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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PAOLA BELINASI CACHIONE O poder judiciário brasileiro e sua estrutura Trabalho apresentado ao Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá para a disciplina de Introdução ao Estudo do Direito, para obtenção parcial de média bimestral. Ourinhos 2018 Página 19 INTRODUÇÃO Nesta página, Darcy Ribeiro inicia uma introdução sobre a sua obra, em que busca compreender a formação do povo brasileiro. Ele destaca o impacto da invasão portuguesa em relação aos índios que aqui viviam e os negros que no decorrer da história foram escravizados. Toda essa miscigenação que se difere em raça, cultura, formação social se fundiram criando um novo povo em um novo modelo de sociedade. Novo porque nasce com uma nova etnia nacional com a mistura de diversas culturas que causou a redefinição dos traços culturais. Porque se vê como novo gênero e um novo povo em um novo modelo de estrutura societária, de economia, criada a partir do escravismo e servidão ao mercado mundial. Novo até pela admirável e espantosa alegria e vontade de ser feliz que perpetua e caracteriza o povo brasileiro. Página 20 Por outro lado, velho. Velho porque foi usado como ferramenta de expansão europeia, para gerar lucros aos portugueses que se ocuparam de ser provedores colonial de bens para o mercado mundial, ou seja, extraíam tudo de bom que o Brasil possuía, de plantações, ouro a mão de obra escrava para oferecer ao mercado e enriquecer. A sociedade brasileira, dessa forma, ganhou bastante herança característica da portuguesa, porém com a diferença da presença do que Darcy chama de colorido, os índios e os negros. Dessa forma, nasce o Brasil como um “renovo mutante”, resultado de uma transformação de raças, culturas, entre outros pontos que dão sua característica própria, mas vinculado a raiz portuguesa, que só puderam mostrar suas potencialidades no Brasil. A diferença de tantas raças em um só país poderia ter dividido, mas em vez disso uniu. Sobreviveram as mudanças de fisionomia, a mistura de ancestralidade, e não se diferenciaram, mas se tornaram um só povo, com exceção de pequenas tribos que sobreviviam em ilhas e conservaram sua identidade, mas sem risco de afetar a maioria. É exatamente esta mistura que diferenciou o brasileiro, as raízes negras e indígenas, que os deram as condições ambientes necessárias para sobreviver e trabalhar. Página 21 Embora tenham se tornado um só povo, não significa que se tornaram uniformes, já que haviam questões maiores que influenciavam a população, como por exemplo, a ecologia que impactou sobre as paisagens humanas onde as condições de meio ambiente obrigaram a se adaptarem as regiões, a economia, criando formas diferentes de produção, e a imigração, que introduziu na comunidade aspectos europeu, árabe e japonês, que foram abrasileirados e tiveram influências nas questões sociais onde teve maior concentração de imigrantes. Desta maneira, surgiram o que Darcy chama de modos rústicos, como os sertanejos do Nordeste, caboclos da Amazônia, crioulos do litoral, caipiras do Sudeste e Centro do país, gaúchos da campanha sulina, entre outros, que ficaram mais marcados pelo que tem em comum do que pela diferença regional. A urbanização, embora tenha criado modo de vida na cidade, ajudou a uniformizar ainda mais os brasileiros no plano cultural, sem apagar as diferenças. A industrialização trouxe paisagens de fábricas e as novas formas de comunicação ganhavam novas formas. Apesar de toda essa diferença, o povo brasileiro passou a se comportar como um só. Página 22 O brasileiro se tornou um povo que fala uma só língua, diferenciada apenas por sotaques regionais, bem menos marcados que o sotaque português. Mais do que uma etnia, etnia nacional, em território próprio em um só Estado. Ao contrário da Espanha, Guatemala, na América, por exemplo, que tem sua formação em várias etnias e são divididas e regidas por Estados unitários, e por isso, tomada por conflitos raciais. O fato de ser uma etnia nacional e ter uma uniformidade cultural, segundo Darcy, são os resultados importantes na formação do povo brasileiro, mas não pode esconder as diferenças que existem por trás delas. O Brasil só conquistou essa ideia de “unidade nacional”, como o escritor expõe, depois da Independência, que foi alcançado mediante lutas sangrentas e cruentas, de fato, o único mérito das velhas classes que estiveram a frente do Brasil. Página 23 Em continuidade, Darcy concluiu que esta unidade foi resultado também de um processo continuado e violento de unificação política, que suprimia a identidade étnica e qualquer tendência que pudesse vir a criar movimentos sociais “separatistas”, ou seja, que pudessem desintegrar esta unidade, principalmente os que defendiam construir uma sociedade mais aberta e solidária. Dessa forma, reforçando a repressão social e de classe castigando qualquer um que se enquadra-se nessas condições, como por exemplo, os republicanos ou antioligárquicos. No processo de formação brasileiro, Darcy destaca que se esconde a notável diferença social que dividiu uma camada privilegiada (os ricos) ao restante ao restante da população, criando um distância social tão grande que se tornou difícil de reverter, até maior que a diferença racial existente no país. O fato de serem um povo nação se deu na formação de grupos de pessoas de classes opostas que se juntam para atender às necessidades de sobrevivência e progresso e não pela evolução das formas de sociabilidade. Se deu pela concentração da força de trabalho escravo para atender interesses maiores dos portugueses que, com o uso da violência, que constituíram um verdadeiro genocídio e um etnocídio sem igual. Provocando cada vez mais a diferença social, entre os ricos e os pobres, os dominadores e os oprimidos, aumentando a distância e escondendo debaixo do tapete cultural, étnico e da unidade nacional, tensões e questões traumáticas diferentes. E por outro lado, há o pavor dos ricos que temem a rebeldia das classes subordinadas e para isso usam da violência brutal para combater qualquer autoridade de poder que ameace a ordem. Página 24 Nesta página, Darcy ressalta que o processo de formação social separou os ricos dos pobres e esses dos miseráveis. Com o passar do tempo, essa distância ganhou tanto espaço que a comunicação entre um e outro desapareceu. E os ricos passaram, mesmo em minoria, passaram a maltratar, ignorar e explorar os pobres. Os brasileiros por sua vez que se orgulham, segundo Darcy, da falsa democracia racial não conseguem notar o abismo que separa as camadas sociais. E o mais grave é ver que essa diferença não incentiva os a se rebelar e conquistar melhores condições, mas foi cristalizada e não muda. Os privilegiados sempre se isolam com indiferença e povo sofrido acredita que foi