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DIREITO À CIDADE: ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Ivete Maria Vieira Santos -1217590
Luciana Vieira Guimarães da Silva - 1220032
Luciene de Oliveira Fernandes - 1309255
Rejane de Oliveira Fernandes Almeida - 1297988
Professora Tutora Externa: Cynthia Rubia Braga Gontijo 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Educação Especial Licenciatura (PED2104)
24/11/2018
Resumo
Este artigo destacou questões relativas ao direito à cidade, especificamente em relação a pessoas com deficiência visual. Com o desenvolvimento da sociedade, torna-se fundamental a valorização e o reconhecimento do convívio com a diversidade, especialmente dessas pessoas com a acessibilidade reduzida. Através de pesquisas em estudos científicos e desenvolvimento de trabalho em campo, observou- se que esses pontos vêm sendo, de fato, efetuados. A partir dos dados analisados, percebeu-se que, mesmo com uma ampla legislação tratando sobre o assunto, o resultado não é satisfatório para a mobilidade urbana das pessoas com deficiência visual.
Palavras-chave: Acessibilidade; Mobilidade; Deficiência visual; Reconhecimento; Diversidade; Autonomia; Locomoção; Legislação.
1 INTRODUÇÃO
	
No hall dos direitos fundamentais elencados na Constituição Federal de 1988 (Brasil ,1998, S/P) se encontra o direito ao qual se têm de parâmetro para a discussão deste tema. O artigo 5º, inciso XV: “É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou sair com seus bens, aquele ao qual refere-se como o direito de ir vir. 
Fato é que, todos tem o direito de se locomover, direito este apresentado como um dever do Estado, que deve ser garantido a todos sem distinção.
Direito à cidade está diretamente relacionado ao texto normativo supramencionado e se refere às garantias que os cidadãos têm de usufruir de todos ambientes públicos. Conforme PATRICK ISENSEE, a origem deste conceito foi desenvolvida pelo sociólogo francês Henri Lefebvre “Ele define o direito à cidade como um direito de não exclusão da sociedade urbana das qualidades e benefícios da vida urbana.”(ISENSEE, Patrick.1998. S/P). No entanto, ao se analisar o tema vê-se que existem perguntas a serem feitas a partir da alegação de o direito à cidade ser um direito de não exclusão para desfrutar dos ambientes urbanos. 
Numa sociedade plural e com diferentes necessidades por parte dos cidadãos é absolutamente necessário discutir-se sobre acessibilidade, que é a possibilidade e a condição de alcance para a utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação por pessoa portadora de deficiência ou mobilidade reduzida. Uma vez que todos têm o direito de locomoção, a garantia de acessibilidade aos portadores de deficiência ou mobilidade reduzida torna-se de suma importância para efetivação deste direito. 
No presente artigo buscou-se uma visão acerca a pessoas com deficiência visual e tentou responder algumas questões como: a legislação destinada à promoção dos direitos desta classe de pessoas tem sido suficiente? Existe efetividade entre o que está positivado e a realidade fática? 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No Brasil, segundo Pinheiro (1997), as lutas dos diversos movimentos sociais organizados em prol da condição de sujeitos de sua vontade e de direitos das pessoas com deficiência remetem-se a menos de três décadas. Nesse período, houve avanços significativos que constituem um patamar mínimo de visibilidade social. No entanto permanecem ainda obstáculos que mantêm a exclusão das pessoas com deficiência, em termos de uma vida independente, autossustentada e plena. A legislação brasileira, até a década de 1980, tinha um caráter basicamente assistencialista e paternalista, ratificando a visão e a prática com as quais geralmente vinham sendo tratadas as questões envolvendo as pessoas com deficiência. Tais políticas centravam-se, no caso dos deficientes visuais, na organização do ensino e instalação de classes em Braille e na adaptação social e reabilitação. Sendo assim, cabia à pessoa adaptar-se ao meio onde vive e não o contrário.
Além do já mencionado Art. 5°, inciso XV, a Constituição Federal de 1988 em seu Art. 227, §2° dispõe que: “A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas com deficiência.” Apesar da Constituição não se preocupar em esgotar o tema e apresentar de que forma serão assegurados os direitos previstos no Art. 227 §2°, ela delega tal função as leis esparsas. (Brasil,1998,S/P)
Em decorrência desta estipulação constitucional muitas leis e decretos foram promulgados na tentativa de superar as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência e garantir a todos o direito à cidade, nas legislações infraconstitucionais tem-se as Leis nº 7.853/89, nº 10.048/00, e nº 10.098/00 os Decretos nº 3298/99, nº 5.296/04. (Brasil, 1999, S/P). Trata-se de normas que regulam critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e referem-se ainda ao atendimento prioritário às pessoas com deficiência.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um estudo documental a respeito das dificuldades enfrentadas diariamente pelos portadores de deficiência, em especial a deficiência visual. Além da análise documental, foi utilizada também a entrevista semiestruturada, que tem como característica um roteiro com perguntas abertas com flexibilidade na sequência da apresentação das mesmas ao entrevistado e o onde o entrevistador pode realizar perguntas complementares para entender melhor o fenômeno em pauta.
Após a escolha dos métodos, fizemos a escolha do entrevistado e selecionamos a história do Senhor Lucas Salles, graduando em Direito pela PUC Minas, 5º período, que nos explicitou sua experiência quanto ao assunto, uma vez que adquiriu na fase adulta a deficiência visual.
 Figura 1: Instituto São Rafael, em Belo Horizonte-MG 
Fonte: Autoras,2018.
O Senhor Lucas tem atualmente 33 anos e é deficiente visual há oito. Descobriu o Diabetes aos 24 anos, e gradativamente foi perdendo a visão. Aos 26 anos não enxergava mais. Para evitar o isolamento, já que a família não queria que ele nem saísse de casa, procurou de toda forma adquirir autonomia em suas atividades diárias, o que só conseguiu efetivamente após procurar por conta própria o Instituto São Rafael em Belo Horizonte, no ano de 2012. [1: O nome do entrevistado é fictício para preservamos a sua identidade.]
Perguntado sobre como foi o primeiro momento como deficiente visual o mesmo relatou que foi muito difícil, ficou sem chão. Não sabia como faria para trabalhar, já que sempre foi caminhoneiro. 
No Instituto sua primeira aprendizagem se deu quanto à questão da mobilidade. O uso da bengala é ensinado primeiramente dentro da Instituição e progressivamente nas redondezas da mesma, acompanhado por alguém até ganhar a confiança necessária.
Estudou ainda música em Braille, já que sabia tocar instrumentos musicais mesmo antes da perda da visão. Fez todos os módulos em três anos. Na Biblioteca Pública de Belo Horizonte conheceu pessoas que também eram deficientes visuais e estudavam para passar no vestibular, o que o incentivou a estudar e prestar vestibular para o curso de Direito na PUC Minas. Hoje ele afirma que seu objetivo com o curso é ser Juiz do Trabalho, mas sabe que o curso também o oferece um leque muito maior de oportunidades.
É interessante observar na história relatada pelo Senhor Lucas o quanto as dificuldades enfrentadas no seu deslocamento diário interferem na qualidade do seu dia a dia. Por precisar se deslocar diariamente da cidade de São Joaquim de Bicas para Belo Horizonte e para Betim, já que além do curso de graduação em Direito fez o curso livrede Informática na PUC Minas, percebe o quanto as Leis já implementadas não são efetivamente cumpridas, o que seria fundamental para garantir à pessoa com deficiência a autonomia no seu deslocamento, possibilitando inclusive uma garantia mais efetiva dos direitos de aprendizagem. Segundo ele alguns aplicativos como o SIU Móbile, que facilita o uso de transporte coletivo, estão disponíveis somente na cidade de Belo Horizonte.
3.1 MOBILIDADE URBANA 
Com a maior preocupação com os direitos humanos desde a promulgação da Carta Magna em 1988, que delegou às leis infraconstitucionais o dever de legislar sobre formas de garantir acesso adequado às pessoas com deficiência, surgiram diversos textos normativos a fim de atender as necessidades das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. 
O Manual de Acessibilidade para Prédios Públicos, Guia para gestores, 1ª edição, (Jul/ 2015), que visa o cumprimento do Decreto 5.296/2.004, que regulamenta as Leis 10.048/2.000 e 10.098/2.000 e se remete às normas técnicas de acessibilidade da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 9050 e a NBR13994, assim como à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em 2007 e que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo n° 186, de 2008, foi idealizado com a intenção de facilitar aos gestores o entendimento da acessibilidade em prédios de uso e propriedade da administração pública federal. Conforme o manual, no serviço público, deve-se ter em conta, em primeiro lugar, o cidadão e lhe oferecer condições de acesso e uso adequados não só dos serviços prestados, mas também das instalações. Mesmo em áreas ou atividades onde não há atendimento ao público, é preciso criar ambientes sem restrições às pessoas com deficiência, pois, como elas sofrem limitações de ordem física ou sensorial, devem encontrar no seu ambiente de trabalho condições para o desenvolvimento pleno de suas atividades. Em pesquisa de campo na cidade de Betim, foram visitados os prédios do Fórum Caio Nelson de Senaentre, Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais e o da Agencia da Receita Federal do Brasil. Desses, o registro interno no tocante à viabilidade, só foi autorizado em dois deles, que foram no Fórum e na Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais. Contudo, o que foi constatado no na área interna dos referidos órgãos que permitiram a realização do trabalho no mencionado espaço, uma ausência de mecanismos adequados para assegurar à pessoa com deficiência o acesso autônomo, com segurança e qualidade. Já na parte externa em relação a esses e aqueles órgãos, alguns pisos de direcionamento e alerta, colocados de maneira aleatória, de modo que o primeiro iniciava já no meio das calçadas, com o seu término em buracos ou postes ou até mesmo em placas de sinalização, e o segundo em locais que são inviáveis, para o exercício de sua finalidade.
Figura 2:
Imagem de pisos táteis (e falta deles) no centro de Betim/MG
 
 
Fonte: Autoras,2018.
Figura 3:
Fórum Caio Nelson de Senaentre em Betim/MG
 
  
Fonte: Autoras,2018.
Há no Manual de Acessibilidade preconização de que deverão ser indicados com piso alerta os mobiliários suspensos, como lixeiras, telefone público etc., além das escadas (início e fim), rampas (início e fim) e rebaixamento de meio-fio. O piso alerta indica para a pessoa com deficiência visual que, naquele ponto, algo diferente acontece - um perigo aéreo ou no piso (nível desce ou sobe), uma mudança de rota, uma bifurcação etc. E no município de Betim existe a Lei Nº 4780 de 2009 que dispõe sobre a sinalização, com piso tátil, dos orelhões telefônicos de uso público com objetivo de evitar acidentes envolvendo portadores de deficiência visual. No entanto, aquilo que deveria reforçar a obrigação do município em adequar todos os ambientes para garantir os direitos dos portadores de deficiência, acaba se tornando aquilo que, ao falar sobre o poder normativo da Constituição, não passa de algo escrito sendo incoerente com a realidade. Na pesquisa de campo foram verificadas inconformidades, como as calçadas que em boa medida não possuiam pisos táteis. Nos lugares em que havia os pisos, os mesmo estavam comprometidos pelos buracos, postes e placas, sem contar com os objetos dos comerciantes postos sobre as calçadas, inviabilizando ainda mais o tráfego das pessoas com deficiência. Outro entrave que se verificou ao decorrer da pesquisa, no que concerne a segurança de locomoção dessas pessoas, foram os objetos instalados em nível superior, ou seja, em lugares que a “bengala” não alcança, e que, portanto, torna-se passível de colisões. Dentre outros objetos, destacam-se os telefones públicos “orelhões” e as placas de propagandas comerciais.
3.2 TRANSPORTE PÚBLICO 
Conforme descrito nos capítulos anteriores, o poder municipal tem criado leis para assegurar os direitos dos deficientes que transitam pela cidade, porém, o mesmo poder não faz valer as leis criadas, sendo que na prática poucos mecanismos de acessibilidade são encontrados na cidade, inclusive no setor do transporte público. 
Tendo em vista que o trabalho de campo foi feito no município de Betim, analisamos a Lei Municipal Ordinária nº 3419/2001, que dispõe sobre as normas municipais relativas as pessoas com deficiência, em seu artigo primeiro, parágrafo único, define quais pessoas serão consideradas deficientes no âmbito município.
Art. 1º - Esta Lei dispõe sobre as normas municipais relativas aos portadores de deficiência.
Parágrafo único - Consideram-se portadores de deficiência aqueles que apresentam perda ou anormalidade de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade dentro do padrão considerado normal para o ser humano.( Betim,2001).
	
Já no artigo 15 da mesma lei, o poder municipal determina os requisitos necessários para os veículos de transportes coletivos se locomoverem na cidade, como instalação de elevadores, portas alargadas, eliminação de obstáculos no interior do veículo, entre outros. Ainda neste artigo, em seu parágrafo 4º, reitera que somente veículos que atendam os requisitos expostos, poderão circular no município. Porém, na prática isso não ocorre, pois é possível visualizar que somente alguns veículos do tipo ônibus possuem os elevadores hidráulicos, a própria catraca/roleta é um obstáculo interno para a pessoa deficiente, tendo em vista que nem sempre existe a figura do agente de bordo (cobrador) todos os dias da semana nos coletivos para auxiliá-los e, além disso, são reservados poucos assentos para os deficientes, que dividem espaço com idosos, gestantes e obesos. 
Os pontos de embarque e desembarque fazem com que o deficiente tenha suas limitações ainda mais expostas, pois não existe na cidade, ponto de ônibus que tenha sinalizador sonoro informando os ônibus que passam por aquele ponto ou seu o tempo de espera, nem mesmo a informação em Braille afixada nos locais. O que se observou foi a falta de manutenção dos pontos de ônibus, onde não foram encontradas condições básicas de uso. É possível verificar os requisitos já citados, nos dispositivos da Lei Municipal Ordinária 3419/2001:
Art. 15 – Devem ser adotados os seguintes métodos visando a facilitar o acesso de portadores de deficiência aos veículos de transporte coletivo do Município:
I – instalação de elevadores hidráulicos;
II – alargamento das portas;
III – eliminação de obstáculos internos;
IV – Utilização de qualquer das portas para embarque e desembarque;
V – reserva de lugares.
§ 1º Os pontos de coletivos devem ser dotados de rampas e degraus que possibilitem o acesso dos portadores de deficiência aos veículos.
§ 4º Somente podem circular no Município, veículos de transporte coletivo que atendam o disposto neste artigo.
Art. 16 – Fica instituída, aos portadores de deficiência carentes, a gratuidade nos serviços de transporte coletivo de passageiropor ônibus do Município.(Betim,2001)
O município, ao legislar em prol da locomoção do deficiente está garantindo o direito fundamental da pessoa humana e cumprimento do seu papel como ente federativo responsável pelo bem-estar das pessoas que vivem e transitam por seu território, porém, a falta de políticas públicas para colocar em prática o cumprimento destas leis, é uma grave violação dos direitos fundamentais que são assegurados pela Constituição Federal de 1988, tais como os já citados descritos no inciso I e XV do artigo 5º desta carta maior:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Há de salientar que as pessoas que utilizam o transporte coletivo são, em sua maioria, pessoas de baixa renda. Ao tratar-se da pessoa com deficiência a regra não muda, tendo em vista que a pessoa deficiente com poder aquisitivo elevado tem condições para adquirir veículos adaptados, ou possuem motoristas particulares. Outra opção é a utilização de serviços de táxi que, conforme a Lei Municipal nº 5736/2014, institui o táxi adaptado para pessoas com deficiência ou pessoas com mobilidade reduzida e dá outras providências, que é um grande avanço no quesito acessibilidade. Porém, percebe-se que o táxi é um serviço público concedido para um particular, logo este tem interesse em atender os requisitos impostos, pois perderia a permissão. No entanto, o mesmo não ocorre com os transportes coletivos, onde um serviço público é concedido para uma ou mais empresas privadas, que também deveriam atender alguns requisitos para receber a permissão. Entretanto, detentora da concessão não sofre sanção, pois a própria lei criada não prevê as tais penalidades. 
Conclui-se que dispõe-se de grande arcabouço em legislação regulando e garantindo o direito de locomoção digna para o deficiente nas cidades, porém, efetivamente, as leis não são executadas em sua plenitude, violando assim, direitos e garantias fundamentais dos portadores de deficiência, deixando estes a depender de solidariedade de terceiros para a utilização do transporte público.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda com uma vasta legislação a respeito da acessibilidade às pessoas com deficiência, não houve apresentações suficientes e nem resultados satisfatórios no que diz respeito à mobilidade urbana. Percebe-se que é preciso distinguir política instrumental e simbólica uma vez que desempenham uma função primariamente simbólica, sobrepondo-se à sua função instrumental. Enfim, Neves define a legislação simbólica como “produção de textos cuja referência manifesta à realidade é normativo-jurídica, mas que serve, primária e hipertroficamente, a finalidades políticas de caráter não especificamente normativo-jurídico”. (NEVES, 2013, p.30).
Certo é que, tanto a sociedade, quanto o Estado, vem se renovando e abandonando antigos preconceitos. A acessibilidade deve estar em diversos lugares, no acesso à cidade, saúde, educação, esporte, lazer, nas edificações. Como já dito anteriormente, o impedimento ou falta de acessibilidade não está na pessoa, mas sim no ambiente que precisa ser preparado para atender a todos os cidadãos de maneira igualitária, para que todos tenham as mesmas oportunidades.
No presente trabalho pode-se ver que se tem uma legislação vasta, rica em conteúdo, mas que não se mostra eficaz. Ainda se têm muito pouco daquilo que é pretendido. Geralmente a leis abordadas não se encontram aplicadas e poucos cidadãos tem ciência que existem tais leis. 
Sem a efetividade das leis destacadas neste trabalho é inviável falar sobre acessibilidade, uma vez que, as cidades não foram projetadas de forma a serem acessíveis a todos os grupos de pessoas que formam a sociedade.
REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
ANTP – Associação Nacional de Transportes Público. Disponível em: <http://antp.org.br/noticias/ponto-de-vista/transporte-publico-coletivo-e-classe-trabalhadora.html>. Acesso em: 11 de novembro de 2018.
BETIM. Câmara Municipal. Lei nº 3419, de 15 de janeiro de 2001. Dispõe sobre as normas municipais relativas aos portadores de deficiência. <https://www.camarabetim.mg.gov.br/Documento/Show?tabelaOrigem=tb_norma&codigoOrigem=31805>. Acesso em: 11 de novembro de 2018.
BETIM. Câmara Municipal. Lei nº 5736, de 14 de julho de 2014. Institui o táxi adaptado para pessoas com deficiência ou pessoas com mobilidade reduzida, e dá outras providências. <https://www.camarabetim.mg.gov.br/Documento/Show?tabelaOrigem=tb_norma&codigoOrigem=36645>. Acesso em: 11 de novembro de 2018.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 11 de novembro de 2018.
ISENSEE, Patrick. O que é Direito à Cidade? Disponível em: <http://rioonwatch.org.br/?p=7921>. Acesso em: 11 de novembro de 2018
MANUAL de acessibilidade para Prédios Públicos - Guia para gestores. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Brasília, Jul. 2015. 1. ed. Publicado em 24/07/2015. Disponível em: < http://www.planejamento.gov.br/assuntos/patrimonio-da-uniao/manual-de-acessibilidade-para-predios-publicos>. Acesso em: 11 de novembro de 2018.
MÜLLER, Antônio José (Org.). et al. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013.
NEVES, Marcelo. A constitucionalização simbólica. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
PINHEIRO, Humberto Lippo. Os Direitos Humanos e Pessoas Portadoras de Deficiência. In: Relatório Azul – Garantias e Violações do Direitos Humanos no RS. Porto Alegre: Assembléia Legislativa, 1997/1998. p.144-155.

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