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Sentença 1 Direito Processual Civil II PREMISSAS “Ao vetar a seus súditos fazer justiça pelas próprias mãos e ao assumir a jurisdição, o Estado não só se encarregou da tutela jurídica dos direitos subjetivos privados, como se obrigou a prestá-la sempre que regularmente invocada, estabelecendo em favor do interessado, a faculdade de requerer sua intervenção sempre que se julgue lesado em seus direitos.” Arruda Alvim Desse monopólio da justiça decorreram duas importantes consequências: a obrigação do Estado de prestar a tutela jurídica aos cidadãos um verdadeiro direito subjetivo – o direito de ação – oponível ao Estado-juiz, fazendo jus a um pronunciamento estatal que solucione o litígio, fazendo desaparecer a incerteza ou a insegurança gerada pelo conflito de interesses. CONTEXTUALIZAÇÃO 3 A sentença é o ápice, a conclusão, o fim do procedimento em 1º grau de jurisdição. I – procedimento comum 1) inicial 2) audiência de contestação ou mediação 3) contestação 4) réplica 5) saneamento 6) audiência de instrução 7) alegações finais / memoriais 8) sentença (passível de recurso) CONTEXTUALIZAÇÃO 4 Assim, com a sentença o Estado-juiz se manifesta, aplicando a lei ao caso concreto, seja decidindo o litígio (sentença de mérito / definitiva, resolução do mérito, CPC15, art. 487), seja reconhecendo uma falha processual que impede a análise do mérito (sentença terminativa, sem resolução do mérito, CPC15, art. 485). CONCEITO DE SENTENÇA 5 O conceito de sentença original do CPC73 era claro (e criticado por parte da doutrina, que o entendia insuficiente): sentença era o “ato que extinguia o processo”. Tendo em vista tal conceito pretérito de sentença, a exposição de motivos do CPC73 afirmava: “Se o juiz põe termo ao processo, cabe apelação. Não importa indagar se decidiu ou não o mérito. A condição do recurso é que tenha havido julgamento final do processo” CONCEITO DE SENTENÇA 6 Contudo, com a L. 11.232/05, houve alteração no conceito de sentença. A última redação do § 1º do art. 162 do CPC afirmava que sentença é “o ato do juiz que implica alguma das situações previstas no art. 267 ou no art. 269”. Naquele momento, o art. 267 (sentença terminativa) fazia menção à extinção do processo sem resolução do mérito, sendo que o art. 269 (sentença definitiva) apenas mencionava a resolução do mérito. (Esta distinção é justificada por força na alteração ocorrida no processo de execução / fase de cumprimento de sentença – que não é objeto de estudo neste semestre) Sentença (arts. 485 a 495) A sentença, segundo o art. 203, §1º é: expressas dos sentença é o Ressalvadas as procedimentos pronunciamento disposições especiais, por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 7 CONCEITO DE SENTENÇA 8 No CPC15, tem-se o seguinte: - art. 203, § 1º destaca que sentença (i) salvo as disposições dos procedimentos especiais, (ii) é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, (iii) põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, e extingue a execução. - nem o art. 485 nem o 487 fazem menção a sentença ou extinção. Salienta-se que nas sentenças que extinguem o feito sem resolução do mérito admite retratação após a apelação, no prazo de 5 dias. Afinal, qual é o conceito de sentença atualmente? 9 CLASSIFICAÇÃO DE SENTENÇA Grande parte da doutrina, classifica a sentença quanto à sua natureza da seguinte forma: a) Sentença Declaratória - Limita a declarar a existência ou inexistência de um direito, não ensejando uma execução. b) Sentença Condenatória - Decide sobre o direito, concomitantemente, possibilita ao vencedor a execução do julgado. c) Sentença Constitutiva - Cria, modifica ou extingue um estado ou relação jurídica. Outra parte da doutrina inclui nessa classificação as sentenças mandamentais e executivas lato sensu. 10 Dentro dos dispositivos legais acima mencionados, o CPC traz os elementos e efeitos da sentença, destacando-se: ELEMENTOS DA SENTENÇA A sentença é dividida em (CPC15, art. 489): relatório fundamentação dispositivo 11 Os elementos da sentença permanecem os mesmos: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. 12 A grande novidade está nas novas regras a respeito da fundamentação da sentença: § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 13 II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 14 V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 15 16 O CPC/15 trata da necessidade de a sentença ser líquida: Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando: 17 - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido; - a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. § 1o Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido por liquidação. § 2o O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a sentença. 18 Tema importante referente à sentença, refere-se ao princípio da congruência, que veda as sentenças extra, infra (citra) ou ultra petita, além de ser vedada a sentença que cria condições: Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. 19 VÍCIOS DA SENTENÇA A sentença deve ser dada conforme o pedido da parte (CPC15, art. 492), pena de vício: se o juiz conceder além do que foi pedido? Julgamento ultra petita se o juiz conceder diferente do que foi pedido? Julgamento extra petita se o juiz apreciar aquém do que foi pedido? Julgamento infra petita (ou citra) 20 A ideia é que a sentença reflita a decisão judicial a partir dos fatos trazidos, em situação mais próxima da realidade possível. Por tal razão é que a lei autoriza ao juiz considerar fatos novos no momento de proferir a sentença: 21 Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá- lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. 22 Ponto bastante importante a respeito da sentença é a chamada preclusão para o juiz após proferir a decisão: Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:- para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; - por meio de embargos de declaração. 23 Por fim, importante meio de efetivação da sentença que determina o pagamento de quantia é a constituição de hipoteca judiciária: Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. 24 § 1o A decisão produz a hipoteca judiciária: I - embora a condenação seja genérica; II - ainda que o credor possa promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor; III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo. 25 § 2o A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante apresentação de cópia da sentença perante o cartório de registro imobiliário, independentemente judicial, de declaração expressa do de ordem juiz ou de demonstração de urgência. § 3o No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará a intimação da outra parte para que tome ciência do ato. 26 § 4o A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao pagamento, em relação a outros credores, observada a prioridade no registro. § 5o Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que impôs o pagamento de quantia, a parte responderá, independentemente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em razão da constituição da garantia, devendo o valor da indenização ser liquidado e executado nos próprios autos. 27
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