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7pFQLFR�HP�$JURSHFXiULD &XQLFXOWXUD $1,0$,6�'(�3(48(12�3257( &RWXUQLFXOWXUD $OH[DQGHU�.RKOHU�GRV�6��&DUPR /tYLD�&DUROLQH�3UDVHUHV�GH�$OPHLGD 6RODQJH�0XQL]�6LOYD /tYLD�&DUROLQH�3UDVHUHV�GH�$OPHLGD 6RODQJH�0XQL]�6LOYD &XQLFXOWXUD APRESENTAÇÃO Caro (a) Aluno (a) O Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA sente-se honrado em tê-lo (a) como aluno (a) do Curso Técnico de Nível Médio em Agropecuária a Distância. O IFMA Campus São Luís – Maracanã atua na Educação Profissional desde 1953, priorizando o desenvolvimento do homem com base nas competências e habilidades para exercer um caráter produtivo na sociedade. Assim esta Instituição direciona suas atividades para a formação inicial e continuada de trabalhadores técnicos de nível médio. Respaldado no Art. 39 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9. 394/96 e no Decreto nº 7.589/2011, que institui a Rede e-Tec Brasil, o curso, ora apresentado, foi elaborado com a finalidade de atender um contingente com pouco acesso à educação formal e profissional nas modalidades PROEJA e SUBSEQUENTE. Os materiais e recursos utilizados são desenvolvidos por professores especializados, com vasta experiência no ensino profissionalizante, e aliados à tecnologia da informação e comunicação permitem um ensino inovador e de qualidade. Compõem-se como instrumentos pedagógicos: Material impresso, Ambiente de Ensino e Aprendizagem – AVEA (Vídeos-aulas, fórum, chat e atividade), Seminários, Aulas Presenciais, Práticas, Teóricas e Estágio. A Rede e-Tec Brasil Campus São Luís Maracanã possui em 18 polos um coordenador de polo e tutores presenciais, responsáveis pelo acompanhamento das atividades no polo e na plataforma. O Diploma de Técnico é concedido àquele que concluir com aproveitamento as etapas do curso, sendo capaz de: Projetar e acompanhar empreendimentos agropecuários; Implantar, gerenciar e acompanhar o sistema de controle na produção animal e vegetal; Aplicar e acompanhar com inovações tecnológicas o processo de monitoramento e gestão de empreendimentos; Planejar e gerenciar os incrementos agrícolas, bem como os recursos humanos disponíveis para a produção. Buscar atualização sempre, conhecendo as tendências de mercado da sociedade, bem como sua produtividade. Sabemos dos desafios que esperam por você, caro (a) aluno (a), mas com seu compromisso, dedicação e persistência conseguirá alcançar seus objetivos. Sucesso! Coordenação do Rede e-Tec Brasil IFMA Campus São Luís - Maracanã SUMÁRIO PALAVRA DO PROFESSOR – AUTOR ........................................................................................... 6 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ................................................................................................ 7 PROJETO INSTRUCIONAL ........................................................................................................... 8 Aula 1 – Introdução à Cunicultura ............................................................................................. 8 1.1 Origem e importância da cunicultura ......................................................................... 8 1.2 Situação atual da cunicultura no Brasil e no mundo ................................................. 11 Atividade ................................................................................................................................ 16 Referências ............................................................................................................................. 17 Aula 02 - Características zootécnicas dos coelhos domésticos ................................................. 18 2.1 Classificação dos coelhos domésticos quanto à suas características externas ........... 18 2.1.1 Quanto à comercialização, as raças podem ser divididas em: ........................... 18 2.1.2 Classificação quanto à função econômica:........................................................ 21 Atividade ................................................................................................................................ 22 2.2 Descrição de algumas das principais raças de coelhos domésticos de acordo com sua aptidão zootécnica .............................................................................................................. 22 Atividade ................................................................................................................................ 26 2.2.1 Ordenar as principais partes exteriores dos coelhos domésticos ...................... 26 Referências ............................................................................................................................. 28 Aula 03 – Fatores ambientais importantes na Cunicultura ....................................................... 29 3.1 Fatores ambientais que podem interferir na produção animal ................................. 29 3.2 Interações entre os fatores ambientais e a criação de coelhos domésticos .............. 31 Atividade ................................................................................................................................ 33 Referências ............................................................................................................................. 34 Aula 04 – Coelhos: sistemas de criação, instalações e equipamentos ...................................... 36 4.1 Sistemas de criação ................................................................................................. 36 4.2 Instalações .............................................................................................................. 37 Atividade ................................................................................................................................ 39 Atividade ................................................................................................................................ 46 4.3 Equipamentos ......................................................................................................... 47 Atividade ................................................................................................................................ 52 Referências ............................................................................................................................. 53 Aula 05 – Aparelho digestivo do coelho doméstico, sua exigência nutricional e alimentar ....... 54 5.1 Componentes do aparelho digestivo ........................................................................ 55 Atividade ................................................................................................................................ 57 5.2 Como funciona o aparelho digestivo no coelho doméstico ....................................... 57 Atividade ................................................................................................................................ 60 5.3 Principais nutrientes e suas exigências ..................................................................... 61 Atividade ................................................................................................................................ 68 5.4 Como é a alimentação dos coelhos domésticos ....................................................... 68 Atividade ................................................................................................................................ 72 Referências ............................................................................................................................. 76 Aula 06 – O manejo reprodutivo na cunicultura. .....................................................................78 6.1 Vamos descobrir o que é MANEJO? ......................................................................... 78 6.2 Identificar as características da seleção de animais para a reprodução .................... 79 Atividade ................................................................................................................................ 81 6.3 Manejo de reprodutores .......................................................................................... 81 6.4 Manejo de matrizes e suas crias............................................................................... 82 Atividade ................................................................................................................................ 84 Atividade ................................................................................................................................ 88 6.5 Eliminação de matrizes ............................................................................................ 89 6.6 Sexagem dos animais ............................................................................................... 89 6.7 Castração................................................................................................................. 90 Atividade ................................................................................................................................ 91 Referências ............................................................................................................................. 92 Aula 07 - Como controlar sua criação ...................................................................................... 93 7.1 Sinais de saúde e doenças nos coelhos domésticos .................................................. 93 7.2 Principais doenças dos coelhos domésticos ............................................................. 96 Atividade .............................................................................................................................. 108 Referências ........................................................................................................................... 110 Aula 08 - Como planejar a criação de coelhos domésticos ..................................................... 112 8.1 Planejando a criação .............................................................................................. 112 8.2 Dados zootécnicos ................................................................................................. 113 Atividade .............................................................................................................................. 129 Referências ........................................................................................................................... 130 6 PALAVRA DO PROFESSOR – AUTOR Caro aluno A Cunicultura é o ramo da Zootécnica que trata da criação racional de coelhos, assim nesta disciplina, você estudará a origem dos coelhos tendo a sua domesticação o fator resultante. Veremos também como as suas raças podem ser classificadas e sua importância econômica, abordando os aspectos importantes da criação de coelhos domésticos. O conteúdo abordado lhe deixará apto a responder questionamentos e retirar dúvidas a respeito da Cunicultura, como também estimular você, caros alunos, a iniciar uma criação de coelhos, pelo fato de perceber o valor dos produtos oriundos desta exploração animal. 7 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Esta disciplina será composta por 08 (oito) aulas. Na aula 01, você terá a oportunidade de entender de forma simples a Cunicultura, como os coelhos se tornaram fonte de lucro para o homem no decorrer dos tempos. Na aula 02, você estudará a classificação dos coelhos domésticos, quanto à suas características externas, as principais características de algumas raças de coelhos e a importância do exterior do animal. Já na aula 03, o conteúdo abordado será sobre os fatores ambientais que podem influenciar na criação de coelhos. Os sistemas de criação, instalações e equipamentos, você conhecerá na aula 04. Na aula de número 05, você aprenderá sobre os componentes do sistema digestivo, seu funcionamento, e como se dá a alimentação dos coelhos, na aula 06 falaremos sobre o manejo reprodutivo utilizado na cunicultura. Os sinais de saúde e principais doenças serão vistos na aula 07 e por fim, o planejamento da criação de coelho doméstico na aula 08, desta forma, será iniciado o estudo agora. 8 PROJETO INSTRUCIONAL Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA Campus São Luís - Maracanã Nome do Curso: Técnico em Agropecuária Professor-autor: Prof.ª Esp. Lívia Caroline Praseres de Almeida Prof.ª Esp. Solange Muniz Silva Disciplina: Cunicultura Aula 1 – Introdução à Cunicultura Objetivos da aula Ao final desta aula você deverá ter condições de: Conhecer a origem dos coelhos domésticos. Identificar a situação atual da cunicultura no Brasil e no mundo. Avaliar a importância da cunicultura. 1.1 Origem e importância da cunicultura Antes de iniciarmos o estudo sobre o coelho doméstico, falaremos um pouco sobre domesticação. E você sabe o que é domesticação1? Os conhecimentos acumulados sobre a origem dos coelhos são ainda insuficientes para determinar, com precisão, onde e como se iniciou o trabalho de sua domesticação, esta foi mais tardia quando comparada com a de outras espécies como o cão e a vaca, sabe-se que surgiu da necessidade de se obter alimento, sendo relatado que os romanos já criavam coelhos para produção de carne. Ao se iniciar o estudo sobre os coelhos devemos tomar conhecimento que este é descendente do coelho silvestre europeu, Oryctolagus cunículus, que mesmo antes do nascimento de Cristo quando os fenícios ao chegaram a Península 1 Domesticação: tornar doméstico; adaptar (animal ou planta) à vida em associação com seres humanos. (Fonte: Miniaurélio - o minidicionário da língua portuguesa). 9 Ibérica, no extremo sudoeste da Europa, encontraram um animal desconhecido, que chamaram de I-shphanim (espécie de Damão, um animal peludo e pequeno que já conheciam), o qual daria posteriormente a designação de Hispania, e assim chamada Península Ibérica pelos romanos. Neste local já existiam fósseis que indicavam sua existência há 900 mil anos. Mas é aos monges que se atribuí sua domesticação, uma vez que estes em seu sistema de reclusão tinham que obter formas para produzirem carne em espaços limitados. No século XII o coelho foi introduzido na Inglaterra como animal doméstico e não apenas como selvagem, espalhando-se rapidamente por todo continente europeu e nos séculos seguintes por todo o mundo. Quando falamos da presença do coelho nas Américas nos referimos ao gênero Sylvilagus que abrange os tapitis (coelho-brasileiro, mamífero de hábito noturno) do Brasil e várias espécies da América do Norte, mais precisamente nos Estados Unidos, onde recebem os nomes de cotton tail rabbits (coelhos de cauda de algodão) e marsh rabbits (coelhos dos mangues). São estes certamente os integrantes mais comuns da família dos leporídeos na América do Norte, menores do que as lebres verdadeiras e com membros posteriores, cauda e orelhas mais curtas. Também diferem daquelas nos hábitos, preferindo esquivar-seaté o esconderijo mais próximo a confiar na corrida. Pela aparência e pelo comportamento, assemelham-se bastante ao coelho europeu, embora não cavem galerias. Figura 1.1 Coelho tapiti Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho Acessado em 18/10/2010 Figura 1. 2 Coelho europeu. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho. Acessado em 18/10/2010 10 Para você saber! Já sabemos que os coelhos possuem características semelhantes às lebres, como aspecto fenotípico2. Com toda essa semelhança é possível distingui-las por meio de características próprias que serão vistas a seguir: Tabela 1.1: Diferenças entre coelhos e lebres. Diferenças entre coelhos e lebres Coelho Lebre Nascem sem pelos. Nascem com o corpo coberto de pelo. Período de gestação em média é de 30 dias. Período de gestação em media é de 40 dias. Nascem com olhos fechados. Nascem com olhos abertos. Número de filhotes é de até 15 por parto. Número de filhotes é de até 04 por parto. Possui carne de cor branca. Possui carne de cor vermelha. Animais sociáveis vivem em colônias. Animais não sociáveis vivem isolados. Membros anteriores curtos. Membros anteriores longos. Fonte: MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. 2 Fenotípico: diz respeito à aparência externa do animal. Classificação zoológica Filo: Chordata Subfilo: Vertebrata Classe: Mamalia Ordem: Lagomorfa Família: Leporidae Gênero: Oryctolagus Espécie: Oryctolagus cunículus Fonte: MELO, 2003. Criação de coelhos. 11 1.2 Situação atual da cunicultura no Brasil e no mundo Segundo Márcio Infante, publicado por Délcio Rocha em 15/5/2007, comenta: “Podemos afirmar que atualmente, no mercado interno, não há problemas para a colocação de coelhos e seus produtos, pois a procura e as possibilidades comerciais são superiores à oferta. Quanto às possibilidades de exportação são consideradas ilimitadas. França, Inglaterra, Itália, Japão, Alemanha, Suíça e Estados Unidos são alguns dos países que vem tentando adquirir carne de coelho no Brasil e não conseguem, simplesmente porque a produção brasileira é muito inferior às necessidades dos compradores estrangeiros. Também o mercado para peles se encontra na mesma situação". O Brasil em termos da criação de coelhos no mercado pecuário segundo o IBGE no ano de 2005 possuía um rebanho de 303.640 cabeças valor este que sofreu uma queda de 6,5% se comparado com o ano de 2004, onde o rebanho era composto por 324 582 animais, onde o principal produtor de coelhos no ano de 2005 foi o estado do Rio Grande do sul detendo 33,3% da produção nacional. Sendo sua criação dentre as diversas explorações da cunicultura, caracterizada dentro da produção da América do Sul, com grande parte da criação sendo de origem familiar, ou seja, pequena escala, com produção em relação à população sendo reduzida. 12 Tabela 1.2: Efetivo e produção animal do Brasil no ano de 2004-2005. Efetivos e produção de origem animal – Brasil – 2004-2005 Efetivos e produção 2004 2005 2005/2004 (%) Bovinos 204.512.737 207.156.696 1,3 Porcas criadeiras 4.482.162 4.518.084 0,8 Outros porcos e porcas 28.603.137 29.545.850 3,3 Galinhas 184.786.319 186.573.334 1,0 Galos, frangas, frangos e pintos 759.512.029 812.467.900 7,0 Codornas 6.243.202 6.837.767 10,0 Coelhos 324.582 303.640 -6,5 Eqüinos 5.787.250 5.787.249 0,0 Bubalinos 1.133.622 1.173.629 3,5 Asininos 1.196.324 1.191.533 -0,4 Muares 1.358.419 1.388.665 2,2 Caprinos 10.046.888 10.306.722 2,6 Ovinos 15.057.838 15.588.041 3,5 Vacas ordenhadas (cabeça) 20.022.725 20.631.530 3,0 Leite produzido (l) 23.474.693.678 24.571.536.857 4,7 Ovos de galinha (dz) 2.693.220.081 2.791.548.278 3,7 Casulos (bicho-da-seda) (Kg) 8.044.604 7.448.904 -7,4 Ovinos tosquiados (cabeça) 3.762.578 3.698.903 -1,7 Lã bruta (Kg) 11.172.490 10.777.534 -3,5 Ovos de codorna (dz) 104.063.867 117.637.576 13,0 Mel (Kg) 32.290.462 33.749.666 4,5 Fonte:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=759&i d_pagina=1. 13 Tabela 1.3: Efetivo dos rebanhos, segundo as Grandes Regiões da Federação - Brasil – 2004. Efetivo de rebanhos nas Regiões da Federação Efetivo dos rebanhos Coelhos Ovinos Caprinos Brasil 324 582 15 057 838 10 046 888 Norte 2 397 429 025 148 546 Nordeste 30 594 8 712 287 9 331 460 Sudeste 112 489 543 693 237 416 Sul 172 552 4 515 766 219 455 Centro - Oeste 6 550 857 067 110 011 Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2004/ppm2004.pdf. Dentro da criação de coelhos tendo em foco especificamente a região nordeste, teremos o Estado da Bahia como o maior produtor de coelhos com número equivalente ano 2004 a 23.111 cabeças. Sendo que os Estados do Maranhão, Piauí e Paraíba segundo os dados do IBGE do ano de 2004, não houve efetivo de rebanho economicamente viável. Já o maior produtor regional é o sul do país, onde encontramos o Rio Grande do Sul com um total de cabeças 109.614 cabeças, considerado o maior produtor nacional. 14 Tabela 1.1: Efetivo dos rebanhos em 31.12 e variação anual, segundo as categorias Brasil – 2007 – 2008. Categorias Quantidade (cabeças) Variação anual (2008/2007) (%) 2007 2008 Grande porte 208 992 648 211 420 012 1.2 Bovino 199 752 014 202 287 191 1.3 Bubalino 1 131 986 1 146 798 1.3 Eqüino 5 602 053 5 541 702 (-) 1.1 Asinino 1 163 316 1 130 795 (-) 2.8 Muar 1 343 279 1 313 526 (-) 2.2 Médio porte 61 634 782 62 802 808 1.9 Suíno 35 945 015 36 819 017 2.4 Caprino 9 450 312 9 355 220 (-) 1.0 Ovino 16 239 455 16 628 571 2.4 Pequeno porte 1 135 535 985 1 211 257 708 6.7 Galos, frangas, frangos e pintos 930 040 524 994 305 374 6.9 Galinhas 197 618 060 207 711 504 5.1 Codornas 7 586 732 8 978 316 18.3 Coelhos 290 669 262 514 (-) 9.7 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal 2007-2008. Disponível em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2008/defaulttabzip.shtm>. Acessado em 14/12/2010. 15 Tabela 1.4: Produção mundial de carne de coelho em 2003. Continente Produção de carne de coelho Número de coelhos (x 1000) Toneladas % Europa 552 137 49,9 375 561 Ásia 447 942 40,5 390 785 África 85 591 7,7 72 236 América 21 356 1,9 18 215 Oceania 0 0,0 0 Mundo 1 107 025 100,0 856 797 Fonte: EFSA, 2005 adaptado de FAOSTAT, 2004. Tabela 1.5: Principais países produtores de carne de coelho. Produção dos países produtores de carne de coelho do ano de 2002 a 2005 em tonelada. País 2002 2003 2004 2005 China 423.000 438.000 460.000 500.000 Itália 222.000 222.000 222.000 225.000 Espanha 119.021 111.583 106.612 108.000 França 83.300 77.800 85.200 87.000 Outros países 25.669 26.932 27.216 27.438 Fonte: XICCATO e TROCINO, 2007 adaptado de MANIERO, 2007 e da elaboração Avitalia sobre dados da FAO e SENASA. 16 AtividadeQue tal agora depois de seu estudo, fazermos uma pequena atividade para recordar os tópicos anteriores? Vamos começar! 1. Os coelhos domésticos atuais descendem de quem? _______________________________________________________________ 2. A quem é atribuída a domesticação dos coelhos e por que o fizeram? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. Cite três diferenças entre os coelhos e as lebres. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. Qual o país que lidera a produção mundial de coelhos e como é caracterizada a cunicultura na América do Sul? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 17 Referências Biblioteca Vida Guia de Auto – Suficiência. Aprenda a Criar Coelhos. Editora Três. São Paulo, SP. IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal 2007-2008. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2008/defaulttabzip.shtm >. Acessado em 14/12/2010. MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume I. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1975. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume II. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1988. OLIVEIRA, Narciso C. P. R. Manual Os coelhos. Brasília: Ki-Coelho. 2ª Edição, 1986. VIEIRA, Márcio Infante. Carne e Pele de Coelho: produção, comércio, preparo. São Paulo: Livraria Nobel, 1987. VIEIRA, Márcio Infante. Coelhos: instalações e acessórios. 5ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1979. VIEIRA, Márcio Infante. Para criar bem, conheça os animais. 3ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. VIEIRA, Márcio Infante. Produção de Coelhos: caseira, comercial, industrial. 8ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. Edição revisada e ampliada. Editora Ediouro. 18 Aula 02 - Características zootécnicas dos coelhos domésticos Objetivos da aula Ao final desta aula você deverá ter condições de: Identificar as principais características externas dos coelhos domésticos. Descrever as principais raças de coelhos domésticos. Ordenar as principais partes exteriores dos coelhos domésticos. 2.1 Classificação dos coelhos domésticos quanto à suas características externas Antes de falarmos sobre as classificações dadas aos coelhos domésticos, no que diz respeito as raças, faleremos de forma resumida sobre raça (como podem ser, surgir). Então vamos lá! O termo raça define um conjunto de indivíduos de uma mesma espécie com origem e características comuns, e que, em condições semelhantes, transmitem aos sues descendentes tais características. O que caracteriza as raças, são os fatores fixos e hereditários, isto é, que os indivíduos receberam de seus ascendentes (pais, avós) e que transmitem a seus descendentes (filhos e netos). E você sabe como as raças podem ser classificadas. Então vamos lá! a) Naturais: são mais resistentes, mais rústicas, não são em geral melhoradas e foram formadas sem a intervenção do homem. b) Artificiais: foram obtidas pelo homem que orientou sua formação dentro de critérios pré-estabelecidos, mas sempre com o objetivo de obter as produções de acordo com suas necessidades, conveniências ou desejos. O resultado prático, foram os aumentos de tamanho, forma, peso, produções diversas, maoir poder de assimilação dos alimentos (conversão alimentar) , maior precocidade, melhor ganho de peso, etc, conforme as espécies, raças e animais utilizados. 2.1.1 Quanto à comercialização, as raças podem ser divididas em: 19 a) Esportivas: cujas características desejadas, nem sempre têm valor ecônomico, os animais têm valor apenas estético, animais criados como companhia. Ex: raças anãs de coelhos domésticos. b) Econômicas, comerciais, industriais: são as raças nas quais as características de produção são de grande importância, pois delas dependem os lucros do criador, objetivo da criação. As raças podem ser obtidas: a) Mutações – podem ser fixadas por consanguinidade3. Ex: coelhos da raça Castor Rex. b) Cruzamentos4 de raças previamente selecionadas por especializações – provocar o aparecimento ou a fixação de características desejadas. c) Casualidade: acasalamentos empíricos, ou seja baseado apenas na experiencia, e não no estudo. d) Seleção5: realizada para melhorar e fixar características já existentes. Lembrete! e) Mestiçagem – reprodução entre animais mestiços (animal proveniente de cruzamento de raças diferentes). As raças de coelhos surgiram de diversas formas: Mutações espontâneas. Ex: Castor Rex; Seleção de animais.Ex: Gigante de Flandres; Cruzamento: pode culminar com o surgimento de uma nova raça Lembrete! 3 Consanguinidade: o grau de parentesco entre indivíduos de ascendência comum; 4 Cruzamento: é o acasalamento de animais puros, de raças diferentes, mas da mesma espécie. 5 Seleção: método de reprodução pelo qual são escolhidos, os animais que melhor se enquadrem dentro do padrão da raça, do tipo ou produção desejada e que sejam fecundos, vigorosos e sadios. 20 O produtor não pode ficar fazendo cruzamentos sem conhecimento, visto que, o potencial de reprodução dos animais depende diretamente do método de cruzamento. Agora que já sabemos um pouco sobre o que é raça, como podem ser divididas chegou a hora de sabermos como as raças de coelhos domésticos se classificam: Classificação das raças quanto à cor da pelagem Branca uniforme: Nova Zelândia Branca, Gigante de Flandres Branca, Gigante Espanhol Branco, Angorá Branco, etc. Branca com manchas escuras dispersas: Borboleta, Dalmaciano, etc. Branca com extremidades escuras: Califórnia, Himalaio, etc. Azul: Azul de Viena, Azul de Bevérem, etc. Negra uniforme: Alasca, Preto de Hot, Gigante de Flandres Negra, etc. Negra mesclado: Negro e Fogo, etc. Negra com listra branca: Holandês. Avermelhada: Fulvo de Borgonha, Gigante Espanhol, Nova Zelândia Vermelha, Havana, etc. Prateada: Champagne D’Argente (prateada de campanha) Difusa: Chinchila. Listrado: Japonês. Cinza: Gigante de Flandres Cinza. Classificação quanto ao comprimento do pelo Pelos extracurtos: pelos menores que 1,3 cm. Ex: Castor Rex. Pelos curtos: pelos maiores que 1,3 cm e menores que 2,5 cm. Ex: Polonês. Pelos médios: pelos com 2,5 cm, maioria das raças. Ex: Chinchila, Califórnia, etc. Pelos semilongos: pelos maiores que 2,5 cm e menores que 7,0 cm. Ex: Gigante de Bouscat. Pelos longos: pelos com mais de 7,0 cm. Ex: Angorá. Classificação quanto ao porte físico Grande porte ou gigante: peso adulto acima de 5,0 Kg. Ex: Gigante de Flandres, Gigante de Bouscat, etc. 21 Médio porte: peso adulto de 3,0 a 5,0 Kg. Ex: Califórnia, Chinchila, Nova Zelândia, etc.Pequeno porte: peso adulto de 2,5 a 3,0 Kg.Ex: Havana Rex, Angorá. 2.1.2 Classificação quanto à função econômica: Raças produtoras de carne: embora todas as raças de coelhos produzam carne, somente as de médio porte e grande preenchem os requisitos econômicos, por alcançarem o peso comercial com idade de 60 a 70 dias. Nesta faixa de idade produzem carcaça com rendimento em torno de 60%. Acima de 70 dias, reduzem sua capacidade de conversão de alimentos. Por isso, são consideradas raças para produção de carne as de porte médio, como Nova Zelândia, Califórnia, Chinchila, etc, e as de porte grande Gigante de Flandres, Gigante de Bouscat. Raças produtoras de pele: as raças mais indicadas são aquelas cujos animais sejam de médio porte a grande porte, pois as peles mais valorizadas são as de maior tamanho, boa espessura, com pelos sedosos e em grande concentração, distribuídos de maneira uniforme. Para atender a essas exigências, os animais são abatidos em idade variavél, de 4 a 8 meses, quando a pele já atingiu sua maturidade, e abate dos mesmos é realizado fora do período anual de muda (troca dos pelos). Dá-se preferência as raças de pelagem branca, pois estas peles expressam melhor efeito do tingimento. Raças produtoras de pelos: existe somente uma raça produtora de pelo longos, que é a Angorá com suas variedades, com fios acima de 7,0 cm de comprimento podendo chegar a 20 cm, de acordo com o clima, condições nutricionais, etc. 22 Atividade Com os conhecimentos que você acabou de adquirir que tal aplicá-los agora, com esta pequena atividade. Vamos começar! 1. Como você definiria raça e o que as caracteriza? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2. Como são obtidas as raças? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. Os coelhos domésticos são classificados como? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2.2 Descrição de algumas das principais raças de coelhos domésticos de acordo com sua aptidão zootécnica a) Gigante de Bouscat: pode ser também denominada Branca de Bouscat, originária da França, obtida do cruzamento entre as raças Gigante de Flandres, Prateado de Champanha e Angorá de cor branca. Possuindo pelagem branca uniforme, sendo a única raça que apresenta pelos semilongos. (MELO, 2003) 23 Tabela 2.1: Principais características da raça Gigante de Bouscat. Características da raça Gigante de Bouscat Exterior do Animal Descrição Cabeça Afilada e convexa. Orelhas Tamanho médio, em torno de 15 a 18, posicionada em “V” na cabeça do animal. Olhos Transparentes (apresentando a cor rósea a vermalha). Lombo Largo, um pouco arqueado. Garupa Delineada e cheia. Cauda Cauda: tamanho médio. Membros Fortes, bons aprumos. Pelos Pelos: comprimento médio, sedosos e brilhantes. Função zootécnica Carne e pele. Fonte: MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003./VIEIRA, Márcio Infante. Produção de Coelhos: caseira, comercial, industrial. 8ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. b) Raça Nova Zelândia: a raça Nova Zelândia teve origem nos Estados Unidos, sendo que nos dias atuais esta difundida mundialmente. Originou-se do cruazamento de diversas raças comuns com coelhos brancos americanos, apresentando três variedades de cor: a branca, a vermelha e a preta. Figura 2. 1: Coelho. Fonte:<http://www.coelhoecia.com.br/Racas/Racas.htm>. Acessado em 20/10/2010. 24 Quadro 2.2: Principais características da raça Nova Zelândia. Características da raça Nova Zelândia Fonte: Rolando Arrual Freitas/Aprenda a criar coelhos. Exterior do Animal Descrição Cabeça Arredondada. Orelhas Tamanho médio, em torno de 13 cm, posicionada em “V” na cabeça do animal, tendo suas extremidades levemente arredondadas (fechadas). Olhos Transparentes (se apresentando a cor rósea a vermalha, reflexo da vascularização sanguínea). Lombo Largo, um pouco arqueado. Garupa Larga e arredondada. Cauda Cauda: tamanho médio. Membros Patas: curtas e fortes. Pelos Pelos: comprimento médio, não devem ser compridos. Função zootécnica Carne e pele. Fonte: MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003./VIEIRA, Márcio Infante. Produção de Coelhos: caseira, comercial, industrial. 8ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. Lembrete! As variedades vermelha e preta são pouco difundidas, a branca é a mais trabalhada dentre as demais. 25 c) Raça Angorá: originada do Mar Negro. Sendo que sua seleção como raça ocorreu em 1740, na Inglaterra. É bastante encontrado na Alemanha, Inglaterra e França, pouco difundido no Brasil. Existem variedades de cores, mas a cor branca é a que detém maior valor comercial. Quadro 2.3: Principais características da raça Angorá. Características da raça Angorá Figura 2.3: Raça Angorá. Fonte: < http://www.coelhoecia.com.br/Racas/Racas.htm>. Acessado em 20/10/2010. Exterior do Animal Descrição Cabeça Arredondada. Orelhas Curtas, eretas em “V” Olhos Grandes, coloração rósea em angorás brancos e escuros em angorás de outras cores. Lombo Comprido e ligeiramente arqueada. Garupa Arredondada. Cauda Tamanho médio. Membros Fortes e compridos. Pelos Fino, sedoso, atingindo de 15 a 20 cm de comprimento. Função zootécnica Produção de pelos. Fonte: MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003./VIEIRA, Márcio Infante. Produção de Coelhos: caseira, comercial, industrial. 8ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. 26 Atividade Vamos treinar um pouco! 1. Cite três caracterisitcas da raça Gicante de Bouscat? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2. Quais principais funções zootécnicas dos coelhos e quais os exemplos visto nesta aula? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2.2.1 Ordenar as principais partes exteriores dos coelhos domésticos Agora que você já conhece a classificação das raças e suas características falaremos agora sobre o exterior dos coelhos. Cabeça: geralmente a cabeça dos coelhos são compridas, pouco convexa na parte superior. A fêmea apresenta cabeça mais delicadace fina, quando comparada com o macho que apresenta cabeçamais grossa e curta. O tamanho está relacionado ao sexo, raça, dessa maneira, os coelhos apresentam cabeças diferentes como: pesadas, finas, de pele grossa, entre outras características. Pescoço: localizado entre a cabeça e o corpo do animal, devendo ser curto, musculoso. Somente as fêmeas apresentam papada que é uma prega da pele localizada na borda inferior da garganta. Tronco: parte mais volumosa do corpo, onde estão localizados os órgãos do animal,podendo ser dividindo em sub-regiões: dorso, tórax, peito, ventre, zona genital e cauda. Membros: o coelho possui 2 (dois) membros anteriores e 2 (dois) posteriores, os quais se encarregam de apoiar e movimentar seu corpo. 27 Figura 2.1 - Fonte: Biblioteca Vida Guia de Auto – Suficiência. Aprenda a Criar Coelhos. Editora Três. São Paulo, SP. 28 Referências Biblioteca Vida Guia de Auto – Suficiência. Aprenda a Criar Coelhos. Editora Três. São Paulo, SP. MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume I. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1975. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume II. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1988. OLIVEIRA, Narciso C. P. R. Manual Os coelhos. Brasília: Ki-Coelho. 2ª Edição, 1986. VIEIRA, Márcio Infante. Carne e Pele de Coelho: produção, comércio, preparo. São Paulo: Livraria Nobel, 1987. VIEIRA, Márcio Infante. Para criar bem, conheça os animais. 3ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. VIEIRA, Márcio Infante. Produção de Coelhos: caseira, comercial, industrial. 8ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. Edição revisada e ampliada. Editora Ediouro. 29 Aula 03 – Fatores ambientais importantes na Cunicultura Objetivos da aula Ao final desta aula você deverá ter condições de: Identificar os fatores ambientais que podem interferir na produção animal. Compreender as possíveis interações entre os fatores ambientais e a criação de coelhos domésticos. 3.1 Fatores ambientais que podem interferir na produção animal Os coelhos por possuírem uma grande quantidade de inimigos naturais, onde podemos citar como exemplos as raposas, águias e felinos de grande porte (onça, jaguatirica) que os perseguem durante o dia, estes desenvolveram hábitos noturnos para reprodução e alimentação. Devido a esta adaptação estes animais apresentam deficiência visual diurna, ou seja, não enxergam bem durante o dia, principalmente os coelhos albinos, em contrapartida para suprir essa necessidade o coelho possui uma audição muito aguçada, por isso assustam-se facilmente. Os fortes odores oriundos da falta de higienização adequada, excesso de ruídos, presença de filhotes mortos em decomposição, odores de amônia são alguns motivos pelos quais as matrizes algumas vezes se afastam do ninho e deixam de amamentar as crias. Dentro da criação de coelhos domésticos temos a presença de fatores ambientais que influenciam diretamente sobre os animais que podem ser controlados mediante a utilização de instalações bem construídas, bem localizadas e com bons equipamentos. Dentre os fatores ambientais temos: temperatura, umidade, ventilação, insolação, iluminação, poluição sonora. A seguir veremos algumas imagens de exemplos dos inimigos naturais do coelho: 30 Figura 3.1: Raposa (predador). Fonte: Fonte: Disponível em: <http://www.cincoquinas.com/index.php?progoption=news&do=shownew&topic=1&newid=1067 >. Acessado em 28/10/2010. Figura 3.2: Águia (predador) Fonte: Disponível em: <http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=55&cid=3006&bl=1§ion=2>. Acessado em 28/10/2010. Figura 3.3: Jaguatirica (predador) Fonte: Disponível em: <http://uefoda.blogspot.com/2008_09_01_archive.html>. Acessado em 28/10/2010. 31 3.2 Possíveis interações entre os fatores ambientais e a criação de coelhos domésticos Agora que você conheceu um pouco sobre as interferências que o meio ambiente causa na produção animal a seguir iremos falar sobre estes fatores ambientais. Temperatura – os coelhos por terem se originado em regiões de clima temperado desenvolveram a pelagem, fato que prejudica seu desempenho produtivo e reprodutivo em regiões tropicais como a nossa. Demonstram bom desempenho numa amplitude térmica que varia de 15 a 25ºC, já os filhotes entre 10 a 15 dias, necessitam de temperatura mais elevada, entre 28 a 35ºC. Umidade – para os coelhos domésticos este é um fator que precisa ser bem controlado, pois esta associada às enfermidades respiratórias e oculares e tem efeito na oxigenação do ar. Sentem-se confortáveis quando a umidade oscila entre 60 a 70%, mas admite uma amplitude momentânea de 40 a 90%. Excesso de umidade favorece a manifestação da coriza, pasteurelose, conjuntivite entre outras, além de afetar o processo respiratório. Favorece também a fermentação da ração, potencializa os efeitos da amônia exalada da fermentação da urina, proliferação de moscas e outros insetos que podem causar doenças. Para se evitar esta situação, devemos construir instalações onde o terreno é seco, com boa drenagem, elevado, com leve declínio e longe de brejos e locais com muita umidade. Ventilação – a circulação do ar, no interior das instalações, é de suma importância, pois promove a renovação do ar, ameniza os efeitos da temperatura elevada, assim como elimina o ar quente, rico em umidade e 32 odores indesejáveis. Entretanto, se a ventilação for excessiva, proporciona a queda de temperatura acentuadamente, favorecendo a infestação de microorganismos nocivos aos animais. O controle da ventilação é feito mediante a construção de instalações em locais bastante ventilados, com galpões equipados com cortinas ajustáveis verticalmente. Insolação – radiação solar nas proximidades das instalações é benéfica, pois o calor é um fator esterilizantes, que reduz a umidade aos redores da mesma, assim evitando a proliferação de insetos e de micro- organismos indesejáveis. Entretanto, a incidência de raios solares no interior das instalações, e sobre os animais, é indesejável, para se evitar isso, devemos construir as instalações com seu eixo longitudinal no sentido leste- oeste, assim como um beiral bem acentuado. Iluminação – os coelhos são animais que necessitam de fotoperíodo longo, para manifestarem, com eficiência, o processo reprodutivo, pois as matrizes exigem um período luminoso entre 12 a 16 h, enquanto os reprodutores 8 a 12 h. De acordo com a região, caso o período luminoso não seja adequado, deve-se completar com luz artificial, de preferência estendendo o período do final da tarde, até as 20:30h. Poluição Sonora- os coelhos são animais dóceis e tranqüilos, mas precisam de um ambiente sossegado para terem desempenho satisfatório. Devem ser evitados locais com muito ruído, com presença frequente de pessoas e animais estranhos, pois estes fatores deixam os coelhos nervosos e estressados. 33 Atividade Vamos testar o que você aprendeu! 1. Enumere a 1ª coluna de acordo com a 2ª coluna. (1) Temperatura ( ) Precisão de ambientes tranqüilos, sem presença de zoada. (2) Umidade ( )Fator esterilizante e que diminui a umidade. (3) Ventilação ( ) Fotoperíodo longo para melhor eficiência do processo reprodutivo. (4) Insolação ( ) Promove renovação de ar e ameniza os efeitos da temperatura. (5) Iluminação ( ) Causa enfermidade respiratória e oculares se não for controlada. (6) Poluição sonora ( ) Amplitude térmica variando entre 15 a 25 º C. 34 Referências Biblioteca Vida Guia de Auto – Suficiência. Aprenda a Criar Coelhos. Editora Três. São Paulo, SP. MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume I. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1975. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume II. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1988. OLIVEIRA, Narciso C. P. R. Manual Os coelhos. Brasília: Ki-Coelho. 2ª Edição, 1986. VIEIRA, Márcio Infante. Carne e Pele de Coelho: produção, comércio, preparo. São Paulo: Livraria Nobel, 1987. VIEIRA, Márcio Infante. Coelhos: instalações e acessórios. 5ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1979. VIEIRA, Márcio Infante. Para criar bem, conheça os animais. 3ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. VIEIRA, Márcio Infante. Produção de Coelhos: caseira, comercial, industrial. 8ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. Edição revisada e ampliada. Editora Ediouro. Termômetro (imagem). Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=3037>. Acessado em 28/10/2010. Umidade (imagem). Disponível em: <http://peregrinacultural.wordpress.com/2008/11/18/o-guarda-chuva-poema-de- mauro-mota-para-uso-escolar/>. Acessado em 28/10/2010. 35 Ventilação (imagem). Disponível em: <http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=35 5114>. Acessado em 28/10/2010. Insolação (imagem). Disponível em: <http://fmodia.terra.com.br/portal/blog/alexandrewoolley/200909archive001.asp >. Acessado em 28/10/2010. Iluminação (imagem). Disponível em: <http://miguelitoeducacao.blogspot.com/2009_12_01_archive.html>. Acessado em 28/10/2010. Poluição sonora (imagem). Disponível em: <http://conscienciacriticaedireito.blogspot.com/2009/04/poluicao-sonora-um- mal-que-deve-ser.html>. Acessado em 28/10/2010. 36 Aula 04 – Coelhos: sistemas de criação, instalações e equipamentos Objetivos da aula Ao final desta aula você deverá ter condições de: Identificar os sistemas de criação, instalações e equipamentos. Reconhecer os sistemas de criação, instalações e equipamentos. 4.1 Sistemas de criação Pelos conhecimentos adquiridos nas aulas anteriores referentes à criação de coelhos, nesta você está convidado a conhecer e identificar os sistemas de criação voltados para a Cunicultura, então o que você acha? Vamos lá! Os sistemas de criação serão descritos a seguir: a) Extensivo ou em liberdade Este sistema apresenta os animais criados em sistema de liberdade plena em campos ou áreas com grande extensão territorial apresentando cercas com a finalidade de se evitar fugas. Ao se optar pela presença de cercas estas devem ser de tela de arame grosso com 1 metro de altura, no mínimo, e com 0,5 metros da cerca enterrado no chão para evitar a fuga dos coelhos pelo hábito de cavar galerias. Neste tipo de sistema o cunicultor não possui a opção de criar racionalmente ou mesmo industrialmente o coelho por apresentar algumas dificuldades como: - não conhecer a quantidade exata dos animais; - falta de controle no acasalamento, não sendo possível identificar o parentesco; - maior disseminação de doenças; 37 - maior demanda de custos financeiros e pessoal, entre outras desvantagens. b) Semi-intensivo O sistema semi-intensivo apresenta animais criados em pequenos cercados com abrigos contra as intempéries naturais (sol, chuva, vento, etc.) e com disponibilização do alimento e da água, causando desta forma dependência do homem. Neste encontramos a presença de coelheiras móveis que podem ser colocadas diretamente ao solo, sem a presença de fundo na mesma, para que o animal tenha acesso direto ao alimento. O sistema semi-intensivo apresenta praticamente as mesmas desvantagens do sistema extensivo como maior aumento de gasto na alimentação e mão-de- obra, não sendo recomendado para coelhas em gestação ou lactação. c) Sistema intensivo É o sistema mais recomendado para uma criação racional permitindo a criação intensiva, industrial e comercial com bom rendimento animal e financeiro, com emprego de gaiolas individuais ou coletivas. Como vantagens podemos destacar o maior controle dos animais, controle no acasalamento, monta controlada, diminuição de mortalidade, programação de nascimento e comercialização, melhor seleção de matrizes e reprodutores, maior sanidade animal, maior higiene nas instalações dentre outras. 4.2 Instalações Quando falamos dos sistemas de criação percebemos que cada um possui determinados elementos que são utilizados na criação dos coelhos, estes utilizados corretamente irão facilitar o manejo e oferecer melhores condições de vida para os animais que acarretaram em melhores resultados na cunicultura. A utilização de um bom planejamento, na construção das instalações, deve ser realizado antes que se faça qualquer tipo de empreendimento, sendo observado o conforto dos animais como requisito primordial para uma boa 38 produção e melhores rendimentos, sem esquecer o bem-estar dos coelhos. As instalações não devem apenas oferecer melhores condições de vida aos animais, mas também permitir a racionalização dos trabalhos com a criação. Se você desejar inserir-se no ramo da cunicultura, deve ter em mente que a criação de coelhos poderá ser caseira ou de “fundo de quintal” sendo consideradas pequenas criações, isto é, o criador não visa o lucro, por outro lado temos as criações de padrões comerciais ou industriais que têm o objetivo econômico. Desta forma veremos a seguir alguns itens indispensáveis para que se tenha um bom planejamento e instalações adequadas à criação cunícola, tendo em vista que abordaremos a produção intensiva, que abordará maiores níveis tecnológicos. Com as informações adquiridas, não se esquecendo dos conceitos básicos, onde poderemos fazer adaptações facilmente das instalações e equipamentos para outros sistemas. Pronto! Vamos agora começar com o nosso estudo! As instalações visam o conforto dos animais, como adequar à distribuição das gaiolas no interior das instalações, visando favorecer limpeza, a desinfecção e demais práticas ligadas ao manejo. O mais importante na cunicultura são os fatores devem ser observados na escolha de uma boa localização para implantação da criação, lembrando que você conheceu alguns dos fatores na aula 3, são: Definir qual será o objetivo da criação (carne, lã, pelo, pele ou reprodutores); Disponibilidade de água de boa qualidade, devido sua a importância no processo digestivo e reprodutivo, além de representar 70% do peso corporal do coelho, deve ser potável e a vontade; 39 Por serem dóceis e tranquilos os coelhos tem necessidade de locais que favoreçam o isolamento e tranquilidade, para que tenham um desenvolvimento satisfatório, por tanto evitando locais com muitoruído ou com presença frequente de pessoas e animais estranhos, com o coelhário ficando a uma distância mínima de 500 m de locais como com muito barulho; O local deve possuir condições ambientais favoráveis, para que os animais se sintam desconfortáveis e adoeçam com mudanças bruscas de clima e temperatura; Facilidade de disponibilidade de mão-de-obra qualificada na região para executar as atividades de manejo; Proximidade a centros consumidores e abastecedores para que se diminuam os custos com a produção, na aquisição de insumos e escoamento de produção; Locais com boa infraestrutura de meios de transportes, estradas para que facilitem a distribução dos produtos oriundos da atividade cunícola para comercialização; e Coelhário longe de áreas alagadiças (baixos, brejos) e que acumulem água, retenham muita umidade e tenha boa drenagem. Atividade Com o que você aprendeu nesta segunda parte da aula, responda as questões a seguir. 1. Qual a finalidade das instalações utilizadas na cunicultura? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 40 2. Cite quatro fatores que não deveram ser esquecidos ao se fazer uma orientação na escolha do local, para dar-se início a criação de coelhos. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. De acordo com o que você respondeu anteriormente e com os conhecimentos adquiridos neste inicio da segunda parte da aula, na sua cidade existe alguma área que poderia ser utilizada pela cunicultura, se sua resposta for sim, explique o porquê desta escolha? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ As criações de coelhos podem ser feitas ao ar livre, em gaiolas construídas ou montadas fora de galpões, ou em gaiolas abertos ou fechados. A escolha da melhor instalação depende principalmente das condições ambientais da região e da quantidade de animais a se produzir. Instalações ao ar livre: Só e recomendada para pequenas criações, com até 50 matrizes, estas apresentam menor custo de implantação, porém têm algumas desvantagens, como menor controle do meio ambiente, requer maiores cuidados sanitários e os equipamentos ficam expostos a intempéries, estragando-se rapidamente. Para melhor controle dos fatores ambientais, as gaiolas precisam ser fechadas nas laterais, no fundo e na parte superior, devendo ser construídas e montadas em locais sombreados por árvores com copa fechada e de folhas caducas, que caem durante determinado período do ano (dormência de outono). 41 Figura 4.1: Coelhário sobre proteção de telhado. Fonte: Criação de coelhos em quintais, nas regiões tropicais. 2008. À frente e o piso das gaiolas precisam ser frestadas para a observação diária dos animais e para escoamento dos dejetos. O piso pode ser feito com bambu, tela plana com malha fina e ripas de madeira, entre outros, o espaçamento entre as peças do piso deve ser de 1,5 cm. A cobertura pode ser feita com telhas de barro, sapé ou amianto, as portas devem possuir dimensões que permitam o acesso do ninho e o manuseio dos animais sendo voltado para o norte evitando desta forma o excesso de sol na instalação. Neste tipo de criação, as gaiolas de arame galvanizado próprias para os coelhos podem ser utilizadas, bastando construir suportes para sua sustentação e providenciar proteções nas laterais e na cobertura, como também quebra ventos para neutralizar as correntes de ar, já que estas gaiolas não apresentam proteção nas laterais. As distribuições das gaiolas deveram ser feita em fileiras simples ou duplas, de preferências em único nível para facilita a higienização. 42 Figura 4.2: Coelhário com proteção de telhado e árvores contra ação dos ventos, chuva e sol. Fonte: Criação de coelhos em quintais, nas regiões tropicais. 2008. Galpões: São construídos para oferecer aos animais ambientes e condições adequadas, para que os coelhos possam manifestar o potencial genético. Na construção dos galpões, deve-se levar em consideração o controle dos fatores ambientais (temperatura, umidade, ventilação, luminosidade, radiação solar, poluição sonora, e odorífera). Durante a construção a altura do pé direito, adotando-se uma altura de 2,8 a 3,5 m, quando o telhado se apresentar com duas águas, e 2,5 a 2,8 m, quando com uma água. Recomenda-se construir o lanternim, dispositivo encontrado na cumeeira do galpão, que funciona como um exaustor renovando o ar, onde o ar quente, mais leve, sobe em relação ao ar frio, assim o lanternim elimina o ar quente rico em odores desagradáveis (ar viciado) e permite uma circulação e troca com o ar fresco e oxigenado. 43 Figura 4.3: Pé – direito de estrutura. Fonte: Disponível em: <http://ceccasaeconstrucao.net/dicas-decoracao-sugestoes- para-pendurar-quadros?id=103>. Acessado em 13/12/2010. Figura 4.4: Circulação de ar dentro do galpão. Fonte: Criação de coelhos em quintais, nas regiões tropicais. 2008. Figura 4.5: Exemplo de dimensões do lanternim. Fonte: Disponível em: <http://www.nordesterural.com.br/nordesterural/matler.asp?newsId=789> . Acessado em 13/12/2010 44 O beiral deve ser pronunciado e ter entre 1,0 a 1,2 m, para evitar a incidência dos raios solares, ventos e chuvas no interior das instalações (0,4 m beiral para cada metro de pé direito telado). Adotar as paredes laterais abertas, construindo parede de 30 cm de altura e com tela a partir de 30 cm de altura até o teto, completados com um sistema de cortinas de ajuste vertical, fechado de baixo para cima, que permitirá controla a ventilação de acordo com a necessidade, evitando choques térmicos nos animais com laterais do galpão deveram ser teladas. De acordo com as condições ambientais da região do tipo de telha e constituição do telhado, que pode ser instalado forro de ráfia ou material similar, acompanhando a inclinação do telhado, as telhas devem ser preferencialmente de barro. Beiral Figura 4.6: Beiral do telhado. Fonte: Disponível em: <http://www.toptelha.com.br/configuracao_telha.php>. Acessado em 13/12/2010. Figura 4.7: Beiral para regiões de alta intensidade de chuvas Fonte: Disponível em: <http://www.nordesterural.com.br/nordesterural/matler.asp?newsId=789>. Acessado em 13/12/2010. 45 Para melhorar as condições em relação à umidade, odores, higienização e facilidade de limpeza, devem ser construídas valas coletoras de dejetos sob as gaiolas. A estrutura e profundidade dependerão da permeabilidade do solo, período de armazenamento já estabelecido ou criação de minhocas nas valas. As valas são construídas com uma profundidade de 80 cm, quando forem utilizadas apenas para a coleta de dejetos, e de 110 cm quando são utilizadas, também para criar minhocas. A largura e o comprimento da vala relacionam-se com as dimensões das gaiolas (largura e comprimento), e deve projetar 20 cm além das linhas de gaiolas,em todos os sentidos, as paredes são verticais e devem ser revestidas. As gaiolas devem ficar a uma altura de 80 a 90 cm acima da vala, para evitar que o jato de urina caia no corredor. As valas devem receber uma boa drenagem, com isso o fundo das valas não é revertido e nem socado (batido), mas recebem alguns elementos com finalidades que facilitaram a eliminação de umidade e odores desagradáveis no interior das instalações. Desta forma, é colocada primeiramente uma camada de 8 cm de brita nº 1, depois uma camada de 8 cm de brita nº 0, depois uma camada de 15 cm de carvão vegetal e finalmente uma camada de 15 de areia lavada. As camadas de brita isolam a umidade no fundo da vala, já o carvão vegetal filtra umidade e absorve os odores, minimizando a poluição ambiental, a areia lavada facilitará a drenagem e evita o contato dos dejetos com o carvão, o que dificultaria a sua retirada, feita normalmente uma vez por ano. Figura 4.8: Vala coletora com suas camadas de brita, areia e carvão. Fonte: Apostila e – Tec Brasil, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena. 46 Esta estrutura permite drenar a umidade da urina, dos bebedouros e até mesmo a oriunda da higienização do local, retém os dejetos na parte superior, ficando apenas a umidade suficiente para serem curtidos e posteriormente retirados, proporcionando ambiente com baixos níveis de odores oriundos da fermentação dos dejetos (urina e fezes), controlando a proliferação de moscas. Atividade Para melhor fixação do conteúdo estudado responda a atividade a seguir. Vamos começar! 1. De acordo com o que você aprendeu na segunda parte desta aula, preencha os espaços vazios colocando V para verdadeiro e F para falso. ( ) As instalações ao ar livre devem ser utilizadas para criação de 200 matrizes ou mais. ( ) Os quebra-ventos na cunicultura são utilizados para neutralizar as correntes de ar. ( ) O lanternim tem por função eliminar o ar fresco e oxigenado de dentro da instalação, permitindo a entrada do ar viciado rico em odores. ( ) O beiral deve ser prolongado e possuir de 1 a 1,2 m para diminuir a incidência do vento, chuça e raios solares. ( ) As valas coletoras de excretas irão melhorar as condições do galpão em relação a umidade, odores, higienização e facilitando a limpeza. ( ) Os elementos presentes nas valas coletoras são: a brita, o carvão e a areia lavada. 2. Qual a função da vala coletora? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 47 4.3 Equipamentos Na cunicultura são utilizados vários equipamentos como exemplos, têm-se as gaiolas, ninhos, comedouros, bebedouros, prancha e tatuador, entre outros equipamentos com características, composição e graus de tecnologia diferentes, todos utilizados no controle e manejo sanitário do plantel. Veremos a seguir os principais equipamentos utilizados na criação de coelhos. Gaiolas: tem por finalidade de abrigar e proteger os animais, elas facilitam o manejo, o controle sanitário e a alimentação dos animais, estas são encontradas em vários modelos e dimensões, são confeccionadas com bambu, madeira, tela e em arame galvanizado. Na aquisição de uma gaiola deve-se considerar a área mínima de conforto por animal, de acordo com seu desenvolvimento ou estagio fisiológico. Assim para filhotes de 30 a 70 dias, recomenda-se uma area mínima de 0,08 m² por animal, e uma lotação máxima de 10 animais por gaiola, já nos animais de reposição (machos e fêmeas) dos 70 a 120 dias, requerem área de de 0,33 m², esta capacidade tambem é utilizada para reprodutores e matrizes gestantes, e as lactantes 0,48 m², todos alojados individualmente. As gaiolas devem ser confeccionadas com arame galvanizado, por ser mais durável e de fácil limpeza, não absorve umidade e se mantém sempre seco. As gaiolas destinadas a alojamento de animais com 3 a 5 kg de peso vivo (médio porte), o suporte do piso é feito com arame nº 12 e o piso propriamente dito deve ser confeccionado com arame nº 14, para animais com peso maior que 5 kg de peso vivo (grande porte) o suporte do piso é feito com arame nº 10 e o piso propriamente dito com arame nº 14, na confecção dos pisos os arames de suporte ficam a 5 cm de distância entre si e do piso propriamente dito as frestas possuem 1,5 cm. As laterais da gaiola devem possuir até a altura de 15 cm em relação ao piso, frestas de 3 x 3 cm, daí até o teto 3 x 6 cm, o teto pode ser confecionado com frestas de 6 x 6 cm. A porta da gaiola deve ter 35 x 35cm, para facilitar o 48 manuseio e a colocação e retirada do ninho, como sugestão de dimensões de gaiolas sugere-se 80 cm de frente (comprimento), 60 cm de fundo (largura) e altura de 45 cm, totalizando uma área de 0,48 m². Na estruturação interna dos galpões, recomenda-se 70 cm de largura para corredores longitudinais e 1,0 m para corredores transversais, a cada 30 a 40 gaiolas é indicado um corredor transversal com saída para o exterior, facilitando a operacionalização e circulação dentro dos galpões. Ninhos: são dispositivos básicos para sobrevivência dos récem nascidos até a idade de 15 a 20 dias, quando já adquiriram sistema imunológico e termorregulados, assim como a audição e visão desenvolvidos . Os ninhos devem apresentar dimensões suficientes, para que corram os trabalhos de parto, e posteriormente a amamentação dos filhotes de maneira confortável, sendo composto de uma caixa ou caixote, dentro do qual se coloca maravalha de madeira, capim ou material similar, sempre limpo, seco e desprovido de odores fortes, que é completado com os pêlos que a coelha retira das partes baixas do corpo, nas vésperas do parto. Os ninhos devem ter as seguintes dimensões para os animais de porte médio a grande: - comprimento de 45 cm; - altura – 01 (parte de trás) de 30 cm; - altura – 02 (parte da frente) de 15 cm; - largura de 30 cm - teto de 30 cm com abertura oblíqua frontal (em bisel) de 15 cm acima do piso do ninho, no sentido do comprimento. Podem ser confeccionados em vários materiais, sendo que a chapa galvanizada apresenta algumas vantagens como maior durabilidade, mais higiênica, leve, e com pouca necessidade de manutenção. 49 Figura 4.9: Coelho dentro de ninho. Fonte: Apostila e – Tec Brasil, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena. Figura 4.10: Dimenões do ninho. Fonte: Criação de coelhos em quintais, nas regiões tropicais. 2008. Comedouro: existem vários modelos, tipo calha, vaso, cuia, etc. entretanto recomenda-se o semi-automático, que armazena e disponibiliza o alimento por determinado tempo, sem problemas e são abastecidos pelo lado externo da gaiola com menor mão-de-obra. Para dimensões dos comedouros temos boca (local de captura de alimento) com 25 cm de frente x 7 cm de largura, profundidade de 6 a 8 cm, depósito com 25 cm de frente por 8 cm de alrgura com capacidade de 2 kg de armazenamento. 50 Figura 4.11: Comedouro. Fonte: Disponível em: <http://www.aviagro.pt/pdf/mc01.pdf>. Acessado em 14/12/2010. Bebedouros: devem fornecerágua fresca e em quantidade suficiente, mantendo a qualidade desta. Existem vários modelos, tipo calha, vaso, cuia, etc., mas o mais recomendado é o tipo automático, um niple afixado em tubulações de pvc, instalados a uma altura, em relação ao piso da gaiola de 20 cm, para todas as categorias. Figura 4.12: Bebedouro. Fonte: Apostila e – Tec Brasil, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena. 51 Prancha: confeccionada com bambu, e/ou tubos pvc. É importantíssimo no manejo pré-desmame dos filhotes, pois, após 20dias de idade, quando inicia o consumo de alimentos sólidos, são induzidos ao consumo crescente de ração, mas a altura de 4 a 6 cm não permite esse ecasso adequado, então utiliza-se a prancheta para reduzir esta altura. Deve ter 45 cm de comprimento, 30 cm de largura, e 4 cm de altura, e a mesma serve tambem para recuperação de animais com calosidade nas patas. Tatuador: usado para marcação ou identificação dos animais no período da desmama, o que é básico para o manejo reprodutivo e o controle zootécnico do rebanho, sendo o mais recomendado o que permite o uso de números e letras. Figura 4.13: Tatuador Fonte: Disponível em: <http://www.walmur.com.br/site/produtos.asp?idprodutocategoria=25>. Acessado em 13/12/2010 Exemplos de outros equipamentos têm-se: seringas de injeção, balanças, pulverizador, lança-chamas, materiais de limpeza (vassoura, escova, sabão), etc. 52 Atividade Já cansou? Deu sono? Então para você acordar pense rápido e responda a atividade a seguir. 1. Dentre os equipamentos vistos nesta aula, temos as gaiolas. Como você e um bom aluno e leu o conteúdo ministrado qual a área mínima que os coelhos ocupam quando estão nas idades de 60 dias e 110 dias? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2. Como deve ser o ninho utilizado pela coelha e láparos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. Quais as dimensões que os comedouros devem possuir e qual o tipo de bebedouro mais recomendado? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. Qual a função do tatuador? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 53 Referências Apostila e-Tec Brasil, Escola Aberta do Brasil. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena. Biblioteca Vida Guia de Auto – Suficiência. Aprenda a Criar Coelhos. Editora Três. São Paulo, SP. MELLO, Hélcio Vaz de; SILVA, José Francisco da. Criação de coelho. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume I. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1975. MILLEN, Eduardo. Zootecnia e Veterinária: teoria e práticas gerais Volume II. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1988. OLIVEIRA, Narciso C. P. R. Manual Os coelhos. Brasília: Ki-Coelho. 2ª Edição, 1986. VIEIRA, Márcio Infante. Carne e Pele de Coelho: produção, comércio, preparo. São Paulo: Livraria Nobel, 1987. VIEIRA, Márcio Infante. Coelhos: instalações e acessórios. 5ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1979. VIEIRA, Márcio Infante. Para criar bem, conheça os animais. 3ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. VIEIRA, Márcio Infante. Produção de Coelhos: caseira, comercial, industrial. 8ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: Livraria Nobel, 1980. XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. Edição revisada e ampliada. Editora Ediouro. SCHIERE, J.B.; CORSTIAENSEN, C.J. Criação de coelhos em quintais, nas regiões tropicais. Wageningen, Fundação Agromisa e CTA, 2008. Disponível em: <www.agromisa.org/displayblob.php?ForeignKey=264&Id=207>. Acessado em 01/12/2010. IMAGEM DO COELHO LOCALIZAÇÃO. Disponível em: <http://animais.blogmaneiro.com/wp-content/gallery/desenho-de-coelho-para- colorir/desenho-de-coelho-para-colorir-15.jpg>. Acessado em 01/12/2010 54 Aula 05 – Aparelho digestivo do coelho doméstico, sua exigência nutricional e alimentar Objetivos da aula Ao final desta aula você deverá ter condições de: Identificar os componentes do trato digestivo do coelho doméstico. Explicar o funcionamento do sistema digestivo do animal. Identificar os principais nutrientes e suas exigências para o coelho doméstico. Identificar os principais nutrientes e suas exigências para o coelho doméstico. Saber como é realizada a alimentação do coelho doméstico. Nesta aula convidamos você a aprender um pouco sobre o funcionamento do aparelo digestivo do coelho e como ele é composto. E então vamos lá! O coelho mesmo sendo um animal monogástrico6, é um animal herbívoro, ou seja, se alimenta exclusivamente de vegetais, que tem seu aparelho digestivo adaptado ao consumo de forragem7, possuindo um estômago e ceco desenvolvido e funcional, com uma eficiente flora microbiana8. Estes dois orgãos são os maiores no trato digestivo do coelho e também é onde a maior parte (80%) da digesta9 fica contida. O aparelho digestivo do coelho é contituído de uma via aberta com vários segmentos com formas, dimensções e estruturas variadas, este se inicia na boca e até o anus, possuindo funções de digerir os alimentos, disponibilizar e absorver os nutrientes, que através do aparelho circulatório serão distribuidos 6 Monogástrico: são os animais não ruminantes que apresentam um estômago simples, com uma capacidade de armazenamento pequena. 7 Forragem: é a designação comum dada a alimentação ou revestimento do local onde dorme o animal. 8 Flora Microbiana: O conjunto de bactérias que existem normalmente em determinada parte do organismo, estando em contato com o meio externo, como pele, cavidade oral e vias aéreas superiores, aparelho digestório, vagina, uretra anterior, conjuntiva e ouvido. 9 Digesta: material digerido ou bolo alimentar. 55 por todo o corpo do animal, e os resíduos sem aproveitamento são eliminados através das fezes e da urina. 5.1 Componentes do aparelho digestivo A seguir falaremos um pouco a respeito dos constiuintes do aparelho digestivo. Boca: É a primeira parte do trado digestivo do animal dotada de arcada dentaria de 28 dentes que possuem as funções de apreender o alimento, triturar e moer os alimentos através dos movimentos de propulsão10 e retropulsão11. Língua: Tem como função efetuar a mistura do alimento com a saliva, contribuindo dessa forma para o processo de mastigação, ingestão da água, cecótrofos por sucção12, deglutição de alimentos, além de ser munida de papilas gustativas13 que permitem avaliar o paladar dos alimentos (sabor, textura, etc.), entre outras funções. Esôfago: Este vem a ser um tubo – musculoso que transporta o alimento, já mastigado
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