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Resumo PNE e Odontologia Hospitalar

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1 
 
 
 
 
PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS – PNE e ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
VARELLIS, M.L.Z. O paciente com necessidades especiais na odontologia: manual prático. 3.ed. São Paulo: Santos, 2017. 
VARELLIS, M.L.Z. Odontologia Hospitalar. 1.ed. São Paulo: Quintessence, 2018. 
Artigos e materiais disponibilizados pela Profa. Keyse Loyanne Batista. 
 Roteiro de estudo – 2019/2 
 
Por Nice de Alvarenga Rabelo 
Colaboração de Leidiana Morais 
nice.alvarengarabelo@gmail.com 
 
HEMATOLOGIA 
 
Ramo da biologia que estuda o sangue e os elementos figurados do sangue: hemácias (glóbulos 
vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. 
A produção desses elementos e os órgãos em que eles são produzidos (órgãos hematopoiéticos): 
medula óssea, baço e linfonodos; e analisa as doenças a eles relacionadas. 
 
 Hemograma Completo: 
 Sangue: 
→ Plasma (60%): 
 Derivam do sistema linfático; 
 Proporcionam veículo para o movimento celular 
→ Células (40%): 
 Produzidas basicamente na medula óssea; 
 Classificam-se em leucócitos (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos vermelhos ou eritrócitos) 
e plaquetas (trombócitos). 
➢ Eritrograma: Estuda alterações nos eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, índices globulares e 
morfologia eritrocitária. 
➢ Leucograma: Estuda a série branca - ou leucócitos, fazendo contagem total dos leucócitos 
(leucometria), contagem diferencial contando-se 100 células; fórmulas percentual e absoluta; e a 
morfologia. 
➢ Plaquetograma: Estima a quantidade de plaquetas e estuda sua morfologia. 
 
 Eritrócitos – Glóbulos vermelhos – Hemácias 
Transporte de nutrientes, oxigênio e resíduos (escória). 
 Deixa a medula óssea no estágio de reticulório, que se degenera em 1 ou 2 dias e se transforma 
em célula madura (eritrócito); 
 O eritrócito circula na corrente sanguínea por cerca de 120 dias antes de ser destruído. 
➢ Anemias: 
• Anemias carenciais: surgem por deficiência de determinados nutrientes na dieta, como ferro, 
vitamina B12 e ácido fólico. 
A anemia provocada pela falta de ferro é chamada ferropriva; pela falta de vitamina B12 é a 
anemia perniciosa. 
• Anemias espoliativas: são resultado da perda de sangue causada por algumas doenças, como 
amebíase, amarelão, úlcera e gastrite. 
• Anemias aplásticas: são originadas de doenças que comprometem a medula óssea vermelha, 
acarretando diminuição na produção de glóbulos vermelhos e demais células do sangue. 
Ex: leucemia. 
 
 
2 
 
 
➢ Manejo odontológico: 
Alguns sinais de anemia ferropriva na boca são: 
 Glossite atrófica; 
 Mucosas atróficas; 
 Sensação de ardência bucal; 
 Xerostomia e hipossalivação; e alteração do paladar. 
 
Para o ttt odontológico, desde que o paciente não apresente sinais clínicos importantes, como fadiga, 
fraqueza e alterações cardíacas, pode ser submetido ao ttt odontológico de rotina. 
Procedimentos cirúrgicos devem considerar as condições gerais do pcte e, se necessário, postergar o 
procedimento invasivo até o início do ttt da anemia e melhoria de seus sinais. 
 
▪ Hemoglobina: considerado anemia quando: 
 adulto apresentar Hb < 12,5g/dl; 
 criança de 6 meses a 6 anos Hb < 11g/dl; 
 crianças de 6 anos a 14 anos, uma Hb < 12g/dl. 
▪ Hematócrito: Determina a massa das hemácias, os resultados são expressos em % de hemácias contidas 
num volume de sangue total. Representa a quantidade de hemácias existentes em 100ml de sangue total. 
▪ RDW (Red Cell Distribution Width) ou seja, distribuição da largura das células vermelhas. 
▪ VCM (Volume Corpuscular Médio): é o índice importante na observação do tamanho das hemácias e no 
diagnóstico da anemia. Índice que ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da 
anemia: 
 Pequenas - microcíticas (< 80fl, para adultos) 
 Grandes – macrocíticas (> 96fl, para adultos) 
 Normais - normocíticas (80 – 96 fl) 
As anemias microcíticas mais comuns são a ferropriva e as síndromes talassêmicas. 
As anemias macrocíticas mais comuns são as anemias megaloblástica e perniciosa. 
O resultado do VCM é dado em fentolitro. 
 
➢ Morfologia Eritrocitária: 
▪ Macrocitose: VCM > 110, é causada por hiper regeneração da medula (déficit de ácido fólico ou vitamina 
B12) 
▪ Microcitose e hipocromia: deficiência na síntese da hemoglobina (deficiência de ferro, talassemias) 
▪ Anisocitose – denominação que se dá quando há alteração no tamanho das hemácias. 
→ HCM (Hemoglobina Corpuscular Média): é o peso da hemoglobina na hemácia. Seu resultado é dado 
em picogramas. 
→ CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média): é a concentração da hemoglobina dentro 
de uma hemácia. 
 
 Glóbulos brancos - Leucócitos: 
 
Combater as infecções 
▪ Granulócitos: Basófilos; Eosinófilos; Neutrófilos 
▪ Agranulócitos: Linfócitos e Monócitos 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
➢ Neutrófilos: seu aumento pode indicar infecção bacteriana, mas pode estar aumentada em infecção 
viral, estresse ou uso de corticoides. 
• Neutrofilia: inflamação, trauma ou necrose; 
• Neutropenia: doenças oncológicas e aplasias. 
 
 
 
 
 
 
 
➢ Eosinófilos: seu aumento (eosinofilia) indica processo alérgico ou parasitoses. 
 
 
 
 
 
 
 
➢ Linfócitos: seu aumento (linfocitose) indica infecção por vírus (mononucleose, sarampo, vírus 
respiratório). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
➢ Monócitos: Fagocitam células mortas e atua na defesa imunológica contra muitos organismos em 
infecções graves (fase tardia). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Trombócitos - Plaquetas: 
Atua na Coagulação - cascata de coagulação – formação de coágulos 
• São os menores elementos formadores do sangue; 
• Volume médio plaquetário indica a uniformidade de tamanho da população de plaquetas. 
 
 
 
 
 
 
→ Anormalidades relacionadas com as plaquetas: 
• Plaquetopenia: Ocorre quando o paciente apresenta uma queda razoável no número normal de 
plaquetas. 
 Púrpura, hemorragias, viroses, leucemia e aplasia. Sangramentos ocorrem com maior 
facilidade, assim como o surgimento de manchas roxas pelo corpo. O paciente pode ainda 
apresentar sangue nas fezes, vômitos com sangue, dores nas articulações e músculos e 
apresentar fraqueza. 
• Plaquetose: Ocorre quando um paciente apresenta um número elevado de plaquetas no sangue. 
 Inflamações, anemia ferropriva e anemia pós hemorrágica. 
 pode ser ainda classificada em primária e secundária. A primária relaciona-se com doenças 
relacionadas com a produção anormal de células sanguíneas, e a secundária é desencadeada 
por alguma doença subjacente, como infecções e anemias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
MEDIDAS DE PRECAUÇÃO PADRÃO - PP 
 
A Biossegurança é a parte da medicina que envolve as medidas destinadas a preservar a qualidade de 
vida do profissional com ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às 
atividades. 
A Norma Regulamentadora 32 (NR32) estabelece as diretrizes básicas para a implementação de 
medidas de prestação à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde. 
Infecção hospitalar é qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta 
durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou 
procedimentos hospitalares. 
Para conter as infecções hospitalares – IHs – fez-se necessário adotar medidas preventivas pré e pós-
exposição aos riscos, conhecidas como Precaução Padrão (PP) que se baseiam em todas as estratégias 
adotadas frente aos casos suspeitos ou confirmados de doenças infectocontagiosas a fim de conter a 
disseminação de patógenos. 
Além das PPs, é necessário uma vigilânciaepidemiológica e a adoção de precauções adequadas 
baseadas na transmissão das doenças. As Precauções Baseadas na Transmissão (PBT) são classificadas em 
precauções de contato, gotículas e aerossóis, sendo o uso das mesmas associadas às PPs. 
 
 
 Precaução Padrão - PP: 
 
Conjunto de medidas utilizadas para diminuir os riscos de transmissão de microrganismos nos 
hospitais e constituem-se basicamente em: 
 Lavagem das mãos; 
 Uso de EPIs como: luvas, máscara, protetor de olhos, protetor de face e avental; 
 Manejo e descarte corretos de materiais pérfuro cortantes e resíduos; 
 Imunização dos profissionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 Precauções Baseadas na Transmissão – PBT: 
 
São elaboradas de acordo com o mecanismo de transmissão das patologias e designadas para 
pacientes suspeitos, sabidamente infectados ou colonizados por patógenos transmissíveis e de importância 
epidemiológica; e empregadas juntamente com as PPs. 
 
➢ Precaução por contato: 
Utilizadas em pacientes com patologias, suspeitas ou confirmadas, cujos agentes são 
transmitidos de uma pessoa para a outra através de contato com a pele ou mucosa, por contato direto 
sem que haja participação de um veículo inanimado ou fômite, ou por contato indireto com superfícies 
ambientais, artigos e equipamento de cuidados aos pacientes contaminados. 
 É obrigatório o uso de avental individual e de luvas para qualquer contato com o paciente, sendo 
que as mesmas devem ser trocadas entre dois procedimentos diferentes no mesmo paciente. 
 O paciente deve ser colocado em quarto individual ou comum para pacientes acometidos com 
o mesmo m.o.. Em quarto coletivo, é preciso instituir a distância de 2m entre o pcte infectado 
e outros pacientes. 
 Artigos e equipamentos são de uso exclusivo para cada paciente, incluindo termômetro, 
estetoscópio e esfigmomanômetro e devem ser desinfectados ou esterilizados após a alta. 
 
 
 
 
 
➢ Precaução por gotículas: 
Indicadas para a assistência a pacientes com infecção, suspeita ou confirmada, causada por m.o. 
transmitidos por gotículas de tamanho grande de saliva o de secreção nasofaríngea gerada durante tosse, 
espirro fala ou realização de procedimentos. 
Deve-se manter, além das PPs, as precauções baseadas na transmissão como colocar o pcte em quarto 
individual ou comum para afetados com o mesmo m.o. (coorte de pacientes), utilizar máscara cirúrgica ao 
entrar no quarto e limitar o transporte do pcte, sendo que quando realizado, o pct deve utilizar máscara. Os 
artigos e equipamentos deverão ser de uso exclusivo ou comum aos pctes com a mesma infecção. 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
➢ Precaução por aerossóis: 
Indicadas para pacientes com infecção, suspeita ou confirmada, causadas por m.o. transmitidos por 
inalação de partículas menores eliminadas durante a respiração, fala, tosse ou espirro, que quando ressecados 
permanecem suspensos no ar por horas atingindo outros ambientes, inclusive áreas adjacentes, sendo 
carreadas pela corrente de ar. 
Recomenda-se que os pctes sejam mantidos em quarto privativo, de preferência com antecâmara, 
mantendo as portas fechadas. O quarto deve ser submetido à pressão negativa em relação ao corredor 
mediante trocas de ar por hora, com exaustão para o exterior. As visitas devem ser restritas. 
É obrigatório o uso da máscara com filtro especial N95 pelo profissional. O transporte do paciente 
deve ser limitado, e se necessário, deve utilizar máscara cirúrgica. Os equipamentos próximos ao leito devem 
sofrer limpeza e desinfecção diária. 
 
 
 
 
 
 
 
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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA - TEA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Diagnóstico de Autismo: 
 1 a 3 anos de idade: 
 
 Autismo e Odontologia: 
 
 
 
 
 
 
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 Características clínicas em Odontologia: 
 
 
 
 
 Diretrizes para o tratamento odontológico de pessoas com TEA: 
✓ Estabelecendo uma relação baseada na confiança entre profissional, paciente e familiares, em cada das 
visitas, é possível conquistar um novo passo. 
 
 
 
 ETAPA 1: ABORDAGEM FAMILIAR E CAPTAÇÃO DOS INDIVÍDUOS AUTISTAS; 
 ETAPA 2: ACOLHIMENTO E CONDICIONAMENTO PARA ATENDIMENTO NA UNIDADE DE SAÚDE E 
CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO; 
 ETAPA 3: EXAME FÍSICO E ODONTOLÓGICO, PROGNÓSTICO E PLANO DE TRATAMENTO; 
 ETAPAS 4 e 5: ANESTESIA, RESTRIÇÃO FÍSICA E SEDAÇÃO DO PACIENTE AUTISTA; 
 
 ETAPA 6: ASPECTOS BÁSICOS NO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO; 
 ETAPA 7: INSTRUÇÕES AOS CUIDADORES/FAMILIARES; 
 ETAPA 8: REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA PARA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE; 
 
 ETAPA 9: ACOMPANHAMENTO ASSINTOMÁTICO CONTINUADO, VISITAS PERIÓDICAS, ATENÇÃO E 
VALORIZAÇÃO FAMILIAR. 
 
 
 
 
 
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ODONTOLOGIA EM ONCOLOGIA: CUIDADOS COM O PACIENTE 
 
O câncer é uma doença, que até pouco tempo, condenavam o doente à morte, com uma sobrevida 
curta. Com o avanço das pesquisas, atualmente já se conta com um leque de opções que melhoram a 
qualidade e aumentam a sobrevida do pcte oncológico, podendo muitos casos, chegar à cura total. O 
diagnóstico precoce é fundamental e favorece o sucesso das técnicas empregadas. 
Os recursos disponíveis para o ttt do câncer são: cirurgia, químio e radioterapia. 
A cirurgia é específica para o tecido e visa à ressecção da massa tumoral e dos tecidos envolvidos. A 
excisão cirúrgica é feita com margens largas de segurança para garantir a remoção total do tumor, reduzindo 
a possibilidade de recidiva da doença. 
Já a químio e a radioterapia são ttt pré ou pós-cirúrgicos que visam à destruição ou inibição do 
crescimento das células tumorais. Nenhuma dessas terapias diferencia as células doentes das normais, 
incluindo mucosa bucal e medula óssea; por essa razão, o ttt do câncer provoca muitos feitos colaterais na 
cavidade oral, podendo estar diretamente relacionados com a condição da saúde bucal do paciente e o tipo 
de terapia utilizada. As complicações podem ser transientes, desaparecendo com o fim do ttt, ou crônicas, 
necessitando de cuidados constantes pelo CD. 
Em adultos submetidos a ttt do câncer de cabeça e pescoço, as condutas adotadas são basicamente 
radioterapia e cirurgia. Em crianças, a quimioterapia é o ttt de eleição. 
 
➢ Quimioterapia: 
Tem seu papel estabelecido em pacientes com doença recidiva ou metastática. Nessas 
circunstâncias, sua utilização tem finalidade paliativa. A combinação químio e radioterapia tem o intuito 
de potencializar a atividade antitumoral e a prevenção de metástases. 
A maioria dos medicamentos quimioterápicos afetam a medula óssea, local onde são produzidos 
os glóbulos vermelhos, brancos e as plaquetas. Atacam principalmente aos glóbulos brancos, sendo 
necessário tomar medidas preventivas contra infecções. 
Os efeitos sobre as plaquetas consistem em sua diminuição; e como as plaquetas controlam as 
hemorragias, sua diminuição frequentemente se manifesta por sangramento persistente depois de 
algum ferimento. É comum a observação de petéquias no interior da boca ou nas pernas. 
Cuidados: 
 Evitar feridas; se sofrer algum ferimento, aplicar pressão local por 10 minutos; 
 Usar escovas de dente com cerdas macias; 
 Não utilizar medicamentos à base de AAS sem o conhecimento e o consentimento do 
médico. 
 Reações adversas: 
Os efeitos orais da quimioterapia dependem de fatores relacionados com os fármacos empregados e 
o paciente: 
Fatores relacionados com o fármaco: 
 Fármaco: cada fármaco tem seu grau de estomatotoxicidade. Os que inibem a síntese 
do DNA tendem a produzir mucosite, e os antibióticos podem ter efeito diretamente na 
boca ou em glândulas salivares menores; 
 Dose e frequência do ttt: podem ser muito maiores quandoo medicamento é 
administrado em dose única do que quando fracionado e administrado por período 
mais longo; 
 Terapias concomitantes: a radioterapia associada à quimioterapia tende a potencializar 
os efeitos colaterais orais do ttt químico. 
 
Fatores relacionados com o paciente: 
 Idade: quanto mais jovem o paciente, maior a probabilidade de desenvolver efeitos 
colaterais orais; 
 Diagnóstico: o tipo de lesão maligna pode ter relação com a manifestação de sintomas 
orais advindos da terapia medicamentosa; 
 Estado bucal: higiene bucal deficiente ou a preexistência de focos infecciosos e doença 
periodontal são fatores que aumentam o risco de infecções orais na vigência do ttt. 
 
 
13 
 
 
 
 Complicações Bucais: 
▪ Estomatotoxidade: pode ser direta pela ação do fármaco, ou indireta, causada por infecções 
bacterianas, odontogênicas, dos tecidos moles fúngicas ou viróticas. 
▪ Mucosite: Mucosite oral consiste em uma relação inflamatória tóxica aos agentes 
quimioterápicos que se manifesta como lesão eritematosa semelhante a uma queimadura ou 
como ulcerações aleatórias que vão de circunscritas a difusas. 
 A Mucosite eritematosa ocorre com maior frequência 3-5 ou 7 dias após exposição. A 
progressão para mucosite ulcerada ocorre 7 dias após o início da terapia. Doses 
elevadas de quimioterapia, como no ttt da leucemia e de transplante de medula 
óssea, podem produzir mucosite grave ou ulcerativa; estima-se que o epitélio normal 
da mucosa oral seja completamente substituído entre 9 e 16 dias. 
 Mucosite ulcerativa pode surgir 2 semanas do início da terapia. Cerca de 50% das 
lesões são graves, requerendo intervenção médica e odontológica e, em alguns casos, 
até a suspensão da oncoterapia citotóxica. 
 A mucosite autolimita-se quando não se complica por uma infecção e, em geral, tem 
um quadro de melhora completa em 2 a 4 semanas. 
 
Cuidados necessários com o paciente são: 
▪ Limpeza atraumática da mucosa oral e boa higiene; 
▪ Manutenção da umidade dos lábios e da cavidade oral; 
▪ Alívio da dor e inflamação; 
▪ Enxágues suaves com soluções salinas (bicabornato de sódio); 
▪ Uso de anestésicos tópicos e de analgésicos; 
▪ Aplicação de triamcinolona pomada, em pequenas quantidades, várias vezes ao dia; 
▪ Uso de dexametasona (enxágue de 3 a 4x ao dia); 
▪ Uso de hidróxidos de alumínio e magnésio (suspensão); 
▪ Aplicação de xilocaína viscosa a 2% sobre áreas doloridas fora do horário das refeições; 
▪ Laserterapia. 
Uma escova dental, gaze ou esponja limpam os dentes de modo eficaz e sem trauma. As opções de agentes 
de limpeza são: sal e bicarbonato de sódio (dissolvidos em água morna) e, água esterilizada. Os enxágues 
frequentes limpam e lubrificam os tecidos, impedem a formação de crostas, acalmam a mucosa irritada e 
impedem que as bactérias se acumulem nas superfícies. É permitido o uso de creme dental e enxaguantes bucais 
sem álcool, se o paciente tolerar. A crioterapia tópica pode aliviar os sintomas da mucosite. 
 
✓ Laserterapia: 
Tem se mostrado bastante eficaz no ttt da mucosite, com remissão imediata dos sintomas. São realizadas três 
aplicações em dias alternados, usando 4 J/cm³, e, na maioria dos casos, não há a necessidade de prosseguir com 
as aplicações. Como protocolo, consideram-se: 
 Manutenção da higiene bucal 
 Bochechos bicarbonatados 
 Aplicação do laser terapêutico nas lesões 4 J/cm³, em dias alternados. A recomendação da dose 
é de comprimento de onda de 650 nm, de 70 a 100 mW. Há também a possibilidade de 
utilização do laser, com os mesmos parâmetros, para prevenir a instalação dos quadros de 
mucosite oral, aplicado antes do início da quimioterapia. 
O paciente deve ser orientado a procurar o cirurgião-dentista ao primeiro sinal de mucosite. 
 
✓ Avaliação pré-quimioterápica: 
Os pacientes que serão submetidos à quimioterapia devem passar por cuidadosa avaliação odontológica com 
a finalidade de identificar possíveis fragilidades que podem servir de porta de entrada para infecções durante os 
períodos de leucopenia. Para prevenir complicações, deve-se realizar o preparo do meio bucal, eliminando todos 
os focos de infecção. 
 
 
14 
 
 
A mucosite oral será tão intensa quanto for precária a higiene oral; os pacientes devem ser orientados sobre 
as formas adequadas de higienização, principalmente nas fases de plaquetopenia. 
 
✓ Conduta: 
Nas fases de acentuada leucopenia, plaquetopenia ou neutropenia, estão contraindicados todos os 
procedimentos odontológicos. 
É fundamental que o CD esteja engajado na equipe multiprofissional de ttt para prevenir complicações 
odontológicas na pré-quimioterapia, ou minimizar estados dolorosos durante o ciclo quimioterápico. Após a 
quimioterapia, o paciente é tratado normalmente do ponto de vista odontológico, devendo-se apenas ter cuidado 
com o completo restabelecimento das taxas sanguíneas. 
 
 
➢ Radioterapia: 
Os efeitos secundários do ttt radioterápico são xerostomia, osteorradionecrose, disfagia, candidíase, 
alterações do ligamento periodontal, trismo muscular, sangramento, alteração do paladar e cárie de radiação. 
 
✓ Xerostomia: 
Pode ser um efeito transiente ou permanente dependendo da presença da glândula salivar no campo irradiado 
com doses a partir de 2.000 cGy. 
O diagnóstico baseia-se nas impressões do paciente, sendo, portanto, subjetivo e clínico. Ocorre em razão de 
modificações das glândulas salivares principais e secundárias, com alterações qualitativas e quantitativas do fluxo 
salivar. Há aumento de bactérias cariogênicas e diminuição das não cariogênicas. A saliva torna-se mais ácida, 
aumentando a incidência de problemas periodontais e candidíase oral. 
A xerostomia pode ser aliviada com o uso de saliva artificial ou com métodos para estimular a secreção salivar 
quando ainda há potencial de fluxo: 
 Saliva artificial com sais minerais e fluoreto de sódio 
 Gel umectante 
 Pilocarpina, 1g ao dia 
 Pilocarpina HCL, comprimidos de 5 mg até 4x/dia. 
 
✓ Osteorradionecrose: 
Sequela caracterizada pela perda da mucosa de revestimento ou do tecido cutâneo da boca e a consequente 
exposição do tecido ósseo necrótico. Existe um período mínimo necessário de exposição óssea para se confirmar 
o diagnóstico, geralmente aceito como de 3 a 6 meses e acompanhado de outros sinais clínicos como fístulas 
bucais e/ou cutâneas, trismo muscular, drenagem de secreção purulenta, algia, desconforto e dificuldade 
mastigatória. 
Trata-se de osteomielite resultante de comprometimento vascular local em decorrência da radiação, definida 
como um processo de desequilíbrio entre formação e destruição óssea, cuja manifestação não é repentina. Sua 
incidência é de 2 a 10%, e a variação da taxa está relacionada com a dose total de radiação administrada e com a 
localização do tumor primário. Em pacientes idosos, o risco é maior pela vascularização reduzida dos ossos em 
questão. 
Geralmente afeta o sexo masculino e com idade superior a 40 anos. O sítio mais acometido é a mandíbula, 
pelo fato de apresentar estrutura óssea mais compacta e densa, e menor aporte de fluxo sanguíneo em relação à 
maxila. 
O ttt implica o uso de soluções antibióticas para irrigação local, câmaras hiperbáricas e cirurgia para remoção 
dos sequestros ósseos. Contudo, cada caso deve ser avaliado individualmente, pois a patogênese é importante 
para a escolha da melhor opção de ttt. O risco é permanente e aumentado quando a dose total de radiação é 
maior que 5.000 cGy. 
 
✓ Disfagia: 
Alteração da fase faríngea da deglutição, redução da elevação faríngea e estase de alimentos. Uma das 
possíveis reações agudas de pacientes portadores de tumores de cabeça e pescoço, ocorrendo geralmente 10 a 
17 dias após a irradiação. 
 
 
15 
 
 
Pode ser avaliada por meio de observação clínica, do exame cintilográfico,radiológico, videofluoroscópico ou 
nasofibroscópico. Por meio dessa avaliação, serão determinados a via de alimentação mais adequada ao paciente 
(oral ou nasogástrica), o tipo de consistência dos alimentos e o tipo de terapia. 
Pode haver dificuldade de mastigação e deglutição em razão da xerostomia, com diminuição da lubrificação 
gastrintestinal, prejudicando a digestão e irritando a mucosa gástrica com resultados dolorosos. A irradiação pode 
também provocar fibrose e atrofia dos m.m. da faringe, o que dificulta ainda mais a deglutição. 
 
✓ Candidíase: 
A candidíase orofaríngea pode ser tratada com pastilhas de anfotericina, suspensão de nistatina, suspensão 
de anfotericina e gel bucal de miconazol. Caso nenhum seja efetivo, pode-se recorrer ao cetoconazol ou fluconazol 
bucal. Esses medicamentos são utilizados em comum acordo com o médico: 
 Fluconazol: comprimidos d 100 mg 
 Cetoconazol: comprimido de 200 mg 
 Aciclovir: comprimido de 200 mg 
 
✓ Alterações no ligamento periodontal: 
As estruturas periodontais expostas à radiação sofrem modificações morfológicas e histológicas, as quais 
favorecem as infecções. A membrana periodontal também sofre alterações e diminuição da resistência, o que 
facilita a evolução para osteorradionecrose quando há traumas e infecções no osso alveolar irradiado. 
 
✓ Trismo muscular: 
A articulação temporomandibular e os m.m. da mastigação recebem radiação do feixe primário por estarem 
na sua direção, favorecendo a fibrose muscular que acarreta dificuldade para abertura bucal, piora na mastigação 
e higienização oral e dificuldade na realização do ttt odontológico. 
Pode se desenvolver gradualmente após a radioterapia para tumores da nasofaringe e das áreas retromolar. 
 
✓ Sangramento: 
Sangramento gengival pode ser sinal de trombocitopenia - ou plaquetopenia. Quando o número é inferior a 
150.000/mm³, há a tendência de o pcte apresentar hemorragias. 
 
✓ Alteração no paladar: 
Ocorre uma profunda alteração, de maneira que o paciente faça uma dieta restritiva por não tolerarem a 
maioria dos alimentos, aumentando a chance de dieta cariogênica com alimentos pastosos e adocicados. 
Para minimizar esse sintoma, pode ser usado o sulfato de zinco em comprimidos de 50 mg, 4x/dia. 
 
✓ Cárie de radiação: 
Pode ocorrer pela ação direta da radiação sobre os dentes ou como consequência da xerostomia. São cáries 
de evolução rápida, que podem destruir uma dentição hígida em 1 ano. Sua evolução é maior em superfície do 
que em profundidade. Os pacientes podem relatar sensação de dentes crescidos e hipersensíveis. 
 
 
➢ Tratamento odontológico: 
O ttt médico deve ser planejado em conjunto com o CD, anteriormente à quimio ou radioterapia, para que 
um melhor estado geral de saúde seja fator coadjuvante na recuperação do pcte. 
Todos os focos infecciosos devem ser removidos antes do ttt do câncer. A indicação para exodontia se 
restringe aos dentes comprometidos ou com focos reais de infecção. 
Os principais cuidados odontológicos são: 
 Submeter os pctes a avaliações prévias e durante todo o ttt do câncer; 
 Promover acesso a ttt odontológico preventivo, curativo e emergencial; 
 Em caso de aplasia, evitar todo e qquer procedimento odontológico; 
 Priorizar a remoção dos focos infecciosos; 
 Observar alterações sistêmicas para adequar o anestésico. Não há restrições quanto ao 
tipo em razão da neoplasia. 
 
 
16 
 
 
 Manter interação CD/médico para discussão da melhor terapia medicamentosa. 
 
Os objetivos do tratamento são: 
 Preparar a boca para o ttt do câncer 
 Diminuir a incidência de complicações sistêmicas pós-tratamento 
 Minimizar a sintomatologia álgica 
 Melhorar a qualidade de vida 
 
A conduta a ser seguida é: 
 Contatar o médico responsável para esclarecimento sobre o tempo disponível para o 
ttt odontológico 
 Transformar o pcte em “cárie zero”, sem foco ou possibilidade de foco 
 Motivar e reforçar a higiene oral do pcte e responsável 
 Solicitar radiografias panorâmicas e periapicais para avaliação mais completa 
 Fazer RRC em pctes com baixo índice de cárie, e RA em pctes com alto índice 
 Aplicar selante e flúor em dentes pré-erupcionados 
 Remover os dentes não vitais com endodontia duvidosa 
 Realizar endodontia até 15 dias antes do transplante 
 Realizar exodontia para qquer de ttt duvidoso em caso de transplantes, em 15 dias 
 Notar se há mobilidade e a possibilidade de perda futura próxima e sugerir a remoção 
do dente 
 Dentes parcialmente erupcionados, remover 15 dias antes do transplante 
 Remover aparelhos ortodônticos, próteses parciais e removíveis 
 Fazer desgaste de cúspides de molares e pré-molares que possam traumatizar a 
mucosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
ODONTOLOGIA PARA GESTANTES 
 
A gestante é um indivíduo que, ao longo do processo gestacional e durante mais um período que se 
estende por alguns meses após o parto, tem necessidades especiais. Deve-se entender o processo gestacional 
e quais são as alterações pelas quais passa a gestante. 
No primeiro e no último trimestre, os ttt devem ser evitados. No 1º, por ser o período da 
organogênese, mais suscetível a malformações; e no 3º, porque pode haver a antecipação do nascimento e 
pelo desconforto na cadeira odontológica. 
Para um procedimento odontológico seguro na gestante, é preciso avaliar o binômio risco-benefício, 
a fim de não submetê-la aos riscos desnecessários. O profissional deve atentar-se para: 
✓ Anamnese detalhada e especificamente voltada para o período gestacional em que a 
pcte se encontra 
✓ Diagnóstico 
✓ Eleição e realização da terapêutica correta e indicada para o período gestacional. 
 
 
➢ Mudanças fisiológicas: 
 Volume sanguíneo materno aumenta em torno de 30% durante a gestação; 
 Aumento do débito cardíaco em cerca de 20 a 40% como resposta à demanda do 
crescimento fetal; 
 Aumento de fatores de coagulação para controlar hemorragias e tromboembolismo; 
 Hipotensão em decúbito dorsal: o feto pode exercer pressão na veia cava inferior quando 
a mãe está deitada, prejudicando o retorno venoso, ocasionando hipotensão e síncope; 
 Hiperparatireoidismo fisiológico para fornecer cálcio adequado ao feto; 
 Alterações cardiovasculares são mais profundas no 3º trimestre, e as de maior incidência 
são o sopro de fluxo e a taquicardia; 
 Hematopoiese: o feto exige da gestante grande quantidade de ferro, aproximadamente 
53% a mais que o normal, desencadeando anemia materna; 
 Aumento da frequência respiratória materna. 
 
 
➢ Fármacos na gestação: 
 
A maioria dos fármacos administrados à gestante atravessa a barreira placentária, e os efeitos nocivos 
estão relacionados com a dose empregada e o estágio de desenvolvimento do feto. 
Calcula-se que 45% das malformações congênitas – MFC – podem ser atribuídas aos medicamentos, 
às infecções, aos fatores ambientais ou às irradiações. O período crítico ou sensível para as MFC varia desde 
as duas primeiras semanas após a fertilização até a 8ª semana (período organogênico). 
Analgésicos, anti-inflamatórios e antipiréticos, como o ácido acetilsalicílico, fenacetina, salicilamina, 
paracetamol e fenilbutazona, são os mais usados e não tem seus efeitos teratogênicos evidenciados em testes 
laboratoriais. 
 
➢ Radiação: 
 
A radiação causa danos ao ser humano; porém, de acordo com o National Council of Radiologic 
Protection, a dose de 50 mGy oferece ao feto um risco de dano desprezível. Para que a gestante absorva essa 
quantidade de radiação, é necessário que ela se submeta a seis tomografias computadorizadas da pelve, 
envolvendo o útero, 30 radiografias de estômago ou 15 mil radiografias de tórax. 
No entanto, a radiografia deve ser realizada somente quando indicadae necessária, sabendo que a 
dose média de radiação de uma tomada odontológica é de 0,01 milirad. Seguindo-se o padrão de proteção 
com o uso de avental de chumbo e proteção cervical, o exame não está contraindicado. 
A tecnologia da radiografia digital contém radiação ainda menor que a convencional. 
 
 
 
 
18 
 
 
➢ Aspectos psicológicos: 
A gestação é composta de três trimestres, com características fisiológicas e psicológicas distintas: 
 1º trimestre: período da instabilidade emocional; 
 2º trimestre: período mais estável emocionalmente; 
 3º trimestres: período marcado por grande ansiedade 
É importante que o CD conheça as fases psicológicas da gestação, já que isso facilita a abordagem, 
possibilitando que a gestante estabeleça um vínculo de confiança por ser compreendida. 
 
➢ Puerpério: 
Compreende as 3 semanas após o parto, quando o corpo da mulher passa por um processo de 
reorganização hormonal e dos órgãos envolvidos na gestação. Podem ocorrer hipertensão persistente, e 
pirexia puerperal – aumento da temperatura corpórea acima de 38° nos 14 primeiros dias. 
 
 
➢ Tratamento odontológico: 
A anamnese orientada é imprescindível para que o profissional possa traçar um plano de atuação. São 
fundamentais: 
 Interação com o médico ginecologista 
 Pesquisar histórico médico e de gestações anteriores 
 Pesquisar intercorrências gestacionais anteriores 
 Avaliar medicamentos utilizados antes e durante a gestação 
 Avaliar o estado psicológico e a aceitação da gravidez. 
 
 
➢ Manifestações bucais: 
As manifestações bucais presentes na gestante podem ser: 
 Gengivite gravídica (termo em desuso): estado gengival provocado pelo aumento da 
vascularização da gengiva e da resposta exagerada aos fatores locais pelos tecidos 
moles do periodonto. O controle desse quadro é obtido com medidas adequadas de 
higiene. 
 Hiperplasia gengival 
 Lesões gengivais pediculadas ou sésseis 
 Candidíase 
A gravidez não é responsável pelo aumento da inflamação gengival, e apesar de haver maior 
vascularização do periodonto, é a presença de placa que causa a gengivite. 
Pode ocorrer mobilidade dental, desencadeada, em alguns casos, pelo hormônio envolvido no 
relaxamento pélvico para preparo do parto – a relaxina. 
A gravidez não é responsável pelo aparecimento da cárie nem pela perda de minerais dos dentes da 
mãe para formar as estruturas calcificadas do bebê. A ocorrência de cáries em gestantes está mais relacionada 
com a negligência na higiene bucal e as alterações na dieta. 
 
 Cuidados necessários: 
 No 1º trimestre (período da embriogênese) evitar radiografias. Se forem necessárias, o 
uso do avental de chumbo é indispensável a qualquer modo. 
 Associar a ação curativa à preventiva 
 Promover e manter a saúde bucal 
 Melhorar, recuperar e reabilitar o nível de saúde da gestante 
 Cuidar do estado hígido da mãe e do bebê 
 Promover educação em saúde e prevenção 
 Realizar sessões curtas e confortáveis para a mãe e o bebê 
 Posicioná-la corretamente na cadeira odontológica com uma almofada nas costas, de 
maneira que a barriga fique um pouco de lado, evitando a pressão do bebê sobre a veia 
cava inferior da mãe, o que poderia desencadear hipotensão supina. 
 
 
19 
 
 
 Procedimentos de acordo com o período gestacional: 
A gestante poderá ser atendida em qualquer período gestacional, embora o 2º trimestre seja o mais 
indicado. No 1º trimestre, deve-se evitar o uso de medicamentos, e no 3º trimestre, a mãe estará em maior 
instabilidade em razão da proximidade do parto. 
 1º trimestre: procedimentos profilático-preventivos, eliminação de focos infecciosos 
locais e restauradores básicos. Nesse período o feto é muito suscetível às influências 
teratogênicas e ao aborto. 
 2º trimestre: profilaxia, procedimentos cirúrgicos, restauradores básicos e 
reabilitadores. Os procedimentos cirúrgicos eletivos devem ser evitados para não 
submeter a gestante ao risco de bacteremia, que pode desencadear um aborto. 
 3º trimestre: procedimentos restauradores básicos, Fluorterapia e controle terapêutico 
devem ser feitos no início do período, pois a partir do meio, o feto pode comprimir a 
veia cava inferior mais facilmente, e a demanda cardiovascular aumenta o ritmo 
respiratório, o risco de anemia, hipertensão e eclampsia. 
 
 Orientação dietética, amamentação e preparo das mamas: 
O CD pode sugerir uma dieta balanceada, bem como dar orientações sobre o preparo das mamas e 
incentivo para amamentação, ressaltando-se sua importância para a saúde do bebê e seu pleno 
desenvolvimento craniofacial e respiratório. Trata-se do primeiro movimento que dará início ao crescimento 
ósseo da mandíbula. 
Durante a sucção da mama, o vedamento labial força a criança a respirar pelo nariz, e a passagem do 
ar aquecido expande as cavidades pneumáticas da face, estimulando o crescimento do seu terço médio. O 
padrão respiratório adquirido no 1º ano de vida é difícil de ser revertido. 
No caso de crianças com fenda palatina, recomenda-se um posicionamento específico a fim de auxiliar 
a deglutição e evitar o retorno do leite. 
 
 
 
 
➢ Terapia medicamentosa: 
 
Pelo fato de a barreira placentária não ser plenamente efetiva na filtração dos fármacos, quando a 
mãe é medicada, esses fármacos são transferidos ao feto. Deve-se obedecer a alguns princípios: 
✓ Usar a menor dose efetiva, pelo menor tempo possível 
✓ Evitar sessões clínicas demoradas e estressantes 
✓ Orientar a paciente sobre sua condição, não aumentado medos e preconceitos que 
acompanham seu atual estado. 
 
➢ Anestésicos locais: 
O anestésico de eleição em gestantes é a lidocaína com vasoconstritor – 2% epinefrina ou 
norepinefrina. Deve-se evitar o uso de prilocaína (Citanest®, Biopressin®) e fenilefrina (Novocol®), que são 
tóxicos ao feto e ao recém-nascido. 
 
➢ Analgésicos: 
Podem ser utilizados: 
 Paracetamol: 500 mg a cada 6h 
 Dipirona, com restrições: 1 comprimido ou 35 gotas a cada 6h 
 
 
20 
 
 
Cabe afirmar que o AAS é contraindicado, uma vez que tem efeito sobre os mecanismos de 
coagulação. 
 
➢ Anti-inflamatórios: 
Podem ser utilizados: 
 Meio físico: uso de frio, imediatamente após o trauma, por 2h; ou calor 24 h após o 
trauma 
 Diclofenaco (exceto no último trimestre) somente quando houver indicação formal e na 
menor posologia eficaz. 
 
➢ Antibióticos: 
Pode-se utilizar penicilinas, na dose de 500 mg a cada 6 ou 8h. 
Em caso de alergias, pode-se usar eritromicina ou frademicina 250 mg a 500 mg a cada 6h. 
 
 
➢ Prevenção para a gestante e para o bebê: 
 
Gengivite e higiene bucal: a qualidade da limpeza é muito importante e, havendo pontos de 
sangramento, a escovação deverá ser mais intensa e cuidadosa na área. Caso o sangramento persista, a 
paciente deverá procurar ajuda profissional. 
A gestante precisa estar saudável para gerar um ser na mesma condição. A saúde bucal da mãe tem 
relação com a saúde bucal da criança. Os pais, e principalmente a mãe, tem grande influência sobre o 
comportamento que os filhos adotarão. Hábitos de limpeza bucal e alimentação equilibrada são 
fundamentais. 
As condições desfavoráveis durante a gestação, isto é, o uso de medicamentos, infecções e carências 
nutricionais podem trazer problemas aos dentes em fase de formação e mineralização. Avitaminoses podem 
comprometer o desenvolvimento normal do feto como um todo e seus dentes. 
A amamentação natural estimula o desenvolvimento do sistema estomatognático, além de favorecer 
a respiração nasal. O movimento de ordenha da mama é o único momento da vida humana em que os côndilos 
da mandíbula são estimulados bilateral e simultaneamente, favorecendo a mudança das relações das bases 
ósseas de distoclusão para normoclusão. 
A primeira visita da criançaao CD deve ocorrer o mais cedo possível. Na Odontologia, os cuidados não 
devem ser diferentes, e o pré-natal deve incluir visitas regulares ao CD para orientação e prevenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - UTI 
 
O atendimento odontológico em UTI é considerado um atendimento à beira do leito, ou seja, aquele 
que é realizado fora do consultório odontológico, podendo ser realizado quando o paciente está em maca, 
cama, ou cadeira de rodas. 
Idealmente, os pacientes em UTI devem passar pela avaliação odontológica nas primeiras 24h de 
internação, com o objetivo de busca ativa da presença de infecções bucais e orientações sobre a correta 
higienização oral. 
O CD que almeja realizar assistência odontológica em UTI pode ter a formação de clínico geral 
generalista ou especialista em alguma área odontológica, além de alguns requisitos básicos como: 
 experiência e habilidade para o manuseio de pacientes graves/gravíssimos, 
 conhecimentos sobre o quadro clínico do paciente, patologia sistêmica e farmacologia, 
 conhecimentos de protocolos de atendimento, 
 tipos de ventilação mecânica (VM) e suas complicações, 
 sinais vitais, tratamentos propostos e resolução das complicações. 
 
➢ O perfil do paciente em UTI: 
 
Paciente com quadro crítico/agudo e deve ser assistido e monitorado 24 horas por dia pela equipe 
interdisciplinar da unidade. Pode estar em VM ou não. Sepse grave, instabilidade hemodinâmica e 
insuficiência respiratória grave são alguns dos critérios de admissão em UTI. 
Geralmente faz uso de várias drogas como antibióticos, corticoides, anti-hipertensivos, diuréticos, 
anticoagulantes, insulina, analgésicos, relaxantes musculares entre outros. 
Paciente que faz uso de 4 ou mais medicações são considerados pacientes polifarmácia, e o 
entendimento sobre farmacocinética e farmacodinâmica é fundamental, principalmente quando falamos de 
interação medicamentosa. 
 
➢ Cavidade oral e UTI: 
 
Os pacientes de terapia intensiva são dependentes para as atividades diárias, inclusive para os 
cuidados orais, apresentando problemas bucais como: placa bacteriana, saburra lingual, mucosas e lábios 
ressecados, infecções oportunistas e traumatismos em mucosa oral. 
A atuação do CD na UTI é importante para a: 
 conscientização e o treinamento da equipe médica e interdisciplinar em relação aos cuidados 
orais, 
 realização de procedimentos odontológicos visando à remoção dos focos orais que podem 
exacerbar a doença do paciente ou diminuir a resposta terapêutica, 
 diagnóstico e tratamento das infecções orais oportunistas e de lesões orais, 
 tratamento das fraturas e injúrias aos tecidos moles e a contenção de sangramento e 
confecção de protetores bucais. 
Ou seja, o CD deve fazer parte do quadro dos membros da equipe que assistem esse paciente em razão de 
inúmeros benefícios que essa intervenção ocasiona. 
 
➢ Protocolo de higienização bucal para pacientes em UTI: 
 
Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem das UTIs devem ser apresentados a temas 
relevantes e pertinentes aos cuidados orais, como: 
 Importância e função da saliva; 
 Definição de foco infeccioso bucal e infecções oportunistas; 
 Principais afecções que acometem a cavidade oral e suas alterações; 
 Cuidados com a sonda de intubação, com a sonda nasogástrica e a traqueostomia; e 
 Desinfecção da cavidade oral com o uso de clorexidina aquosa a 0,12%. Apresenta 
propriedade de substantividade, ou seja, é absorvido pela mucosa oral e pelos dentes; 
também é liberado com o decorrer de até 12 horas. Após 1 minuto de administração ocorre a 
 
 
22 
 
 
redução do número de bactérias aeróbias e anaeróbias de 87% e 84%, respectivamente; após 
5h, essa redução pode chegar a 88% e 92%. 
 
➢ Protocolo de higienização bucal: 
Realizada com o uso de swab e clorexidina a 0,12% de 12 em 12 horas. O uso de lubrificantes oral, a 
base de água ou de lanolina, é necessário pois lábios e mucosa oral ressecados tornam-se áreas suscetíveis a 
traumatismos e lesões ulceradas, porta de infecções secundárias e grande sintomatologia dolorosa. 
 
 
➢ Procedimentos Odontológicos em UTI: 
 
A remoção dos focos bucais proporciona melhora da resposta ao ttt médico e reduz a microbiota oral, 
atuando como importante fator na prevenção da PAVM e comprometimento do estado geral do paciente. 
O CD durante todos os procedimentos e abordagens odontológicas dentro da UTI, deve estar sempre 
atento à monitoração dos sinais vitais do paciente: 
 Temperatura corporal ideal: 37° 
 Frequência cardíaca: 70 – 120 bpm 
 PAS invasiva (PAI) e invasiva: (PANI): 120 x 80 mmHg 
 Frequência respiratória: 12 a 20 irpm 
 Oximetria: > 92% 
A assistência odontológica ao paciente de UTI é considerada atendimento odontológico à beira do 
leito, e os procedimentos que podem ser realizados são: 
 Exodontias; tratamentos periodontais; 
 Tratamentos restauradores atraumáticos; 
 Instalação de próteses bucais; remoção de aparelhos fixos; 
 Imobilizações dentárias em casos de fraturas dentoalveolares; 
 Controle de sangramento; diagnóstico e ttt de infecções oportunistas 
 Diagnóstico e ttt de lesões bucais. 
Procedimentos em maior número e/ou em alta complexidade devem ser realizados em centro 
cirúrgico. 
 
➢ Protocolo: 
 Realizar anamnese direta, caso o paciente esteja acordado e contactuante; ou indireta realizada 
pelo uso do prontuário médico, da equipe interdisciplinar ou conversando com a família 
 Realizar exames clínicos minuciosos das condições dentárias e das mucosas orais, com o auxílio 
de lanternas ou dispositivos com luz. Deve se atentar para: dentes cariados, raízes residuais, 
dentes com mobilidade, dentes com secreção purulenta, aumento de volume, lesões em 
mucosa e infecção oportunista. 
 Checar medicamentos em uso, drogas vasoativas e exames complementares: 
 Imagem: padrão-ouro é a tomografia computadorizada, visto a dificuldade em realizar 
uma panorâmica. Observar lesões periapicais crônicas ou agudas e presença de áreas 
de abcesso. 
 Laboratoriais: 
 hemoglobina (HB) > 12 gdL 
 hematócritos (HCT) > 35% 
 TP: 11-15 s / INR < 1,5 
 TTPa: 25-39 s 
 Proteína C Reativa (PCR): 0-1 mgdL 
 Leucócitos: 4500 – 10500 mm³ 
 Para verificação de medicações tromboembólicas: 
 Varfarina: solicitar TP 
 Heparina: solicitar TTPa 
 
 
23 
 
 
 No caso de necessidade de procedimentos cruentos, observar hemograma completo (índice 
plaquetário) e coagulograma. Discutir com a equipe médica se é o momento oportuno para 
realização de procedimentos, e se necessário sedação, esta deve ser realizada por médico 
intensivista. 
 Importante lembrar que a aspiração do tubo de IOT ou da traqueostomia antes do 
procedimento odontológico melhora a perfusão de oxigênio e a saturação de O² do paciente, 
proporcionando segurança à realização do procedimento. 
 
➢ Abordagem sistemática ao paciente crítico – FAST HUG: 
 
Envolve 7 itens que devem ser revisados diariamente para uniformizar a assistência e evitar omissões 
nos cuidados intensivos. São eles: 
 Feeding (Alimentação): dieta enteral fornecida na forma líquida por meio de cateter no nariz 
ou na boca até o estômago ou intestino. 
 
 Analgesia: não opioide, opioide contínuo ou intermitente, conforme escala de dor. 
 
 
 Sedation (Sedação): curta ou longa duração, ou intermitente, conforme graus de escores da 
escala de Ramsay. 
 
 
 Thromboembolic prevention (Profilaxia de trombose venosa): formação de coágulos 
sanguíneos nas veias profundas das pernas. Sinais e sintomas: 
 Dor de início repentino e com piora gradativa 
 Inchaço de mais de 3 cm em somente uma das pernas 
 Vermelhidão na perna afetadae aumento de temperatura local 
 Dor ao toque e enrijecimento da pele. 
 
 Head-of-bed elevated (Decúbito elevado) 0-45°: a necessidade de ventilação mecânica (VM) 
aumenta o risco de pneumonia em 3 a 10x, aumentando em 3% por dia, durante os 5 primeiros 
dias; em 2% entre o 5º e 10º dia; e em 1% após o 10º dia. 
→ Indicações para a cabeceira elevada: risco reduzido de aspiração pulmonar, 
principalmente nos pacientes em uso de nutrição enteral; melhora dos parâmetros 
ventilatórios; redução da taxa de atelectasia (colapso completo ou parcial de pulmão) 
e do esforço respiratório. 
 
 Ulcer prevention (Prevenção de úlcera de stress): lesões de pele ou partes moles por isquemia 
tecidual prolongada, onde há sobreposição de uma proeminência óssea resultante de pouco 
tecido subcutâneo nessa região. 
 
 
24 
 
 
 
 
 Glucose control (Controle glicêmico): alvo glicêmico em torno de 140-150 mgdL. 
 
➢ Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM): 
 
É considerada a segunda infecção mais comum em UTI, perdendo apenas para infecções urinárias. É 
considerada a associação entre a pneumonia aspirativa e a pneumonia nosocomial. Ocorre a partir de 48h de 
IOT (intubação orotraqueal) até 72h após a extubação. 
As possíveis etiologias da PAVM são: 
 aspiração da secreção da orofaringe (mais comum); 
 inalação de aerossol; bacteremias e translocação de bactérias do trato gastrointestinal. 
 Uma condição que facilita a aspiração é a presença da IOT e sonda nasoenteral, que são 
dispositivos que mantém a epiglote aberta, e assim, todo o conteúdo da boca pode adentrar 
as vias aéreas. 
É consenso que uma condição oral ruim, devido a uma higienização bucal inadequada ou a presença 
de focos orais, eleva o risco de PAVM por aumentar não só a quantidade, mas também a qualidade das 
bactérias orais. Seu desenvolvimento acarreta instituição de protocolos específicos de antibióticos, aumento 
de tempo de VM e do tempo de permanência na UTI, assim como os riscos de mortalidade e morbidade, com 
aumento expressivo do custo do ttt. 
 
➢ Bundle de prevenção de PAVM: 
Conjunto de medidas preventivas de algum agravo à saúde, que inclui vários quesitos que dependem 
da instituição onde está sendo aplicada. Os mais comuns são: 
 Lavagem das mãos 
 Prevenção de úlceras pépticas 
 Suspensão precoce dos dispositivos invasivos 
 Isolamento para redução de infecção cruzada 
 Racionalização de prescrição de antibióticos 
 Profilaxia para tromboses 
 Decúbito elevado 
 Uso de VM não invasiva, e troca de circuitos ventilatórios. 
A descontaminação oral com clorexidina está sempre presente, pois vários estudos sugerem que 
ocorre aumento de placa dentária em torno de 40% durante o período de internação na UTI. 
 
➢ Anticoagulação: 
 
Conhecer sobre a importância e avaliação de exames laboratoriais como: 
 tempo de protombina e relação normatizada internacional (TP/RNI); 
 tempo de tromboplastina parcialmente ativada (TTPa); 
 tempo de trombina (TT); e tempo de sangramento. 
Quase todos os pacientes em decúbito dorsal por mais de 24h em UTI apresentam-se 
anticoagulados para prevenção de eventos tromboembólicos por meio do uso da heparina por via 
venosa ou por clexane por via subcutânea. A heparina possui rápido mecanismo de ação e impossibilita 
a formação de trombina, ou seja, inibe a cascata de coagulação sanguínea e altera o TTPa. 
 
 
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Independente do uso de antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes, eles não devem ser 
interrompidos para a realização de procedimentos odontológico cruentos. 
Importante também é o conhecimento e experiência do profissional sobre segurança do 
procedimento cruento pelo uso correto de métodos hemostáticos locais como o curativo compressivo 
com ácido tranexâmico, a esponja de fibrina, a celulose oxidada, ou de hemoderivados como o selante 
de fibrina. 
 
➢ Protetores bucais: 
 
O protetor bucal é um dispositivo instalado dentro da boca com o objetivo de afastar e proteger 
os tecidos da linha de mordida em situações de possíveis traumatismos dentários. Suas indicações são: 
 Traumatismo persistente por mordedura; trismo; 
 Sangramento bucal advindo de lesão bucal traumática; 
 Risco de perfuração do tubo de intubação ou redução da passagem de ar pelo 
apertamento do tubo; 
 Instalação profilática em pacientes com diagnóstico de tétano. 
 
 
 
Deve ser confortável e resistente, e apresentar remoção e instalação fáceis. Não deve interferir 
na respiração e precisa ser higienizado. 
Após a sua instalação, medidas de prevenção de acidentes devem ser tomadas como: colocação 
de gaze aberta, fio dental ou cordão de traqueostomia para facilitar a remoção pela equipe de 
enfermagem durante a higienização ou em caso de engasgo por desadaptação. 
Nas lesões de traumatismos já existentes, podemos utilizar com tratamento: 
 Aplicação tópica à base de corticoides; 
 Hidratação da lesão; 
 Instalação do protetor bucal; 
 Aplicação de toxina botulínica; 
 Laser de baixa potência; 
 Arredondamento das bordas dentárias cortantes; e Exodontias, em casos mais graves. 
 
➢ Babação: 
 
Fator de risco mais alto para PAVM, é definida pela dificuldade de controlar secreções bucais 
devido a problemas oromotores ou na coordenação mecânica da musculatura orofacial, e resulta na 
eliminação não intencional da saliva pela boca. Não está associada ao aumento de produção de saliva. 
Os tratamentos são: o uso de aparelhos intrabucais e farmacológicos, radioterapia de cabeça e 
pescoço, neurectomia timpânica, redirecionamento ductal parotídeo e submandibular, remoção das 
glândulas submandibulares e sublingual, e aplicação de toxina botulínica. O uso da toxina botulínica 
pode ser indicado para casos que apresentem prognóstico reservado, com o uso de ultrassom, e deve 
ser reaplicado a cada 6 meses. 
 
➢ Prontuário Odontológico em UTI: 
 
Deve ser elaborado com o perfil e as características da UTI assistida pelo profissional e deve 
deve ser composto por todas as informações possíveis. É o documento mais completo e mais indicado 
para resguardar e possibilitar a atuação profissional. Instrumento responsável pela melhor 
comunicação entre profissionais da equipe odontológica e interdisciplinar, melhor acompanhamento 
do planejamento proposto e dos ttt realizados. 
 
 
26 
 
 
ALTERAÇÕES NUROLÓGICAS E ODONTOLOGIA 
 
 PARALISIA CEREBRAL: 
 
 
O termo “paralisia cerebral – PC”, atualmente é usado como o significado de dano cerebral que leva à 
inabilidade, à dificuldade ou ao descontrole de músculos e de outros movimentos do corpo, sem 
necessariamente, estar associado à deficiência mental. 
Trata-se de um quadro permanente de uma lesão estável, não progressiva, que ocorre antes dos 2 
anos de idade e que resulta em desenvolvimento motor pobre, associado ou não ao retardo mental. Na PC, 
as lesões que ocorrem no SNC podem ser isoladas ou acompanhadas de diversos transtornos psíquicos, 
sensoriais e da linguagem, dependendo da área afetada e extensão da lesão. 
 
➢ Etiologia: 
 
A PC não é uma doença, mas uma condição médica especial que ocorre antes, durante ou logo após o 
parto, e pode ser dividida em fatores pré, peri e pós-natais. 
➢ Perturbações de caráter hereditário: 
 Defeitos enzimáticos 
 Não separação após a meiose (ex: trissomias) 
 Permuta de fragmentos cromossômicos 
 Mosaicismo 
 Síndromes de Turner, Edwards, Patau, Cri-Du-Chat e Klinefelder. 
 
➢ Fatores Pré-natais: 
 Infecção da gestante pode atingir o feto via placentária: toxoplasmose, rubéola, 
citomegalovírus, herpes, hepatite, sífilis e outras não determinadas 
 Distúrbios metabólicos: avitaminoses, hipovitaminoses, diabetes e fenilcetonúria. A 
subnutrição da gestante resulta na redução do crescimento docérebro e desenvolvimento das 
funções nervosas 
 Lesões cerebrais hipoxêmicas: decorrentes de anemia da gestante e hemorragia durante a 
gravidez que possam causar aborto 
 Agentes teratogênicos: ttt com talidomida e radioterapia, que podem causar microcefalia 
 Estado psicológico alterado 
 Perturbações de caráter hereditário: alterações cromossômicas 
 
➢ Fatores Peri-natais: durante ou logo após o parto 
 Hemorragias: 
 sangramentos consequentes de rompimentos de veias, por compressão da cabeça no 
canal do parto 
 asfixias 
 Hipóxia cerebral: diminuição acentuada de fluxo sanguíneo, ocasionando a má oxigenação dos 
tecidos 
 Prematuridade 
 Icterícia neonatal grave: por incompatibilidade dos fatores Rh ou ABO. Principal etiologia da 
forma atetoide de PC. 
 
 
 
 
 
27 
 
 
➢ Fatores Pós-natais: ocorridos do nascimento até os 2 anos de idade. 
 Traumatismos cranioencefálicos diretos ou indiretos 
 Processos infecciosos, como encefalopatias e meningoencefalites 
 Transtornos cardiovasculares: embolias e tromboses 
 Cranioestenose e craniossinostose 
 
Outros fatores: 
 Crises convulsivas e índice de Ápgar muito baixo 
 Baixo peso fetal; Gestação de alto risco com hipertensão ou diabetes 
 Idade materna acima dos 40 anos ou abaixo dos 16 anos de idade 
 
➢ Tônus muscular: 
O tônus ou tonicidade é um estado particular de tensão permanente e involuntária dos tecidos vivos, 
especialmente do tecido muscular, sob a dependência do SNC e SNP. É responsável pela manutenção 
da postura estática e dinâmica, e são descritas em quatro tipos: 
 Hipertonia: contração alta 
 Normotonia: contração equilibrada 
 Hipotonia: contração baixa 
 Distonia: tônus oscilante 
 
➢ Motricidade: 
Pode ser involuntária (reflexa ou automática) ou voluntária. 
 Involuntária: 
 Reflexa: age independentemente da vontade, fazendo que haja uniformidades de 
respostas. Os sinais lesionais são paralisia, atrofia muscular precoce, hipo ou arreflexia 
e distúrbios sensitivos 
 Automática: movimentos involuntários e espontâneos e alterações do tônus. Não há 
paralisia, sendo mais comum a hipertonia, que se divide em: 
 Primária: sucção, mastigação, choro e respiração; é inata e instintiva, 
independe do meio e implica em uniformidade de respostas 
 Secundária: nadar, escrever, correr...; depende do aprendizado prévio e da 
vontade do indivíduo. 
Os sinais lesionais são ausência de paralisia motora, perda do automatismo, 
movimentos involuntários e alterações de tônus. 
 Voluntária: caráter individualizante e dependente da vontade. 
Os sinais lesionais são: 
 Paresia ou plegia 
 Atrofia muscular por desuso 
 Hiper-reflexia profunda e abolição do reflexo cutâneo-plantar, no sentido 
posteroanterior, desde o calcanhar até a concavidade (Sinal de Babinski). 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
➢ Classificação da Paralisia Cerebral: 
De acordo com a localização das lesões e das áreas do cérebro que foram afetadas, as manifestações 
são diferentes. 
▪ Espática: paralisia e aumento da tonicidade dos músculos por lesões no córtex ou em suas vias 
provenientes. Pode resultar em um lado do corpo afetado (hemiparesia), os quatro membros 
(tetraparesia) ou maior comprometimento dos membros inferiores (diplegia). Representa 75-80% 
dos casos. 
▪ Atetoide ou Discinésia: movimentos involuntários e variações na tonicidade muscular, de lesões no 
interior dos hemisférios cerebrais. 
▪ Atáxica: diminuição da tonicidade muscular, incoordenação dos movimentos e equilíbrio deficiente, 
por lesões no cerebelo ou nas vias cerebelosas. 
 
De acordo com os membros atingidos, pode-se ter os seguintes grupos: 
▪ Grupo das Diplegias: comprometimento maior das extremidades inferiores que das superiores; 
▪ Grupo das Quadriplegias: comprometimento do corpo todo; 
▪ Grupo das Hemiplegias: comprometimento de um dimídio (lado) do corpo. 
 
 
 
 
➢ Reflexos mais comuns na PC: 
 
 Reflexo tônico-cervical assimétrico: 
 Posição: dorsal ou ventral 
 Estímulo: rotação da cabeça para a esquerda ou para a direita 
 Resposta: extensão total dos membros para o lado em que a face está voltada e flexão 
total dos membros do lado occipital. 
 Reflexo tônico-cervical simétrico: 
 Posição: decúbito dorsal ou ventral 
 Estímulo: ventroflexão ou dorsoflexão da cabeça 
 Resposta: na ventroflexão: flexão dos membros superiores e extensão dos inferiores; 
na dorsoflexão: extensão dos membros superiores e flexão dos inferiores. 
 Reflexo tônico-labiríntico: 
 Posição: decúbito dorsal ou ventral 
 Estímulo: dorsal ou ventral 
 Resposta: extensão total dos membros superiores, inferiores e coluna; ou a flexão total 
dos membros inferiores e da coluna. 
 
 
 
 
 
29 
 
 
➢ Manifestações sistêmicas: 
 
 Epilepsia: convulsões ou crises epilépticas, de maior ou menor intensidade 
 Deficiência mental: 50% dos casos, o que tem levado a distorções e preconceitos, devendo-se 
diferenciar os diversos graus de comprometimento mental da criança. 
 Deficiências visuais: casos de baixa visão, estrabismos e erros de refração. 
 Dificuldades de aprendizagem: necessitam de educação especial e integração social para o 
estímulo de comunicação e aprendizagem. 
 Dificuldades de fala e de alimentação: tônus flutuante dos músculos da face. 
 
 
➢ Manifestações bucais: 
• Índice de cárie: 
Há um alto índice nesses pacientes por falta de coordenação dos movimentos de higienização, 
bem como pela falta de conscientização e dedicação dos cuidadores. O fato de terem 
musculatura orofacial associada à respiração bucal pode tornar esses pacientes xerostômicos, 
embora haja um aumento na quantidade de saliva. 
• Gengivite e periodontopatias: incidência maior em crianças acima de 5 anos de idade, que a 
médio e longo prazo podem levar à perda dental. 
• Hipoplasia de esmalte: maior incidência em dentição decídua 
• Hiperplasia gengival: pacientes com epilepsia associada, e com presença de biofilme, aparece 
a fibromatose gengival dilantínica, por medicação anticonvulsivante à base de hidantoína. O 
medicamento por si só não tem a capacidade de provocar o quadro. 
• Maloclusão: em razão das ações musculares e da respiração bucal. 
• Traumatismos: em tecidos moles, por contrações musculares e maloclusão. 
• Bruxismo: mais frequente na PC do tipo espático e atetoide, apresentando desgaste importante 
nas faces oclusais dos dentes posteriores. 
• Perda precoce dos dentes: ocasiona maiores problemas mastigatórios, fonéticos e 
respiratórios. 
 
 
➢ Tratamento odontológico: 
Oferecer boas condições de ttt para o paciente, de acordo com suas necessidades e limitações. 
A sequência sugerida para as primeiras consultas é: 
1. Anamnese: histórico médico, familiar e medicações em uso 
2. Formação de vínculo com o paciente e com a família 
3. Perfil psicológico do paciente, da família e dinâmica familiar 
4. Atividades de vida diárias 
5. Exame clínico 
6. Exames complementares e avaliação médica 
7. Plano de tratamento 
8. Manejo do paciente na cadeira 
 
Paciente com PC do tipo atáxico sente dificuldade em senta-se na cadeira odontológica em razão de 
sua falta de equilíbrio, o que pode ser resolvido calçando-o com almofadas e roletes de toalhas. Dependendo 
da idade e do peso, ele poderá ser atendido no colo dos pais ou responsáveis. 
Nos pacientes com PC do tipo atetoide e espástico, fica mais fácil mantê-los na cadeira dada a 
contração muscular. 
 reclinar a cadeira de maneira a melhorar sua postura pode tirá-lo do padrão de 
contração muscular. 
 a cabeça deve estar apoiada em um travesseiro ou no braço esquerdo do próprio 
profissional, de tal forma que a mão e o pulso esquerdo fiquem livres para auxiliar no 
tratamento. 
 
 
30 
 
 
As regras paraa higiene bucal são: 
 colocar pouco creme dental na escova 
 utilizar escovas dentais pequenas e de cerdas macias; alguns pacientes não toleram o estímulo 
das escovas elétricas. 
 Utilizar toalha enrolada na mão ou abridores de espátulas de madeira e gaze, para abrir a boca 
de pctes com espasmos musculares. 
 Introduzir alimentos adstringentes na dieta, como cenouras cruas, maçãs etc, quando for 
possível mastigar. 
 Massagear as gengivas com gaze umedecida em solução de clorexidina em pctes que não 
mastigam, a fim de remover restos alimentares, matéria alba e placa bacteriana, bem como 
diminuir a inflamação e o sangramento gengival. 
 Escovar, sempre que possível, todas as faces dos dentes. 
 
Pequenas modificações deverão ser feitas para atender a esse grupo de pacientes no intuito de 
oferecer maior proteção em relação aos riscos inerentes ao ttt, principalmente para aqueles que apresentam 
comprometimento nas reações e nos reflexos normais. 
De acordo com o nível de compreensão do paciente, após estabilizado na cadeira, deverão ser 
apresentados o equipamento e o instrumental a fim de reduzir sua ansiedade. O CD deve usar a sua 
sensibilidade e observação para tentar ler os sinais faciais e a linguagem não verbal, que muitas vezes sinaliza 
o caminho a seguir para melhor abordagem do paciente. 
Para a abertura da boca, podem ser usados abridores ou dedeiras em resina, sempre observando o 
tempo de uso, pois podem desencadear problemas na ATM quando utilizados por um longo período. Os 
pacientes do tipo espático tem um padrão de contração muscular que se manifesta na abertura da boca e 
poderá ser vencido com suave pressão no local. 
Exames radiográficos também devem ser adaptados à necessidade individual do paciente. A utilização 
de um colar cervical de material radiolúcido, rolos de toalha e a presença de um acompanhante devidamente 
protegido, podem ser maneiras de facilitar as tomadas das radiografias. As radiografias interproximais são as 
mais adequadas para esses pacientes. 
 
 
➢ Terapia medicamentosa: 
 
Anestésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, devem ter adequação de acordo com as complicações 
sistêmicas que cada paciente manifestar. 
Para a utilização de anestesia geral deve ser sempre avaliado o binômio risco/benefício. Pacientes 
com PC tem as musculaturas da faringe, laringe e do diafragma comprometidos, e a indução de medicamentos 
para relaxamento muscular pode causar dificuldade na retomada dos movimentos musculares respiratórios, 
aumentando o risco de broncoaspiração. Esgotados todos os recursos para instituir o ttt convencional, a 
anestesia geral é necessária. A imobilidade possibilita que o ttt seja realizado em uma única sessão. 
Os critérios para seu uso são: 
 Atendimento de urgência 
 Pacientes agressivos e incontroláveis 
 Cirurgias extensas 
 Pacientes com necessidade de ttt extenso e que apresentam dificuldade de locomoção ou que 
morem em localidades distantes de centros de referência para atendimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 EPILEPSIA: 
 
 
 
Estado fisiológico alterado que envolve o sistema nervoso central. 
A crise epiléptica é uma alteração súbita da função do SNC resultante de uma descarga elétrica 
paroxística de alta voltagem que pode ocorrer na porção neural do telencéfalo ou do tronco cerebral. Pode 
iniciar-se espontaneamente em neurônios patológicos ou normais, desencadeada por estímulos elétricos, 
farmacológicos ou fisiológicos. 
 
➢ Etiologia: 
 
Crises focais são decorrentes de alteração de sistemas anatomofuncionais específicos; as crises 
generalizadas, da modificação de todo o cérebro ou de grande parte dele. A maior parte dos casos é de 
etiologia desconhecida multifatorial, acrescida de fatores exógenos ou genético-metabólicos. 
 Fatores genéticos: há uma predisposição para a doença. Existem duas formas: 
 ausência: crises chamadas de pequeno mal. Ocorrem em crianças que tem uma figura 
encefalográfica característica. 
 mioclônica: se produz por uma alteração no cromossomo 6. 
 Fatores pré-natais: anoxia, malformação congênita e infecção transplacentária. 
 Fatores perinatais: traumas de parto e hipóxia perinatal podem provocar perda de neurônios. 
 Fatores pós-natais: infecções agudas ou crônicas, tumores, distúrbios ou defeitos circulatórios, 
intoxicação, edema cerebral, hipertensão intracraniana e distúrbios metabólicos. 
 Fatores sociais: partos mal assistidos e cisticercose, que invade o sistema nervoso. 
 
 
➢ Classificação internacional de crises epilépticas: 
 
1. Crises parciais: 
Correspondem a 60% das crises e pode se reconhecer uma origem focal. Dividem-se em três 
tipos: simples, complexas e parciais com generalização posterior. 
 
2. Crises generalizadas: 
Correspondem aos outros 40%. Não há nenhum sintoma ou sinal que indique a sua origem 
em algum ponto específico do cérebro (foco). O indivíduo perde a consciência de imediato por 
uma grande descarga nos dois hemisférios cerebrais e podem provocar crises dos tipos 
ausência, mioclônica, tônica, tônico-clônica e atônica. 
 
→ Crises de Ausência (pequeno mal): o paciente de epilepsia apresenta-se “desligado” 
por alguns segundos, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
→ Status convulsivo tônico-clônico (grande mal): crise convulsiva generalizada que 
acontece por mais de 30 minutos, com duração prolongada ou que se repete em 
intervalos muito curtos, sem recuperação da consciência entre as crises, podendo 
produzir um dano orgânico irreparável. A mortalidade é de cerca de 10% dos quadros. 
 
 
 
O estado de mal generalizado convulsivo é extremamente grave, e cerca de 50% dos casos são em 
epilépticos diagnosticados e que abandonam o ttt. Os outros casos podem aparecer como complicações de 
AVC, traumatismo cranioencefálico (TEC), tumor cerebral, meningite, encefalopatia etc. 
 
 
➢ Fatores desencadeantes de crises: 
A identificação do fator razão pode evitar determinadas situações, reduzindo o risco da crise. As crises 
podem ser divididas em: 
 Ocasionais: são em maioria e geralmente não se consegue identificar o fator de seu 
aparecimento 
 Cíclicas: sua periodicidade pode estar ligada ao ciclo do sono/vigília e a fatores hormonais 
(primeira menstruação, menstruação e menopausa) 
 Desencadeadas: 
 Epilepsia reflexa: mais rara, na qual a crise acontece exclusivamente diante de um 
desencadeante específico: luz (epilepsia da televisão), barulho, leitura, música etc. 
 Por fatores não específicos: estresse, privação do sono, suspensão abrupta de 
medicamentos e sedativos, febre alta, fadiga física, álcool, hiperventilação, emoções, 
processos infecciosos, traumas cranianos, uso de drogas, anestésicos gerais, 
broncodilatadores etc. 
 
➢ Recomendações gerais para prevenir as crises: 
▪ Não suspender a medicação antiepiléptica, nem modificar as suas doses sem recomendação 
médica 
▪ Respeitar os horários de tomada de medicamentos 
 
 
33 
 
 
▪ Não usar outros medicamentos sem orientação médica 
▪ Dormir o suficiente e regularmente 
▪ Não ficar em jejum 
▪ Não ingerir bebidas alcoólicas 
▪ Fazer calendário das crises, tentando relacioná-las com eventos do dia a dia 
 
 
➢ Fármacos no controle das crises epilépticas: 
 
 Antiepilépticos clássicos: fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, ácido valproico e primidona. 
 Benzodiazepínicos: diazepan, clonazepan, clabazam e midazolam. 
 Antiepilépticos de nova geração: lamotrigina, gabatriptina, oxcarbazepina e vigabatrina. 
 
 Efeitos secundários dos antiepilépticos: 
 
→ Fenobarbital: Hiperalgesia, leucopenia, osteopenia, sonolência, diminuição do 
rendimento intelectual,transtornos de personalidade. Tem efeito “rebote”, ou seja, 
se suprimido bruscamente pode desencadear crises com mais facilidade do que antes 
da sua utilização. 
→ Fenitoína: hiperplasia gengival na presença de placa bacteriana, sangramento 
gengival, cicatrização demorada. Aumento da incidência de fissuras de lábio e palato 
em filhos de gestantes 
→ Carbamazepina: Hiperplasia ou sangramento gengival, cicatrização demorada. 
Aumento da incidência de Ulceração, xerostomia, glossite, estomatite, maior CPOD, 
candidíase, leucopenia, trombocitopenia, erupções cutâneas e cicatrização 
demorada. Perturba de maneira importante a hematopoiese (processo de renovação 
celular do sangue por meio de processos mitóticos). 
→ Lamotrigina: Xerostomia, úlceras, CPOD elevado, candidíase e leucopenia. 
→ Ácido valproico: Trombocitopenia, diminuição da agregação plaquetária, prolongado 
tempo de sangramento, leucopenia e hiperfagia. 
→ Primidona: Hiperalgesia, leucopenia, osteopenia, sonolência 
 
 
➢ Sinais bucais da epilepsia: 
 
Gengivite pode ocorrer com ou sem aumento visível do volume gengival, na dependência da 
intensidade, frequência ou duração das causas locais e resistência dos tecidos bucais. 
Fibromatose gengival medicamentosa (ou dilantínica) desencadeada pelas medicações derivadas de 
hidantoína, utilizadas para o controle das crises convulsivas, que induzem a proliferação de fibroblastos. De 
evolução lenta, manifesta-se em 10 a 30% dos pacientes que fazem uso de anticonvulsivantes. A droga por si 
só, sem a presença do biofilme, não desencadeia a fibromatose. 
O ttt consiste na troca do anticonvulsivante, que deve ser feita pelo médico, e remoção cirúrgica do 
tecido gengival a fim de restabelecer o aspecto normal da gengiva. 
 
 
 
 
 
 
 
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➢ O CD e o paciente com epilepsia: 
 
É condição vital no ttt odontológico de qualquer paciente que o profissional tenha segurança na 
realização do tratamento e saiba reconhecer as limitações de cada caso, evitando ou retardando a execução 
do plano de ttt quando se observa a falta de condições clínico-físicas do pacte. 
No caso do pacte epiléptico, deve-se evitar estímulos desencadeantes além de assegura-se de que o 
controle médico/medicamentoso é feito rigorosamente. 
 
Durante uma crise epiléptica, recomenda-se: 
 Permanecer calmo e observar o paciente, tranquilizando os familiares 
 Afrouxar as roupas do paciente 
 Posicionar a cabeça de lado para evitar aspiração da saliva 
 Evitar traumatismos e ferimentos no paciente (proteger a cabeça com almofada ou roupa 
dobrada sob essa parte e afastar móveis e objetos cortantes) 
 Colocar uma toalha entre os dentes do pacte para evitar ferimentos dos tecidos moles e/ou 
fratura dental 
 Não usar manobras violentas ou artefatos rígidos para impedir o fechamento da boca 
 Não tentar imobilizar o pacte, e enquanto a crise não cessar, permanecer ao seu lado 
 não usar oxigênio em casos em que os pctes se apresentarem cianóticos (pode alongar a crise) 
 Reconhecer a confusão mental posterior a crise, que pode durar mais de 15 minutos, e deixá-
lo em repouso. 
 
Durante uma crise de ausência: 
 Não interrogar o pcte agressivamente 
 Se o pcte andar sem direção, fazê-lo sentar-se ou levá-lo até onde possa estar em segurança, 
sempre com a voz calma e sem segurá-lo fortemente 
 Ficar com o pcte até que a confusão mental desapareça 
 
 
➢ Terapia medicamentosa: 
 
O estresse durante a consulta deve ser evitado, bem como o uso de estimulantes do SNC, como 
cafeína, codeína, epinefrina etc. O pcte deve estar sempre acompanhado nas consultas. 
 
 Anestésicos locais: de eleição é a prilocaína com vasoconstritor (Citocaína®, Citanest®, 
Biopressim®). Evitar anestésicos que contenham epinefrina ou seus derivados. 
 Analgésicos: evitar os que contenham cafeína ou codeína. 
 Anti-inflamatórios: as contraindicações estão relacionadas com a condição geral do pcte, não 
sendo a epilepsia determinante. 
 Antibióticos: uso conforme indicação ou condição clínica; as contraindicações estão 
relacionadas com a condição geral do pcte, não sendo a epilepsia determinante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DEFICIÊNCIA MENTAL: 
 
 
 
O Sistema 2002 da American Association on Mental Retardation (AAMR) define DM como “deficiência 
caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual da pessoa e no seu comportamento 
adaptativo – habilidades práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos 18 anos de idade”. 
No processo de identificação de crianças com DM, são avaliadas, em especial, duas áreas: 
 Funcionamento intelectual: capacidade que o indivíduo tem para resolver problemas e 
adquirir conhecimentos 
 Comportamento adaptativo: capacidade necessária para um indivíduo se adaptar e interagir 
com seu ambiente, de acordo com seu grupo etário e cultural. 
A necessidade de apoio é avaliada pela relação dinâmica do indivíduo com as dimensões: 
 Habilidades intelectuais 
 Comportamento adaptativo a habilidades conceituais, sociais e práticas de vida diária 
 Participação, interação e papéis sociais 
 Saúde (física, mental e etiologia) 
 Contextos (ambientes, cultura) 
 
➢ Classificação de acordo com a necessidade de apoio: 
 Intermitente: apoio utilizado quando necessário, de natureza episódica, de alta ou baixa 
intensidade. 
 Limitado: apoio intensivo caracterizado por sua duração, por tempo limitado, transitório, mas 
não intermitente 
 Extenso: apoio caracterizado por sua regularidade diária nas áreas familiar ou profissional e 
sem limitação temporal 
 Generalizado: apoio com constância e elevada intensidade em diferentes áreas. Sem eles, o 
indivíduo não sobrevive 
 
➢ Classificação da OMS – grau de comprometimento: 
 Profundo: incapacidade total de autonomia até nível vegetativo 
 Grave: necessitam de trabalhos para instauração de alguns hábitos de autonomia; capacidade 
de comunicação primária 
 Moderado: capacidade para assumir um nível pré-operativo podendo ter certas atitudes bem 
elaboradas 
 Leve: casos perfeitamente educáveis. 
 
Do ponto de vista do aprendizado, podem ser classificados em: 
 Dependentes: apresenta QI abaixo de 25; casos mais graves 
 Treináveis: apresentam QI entre 25 e 75 e se colocadas em classes especiais poderão treinar 
várias funções como disciplina e hábitos higiênicos 
 Educáveis: QI entre 76 e 89; a inteligência é dita “limítrofe ou lenta” e podem permanecer em 
classes comuns, embora com acompanhamento psicopedagógico. 
 
➢ Fatores de risco e causas pré-natais 
Desde a concepção até o início do trabalho de parto: 
 Desnutrição materna e má assistência à gestante 
 Doenças infecciosas na mãe: sífilis, rubéola, toxoplasmose 
 Fatores tóxicos na mãe: alcoolismo, tabagismo, drogas 
 Fatores genéticos: alterações cromossômicas numéricas ou estruturais 
 
 
36 
 
 
 Erros inatos do metabolismo: hiperglicemia, fenilcetonúria, hipoglicemia, hipotireoidismo, 
intolerância à frutose 
 Doenças cerebrais graves ou doenças que tumores ou distúrbios degenerativos possam 
provocar a DM 
 Malformações cerebrais ou cranianas presentes no nascimento: microcefalia, hidrocefalia, 
espinha bífida etc. 
 Distúrbios psíquicos: de Rett e certos casos de autismo e esquizofrenia. 
 
➢ Fatores de risco e causas perinatais 
Do início do trabalho de parto até o 30º dia de vida: 
▪ Má assistência a traumas de parto 
▪ Hipóxia ou anoxia (oxigenação cerebral insuficiente) 
▪ Prematuridade e baixo peso (PIG – pequeno para a idade gestacional) 
▪ Icterícia grave do recém-nascido: incompatibilidade Rh/ABO 
 
➢ Fatores de risco e causas pós-natais 
Do 30º dia de vida até o final da adolescência: 
 Desnutrição, desidratação grave, carência

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