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Sintaxe da Língua de SinaiS

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2019
Sintaxe da Língua de 
SinaiS
Profª. Mariana Correia
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Profª. Mariana Correia
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C824s
 Correia, Mariana
 Sintaxe da língua de sinais. / Mariana Correia. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2019.
 234 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0259-4
1.Língua brasileira de sinais - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 419
III
apreSentação
Olá, prezado acadêmico. Bem-vindo ao Livro de Estudos da disciplina 
de Sintaxe da Língua de Sinais. Para a elaboração deste material foram 
utilizados diferentes recursos pedagógicos, como livros, artigos, vídeos, cursos, 
dissertações, revistas, materiais físicos e virtuais, para melhor apresentar a 
você os aspectos relevantes sobre o estudo da sintaxe como área de estudo da 
linguagem e dentro do estudo específico da Libras. O objetivo principal deste 
livro é que você possa ter, ao final dos estudos desta disciplina, um panorama 
sobre os estudos sintáticos e sua aplicação para a compreensão de como a 
Libras se estrutura, desta forma, servindo como base para seus conhecimentos 
acadêmicos e para a sua prática como profissional docente.
A seguir estão os principais pontos abordados nas três unidades que 
compõem este livro de estudos. A Unidade 1 tem como objetivo compreender 
os estudos sintáticos. Para isso, começamos com o Tópico 1, em que são 
retomadas algumas discussões sobre a Linguística como ciência e quais são as 
áreas em que o estudo da língua é dividido. Depois, veremos em quais áreas 
o estudo da língua é dividido, qual é a forma de análise de cada uma delas 
e como a sintaxe se insere neste contexto. No final do tópico teremos, então, 
a definição de sintaxe e da maneira como ela estuda a língua. No Tópico 
2, veremos as abordagens tradicional, formalista e funcional, e como cada 
uma delas interpreta os estudos na área de estudos sintáticos. No Tópico 3, 
vamos estudar os conceitos básicos da Gramática Gerativa a partir do estudo 
das características das línguas naturais, as noções de gramática universal, 
faculdade da linguagem, agramaticalidade, competência e desempenho. Para 
encerrar esta unidade, no Tópico 4 estudaremos a formação das sentenças na 
perspectiva gerativista a partir do estudo dos constituintes, a delimitação e a 
relação deles dentro das sentenças e a ambiguidade estrutural das sentenças.
 
Dando continuidade ao que foi visto na primeira unidade, na Unidade 
2 nos aprofundaremos no estudo dos constituintes das sentenças. No Tópico 
1, estudaremos os sintagmas através das categorias lexicais e funcionais. No 
Tópico 2, os predicados e argumentos, os requisitos sintáticos e os papéis 
temáticos dos argumentos e os verbos monoargumentais são tratados. Após 
isso, o Tópico 3 aborda a ordem das sentenças e como se dá a movimentação 
dos constituintes dentro delas. No Tópico 4, entraremos especificamente no 
estudo das sentenças em Libras, tanto aquelas básicas da língua quanto as 
condições para que esta ordem básica seja alterada.
 
A Unidade 3 continua tratando de elementos específicos da sintaxe 
da Libras. Inicialmente, no Tópico 1, discutiremos alguns aspectos sintáticos 
envolvidos na compreensão da Libras e como o Português Sinalizado 
está relacionado às traduções, bem como o uso de aplicativos de tradução 
IV
automática e os aspectos relacionados à estrutura sintática envolvida. 
Após, veremos elementos da sintaxe espacial com as relações sintáticas e os 
instrumentos espaciais que as reforçam, o uso dos pronomes no espaço, as 
mudanças de referenciais, as marcações não manuais e os classificadores. No 
Tópico 2, estudaremos os efeitos estruturais dos verbos em Libras e as formas 
de concordância. No Tópico 3, observaremos os diferentes sintagmas dentro 
das estruturas frasais da Libras. Para encerrar esta unidade, o Tópico 4 trata 
sobre a construção de frases e a coesão narrativa em Libras.
 
Ao longo de todas as unidades serão colocadas notas, lembretes, 
observações e sugestões de diferentes materiais para destaque, exemplificação 
ou aprofundamento das discussões e estudos realizados.
E para finalizarmos, também gostaria de apresentar o meu sinal. 
Mostro ele de duas maneiras: primeiro uma foto minha alterada digitalmente 
com o movimento do meu sinal (um M que percorre a covinha do meu sorriso), 
o outro, em signwriting, escrito através do site <http://www.signbank.org/
signmaker/#?ui=ptBR&dictionary=bzs>:
SINAL DA AUTORA COM 
INDICATIVO DE MOVIMENTO 
SINAL DA AUTORA EM
ESCRITA DE SINAIS
Bons estudos e boa leitura!
Profª. Mariana Correia
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
UNIDADE 1 – COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS ............................................ 1
TÓPICO 1 – O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM ............................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O ESTUDO DA LINGUAGEM E A ABORDAGEM LINGUÍSTICA ........................................ 4
2.1 HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM .......................................................................... 6
2.2 A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA .............................................................................................. 7
2.3 O OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA ............................................................................... 9
2.4 LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA NORMATIVA .......................................................................... 11
3 AS ÁREAS DA LINGUÍSTICA E OS DIFERENTES ASPECTOS DA LINGUAGEM ........... 13
3.1 FONÉTICA E FONOLOGIA .......................................................................................................... 14
3.2 MORFOLOGIA ................................................................................................................................ 14
3.3 SINTAXE ........................................................................................................................................... 16
3.4 SEMÂNTICA ....................................................................................................................................17
3.5 PRAGMÁTICA................................................................................................................................. 18
4 O QUE ESTUDA A SINTAXE? ........................................................................................................... 19
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 21
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 22
TÓPICO 2 – ESTUDOS SINTÁTICOS ................................................................................................ 23
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23
2 HISTÓRIA DOS ESTUDOS SINTÁTICOS .................................................................................... 23
3 POSSIBILIDADES TEÓRICAS ......................................................................................................... 24
3.1 GRAMÁTICA TRADICIONAL (NORMATIVA)......................................................................... 25
3.2 FORMALISTA .................................................................................................................................. 27
3.3 FUNCIONALISTA ........................................................................................................................... 29
3.4 FORMALISTA X FUNCIONALISTA ............................................................................................ 30
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 32
TÓPICO 3 – TEORIA GERATIVA: CONCEITOS BÁSICOS .......................................................... 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 PRESSUPOSTOS DA TEORIA GERATIVA ................................................................................... 34
2.1 O ESTUDO DA LÍNGUA NA PERSPECTIVA GERATIVA ....................................................... 35
2.2 CARACTERÍSTICAS DAS LÍNGUAS NATURAIS .................................................................... 37
3 FACULDADE DA LINGUAGEM E GRAMÁTICA UNIVERSAL ............................................. 43
4 COMPETÊNCIA E DESEMPENHO (PERFORMANCE) .............................................................. 49
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 53
TÓPICO 4 – A FORMAÇÃO DAS SENTENÇAS .............................................................................. 55
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55
2 CATEGORIAS GRAMATICAIS ........................................................................................................ 57
3 CONSTITUINTES ................................................................................................................................ 58
Sumário
VIII
4 AMBIGUIDADE ESTRUTURAL....................................................................................................... 60
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 64
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 66
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 67
UNIDADE 2 – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS SENTENÇAS ......................................... 69
TÓPICO 1 – OS SINTAGMAS .............................................................................................................. 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71
2 HIERARQUIZAÇÃO DOS SINTAGMAS ...................................................................................... 72
3 DELIMITAÇÃO DOS SINTAGMAS NOMINAIS E VERBAIS ................................................. 74
4 CATEGORIAS DOS NÚCLEOS DOS SINTAGMAS ................................................................... 75
4.1 CATEGORIAS LEXICAIS ............................................................................................................... 76
4.2 CATEGORIAS FUNCIONAIS ........................................................................................................ 80
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 82
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83
TÓPICO 2 – PREDICADOS E ARGUMENTOS ................................................................................ 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 CONCEITO DE PREDICADOS E ARGUMENTOS ...................................................................... 86
3 SELEÇÃO ARGUMENTAL................................................................................................................. 93
3.1 OS REQUISITOS SINTÁTICOS DOS ARGUMENTOS .............................................................. 94
3.2 PAPÉIS TEMÁTICOS DOS ARGUMENTOS .............................................................................106
4 DELIMITAÇÃO ARGUMENTAL DOS VERBOS........................................................................109
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114
TÓPICO 3 – ESTRUTURA DAS SENTENÇAS ...............................................................................115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
2 ORDEM DOS CONSTITUINTES NAS SENTENÇAS ...............................................................115
3 MOVIMENTAÇÃO DOS CONSTITUINTES ..............................................................................118
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................124
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125
TÓPICO 4 – A ORDEM BÁSICA DAS SENTENÇAS EM LIBRAS ............................................127
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127
2 ESTRUTURA BÁSICA DAS SENTENÇAS ...................................................................................128
3 RESTRIÇÕES PARA MODIFICAÇÃO DA ORDEM BÁSICA .................................................130
3.1 CONCORDÂNCIA E MARCAS NÃO MANUAIS ..................................................................130
3.2 POSIÇÃO DO OBJETO .................................................................................................................1313.3 POSIÇÃO DOS ADVÉRBIOS DE TEMPO E FREQUÊNCIA ..................................................133
3.4 TOPICALIZAÇÃO ........................................................................................................................134
3.5 FOCO E VERBOS SEM CONCORDÂNCIA ..............................................................................136
3.6 PRIORIZAÇÃO DO OBJETO .......................................................................................................136
3.7 OMISSÃO DE SUJEITO E OBJETO .............................................................................................137
3.8 FOCO CONTRASTIVO .................................................................................................................138
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................139
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................142
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................143
IX
UNIDADE 3 – SINTAXE DA LIBRAS ...............................................................................................145
TÓPICO 1 – SINTAXE ESPACIAL .....................................................................................................147
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147
2 AS TRADUÇÕES E A QUESTÃO DA ORDEM DAS SENTENÇAS .......................................147
2.1 PORTUGUÊS SINALIZADO X LIBRAS ....................................................................................148
2.2 APLICATIVOS DE TRADUÇÃO .................................................................................................150
3 RELAÇÕES SINTÁTICAS: INSTRUMENTOS ESPACIAIS .....................................................153
3.1 REFERENCIALIDADE ESPACIAL .............................................................................................154
3.2 USO DOS PRONOMES NO ESPAÇO .........................................................................................161
3.3 AMBIGUIDADE ESTRUTURAL NA LIBRAS ...........................................................................164
3.4 MUDANÇA REFERENCIAL .......................................................................................................166
4 MARCAÇÕES NÃO MANUAIS GRAMATICAIS E NÃO GRAMATICAIS ........................167
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................175
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................177
TÓPICO 2 – EFEITOS ESTRUTURAIS DOS VERBOS E CLASSIFICADORES ......................179
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................179
2 CONCORDÂNCIA VERBAL ...........................................................................................................179
2.1 VERBOS SEM CONCORDÂNCIA ..............................................................................................185
2.2 VERBOS COM CONCORDÂNCIA (DIRECIONAIS) ..............................................................187
2.3 VERBOS AUXILIARES ..................................................................................................................189
2.4 VERBOS “MANUAIS” ..................................................................................................................190
3 OS CLASSIFICADORES COMO ELEMENTOS MORFOSSINTÁTICOS.............................191
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................195
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................196
TÓPICO 3 – ESTRUTURAS SINTAGMÁTICAS EM LIBRAS ....................................................197
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................197
2 SINTAGMA NOMINAL ...................................................................................................................199
3 SINTAGMA PREPOSICIONAL ......................................................................................................207
4 SINTAGMA ADVERBIAL ................................................................................................................208
5 SINTAGMA ADJETIVAL .................................................................................................................210
6 SINTAGMA VERBAL ........................................................................................................................211
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................212
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................214
TÓPICO 4 – ESTRUTURAÇÃO DAS SENTENÇAS EM LIBRAS ..............................................215
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................215
2 ESTRUTURAS COM TÓPICO ........................................................................................................215
3 ESTRUTURAS COM FOCO .............................................................................................................217
4 ESTRUTURAS NEGATIVAS ...........................................................................................................219
5 ESTRUTURAS INTERROGATIVAS ..............................................................................................222
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................226
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................228
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................229
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................231
X
1
UNIDADE 1
COMPREENDENDO OS ESTUDOS 
SINTÁTICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• discutir os estudos da linguagem e a linguística como campo de estudos;
• diferenciar a abordagem linguística da abordagem normativa de estudos 
da linguagem;
• mostrar o papel da sintaxe dentre as diferentes áreas que compõem os 
estudos linguísticos;
• exemplificar as diferentes maneiras como as áreas de estudos linguísticos 
percebem as palavras e sentenças;
• discutir as principais abordagens teóricas para o estudo da sintaxe;
• compreender as características das línguas naturais e a diferença entre as 
línguas naturais e artificiais;
• compreender a Teoria Gerativista e seus pressupostos básicos para o 
estudo da sintaxe;
• apresentar os constituintes que formam as sentenças de acordo com a 
Teoria Gerativa.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
TÓPICO 2 – O ESTUDO DA SINTAXE: POSSIBILIDADES TEÓRICAS
TÓPICO 3 – PRESSUPOSTOS DA TEORIAGERATIVISTA
TÓPICO 4 – A FORMAÇÃO DAS SENTENÇAS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, iniciamos nossos estudos sobre a sintaxe. Neste tópico, 
estabeleceremos as bases para a compreensão deste componente do sistema 
linguístico, tendo em vista que a sintaxe é imprescindível para a compreensão 
dos estudos sintáticos e tem grande importância em relação ao estudo da Libras.
Para que possamos pensar sobre a conceituação da área dos estudos 
linguísticos a que a sintaxe se dedica é importante pensarmos sobre os estudos 
da linguagem e a maneira como a ciência linguística compreende a linguagem. 
Primeiro, apresentaremos uma breve história dos estudos da linguagem, em 
seguida pensaremos sobre a compreensão de ciência e como a Linguística adquiriu 
este estatuto. Para encerrar a primeira parte, faremos uma comparação entre a 
maneira como a Gramática Normativa compreende o estudo da língua e qual é a 
diferença entre esta abordagem, bem como a maneira descritiva e explicativa da 
qual a linguística se utiliza para a compreensão dos fenômenos da língua.
Depois de estabelecermos essas bases, estudaremos brevemente as áreas 
que compõem o estudo da linguagem, das quais a sintaxe é uma delas. A fim 
de melhor compreender como cada uma dessas áreas entende o estudo das 
línguas, faremos dois movimentos, estudaremos como cada uma delas entende 
a linguagem e, após, faremos uma comparação de como cada uma dessas áreas 
compreende um mesmo contexto, dessa maneira, poderemos definir como a 
sintaxe de uma língua se insere nos estudos linguísticos.
Este tópico inicia estabelecendo as bases para o estudo linguístico após 
a compreensão da Linguística como ciência; a diferença entre as percepções das 
áreas dos estudos da linguagem; a comparação entre a forma como ela explica 
os fenômenos linguísticos e o contraste entre as noções normativas/prescritivas 
e descritivas/explicativas. Neste momento, poderemos voltar nossos olhos 
diretamente para a definição de qual parte do fenômeno da língua a sintaxe 
pretende estudar. Encerraremos o Tópico 1 com a compreensão dos pressupostos 
da Teoria Gerativista proposta por Noam Chomsky.
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
4
2 O ESTUDO DA LINGUAGEM E A 
ABORDAGEM LINGUÍSTICA
Ao estudarmos os mitos da criação de várias culturas diferentes, 
percebemos que muitos deles colocam o poder fundador da linguagem que 
estabelece as maneiras como o homem se relaciona com a realidade. Como 
Petter (2010) destaca na citação a seguir, é através desse fascínio e desse poder 
atribuído à linguagem que ela torna possível a experiência humana como forma 
de estabelecer a comunicação e, consequentemente, as relações sociais.
O fascínio que a linguagem sempre exerceu sobre o homem vem 
desse poder [poder mágico de criar] que permite não só nomear/criar/
transformar o universo real, mas também permite trocar experiências, 
falar sobre o que existiu, poderá vir a existir, e até mesmo imagina o 
que não precisa nem pode existir. A linguagem verbal, então, a matéria 
do pensamento e o veículo da comunicação social. Assim como não 
há sociedade sem linguagem, não há sociedade sem comunicação. 
Tudo o que se produz como linguagem ocorre em sociedade, para 
ser comunicado, e, como tal, constitui uma realidade material que se 
relaciona ao que lhe é exterior, com o que existe independentemente 
da linguagem. Como realidade material – organização de sons, 
palavras, frases [sinais] – a linguagem é relativamente autônoma; como 
expressão de emoções, ideias, propósitos, no entanto, ela é orientada 
pela visão de mundo, pelas injunções da realidade social, histórica e 
cultural de seu falante (PETTER, 2010, p. 11, grifo do original).
O poder da linguagem está em criar/transformar o universo e ser o 
instrumento capaz de permitir que imaginemos e, por consequência, criemos 
situações, histórias e mundos que passam a existir apenas através da linguagem. 
Isso fica bastante evidente nas diferentes manifestações da linguagem com as quais 
convivemos, por exemplo, livros de ficção como Harry Potter, de J. K. Rowling, e 
Guerra dos tronos, de J. R. R. Martin, as quais não são apenas histórias contadas, 
mas seus mundos imaginários passaram a ser coletivamente referenciados e 
ganharam representações não apenas no imaginário coletivo, mas também na 
realidade material, quando são temas de séries para a televisão, fantasias para 
aficionados e começam a fazer parte da cultura em que estão inseridos. Dessa 
maneira, demonstram que a linguagem é uma forma de transformar a realidade.
É através da palavra que religiões são fundadas, tratados de guerra 
e de paz são feitos, relações se estabelecem, conhecimentos são difundidos ou 
escondidos. Inclusive, se pensarmos na história dos surdos, podemos perceber 
como a negação do uso de sinais acabou por se mostrar ineficiente e inviável 
porque, mesmo proibida, a linguagem permanece através dos sinais realizados 
clandestinamente, ela perpassa as vivências de modo que é, inclusive, maneira de 
reforçar, refundar e garantir a identidade de povos e culturas.
Num exemplo bastante simples para compreensão de como a linguagem 
serve para criar e recriar a realidade, vamos imaginar uma situação em que 
dois colegas de faculdade estão conversando sobre a reunião de formatura na 
qual apenas um deles compareceu. Ao receber o relato de como foi a reunião, 
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
5
o formando que não pôde comparecer fica sabendo quais foram os assuntos 
discutidos e as decisões tomadas, bem como recebe a narração das demais 
situações que ocorreram durante a reunião, com um grau de detalhamento e juízo 
de valor que será modificado a partir da maneira como o colega contará para ele 
os fatos que aconteceram a partir de seu ponto de vista.
Assim, comprovando que “a linguagem é [...] orientada pela visão de mundo” 
da pessoa que está recontando a reunião para ele (PETTER, 2010, p. 11). Ou seja, 
a língua(gem) utilizada para relatar a reunião não apenas é o elemento a partir do 
qual o fato é contado, mas ela carrega marcas culturais, sociais, situacional, de uso da 
língua, dentre outras coisas, daquele momento de comunicação social (reunião), mas 
também da interação que está ocorrendo no momento da fala entre os dois colegas.
Você percebeu o uso da expressão “língua(gem)”, no parágrafo anterior? Essa 
forma de escrita foi elaborada por Coelho, Monguilhott e Martins (2009) no material de estudos 
sobre sintaxe para se referirem, ao mesmo tempo, à definição de linguagem e à definição de 
língua, numa mesma expressão. Acreditamos que essa formulação tem como efeito referir-se 
ao mesmo tempo aos dois conceitos, ficando assim mais próxima da utilização de um único 
termo, da mesma maneira como acontece em língua inglesa com o termo “language”.
NOTA
Segundo Petter (2010), o fenômeno linguístico é extremamente complexo e 
tem desafiado a compreensão de todos aqueles que se dedicam ao seu estudo. Esta 
seção do Tópico 1 tem o objetivo de mostrar brevemente qual é o caminho traçado 
pelos estudos da linguagem até hoje, nos fazendo perceber como o entendimento 
linguístico se insere na atualidade das compreensões do estudo da linguagem.
DICAS
Um filme que traz diretamente este poder fundador da imaginação e de 
experiências é o filme História sem fim (1984). Nele, um menino chamado Bastian acha 
um livro que o fará viver experiências inimagináveis. Assim, a linguagem acaba perpassando 
e alterando a realidade do menino. Uma curiosidade é que o livro, em que este filme é 
baseado, tem duas cores de impressão para separar a ficção da realidade.
Outro filme interessante é Onde está segunda? (2017), disponível no catálogo da Netflix. 
Neste filme de ficção científica, em um futuro distópico, cada pessoa podeter apenas um 
filho, contudo, um homem (interpretado por Willem Dafoe) perde sua filha durante o parto 
de suas sete netas gêmeas. A partir de então, a vida dele e das crianças é tentar fazer com 
que elas não sejam percebidas pelo governo. Para isso, elas precisam ser iguais, porém 
é possível ser igual em tudo? É interessante, como forma de percebermos as diferentes 
maneiras como cada pessoa utiliza a linguagem e constrói a sua narrativa pessoal, a sua 
característica personalizada de uso da língua(gem).
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
6
2.1 HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM
Segundo Petter (2010), embora o interesse pela linguagem seja muito 
antigo e apareça em inúmeras lendas, mitos, cantos e rituais, os primeiros estudos 
datam do século IV a.C. Organizando de maneira resumida o que a autora Petter 
(2010) escreve sobre o assunto, teremos a seguinte organização da história dos 
estudos da linguagem:
• Estudos hindus para a manutenção da pronúncia dos textos sagrados Vedas.
• Século IV a.C., gramática de Panini para descrição minuciosa da língua.
• Gregos, definição entre conceito e aquilo que a palavra designa, Platão (427 
a.C.) discute isso no diálogo Crátilo.
• Aristóteles (384 a.C.) se preocupa em tentar realizar uma análise precisa da 
estrutura linguística.
• Romanos, Varão (116 a.C.) dedicou-se à gramática, tentando defini-la como 
ciência e arte.
• Idade Média, os modistas diziam que a estrutura gramatical das línguas era 
uma única universal, por isso, as regras serviriam para qualquer língua.
• Século XVI, tradução dos livros sagrados em numerosas línguas.
• Em 1502 surge o mais antigo dicionário poliglota, de Ambrosio Calepino.
• Séculos XVII e XVIII dão continuidade às preocupações clássicas de norma e 
estrutura.
• Em 1660, Lancelot e Arnaud lançam a Gramática de Port Royal (Grammaire 
Générale et raisonnée de Port Royal), um modelo para várias gramáticas do 
século XVII, ela demonstrava que “[...] a gramática se funda na razão e é a 
imagem do pensamento, e que, portanto, os princípios de análise estabelecidos 
não se prendem a uma língua particular, mas servem a toda e qualquer língua” 
(PETTER, 2010, p. 12).
• Século XIX, estudo comparativo entre as línguas, surgimento das gramáticas 
comparadas e da Linguística Histórica em 1816, com a obra de Franz Boop sobre o 
sistema de conjugação do sânscrito, comparado ao grego, latim, persa e germânico.
• Século XIX, compreensão da correspondência entre as mudanças do texto 
escrito e as mudanças observadas na língua falada.
• O início do século XX, 1916, é o marco de fundação da linguística como ciência 
autônoma separada da filosofia, história, retórica. Com a publicação do Curso 
de Linguística Geral, a partir das anotações de aula de dois discípulos de 
Ferdinand de Saussure, “[...] a investigação sobre a linguagem – a Linguística 
– passa a ser reconhecida como estudo científico” (PETTER, 2010, p. 13). Sobre 
o objeto de estudos da Linguística, para Saussure, segundo Petter (2010, p. 14), 
esta seria a língua considerada em si mesma e por si mesma.
• Na segunda metade do século XX, Noam Chomsky lança o livro Syntacti 
Strutuctures (1957), obra em que coloca as bases da Teoria Gerativa para análise 
das sentenças: [...] Noam Chomsky trouxe para os estudos linguísticos uma 
nova onda de transformação. [...] [ao afirmar que] “Doravante considerarei 
uma linguagem como um conjunto (finito ou infinito) de sentenças, cada 
uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de 
elementos” (PETTER, 2010, p. 14). 
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
7
ESTUDOS FU
TUROS
Guarde os nomes “Noam Chomsky” e “Teoria Gerativa”, porque serão muito 
importantes para os estudos sintáticos que desenvolveremos ao longo deste livro.
Conforme destacam Quadros e Karnopp (2004, p. 16 e 17), “a área da 
Linguística está crescendo como área de estudo, apresentando impacto nas áreas 
voltadas para a Educação, Antropologia, Sociologia, Psicologia Cognitiva, ensino 
de línguas, Filosofia, Informática, Neurologia e Inteligência Artificial”.
Além disso, na atualidade, os estudos linguísticos englobam estudos 
que abarcam estas visões acumuladas ao longo de sua história, como os estudos 
comparatistas, mas também são desenvolvidas pesquisas em que as áreas de 
estudo da linguagem são misturadas a outras áreas de forma transdisciplinar, 
como a Linguística Aplicada, a Sociolinguística, a Psicolinguística, a Análise do 
Discurso e a Linguística Textual.
Nesta seção, estudamos de forma resumida a história dos estudos da 
linguagem através dos principais momentos desde o século IV a.C. Na próxima 
parte deste tópico, veremos brevemente o que define uma ciência e porque 
a organização da Linguística como ciência foi de extrema importância para 
chegarmos ao atual estágio de estudos da linguagem.
2.2 A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
Ao pensarmos na palavra ciência, provavelmente nos lembraremos dos 
estudos feitos na escola sobre as partes do corpo, os diferentes tipos de animais, 
ou talvez tenhamos a visão de um cientista de jaleco branco, em um laboratório, 
fazendo experimentos com diferentes instrumentos de pesquisa. Pode ser 
ainda que nos lembremos do estudo de diferentes reações químicas e físicas, 
ou seja, situações bem distantes daquelas experimentadas durante as aulas de 
língua portuguesa ou língua estrangeira, nas quais, normalmente, estudamos 
interpretação de textos, vocabulário e regras ligadas à Gramática Normativa, 
como o uso dos pronomes oblíquos ou do verbo to be. 
Desse jeito, quando estudantes, a maioria de nós não tem a referência do 
estudo da língua pela visão do método científico, por isso em nosso imaginário ficou 
marcada uma noção de ciência como aquelas disciplinas que se dedicam ao estudo 
de fenômenos do corpo e da natureza. Contudo, se observarmos as etapas do método 
científico, veremos que ele pode ser aplicado também aos fenômenos linguísticos, ou 
seja, coisas que acontecem no uso da língua e são passíveis de observação e análise 
deslocada da visão em que a língua é uma série de regras a serem seguidas.
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
8
FIGURA 1 – ETAPAS DO MÉTODO CIENTÍFICO
FONTE: <https://blog.mettzer.com/o-que-e-metodo-cientifico/>. Acesso em: 15 set. 2018.
Faça uma
pergunta
Faça uma
revisão bibliográfica
MÉTODO CIENTÍFICO
Realize um
experimento
Rejeite a
hipótese
Aceite a
hipótese
Formule uma
hipótese
Um exemplo da aplicação do método científico num contexto linguístico 
seria o seguinte: imaginemos que, em uma dada comunidade, o uso corrente da 
palavra “vôlei” seja “voler”, então, nossa pergunta inicial seria: “Por que, nesta 
comunidade, as pessoas utilizam a palavra ‘voler’ no lugar da palavra ‘vôlei’?”; 
em seguida, deveríamos procurar autores e livros que falassem sobre variação 
linguística, dialetos e a troca de uma vogal por uma consoante. Depois disso, 
pensaríamos nas hipóteses que pudessem responder a esta pergunta, por exemplo: 
por que na comunidade é comum esta troca de vogais pela letra erre final? Para 
comprovarmos ou refutarmos a hipótese pensada, teríamos que elaborar uma 
forma de testarmos a nossa hipótese, seja através de questionários, entrevistas 
ou outras maneiras de observar esse fenômeno linguístico acontecendo. Assim, 
utilizaríamos uma visão descritiva/explicativa e não normativa para a explicação 
das situações observáveis no uso da língua.
No Capítulo 1 do livro Manual de Sintaxe, Mioto, Silva e Vasconcellos (2007, 
p. 15-18) estabelecem uma comparação entre o estudo da Física e da Linguagem 
como ciência. Os autores iniciam a discussão colocando que ambas as ciências 
precisam delimitar seu objeto de estudos dentre todos os fenômenos observáveis; 
também ambas necessitam “[...] fazer observações atentas e acuradas demaneira 
tão objetiva e imparcial quanto possível” (MIOTO; SILVA; VASCONCELLOS, 
2007, p. 13, grifo da autora).
Além disso, as observações atentas e precisas por si só não bastam, porque 
o fenômeno que os cientistas observam não é apenas a realização física dos raios 
ou das sentenças, mas os princípios ou padrões que organizam estes fenômenos, 
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
9
ou seja, procuram a base comum entre todos eles e elaboram um “modelo 
teórico” que procura estabelecer estes princípios básicos.
Por fim, segundo Mioto, Silva e Vasconcellos (2007, p. 15), “[...] uma 
das razões para a formulação destes princípios gerais é a predição de novos 
fenômenos, e o poder da predição de uma física [e de uma linguística] formulada 
de modo impreciso estaria seriamente comprometido”. Desta maneira, 
ambas as ciências necessitam de “[...] uma metalinguagem suficientemente 
acurada – não necessariamente matemática, mas igualmente rigorosa – para 
poder garantir que os princípios formulados sejam interpretados de maneira 
inequívoca” (MIOTO; SILVA; VASCONCELLOS, 2007, p. 15, grifo negrito do 
original, sublinhado da autora).
Logo, a ciência da linguagem é semelhante às ciências naturais, pois 
necessita dos mesmos elementos para realizar os estudos dos fenômenos a que 
se dedica:
• Delimitação do objeto de estudos.
• Observação atenta e acurada (exata).
• Procurar uma base comum entre todos os princípios e padrões que organizam 
os fenômenos observados.
• Elaboração de um modelo teórico.
• Metalinguagem, ou seja, conceitos e nomenclaturas, específicos e exatos.
2.3 O OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA
De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p. 15), “a Linguística é o 
estudo científico das línguas naturais e humanas. As línguas naturais podem ser 
entendidas como arbitrárias e/ou como algo que nasce com o homem. Essas duas 
correntes estão relacionadas aos pensamentos filosóficos que se originaram com 
Platão e Aristóteles”. Estes pensamentos também caracterizam as duas principais 
vertentes dos estudos linguísticos, aqueles vinculados à linguística delimitada 
por Saussure e aquela pensada por Chomsky.
Saussure (2012) apresenta no Capítulo 1 do Curso de Linguística Geral 
uma divisão dos estudos da “ciência que se constitui em torno dos fatos da 
língua” em três fases anteriores ao que ele chama de reconhecimento de que “a 
linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua encarada em si mesma e 
por si mesma”: Gramática, Filologia e Gramática Comparativa (SAUSSURE 1994 
apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 15). Esta última, embora tenha trazido 
grandes contribuições que desembocaram no desenvolvimento do pensamento 
linguístico, tem o problema de, na visão exposta por Saussure, não se preocupar 
em determinar a natureza de seu objeto de estudo e, sem isso, seria incapaz de 
estabelecer um método para si mesma.
 
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
10
Segundo Petter (2010), Saussure estabeleceu os princípios da distinção 
entre linguagem, língua e fala, colocando os estudos da linguística na língua que 
ele define como produto social inserido socialmente no cérebro de cada indivíduo. 
Brevemente, a autora coloca que, para Saussure, a linguagem é extremamente 
complexa e abrange vários domínios, assim é passível de interpretação e 
compreensão pelas mais variadas áreas, sendo a língua uma das partes da 
linguagem. Já “[...] a fala é um ato individual; [que] resulta das combinações 
feitas pelo sujeito falante utilizando o código da língua; expressa-se pelo falante 
e obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade” 
(PETTER, 2010, p. 14, grifo da autora).
DICAS
A Linguística tem vários conceitos que são abordados por diferentes teorias, 
autores e obras, por isso, uma dica de livro interessante para todos os profissionais da área 
das Letras é o Dicionário de Linguística, de Jean Dubois et al., Editora Cultrix. A primeira 
edição francesa é de 1973. Este é um livro bastante completo e que traz muita informação 
organizada de modo claro e de fácil acesso a verbetes alfabeticamente ordenados. Cada 
verbete apresenta o conceito do termo na visão de diferentes teorias que o utilizam.
Quadros e Karnopp (2004, p. 16) colocam a mesma compreensão da 
Linguística como ciência apresentada na seção anterior, explicitando aquilo 
que Mioto, Silva e Vasconcellos (2007) enfatizam com a explicação dos fatos 
linguísticos e a percepção dos princípios e padrões da língua que extrapolam o 
uso feito pelos indivíduos:
A linguística está voltada prioritariamente para a explicação dos fatos 
linguísticos. Nesse sentido, observa-se uma tensão entre a descrição 
das línguas e a explicação dos fatos comuns que subjazem à realização 
de tais línguas. A explicação constitui o desafio maior da teoria que se 
defronta com a complexidade e a criatividade da linguagem humana. 
A linguística busca desvendar os princípios independentes da 
lógica e da informação que determinam a linguagem humana. Tais 
princípios são o que há de comum nos seres humanos que possibilitam 
a realização das diferentes línguas. Portanto, nesse sentido, a teoria 
linguística extrapola as questões de uso (QUADROS; KARNOPP, 
2004, p. 16, grifo da autora).
Desta maneira, Quadros e Karnopp (2004) remetem ao estudo dos 
princípios, ou seja, bases que determinam a linguagem humana, ao perceberem 
estes princípios como sendo comuns aos seres humanos e, consequentemente, às 
línguas.
Essas duas formas de compreender os estudos da linguagem são 
importantes, pois ambas contribuem para diferentes maneiras de se compreender 
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
11
os fenômenos linguísticos. Mais adiante, neste livro de estudos, veremos como 
cada uma delas entende os estudos da área da sintaxe.
2.4 LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA NORMATIVA
A Gramática Normativa ou Tradicional (GT) é aquela pautada nos 
estudos que procuram definir e estabelecer as regras/normas que prescrevem a 
forma de uso da língua. Ela parte da premissa de que a língua falada deve seguir 
as mesmas normas observadas nos textos escritos pelos escritores consagrados ou 
pela parcela da população entendida como culta e mais valorizada socialmente.
Assim, a GT entende os fenômenos da língua dentro de uma noção de 
prescrição, ou seja, as regras estabelecidas por ela determinam as regras da escrita 
correta, e tudo o que não estiver de acordo com estas normas é entendido como 
erro. Em síntese, tudo o que foge daquilo que é prescrito por ela está errado e 
deve ser arrumado. 
A visão proposta pela GT ainda se mantém no imaginário coletivo como 
única forma de estudo sobre a língua graças à manutenção deste pensamento nas 
vivências escolares da maioria das pessoas.
Para a GT, a regra/norma é anterior ao uso da língua e é ela que pretende 
determinar com as regras/normas como a língua será usada pelo indivíduo.
IMPORTANT
E
Em contrapartida, a visão da Linguística já explicitada anteriormente neste 
tópico prioriza a observação dos fenômenos linguísticos para a descrição/explicação 
dessas situações. Dessa forma, procura perceber como os fatos da língua se dão, em 
quais contextos e quais situações se dá o uso da língua. Quando Quadros e Karnopp 
(2004, p. 16) se remetem a regras estão utilizando a expressão no sentido de observar 
as produções realizadas para compreender como cada uma funciona, a fim de 
perceber a expressão das generalizações e regularidades da linguagem humana.
A linguística parte de pressupostos básicos que determinam as 
investigações. Um dos mais importantes pressupostos assumidos neste 
livro é o de que a linguagem é restringida por determinados princípios 
(regras) que fazem parte do conhecimento humano e determinam a 
produção oral ou visuoespacial, dependendo da modalidade das 
línguas (falada ou sinalizada),da formação das palavras, da construção 
das sentenças e da construção dos textos. Os princípios expressam 
as generalizações e as regularidades da linguagem humana nesses 
diferentes níveis (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 16).
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
12
Os estudos linguísticos partem da observação/descrição dos fenômenos da 
língua (ou seja, diferentes usos) para observar as regras que surgem a partir destes fenômenos. 
Desta forma, a observação linguística é posterior à observação das sentenças.
IMPORTANT
E
Por exemplo, ao observarmos as seguintes sentenças:
O uso do termo sentença na teoria linguística tem como base eliminar as 
confusões que os termos frase, oração e período, utilizados pela Gramática Tradicional, 
trazem, pois o termo sentença é utilizado para um conjunto de constituintes combinados de 
acordo com as regras sintáticas da língua. Por ora, não vamos entrar em detalhes, pois estes 
conceitos serão explicados mais adiante neste livro.
NOTA
Embora as três sentenças retomem a mesma informação: de que a pessoa 
que a emitiu e mais alguém foram ao cinema no dia anterior à fala, cada uma 
se expressa de uma maneira diferente. Em (1) temos um uso mais reconhecido 
socialmente como correto, aquele que víamos na escola ditando regras e normas. 
Já em (2) aparece um uso que não é o padrão normativo, mas já é reconhecido 
como uma forma correta de uso do pronome. Em (3) temos uma forma que a GT 
entende como incorreta, embora seja corrente em diferentes comunidades.
Numa visão linguística de estudo dos fenômenos da língua, a sentença 
(3) seria estudada de modo descritivo e explicativo, ou seja, descrevendo esta 
e outras sentenças com a mesma formação e fazendo uma tentativa de explicar 
o porquê deste uso. Nesta sentença, poderíamos entender que o verbo “ir” foi 
conjugado a partir do sentido que a expressão “a gente” apresenta ao estar no 
lugar do pronome “nós”. Assim, o verbo foi conjugado a partir do “nós” implícito 
e não do “a gente”.
(1) Nós fomos ao cinema ontem.
(2) A gente foi ao cinema ontem.
(3) A gente fomos ao cinema ontem.
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
13
3 AS ÁREAS DA LINGUÍSTICA E OS DIFERENTES 
ASPECTOS DA LINGUAGEM
Como já vimos anteriormente, os estudos linguísticos se dividem em 
diferentes áreas que estudam a partir de diversas perspectivas os fenômenos 
linguísticos observados. Cada uma dessas perspectivas aborda aspectos 
específicos do todo, porque a língua(gem) é extremamente complexa, podendo 
ser estudada em seus muitos aspectos.
 
Voltando às discussões sobre a Linguística como ciência, podemos 
aproveitar a comparação que Mioto, Silva e Vasconcellos (2007) fazem entre a Física 
e a Linguística. É importante termos em mente, neste momento, que o primeiro 
elemento necessário para o estudo é a delimitação do objeto. As diferentes áreas 
da Linguística delimitam seus objetos a partir de diferentes lentes teóricas, cada 
uma se dedicando a observar partes do todo observável da linguagem.
Quadros e Karnopp (2004, p. 17) ainda corroboram:
As áreas da linguística que estudam os vários aspectos da linguagem 
humana são: a fonologia, a morfologia, a sintaxe, a semântica e a 
pragmática. Além dessas, originam-se as áreas interdisciplinares, tais 
como a sociolinguística, a psicolinguística, a linguística textual, [a 
linguística aplicada] e a análise do discurso.
 
Agora, passaremos a um breve estudo dos diferentes aspectos estudados 
pelas áreas da Linguística. Com o objetivo de favorecer a compreensão do 
estudo dos diferentes aspectos, utilizaremos a sentença destacada a seguir para 
exemplificar as diferentes abordagens pelas quais ela pode ser estudada:
(4) João disse que Maria está adoentada.
ATENCAO
Para facilitar a compreensão e evitar problemas de referência aos exemplos, 
todas as sentenças utilizadas neste livro de estudos serão numeradas de maneira sequencial 
contínua dentro de cada unidade, ou seja, a numeração recomeçará do número (1) nas 
unidades 2 e 3.
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
14
3.1 FONÉTICA E FONOLOGIA
No Dicionário de Linguística, “a fonética estuda os sons da língua em sua 
realização concreta, independentemente de sua função linguística” (DUBOIS et 
al., 1973, p. 282, grifo do original). Em relação à fonologia, os autores expõem que:
Fonologia é a ciência que estuda os sons da língua do ponto de vista de sua 
função no sistema de comunicação linguística. Ela estuda os elementos 
fônicos que distinguem, numa mesma língua, duas mensagens de 
sentidos diferentes (a diferença fônica no início das palavras do 
português bala e mala, a diferença de posição do acento, no português, 
entre sábia, sabia e sabiá etc.), e aqueles que permitem reconhecer a 
mensagem igual através de realizações individuais diferentes (voz 
diferente, pronúncia diferente etc.). Nisto se diferencia da fonética, 
que estuda os elementos fônicos independentemente de sua função na 
comunicação (DUBOIS et al., 1973, p. 284-285, grifo do original).
Desta maneira, um estudo fonético sobre a sentença, colocada para 
exemplo, descreveria os sons utilizados nela e analisaria quais são as características 
de articulação, de acústica e de percepção acústica. Já um estudo fonológico 
procuraria observar a diferença que o uso do acento em “está” traz na comparação 
com a palavra “esta”, também existente em língua portuguesa e que apresenta 
uma posição diferente da sílaba tônica, pois em “está” ela se encontra na última 
sílaba e, em “esta”, na penúltima.
Nas línguas de sinais, a fonologia tem duas tarefas. Segundo Quadros e 
Karnopp (2004, p. 47) elas são: “[...] determinar quais são as unidades mínimas 
que formam os sinais” e “[...] estabelecer quais são os padrões possíveis no 
ambiente fonológico”.
 
De acordo com Stokoe (apud QUADROS; KARNOP, 2004, p. 48), “as 
unidades mínimas (fonemas) em ASL são: a) Configuração de mão (CM), b) 
Locação de mão (L) / Ponto de Articulação (PA) e c) Movimento de mão (M)”.
3.2 MORFOLOGIA
Os estudos morfológicos são definidos por Dubois et al. (1973, p. 421-422, 
grifos do original) através de duas abordagens:
1. Em gramática tradicional, a morfologia é o estudo das formas das 
palavras (flexão e derivação), em oposição ao estudo das funções ou 
sintaxe.
2. Em linguística moderna, o termo morfologia tem duas acepções 
principais:
a) ou a morfologia é a descrição das regras que regem a estrutura interna 
das palavras, isto é, as regras de combinação entre os morfemas-
raízes para constituir ‘palavras’ (regras de formação de palavras) e a 
descrição das formas diversas que tomam essas palavras conforme 
a categoria de número, gênero, tempo, pessoa e, conforme o caso 
(flexão de palavras), em oposição à sintaxe que descreve as regras 
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
15
de combinação entre os morfemas léxicos (morfemas, raízes e 
palavras) para constituir frases;
b) ou a morfologia é descrita, ao mesmo tempo, das regras da estrutura 
interna das palavras e das regras de combinação dos sintagmas 
em frases. A morfologia se confunde, então, com a formação das 
palavras, a flexão e a sintaxe, e opõe-se ao léxico e à fonologia. Neste 
caso, diz-se, de preferência, morfo-sintaxe [sic].
Desta maneira, a morfologia estuda como as palavras são formadas a 
partir da combinação dos morfemas (unidades mínimas de significado) e quais 
são as regras que regem as diferentes maneiras que estes morfemas podem ser 
combinados para a formação de palavras. Como em nosso exemplo, a palavra 
“adoentada” é formada por:
a- + -doent- + -ada = prefixo + radical + sufixo
Além disso, pode também ser entendida como o estudo das combinações 
para formação de palavras, destas, em sintagmas, e destes, em frases. Ao estudar 
também a formação de frases, a morfologiase mescla com a sintaxe ao ter uma 
compreensão morfossintática, ou seja, que estuda as palavras, os sintagmas e a 
formação das sentenças.
Em Língua de Sinais, estudos linguísticos em morfologia estudam as 
regras para a formação de sinais, pois “assim como as palavras de todas as línguas 
humanas [...] os sinais pertencem a categorias lexicais ou a classes de palavras, tais 
como nome, verbo, adjetivo, advérbio etc. As Línguas de Sinais têm um léxico e um 
sistema de criação de novos sinais [...]” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 87).
Retomando a sentença que estamos utilizando para análise:
(4) João disse que Maria está adoentada.
Um estudo morfológico que observasse as regras de formação de palavras 
e as categorias de gênero, número, tempo e pessoa poderia observar as partes que 
compõem o verbo conjugado “está”. Ao ser decomposto nas partes que compõem 
esta palavra, teríamos a seguinte análise:
• est-: radical do verbo, parte que traz o sentido dele e se mantém durante o 
processo de conjugação verbal de verbos regulares;
• -á: desinência verbal modo-temporal que demonstra as informações de número-
pessoa (3ª pessoa do singular) e modo-tempo (Presente do Indicativo).
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
16
3.3 SINTAXE
Os estudos sintáticos são definidos por Dubois et al. (1973, p. 559) da 
seguinte maneira:
1. Chama-se sintaxe a parte da gramática que descreve as regras pelas 
quais se combinam as unidades significativas em frases; a sintaxe, que 
trata das funções, distingue-se, tradicionalmente, das da morfologia 
[...]. A sintaxe, às vezes, tem sido confundida com a própria gramática.
2. Em gramática gerativa, a sintaxe comporta vários componentes: 
a base (componente categorial e lexical) e o componente 
transformacional.
Desta maneira, a sintaxe comporta os estudos linguísticos que pretendem 
observar como as sentenças são compostas, ou seja, quais são as regras que 
os usuários da língua utilizam para formar sentenças. Segundo Ferrarezi 
Junior (2018, p. 15), “analisar sintaticamente uma frase não vai muito além de 
compreender como as coisas funcionam ali dentro e dar nomes às diferentes 
partes analisadas”. O autor ainda apresenta o seguinte esquema para explicar os 
níveis de combinação da língua de forma simplificada e com o correspondente 
mais técnico:
FIGURA 2 – NÍVEIS DE INTERAÇÃO DA LÍNGUA
FONTE: Ferrarezi Junior (2018, p. 70)
Vamos observar sintaticamente a construção da frase que estamos 
utilizando para análise nesta seção:
(4) João disse que Maria está adoentada.
(5) *Adoentada disse Maria João.
A frase (5) é agramatical porque a organização dos elementos que a 
compõem não corresponde a uma possibilidade em Língua Portuguesa. Do 
mesmo modo, se pensarmos no sinal e no uso do verbo “DIZER”, em Libras, 
teríamos uma formação agramatical se utilizássemos a estrutura de Língua 
Portuguesa. Isso porque o verbo “DIZER” é um verbo direcional e precisa ter seu 
sujeito e seu objeto marcados no espaço de articulação através do movimento de 
início e fim do movimento de sinalização.
palavras
isoladas
palavras
partes mínimas
textoperíodofrasesintagma
estruturas de
sentido completo
trechos da língua
(com uma ou mais frases)
textos
(faladaos ou escritos)
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
17
ATENCAO
Quando as sentenças forem agramaticais, ou seja, não forem reconhecidas 
como possibilidades dentro do sistema linguístico, é comum utilizar o asterisco (*) como 
forma de marcar esta agramaticalidade.
Uma das regras de transcrição utilizadas neste livro de estudos é que, ao fazer 
referência aos sinais, utilizaremos a escrita em letras maiúsculas. Por exemplo, o verbo 
“DIZER”, em Libras, é um verbo direcional.
NOTA
ESTUDOS FU
TUROS
Mais adiante voltaremos ao estudo das construções gramaticais e agramaticais, 
aos verbos direcionais e às estruturas de Libras.
3.4 SEMÂNTICA
Os estudos semânticos priorizam o estudo do significado das palavras e 
das sentenças. De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p. 21-22):
A semântica trata da natureza e da função e do uso dos significados 
determinados ou pressupostos. É a parte da linguística que estuda a 
natureza do significado individual das palavras e do agrupamento 
das palavras nas sentenças, que pode apresentar variações regionais 
e sociais nos diferentes dialetos de uma língua. Para além desse tipo 
de significado, há aquele do utente da língua que pode incluir o 
literal e o não literal das expressões (casos de ironia e metáforas, por 
exemplo). Apesar dessas variações, existem limites nos significados de 
cada expressão, ou seja, os utentes não podem usar expressões para 
significar o que bem entendem.
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
18
A palavra “utente”, segundo o Dicionário Online de Português: substantivo 
masculino e feminino, usuário; pessoa que faz uso de alguma coisa; quem se serve ou 
desfruta de algo.
FONTE: <https://www.dicio.com.br/utente/>. Acesso em: 20 set. 2018.
NOTA
Assim, os estudos semânticos priorizam o sentido das palavras e 
expressões tanto de forma separada quanto dentro das sentenças, como destas 
entre si. Na frase que estamos usando para análise, o significado dela é que Maria 
tem uma doença e João é quem nos comunica sobre esta doença ao nos dar esta 
informação.
3.5 PRAGMÁTICA
De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p. 22-23):
A pragmática envolve as relações entre a linguagem e o contexto. É uma 
área que inclui os estudos da dêixis (utilização de elementos da linguagem 
através de demonstração -indicação-, que envolve basicamente os 
pronomes), das pressuposições (inferências e antecipações com base 
no que foi dito), dos atos de fala (como se organizam os atos de fala e 
quais as condições que observam, das implicaturas (as coisas que estão 
subentendidas nas entrelinhas, incluindo o significado que não foi dito 
explicitamente e dos aspectos da estrutura conversacional (a estrutura 
das conversas entre duas ou mais pessoas e a organização da tomada de 
turnos durante a conversação).
Ao analisarmos a sentença que estamos usando como exemplo, podemos 
entender os seguintes pressupostos e implicaturas:
(4) João disse que Maria está adoentada.
• João conhece Maria.
• João tem um grau de intimidade com Maria que nos permite saber que ela está 
adoentada.
• João sabe que Maria está doente.
• João está informando alguém que não sabe da doença de Maria.
• A doença de Maria está acontecendo no momento em que João falou sobre sua 
doença.
• A pessoa para quem João falou sobre a doença de Maria conhece tanto João 
quanto Maria.
TÓPICO 1 | O LUGAR DA SINTAXE NOS ESTUDOS DA LINGUAGUEM
19
4 O QUE ESTUDA A SINTAXE?
Neste momento estamos prontos para entender o que a sintaxe estuda. A 
sintaxe é uma das áreas da Ciência da Linguagem – a Linguística – que estuda as 
formas como as palavras se estruturam, em partes mínimas chamadas de sintagmas, 
como os sintagmas se organizam para montar as sentenças e como as sentenças 
simples se juntam para formar sentenças complexas. Em seguida, veremos como 
estas sentenças complexas são agrupadas para a formação de textos.
ESTUDOS FU
TUROS
Nas próximas unidades, estudaremos com mais atenção a formação e os 
conceitos das sentenças, dos constituintes e dos sintagmas.
De acordo com Mioto (2009, p. 9, grifo do original), “a sintaxe estuda 
como é que nós combinamos palavras para formar constituintes maiores, que 
chamamos de sintagmas” O autor também traz uma exemplificação bastante 
interessante sobre as combinações das palavras em sintagmas. A seguir, há 
um exemplo inspirado na maneira como o autor apresenta seu exemplo para a 
combinação de palavras e sintagmas.
Ao combinar as palavras o e gato de forma correta, formamos o sintagma 
[o gato], porém se fizermos a combinaçãode maneira errada, não teremos a 
formação de um sintagma *[gato o].
 
Se as palavras rabo, peludo, gato, o, preto, de são combinadas de maneira 
certa, elas formam um sintagma [o gato preto de rabo peludo], mas se a combinação 
for feita de modo errado, não é formado um sintagma *[rabo de peludo rabo gato o].
 
Mioto (2009, p. 9) também coloca que “a Sintaxe estuda como é que nós 
combinamos sintagmas para formar sentenças”.
 
Se combinarmos corretamente o verbo miou com [o gato] formaremos a 
sentença [o gato miou]. Porém se fizermos a combinação de forma errada *[gato 
miou o], o que é formado não é sentença.
Ao juntarmos, de forma correta, miou com [o gato preto de rabo peludo], ficaremos 
com a sentença [o gato preto de rabo peludo miou], mas se fizermos a combinação de 
forma errada não teremos uma sentença *[o miou gato rabo o peludo preto].
 
Se combinamos Mingau com miou, de maneira correta, teremos a sentença 
[Mingau miou]. Assim, o autor chama a atenção para a extensão dos constituintes, 
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
20
colocando que as combinações em sentenças corretas independem do tamanho 
do constituinte para a formação das sentenças corretas. Portanto, o autor conclui 
que “[...] o que conta para identificar o que é um sintagma não é a extensão do 
constituinte. O que conta para identificar um sintagma é um núcleo, que no caso 
dos constituintes que combinam com sorriu [miou] é o nome menina [gato] ou o nome 
próprio Maria [Mingau]” (MIOTO, 2009, p. 10). Assim, o autor afirma que o importante 
neste exemplo é o núcleo, é um nome, e não a quantidade de palavras envolvidas.
 
Ainda no mesmo texto, Mioto (2009, p. 10) afirma que “a sintaxe estuda, 
também, como é que combinamos sentenças para formar sentenças maiores, as 
chamadas sentenças complexas”.
Se combinarmos a sentença [o gato preto de rabo peludo miou] com [o dono 
chegou] usando a palavra quando, formamos a sentença complexa:
[[o gato preto de rabo peludo miou] quando [o dono chegou]].
Você se lembra do uso dos colchetes lá na Matemática? Pois é, em Linguística 
também os utilizamos, neste caso, é uma das formas utilizadas para a separação dos 
constituintes e das sentenças.
NOTA
Mioto (2009, p. 10, grifo da autora) coloca que a sintaxe estuda como as 
palavras se juntam em sintagmas, os sintagmas se juntam em sentenças, e as 
sentenças se juntam para formar sentenças complexas, e:
Ao estudar isso, a sintaxe procura saber como é que os sintagmas e 
as sentenças se estruturam. Apesar de sintagmas e sentenças serem 
pronunciados (ou escritos) [ou sinalizados] de forma que uma palavra 
venha depois da outra, a sintaxe busca estabelecer como é que as 
palavras se organizam, quais palavras se juntam com quais outras 
para formar os constituintes maiores. Assim, duas palavras que estão 
uma do lado da outra podem pertencer a constituintes diferentes.
Esta definição de estudos sintáticos apresentada por Mioto (2009) é muito 
importante para nossos estudos sobre sintaxe ao longo desta disciplina!
IMPORTANT
E
21
Neste tópico, você aprendeu que:
• A linguagem tem o poder de criar e recriar a realidade, por isso faz parte de 
vários mitos da criação.
• A linguagem é um fenômeno bastante complexo, por isso ela tem sido estudada 
há muito tempo e por muitos teóricos.
• Historicamente, o estudo da linguagem tem registros a partir do século IV a.C. 
e passou por três vertentes principais antes da definição da Linguística como 
ciência: gramática para manutenção das regras, estudos históricos sobre as 
línguas e estudos comparativos entre as línguas entre si.
• A Linguística como ciência nasceu a partir do início de século XX com a 
publicação do livro Curso de Linguística Geral, em que a língua é definida como 
objeto de estudo da Linguística.
• No final do século XX, Noam Chomsky traz uma nova compreensão para a 
Linguística ao apresentar a linguagem como um conjunto finito e infinito de 
sentenças.
• A Linguística é uma Ciência como qualquer das ciências naturais, pois tem os 
mesmos elementos que elas.
• O objeto de estudo da Linguística são os fatos da língua.
• A Gramática Tradicional tem uma visão normativa e prescritiva da língua(gem) 
e a Linguística tem uma visão descritiva/explicativa.
• Para a compreensão dos fenômenos linguísticos, a ciência da linguística 
apresenta diferentes áreas de estudo, tais como a Fonologia, a Fonética, a 
Morfologia, a Pragmática, a Semântica e a Sintaxe.
• A sintaxe é a área de estudos da Linguística que se dedica a estudar a combinação 
das palavras em sintagmas, os sintagmas em sentenças e as sentenças simples 
em sentenças complexas.
RESUMO DO TÓPICO 1
22
1 As áreas da linguagem estudam aspectos diferentes dos fenômenos 
linguísticos. Leia a sentença a seguir e marque V para as afirmações 
verdadeiras e F para as falsas em relação à sentença colocada e à possibilidade 
de estudo dentre as áreas da Linguística:
AUTOATIVIDADE
João disse que largou o cigarro.
( ) Num estudo fonológico deveriam ser estudadas as informações 
subentendidas na frase, por exemplo, João era fumante.
( ) Num estudo sintático dividiríamos esta sentença complexa da seguinte 
maneira: [[João disse] que [largou o cigarro]].
( ) Num estudo semântico estudaríamos o significado das palavras e da 
sentença como um todo.
( ) Num estudo pragmático seriam estudadas as partes que constituem as 
palavras desta sentença.
( ) Num estudo morfológico, o verbo “largou” seria dividido em radical 
“larg-“ mais desinência de modo-tempo e número-pessoa “-ou”.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) F – V – V – F – V.
b) ( ) V – F – F – V – F.
c) ( ) F – V – V – F – F.
d) ( ) V – F – V – F – V.
e) ( ) V – V – V – F – V.
2 A ciência da linguagem se divide em áreas para o estudo dos fenômenos 
linguísticos. Assim, a partir do que estudamos neste tópico, qual é a 
contribuição que o estudo da sintaxe pode trazer para a formação de 
professores e tradutores-intérpretes de Libras?
23
TÓPICO 2
ESTUDOS SINTÁTICOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, tratamos da Linguística e das áreas de estudo que compõem 
a ciência que estuda a linguagem. Também estabelecemos qual é o objeto de 
estudos da sintaxe. No Tópico 2, estudaremos as possibilidades teóricas de 
estudos especificamente sintáticos. Desta maneira, o Tópico 1 tratou de maneira 
mais geral os estudos da Linguística, e o Tópico 2 trará nosso olhar para os estudos 
sintáticos.
Inicialmente, veremos de uma forma breve a história dos estudos sintáticos. 
Em seguida, estudaremos as noções mais tradicionais (GT), aquelas que você com 
certeza já viu na escola em algum momento, e as duas principais tendências dos 
estudos linguísticos dentro da área de sintaxe: a formalista e a funcionalista.
Ao final deste tópico, faremos uma comparação entre as perspectivas 
formalistas e funcionalistas para as análises sintáticas.
2 HISTÓRIA DOS ESTUDOS SINTÁTICOS
De acordo com Berlick, Augusto e Scher (2011, p. 209), a sintaxe só 
começou a tentar se estabelecer como disciplina independente no final do XIX, 
ou seja, ainda antes da linguística de Saussure ter firmado a língua como objeto 
de estudos. As autoras apontam que o trabalho de John Rien O que é sintaxe?, 
publicado em 1894, é o primeiro sinal do interesse pelos estudos dos fenômenos 
sintáticos da língua.
 
Ainda na visão das autoras, é com a divulgação das ideias de Saussure 
no início do século XX que todos os estudos sobre a linguagem humana se 
desenvolvem de forma mais específica, os campos de estudo se delimitam e a 
sintaxe começa a ser reconhecida como um campo de estudos autônomo.
 
Como já vimos anteriormente, em síntese, a sintaxe estuda como se dá a 
formação das palavras em sintagmas, os sintagmas em sentenças e as sentenças 
em sentençascomplexas. Ou seja, tem seu foco na maneira como os elementos se 
organizam para formar elementos maiores. Dessa forma, o objeto de análise da 
sintaxe está bem delimitado, “[...] nem sempre encontramos consenso entre os 
estudiosos sobre a natureza dos processos que ali se desenrolam e a maneira mais 
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
24
adequada de explicá-los” (BERLICK; AUGUSTO; SCHER, 2011, p. 210). Embora 
existam inúmeras teorias que tentam explicar os fenômenos sintáticos, as autoras 
dividem essas diferentes perspectivas em duas grandes vertentes teóricas: o 
Formalismo e o Funcionalismo.
De acordo com Berlick, Augusto e Scher (2011, p. 210), as duas abordagens 
são derivadas da diferenciação feita por Saussure entre as duas partes que 
compõem a linguagem, língua e fala (langue e parole), pois:
No momento em que Saussure propõe a clássica distinção entre langue 
e parole [língua e fala], ou seja, em que define a existência de um sistema 
de convenções, regras e princípios independente do uso linguístico 
[langue ou língua], instaura a possibilidade de se estudar a linguagem 
do ponto de vista estritamente formal ou do ponto de vista de suas 
funções.
Assim, ao colocar a língua como um sistema de convenção, Saussure abre 
espaço para dois tipos de compreensões teóricas: 
1) Aquelas que priorizam um entendimento apenas do sistema de regras 
deslocado de um contexto de uso, ou seja, teorias que pretendem estudar 
como são as relações da língua dentro dela mesma, de forma independente 
do contexto de uso, ou seja, uma visão de descrição formal destas regras 
adquiridas socialmente.
2) Ao mesmo tempo, outro conjunto de pesquisadores se dedica e prioriza a parte 
destas regras em seu contexto de uso social, ou seja, enfatiza o caráter social da 
língua e se dedica a observar como a língua funciona na relação comunicativa 
entre os usuários da língua.
ATENCAO
A publicação do Curso de Linguística Geral foi de extrema importância para os 
estudos linguísticos, não apenas pela delimitação da Linguística como ciência, mas por toda 
a organização dos estudos linguísticos a partir das ideias de Saussure.
3 POSSIBILIDADES TEÓRICAS
 Nas palavras de Ferrarezi Junior (2018, p. 16, grifo da autora):
Ao nos metermos a descrever uma língua, vamos ter que escolher 
uma forma de fazê-la. Há muitas teorias no ‘mercado’, à disposição 
de quem resolver pagar por elas. Podemos tentar uma descrição 
gerativa [formalista], que se propõe a descobrir como as estruturas 
são geradas em nossa mente. Mas podemos optar por uma descrição 
TÓPICO 2 | ESTUDOS SINTÁTICOS
25
‘seca’ da estrutura da língua, o que seria uma descrição estruturalista. 
Podemos, porém, tentar ver como as coisas funcionam no dia a dia, 
o que seria uma descrição funcional. [...] Também, posso não querer 
explicar nada, mas apenas dizer que tem que ser ‘assim e assado’. Aí, 
estou fazendo uma gramática tradicional com tendência normativa.
Para que possa ficar clara a distinção entre a maneira como as possibilidades 
teóricas compreendem os estudos sintáticos, veremos brevemente como a GT, a 
visão formalista e a visão funcionalista explicam os fenômenos sintáticos.
3.1 GRAMÁTICA TRADICIONAL (NORMATIVA)
Nós já estudamos um pouco sobre a Gramática Tradicional (GT) no 
Tópico 1. Aqui veremos a maneira como ela percebe os estudos sintáticos e 
relembraremos algumas nomenclaturas adotadas por ela. Com certeza, você se 
lembra de ter estudado a língua a partir desta compreensão. Muitos terminaram 
o Ensino Médio acreditando que a GT era a única maneira de estudar a língua. 
Também é devido a estes estudos que muitas pessoas acreditam que a Língua 
Portuguesa é muito difícil porque é cheia de regras que não fazem sentido, pois 
estão lotadas de exceções.
Isso acontece porque todas as formas de se normatizar ou prescrever o 
uso das línguas naturais acaba se tornando inviável, pois o uso social da língua 
sempre terá muitas variações linguísticas que, na maioria das vezes, vão se 
distanciar dos usos consagrados que a GT prescreve.
ESTUDOS FU
TUROS
Estudaremos as características das línguas naturais na Unidade 2 deste livro 
de estudos.
A imagem seguinte representa graficamente a ideia de que as mudanças 
linguísticas das línguas naturais não podem ser contidas pela GT. A tentativa 
de conter o crescimento da árvore (língua) dentro da cerca (GT) não funcionou, 
porque a árvore cresceu a partir de seu desenvolvimento natural sem respeitar as 
barreiras (regras) que a cerca tentou impor:
UNIDADE 1 | COMPREENDENDO OS ESTUDOS SINTÁTICOS
26
FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE MUDANÇA LINGUÍSTICA
Gramática Tradicional
Variação Linguística
FONTE: <https://static.boredpanda.com/blog/wp-content/uploads/2014/03/first-world-
anarchists-funny-rebels-16.jpg>. Acesso em: 22 set. 2018.
O entendimento vinculado à GT vai nos remeter a regras predeterminadas 
para a elaboração de frases e períodos. Desta maneira, não se detém a explicar 
ou compreender os fenômenos da língua, sua abordagem, parte daquilo que é 
considerado correto pela tradição gramatical. Por isso, a análise sintática que parte 
da GT é pautada na classificação das partes da oração a partir das regras delimitadas. 
Observe o que uma análise sintática de GT nos diria sobre o seguinte exemplo:
(6) O menino viu estrelas à noite.
• Esta frase é uma oração porque possui verbo.
• O sujeito desta oração é: O menino.
• Este é um sujeito simples porque tem apenas um núcleo: menino.
• O verbo desta oração é transitivo direto, por isso tem como complemento uma 
expressão sem preposição: estrelas.
• Esta oração tem um adjunto adverbial de tempo, ou seja, uma expressão que 
modifica o sentido do verbo dando uma ideia de que em algum momento 
aconteceu a ação dele: à noite.
Observe que nesta parte da explicação adotamos a nomenclatura de frase e 
oração, conforme a GT solicita.
NOTA
TÓPICO 2 | ESTUDOS SINTÁTICOS
27
Caso você ainda se lembre desses conteúdos, normalmente eles eram 
estudados na escola a partir de listas intermináveis de conceitos, classificações 
e frases soltas. Quando o estudo se encaminhava para as sentenças complexas, 
a situação ficava ainda mais complicada, com as orações coordenadas e 
subordinadas.
 
O estudo das classificações nada mais é do que o reconhecimento das 
normas e prescrições colocado em uso para análise das frases da língua. Embora 
os demais modos de estudar a língua também tenham nomes específicos e, às 
vezes, usem uma nomenclatura que reconhecemos da GT, a principal diferença é 
que o foco não está na classificação, mas na descrição e compreensão de como as 
regras aparecem quando observamos as frases/sentenças.
3.2 FORMALISTA
A perspectiva formalista dos estudos da linguagem, segundo Berlick, 
Augusto e Scher (2011, p. 210), estuda as “[...] características internas à língua, tais 
como a natureza de seus constituintes e da relação entre eles, ou seja, do aspecto 
formal da língua [...]”. Desta maneira:
Esta corrente do pensamento linguístico se dedica a questões 
relacionadas à estrutura linguística, sem se voltar especialmente para 
as relações entre a língua e o contexto (situação comunicativa) em que 
se insere. Em outras palavras, para os pesquisadores que seguem esta 
via de análise, a linguagem, ou mais especificamente, a sintaxe deve 
ser examinada como um objeto autônomo (BERLICK; AUGUSTO; 
SCHER, 2011, p. 210, grifo da autora).
Ao afirmar que a sintaxe deve ser examinada de maneira autônoma, 
esta teoria está dizendo que as análises formalistas levarão em conta apenas a 
sentença, sem levar em consideração a situação na qual ela foi utilizada.
Assim sendo, os fenômenos de variação e mudança linguísticas, 
observáveis, por exemplo, na questão da ordem em que se apresentam 
os constituintes sintáticos de uma sentença, deverão ser tratados

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