Buscar

Skinner e a modelagem do comportamento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Skinner e a modelagem do comportamento
Skinner focou seu interesse no papel dos reforçadores na modelagem do comportamento humano ou animal. Iniciou seus estudos em laboratório, inicialmente com ratos e pombos e, mais tarde, com seres humanos. O experimento de maior visibilidade de Skinner foi aquele no qual ele estuda o ratinho dentro de uma caixa, privado de água, condicionando seu comportamento com reforçadores até que o ratinho aprendesse a pressionar a alavanca para obter água. Este experimento ficou conhecido como a ‘Caixa de Skinner’.
Skinner e estudiosos desta abordagem conseguiram ‘provar’ com suas pesquisas a influência dos fatores ambientais na modelagem do comportamento humano, o que confere, pois, a pais e educadores papel central no desenvolvimento de certas habilidades e ações nas crianças. A modelagem é obtida proporcionando-se reforçadores após respostas que gradativamente se aproximam da resposta que se deseja obter. Este método envolve nitidamente princípios do condicionamento operante, descrito aqui anteriormente.
Que semelhança podemos perceber entre os experimentos de Watson e Skinner? 
Podemos dizer que há em comum a busca pelo controle do comportamento manipulando elementos do ambiente que o precedem (os estímulos), como no caso do condicionamento clássico, ou que o sucedem (os reforçadores), como visto no condicionamento operante. 
Desta forma, os princípios descobertos nas situações simuladas de laboratório se aplicam e explicam os comportamentos aprendidos nas situações cotidianas, ao longo da vida de um indivíduo.
Segundo Fontana e Cruz (1997: 30), podemos dizer que pais e educadores, por exemplo, modelam o comportamento da criança por meio de procedimentos que correspondem ao condicionamento operante.
De forma resumida, podemos afirmar que esta abordagem concebe o ser humano como nascendo como uma ‘folha em branco’, aonde vão sendo impressas as aprendizagens a partir da relação com o meio ambiente, moldando os comportamentos que observamos.
Para os comportamentalistas, portanto, desenvolvimento e aprendizagem não se distinguem, são processos coincidentes; eu me desenvolvo, pois aprendo e aprender é desenvolver-se. O que chamamos de desenvolvimento é visto como o acúmulo de aprendizagens adquiridas ao longo da vida.
A ideia de que os comportamentos são aprendidos em função de contingências externas/ambientais e a noção de modelagem do comportamento têm influenciado as práticas educativas até os dias atuais. 
Podemos elencar as seguintes características desta abordagem e sua influência no processo de aprendizagem:
• Elaboração de uma maneira sistemática de planejar, conduzir e avaliar o processo total de ensino e aprendizagem com objetivos específicos, para produzir uma instrução mais eficiente.
• A individualização do ensino é possibilitada por uma adaptação de procedimentos para que se ajustem às necessidades, ritmo e objetivos de cada aluno de forma a maximizar sua aprendizagem (especificação de objetivos, envolvimento do aluno, controle de contingências, feedback constante, apresentação do material em pequenos passos e respeito ao ritmo individual de cada aluno).
• As estratégias desta abordagem visam permitir que um número maior de alunos atinja altos níveis de desempenho.
• Especificação dos objetivos em termos comportamentais, especificação dos meios para se determinar se o desempenho está de acordo com os níveis indicados de critérios, fornecimento de uma ou mais formas de ensino pertinentes aos objetivos. 
• Não há a preocupação em justificar por que o aluno aprende, mas em fornecer uma tecnologia capaz de fazê-lo estudar e produzir mudanças comportamentais.
	Aprendizagem por Modelagem
Constatando que alguns dos comportamentos não corroboravam as leis do condicionamento clássico (Ivan Pavlov) e do condicionamento operante, Albert Bandura desenvolveu aquela que ficou conhecida como a teoria da Aprendizagem por Modelagem ou Aprendizagem Social. 
Popularizada na década de 70, a aprendizagem por modelagem tinha como pressuposto que é no contexto das interacções sociais que se aprendem comportamentos que nos permitem viver em sociedade e que possibilitam o desenvolvimento de capacidades especificas dos seres humanos, como sejam falar, ler, escrever etc. 
Além disso, Bandura defende que muitos dos comportamentos que aprendemos são adquiridos de uma forma bastante mais rápida do que seria possível se fossem adquiridos por sucessivas aproximações e reforços. Ao contrário da linha behaviorista de Skinner, Bandura acredita que o ser humano é capaz de aprender comportamentos sem qualquer tipo de reforço. Para ele, o indivíduo é capaz de aprender através da observação do comportamento dos outros e das suas consequências. 
Nesta óptica, e no contexto da FCT, por exemplo, um formando consegue aprender a embalar os produtos apenas através da observação e imitação de um comportamento, sem que o tutor lhe transmita passo-a-passo como deve fazer e sem necessidade de qualquer reforço.
Para Bandura, muitos dos nossos comportamentos são aprendidos através da observação e imitação de um modelo - modelação ou modelagem. Nesta medida, e ao contrário dos teóricos que abrodámos atrás, o formando intervém activamente no processo de aprendizagem na medida em que não se limita a observar ou a reproduzir de forma exacta o modelo que observa, mas reprodu-lo mediante a interpretação pessoal que faz desse comportamento. 
Não obstante as pessoas serem produto do meio têm também a capacidade de o escolher e do alterar. É por esta razão que muitos preferem a designação de modelagem (Modeling ) à designação de Imitação. Neste pressuposto, o ser humano é moldado pelo pensamento, as regras sociais e por aquilo que se aprende com os modelos transmitidos pelos outros. 
Seguindo o exemplo dado acima, o formando pode, em determinado momento, optar por construir primeiramente todas as caixas e somente depois colocar dentro os produtos, por considerar que essa forma de trabalho é mais rápida e eficaz do que se optásse pelo modelo de embalagem observado que consistia em construir uma caixa e depois encher e assim sucessivamente.
Contudo, para os defensores desta corrente o reforço continua a assumir grande importância uma vez que o indivíduo ao observar o modelo que foi reforçado, ou ao receber o reforço a seguir ao comportamento desejado, vai interiorizar um novo comportamento no seu quadro de respostas. A título de exemplo, admite-se que um comportamento por imitação pode ser reforçado se a pessoa imitada é admirada pelo aprendente.
A aprendizagem por Modelagem pode ser sintetizada em dois princípios básicos:
Princípio da Interação Recíproca
Existe uma interacção recíproca entre factores internos, factores externos e o comportamento do sujeito, através da qual se influenciam mutuamente. Bandura agrupa estes três factores para que nenhum seja considerado um factor independente pois, para ele, não há uma inevitabilidade do ambiente influenciar o sujeito mas antes uma possibilidade. O organismo responde a estímulos do meio, mas também reflecte sobre eles, devido à sua capacidade de auto-reflexão, de aprender pela experiência dos outros e da sua capacidade de prever determinada situação.
Aprendizagem versus Comportamento
A aprendizagem difere do comportamento porque, enquanto a primeira diz respeito à aquisição de conhecimento, o segundo refere-se à evidência ou à demonstração observável desse conhecimento. Podem existir factores (internos ou externos) que nos impelem a não agir da forma que sabemos.
A observação é um conceito chave na teoria de Bandura que defende que na aprendizagem por observação concorrem quatro elementos fundamentais: a atenção, a retenção, a reprodução e a motivação ou o interesse.
Atenção
Não prestamos atenção a tudo, seleccionamos os modelos a que prestamos atenção, de acordo com o sexo e a idade (é mais frequente a imitação de modelos do mesmo sexo e de idades mais próximas de cada indivíduo,de acordo com o estatuto dos modelos (os modelos que apresentam estatuto social mais prestigiado são os mais frequentemente escolhidos para imitação). Por outro lado, a aprendizagem por observação será tanto mais eficaz quanto mais atento o observador estiver ao comportamento apresentado.
Retenção
A informação proveniente da observação será codificada, traduzida e armazenada no nosso cérebro, de acordo com uma organização por padrões, em forma de imagens e de construções verbais. Os observadores que transformam a actividade observada em códigos verbais ou imagens, aprendem, ou retêm a informação muito melhor do que aqueles que se limitam a observar. 
Reprodução
A reprodução consiste na tradução das concepções simbólicas do comportamento, armazenado na memória, em acções correspondentes. 
Motivação/Interesses
A aprendizagem é diferente da execução de um comportamento. Para que um determinado comportamento aprendido seja executado, o indivíduo deve estar motivado para o fazer, o que pode ser alcançado através de incentivos.
A Figura representa os quatro elementos fundamentais que fazem parte do processo de observação. 
Na linha de pensamento dos comportamentalistas que lhe antecederam, Bandura defende que as consequências ditam, em grande medida, o nosso comportamento. 
As ações que geram consequências positivas tendem a manter-se, enquanto as que geram consequências negativas tenderão a desaparecer.

Continue navegando