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1 PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS – PNE e ODONTOLOGIA HOSPITALAR VARELLIS, M.L.Z. O paciente com necessidades especiais na odontologia: manual prático. 3.ed. São Paulo: Santos, 2017. VARELLIS, M.L.Z. Odontologia Hospitalar. 1.ed. São Paulo: Quintessence, 2018. Artigos e materiais disponibilizados pela Profa. Keyse Loyanne Batista. Roteiro de estudo – 2019/2 Por Nice de Alvarenga Rabelo Colaboração de Leidiana Morais nice.alvarengarabelo@gmail.com HEMATOLOGIA Ramo da biologia que estuda o sangue e os elementos figurados do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. A produção desses elementos e os órgãos em que eles são produzidos (órgãos hematopoiéticos): medula óssea, baço e linfonodos; e analisa as doenças a eles relacionadas. Hemograma Completo: Sangue: → Plasma (60%): Derivam do sistema linfático; Proporcionam veículo para o movimento celular → Células (40%): Produzidas basicamente na medula óssea; Classificam-se em leucócitos (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos vermelhos ou eritrócitos) e plaquetas (trombócitos). ➢ Eritrograma: Estuda alterações nos eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, índices globulares e morfologia eritrocitária. ➢ Leucograma: Estuda a série branca - ou leucócitos, fazendo contagem total dos leucócitos (leucometria), contagem diferencial contando-se 100 células; fórmulas percentual e absoluta; e a morfologia. ➢ Plaquetograma: Estima a quantidade de plaquetas e estuda sua morfologia. Eritrócitos – Glóbulos vermelhos – Hemácias Transporte de nutrientes, oxigênio e resíduos (escória). Deixa a medula óssea no estágio de reticulório, que se degenera em 1 ou 2 dias e se transforma em célula madura (eritrócito); O eritrócito circula na corrente sanguínea por cerca de 120 dias antes de ser destruído. ➢ Anemias: • Anemias carenciais: surgem por deficiência de determinados nutrientes na dieta, como ferro, vitamina B12 e ácido fólico. A anemia provocada pela falta de ferro é chamada ferropriva; pela falta de vitamina B12 é a anemia perniciosa. • Anemias espoliativas: são resultado da perda de sangue causada por algumas doenças, como amebíase, amarelão, úlcera e gastrite. • Anemias aplásticas: são originadas de doenças que comprometem a medula óssea vermelha, acarretando diminuição na produção de glóbulos vermelhos e demais células do sangue. Ex: leucemia. 2 ➢ Manejo odontológico: Alguns sinais de anemia ferropriva na boca são: Glossite atrófica; Mucosas atróficas; Sensação de ardência bucal; Xerostomia e hipossalivação; e alteração do paladar. Para o ttt odontológico, desde que o paciente não apresente sinais clínicos importantes, como fadiga, fraqueza e alterações cardíacas, pode ser submetido ao ttt odontológico de rotina. Procedimentos cirúrgicos devem considerar as condições gerais do pcte e, se necessário, postergar o procedimento invasivo até o início do ttt da anemia e melhoria de seus sinais. ▪ Hemoglobina: considerado anemia quando: adulto apresentar Hb < 12,5g/dl; criança de 6 meses a 6 anos Hb < 11g/dl; crianças de 6 anos a 14 anos, uma Hb < 12g/dl. ▪ Hematócrito: Determina a massa das hemácias, os resultados são expressos em % de hemácias contidas num volume de sangue total. Representa a quantidade de hemácias existentes em 100ml de sangue total. ▪ RDW (Red Cell Distribution Width) ou seja, distribuição da largura das células vermelhas. ▪ VCM (Volume Corpuscular Médio): é o índice importante na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia. Índice que ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia: Pequenas - microcíticas (< 80fl, para adultos) Grandes – macrocíticas (> 96fl, para adultos) Normais - normocíticas (80 – 96 fl) As anemias microcíticas mais comuns são a ferropriva e as síndromes talassêmicas. As anemias macrocíticas mais comuns são as anemias megaloblástica e perniciosa. O resultado do VCM é dado em fentolitro. ➢ Morfologia Eritrocitária: ▪ Macrocitose: VCM > 110, é causada por hiper regeneração da medula (déficit de ácido fólico ou vitamina B12) ▪ Microcitose e hipocromia: deficiência na síntese da hemoglobina (deficiência de ferro, talassemias) ▪ Anisocitose – denominação que se dá quando há alteração no tamanho das hemácias. → HCM (Hemoglobina Corpuscular Média): é o peso da hemoglobina na hemácia. Seu resultado é dado em picogramas. → CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média): é a concentração da hemoglobina dentro de uma hemácia. Glóbulos brancos - Leucócitos: Combater as infecções ▪ Granulócitos: Basófilos; Eosinófilos; Neutrófilos ▪ Agranulócitos: Linfócitos e Monócitos 3 ➢ Neutrófilos: seu aumento pode indicar infecção bacteriana, mas pode estar aumentada em infecção viral, estresse ou uso de corticoides. • Neutrofilia: inflamação, trauma ou necrose; • Neutropenia: doenças oncológicas e aplasias. ➢ Eosinófilos: seu aumento (eosinofilia) indica processo alérgico ou parasitoses. ➢ Linfócitos: seu aumento (linfocitose) indica infecção por vírus (mononucleose, sarampo, vírus respiratório). 4 ➢ Monócitos: Fagocitam células mortas e atua na defesa imunológica contra muitos organismos em infecções graves (fase tardia). Trombócitos - Plaquetas: Atua na Coagulação - cascata de coagulação – formação de coágulos • São os menores elementos formadores do sangue; • Volume médio plaquetário indica a uniformidade de tamanho da população de plaquetas. → Anormalidades relacionadas com as plaquetas: • Plaquetopenia: Ocorre quando o paciente apresenta uma queda razoável no número normal de plaquetas. Púrpura, hemorragias, viroses, leucemia e aplasia. Sangramentos ocorrem com maior facilidade, assim como o surgimento de manchas roxas pelo corpo. O paciente pode ainda apresentar sangue nas fezes, vômitos com sangue, dores nas articulações e músculos e apresentar fraqueza. • Plaquetose: Ocorre quando um paciente apresenta um número elevado de plaquetas no sangue. Inflamações, anemia ferropriva e anemia pós hemorrágica. pode ser ainda classificada em primária e secundária. A primária relaciona-se com doenças relacionadas com a produção anormal de células sanguíneas, e a secundária é desencadeada por alguma doença subjacente, como infecções e anemias. 5 MEDIDAS DE PRECAUÇÃO PADRÃO - PP A Biossegurança é a parte da medicina que envolve as medidas destinadas a preservar a qualidade de vida do profissional com ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades. A Norma Regulamentadora 32 (NR32) estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de prestação à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde. Infecção hospitalar é qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Para conter as infecções hospitalares – IHs – fez-se necessário adotar medidas preventivas pré e pós- exposição aos riscos, conhecidas como Precaução Padrão (PP) que se baseiam em todas as estratégias adotadas frente aos casos suspeitos ou confirmados de doenças infectocontagiosas a fim de conter a disseminação de patógenos. Além das PPs, é necessário uma vigilânciaepidemiológica e a adoção de precauções adequadas baseadas na transmissão das doenças. As Precauções Baseadas na Transmissão (PBT) são classificadas em precauções de contato, gotículas e aerossóis, sendo o uso das mesmas associadas às PPs. Precaução Padrão - PP: Conjunto de medidas utilizadas para diminuir os riscos de transmissão de microrganismos nos hospitais e constituem-se basicamente em: Lavagem das mãos; Uso de EPIs como: luvas, máscara, protetor de olhos, protetor de face e avental; Manejo e descarte corretos de materiais pérfuro cortantes e resíduos; Imunização dos profissionais. 6 Precauções Baseadas na Transmissão – PBT: São elaboradas de acordo com o mecanismo de transmissão das patologias e designadas para pacientes suspeitos, sabidamente infectados ou colonizados por patógenos transmissíveis e de importância epidemiológica; e empregadas juntamente com as PPs. ➢ Precaução por contato: Utilizadas em pacientes com patologias, suspeitas ou confirmadas, cujos agentes são transmitidos de uma pessoa para a outra através de contato com a pele ou mucosa, por contato direto sem que haja participação de um veículo inanimado ou fômite, ou por contato indireto com superfícies ambientais, artigos e equipamento de cuidados aos pacientes contaminados. É obrigatório o uso de avental individual e de luvas para qualquer contato com o paciente, sendo que as mesmas devem ser trocadas entre dois procedimentos diferentes no mesmo paciente. O paciente deve ser colocado em quarto individual ou comum para pacientes acometidos com o mesmo m.o.. Em quarto coletivo, é preciso instituir a distância de 2m entre o pcte infectado e outros pacientes. Artigos e equipamentos são de uso exclusivo para cada paciente, incluindo termômetro, estetoscópio e esfigmomanômetro e devem ser desinfectados ou esterilizados após a alta. ➢ Precaução por gotículas: Indicadas para a assistência a pacientes com infecção, suspeita ou confirmada, causada por m.o. transmitidos por gotículas de tamanho grande de saliva o de secreção nasofaríngea gerada durante tosse, espirro fala ou realização de procedimentos. Deve-se manter, além das PPs, as precauções baseadas na transmissão como colocar o pcte em quarto individual ou comum para afetados com o mesmo m.o. (coorte de pacientes), utilizar máscara cirúrgica ao entrar no quarto e limitar o transporte do pcte, sendo que quando realizado, o pct deve utilizar máscara. Os artigos e equipamentos deverão ser de uso exclusivo ou comum aos pctes com a mesma infecção. 7 ➢ Precaução por aerossóis: Indicadas para pacientes com infecção, suspeita ou confirmada, causadas por m.o. transmitidos por inalação de partículas menores eliminadas durante a respiração, fala, tosse ou espirro, que quando ressecados permanecem suspensos no ar por horas atingindo outros ambientes, inclusive áreas adjacentes, sendo carreadas pela corrente de ar. Recomenda-se que os pctes sejam mantidos em quarto privativo, de preferência com antecâmara, mantendo as portas fechadas. O quarto deve ser submetido à pressão negativa em relação ao corredor mediante trocas de ar por hora, com exaustão para o exterior. As visitas devem ser restritas. É obrigatório o uso da máscara com filtro especial N95 pelo profissional. O transporte do paciente deve ser limitado, e se necessário, deve utilizar máscara cirúrgica. Os equipamentos próximos ao leito devem sofrer limpeza e desinfecção diária. 8 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA - TEA 9 Diagnóstico de Autismo: 1 a 3 anos de idade: Autismo e Odontologia: 10 11 Características clínicas em Odontologia: Diretrizes para o tratamento odontológico de pessoas com TEA: ✓ Estabelecendo uma relação baseada na confiança entre profissional, paciente e familiares, em cada das visitas, é possível conquistar um novo passo. ETAPA 1: ABORDAGEM FAMILIAR E CAPTAÇÃO DOS INDIVÍDUOS AUTISTAS; ETAPA 2: ACOLHIMENTO E CONDICIONAMENTO PARA ATENDIMENTO NA UNIDADE DE SAÚDE E CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO; ETAPA 3: EXAME FÍSICO E ODONTOLÓGICO, PROGNÓSTICO E PLANO DE TRATAMENTO; ETAPAS 4 e 5: ANESTESIA, RESTRIÇÃO FÍSICA E SEDAÇÃO DO PACIENTE AUTISTA; ETAPA 6: ASPECTOS BÁSICOS NO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO; ETAPA 7: INSTRUÇÕES AOS CUIDADORES/FAMILIARES; ETAPA 8: REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA PARA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE; ETAPA 9: ACOMPANHAMENTO ASSINTOMÁTICO CONTINUADO, VISITAS PERIÓDICAS, ATENÇÃO E VALORIZAÇÃO FAMILIAR. 12 ODONTOLOGIA EM ONCOLOGIA: CUIDADOS COM O PACIENTE O câncer é uma doença, que até pouco tempo, condenavam o doente à morte, com uma sobrevida curta. Com o avanço das pesquisas, atualmente já se conta com um leque de opções que melhoram a qualidade e aumentam a sobrevida do pcte oncológico, podendo muitos casos, chegar à cura total. O diagnóstico precoce é fundamental e favorece o sucesso das técnicas empregadas. Os recursos disponíveis para o ttt do câncer são: cirurgia, químio e radioterapia. A cirurgia é específica para o tecido e visa à ressecção da massa tumoral e dos tecidos envolvidos. A excisão cirúrgica é feita com margens largas de segurança para garantir a remoção total do tumor, reduzindo a possibilidade de recidiva da doença. Já a químio e a radioterapia são ttt pré ou pós-cirúrgicos que visam à destruição ou inibição do crescimento das células tumorais. Nenhuma dessas terapias diferencia as células doentes das normais, incluindo mucosa bucal e medula óssea; por essa razão, o ttt do câncer provoca muitos feitos colaterais na cavidade oral, podendo estar diretamente relacionados com a condição da saúde bucal do paciente e o tipo de terapia utilizada. As complicações podem ser transientes, desaparecendo com o fim do ttt, ou crônicas, necessitando de cuidados constantes pelo CD. Em adultos submetidos a ttt do câncer de cabeça e pescoço, as condutas adotadas são basicamente radioterapia e cirurgia. Em crianças, a quimioterapia é o ttt de eleição. ➢ Quimioterapia: Tem seu papel estabelecido em pacientes com doença recidiva ou metastática. Nessas circunstâncias, sua utilização tem finalidade paliativa. A combinação químio e radioterapia tem o intuito de potencializar a atividade antitumoral e a prevenção de metástases. A maioria dos medicamentos quimioterápicos afetam a medula óssea, local onde são produzidos os glóbulos vermelhos, brancos e as plaquetas. Atacam principalmente aos glóbulos brancos, sendo necessário tomar medidas preventivas contra infecções. Os efeitos sobre as plaquetas consistem em sua diminuição; e como as plaquetas controlam as hemorragias, sua diminuição frequentemente se manifesta por sangramento persistente depois de algum ferimento. É comum a observação de petéquias no interior da boca ou nas pernas. Cuidados: Evitar feridas; se sofrer algum ferimento, aplicar pressão local por 10 minutos; Usar escovas de dente com cerdas macias; Não utilizar medicamentos à base de AAS sem o conhecimento e o consentimento do médico. Reações adversas: Os efeitos orais da quimioterapia dependem de fatores relacionados com os fármacos empregados e o paciente: Fatores relacionados com o fármaco: Fármaco: cada fármaco tem seu grau de estomatotoxicidade. Os que inibem a síntese do DNA tendem a produzir mucosite, e os antibióticos podem ter efeito diretamente na boca ou em glândulas salivares menores; Dose e frequência do ttt: podem ser muito maiores quandoo medicamento é administrado em dose única do que quando fracionado e administrado por período mais longo; Terapias concomitantes: a radioterapia associada à quimioterapia tende a potencializar os efeitos colaterais orais do ttt químico. Fatores relacionados com o paciente: Idade: quanto mais jovem o paciente, maior a probabilidade de desenvolver efeitos colaterais orais; Diagnóstico: o tipo de lesão maligna pode ter relação com a manifestação de sintomas orais advindos da terapia medicamentosa; Estado bucal: higiene bucal deficiente ou a preexistência de focos infecciosos e doença periodontal são fatores que aumentam o risco de infecções orais na vigência do ttt. 13 Complicações Bucais: ▪ Estomatotoxidade: pode ser direta pela ação do fármaco, ou indireta, causada por infecções bacterianas, odontogênicas, dos tecidos moles fúngicas ou viróticas. ▪ Mucosite: Mucosite oral consiste em uma relação inflamatória tóxica aos agentes quimioterápicos que se manifesta como lesão eritematosa semelhante a uma queimadura ou como ulcerações aleatórias que vão de circunscritas a difusas. A Mucosite eritematosa ocorre com maior frequência 3-5 ou 7 dias após exposição. A progressão para mucosite ulcerada ocorre 7 dias após o início da terapia. Doses elevadas de quimioterapia, como no ttt da leucemia e de transplante de medula óssea, podem produzir mucosite grave ou ulcerativa; estima-se que o epitélio normal da mucosa oral seja completamente substituído entre 9 e 16 dias. Mucosite ulcerativa pode surgir 2 semanas do início da terapia. Cerca de 50% das lesões são graves, requerendo intervenção médica e odontológica e, em alguns casos, até a suspensão da oncoterapia citotóxica. A mucosite autolimita-se quando não se complica por uma infecção e, em geral, tem um quadro de melhora completa em 2 a 4 semanas. Cuidados necessários com o paciente são: ▪ Limpeza atraumática da mucosa oral e boa higiene; ▪ Manutenção da umidade dos lábios e da cavidade oral; ▪ Alívio da dor e inflamação; ▪ Enxágues suaves com soluções salinas (bicabornato de sódio); ▪ Uso de anestésicos tópicos e de analgésicos; ▪ Aplicação de triamcinolona pomada, em pequenas quantidades, várias vezes ao dia; ▪ Uso de dexametasona (enxágue de 3 a 4x ao dia); ▪ Uso de hidróxidos de alumínio e magnésio (suspensão); ▪ Aplicação de xilocaína viscosa a 2% sobre áreas doloridas fora do horário das refeições; ▪ Laserterapia. Uma escova dental, gaze ou esponja limpam os dentes de modo eficaz e sem trauma. As opções de agentes de limpeza são: sal e bicarbonato de sódio (dissolvidos em água morna) e, água esterilizada. Os enxágues frequentes limpam e lubrificam os tecidos, impedem a formação de crostas, acalmam a mucosa irritada e impedem que as bactérias se acumulem nas superfícies. É permitido o uso de creme dental e enxaguantes bucais sem álcool, se o paciente tolerar. A crioterapia tópica pode aliviar os sintomas da mucosite. ✓ Laserterapia: Tem se mostrado bastante eficaz no ttt da mucosite, com remissão imediata dos sintomas. São realizadas três aplicações em dias alternados, usando 4 J/cm³, e, na maioria dos casos, não há a necessidade de prosseguir com as aplicações. Como protocolo, consideram-se: Manutenção da higiene bucal Bochechos bicarbonatados Aplicação do laser terapêutico nas lesões 4 J/cm³, em dias alternados. A recomendação da dose é de comprimento de onda de 650 nm, de 70 a 100 mW. Há também a possibilidade de utilização do laser, com os mesmos parâmetros, para prevenir a instalação dos quadros de mucosite oral, aplicado antes do início da quimioterapia. O paciente deve ser orientado a procurar o cirurgião-dentista ao primeiro sinal de mucosite. ✓ Avaliação pré-quimioterápica: Os pacientes que serão submetidos à quimioterapia devem passar por cuidadosa avaliação odontológica com a finalidade de identificar possíveis fragilidades que podem servir de porta de entrada para infecções durante os períodos de leucopenia. Para prevenir complicações, deve-se realizar o preparo do meio bucal, eliminando todos os focos de infecção. 14 A mucosite oral será tão intensa quanto for precária a higiene oral; os pacientes devem ser orientados sobre as formas adequadas de higienização, principalmente nas fases de plaquetopenia. ✓ Conduta: Nas fases de acentuada leucopenia, plaquetopenia ou neutropenia, estão contraindicados todos os procedimentos odontológicos. É fundamental que o CD esteja engajado na equipe multiprofissional de ttt para prevenir complicações odontológicas na pré-quimioterapia, ou minimizar estados dolorosos durante o ciclo quimioterápico. Após a quimioterapia, o paciente é tratado normalmente do ponto de vista odontológico, devendo-se apenas ter cuidado com o completo restabelecimento das taxas sanguíneas. ➢ Radioterapia: Os efeitos secundários do ttt radioterápico são xerostomia, osteorradionecrose, disfagia, candidíase, alterações do ligamento periodontal, trismo muscular, sangramento, alteração do paladar e cárie de radiação. ✓ Xerostomia: Pode ser um efeito transiente ou permanente dependendo da presença da glândula salivar no campo irradiado com doses a partir de 2.000 cGy. O diagnóstico baseia-se nas impressões do paciente, sendo, portanto, subjetivo e clínico. Ocorre em razão de modificações das glândulas salivares principais e secundárias, com alterações qualitativas e quantitativas do fluxo salivar. Há aumento de bactérias cariogênicas e diminuição das não cariogênicas. A saliva torna-se mais ácida, aumentando a incidência de problemas periodontais e candidíase oral. A xerostomia pode ser aliviada com o uso de saliva artificial ou com métodos para estimular a secreção salivar quando ainda há potencial de fluxo: Saliva artificial com sais minerais e fluoreto de sódio Gel umectante Pilocarpina, 1g ao dia Pilocarpina HCL, comprimidos de 5 mg até 4x/dia. ✓ Osteorradionecrose: Sequela caracterizada pela perda da mucosa de revestimento ou do tecido cutâneo da boca e a consequente exposição do tecido ósseo necrótico. Existe um período mínimo necessário de exposição óssea para se confirmar o diagnóstico, geralmente aceito como de 3 a 6 meses e acompanhado de outros sinais clínicos como fístulas bucais e/ou cutâneas, trismo muscular, drenagem de secreção purulenta, algia, desconforto e dificuldade mastigatória. Trata-se de osteomielite resultante de comprometimento vascular local em decorrência da radiação, definida como um processo de desequilíbrio entre formação e destruição óssea, cuja manifestação não é repentina. Sua incidência é de 2 a 10%, e a variação da taxa está relacionada com a dose total de radiação administrada e com a localização do tumor primário. Em pacientes idosos, o risco é maior pela vascularização reduzida dos ossos em questão. Geralmente afeta o sexo masculino e com idade superior a 40 anos. O sítio mais acometido é a mandíbula, pelo fato de apresentar estrutura óssea mais compacta e densa, e menor aporte de fluxo sanguíneo em relação à maxila. O ttt implica o uso de soluções antibióticas para irrigação local, câmaras hiperbáricas e cirurgia para remoção dos sequestros ósseos. Contudo, cada caso deve ser avaliado individualmente, pois a patogênese é importante para a escolha da melhor opção de ttt. O risco é permanente e aumentado quando a dose total de radiação é maior que 5.000 cGy. ✓ Disfagia: Alteração da fase faríngea da deglutição, redução da elevação faríngea e estase de alimentos. Uma das possíveis reações agudas de pacientes portadores de tumores de cabeça e pescoço, ocorrendo geralmente 10 a 17 dias após a irradiação. 15 Pode ser avaliada por meio de observação clínica, do exame cintilográfico,radiológico, videofluoroscópico ou nasofibroscópico. Por meio dessa avaliação, serão determinados a via de alimentação mais adequada ao paciente (oral ou nasogástrica), o tipo de consistência dos alimentos e o tipo de terapia. Pode haver dificuldade de mastigação e deglutição em razão da xerostomia, com diminuição da lubrificação gastrintestinal, prejudicando a digestão e irritando a mucosa gástrica com resultados dolorosos. A irradiação pode também provocar fibrose e atrofia dos m.m. da faringe, o que dificulta ainda mais a deglutição. ✓ Candidíase: A candidíase orofaríngea pode ser tratada com pastilhas de anfotericina, suspensão de nistatina, suspensão de anfotericina e gel bucal de miconazol. Caso nenhum seja efetivo, pode-se recorrer ao cetoconazol ou fluconazol bucal. Esses medicamentos são utilizados em comum acordo com o médico: Fluconazol: comprimidos d 100 mg Cetoconazol: comprimido de 200 mg Aciclovir: comprimido de 200 mg ✓ Alterações no ligamento periodontal: As estruturas periodontais expostas à radiação sofrem modificações morfológicas e histológicas, as quais favorecem as infecções. A membrana periodontal também sofre alterações e diminuição da resistência, o que facilita a evolução para osteorradionecrose quando há traumas e infecções no osso alveolar irradiado. ✓ Trismo muscular: A articulação temporomandibular e os m.m. da mastigação recebem radiação do feixe primário por estarem na sua direção, favorecendo a fibrose muscular que acarreta dificuldade para abertura bucal, piora na mastigação e higienização oral e dificuldade na realização do ttt odontológico. Pode se desenvolver gradualmente após a radioterapia para tumores da nasofaringe e das áreas retromolar. ✓ Sangramento: Sangramento gengival pode ser sinal de trombocitopenia - ou plaquetopenia. Quando o número é inferior a 150.000/mm³, há a tendência de o pcte apresentar hemorragias. ✓ Alteração no paladar: Ocorre uma profunda alteração, de maneira que o paciente faça uma dieta restritiva por não tolerarem a maioria dos alimentos, aumentando a chance de dieta cariogênica com alimentos pastosos e adocicados. Para minimizar esse sintoma, pode ser usado o sulfato de zinco em comprimidos de 50 mg, 4x/dia. ✓ Cárie de radiação: Pode ocorrer pela ação direta da radiação sobre os dentes ou como consequência da xerostomia. São cáries de evolução rápida, que podem destruir uma dentição hígida em 1 ano. Sua evolução é maior em superfície do que em profundidade. Os pacientes podem relatar sensação de dentes crescidos e hipersensíveis. ➢ Tratamento odontológico: O ttt médico deve ser planejado em conjunto com o CD, anteriormente à quimio ou radioterapia, para que um melhor estado geral de saúde seja fator coadjuvante na recuperação do pcte. Todos os focos infecciosos devem ser removidos antes do ttt do câncer. A indicação para exodontia se restringe aos dentes comprometidos ou com focos reais de infecção. Os principais cuidados odontológicos são: Submeter os pctes a avaliações prévias e durante todo o ttt do câncer; Promover acesso a ttt odontológico preventivo, curativo e emergencial; Em caso de aplasia, evitar todo e qquer procedimento odontológico; Priorizar a remoção dos focos infecciosos; Observar alterações sistêmicas para adequar o anestésico. Não há restrições quanto ao tipo em razão da neoplasia. 16 Manter interação CD/médico para discussão da melhor terapia medicamentosa. Os objetivos do tratamento são: Preparar a boca para o ttt do câncer Diminuir a incidência de complicações sistêmicas pós-tratamento Minimizar a sintomatologia álgica Melhorar a qualidade de vida A conduta a ser seguida é: Contatar o médico responsável para esclarecimento sobre o tempo disponível para o ttt odontológico Transformar o pcte em “cárie zero”, sem foco ou possibilidade de foco Motivar e reforçar a higiene oral do pcte e responsável Solicitar radiografias panorâmicas e periapicais para avaliação mais completa Fazer RRC em pctes com baixo índice de cárie, e RA em pctes com alto índice Aplicar selante e flúor em dentes pré-erupcionados Remover os dentes não vitais com endodontia duvidosa Realizar endodontia até 15 dias antes do transplante Realizar exodontia para qquer de ttt duvidoso em caso de transplantes, em 15 dias Notar se há mobilidade e a possibilidade de perda futura próxima e sugerir a remoção do dente Dentes parcialmente erupcionados, remover 15 dias antes do transplante Remover aparelhos ortodônticos, próteses parciais e removíveis Fazer desgaste de cúspides de molares e pré-molares que possam traumatizar a mucosa. 17 ODONTOLOGIA PARA GESTANTES A gestante é um indivíduo que, ao longo do processo gestacional e durante mais um período que se estende por alguns meses após o parto, tem necessidades especiais. Deve-se entender o processo gestacional e quais são as alterações pelas quais passa a gestante. No primeiro e no último trimestre, os ttt devem ser evitados. No 1º, por ser o período da organogênese, mais suscetível a malformações; e no 3º, porque pode haver a antecipação do nascimento e pelo desconforto na cadeira odontológica. Para um procedimento odontológico seguro na gestante, é preciso avaliar o binômio risco-benefício, a fim de não submetê-la aos riscos desnecessários. O profissional deve atentar-se para: ✓ Anamnese detalhada e especificamente voltada para o período gestacional em que a pcte se encontra ✓ Diagnóstico ✓ Eleição e realização da terapêutica correta e indicada para o período gestacional. ➢ Mudanças fisiológicas: Volume sanguíneo materno aumenta em torno de 30% durante a gestação; Aumento do débito cardíaco em cerca de 20 a 40% como resposta à demanda do crescimento fetal; Aumento de fatores de coagulação para controlar hemorragias e tromboembolismo; Hipotensão em decúbito dorsal: o feto pode exercer pressão na veia cava inferior quando a mãe está deitada, prejudicando o retorno venoso, ocasionando hipotensão e síncope; Hiperparatireoidismo fisiológico para fornecer cálcio adequado ao feto; Alterações cardiovasculares são mais profundas no 3º trimestre, e as de maior incidência são o sopro de fluxo e a taquicardia; Hematopoiese: o feto exige da gestante grande quantidade de ferro, aproximadamente 53% a mais que o normal, desencadeando anemia materna; Aumento da frequência respiratória materna. ➢ Fármacos na gestação: A maioria dos fármacos administrados à gestante atravessa a barreira placentária, e os efeitos nocivos estão relacionados com a dose empregada e o estágio de desenvolvimento do feto. Calcula-se que 45% das malformações congênitas – MFC – podem ser atribuídas aos medicamentos, às infecções, aos fatores ambientais ou às irradiações. O período crítico ou sensível para as MFC varia desde as duas primeiras semanas após a fertilização até a 8ª semana (período organogênico). Analgésicos, anti-inflamatórios e antipiréticos, como o ácido acetilsalicílico, fenacetina, salicilamina, paracetamol e fenilbutazona, são os mais usados e não tem seus efeitos teratogênicos evidenciados em testes laboratoriais. ➢ Radiação: A radiação causa danos ao ser humano; porém, de acordo com o National Council of Radiologic Protection, a dose de 50 mGy oferece ao feto um risco de dano desprezível. Para que a gestante absorva essa quantidade de radiação, é necessário que ela se submeta a seis tomografias computadorizadas da pelve, envolvendo o útero, 30 radiografias de estômago ou 15 mil radiografias de tórax. No entanto, a radiografia deve ser realizada somente quando indicadae necessária, sabendo que a dose média de radiação de uma tomada odontológica é de 0,01 milirad. Seguindo-se o padrão de proteção com o uso de avental de chumbo e proteção cervical, o exame não está contraindicado. A tecnologia da radiografia digital contém radiação ainda menor que a convencional. 18 ➢ Aspectos psicológicos: A gestação é composta de três trimestres, com características fisiológicas e psicológicas distintas: 1º trimestre: período da instabilidade emocional; 2º trimestre: período mais estável emocionalmente; 3º trimestres: período marcado por grande ansiedade É importante que o CD conheça as fases psicológicas da gestação, já que isso facilita a abordagem, possibilitando que a gestante estabeleça um vínculo de confiança por ser compreendida. ➢ Puerpério: Compreende as 3 semanas após o parto, quando o corpo da mulher passa por um processo de reorganização hormonal e dos órgãos envolvidos na gestação. Podem ocorrer hipertensão persistente, e pirexia puerperal – aumento da temperatura corpórea acima de 38° nos 14 primeiros dias. ➢ Tratamento odontológico: A anamnese orientada é imprescindível para que o profissional possa traçar um plano de atuação. São fundamentais: Interação com o médico ginecologista Pesquisar histórico médico e de gestações anteriores Pesquisar intercorrências gestacionais anteriores Avaliar medicamentos utilizados antes e durante a gestação Avaliar o estado psicológico e a aceitação da gravidez. ➢ Manifestações bucais: As manifestações bucais presentes na gestante podem ser: Gengivite gravídica (termo em desuso): estado gengival provocado pelo aumento da vascularização da gengiva e da resposta exagerada aos fatores locais pelos tecidos moles do periodonto. O controle desse quadro é obtido com medidas adequadas de higiene. Hiperplasia gengival Lesões gengivais pediculadas ou sésseis Candidíase A gravidez não é responsável pelo aumento da inflamação gengival, e apesar de haver maior vascularização do periodonto, é a presença de placa que causa a gengivite. Pode ocorrer mobilidade dental, desencadeada, em alguns casos, pelo hormônio envolvido no relaxamento pélvico para preparo do parto – a relaxina. A gravidez não é responsável pelo aparecimento da cárie nem pela perda de minerais dos dentes da mãe para formar as estruturas calcificadas do bebê. A ocorrência de cáries em gestantes está mais relacionada com a negligência na higiene bucal e as alterações na dieta. Cuidados necessários: No 1º trimestre (período da embriogênese) evitar radiografias. Se forem necessárias, o uso do avental de chumbo é indispensável a qualquer modo. Associar a ação curativa à preventiva Promover e manter a saúde bucal Melhorar, recuperar e reabilitar o nível de saúde da gestante Cuidar do estado hígido da mãe e do bebê Promover educação em saúde e prevenção Realizar sessões curtas e confortáveis para a mãe e o bebê Posicioná-la corretamente na cadeira odontológica com uma almofada nas costas, de maneira que a barriga fique um pouco de lado, evitando a pressão do bebê sobre a veia cava inferior da mãe, o que poderia desencadear hipotensão supina. 19 Procedimentos de acordo com o período gestacional: A gestante poderá ser atendida em qualquer período gestacional, embora o 2º trimestre seja o mais indicado. No 1º trimestre, deve-se evitar o uso de medicamentos, e no 3º trimestre, a mãe estará em maior instabilidade em razão da proximidade do parto. 1º trimestre: procedimentos profilático-preventivos, eliminação de focos infecciosos locais e restauradores básicos. Nesse período o feto é muito suscetível às influências teratogênicas e ao aborto. 2º trimestre: profilaxia, procedimentos cirúrgicos, restauradores básicos e reabilitadores. Os procedimentos cirúrgicos eletivos devem ser evitados para não submeter a gestante ao risco de bacteremia, que pode desencadear um aborto. 3º trimestre: procedimentos restauradores básicos, Fluorterapia e controle terapêutico devem ser feitos no início do período, pois a partir do meio, o feto pode comprimir a veia cava inferior mais facilmente, e a demanda cardiovascular aumenta o ritmo respiratório, o risco de anemia, hipertensão e eclampsia. Orientação dietética, amamentação e preparo das mamas: O CD pode sugerir uma dieta balanceada, bem como dar orientações sobre o preparo das mamas e incentivo para amamentação, ressaltando-se sua importância para a saúde do bebê e seu pleno desenvolvimento craniofacial e respiratório. Trata-se do primeiro movimento que dará início ao crescimento ósseo da mandíbula. Durante a sucção da mama, o vedamento labial força a criança a respirar pelo nariz, e a passagem do ar aquecido expande as cavidades pneumáticas da face, estimulando o crescimento do seu terço médio. O padrão respiratório adquirido no 1º ano de vida é difícil de ser revertido. No caso de crianças com fenda palatina, recomenda-se um posicionamento específico a fim de auxiliar a deglutição e evitar o retorno do leite. ➢ Terapia medicamentosa: Pelo fato de a barreira placentária não ser plenamente efetiva na filtração dos fármacos, quando a mãe é medicada, esses fármacos são transferidos ao feto. Deve-se obedecer a alguns princípios: ✓ Usar a menor dose efetiva, pelo menor tempo possível ✓ Evitar sessões clínicas demoradas e estressantes ✓ Orientar a paciente sobre sua condição, não aumentado medos e preconceitos que acompanham seu atual estado. ➢ Anestésicos locais: O anestésico de eleição em gestantes é a lidocaína com vasoconstritor – 2% epinefrina ou norepinefrina. Deve-se evitar o uso de prilocaína (Citanest®, Biopressin®) e fenilefrina (Novocol®), que são tóxicos ao feto e ao recém-nascido. ➢ Analgésicos: Podem ser utilizados: Paracetamol: 500 mg a cada 6h Dipirona, com restrições: 1 comprimido ou 35 gotas a cada 6h 20 Cabe afirmar que o AAS é contraindicado, uma vez que tem efeito sobre os mecanismos de coagulação. ➢ Anti-inflamatórios: Podem ser utilizados: Meio físico: uso de frio, imediatamente após o trauma, por 2h; ou calor 24 h após o trauma Diclofenaco (exceto no último trimestre) somente quando houver indicação formal e na menor posologia eficaz. ➢ Antibióticos: Pode-se utilizar penicilinas, na dose de 500 mg a cada 6 ou 8h. Em caso de alergias, pode-se usar eritromicina ou frademicina 250 mg a 500 mg a cada 6h. ➢ Prevenção para a gestante e para o bebê: Gengivite e higiene bucal: a qualidade da limpeza é muito importante e, havendo pontos de sangramento, a escovação deverá ser mais intensa e cuidadosa na área. Caso o sangramento persista, a paciente deverá procurar ajuda profissional. A gestante precisa estar saudável para gerar um ser na mesma condição. A saúde bucal da mãe tem relação com a saúde bucal da criança. Os pais, e principalmente a mãe, tem grande influência sobre o comportamento que os filhos adotarão. Hábitos de limpeza bucal e alimentação equilibrada são fundamentais. As condições desfavoráveis durante a gestação, isto é, o uso de medicamentos, infecções e carências nutricionais podem trazer problemas aos dentes em fase de formação e mineralização. Avitaminoses podem comprometer o desenvolvimento normal do feto como um todo e seus dentes. A amamentação natural estimula o desenvolvimento do sistema estomatognático, além de favorecer a respiração nasal. O movimento de ordenha da mama é o único momento da vida humana em que os côndilos da mandíbula são estimulados bilateral e simultaneamente, favorecendo a mudança das relações das bases ósseas de distoclusão para normoclusão. A primeira visita da criançaao CD deve ocorrer o mais cedo possível. Na Odontologia, os cuidados não devem ser diferentes, e o pré-natal deve incluir visitas regulares ao CD para orientação e prevenção. 21 ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - UTI O atendimento odontológico em UTI é considerado um atendimento à beira do leito, ou seja, aquele que é realizado fora do consultório odontológico, podendo ser realizado quando o paciente está em maca, cama, ou cadeira de rodas. Idealmente, os pacientes em UTI devem passar pela avaliação odontológica nas primeiras 24h de internação, com o objetivo de busca ativa da presença de infecções bucais e orientações sobre a correta higienização oral. O CD que almeja realizar assistência odontológica em UTI pode ter a formação de clínico geral generalista ou especialista em alguma área odontológica, além de alguns requisitos básicos como: experiência e habilidade para o manuseio de pacientes graves/gravíssimos, conhecimentos sobre o quadro clínico do paciente, patologia sistêmica e farmacologia, conhecimentos de protocolos de atendimento, tipos de ventilação mecânica (VM) e suas complicações, sinais vitais, tratamentos propostos e resolução das complicações. ➢ O perfil do paciente em UTI: Paciente com quadro crítico/agudo e deve ser assistido e monitorado 24 horas por dia pela equipe interdisciplinar da unidade. Pode estar em VM ou não. Sepse grave, instabilidade hemodinâmica e insuficiência respiratória grave são alguns dos critérios de admissão em UTI. Geralmente faz uso de várias drogas como antibióticos, corticoides, anti-hipertensivos, diuréticos, anticoagulantes, insulina, analgésicos, relaxantes musculares entre outros. Paciente que faz uso de 4 ou mais medicações são considerados pacientes polifarmácia, e o entendimento sobre farmacocinética e farmacodinâmica é fundamental, principalmente quando falamos de interação medicamentosa. ➢ Cavidade oral e UTI: Os pacientes de terapia intensiva são dependentes para as atividades diárias, inclusive para os cuidados orais, apresentando problemas bucais como: placa bacteriana, saburra lingual, mucosas e lábios ressecados, infecções oportunistas e traumatismos em mucosa oral. A atuação do CD na UTI é importante para a: conscientização e o treinamento da equipe médica e interdisciplinar em relação aos cuidados orais, realização de procedimentos odontológicos visando à remoção dos focos orais que podem exacerbar a doença do paciente ou diminuir a resposta terapêutica, diagnóstico e tratamento das infecções orais oportunistas e de lesões orais, tratamento das fraturas e injúrias aos tecidos moles e a contenção de sangramento e confecção de protetores bucais. Ou seja, o CD deve fazer parte do quadro dos membros da equipe que assistem esse paciente em razão de inúmeros benefícios que essa intervenção ocasiona. ➢ Protocolo de higienização bucal para pacientes em UTI: Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem das UTIs devem ser apresentados a temas relevantes e pertinentes aos cuidados orais, como: Importância e função da saliva; Definição de foco infeccioso bucal e infecções oportunistas; Principais afecções que acometem a cavidade oral e suas alterações; Cuidados com a sonda de intubação, com a sonda nasogástrica e a traqueostomia; e Desinfecção da cavidade oral com o uso de clorexidina aquosa a 0,12%. Apresenta propriedade de substantividade, ou seja, é absorvido pela mucosa oral e pelos dentes; também é liberado com o decorrer de até 12 horas. Após 1 minuto de administração ocorre a 22 redução do número de bactérias aeróbias e anaeróbias de 87% e 84%, respectivamente; após 5h, essa redução pode chegar a 88% e 92%. ➢ Protocolo de higienização bucal: Realizada com o uso de swab e clorexidina a 0,12% de 12 em 12 horas. O uso de lubrificantes oral, a base de água ou de lanolina, é necessário pois lábios e mucosa oral ressecados tornam-se áreas suscetíveis a traumatismos e lesões ulceradas, porta de infecções secundárias e grande sintomatologia dolorosa. ➢ Procedimentos Odontológicos em UTI: A remoção dos focos bucais proporciona melhora da resposta ao ttt médico e reduz a microbiota oral, atuando como importante fator na prevenção da PAVM e comprometimento do estado geral do paciente. O CD durante todos os procedimentos e abordagens odontológicas dentro da UTI, deve estar sempre atento à monitoração dos sinais vitais do paciente: Temperatura corporal ideal: 37° Frequência cardíaca: 70 – 120 bpm PAS invasiva (PAI) e invasiva: (PANI): 120 x 80 mmHg Frequência respiratória: 12 a 20 irpm Oximetria: > 92% A assistência odontológica ao paciente de UTI é considerada atendimento odontológico à beira do leito, e os procedimentos que podem ser realizados são: Exodontias; tratamentos periodontais; Tratamentos restauradores atraumáticos; Instalação de próteses bucais; remoção de aparelhos fixos; Imobilizações dentárias em casos de fraturas dentoalveolares; Controle de sangramento; diagnóstico e ttt de infecções oportunistas Diagnóstico e ttt de lesões bucais. Procedimentos em maior número e/ou em alta complexidade devem ser realizados em centro cirúrgico. ➢ Protocolo: Realizar anamnese direta, caso o paciente esteja acordado e contactuante; ou indireta realizada pelo uso do prontuário médico, da equipe interdisciplinar ou conversando com a família Realizar exames clínicos minuciosos das condições dentárias e das mucosas orais, com o auxílio de lanternas ou dispositivos com luz. Deve se atentar para: dentes cariados, raízes residuais, dentes com mobilidade, dentes com secreção purulenta, aumento de volume, lesões em mucosa e infecção oportunista. Checar medicamentos em uso, drogas vasoativas e exames complementares: Imagem: padrão-ouro é a tomografia computadorizada, visto a dificuldade em realizar uma panorâmica. Observar lesões periapicais crônicas ou agudas e presença de áreas de abcesso. Laboratoriais: hemoglobina (HB) > 12 gdL hematócritos (HCT) > 35% TP: 11-15 s / INR < 1,5 TTPa: 25-39 s Proteína C Reativa (PCR): 0-1 mgdL Leucócitos: 4500 – 10500 mm³ Para verificação de medicações tromboembólicas: Varfarina: solicitar TP Heparina: solicitar TTPa 23 No caso de necessidade de procedimentos cruentos, observar hemograma completo (índice plaquetário) e coagulograma. Discutir com a equipe médica se é o momento oportuno para realização de procedimentos, e se necessário sedação, esta deve ser realizada por médico intensivista. Importante lembrar que a aspiração do tubo de IOT ou da traqueostomia antes do procedimento odontológico melhora a perfusão de oxigênio e a saturação de O² do paciente, proporcionando segurança à realização do procedimento. ➢ Abordagem sistemática ao paciente crítico – FAST HUG: Envolve 7 itens que devem ser revisados diariamente para uniformizar a assistência e evitar omissões nos cuidados intensivos. São eles: Feeding (Alimentação): dieta enteral fornecida na forma líquida por meio de cateter no nariz ou na boca até o estômago ou intestino. Analgesia: não opioide, opioide contínuo ou intermitente, conforme escala de dor. Sedation (Sedação): curta ou longa duração, ou intermitente, conforme graus de escores da escala de Ramsay. Thromboembolic prevention (Profilaxia de trombose venosa): formação de coágulos sanguíneos nas veias profundas das pernas. Sinais e sintomas: Dor de início repentino e com piora gradativa Inchaço de mais de 3 cm em somente uma das pernas Vermelhidão na perna afetadae aumento de temperatura local Dor ao toque e enrijecimento da pele. Head-of-bed elevated (Decúbito elevado) 0-45°: a necessidade de ventilação mecânica (VM) aumenta o risco de pneumonia em 3 a 10x, aumentando em 3% por dia, durante os 5 primeiros dias; em 2% entre o 5º e 10º dia; e em 1% após o 10º dia. → Indicações para a cabeceira elevada: risco reduzido de aspiração pulmonar, principalmente nos pacientes em uso de nutrição enteral; melhora dos parâmetros ventilatórios; redução da taxa de atelectasia (colapso completo ou parcial de pulmão) e do esforço respiratório. Ulcer prevention (Prevenção de úlcera de stress): lesões de pele ou partes moles por isquemia tecidual prolongada, onde há sobreposição de uma proeminência óssea resultante de pouco tecido subcutâneo nessa região. 24 Glucose control (Controle glicêmico): alvo glicêmico em torno de 140-150 mgdL. ➢ Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM): É considerada a segunda infecção mais comum em UTI, perdendo apenas para infecções urinárias. É considerada a associação entre a pneumonia aspirativa e a pneumonia nosocomial. Ocorre a partir de 48h de IOT (intubação orotraqueal) até 72h após a extubação. As possíveis etiologias da PAVM são: aspiração da secreção da orofaringe (mais comum); inalação de aerossol; bacteremias e translocação de bactérias do trato gastrointestinal. Uma condição que facilita a aspiração é a presença da IOT e sonda nasoenteral, que são dispositivos que mantém a epiglote aberta, e assim, todo o conteúdo da boca pode adentrar as vias aéreas. É consenso que uma condição oral ruim, devido a uma higienização bucal inadequada ou a presença de focos orais, eleva o risco de PAVM por aumentar não só a quantidade, mas também a qualidade das bactérias orais. Seu desenvolvimento acarreta instituição de protocolos específicos de antibióticos, aumento de tempo de VM e do tempo de permanência na UTI, assim como os riscos de mortalidade e morbidade, com aumento expressivo do custo do ttt. ➢ Bundle de prevenção de PAVM: Conjunto de medidas preventivas de algum agravo à saúde, que inclui vários quesitos que dependem da instituição onde está sendo aplicada. Os mais comuns são: Lavagem das mãos Prevenção de úlceras pépticas Suspensão precoce dos dispositivos invasivos Isolamento para redução de infecção cruzada Racionalização de prescrição de antibióticos Profilaxia para tromboses Decúbito elevado Uso de VM não invasiva, e troca de circuitos ventilatórios. A descontaminação oral com clorexidina está sempre presente, pois vários estudos sugerem que ocorre aumento de placa dentária em torno de 40% durante o período de internação na UTI. ➢ Anticoagulação: Conhecer sobre a importância e avaliação de exames laboratoriais como: tempo de protombina e relação normatizada internacional (TP/RNI); tempo de tromboplastina parcialmente ativada (TTPa); tempo de trombina (TT); e tempo de sangramento. Quase todos os pacientes em decúbito dorsal por mais de 24h em UTI apresentam-se anticoagulados para prevenção de eventos tromboembólicos por meio do uso da heparina por via venosa ou por clexane por via subcutânea. A heparina possui rápido mecanismo de ação e impossibilita a formação de trombina, ou seja, inibe a cascata de coagulação sanguínea e altera o TTPa. 25 Independente do uso de antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes, eles não devem ser interrompidos para a realização de procedimentos odontológico cruentos. Importante também é o conhecimento e experiência do profissional sobre segurança do procedimento cruento pelo uso correto de métodos hemostáticos locais como o curativo compressivo com ácido tranexâmico, a esponja de fibrina, a celulose oxidada, ou de hemoderivados como o selante de fibrina. ➢ Protetores bucais: O protetor bucal é um dispositivo instalado dentro da boca com o objetivo de afastar e proteger os tecidos da linha de mordida em situações de possíveis traumatismos dentários. Suas indicações são: Traumatismo persistente por mordedura; trismo; Sangramento bucal advindo de lesão bucal traumática; Risco de perfuração do tubo de intubação ou redução da passagem de ar pelo apertamento do tubo; Instalação profilática em pacientes com diagnóstico de tétano. Deve ser confortável e resistente, e apresentar remoção e instalação fáceis. Não deve interferir na respiração e precisa ser higienizado. Após a sua instalação, medidas de prevenção de acidentes devem ser tomadas como: colocação de gaze aberta, fio dental ou cordão de traqueostomia para facilitar a remoção pela equipe de enfermagem durante a higienização ou em caso de engasgo por desadaptação. Nas lesões de traumatismos já existentes, podemos utilizar com tratamento: Aplicação tópica à base de corticoides; Hidratação da lesão; Instalação do protetor bucal; Aplicação de toxina botulínica; Laser de baixa potência; Arredondamento das bordas dentárias cortantes; e Exodontias, em casos mais graves. ➢ Babação: Fator de risco mais alto para PAVM, é definida pela dificuldade de controlar secreções bucais devido a problemas oromotores ou na coordenação mecânica da musculatura orofacial, e resulta na eliminação não intencional da saliva pela boca. Não está associada ao aumento de produção de saliva. Os tratamentos são: o uso de aparelhos intrabucais e farmacológicos, radioterapia de cabeça e pescoço, neurectomia timpânica, redirecionamento ductal parotídeo e submandibular, remoção das glândulas submandibulares e sublingual, e aplicação de toxina botulínica. O uso da toxina botulínica pode ser indicado para casos que apresentem prognóstico reservado, com o uso de ultrassom, e deve ser reaplicado a cada 6 meses. ➢ Prontuário Odontológico em UTI: Deve ser elaborado com o perfil e as características da UTI assistida pelo profissional e deve deve ser composto por todas as informações possíveis. É o documento mais completo e mais indicado para resguardar e possibilitar a atuação profissional. Instrumento responsável pela melhor comunicação entre profissionais da equipe odontológica e interdisciplinar, melhor acompanhamento do planejamento proposto e dos ttt realizados. 26 ALTERAÇÕES NUROLÓGICAS E ODONTOLOGIA PARALISIA CEREBRAL: O termo “paralisia cerebral – PC”, atualmente é usado como o significado de dano cerebral que leva à inabilidade, à dificuldade ou ao descontrole de músculos e de outros movimentos do corpo, sem necessariamente, estar associado à deficiência mental. Trata-se de um quadro permanente de uma lesão estável, não progressiva, que ocorre antes dos 2 anos de idade e que resulta em desenvolvimento motor pobre, associado ou não ao retardo mental. Na PC, as lesões que ocorrem no SNC podem ser isoladas ou acompanhadas de diversos transtornos psíquicos, sensoriais e da linguagem, dependendo da área afetada e extensão da lesão. ➢ Etiologia: A PC não é uma doença, mas uma condição médica especial que ocorre antes, durante ou logo após o parto, e pode ser dividida em fatores pré, peri e pós-natais. ➢ Perturbações de caráter hereditário: Defeitos enzimáticos Não separação após a meiose (ex: trissomias) Permuta de fragmentos cromossômicos Mosaicismo Síndromes de Turner, Edwards, Patau, Cri-Du-Chat e Klinefelder. ➢ Fatores Pré-natais: Infecção da gestante pode atingir o feto via placentária: toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, hepatite, sífilis e outras não determinadas Distúrbios metabólicos: avitaminoses, hipovitaminoses, diabetes e fenilcetonúria. A subnutrição da gestante resulta na redução do crescimento docérebro e desenvolvimento das funções nervosas Lesões cerebrais hipoxêmicas: decorrentes de anemia da gestante e hemorragia durante a gravidez que possam causar aborto Agentes teratogênicos: ttt com talidomida e radioterapia, que podem causar microcefalia Estado psicológico alterado Perturbações de caráter hereditário: alterações cromossômicas ➢ Fatores Peri-natais: durante ou logo após o parto Hemorragias: sangramentos consequentes de rompimentos de veias, por compressão da cabeça no canal do parto asfixias Hipóxia cerebral: diminuição acentuada de fluxo sanguíneo, ocasionando a má oxigenação dos tecidos Prematuridade Icterícia neonatal grave: por incompatibilidade dos fatores Rh ou ABO. Principal etiologia da forma atetoide de PC. 27 ➢ Fatores Pós-natais: ocorridos do nascimento até os 2 anos de idade. Traumatismos cranioencefálicos diretos ou indiretos Processos infecciosos, como encefalopatias e meningoencefalites Transtornos cardiovasculares: embolias e tromboses Cranioestenose e craniossinostose Outros fatores: Crises convulsivas e índice de Ápgar muito baixo Baixo peso fetal; Gestação de alto risco com hipertensão ou diabetes Idade materna acima dos 40 anos ou abaixo dos 16 anos de idade ➢ Tônus muscular: O tônus ou tonicidade é um estado particular de tensão permanente e involuntária dos tecidos vivos, especialmente do tecido muscular, sob a dependência do SNC e SNP. É responsável pela manutenção da postura estática e dinâmica, e são descritas em quatro tipos: Hipertonia: contração alta Normotonia: contração equilibrada Hipotonia: contração baixa Distonia: tônus oscilante ➢ Motricidade: Pode ser involuntária (reflexa ou automática) ou voluntária. Involuntária: Reflexa: age independentemente da vontade, fazendo que haja uniformidades de respostas. Os sinais lesionais são paralisia, atrofia muscular precoce, hipo ou arreflexia e distúrbios sensitivos Automática: movimentos involuntários e espontâneos e alterações do tônus. Não há paralisia, sendo mais comum a hipertonia, que se divide em: Primária: sucção, mastigação, choro e respiração; é inata e instintiva, independe do meio e implica em uniformidade de respostas Secundária: nadar, escrever, correr...; depende do aprendizado prévio e da vontade do indivíduo. Os sinais lesionais são ausência de paralisia motora, perda do automatismo, movimentos involuntários e alterações de tônus. Voluntária: caráter individualizante e dependente da vontade. Os sinais lesionais são: Paresia ou plegia Atrofia muscular por desuso Hiper-reflexia profunda e abolição do reflexo cutâneo-plantar, no sentido posteroanterior, desde o calcanhar até a concavidade (Sinal de Babinski). 28 ➢ Classificação da Paralisia Cerebral: De acordo com a localização das lesões e das áreas do cérebro que foram afetadas, as manifestações são diferentes. ▪ Espática: paralisia e aumento da tonicidade dos músculos por lesões no córtex ou em suas vias provenientes. Pode resultar em um lado do corpo afetado (hemiparesia), os quatro membros (tetraparesia) ou maior comprometimento dos membros inferiores (diplegia). Representa 75-80% dos casos. ▪ Atetoide ou Discinésia: movimentos involuntários e variações na tonicidade muscular, de lesões no interior dos hemisférios cerebrais. ▪ Atáxica: diminuição da tonicidade muscular, incoordenação dos movimentos e equilíbrio deficiente, por lesões no cerebelo ou nas vias cerebelosas. De acordo com os membros atingidos, pode-se ter os seguintes grupos: ▪ Grupo das Diplegias: comprometimento maior das extremidades inferiores que das superiores; ▪ Grupo das Quadriplegias: comprometimento do corpo todo; ▪ Grupo das Hemiplegias: comprometimento de um dimídio (lado) do corpo. ➢ Reflexos mais comuns na PC: Reflexo tônico-cervical assimétrico: Posição: dorsal ou ventral Estímulo: rotação da cabeça para a esquerda ou para a direita Resposta: extensão total dos membros para o lado em que a face está voltada e flexão total dos membros do lado occipital. Reflexo tônico-cervical simétrico: Posição: decúbito dorsal ou ventral Estímulo: ventroflexão ou dorsoflexão da cabeça Resposta: na ventroflexão: flexão dos membros superiores e extensão dos inferiores; na dorsoflexão: extensão dos membros superiores e flexão dos inferiores. Reflexo tônico-labiríntico: Posição: decúbito dorsal ou ventral Estímulo: dorsal ou ventral Resposta: extensão total dos membros superiores, inferiores e coluna; ou a flexão total dos membros inferiores e da coluna. 29 ➢ Manifestações sistêmicas: Epilepsia: convulsões ou crises epilépticas, de maior ou menor intensidade Deficiência mental: 50% dos casos, o que tem levado a distorções e preconceitos, devendo-se diferenciar os diversos graus de comprometimento mental da criança. Deficiências visuais: casos de baixa visão, estrabismos e erros de refração. Dificuldades de aprendizagem: necessitam de educação especial e integração social para o estímulo de comunicação e aprendizagem. Dificuldades de fala e de alimentação: tônus flutuante dos músculos da face. ➢ Manifestações bucais: • Índice de cárie: Há um alto índice nesses pacientes por falta de coordenação dos movimentos de higienização, bem como pela falta de conscientização e dedicação dos cuidadores. O fato de terem musculatura orofacial associada à respiração bucal pode tornar esses pacientes xerostômicos, embora haja um aumento na quantidade de saliva. • Gengivite e periodontopatias: incidência maior em crianças acima de 5 anos de idade, que a médio e longo prazo podem levar à perda dental. • Hipoplasia de esmalte: maior incidência em dentição decídua • Hiperplasia gengival: pacientes com epilepsia associada, e com presença de biofilme, aparece a fibromatose gengival dilantínica, por medicação anticonvulsivante à base de hidantoína. O medicamento por si só não tem a capacidade de provocar o quadro. • Maloclusão: em razão das ações musculares e da respiração bucal. • Traumatismos: em tecidos moles, por contrações musculares e maloclusão. • Bruxismo: mais frequente na PC do tipo espático e atetoide, apresentando desgaste importante nas faces oclusais dos dentes posteriores. • Perda precoce dos dentes: ocasiona maiores problemas mastigatórios, fonéticos e respiratórios. ➢ Tratamento odontológico: Oferecer boas condições de ttt para o paciente, de acordo com suas necessidades e limitações. A sequência sugerida para as primeiras consultas é: 1. Anamnese: histórico médico, familiar e medicações em uso 2. Formação de vínculo com o paciente e com a família 3. Perfil psicológico do paciente, da família e dinâmica familiar 4. Atividades de vida diárias 5. Exame clínico 6. Exames complementares e avaliação médica 7. Plano de tratamento 8. Manejo do paciente na cadeira Paciente com PC do tipo atáxico sente dificuldade em senta-se na cadeira odontológica em razão de sua falta de equilíbrio, o que pode ser resolvido calçando-o com almofadas e roletes de toalhas. Dependendo da idade e do peso, ele poderá ser atendido no colo dos pais ou responsáveis. Nos pacientes com PC do tipo atetoide e espástico, fica mais fácil mantê-los na cadeira dada a contração muscular. reclinar a cadeira de maneira a melhorar sua postura pode tirá-lo do padrão de contração muscular. a cabeça deve estar apoiada em um travesseiro ou no braço esquerdo do próprio profissional, de tal forma que a mão e o pulso esquerdo fiquem livres para auxiliar no tratamento. 30 As regras paraa higiene bucal são: colocar pouco creme dental na escova utilizar escovas dentais pequenas e de cerdas macias; alguns pacientes não toleram o estímulo das escovas elétricas. Utilizar toalha enrolada na mão ou abridores de espátulas de madeira e gaze, para abrir a boca de pctes com espasmos musculares. Introduzir alimentos adstringentes na dieta, como cenouras cruas, maçãs etc, quando for possível mastigar. Massagear as gengivas com gaze umedecida em solução de clorexidina em pctes que não mastigam, a fim de remover restos alimentares, matéria alba e placa bacteriana, bem como diminuir a inflamação e o sangramento gengival. Escovar, sempre que possível, todas as faces dos dentes. Pequenas modificações deverão ser feitas para atender a esse grupo de pacientes no intuito de oferecer maior proteção em relação aos riscos inerentes ao ttt, principalmente para aqueles que apresentam comprometimento nas reações e nos reflexos normais. De acordo com o nível de compreensão do paciente, após estabilizado na cadeira, deverão ser apresentados o equipamento e o instrumental a fim de reduzir sua ansiedade. O CD deve usar a sua sensibilidade e observação para tentar ler os sinais faciais e a linguagem não verbal, que muitas vezes sinaliza o caminho a seguir para melhor abordagem do paciente. Para a abertura da boca, podem ser usados abridores ou dedeiras em resina, sempre observando o tempo de uso, pois podem desencadear problemas na ATM quando utilizados por um longo período. Os pacientes do tipo espático tem um padrão de contração muscular que se manifesta na abertura da boca e poderá ser vencido com suave pressão no local. Exames radiográficos também devem ser adaptados à necessidade individual do paciente. A utilização de um colar cervical de material radiolúcido, rolos de toalha e a presença de um acompanhante devidamente protegido, podem ser maneiras de facilitar as tomadas das radiografias. As radiografias interproximais são as mais adequadas para esses pacientes. ➢ Terapia medicamentosa: Anestésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, devem ter adequação de acordo com as complicações sistêmicas que cada paciente manifestar. Para a utilização de anestesia geral deve ser sempre avaliado o binômio risco/benefício. Pacientes com PC tem as musculaturas da faringe, laringe e do diafragma comprometidos, e a indução de medicamentos para relaxamento muscular pode causar dificuldade na retomada dos movimentos musculares respiratórios, aumentando o risco de broncoaspiração. Esgotados todos os recursos para instituir o ttt convencional, a anestesia geral é necessária. A imobilidade possibilita que o ttt seja realizado em uma única sessão. Os critérios para seu uso são: Atendimento de urgência Pacientes agressivos e incontroláveis Cirurgias extensas Pacientes com necessidade de ttt extenso e que apresentam dificuldade de locomoção ou que morem em localidades distantes de centros de referência para atendimento. 31 EPILEPSIA: Estado fisiológico alterado que envolve o sistema nervoso central. A crise epiléptica é uma alteração súbita da função do SNC resultante de uma descarga elétrica paroxística de alta voltagem que pode ocorrer na porção neural do telencéfalo ou do tronco cerebral. Pode iniciar-se espontaneamente em neurônios patológicos ou normais, desencadeada por estímulos elétricos, farmacológicos ou fisiológicos. ➢ Etiologia: Crises focais são decorrentes de alteração de sistemas anatomofuncionais específicos; as crises generalizadas, da modificação de todo o cérebro ou de grande parte dele. A maior parte dos casos é de etiologia desconhecida multifatorial, acrescida de fatores exógenos ou genético-metabólicos. Fatores genéticos: há uma predisposição para a doença. Existem duas formas: ausência: crises chamadas de pequeno mal. Ocorrem em crianças que tem uma figura encefalográfica característica. mioclônica: se produz por uma alteração no cromossomo 6. Fatores pré-natais: anoxia, malformação congênita e infecção transplacentária. Fatores perinatais: traumas de parto e hipóxia perinatal podem provocar perda de neurônios. Fatores pós-natais: infecções agudas ou crônicas, tumores, distúrbios ou defeitos circulatórios, intoxicação, edema cerebral, hipertensão intracraniana e distúrbios metabólicos. Fatores sociais: partos mal assistidos e cisticercose, que invade o sistema nervoso. ➢ Classificação internacional de crises epilépticas: 1. Crises parciais: Correspondem a 60% das crises e pode se reconhecer uma origem focal. Dividem-se em três tipos: simples, complexas e parciais com generalização posterior. 2. Crises generalizadas: Correspondem aos outros 40%. Não há nenhum sintoma ou sinal que indique a sua origem em algum ponto específico do cérebro (foco). O indivíduo perde a consciência de imediato por uma grande descarga nos dois hemisférios cerebrais e podem provocar crises dos tipos ausência, mioclônica, tônica, tônico-clônica e atônica. → Crises de Ausência (pequeno mal): o paciente de epilepsia apresenta-se “desligado” por alguns segundos, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. 32 → Status convulsivo tônico-clônico (grande mal): crise convulsiva generalizada que acontece por mais de 30 minutos, com duração prolongada ou que se repete em intervalos muito curtos, sem recuperação da consciência entre as crises, podendo produzir um dano orgânico irreparável. A mortalidade é de cerca de 10% dos quadros. O estado de mal generalizado convulsivo é extremamente grave, e cerca de 50% dos casos são em epilépticos diagnosticados e que abandonam o ttt. Os outros casos podem aparecer como complicações de AVC, traumatismo cranioencefálico (TEC), tumor cerebral, meningite, encefalopatia etc. ➢ Fatores desencadeantes de crises: A identificação do fator razão pode evitar determinadas situações, reduzindo o risco da crise. As crises podem ser divididas em: Ocasionais: são em maioria e geralmente não se consegue identificar o fator de seu aparecimento Cíclicas: sua periodicidade pode estar ligada ao ciclo do sono/vigília e a fatores hormonais (primeira menstruação, menstruação e menopausa) Desencadeadas: Epilepsia reflexa: mais rara, na qual a crise acontece exclusivamente diante de um desencadeante específico: luz (epilepsia da televisão), barulho, leitura, música etc. Por fatores não específicos: estresse, privação do sono, suspensão abrupta de medicamentos e sedativos, febre alta, fadiga física, álcool, hiperventilação, emoções, processos infecciosos, traumas cranianos, uso de drogas, anestésicos gerais, broncodilatadores etc. ➢ Recomendações gerais para prevenir as crises: ▪ Não suspender a medicação antiepiléptica, nem modificar as suas doses sem recomendação médica ▪ Respeitar os horários de tomada de medicamentos 33 ▪ Não usar outros medicamentos sem orientação médica ▪ Dormir o suficiente e regularmente ▪ Não ficar em jejum ▪ Não ingerir bebidas alcoólicas ▪ Fazer calendário das crises, tentando relacioná-las com eventos do dia a dia ➢ Fármacos no controle das crises epilépticas: Antiepilépticos clássicos: fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, ácido valproico e primidona. Benzodiazepínicos: diazepan, clonazepan, clabazam e midazolam. Antiepilépticos de nova geração: lamotrigina, gabatriptina, oxcarbazepina e vigabatrina. Efeitos secundários dos antiepilépticos: → Fenobarbital: Hiperalgesia, leucopenia, osteopenia, sonolência, diminuição do rendimento intelectual,transtornos de personalidade. Tem efeito “rebote”, ou seja, se suprimido bruscamente pode desencadear crises com mais facilidade do que antes da sua utilização. → Fenitoína: hiperplasia gengival na presença de placa bacteriana, sangramento gengival, cicatrização demorada. Aumento da incidência de fissuras de lábio e palato em filhos de gestantes → Carbamazepina: Hiperplasia ou sangramento gengival, cicatrização demorada. Aumento da incidência de Ulceração, xerostomia, glossite, estomatite, maior CPOD, candidíase, leucopenia, trombocitopenia, erupções cutâneas e cicatrização demorada. Perturba de maneira importante a hematopoiese (processo de renovação celular do sangue por meio de processos mitóticos). → Lamotrigina: Xerostomia, úlceras, CPOD elevado, candidíase e leucopenia. → Ácido valproico: Trombocitopenia, diminuição da agregação plaquetária, prolongado tempo de sangramento, leucopenia e hiperfagia. → Primidona: Hiperalgesia, leucopenia, osteopenia, sonolência ➢ Sinais bucais da epilepsia: Gengivite pode ocorrer com ou sem aumento visível do volume gengival, na dependência da intensidade, frequência ou duração das causas locais e resistência dos tecidos bucais. Fibromatose gengival medicamentosa (ou dilantínica) desencadeada pelas medicações derivadas de hidantoína, utilizadas para o controle das crises convulsivas, que induzem a proliferação de fibroblastos. De evolução lenta, manifesta-se em 10 a 30% dos pacientes que fazem uso de anticonvulsivantes. A droga por si só, sem a presença do biofilme, não desencadeia a fibromatose. O ttt consiste na troca do anticonvulsivante, que deve ser feita pelo médico, e remoção cirúrgica do tecido gengival a fim de restabelecer o aspecto normal da gengiva. 34 ➢ O CD e o paciente com epilepsia: É condição vital no ttt odontológico de qualquer paciente que o profissional tenha segurança na realização do tratamento e saiba reconhecer as limitações de cada caso, evitando ou retardando a execução do plano de ttt quando se observa a falta de condições clínico-físicas do pacte. No caso do pacte epiléptico, deve-se evitar estímulos desencadeantes além de assegura-se de que o controle médico/medicamentoso é feito rigorosamente. Durante uma crise epiléptica, recomenda-se: Permanecer calmo e observar o paciente, tranquilizando os familiares Afrouxar as roupas do paciente Posicionar a cabeça de lado para evitar aspiração da saliva Evitar traumatismos e ferimentos no paciente (proteger a cabeça com almofada ou roupa dobrada sob essa parte e afastar móveis e objetos cortantes) Colocar uma toalha entre os dentes do pacte para evitar ferimentos dos tecidos moles e/ou fratura dental Não usar manobras violentas ou artefatos rígidos para impedir o fechamento da boca Não tentar imobilizar o pacte, e enquanto a crise não cessar, permanecer ao seu lado não usar oxigênio em casos em que os pctes se apresentarem cianóticos (pode alongar a crise) Reconhecer a confusão mental posterior a crise, que pode durar mais de 15 minutos, e deixá- lo em repouso. Durante uma crise de ausência: Não interrogar o pcte agressivamente Se o pcte andar sem direção, fazê-lo sentar-se ou levá-lo até onde possa estar em segurança, sempre com a voz calma e sem segurá-lo fortemente Ficar com o pcte até que a confusão mental desapareça ➢ Terapia medicamentosa: O estresse durante a consulta deve ser evitado, bem como o uso de estimulantes do SNC, como cafeína, codeína, epinefrina etc. O pcte deve estar sempre acompanhado nas consultas. Anestésicos locais: de eleição é a prilocaína com vasoconstritor (Citocaína®, Citanest®, Biopressim®). Evitar anestésicos que contenham epinefrina ou seus derivados. Analgésicos: evitar os que contenham cafeína ou codeína. Anti-inflamatórios: as contraindicações estão relacionadas com a condição geral do pcte, não sendo a epilepsia determinante. Antibióticos: uso conforme indicação ou condição clínica; as contraindicações estão relacionadas com a condição geral do pcte, não sendo a epilepsia determinante. 35 DEFICIÊNCIA MENTAL: O Sistema 2002 da American Association on Mental Retardation (AAMR) define DM como “deficiência caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual da pessoa e no seu comportamento adaptativo – habilidades práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos 18 anos de idade”. No processo de identificação de crianças com DM, são avaliadas, em especial, duas áreas: Funcionamento intelectual: capacidade que o indivíduo tem para resolver problemas e adquirir conhecimentos Comportamento adaptativo: capacidade necessária para um indivíduo se adaptar e interagir com seu ambiente, de acordo com seu grupo etário e cultural. A necessidade de apoio é avaliada pela relação dinâmica do indivíduo com as dimensões: Habilidades intelectuais Comportamento adaptativo a habilidades conceituais, sociais e práticas de vida diária Participação, interação e papéis sociais Saúde (física, mental e etiologia) Contextos (ambientes, cultura) ➢ Classificação de acordo com a necessidade de apoio: Intermitente: apoio utilizado quando necessário, de natureza episódica, de alta ou baixa intensidade. Limitado: apoio intensivo caracterizado por sua duração, por tempo limitado, transitório, mas não intermitente Extenso: apoio caracterizado por sua regularidade diária nas áreas familiar ou profissional e sem limitação temporal Generalizado: apoio com constância e elevada intensidade em diferentes áreas. Sem eles, o indivíduo não sobrevive ➢ Classificação da OMS – grau de comprometimento: Profundo: incapacidade total de autonomia até nível vegetativo Grave: necessitam de trabalhos para instauração de alguns hábitos de autonomia; capacidade de comunicação primária Moderado: capacidade para assumir um nível pré-operativo podendo ter certas atitudes bem elaboradas Leve: casos perfeitamente educáveis. Do ponto de vista do aprendizado, podem ser classificados em: Dependentes: apresenta QI abaixo de 25; casos mais graves Treináveis: apresentam QI entre 25 e 75 e se colocadas em classes especiais poderão treinar várias funções como disciplina e hábitos higiênicos Educáveis: QI entre 76 e 89; a inteligência é dita “limítrofe ou lenta” e podem permanecer em classes comuns, embora com acompanhamento psicopedagógico. ➢ Fatores de risco e causas pré-natais Desde a concepção até o início do trabalho de parto: Desnutrição materna e má assistência à gestante Doenças infecciosas na mãe: sífilis, rubéola, toxoplasmose Fatores tóxicos na mãe: alcoolismo, tabagismo, drogas Fatores genéticos: alterações cromossômicas numéricas ou estruturais 36 Erros inatos do metabolismo: hiperglicemia, fenilcetonúria, hipoglicemia, hipotireoidismo, intolerância à frutose Doenças cerebrais graves ou doenças que tumores ou distúrbios degenerativos possam provocar a DM Malformações cerebrais ou cranianas presentes no nascimento: microcefalia, hidrocefalia, espinha bífida etc. Distúrbios psíquicos: de Rett e certos casos de autismo e esquizofrenia. ➢ Fatores de risco e causas perinatais Do início do trabalho de parto até o 30º dia de vida: ▪ Má assistência a traumas de parto ▪ Hipóxia ou anoxia (oxigenação cerebral insuficiente) ▪ Prematuridade e baixo peso (PIG – pequeno para a idade gestacional) ▪ Icterícia grave do recém-nascido: incompatibilidade Rh/ABO ➢ Fatores de risco e causas pós-natais Do 30º dia de vida até o final da adolescência: Desnutrição, desidratação grave, carência
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