Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Lei de Ohm e Leis de Kirchhoff Eduardo Destefani Stefanato Física exp. II – Licenciatura em Física – CCENS Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 2019/2 - Alegre-ES Resumo. O presente relatório irá mostrar algumas características inerentes ao circuito em série e paralelo. Para tal, será feita uma associação de lâmpadas e analisado grandezas como corrente e tensão para cada componente no intuito de qualificá-los nas leis de Kirchhoff e de Ohm. Através dos postulados ditos em cada lei, será discutido a veracidade dos resultados com a teoria. Palavras chave: Lei de Ohm, leis de Kirchhoff, série e paralelo. _______________________________________________________________________________________ 1. Introdução O vigente relatório tem como objetivo, com base nas Leis de Ohm e Kirchhoff e nos resultados obtidos para os diversos experimentos realizados, explicar se os resultados estão de acordo com a teoria. Será abordado o conceito e aplicações de dispositivos elétricos ligados em série e paralelo num circuito fechado. Uma ligação em série traduz-se como dispositivos de um circuito ligados no mesmo ramo (caminho entre dois nós consecutivos), em que serão percorridos pela mesma corrente elétrica (I). O potencial elétrico (tensão), no entanto, diminuirá de acordo com a passagem dos elétrons por esses elementos, resistores por exemplo (Fig 1). [1] Fig. 1: Ligação em série de resistores. Uma ligação em paralelo, no entanto, consiste em ligações entre dois nós (pontos do circuito que ligam dois ou mais ramos), apresentando-se em dois ou mais ramos (Fig 2). “Nessas ligações, a corrente elétrica é dividida entre os ramos, os quais apresentam o mesmo potencial elétrico.” [1] Fig. 2: Ligação em paralelo de resistores. 1.1 Lei de Ohm A lei de Ohm, descoberta em 1826 pelo físico alemão Georg Simon Ohm (1787- 1854) garante uma proporcionalidade entre a diferença de potencial (tensão), corrente e resistência para determinado material condutor de eletricidade. Ela veio através do estudo de resistores e sua ligação direta entre a corrente e tensão, sobretudo em bons condutores sólidos como os metais. “O resistor é um condutor com um valor específico de resistência. A resistência de um resistor não depende do valor absoluto e do sentido (polaridade) da diferença de potencial aplicada.” [2] Os resistores dependem da resistência que por sua vez depende da resistividade do material. Ou seja, para encontrar a relação física entre tensão e corrente com a resistência, é necessário estabelecer a resistividade. A densidade de corrente em um condutor depende do campo elétrico e das propriedades do material, no caso sua resistividade. Essa dependência, em geral, é muito complexa. Porém, para certos materiais, especialmente para os metais, em uma dada temperatura, a densidade de corrente possui certa proporcionalidade com o campo elétrico, dada pela razão entre os módulos de ambos que permanece constante. [3] Para valores já estabelecidos de campo elétrico (E) e densidade de corrente (J), pela lei de Ohm, pode-se calcular a resistividade do material pela expressão: ρ=E J (1) Para se obter o módulo do campo elétrico de um condutor com densidade J de corrente, temos pela equação 1: E=ρ J (2) É possível relacionar o valor da corrente I à diferença de potencial nas extremidades do condutor. Supondo que os módulos da densidade de corrente e do campo elétrico sejam uniformes através do condutor, a corrente total I é dada pelo produto da área transversal do fio condutor e densidade de corrente (J). A diferença de potencial V entre as extremidades é dada pelo produto do campo elétrico (E) e comprimento do fio (L). [3] Solucionando nessas equações para E e J e substituindo esses valores na equação 2, temos a expressões a seguir: V=(ρ L A ) I (3) V I = ρL A (4) Para a razão constante da resistividade (ρ) por unidade de comprimento (L/A), temos, na igualdade, a razão de V (tensão) por I (corrente). Essa razão constante é chamada de R (resistência). “Quando ρ é constante, como no caso dos materiais ôhmicos, então R também é.” [3] Logo, a seguinte equação 5 geralmente é chamada de lei de Ohm. R=V I (5) 1.2 Lei dos Nós de Kirchhoff As leis de Kirchhoff levam em consideração algumas termos encontrados em um circuito. O primeiro termo é o nó, “uma junção ou um nó é um ponto do circuito onde ocorre a união de três ou mais condutores. Um nó também é chamado de nodo ou ponto de ramificação.” [3] O nó baseia-se na lei da conservação da carga elétrica. Como um nó não pode acumular cargas, apenas redirecioná-las igualmente, a carga total que entra em um nó por unidade de tempo deve ser igual à carga total que sai. Por simplicidade, sua funcionalidade remete-se a divisor de ramos. Sabe-se que a carga por unidade de tempo é a corrente (I), de modo que, se consideramos positivas as cargas que entram e negativas as que saem do nó, a soma de todas as correntes que entram no nó ou saem dele deve ser igual a zero. [3] 1.3 Lei das Malhas de Kirchhoff Denomina-se malha qualquer caminho condutor fechado, formando “pequenos circuitos” integrados. A lei das malhas é baseada na natureza conservativa das forças eletrostáticas. Esse efeito de conservação pode ser provado quando você percorre “ … uma dada malha, medindo todas as diferenças de potencial através dos sucessivos elementos do circuito. Ao retornar ao ponto de partida, você deve verificar que a soma algébrica de todas as diferenças de potencial é igual a zero; caso contrário, você não poderia associar um potencial definido para o referido ponto.” [3] 2. Procedimento Experimental Antes da aplicação do experimento, algumas precauções foram estabelecidas, dentre elas a verificação de todos os itens do circuito montado para cada dispositivo elétrico. Para isso, fora descrito suas respectivas finalidades, no intuito de verificar a máxima eficiência deles em relação a suas localidades na placa de circuitos. Ou seja, averiguar se cada componentes estava encaixado no devido lugar em cada procedimento e o porque disso. O processo de redução de riscos é o método experimental feito com objetivo de garantir os melhores resultados e evitar falhas intuitivas. A começar pela análise do aparato experimental, contagem de peças e mal funcionamento das mesmas. Em seguida, uma pequena revisão bibliográfica dos conceitos físicos para um melhor manuseio seguro do experimento,bem como, o manual dos equipamentos em. Para o experimento foram utilizados os seguintes materiais: • 2 Multímetros Digitais (ET-1001); • Fonte de tensão 6 Volts; • Placa de Montagem; • 3 Lâmpadas de filamento (6 Volts). Em primeira instância, foi montada a configuração inicial do circuito, composto pela fonte, chave, multímetro e lâmpadas em série. Vide figura 3 e 4. O segundo multímetro é posto em paralelo para medir a tensão entre os terminais das lâmpadas. O primeiro multímetro, que está em série, irá medir a corrente do circuito alimentado pela fonte. Para tal, foi ajustada a escala para 10 A. O segundo multímetro (em paralelo), será ajustado para a escala de 20 DCV. Fig. 3: Circuito principal em série montado. Fig. 4: Diagrama do circuito principalem série montado. Em seguida, como segunda parte do experimento, foi montado um circuito com as lâmpadas em paralelo, como mostrado no diagrama da figura 5. Fig. 5: Diagrama do circuito principal em paralelo montado. Para o mesmo esquema de montagem realizou-se os mesmos procedimentos anteriormente, medição de tensão nos terminais das pilhas. Porém para o circuito em paralelo também foi posto um multímetro em série entre cada lampada I para medir a corrente nos terminais de cada uma. Em ambos os casos de circuito (série e paralelo), foi retirado uma lâmpada para ver o que ocorreria (Fig. 6). Fig. 6: Circuito principal montado com duas lâmpadas. 3. Resultados e Discussão Todas as medidas foram repassadas e suas incertezas calculadas, no intuito de analisar a influência do tipo de associação de componentes elétricos em um circuito. O primeiro multímetro utilizado (Fig. 6) foi posto em paralelo para achar a tensão e o segundo multímetro (Fig. 6) em série para medir a corrente. Diante dos resultados, foi possível construir várias tabelas que descrevem o comportamento da corrente e tensão para cada tipo de circuito (série e paralelo). 3.1 Circuito em Série O circuito em série (Fig. 3) possui todas as lâmpadas no mesmo ramo, logo pelas leis de Kirchhoff, a corrente passadas por elas é a mesma. Com as medidas retiradas do circuito, foi montada a Tabela 1 contendo todos os valores experimentais de tensão e corrente. Tabela 1: Dados de corrente e tensão das lâmpadas em série. Corrente (I) e tensão (V) elétrica do circuito com três lâmpadas em série. Corrente da Fonte Lâmpada Corrente (A ± ΔA) Tensão (V ± ΔV) 0,11 A A 0,11± 0,02 1,8 ± 0,4 0,11 A B 0,11± 0,02 1,9 ± 0,4 0,11 A C 0,11± 0,02 2,4 ± 0,4 Total 0,33 ± 0,04 6 ± 1 Observando os valores da tabela, observa-se que os valores de corrente não se alteram, indo de acordo com os postulados de Kirchhoff. A tensão, entretanto, diminui com o passar dos elétrons pelas lâmpadas (consideradas resistores não lineares). Isso ocorre devido a soma das resistências de cada elemento do circuito em série, que pela lei de Ohm, afeta diretamente na tensão. Esse efeito é observado nos dados da Tabela 1. Portanto, para o cálculo da resistência em um circuito em série, apenas a soma de tensões nos terminais de cada lâmpada será pertinente. A consequência disso é o decrescimento da luminosidade (Fig. 3) das lâmpadas a partir da lâmpada C (maior luminosidade), considerando o sentido da corrente dita de C para A. Tabela 2: Dados de resistência das lâmpadas em série. Resistência (R) elétrica do circuito com três lâmpadas em série. Corrente da Fonte Lâmpada Resistência (Ω ± ΔΩ) 0,11 A A 16 ± 4 0,11 A B 17 ± 4 0,11 A C 22 ± 5 R da associação total 55 ± 8 Para ver possíveis efeitos analíticos e físicos, foi retirada uma das lâmpadas do circuito em série para (lâmpada C), como esperado todas as lâmpadas se apagaram. Isso ocorre por que nesse circuito em série existe apenas um arranjo e uma malha, e quando retiramos um dos componentes por fechar o circuito (qualquer uma das lâmpadas) estamos impedindo a passagem de corrente e estabelecimento de diferença de potencial nos terminais do circuito total. 3.2 Circuito em Paralelo No circuito em paralelo (Fig. 5), existem três ramos e dois nós. Essa divisão permite a formação de três malhas. Como são três ramos, a corrente é distribuída, de acordo com a lei dos nós, para os três 1° 2° ramos (aproximadamente com o mesmo módulo), uma vez que, cada lâmpada possui razoavelmente a mesma resistência. Nesse tipo de circuito a tensão permanece a mesma, pois as resistências não são somadas linearmente. Veja os resultados na Tabela 3, em que respeita os quesitos outrora dados. Tabela 3: Dados de corrente e tensão das lâmpadas em paralelo. Corrente (I) e tensão (V) elétrica do circuito com três lâmpadas em paralelo. Corrente da Fonte Lâmpada Corrente (A ± ΔA) Tensão (V ± ΔV) 0,59 A A 0,21 ± 0,02 5,7 ± 0,4 0,59 A B 0,18 ± 0,02 5,7 ± 0,4 0,59 A C 0,21 ± 0,02 5,7 ± 0,4 Total 0,60 ± 0,04 17 ± 1 A resistência calculada para esse circuito leva em conta a natureza constante da tensão para o circuito total, respeitando a lei das malhas. Logo, para calcular a resistência total devemos levar em conta que a tensão em cada arranjo é igual a tensão da associação total de lâmpadas no circuito. A lei de Ohm garante que a passagem de corrente depende da resistência existente no ramo, isso é garantido pela tensão em cada ramo ser a mesma. Como a resistência de cada lampada é praticamente a mesma, a corrente que passa por cada ramo é dividida igualmente. Portanto, apenas a soma das correntes da Tabela 3 será relevante para os cálculos de resistência da associação. Veja as equações 6 e 7, ela é resultante da lei de Ohm para circuitos em paralelo, em que utiliza-se das leis de Kirchhoff, embasadas na conservação de carga e força eletrostática. V RT =V ( 1 R1 + 1 R2 + 1 R3 ) (6) 1 RT = 1 R1 + 1 R2 + 1 R3 (7) Com base na expressão 7, vemos que o somatório da corrente (V/R) de ambos os lados deve ser a mesma. Como a tensão é constante, podemos estabelecer os valores de resistência para o circuito em paralelo. Tabela 4: Dados de resistência das lâmpadas em paralelo. Resistência (R) elétrica do circuito com três lâmpadas em paralelo. Corrente da Fonte Lâmpada Resistência (Ω ± ΔΩ) 0,59 A A 27 ± 3 0,59 A B 32 ± 4 0,59 A C 27 ± 3 R da associação total 9,5 ± 0,4 Com o mesmo circuito (paralelo), foi retirada uma das lâmpadas (lâmpada C) para ver possíveis fenômenos como o ocorrido em série. Vale ressaltar, que nessa nova associação de lâmpadas foram alterados os números de ramos e malhas. Temos dois ramos e duas malhas, a quantidade nós permanece. Veja o que ocorre quando retiramos uma das lâmpadas na figura 7. Fig. 7: Associação em paralelo com duas lâmpadas (A e B). Ao contrário do circuito em série, todas as lâmpadas restantes mantiveram-se acesas (sem perda de luminosidade). Como em um circuito em paralelo existem múltiplos ramos e malhas, cada lâmpada age de maneira independente. No circuito em série, as lâmpadas eram componentes que compartilhavam da mesma corrente, entretanto, no paralelo temos diferentes correntes em cada ramo que vão de encontro ao nó seguinte. A intensidade da corrente depende da resistência existente no ramo. Com os dados de corrente e tensão (Tabela 5) da nova associação em paralelo, podemos estabelecer a nova resistência encontrada. Tabela 5: Dados de corrente e tensão das lâmpadas em paralelo. Corrente (I) e tensão (V) elétrica do circuito com duas lâmpadas em paralelo. Corrente da Fonte Lâmpada Corrente (A ± ΔA) Tensão (V ± ΔV) 0,44 A A 0,22 ± 0,02 5,8 ± 0,4 0,44 A B 0,22 ± 0,02 5,9 ± 0,4 Total 0,44 ± 0,04 12 ± 1 A mudança de corrente fornecida pela fonte é consequência da relação direta da lei de Ohm que relaciona a corrente com a resistência existente no circuito, uma vez que a tensão é constante (característica do paralelismo). Com os resultados de tensão e corrente podemos calcular a resistência (Tabela 6) da nova associação. Tabela 6: Dados de resistência das lâmpadas em paralelo. Resistência (R) elétrica do circuito com duas lâmpadas em paralelo. Corrente da Fonte Lâmpada Resistência (Ω ± ΔΩ) 0,44 A A 26 ± 3 0,44 A B 27 ± 3 R da associação total 13 ± 1 3.3 Resistência Equivalente Uma análise interessantequanto ao conjunto de resistores não lineares (lâmpadas) é que os conjuntos de lâmpadas poderiam ser substituídas por um resistor equivalente. O valor é calculado pela lei de Ohm tomando os valores totais somados de corrente e tensão de cada circuito. Tal resistor possui um valor cerca de três vezes maior para os circuito em paralelo com três lâmpadas (Tabela 7) e duas vezes maior para o circuito paralelo com duas lampadas, vide Tabela 8. Tabela 7: Dados da resistência equivalente das lâmpadas em paralelo. Resistência (R) elétrica do circuito com três lâmpadas em paralelo. Corrente da Fonte Lâmpada Resistência (Ω ± ΔΩ) 0,59 A A 27 ± 3 0,59 A B 32 ± 4 0,59 A C 27 ± 3 R equivalente 29 ± 3 Tabela 8: Dados da resistência equivalente das lâmpadas em paralelo. Resistência (R) elétrica do circuito com duas lâmpadas em paralelo. Corrente da Fonte Lâmpada Resistência (Ω ± ΔΩ) 0,44 A A 26 ± 3 0,44 A B 27 ± 3 R equivalente 27 ± 3 Para o circuito em série também é possível encontrar um componente equivalente, contudo sua resistência é cerca de 1/3 da resistência encontrada para a associação de três lâmpadas. Veja a tabela 9. Tabela 9: Dados da resistência equivalente das lâmpadas em série. Resistência (R) elétrica do circuito com três lâmpadas em série. Corrente da Fonte Lâmpada Resistência (Ω ± ΔΩ) 0,11 A A 16 ± 4 0,11 A B 17 ± 4 0,11 A C 22 ± 5 R equivalente 18 ± 4 4. Conclusão Em conjuntura, as medidas mostraram a relevância da lei de Ohm, bem como, a sustentação das leis de Krichhoff. Através dos mesmos, foi possível verificar os efeitos dos nós e sua importância na configuração de circuitos com várias malhas e arranjos. Verificou-se que quando dois elementos de circuito são ligados de modo que a mesma corrente passa através de ambos, eles estão em série, ou seja no mesmo arranjo. Quando eles estão ligados de modo que a diferença de potencial (tensão) é a mesma em ambos, eles estão em paralelo, ou seja, em arranjos distintos. A Lei de Ohm mostra o efeito da resistividade na configuração e distribuição da corrente a partir de um nó. Uma corrente não precisa ser dividida igualmente entre os diferentes caminhos; há uma corrente menor ao longo do caminho com maior resistência. Constatou-se também, que as aplicações das leis de Krichhoff são bem mais significativas quando aplicadas à circuitos com várias malhas. Pois são nesses circuitos, que através das medições realizadas, podemos observar os efeitos conservativos de carga e de força eletroestática. 5. Referências [1] HELERBROCK, Rafael. "Circuitos elétricos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/circuitos- eletricos.htm. Acesso em 18 de outubro de 2019. [2] D. W. jearl Halliday, Fundamentos de Física 3 : eletromagnetismos, 10th ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. [3] Y. & FREEDMAN and S. & ZEMANSKY, Física III - eletromagnetismo, 14th ed. Pearson Education do Brasil Ltda, 2015. Lei de Ohm e Leis de Kirchhoff
Compartilhar