior decorreria de fatos da natureza (inundação, tufão, temporal).
O caso fortuito ou de força maior excluem o nexo causal e, por via de consequência, eximem o devedor da responsabilidade pelo não cumprimento do dever de não lesar alguém.
Para uma melhor definição, explicitaremos o caso fortuito e a força maior.
O CC/2002, como se vê no parágrafo único do art. 393, praticamente os considera sinônimos, na medida em que se caracteriza o caso fortuito ou a força maior como sendo o fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
Entendemos, todavia, que há uma diferença, é a seguinte:
Força maior
Caso fortuito
Força maior
Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, como normalmente são os fatos da natureza: as tempestades, enchentes etc.
Os ingleses o denominam de act of god. A inevitabilidade, por sua vez, deve ser considerada dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como inevitável em função do que seria razoável exigir-se.
Caso fortuito
Evento imprevisível. Entende-se a imprevisibilidade específica, relativa a um fato concreto, e não a genérica ou abstrata de que poderão ocorrer assaltos, acidentes, atropelamentos etc., porque se assim não for tudo passará a ser previsível. O caso fortuito se subdivide em fortuito interno e externo.
Fortuito interno e fortuito externo
Fortuito interno
O fato imprevisível e, por isso, inevitável, que se liga à atividade da entidade. 
Exemplo: o estouro de um pneu de um ônibus, incêndio de um veículo e outros
Fortuito externo
É, também fato imprevisível e inevitável. Todavia, em nada tem correlação com a atividade da empresa.
Exemplo: roubo a carro forte, em que se procura tomar todas as precauções possíveis.
O que realmente interessa é que ambos excluem o nexo causal por constituírem, também,
causa estranha à conduta do aparente agente, ensejadora direta do evento. Eis a razão pela qual a jurisprudência tem entendido que o defeito mecânico em veículo, salvo caso excepcional de total imprevisibilidade, não caracteriza o caso fortuito, por ser possível evitá-lo através de periódica e adequada manutenção.
O mesmo entendimento tem sido adotado no caso de derrapagem, em dia de chuva, porquanto, além de previsível, pode ser evitada pelo cuidado.
É necessário verificar a casuística para se determinar a qualificação mais adequada.
No contrato de transporte, v.g., a obrigação principal do transportador, emergente de contrato, é levar o passageiro incólume ao seu destino. Se, no curso da viagem, ocorre um acidente e o passageiro sofre algum dano, fica caracterizado o inadimplemento, o ilícito contratual, em razão do qual terá o transportador que indenizar.
A lição de Aguiar Dias a este respeito é irreprochável :
“Se o contrato é uma fonte de obrigações, a sua inexecução também o é. Quando ocorre a inexecução, não é a obrigação contratual que movimenta o mundo da responsabilidade. O que se estabelece é uma obrigação nova, que se substitui à obrigação preexistente no todo ou em parte: a obrigação de reparar o prejuízo consequente à inexecução da obrigação assumida.
Essa verdade se afirmará com mais vigor se observamos que primeira obrigação (contratual) tem origem na vontade comum das partes, ao passo que a obrigação que a substitui por efeito da inexecução, isto é, a obrigação de reparar o prejuízo, advém, muito ao contrário, contra a vontade do devedor: este não quis a obrigação nova, estabelecida com a inexecução da obrigação que contratualmente consentira. Em suma: a obrigação nascida do contrato é diferente da que nasce de sua inexecução”.
Conceito de dano
O dano é a consequência da falta ao dever jurídico originário de não causar lesão ao patrimônio material e/ou imaterial do lesado.
Temos sua principal fundamentação no CC, art. 944:
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Mas, não basta o estabelecimento do nexo causal entre o ato ilícito e o dano com fins de configuração da responsabilidade civil. O dano deve causar uma lesão ao patrimônio material ou imaterial da pessoa. Como se lê no art. 186 da Lei 10.406 de 2002:
Título III - Dos atos ilícitos
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Danos em espécies
Vamos, agora, estudar os danos.
Optamos por particioná-los em dois grandes grupos. 
O dano típico, que está expressamente positivado em institutos normativos. 
E o dano atípico, como consequência das demais fontes do Direito. Especialmente a doutrina e a jurisprudência.
Danos típicos
Como já dito, estão previstos em lei. São eles:
DO DANO MATERIAL OU PATRIMONIAL (DANO EMERGENTE, LUCRO CESSANTE)
É a lesão ao patrimônio material da pessoa. Facilmente configurável através do dano à “coisa”. Modifica a qualidade e a realidade e, por consectário, a valoração do patrimônio material e extramaterial da pessoa.
O “bem”, segundo a Lei 10.406 de 2002, pode ser apresentado da seguinte forma, adotando a tipificação à partir do artigo 79 e seguintes, verbis:
Livro II - Dos bens
Título Único - Das Diferentes Classes de Bens
Seção I - Dos Bens Imóveis – arts. 79 a 81
Seção II - Dos Bens Móveis – arts. 82 ao 84
Seção III - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis – arts. 85 ao 86
Seção IV - Dos Bens Divisíveis - arts. 87 ao 88
Seção V - Dos Bens Singulares e Coletivos – arts. 89 ao 91
No que que diz respeito diretamente ao nosso tema, suas previsões legais estão na Lei 10.406/2002- Art. 402 e 403, a seguir apresentados.
DANO EMERGENTE (OU DANO EVENTUAL)
Perda e/ou lucro daquilo que deixou de receber. Gerando uma despatrimonialização. Seja pela perda do ativo, seja pelo aumento do passivo.
Incluirá, também, tudo aquilo que a vítima despendeu com vistas a evitar a lesão ou o seu agravamento, bem como outras eventuais despesas relacionadas ao dano sofrido.
Temos no art. 402 do CC sua positivação:
Capítulo III - Das Perdas e DanosArt. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Estamos em um campo que não comporta flexibilização na valoração do patrimônio ofendido, pois o patrimônio é mensurável. Existe certeza absoluta. Facilmente avaliável considerando as características do caso concreto.
Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado . Houve uma diminuição direta em seu patrimônio
LUCRO CESSANTE
Perda do lucro daquilo que sabia que receberia, que era esperável.
Temos no art. 403 do CC sua positivação:
Capítulo III - Das Perdas e Danos
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
De forma diversa do dano emergente, temos que avaliar o bem com fins de atingirmos a valoração na totalidade do patrimônio lesionado. 
Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado. Por conta dos dias em que ficará inativo para o exercício de sua atividade profissional, deverá ser indenizado. Contabilizável adotando o critério de, por exemplo, diária ou contrato com empresa etc.
DO DANO MORAL (OU IMATERIAL OU EXTRAPATRIMONIAL)
Consiste na lesão ao bem jurídico da pessoa em detrimento (por singela amostragem), em detrimento da liberdade, honra, família, profissão, sociedade, tristeza, abalo psicológico etc.
Segundo Maria Helena Diniz:
“c.3.1 Definição:
O dano moral vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica (CC, art. 52; Súmula 227 do STJ), provocada pelo fato lesivo”.
Apresentamos algumas previsões legais:CRFB/88 - Art. 5, V e X;
Lei 8.078/1990 – Art. 6, VI e VII;
Lei 10.406/2002- Art. 12 ao 21, 52, 186;
Exemplo: Inserção indevida de pessoa jurídica em cadastros de restrição de crédito.
DANO MORAL A PESSOA JURÍDICA
A pessoa jurídica é uma criação de ordem legal, não tem capacidade de sentir emoção e dor. Entretanto, ao sofrer uma perturbação de sua imagem perante a sociedade, é legítima sua pretensão em buscar a compensação por danos morais. Especialmente o seu bom nome.
Embora despida de certos direitos que são próprios da personalidade humana – integralidade física, psíquica e da saúde, esta é titular de alguns direitos especiais da personalidade – v.g. o bom nome, a imagem, a reputação, sigilo de correspondência.
HONRA OBJETIVA
Externa ao sujeito. É a visão que a sociedade faz da pessoa que sofreu o dano.
HONRA SUBJETIVA
Inerente à pessoa natural. É a ofensa ao psiquismo que atinja a sua dignidade, respeito próprio, autoestima etc. É a visão interna que o ser humano faz de sí próprio. Temos nas seguintes previsões legais as fundamentações que justificam o dano moral à pessoa jurídica:CRFB/1988:X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Lei 10.406 de 2002 (CC):
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça
ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Convergindo no entendimento súmula do STJ materializado da seguinte forma:
 Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
LEGITIMAÇÃO PARA PLEITEAR O DANO MORAL
Em detrimento da sua enorme carga de subjetividade, temos na legitimação de seu pleito algo que ultrapassa a pessoalidade. Possibilitando, também, a terceiros que não seja o próprio sofredor do dano, a legitimidade ativa para a sua propositura.
Podemos indagar:
A quem é devida tal compensação? 
Quem pode pleiteá-la, além da própria vítima? 
Dizem as seguintes previsões legais inscritas na Lei 10.406 de 2002:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (homicídio).
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
ARBITRAMENTO DA VERBA INDENIZATÓRIA
Desde a sua existência legal, os magistrados de todo o país somam, dividem e multiplicam para chegar a um padrão no arbitramento das indenizações. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem a palavra final para esses casos e, ainda que não haja uniformidade entre os órgãos julgadores, está em busca de parâmetros para readequar as indenizações.
O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ sob a ótica de atender uma dupla função: 
“reparar o dano buscando minimizar a dor da vítima e punir o ofensor para que não reincida.”
Como é vedado ao Tribunal reapreciar fatos e provas e interpretar cláusulas contratuais, o STJ apenas altera os valores de indenizações fixados nas instâncias locais quando se trata de quantia irrisória ou exagerada. 
A dificuldade em estabelecer com exatidão a equivalência entre o dano e o ressarcimento se reflete na quantidade de processos que chegam ao STJ para debater o tema.
Com relação à subjetividade, o juiz tem liberdade para apreciar, valorar e arbitrar a indenização dentro dos parâmetros pretendidos pelas partes. 
De acordo com o ministro Salomão, não há um critério legal, objetivo e tarifado para a fixação do dano moral. 
“Depende muito do caso concreto e da sensibilidade do julgador”, explica. 
“A indenização não pode ser ínfima, de modo a servir de humilhação a vítima, nem exorbitante, para não representar enriquecimento sem causa”, completa. 
Tantos fatores para análise resultam em disparidades entre os tribunais na fixação do dano moral. É o que se chama de “jurisprudência lotérica”. 
 O ministro Salomão explica: para um mesmo fato que afeta inúmeras vítimas, uma Câmara do Tribunal fixa um determinado valor de indenização e outra Turma julgadora arbitra, em situação envolvendo partes com situações bem assemelhadas, valor diferente. 
“Esse é um fator muito ruim para a credibilidade da Justiça, conspirando para a insegurança jurídica”.
“A indenização não representa um bilhete premiado”.
DANO A IMAGEM
A imagem é o conjunto de traços e caracteres de uma pessoa que a individualiza no meio social – logomarca, rosto, olhos, cabelos, perfil etc. É um bem personalíssimo, emanação de uma pessoa, através da qual projeta-se, identifica-se e individualiza-se no meio social.
Facilmente confundível com o dano estético ou morfológico, mas são completamente diversos. Neste dano, as consequências são amputações, marcas, cicatrizes ou correlacionados. No dano à imagem, a pessoa é constrangida pelo ato ilícito da exposição danosa de cunho vexatório. 
Exemplo: Uso de imagem de pessoa natural em programa populista sem autorização e de forma vexatória.
Danos atípicos
Dano pela perda de uma chance
Dano estético (ou morfológico)
Dano reflexo ou em ricochete
Dano existencial
Dano pela perda de uma chance
Neste passo, a doutrina francesa que, costumeiramente vem sendo aplicada em nossos Tribunais (perte d’une chance), se dá nos casos em que o ato ilícito praticado pelo agente retira do lesado a real possibilidade do mesmo de obter uma situação futura melhor, isto é, uma possibilidade, uma chance de obter alguma vantagem ou ainda a chance de evitar algum prejuízo.
Exemplo: Pessoa natural em questionamento, em programa de perguntas e respostas, pela televisão. Há uma questão sem viabilidade de resposta lógica. Isto impõe o dever de ressarcir o participante pela perda da oportunidade.
Dano estético (ou morfológico)
Construção jurisprudencial. Decorre de restrições nas relações sociais. São as deformidades que provocam repulsa de ordem externa (perante a sociedade) e interna (perante a sí). Podendo acarretar redução em sua capacidade laborativa (amputações e restrições).
As lesões perpetradas à vítima em função do ato ilícito evidenciam inquestionáveis dores e sofrimentos que afetam sua esfera jurídica interna, caracterizando-se como causa dos danos morais. 
Por outro lado, o que sofre paraplegia perpetrada ao corpo físico da vítima implica a dependência permanente de pessoas, para atender as suas necessidades básicas, limitando sobremaneira sua vida de relação e o gozo dos prazeres da vida. 
Essa situação caracteriza o dano estético, na medida em que proporciona reflexos negativos evidentes na sua relação social, passível de arbitramento em separado, como assinala a norma do art. 949 da Lei 10.406 de 2002:
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Atenção!Súmula 387 do STJ - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral. 
Súmula 96 do TJRJ - “As verbas relativas às indenizações por dano moral e dano estético são acumuláveis”.
Exemplo:Amputação equivocada de membro inferior (lado direito), por consequência de diabetes. Enquanto que a perna correta seria a esquerda.
Dano reflexo ou em ricochete
Criação doutrinária. Surge com o dano imposto à pessoa do lesado direto de tamanha gravidade que reflete nas pessoas de seu íntimo convívio sócio familiar/relacional.
Exemplo: Ofensa dirigida a um morto, que apesar de não ser ofendido em sua personalidade, pois os direitos da personalidade surgem com a concepção e se extinguem com a morte, portanto, não são transmitidos aos herdeiros, que só poderão entrar com ação de indenização em razão de sofrerem o dano reflexo da ofensa.
Dano existencial
Criação doutrinária. Lesão à impossibilidade de viver o vínculo afetivo com a existência de pessoa natural. Acidente provocado que gera a morte de filhos. Causando aos seus familiares a impossibilidade de viver a sua existência.
Exemplo: Diante da morte de filho, seus pais perderam eventos existenciais normais para a sua realidade sócio normal, como aniversários, crescimento,
formatura, casamento, netos etc

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