Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo elaborado por @gaemstudies – INSTAGRAM DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL Capítulo V – Dos crimes contra a honra Resumo feito com base na doutrina de Rogério Sanches Cunha (Manuel de Direito Penal – Parte Especial, Volume único, 2017) e anotações de aula. INTRODUÇÃO • São três delitos contra a honra: calúnia (art. 138), difamação (art. 139) e injúria (art. 140. • A honra é dividida em: o Objetiva: relacionada com a reputação e a boa fama; conceito que terceiros tem sobre os outros. o Subjetiva: relaciona com o juízo individual, em que atribui ao ofendido uma característica negativa; o que a pessoa acredita sobre seus próprios atributos (autoestima, amor próprio, etc.) CONDUTA HONRA OFENDIDA Calúnia (art. 138, CP) Imputar determinado fato previsto como crime, sabidamente falso. Honra objetiva (reputação) Difamação (art. 139, CP) Imputar determinado fato não criminoso, porém, desonroso, não importando se verdadeiro ou falso. Honra objetiva (reputação) Injúria (art. 140, CP) Atribuir qualidade negativa. Honra subjetiva (dignidade, decoro, autoestima) CALÚNIA CONSIDERAÇÕES INICIAIS • Protege-se a reputação da vítima perante terceiros mediante imputação de fato criminoso. • Honra objetiva. • São admitidos os benefícios da Lei 9.099/95 em razão da pena. SUJEITOS DO CRIME • Sujeito ativo: qualquer pessoa pode praticar este crime. Entretanto, não podem ser considerados como autores aqueles que desfrutam de inviolabilidade (senadores, deputados, vereadores), pois contra eles é necessária a vinculação da imputação ao exercício do mandato. o Ex.: (parlamentar sem imunidade). Deputado em uma reunião acusa o síndico de ter roubado dinheiro do prédio. Este fato criminoso é falso, então, incidirá crime de calúnia contra o deputado. • Sujeito passivo: é aquele que sofre a ofensa, podendo ser pessoa jurídica nas hipóteses previstas. o Notórios desonrados (criminosos): os criminosos também podem ser vítimas de calúnia, por mais que suas condutam também tenham sido reprováveis. Ex.: líder de facção criminosa contra quem é imputado crime de estupro (falso). Imputar fatos criminosos e falsos contra pessoa jurídica é configura calúnia, visto que é possível que seu crédito e confiança de mercado possam ser abalados? • Lei 9.605/98 - crimes ambientais e responsabilidade penal da pessoa jurídica • Art. 173, § 5º; art. 225, § 3º, CF. Resumo elaborado por @gaemstudies – INSTAGRAM • A pessoa jurídica pode ser autora de crime de calúnia, como também pode ser vítima quando lhe imputarem falsamente a prática dos seguintes crimes: o Crimes contra a ordem econômica e financeira o Contra a economia popular o Contra o meio ambiente Mortos também podem ser vítimas de crimes de calúnia? • Calúnia contra mortos também é punida (art. 138, § 2º). Contudo, a honra é inerente a pessoas vivas, portanto, os sujeitos passivos serão os parentes interessados na preservação da memória da pessoa morta. o A queixa (art. 145, CP) é movida pelo CADI (arts. 30 e 31, CPP). A autocalúnia é punida? • Caso o agente assuma crime inexistente ou diga que é autor de determinado crime (que em verdade não foi praticado por ele) e faz com que investigações sejam feitas, atrasando ou atrapalhando as atividades estatais, a autoacusação falsa é admitida (art. 341, CP). CONDUTA • A conduta é a imputação de fato criminoso, sabidamente falso, a alguém. Pode o fato ser imputado por palavras, gestos ou escritos. o A FALSA IMPUTAÇÃO DE CONTRAVENÇÃO PENAL NÃO CARACTERIZA CALÚNIA (INVENTIVA IMPUTAÇÃO DE CRIME) E SIM DIFAMAÇÃO. o Menores de idade estão sujeitos à medida de segurança pelo fato, pois tal conduta não será considerada criminosa por falta do elemento 'culpabilidade', isso devido a inimputabilidade. • É falso porque não ocorreu, ou, porque foi outra pessoa que cometeu a infração. o Ex.: se alguém furtou e se diz que estuprou (neste caso, haverá calúnica mesmo que o imputado não seja totalmente inocente); o Ex.: imputação de homicídio sobre pessoa que agiu em legítima defesa. o Ex.: aquele que amplia a potencialidade da calúnia, repetindo o que soube e tornando a ofensa pública. • A honra, pelo entendimento pacificado, é bem disponível. Visto que se o legislador tornou a ação privada, que pode ser extinta pela renúncia ou perdão, se o ofendido deixar de processar o ofensor, o consentimento dele impede o delito. Voluntariedade • É crime de dano, onde há a intenção/vontade de ofender a honra da vítima. Assim é de extrema importância que o autor (tanto o caluniador quando o propalador) tenha consciência de que a imputação é falsa. Portanto, é necessário que haja dolo, que haja intenção de divulgar a ofensa. o Caput: dolo direto ou eventual o § 1º: dolo direto • Não há crime quando for: o Animus jocandi (brincar) o Animus consulendi (aconselhar) o Animus narrandi (narrar fato como testemunha) o Animus corrigendi (corrigir) o Animus defendendi (defender direito) • NÃO admite modalidade culposa. Resumo elaborado por @gaemstudies – INSTAGRAM Espécies de calúnia • Explícita: quando é clara e inequívoca o Fulano é o sujeito que a polícia está procurando pela prática de vários estupros. • Implícita: por mensagem subliminar o Não fui eu quem, por muitos anos, se agasalhou nos cofres públicos - hipótese quando alguém afirma a bancário ou funcionário público que não vive desfalques do banco ou cofres públicos. • Reflexa: dirigida a pessoa que atinge terceiro. o Abortamento com consentimento, que atinge tanto anteriormente a gestante quanto o terceiro que abortou. Exceção da verdade (exceptio veritatis) • Prova da verdade da imputação, fazendo com que a conduta (aqui a calúnia) seja atípica. Trata de defesa indireta, um incidente processual (não existe isolado), onde aquele que foi acusado de ter praticado a calúnia prove que o crime que alegou é verdadeiro. É de interesse público que o verdadeiro autor do crime seja identificado. • É procedimento incidental (não existe isolado, mas dentro de uma ação de calúnia) em que o ofensor, para que se exima da responsabilidade criminosa, apresente provas sobre a real ocorrência do crime, desaparecendo, portanto, o crime de calúnia. Inciso I: se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível. • O ofendido não pode ser responsabilizado por fato que é processado por ação penal privada, que dependia de queixa-crime da vítima, quando a vítima não ofereceu a queixa- crime. Exceto, se neste fato criminoso já houve sentença irrecorrível, quando já foi comprovado o fato delituoso, não existindo, portanto, crime de calúnia. Inciso II: se o fato é imputado a Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. • Por razões políticas e diplomáticas, caso o Presidente da República tiver cometido crime, haverá apuração especial estabelecida na CF. O chefe de governo estrangeiro possui imunidade diplomática. Inciso III: se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. • Uma vez declarada a absolvição do acusado, pela coisa julgada, presume-se a falsidade da imputação. Não há como o fato ser discutido novamente devido a coisa julgada. DIFAMAÇÃO CONSIDERAÇÕES INICIAIS • Protege-se a honra da vítima perante terceiros mediante imputação de fato desonroso não criminoso. • Honra objetiva. • São admitidos os benefícios da Lei 9.099/95, mesmo que majorada pelas circunstâncias do art. 141. SUJEITOS DO CRIME • Sujeito ativo: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo, exceto: o Agentes políticos com imunidade material, onde há anecessidade de vinculação da imputação ao exercício do mandato o Advogados no exercício de sua função o Representantes do MP na defesa do exercício de suas funções Resumo elaborado por @gaemstudies – INSTAGRAM • Sujeito passivo: qualquer pessoa também pode ser sujeito passivo. o As pessoas jurídicas também podem ser vítimas, segundo entendimento majoritário da doutrina, mesmo que a ofensa não atinja diretamente ou indiretamente seus diretores. o Menores, loucos e desonrados também podem ser sujeitos passivos. o Mortos NÃO podem ser difamados. CONDUTA • É a imputação de fato determinado (não criminoso) que seja ofensivo à reputação da vítima. Pode o fato ser imputado por palavras, gestos ou escritos. • É omissa a informação de "propalar ou divulgar" a difamação no art. 139. Contudo, aquele que divulga ou propala o fato acaba também por difamar a vítima, ou seja, pratica nova difamação dando publicidade à já existente. • A honra, pelo entendimento pacificado, é bem disponível. Visto que se o legislador tornou a ação privada, que pode ser extinta pela renúncia ou perdão, se o ofendido deixar de processar o ofensor, o consentimento dele impede o delito (assim como a calúnia - art. 138). Voluntariedade • É necessário o animus diffamandi para caracterizar a difamação. • É crime de dano, onde há a intenção/vontade de ofender a honra da vítima. Assim é de extrema importância que o autor (tanto o difamador quando o propalador) tenha consciência de que a imputação é falsa. Portanto, é necessário que haja dolo, que haja intenção de divulgar a ofensa. Consumação e tentativa • Consuma quando terceiro tem o conhecimento da imputação, mesmo que seja apenas uma pessoa. É crime formal, portanto, consuma-se independentemente do dano (resultado naturalístico). Exceção da verdade • SOMENTE é admitido se o ofendido é funcionário público (art. 327, CP), e ainda, a ofensa deve ser relativa ao exercício das suas funções (art. 139, parágrafo único). o Se a ofensa for dirigida contra o funcionário público fora das suas funções, não será admitida. Não segue a exceção. • A Exposição de Motivos, nº 49, apresenta que tal dispositivo não atinge o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro em visita ao país, por razões políticas e diplomáticas. INJÚRIA CONSIDERAÇÕES INICIAIS • É tutelada a honra subjetiva; o que a vítima pensa sobre ela própria – a autoestima, o amor próprio. • Enquadram-se aqui os xingamentos, as palavras que insultam alguém e tudo o mais que possa afetar a autoestima da vítima. NÃO são fatos, mas sim características. o Dignidade: atributos morais de alguém (chamar alguém de vagabundo, corrupto, ladrão, etc.) o Decoro: ofensa aos atributos físicos e intelectuais de alguém (burro, loira burra, baleia, palito, etc.) • Caput e § 2º: admitem os benefícios da Lei 9.099/95, ainda que incidente causa de aumento do art. 141. Resumo elaborado por @gaemstudies – INSTAGRAM • § 3º: admite-se somente a suspensão condicional do processo, desde que não haja majorante. SUJEITOS DO CRIME • Sujeito ativo: por se tratar de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. • Sujeito passivo: aplica-se a mesma sistemática dos crimes anteriores, contudo, deve a pessoa ter consciência de que sua dignidade está sendo atacada. A autoinjúria é crime? • Não existe autoinjúria, desde que a ofensa não ultrapasse a zona da personalidade da pessoa. o Ex.: pessoa que se chama de esposo traído ou filho de meretriz (injuria a esposa e a genitora). Pessoa jurídica pode ser vítima de injúria? • A PJ não possui honra subjetiva, portanto, não pode ser sujeito passivo do crime de injúria (RT 670/302). Mortos também podem ser vítimas do crime de injúria? • Diferentemente do que ocorre com a calúnia, os mortos não podem ser injuriados. CONDUTA • O núcleo trata da ofensa por ação (palavras ofensivas) ou omissão (ignorar cumprimento) de pessoa determinada, de forma a ofender a sua dignidade ou o decoro. • Não trata de fatos, mas sim a emissão de conceitos negativos sobre a vítima. o Fatos vagos, genéricos e difusos também configuram injúria. Revenge porn: injúria ou difamação? • A divulgação de imagens ou vídeos íntimos de ex-parceiros caracteriza injúria, pois ofendem à dignidade e ao decoro, feita não somente com a intenção de expor e constranger, mas também de transmitir a mensagem de que a vítima é desonrada porque deixou-se fotografar ou filmar em posições eróticas. Voluntariedade • É necessário o animus injuriandi para caracterizar a injúria. • É crime de dano, onde há a intenção/vontade de ofender a honra da vítima. Assim é de extrema importância que o autor (tanto o injuriante quando o propalador) tenha consciência de que a imputação é falsa. Portanto, é necessário que haja dolo, que haja intenção de divulgar a ofensa. • Se houver o animus narrandi, animus consulendi, animus jocandi o fato será atípico. Consumação • É crime contra a honra subjetiva, portanto, consuma-se quando a vítima toma conhecimento. EXCEÇÃO DA VERDADE • Nunca é admitida a exceção da verdade. • Não importa se a característica é verdadeira ou falsa, jamais alguém tem o direito de abalar a autoestima de outra pessoa.
Compartilhar